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Metodologia da Pesquisa Científica EDITORA DOWBIS TÍTULO METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA Copyright © 2017 by Júlio Martins O direito moral do autor foi assegurado. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida, ou transmitida por qualquer forma ou meio Eletrônico ou mecânico, inclusive fotocópia, gravação ou sistema de armazenagem e recuperação de informação, sem a permissão escrita do autor. A reprodução sem a devida autorização constitui pirataria. APRESENTAÇÃO Atualmente, as instituições de ensino superior no Brasil para conceder aos seus alunos os título de bacharel, licenciado, especialista, mestre, doutor ou pós-doutor devem criar con- dições e exigir dos alunos que desenvolvam trabalhos voltados para a pesquisa científica, devendo o tema ser escolhido entre as matérias que tiveram nos cursos ou correlato às mes- mas. Também é necessário que o tema seja do interesse da área analisada e/ou importante do ponto de vista social. O objetivo dessa exigência está relacionado à tentativa de desenvolver nos alunos a aná- lise crítica e reflexiva sobre o mundo que o cerca, permitindo a ele detectar problemas que o afligem e aos demais indivíduos, dotando-o de ferramentas capazes de promover medidas que o ajudem a solucioná-los. Dessa forma, este trabalho procura fornecer as ferramentas necessárias para que o aluno possa conhecer melhor o que é um trabalho científico e quais os instrumentos disponíveis para realizá-lo, justificando a sua necessidade e importância, principalmente diante da difi- culdade que eles apresentam de realizar esse tipo de trabalho. É muito comum os alunos, no final do curso superior, ficarem perdidos em relação à apresentação de artigo, de monografias e de relatório de estágio por não terem tido ou por não terem valorizado durante o curso a matéria de Metodologia Científica, desconhecendo as normas básicas para a elaboração de textos científicos. Não é pretensão de o Instituto Cotemar esgotar o assunto nessa apostila, mas abordar as principais normas para a produção científica para alunos dos cursos de graduação e de pós- -graduação, fornecendo uma melhor compreensão sobre a natureza e objetivos do trabalho científico, almejando contribuir para a melhoria dos conhecimentos dos alunos e da qualidade das suas produções. Júlio Martins S U M Á R I O SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 6 UNIDADE I - CIÊNCIA E CONHECIMENTO ................................................................... 7 1.1. CONHECIMENTO CIENTÍFICO. ........................................................................................... 7 1.1.1. A ciência. .............................................................................................................................. 8 1.1.2. Trabalho científico. ................................................................................................................ 9 TESTE DE CONHECIMENTOS. .................................................................................................... 10 UNIDADE II – A PESQUISA E OS NOVOS CONHECIMENTOS. ..................................... 13 2.1. MÉTODOS DE PESQUISA. .................................................................................................... 14 2.1.1. Métodos de pesquisa de abordagem. ................................................................................... 15 2.1.1.1. Método dedutivo................................................................................................................ 15 2.1.1.2. Método Indutivo................................................................................................................. 15 2.1.1.3. Método hipotético-dedutivo................................................................................................ 16 2.1.1.4. Método dialético. ............................................................................................................... 16 2.1.1.5. Método fenomenológico. ................................................................................................... 17 2.1.2. Métodos de pesquisa em relação aos procedimentos técnicos adotados. ............................. 17 2.1.2.1. Método histórico. ............................................................................................................... 18 2.1.2.2. Método comparativo. ......................................................................................................... 18 2.1.2.3. Estudo de caso. ................................................................................................................ 18 2.1.2.4. Método estatístico (método monográfico). ......................................................................... 19 2.2. TIPOS DE PESQUISA. ........................................................................................................... 19 2.2.1. Tipos de pesquisa quanto à natureza. .................................................................................. 20 2.2.1.1. Pura (básica)..................................................................................................................... 20 2.2.1.2. Aplicada. ........................................................................................................................... 20 2.2.2. Tipos de pesquisa quanto à forma de abordagem do problema. ........................................... 21 2.2.2.1. Pesquisa quantitativa. ....................................................................................................... 22 2.2.2.2. Pesquisa qualitativa. ......................................................................................................... 22 2.2.3. Tipos de pesquisa em relação ao objetivo geral.................................................................... 23 2.2.3.1. Pesquisa exploratória. ....................................................................................................... 