Buscar

Relatório documentário Arquitetura da Destruição

Prévia do material em texto

Relatório 1 Questões Contemporâneas.
“A globalização com ou sem valores” por Monique Canto Sperber.
Na obra “A globalização com ou sem valores” a autora Monique Sperber defende a ideia de que a globalização não é um fenômeno inédito, pois a integração entre os diversos Estados-nação teve início com as grandes expansões marítimas: 
“Durante muito tempo, as civilizações da América pré-colombiana, da Índia ou da China se desenvolveram de maneira isolada. Os grandes descobrimentos, a constituição dos impérios coloniais europeus e depois a exploração da África e das ilhas do pacífico extinguiram de modo irrevogável a compartimentação das civilizações. Assim, o mundo tornou-se na prática, um mundo unificado.” (pp.50).
A partir do século XIX, a Europa ocupou papel central no cenário internacional, sendo vista como símbolo de cultura, tecnologia e modernidade pelas elites econômicas e políticas dos países recém- integrados a ordem internacional, como India, China, Japão e o mundo arábico-islâmico. 
Ao longo do século XX, emergiu uma nova ordem internacional bipolarizada. O eixo do mundo se deslocou da Europa para os Estados Unidos da América e a defesa dos ideais capitalistas, e para a União das Repúblicas Socialista Soviéticas, representada pela ideologia comunista. No entanto, segundo a autora, nesse período surgiu um grupo de países denominados de terceiro mundo, que não se alinhou a nenhuma das ideologias dominantes: “sua orientação ideológica era marcada por um ideal de modernidade técnica e por um marxismo industrialista” (pp. 50). 
A divisão bipolar do mundo teve fim na década de 1980, com o término da Guerra Fria. Em decorrência do fim do conflito, ocorreu o crescimento do mercado, pois os antigos países comunistas e os do chamado terceiro mundo quiseram participar do sistema. O aumento exponencial das trocas internacionais aumentou também a competição, que também foi fomentada pela mudança na orientação dos países do leste asiático, que abandonaram o modelo de substituição de importações e se tornaram plataformas exportadoras. As barreiras às negociações foram diminuídas (o que já vinha ocorrendo desde a Segunda Guerra Mundial) e a partir dos anos 1970 a desregulamentação e as privatizações (políticas econômicas neoliberais) abriram ainda mais as economias nacionais às importações, também ocorreram fóruns de liberalização (ex: GATT). O autor Gilpin ressalta que a maior parte dessas trocas comerciais ocorria entre as economias industrializadas (EUA, oeste europeu e Japão), com pequena participação de alguns países da Ásia e América Latina. 
Ainda nos anos 80, o investimento direto estrangeiro se expandiu mais rapidamente que o comércio e que o rendimento econômico mundial. O Japão e a Europa se tornaram grandes investidores e os EUA se tornaram os maiores receptores de investimentos. 
A combinação do aumento das trocas comerciais e dos fluxos financeiros, aliado ao aumento da importância das multinacionais, transformou significativamente a economia mundial. Os avanços tecnológicos também reduziram os custos do comércio internacional, modificando a compreensão de tempo e espaço. Houve uma integração das economias mundiais, fazendo com que a globalização fosse a grande característica definidora da ordem internacional no século XXI. Para a Monique Sperber, a globalização foi sentida como uma invasão por algumas sociedades, o que gerou reações identitárias, entretanto: 
“Embora o Ocidente exerça um papel essencial nessa complexa rede de trocas, seria mais justo falar de multipolaridade em vez de globalização em mão única. Por outro lado, está claro que o Laisser-faire, laissez- aller, deixar correr, não é a única realidade dessas trocas. Elas se caracterizam mais por uma associação constante entre liberdade e regulação, com as mesmas pessoas exigindo liberdade para certas trocas e recusando-se para outras”. (pp. 54). 
A globalização permitiu a livre troca de mercadorias e tecnologias ao mesmo tempo em que as sociedades se mostraram impermeáveis à adoção de valores políticos e culturais comuns, como a Democracia, por exemplo. Para a autora existe “uma grande heterogeneidade de culturas e de valores aliada a uma aparente identidade de civilização tecnológica”. (pp.55). Isso ocorre porque em pouco tempo é possível moldar o gosto e o padrão estético das pessoas, mas são necessárias décadas para adequar as sociedades a novos valores. 
Nesse contexto, Monique Sperber percebe a globalização como uma oportunidade de desenvolvimento, um instrumento que possibilita a transmissão de valores e direitos para as populações por meio da auto- crítica. A integração dos países não deve ser sinônimo da sobreposição de padrões ocidentais às demais sociedades, mas uma abertura para reflexão, permitindo a identificação das falhas e das realizações advindas da globalização. Dessa forma surgiram instituições domésticas capazes de alocar os recursos de forma eficaz, de defender os direitos humanos, de melhorar a distribuição da renda e de permitir acesso à saúde, educação e cidadania a toda a população.

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes