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Trabalho de F.E.B

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI
CURSO: CIÊNCIAS ECONÔMICAS
DISCIPLINA: FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL
DÁVILA MARTINS VIEIRA
ECONOMIA CAFEEIRA
A economia cafeeira surgiu no Brasil no século XIX e perdurou até meados do XX, abrangendo, principalmente, o estado do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e de São Paulo. Esta economia surgira como solução para a estagnação econômica em que se encontrava o país, que apresentava a seguinte situação: diminuição do fluxo migratório; o progresso que conheceu o Maranhão não havia afetado o panorama geral; as novas técnicas criadas pela revolução industrial tinham penetrado escassamente no Brasil apenas sob a forma de bens ou serviços de consumo; porém, o problema básico estava na impossibilidade de importar mão-de-obra africana.
Para sair dessa estagnação, o Brasil precisava se reintegrar nas linhas em expansão do comércio internacional, já que o desenvolvimento com base no mercado interno requeria autonomia tecnológica. Logo, para atrair a cooperação do capital estrangeiro, a economia deveria primeiro retomar o crescimento por seus próprios meios. Sem possibilidades de aumentar as exportações tradicionais (açúcar, algodão, fumo, arroz, couros, e cacau), o Brasil tinha que encontrar um artigo cuja produção tivesse como fator básico a terra, único fator abundante. Assim, pela metade do século XIX, já se definira esse produto: o café.
Este artigo fora introduzido no Brasil no fim do século XVIII, para fins de consumo local, mas passou a assumir importância comercial no fim desse século. Já no segundo e terceiro decênio do século da independência, o café representava mais de quarenta por cento do valor das exportações. 
O desenvolvimento de sua produção se concentrou na região montanhosa próxima da capital do país, onde existia mão-de-obra abundante em consequência da desagregação da economia mineira. Dessa forma, a primeira fase da expansão cafeeira se realiza com base num aproveitamento de recursos preexistentes e subutilizados, e mesmo com baixas de preços os produtores brasileiros continuavam produzindo, pois encontravam no café a oportunidade para utilizar os recursos produtivos semi-ociosos desde a decadência da mineração. Vale ressaltar também que, inicialmente, a empresa cafeeira utilizou intensamente a mão-de-obra escrava, assemelhando-se à açucareira. Porém, apresentava grau de capitalização mais baixo comparado ao da mesma, pois utilizava mais amplamente o fator terra. Seu capital também era imobilizado, mas suas necessidades monetárias de reposição eram muito menores por serem seus equipamentos simples e de fabricação local. Sobre a classe dirigente da economia cafeeira, é válido dizer que, era homens com experiência comercial que se utilizavam do instrumento político para satisfazerem seus interesses. 
A gestação da economia cafeeira estava concluída, restava agora, resolver o problema da oferta inadequada da mão-de-obra. Na metade do século XIX, a força de trabalho da economia brasileira estava basicamente constituída por uma massa de escravos que talvez não alcançasse dois milhões de indivíduos. Isso pode ser explicado pela elevada taxa de mortalidade, que indicava que as condições de vida dessa população deviam ser extremamente precárias. A situação só tendeu a se agravar com a redução do abastecimento dessa força de trabalho. 
Com isso, podia-se pensar em recorrer a mão-de-obra interna ocupada no amplo setor de subsistência. Mas logo, deparar-se-ia com outro problema. O roceiro da economia de subsistência, se bem não tivesse ligado pela propriedade da terra, estava atado por vínculos sociais a um grupo, dentro do qual se cultivava a mística de fidelidade ao chefe (proprietário das terras onde ele trabalhava) como técnica de preservação do grupo social. Além disso, com exceção de algumas regiões, a economia de subsistência de maneira geral estava de tal forma dispersa que o recrutamento de mão-de-obra dentro da mesma seria tarefa bastante difícil exigiria grandes mobilizações de recursos. 
Outra mão-de-obra poderia ser considerada como reserva potencial de forma de trabalho, que era a massa de população urbana que dificilmente encontrava ocupação permanente. Porém, assim como a população ocupada na economia de subsistência, esta teria dificuldade de adaptação à disciplina no trabalho agrícola e as condições de vida nas grandes fazendas. 
Como solução alternativa deste problema de mão-de-obra, sugeria-se fomentar uma corrente migratória. Logo, a partir dos anos 1860 a questão da oferta da mão-de-obra tornou-se particularmente séria. A melhora nos preços do café fazia mais e mais atrativa a expansão da cultura. Introduziu-se, pois, um sistema misto pelo qual o colono tinha garantida a parte principal de sua renda. Restava agora solucionar o problema do pagamento da viagem. Esta veio em 1870 quando o governo imperial passou a encarregar-se dos gastos com transporte dos imigrantes que deveriam servir a lavoura cafeeira. Os fazendeiros cobriam os gastos do imigrante durante a etapa de maturação de seu trabalho. Também devia colocar a sua disposição terras em que pudessem cultivar os gêneros de primeira necessidade para manutenção da família. As consequências da unificação política da Itália também contribuíram para o aumento do fluxo migratório com destino ao Brasil. No final do século XIX, do total de imigrantes, tinha-se 577 mil italianos.
