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PSICOLOGIA APLICADA AO DIREITO
Aspectos Psicológicos das relações humanas: comportamento antissocial e violência 2
Professora: Margarida Ferreira – Magal (2016)
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Qual a natureza da tendência antissocial na vida do ser humano?
 
(Winnicott, 1963; apud; Serralha, 2010) diz que, o ser humano necessita de ser cuidado e atendido em suas necessidades para que se torne uma pessoa integrada em um si-mesmo, capaz de contribuir socialmente e de viver as dificuldades próprias à vida. Às falhas nesse atendimento, que ocorrem no período de absoluta dependência do indivíduo de seu ambiente, Winnicott, chamou de privação (P. 71). Assim, conforme o momento na linha do amadurecimento em que as falhas ocorrem, diferentes doenças psíquicas poderão se desenvolver como consequência da impossibilidade de continuar amadurecendo. E é em razão de uma deprivação que a tendência antissocial pode se evidenciar (P. 72). 
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Comportamento antissocial
(Winnicott, 1994; apud; Bordin, Offord, 2000, P.13) Quando crianças sofrem privação afetiva, manifestam-se os comportamentos anti-sociais no lar ou numa esfera mais ampla. Do ponto de vista Psicodinâmico, estes comportamentos demonstram esperança em obter algo bom que foi perdido, sendo a ausência de esperança a característica básica da criança que sofreu privação . (Offord, 1989; Shaw, Emery, 1988; Loeber, 1990; apud; Bordin, Offord, 2000, p.13) São fatores associados a comportamento anti-social na infância: ser do sexo masculino, receber cuidados maternos e paternos inadequados, viver em meio à discórdia conjugal, ser criado por pais agressivos e violentos, ter mãe com problemas de saúde mental. O comportamento antissocial se caracteriza como todo comportamento que infringe regras sociais ou que seja uma ação contra os outros, como exemplo temos o comportamento agressivo e o comportamento infrator como furto, roubo, vandalismo.
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Comportamento antissocial
Geralmente são encontrados pela primeira vez na infância e adolescência;
Quando tais comportamentos não são tratados adequadamente, tendem a evoluir para o quadro de transtorno de personalidade antissocial. 
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Comportamento antissocial
De acordo com os critérios diagnósticos internacionais – Diagnostic and Statistical Manual os mental Disorders (DSM-IV), observa-se que o comportamento antissocial persistente faz parte de alguns diagnósticos psiquiátricos, dentre eles estão:
Categorias utilizadas em crianças e adolescentes - O Transtorno da conduta (Conduct disorder) que se caracteriza segundo (Dordin, Offord, 2000, p.12) como uma tendência permanente para apresentar comportamentos que incomodam e perturbam, além do envolvimento em atividades perigosas e até mesmo ilegais.
Categorias utilizadas em indivíduos com 18 anos ou mais – O transtorno de Personalidade antissocial onde o (DSM-IV, 1994; apud; Del-Bem, 2005, p. 28) determina alguns critérios para um possível diagnóstico como – 2.1propensão a enganar, indicada por mentir repetidamente, usar nomes falsos ou ludibriar os outros para obter vantagens pessoais ou prazer; 2.2 impulsividade ou fracasso em fazer planos para o futuro.
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Agressividade
(Hall, Lindzey, Campbell, 2000; apud; Siqueira, Vendramini, 2012, p. 216) define a agressividade como aquilo que dá ordem ou congruência a todos os comportamentos apresentados pelo indivíduo, ou seja, consiste nos esforços de ajustamentos variados e, portanto, típicos do indivíduo. Segundo (Keppe, 2005; apud; Siqueira, Vendramini, 2012, p. 216) afirma que a agressividade se apresenta em três estágios: 1º estágio de pré-integração, de propósito sem piedade, é aquele no qual não se tem uma preocupação em relação aos outros, considerando que esta fase é a de satisfação de necessidades do indivíduo, o 2º estágio de integração, de propósito, com piedade e culpa, é aquele que resulta sentimento de culpa pelo ato agressivo, em uma relação de amor e ódio; e o 3º estágio de relações interpessoais, situações triangulares e conflitos, conscientes e inconscientes, é o que se refere ao controle da agressividade madura observada em adolescentes, que motiva a competição em jogos e no trabalho.
