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Direito à morte digna

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Direito à morte digna
Transplante de órgãos e tecidos
Eutanásia, Ortotanásia e Distanásia
Transplante de órgãos e tecidos
A primeira cirurgia que obteve sucesso foi a de transplante de rim, feita em 1954, em Boston, onde houve a extração de um rim de gêmeo para ser implantado no corpo do seu irmão.
Contudo, o que teve mais destaque foi o transplante ocorrido na Cidade do Cabo, África do Sul, em 3 de dezembro de 1967. Em tal caso, o médico Christian Barnard retirou o coração de um homem e colocou em seu lugar, o órgão de uma mulher, falecida em razão de um acidente de trânsito.
Morte
 Harvard Medical School
	
	Divulga a primeira definição de morte encefálica, meses após o primeiro transplante cardíaco realizado por Christian Barnard, na África do Sul. Assim, o conceito de morte não estava mais atrelado a parada cardíaca, mas a morte encefálica.
Associação Médica Mundial
Declaração de Sidney, 1968:
	“Uma dificuldade é que a morte é um processo gradual, a nível celular e que a capacidade dos tecidos, para suportar a falta de oxigênio, é variável. Sem embargo disto, o interesse clínico não reside no estado de conservação das células isoladas, mas no destino da pessoa. Em decorrência, o momento da morte de diferentes células e órgãos não tem tanta importância, como a certeza de que o processo tornou-se irreversível, quaisquer que sejam as técnicas de ressuscitação que se possam aplicar. Esta conclusão se deve basear no juízo clínico, complementado, caso necessário, por diversos instrumentos auxiliares de diagnóstico, dos quais o mais útil é atualmente o eletroencefalógrafo.”
Conselho Federal de Medicina
Resolução n. 1.480/97
	