Constituindo a escravidão no Brasil à base de um sistema de vida secularmente estabelecido, e caracterizado por uma grande estabilidade estrutural, explica-se facilmente que para o homem (empresário) que integrava esse sistema, a abolição do trabalho servil assumisse as proporções de uma “hecatombe social” (perda da riqueza). Todavia, segundo Celso Furtado, a abolição da escravidão não constitui nem destruição nem criação de riqueza. Constitui simplesmente uma redistribuição da propriedade dentro de uma coletividade.
Na região açucareira, após a abolição da escravidão, os ex-escravos não tinham para onde ir porque as terras de utilidade agrícola mais fácil já estavam ocupadas e, além disso, a pressão demográfica criada com a expansão da economia de subsistência se fazia sentir. Restavam-lhes, pois, a opção de permanecer nos engenhos recebendo salários baixos. Assim, era pouco provável que a abolição tenha provocado uma redistribuição de renda de real significação. 
Antes da abolição da escravidão, alguns fatores tinham desfavorecido a cultura do café na região cafeeira, com isso, seria de esperar que ao proclamar-se esta, ocorresse uma grande migração de mão-de-obra em direção às regiões em rápida expansão, as quais podiam pagar salários substancialmente mais altos. Porém não houve fortes incentivos e, além disso, o problema da oferta inadequada de mão-de-obra já tinha sido resolvido com a imigração europeia. Vale ressaltar, que os antigos escravos liberados auferiam, nesta região, salários relativamente elevados, o que provocou uma distribuição de renda em favor da mão-de-obra. 
Segundo Celso, essa melhora na remuneração real do trabalho parece ter surtido efeitos antes negativos que positivos sobre a utilização dos fatores, pois os escravos, devido ao sistema em que estavam inseridos, não compactuavam com a ideia de acumulação de riqueza; tinham necessidades limitadas e preferência pelo ócio. Logo, essa preferência pelo ócio provocou uma redução do grau de utilização da força de trabalho. 
O reduzido desenvolvimento mental da população submetida à escravidão provocará a segregação parcial desta após a abolição, retardando sua assimilação e entorpecendo o desenvolvimento econômico do país (não estimulava o comércio). Portanto, conclui-se que, abolido o trabalho escravo, em nenhuma parte houve modificação de real significação na forma de organização da produção e mesmo na distribuição da renda.
Sobre os mecanismos de proteção do lucro do empresário é sabido a sua relevância para a manutenção da renda interna.
Com o impulso externo tinha-se o aumento da produtividade econômica, caracterizada pela elevaçãodos preços dos produtos exportados (o café). Então, o empresário, contraindo maiores lucros, reinvestia na expansão das plantações e não transferia para os salários dos trabalhadores parte desses frutos. Isso só era possível porque se tinha elasticidade de oferta de mão-de-obra e não se pagava renda da terra (fator abundante). 
Em contrapartida, quando havia um desequilíbrio externo, decorrente de uma série de fatores ligados à própria natureza do sistema econômico, a crise penetrava neste de fora para dentro, e seu impacto alcançava necessariamente grandes proporções. A contração do setor externo deveria traduzir-se principalmente em redução da margem de lucro, que por sua vez, reduzia o volume de inversões e, como consequência, a renda global. Assim, a procura de bens importados tendia a diminuir. 
O processo de correção do desequilíbrio externo significava, em última instância, uma transferência de renda daqueles que pagavam as importações para aqueles que vendiam as exportações. Como as importações eram pagas pela coletividade em seu conjunto, os empresários exportadores estavam na realidade logrando socializar as perdas que os mecanismos econômicos (reajustamento da taxa cambial) tendiam a concentrar em seus lucros.
Caso esse mecanismo de defesa não fosse posto em prática, ou seja, caso não tivesse protegido os lucros dos empresários, parte da atividade econômica paralisaria acarretando a maior de todas as perdas. 
Explica-se, portanto, que a economia procurasse por todos os meios manter o seu nível de emprego durante os períodos de depressão. Qualquer que fosse a redução no preço internacional do café, sempre era vantajoso, do ponto de vista do conjunto da coletividade, manter o nível das exportações. Defendia-se, assim, o nível de emprego dentro do país e limitavam-se os efeitos secundários da crise. Dentre esses efeitos, pode-se citar a contração da renda interna da economia.
É evidente que esta política de defesa, que estimulava continuamente as inversões no setor exportador, chegaria ao um ponto em que não mais surtiria efeito. De fato, com a crise da economia cafeeira (excesso de oferta), outro mecanismo de defesa se fazia necessário. 