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Agressividade
A agressividade pode evoluir para delinquência, e criminalidade, sendo necessário distinguir três conceitos ligados a essa questão: 
- Transgressão; 
- Infração; 
- Delinquência.
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Transgressão
O transgressor é aquele que transgride normas ou regras, sejam essas explicitas como, por exemplo, horários de refeição, sono, ir para aula, ou regras implícitas como por exemplo, a de não se dar palavrões.
Aquele que transgride essas regras estará ás consequências, dependendo do grupo ao qual está inserido.
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Infração
Todas as sociedades são regidas por leis, o infrator é aquele que cometeu um ato que vai contra alguma lei tipificada no código penal ou no sistema de leis da sociedade em que vive, portanto, sujeito a uma penalidade corresponde. Nem sempre um indivíduo que comete infração é criminoso.
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Delinquência
O delinquente é aquele que não incorporou regras ou leis, ou as incorporou de uma forma distorcida, de modo que passou a praticar diversos crimes, assumindo assim uma identidade criminosa.
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Violência
Comportamento que causa dano a outra pessoa, ser vivo ou objeto;
Nega-se autonomia, integridade física ou psicológica e mesmo a vida de outro
Segundo a OMS (Organização Mundial de saúde), existem 3 tipos de violência:
1. Auto-flingida – é a violência voltada pra o próprio indivíduo (Ex: Comportamento suicida, Auto-abuso;
2. Interpessoal – é a violência voltada para terceiros (EX: família/parceiro, comunidade)
3. Coletiva – Voltada para o grandes públicos (Ex: Social, Política, Economia).
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Tipos de violência
Violência estrutural: negam a cidadania para alguns indivíduos ou determinados grupos de pessoas, pautados principalmente na discriminação social de diferentes;
Violência física: O corre por meio de maus-tratos corporais (espancamentos, tapas, beliscões, castigos, queimaduras, etc.) ou negligência em termos de cuidados básicos;
 
Violência simbólica e psicológica: Acontece por coação e intermédio da força de símbolos, situações de constrangimento ou humilhação, ameaças, agressões verbais.
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Transtorno desafiador opositivo
Caracterizado por atitudes e comportamentos negativistas, opositivos, desafiadores e hostis contra figuras de autoridade como pais, familiares e professores
Caracteriza pela ocorrência frequente de pelo menos quatro dos seguintes comportamentos:
Perder a paciência;
Discutir com adultos;
Deliberadamente fazer coisas que aborrecem outras pessoas;
Ser rancoroso ou vingativo;
Ser suscetível ou facilmente aborrecido pelos outros;
Desafiar ativamente ou recusar-se a obedecer a solicitações ou regras dos adultos.
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Transtorno de personalidade
É fruto de fatores genéticos com fatores ambientais;
De fato, o ambiente familiar costuma falhar na inibição do comportamento, apresentando-se débil e fraco na tarefa do controle do impulso. Pode-se dizer que são fatores associados a este comportamento receber cuidados inadequados, viver em meio à discórdia, ser criado por pais agressivos e violentos, entre outros fatores associados.
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Transtorno de personalidade
Historicamente:
Insanidade sem delírio (Pinel);
Insanidade Moral (Prichard);
Delinquência Nata (Lombroso);
Psicopatia (Koch);
Sociopatia (Lykken).
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Psicopatia x Sociopatia
Descrita pela primeira vez em 1941 pelo psiquiatra americano Hersey M. Cleckley, do Medical College da Geórgia, a psicopatia consiste num conjunto de comportamentos e traços de personalidade específicos. Encantadoras à primeira vista, essas pessoas geralmente causam boa impressão e são tidas como “normais” pelos que conhecem superficialmente. Especialistas garantem que a
maioria dos psicopatas são homens, mas os motivos para esta desproporção entre os sexos são desconhecidos.