23 2.2.3.2. Pesquisa descritiva. .......................................................................................................... 25 2.2.3.3. Pesquisa explicativa ou analítica. ...................................................................................... 26 2.2.4. Tipos de pesquisa quanto aos procedimentos técnicos para coleta de dados (para elaborar fonte de dados). ............................................................................................................................. 27 2.2.4.1. Pesquisa bibliográfica. ...................................................................................................... 27 2.2.4.2. Pesquisa documental. ....................................................................................................... 28 2.2.4.3. Pesquisa empírica ou experimental. .................................................................................. 28 2.2.4.4. Pesquisa de levantamento. ............................................................................................... 29 2.2.4.5. Pesquisa de campo. ..........................................................................................................29 2.2.4.6. Estudo de caso. ................................................................................................................ 30 2.2.4.7. Pesquisa-ação. ................................................................................................................. 30 2.2.4.8. Pesquisa ex-post facto. ..................................................................................................... 31 2.2.4.9. Estudo de coorte. .............................................................................................................. 31 2.2.4.10. Pesquisa participante. ..................................................................................................... 31 2.2.4.11. Pesquisa laboratorial. ...................................................................................................... 32 TESTE DE CONHECIMENTOS. .................................................................................................... 32 APOSTILA DE METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA SUMÁRIO UNIDADE III – O PROJETO OU PLANO DE PESQUISA................................................. 41 3.1. Etapas obrigatórias do projeto/plano de pesquisa .......................................................................42 3.1.1. Tema da pesquisa....................................................................................................................42 3.1.2. Problema.................................................................................................................................43 3.1.3. Hipóteses ................................................................................................................................44 3.1.4. Objetivos .................................................................................................................................45 3.1.5. Justificativa .............................................................................................................................46 3.1.6. Referencial teórico ..................................................................................................................48 3.1.7. Procedimentos metodológicos .................................................................................................49 3.1.8. Cronograma de atividades .......................................................................................................51 3.1.9. Referências .............................................................................................................................52 3.2. Etapas do projeto/plano de pesquisa que dependem do tipo de projeto adotado .........................52 3.2.1. Público-alvo.............................................................................................................................52 3.2.2. Responsáveis pela execução do projeto ..................................................................................52 3.2.3. Local de realização..................................................................................................................53 3.2.4. Local de implantação ...............................................................................................................54 3.2.5. Plano de ação .........................................................................................................................54 3.2.6. Recursos utilizados .................................................................................................................54 TESTE DE CONHECIMENTOS ........................................................................................................55 UNIDADE IV – TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ............................................. 61 4.1. Elaboração do artigo científico ....................................................................................................63 4.1.1. Normas básicas para elaboração do artigo científico ...............................................................64 4.2. Estrutura do artigo científico .......................................................................................................65 4.2.1. Título .......................................................................................................................................66 4.2.2. Identificação do(s) autor (ES) e mini currículo ..........................................................................66 4.2.3. Resumo/Abstract e palavras-chave .........................................................................................66 4.2.4. Introdução ...............................................................................................................................67 4.2.5. Desenvolvimento .....................................................................................................................67 4.2.6. Discussões e