	O critério para diagnóstico de morte cerebral é a cessação irreversível de todas as funções do encéfalo, incluindo o tronco encefálico, onde se situam estruturas responsáveis pela manutenção dos processos vitais autônomos, como a pressão arterial e a função respiratória.
Principais Causas de Morte Encefálica
Traumatismo Crânio Encefálico;
Acidente Vascular Encefálico (hemorrágico ou isquêmico);
Encefalopatia Anóxica e Tumor Cerebral Primário
O que Fazer após o Diagnóstico de Morte Encefálica?
Após o diagnóstico de morte encefálica, deve acontecer a notificação às Centrais de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDOs). Para isso, o médico deve telefonar para a Central do seu Estado informando nome, idade, causa da morte e hospital onde o paciente se encontra internado. Essa notificação é compulsória, independente do desejo familiar de doação ou da condição clínica do potencial doador de converter-se em doador efetivo.
O óbito deve ser constatado no momento do diagnóstico de morte encefálica, com registro da data e horário.
Pacientes vítimas de morte violenta são obrigatoriamente autopsiados. Após a retirada dos órgãos, o atestado de óbito é fornecido por médicos legistas (Instituto Médico Legal). Pacientes com morte natural (Acidente Vascular ou Tumor Cerebral) recebem o atestado de óbito no hospital.
01. Questão
Se o corpo humano é inviolável, poderá a pessoa dispor de partes separadas do corpo?
Maria Helena Diniz
O direito às partes separadas do corpo vivo ou morto integra a personalidade humana. Assim sendo, elas são bens da personalidade extra commercium, não podendo ser cedidas a título oneroso (art. 199, §4º, CF e art. 1º, da Lei n.9.434/97). Como as partes separadas acidental ou voluntariamente do corpo são consideradas coisas, passam para a propriedade do seu titular, ou seja, da pessoa da qual se destacaram, que delas poderá dispor, gratuitamente, desde que não afete sua vida, não cause dano irreparável ou permanente à sua integridade física, não acarrete perda de um sentido ou órgão, tornando-o inútil para sua função natural, e tenha em vista um fim terapêutico ou humanitário (CC, arts. 13 e 14). 
O corpo é disponível dentro de certos limites e para salvaguardar interesses superiores, atendendo a um estado de necessidade. A pessoa pode anuir na ablação de partes enfermas, mesmo não reconstituíveis, de seu corpo, para restaurar a saúde ou preservar sua vida, dispor de partes regeneráveis, desde que não atinja sua vida ou saúde, para salvar outra pessoa, e doar post mortem seus órgãos e tecidos para fins altruísticos. 
02. Questão
Seria a doação de órgãos um ato de amor e 
 desprendimento?
03. Questão
Em caso positivo, por que a necessidade de uma lei que determinava que todas as pessoas fossem doadoras em potencial, salvo manifestação de vontade em contrário, e nos demais casos previstos em lei? Seria essa a medida mais adequada para aumentar o número de transplantes?
Lei n.9.434/1997
Regulamenta a doação de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento.
Art. 4º. Salvo manifestação de vontade em contrário, nos termos dessa Lei, presume-se autorizada a doação de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano, para finalidade de transplantes ou terapêutica post mortem” (polêmica).
Medida Provisória n. 1.718/98
Acrescentou à Lei o §6º: Na ausência de manifestação de vontade do potencial doador, o pai, a mãe, o filho ou o cônjuge poderá manifestar-se contrariamente à doação, o que será obrigatoriamente acatado pelas equipes de transplante e remoção.
Como seria solucionado problema em que alguns familiares se manifestassem a favor da doação e outros contrários a ela?
Lei 10.211/2001
Modificou o art.4º da Lei n.9.434/97: A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas para transplantes ou outra finalidade terapêutica, dependerá da autorização do cônjuge ou parente, maior de idade, obedecida a linha sucessória, reta ou colateral, até o segundo grau inclusive, firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da morte.
Direito à morte digna
Criado no século XVII, pelo filósofo inglês Francis Bacon, o termo eutanásia deriva do grego eu (boa) + thanatos (morte) que significa “boa morte”, morte piedosa.
Na Índia antiga, os incuráveis de doenças eram atirados no Ganges, depois de terem a boca e as narinas vedadas com lama sagrada. Os espartanos, do alto do Monte Taijeto, lançavam os recém-nascidos deformados e até os anciãos, sob a alegação de que não mais serviam para guerrear.
Eutanásia
É a promoção do óbito. 
Quanto ao ato em si:
Ativa: é o ato deliberado de provocar a morte sem sofrimento do paciente, por fins humanitários (injeção letal);
Passiva: a morte ocorre por omissão em se iniciar uma ação médica que garantiria a perpetuação da sobrevida (deixar de acoplar o aparelho respiratório); (ortotanásia)
Quanto às consequências do ato e consentimento do paciente:
Voluntária: atende-se a uma vontade expressa do doente;
b) Involuntária: ocorre se o ato é realizado contra a vontade do enfermo;
c) Não voluntária: a morte é levada a cabo sem que se conheça a vontade do paciente.
Distanásia
É o prolongamento artificial do processo da morte, com sofrimento. A distanásia dedica-se a prolongar, ao máximo, a quantidade de vida humana, combatendo a morte como grande e último inimigo.
Edison Namba: 
	Na ótica do paradigma comercial-empresarial da medicina, a distanásia segue outra racionalidade. Aqui ela tem sentido na medida em que gera lucro para a empresa hospitalar e os profissionais envolvidos.
Ortotanásia
É o ato de deixar morrer em seu tempo certo, sem abreviação ou prolongamento desproporcionado, mediante a suspensão de uma medida vital ou de desligamento de máquinas sofisticadas, que substituem e controlam órgãos que entram em disfuncionamento.
Mistanásia
Eutanásia social, é a morte miserável, fora e antes do seu tempo:
A grande massa de doentes e deficientes que por motivos políticos, sociais e econômicos não conseguem ingressar no sistema de atendimento médico;
Doentes vítimas de erro médico;
Pacientes que acabam sendo vítima de má-prática por motivos econômicos, científicos ou sociopolíticos.
Suicídio assistido
A pessoa solicita auxílio de outra para morrer, caso não seja capaz de tornar fato sua disposição.
O enfermo manifesta sua opção pela morte. (Mar adentro)
Código Penal brasileiro
Para o Direito Penal pátrio a eutanásia é vista como crime de homicídio e de auxílio ao suicídio (art. 122);
Resolução do CFM n. 1.805/2006 regulamentou a suspensão de procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida do doente terminal, prática que já se fazia corriqueira nas UTI’s.
Na Suíça, em Luxemburgo (Lei de 16 de março de 2009 sobre eutanásia e assistência ao suicídio);
Holanda (Lei holandesa relativa ao término da vida sob solicitação e suicídio assistido);
Constituem práticas institucionalizadas, realizadas através de injeção de um única dosagem letal. 
Do you know Jack?
Conhecido como “Doutor morte”, o patologista Jack Kevorkian, de Michigan (EUA) inventou, para ajudar pacientes irreversíveis a porem um fim aos seus atrozes sofrimentos, a máquina do suicídio, consistente num aparelho de eletrocardiograma, munido de mecanismo que, ao ser acionado pelo próprio paciente, injeta em sua veia uma substância salina neutra, contendo o anestésico Thiopental, que acarreta inconsciência, e depois uma dose letal de cloreto de potássio, que paralisa o coração. O aparelho foi colocado à disposição de 130 clientes.
O caso suscitou uma questão jurídica, pois no Estado de Michigan (EUA), o ato de colaborar com o suicida não constitui crime, ante o fato de que o cúmplice da ação não poder ser punido mais do que o agente principal, uma vez que suicídio não configura como delito. Apesar disso, o médico foi condenado, judicialmente, pela morte de uma paciente, sob o fundamento de que fora o principal agente, embora tenha sido comprovado que se tratava de uma pré-suicida segura da decisão tomada.
01. Questão
É digno abreviar a vida de paciente incurável e em estado de grave sofrimento?
Perspectiva humanista da Bioética e do Biodireito
Maria H. Diniz
	Não se pode recusar humanidade ao ser humano em coma profundo. A vida humana, por ser um bem anterior ao direito e superior à liberdade de querer morrer, deve ser respeitada pela ordem jurídica. A vida não é o domínio da vontade livre, pois exige que o próprio titular do direito a respeite. Sua proteção, como já foi salientado, está consagrada na CF em cláusula pétrea que repele qualquer ação ou omissão contra a vida. Se o direito à vida é inviolável, o ordenamento jurídico não pode aceitar a eutanásia, nem o suicídio assistido, sob pena de inconstitucionalidade.
02. Questão
Mesmo com anuência prévia e expressa do doente em estado terminal, ou de seu responsável, para remover aparelho de sustentação de sua vida, o médico não teria a obrigação de conservá-la, com o mínimo de sofrimento possível, diante do dever jurídico de socorro?
03. Questão
No caso Terri Schiavo, pode-se considerar que lhe foi aplicada uma morte digna diante de seu estado vegetativo, tendo-lhe deixado morrer de fome e de sede?
Referências
DINIZ, Maria Helena. O estado atual do biodireito. São Paulo: Saraiva, 2010.
SÁ, Maria de Fátima Freire de; NAVES, Bruno Torquato de Oliveira. Manual de biodireito. Belo Horizonte: Del Rey, 2009. 
NAMBA, Edson Tetsuzo. Manual de bioética e biodireito. São Paulo: Atlas, 2009.
Revista de Direito Constitucional e Internacional. Ano 15, jan/mar, 2007.

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