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Psicopatia
O instrumento mais utilizado entre os especialistas para diagnosticar a psicopatia é o teste Psychopathy checklist-revised (PCL-R), desenvolvido pelo psicólogo canadense Robert D. Hare, da Universidade da Colúmbia Britânica;
O método inclui uma entrevista padronizada com os pacientes e o levantamento do seu histórico pessoal, inclusive dos antecedentes criminais.
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Psicopatia 
O PCL-R revela três grandes grupos de características que geralmente aparecem sobrepostas, mas podem ser analisadas separadamente: deficiência de caráter (como sentimento de superioridade e megalomania), ausência de culpa ou empatia e comportamentos impulsivos ou criminosos (incluindo promiscuidade sexual e prática de furtos).
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Psicopatia
Pode-se observar características desde a infância até a vida adulta:
Mentiras frequentes (às vezes o tempo todo);
Crueldade com animais, coleguinhas, irmãos, etc.;
Condutas desafiadoras às figuras de autoridade (pais, professores, etc.);
Impulsividade e irresponsabilidade;
Baixíssima tolerância à frustração com acessos de irritabilidade ou fúria quando são contrariados;
Tendência a culpar os outros por seus erros cometidos;
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Psicopatia
- Tendência a culpar os outros por seus erros cometidos;
Preocupação excessiva com seus próprios interesses;
Insensibilidade ou frieza emocional;
Ausência de culpa ou remorso;
Falta de empatia ou preocupação pelos sentimentos alheios
Dificuldades em manter amizades;
Permanência fora de casa até tarde da noite, mesmo com a proibição dos pais. Muitas vezes podem fugir e levar dias sem aparecer em casa;
Participação em fraudes (falsificação de documentos) roubos ou assaltos;
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Psicopatia
As características elucidadas anteriormente são apenas genéricas e que o diagnóstico exato só pode ser firmado por especialistas no assunto. Além do mais, é preciso que o indivíduo esteja presente para verificação da frequência e intensidade com as quais estas características se manifestam;
A psicopatia não tem cura, é um transtorno da personalidade e não uma fase de alterações comportamentais momentâneas .
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Psicopatia
Segundo o DSM-IV-TR a psicopatia tem um curso crônico, no entanto pode tornar-se menos evidente à medida que o indivíduo envelhece, particularmente a partir dos 40 anos de idade;
Ninguém nasce psicopata. Nasce com tendências para a psicopatia. A psicopatia não é uma categoria descritiva, como ser homem ou mulher, estar vivo ou morto. É uma medida, como altura ou peso, que varia para mais ou para menos (Robert D. Hare).
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Mapeamento das emoções
Indivíduos normais e Psicopatas comunitários foram submetidos ao teste Bateria de Emoções Morais (BEM) enquanto eram colhidas imagens de seu cérebro por meio de ressonância magnética. 
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Mapeamento das emoções
Quando uma pessoa normal (à esq.) faz julgamentos morais, ativam-se as áreas pré-frontais (laranja e roxo) responsáveis pelos aspectos cognitivos – frios e racionais – do julgamento. Também são ativados o hipotálamo(azul), relacionado às emoções básicas , como raiva e medo, e o lobo temporal anterior (vermelho), ligado às emoções morais, tipicamente humanas. 
Resultados preliminares mostram que, no cérebro do psicopata (à dir), diminui sensivelmente a ativação das áreas relacionadas tanto as emoções primárias (azul) quanto às morais (vermelho) e aumenta a atividade nas àreas pré-frontais (laranja e roxo), ligadas aos circuitos cognitivos, de razão pura.
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Mapeamento das emoções
Imagens PET do cérebro de uma pessoa normal (esq), um assassino com história de privação na infância (cent) e um assassino sem história de privação (dir). As àreas em vermelho e amarelo mostram uma atividade metabólica mais alta , e em preto e azul, uma atividade metabólica mais baixa. O cérebro de um sociopata (direita) tem uma atividade muito baixa em muitas áreas.