resultados ..........................................................................................................68 4.2.7. Conclusão e/ou recomendações ..............................................................................................68 4.2.8. Referências bibliográficas ........................................................................................................69 4.3. Representação gráfica do artigo científico ...................................................................................69 4.3.1. Capa .......................................................................................................................................69 4.3.2. Lombada .................................................................................................................................70 4.3.3. Folha de rosto .........................................................................................................................71 4.3.4. Folha de aprovação .................................................................................................................72 4.3.5. Resumo e palavras-chave na língua vernácula e estrangeira ...................................................74 4.3.6. Introdução ...............................................................................................................................75 4.3.7. Desenvolvimento .....................................................................................................................75 4.3.8. Discussões e resultados................................................................................................... 76 4.3.9. Conclusões ou considerações finais................................................................................ 76 4.3.10. Referências.................................................................................................................. .. 77 4.3.11. Anexos............................................................................................................... ............. 77 4.4. Formatação do trabalho científico................................................................................... 78 4.4.1. Normas gerais para formatação de trabalhos científicos................................................. 78 APOSTILA DE METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA SUMÁRIO 4.4.2. Citações ................................................................................................................................ . 4.4.2.1. Citações diretas ................................................................................................... ............... 4.4.2.2. Citações indiretas ................................................................................................................ 4.4.2.3. Várias citações de um mesmo autor ...................................................................................4.4.2.4. Citações de trabalho de dois ou três autores ...................................................................... 4.4.2.5. Citações com mais de três autores ..................................................................................... 4.4.2.6. Citação de documentos cujo autor é uma entidade coletiva .............................................. 4.4.2.7. Citação de documentos de autoria de órgãos da administração pública direta .................. 4.4.2.8. Citação de citação ............................................................................................................... 4.4.2.9. Suprimir parte de uma citação ............................................................................................ 4.4.2.10. Sistema de chamada de citação ....................................................................................... 4.4.2.10.1. Sistema numérico .......................................................................................................... 4.4.2.10.2. Sistema alfabético .......................................................................................................... 4.4.3. Referências bibliográficas ...................................................................................................... 4.4.3.1. Citação de livro completo .................................................................................................... 4.4.3.2. Citação de capítulo de um livro ........................................................................................... 4.4.3.3. Citação de trabalhos acadêmicos ....................................................................................... 4.4.3.4. Citação de artigos em periódicos com indicação de autoria ............................................... 4.4.3.5. Citação de documentos jurídicos ........................................................................................ 4.4.3.6. Citação de documentos eletrônicos .................................................................................... TESTE DE CONHECIMENTOS ....................................................................................................... UNIDADE V – CUIDADOS PARA PESQUISADORES INICIANTES ............................. 5.1. Normas básicas de condução da redação ................................................................................ 5.2. Expressões latinas utilizadas em artigos .................................................................................. 5.3. Dicas gerais ........................................................................................................... ................... REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 81 81 82 82 83 83 83 84 84 85 85 85 86 87 87 88 89 89 89 89 90 96 97 98 99 100 GABARITOS DOS TESTES DE CONHECIMENTO........................................................ 