No final do século XIX criou-se uma situação excepcionalmente favorável à expansão da cultura do café no Brasil. Por um lado, a oferta não-brasileira atravessou uma etapa de dificuldades, sendo a produção asiática grandemente prejudicada por enfermidades, que praticamente destruíram os cafezais da ilha de Ceilão. Por outro lado, com a descentralização republicana o problema da imigração passou às mãos dos estados, sendo abordado de forma muito mais ampla pelo governo do Estado de São Paulo, vale dizer, pela própria classe dos fazendeiros de café. Finalmente, o efeito estimulante da grande inflação de crédito desse período beneficiou duplamente a classe de cafeicultores: proporcionou o crédito necessário para financiar a abertura de novas terras e elevou os preços do produto em moeda nacional com a depreciação cambial. Além disso, esta oferta de café crescia também em decorrência da disponibilidade de mão-de-obra, terras desocupadas e vantagem relativa como artigo de exportação.
Com tudo isso, nos anos iniciais do século XX, comprovou-se a primeira crise de superprodução, onde os empresários brasileiros, dominando 75% da oferta mundial de café, encontravam-se em situação privilegiada para defender-se contra a baixa de preços e, então, protegerem seus lucros. Tudo o de que necessitavam eram recursos financeiros para reter parte da produção fora do mercado, isto é, para contrair artificialmente a oferta.
 Para tanto, criam a política de “valorização” do produto conhecida como convênio de Taubaté. Esta política consistia no seguinte: a fim de restabelecer o equilíbrio entre oferta e procura, o governo deveria intervir comprando o excedente de produção, que seria financiado por empréstimos estrangeiros, onde seu serviço seria coberto por um novo imposto cobrado em ouro por cada saca de café exportada. Como solução de longo prazo, os governos dos estados produtores deveriam desencorajar a expansão das plantações (o que não foi feito).
Esse complicado mecanismo de defesa da economia cafeeira funcionou com relativa eficiência até fins do terceiro decênio do século XX. A crise mundial em 1929 o encontrou, entretanto, em situação extremamente vulnerável. A produção de café, em razão dos estímulos artificiais recebidos, cresceu fortemente na segunda metade desse decênio. Esse acúmulo de estoques, sem condições de ser escoado devido ao comportamento inelástico da procura, pesava mais e mais sobre os preços. Precisava-se então, financiar a retenção desses estoques, porém, vale salientar que, com a crise de 1929, o financiamento por recursos externos ficaram inviáveis, logo, teriam de ser feitos com recursos obtidos do próprio país. Assim, fez-se necessário a expansão do crédito (emissão de moeda). 
Porém não bastava retirar do mercado parte da produção de café. Era perfeitamente óbvio que esse excedente da produção não tinha nenhuma possibilidade de ser vendido dentro de um prazo que se pudesse considerar como razoável. A destruição dos excedentes das colheitas se impunha, portanto, como uma consequência lógica da política de continuar colhendo mais café do que se podia vender.
A então política de defesa do setor cafeeiro contribuiu para manter a procura efetiva e o nível de emprego nos outros setores da economia. Dessa forma, tinha-se um aumento da renda interna, que tendia a um desequilíbrio externo. Logo, a correção do mesmo se fazia à custa de forte baixa no poder aquisitivo externo da moeda. Essa baixa se traduzia numa elevação dos preços dos importados, o que automaticamente comprimia o coeficiente de importações. 
Essa procura que não podia ser abastecida pela as importações, passa a pressionar o mercado interno, o qual tende, agora, a oferecer melhores oportunidades de inversão que o setor exportador. 
É evidente que, mantendo-se elevado o nível da procura e represando-se uma maior parte dessa procura dentro do país, através do corte das importações, as atividades ligadas ao mercado interno puderam manter, na maioria dos casos, e em alguns aumentar, sua taxa de rentabilidade. Vale ressaltar que, o impulso desse crescimento provinha tanto de seus maiores lucros quanto dos capitais desviados do setor externo.
Devido à depreciação da moeda e a consequente elevação dos preços dos importados, o aumento da capacidade do setor ligado ao mercado interno, particularmente no campo da indústria, fico comprometido. Todavia, o fator mais importante na primeira fase da expansão da produção deve ter sido o aproveitamento mais intenso da capacidade já instalada no país. Outro fator que veio a somar foi a compra de equipamentos de segunda mão a empresas que faliram com a crise. 
O crescimento da procura de bens de capital, reflexo da então falada expansão da produção para o mercado interno, e a forte elevação dos preços de importação desses bens, acarretada pela depreciação cambial, criaram condições propícias a instalação no país de uma indústria de bens de capital. 
Dessa forma, a economia não somente havia encontrado estímulo dentro dela mesma para anular os efeitos depressivos vindos de fora e continuar crescendo, mas também havia conseguido fabricar, parte dos materiais necessários à manutenção e à expansão de sua capacidade produtiva.

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