Fonte: Imagens de Adrian Raine, University of Southern California, Los Angeles, USA.
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Mapeamento das emoções
Equipamento de tomografia por Emissão de Pósitrons (PET) obtém imagens seccionais do cérebro vivo, usando cores para representar os diferentes graus de atividade.
As imagens funcionais do cérebro, tais como as da imagem acima produzida por PET (positron emission tomography), têm sido usadas para corroborar a existência de anomalias neurológicas no lobo dos sociopatas.
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A escala PCL-R (Psychopathy Checklist Revised)
Foi Desenvolvida a partir das 16 características que definem o perfil do psicopata, de Cleckley, objetivando operacionalizar o constructo psicopatia. O PCL-R foi projetado par avaliar de maneira segura e objetiva o grau de periculosidade e de readaptabilidade à vida comunitária de condenados, tendo os países que instituíram este instrumento apresentado considerável índice de redução da reincidência criminal.
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A escala PCL-R (Psychopathy Checklist Revised)
A avaliação consta de 20 itens, que são pontuados de 0 a 2, conforme a adaptação do indivíduo a determinado traço.
Divide-se em 2 fatores:
Egoísmo, indiferença e ausência de remorso;
Instabilidade crônica, estilo de vida desviante e antissocial.
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Fator 1: Egoísmo, indiferença e ausência de remorso
Medido pelos itens:
Loquacidade/Charme superficial;
Superestima;
Mentira patológica;
Vigarice/manipulação;
Ausência de remorso ou culpa;
Insensibilidade afetivo-emocional;
Indiferença/Falta de empatia e 
Incapacidade em aceitar responsabilidade pelos próprios atos.
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Fator 2: Instabilidade crônica, estilo de vida desviante e antissocial
Medido pelos itens:
Necessidade de estimação/Tendência ao tédio;
Estilo de vida parasitário;
Descontroles comportamentais;
Transtornos de conduta na infância;
Ausência de metas realistas a longo prazo;
Impulsividade;
Irresponsabilidade;
Delinquência juvenil e 
Revogação da liberdade condicional
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Material de aplicação
1 Manual;
1 caderno de pontuação;
2 protocolos de interpretação e
2 roteiros para Entrevistas e informações
 Imagem 5*
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Lobotomia
 Imagem 6*
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Referências
BORDIN, Isabel AS  and  OFFORD, David R. Transtorno da conduta e comportamento anti-social. Rev. Bras. Psiquiatr.[online]. 2000, vol.22, suppl.2, pp. 12-15. ISSN 1809-452X. 
DEL-BEM, Cristina Marta. Neurobiologia do transtorno de personalidade anti-social. Ribeirão Preto – São Paulo, 2005.
SERRALHA, Conceição Aparecida. Tendência antissocial e novos diagnósticos: a medicalização como alternativa às falhas do ambiente. Winnicott e-prints [online]. 2010, vol.5, n.2, pp. 69-86. ISSN 1679-432X 
SIQUEIRA, Juliana Munique de Souza; VENDRAMINI, Claudette Maria Medeiros. Agressividade e inteligência na adolescência. Londrina, 2012.
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Referências imagens
Imagem 1* http://psicoterapiacomportamentalinfantil.blogspot.com.br/2013/01/comportamento-anti-social.html
Imagem 2* http://diariodeumfuturista.blogspot.com.br/2014_10_01_archive.html
imagem 3* http://uipi.com.br/destaques/destaque-1/2014/01/17/nao-utilizacao-do-cinto-de-seguranca-e-a-principal-infracao-registrada-em-uberlandia/
imagem 4* http://www.sapo.pt/noticias/delinquencia-juvenil-subiu-23-4-em-2014_551ad976afcbcd3b66d462e1
imagem 5* http://www.wpspublish.com/store/p/2897/hare-psychopathy-checklist
imagem 6* http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2011/11/lobotomia-faz-75-anos-de-cura-milagrosa-a-mutilacao-mental.html
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