104 APOSTILA DE METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA U N I D A D E I METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA INTRODUÇÃO METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA INTRODUÇÃO Está sempre sendo colocado em pauta, tanto por professores de Metodologia Científica como por orientadores de trabalhos acadêmicos, as dificuldades que os alunos das diversas áreas têm de es- crever um texto, ainda mais quando se trata de texto científico que tem por critério seguir as normas estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Quando se acrescenta que o trabalho é de conclusão de curso (artigo científico, monografia, dissertação, tese, etc.) e necessá- rio para a obtenção do título desejado, as dificuldades e, também, reclamações dos alunos aumen- tam exponencialmente. A explicação para tanto rigor está na natureza do trabalho científico ou do relatório de pesquisa, o qual exige do redator a adoção de normas que são reconhecidas em todo o mundo e por profissio- nais das diversas áreas, tudo com o intuito de dar cientificidade e credibilidade ao texto. As normas utilizadas em trabalhos científicos fazem parte de um “conjunto de sinais e símbolos que compõem e complementam a linguagem da ciência” (ABNT, 2011), padronizando e tornando-a mais fácil de ser entendida. São exemplos desse conjunto as normas referentes ao tamanho e tipo da fonte, margens e espaços entre linhas e citações bibliográficas. Dessa forma, podemos afirmar que as normas científicas têm por finalidade tornar a leitura do texto mais fácil e útil, mas, principalmente, dar credibilidade ao texto, pois os critérios científicos são baseados em métodos e procedimentos rigorosos, sem os quais perderia sua finalidade e o texto não poderia servir de referência para outros trabalhos. Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 7 UNIDADE I: CIÊNCIA E CONHECIMENTO Nesse capítulo a nossa atenção está voltada para analisar o conhecimento científico como um instrumento que nos ajuda a compreender e a explicar os fenômenos que ocorrem em nossa volta. Todo o conhecimento acumulado até hoje é resultado das experiências da ciência. À medida que descobrimos respostas para as indagações que nos inquietavam no passado, novos ques- tionamentos vão surgindo e novas experiências vão ocorrendo. Exemplo disso são os mais va- riados tipos de remédios que existem no merca- do e a cura de doenças que na década de 40 eram fatais. Se pensarmos no desenvolvimento da tecnologia na automação dos processos das empresas e dos computadores, confirmaremos ainda mais a evolução do conhecimento e a ne- cessidade da cientificidade. 1.1. CONHECIMENTO CIENTÍFICO. A primeira pergunta a responder é como con- seguimos adquirir conhecimento? Conhecer é adquirir um conceito novo sobre um fenômeno, fato ou situação, o qual pode nascer de experiên- cias acumuladas no nosso dia-a-dia, ou através da convivência com outras pessoas, ou através de leituras ou de outro meio qualquer. Assim, po- demos encontrar os seguintes tipos de conheci- mentos: I. Conhecimento empírico: é aquele que se origina do conhecimento vulgar ou do senso-co- mum, através da convivência familiar e social, e por meio de ações não planejadas, ou seja, ao acaso. Além disso, a informação que se tem do fato/objeto ou fenômeno é impregnada das per- cepções do indivíduo, sendo assistemática, pois não existe uma formulação geral que explique o fenômeno, como, por exemplo, a janela está emperrada, mas de tanto abrir e fechá-la, desco- brimos que se levantarmos um pouquinho o lado direito ela fecha sem emperrar; II. Conhecimento filosófico: é resultante da ca- pacidade humana de raciocinar e refletir sobre fatos e fenômenos gerando conceitos subjetivos, os quais buscam dar sentido à vida e ao univer- so, ultrapassando os limites formais da ciência como, por exemplo, a frase de Shakespeare “Existe muito mais entre o céu e a terra do que a nossa vã filosofia possa imaginar”. Além disso, baseia-se em hipóteses que não são verificáveis (confirmada ou refutada) e nem observadas; III. Conhecimento teológico: é aqueleresultante da crença religiosa e da fé divina, o qual é resul- tante da formação moral e religiosa de cada um. Portanto, não se tem como confirmar ou negar esse tipo de conhecimento. Cita-se como exem- plo a frase de Chico Xavier “Aqueles que ama- mos não morrem jamais, apenas partem antes de nós”. Esse tipo de conhecimento não é verifi- cável, mas é infalível e indiscutível por basear-se na fé e sistemático, pois é organizado e obra do Criador; IV. Conhecimento científico: é o conhecimento que tem como características principais ser racio- nal, objetivo, sistemático, aproximadamente exa- to, verificável, explicativo e falível, pois sua origem é baseada em métodos e técnicas científicas 8 APOSTILA DE METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE I: CIÊNCIA E CONHECIMENTO (GALLIANO, 1979). Podemos citar como exem- plos o descobrimento da vacina antirrábica; o descobrimento do autor das Cartas Chilenas; as pesquisas e publicações sobre a história do des- cobrimento do Brasil; vacinas contra a AIDS; entre outras. 1.1.1. A ciência. Segundo Marconi e Lakatos (2008, p. 22) a ciên- cia “é um conjunto de atitudes e atividades racio- nais, dirigidas ao sistemático conhecimento com objeto limitado, capaz de ser submetido à verifica- ção”. Portanto, segundo os autores, se um dado fenômeno, objeto ou fato é analisado de forma sis- temática, com instrumentos e técnicas conhecidas e aprovadas e é passível de verificação passa, então, a ter os requisitos necessários para fazer parte do universo da ciência. Para que possamos compreender melhor a ci- ência, torna-se necessário descrever algumas de suas características (VIANETTO, 2011): I. Objetividade: descrição da realidade investiga- da independentemente dos desejos do pesquisa- dor, de forma clara e precisa; II. Racionalidade: a razão é utilizada durante todo o processo de pesquisa, desde o desenho do estudo, a coleta dos dados, até sua análise; III. Sistematicidade: é o saber ordenado de for- ma lógica, construído através de sistema de idéias e teorias, portanto, não há espaço para conheci- mentos desconexos; IV. Generalidade: O conhecimento gerado deve ser analisado sob a possibilidade de ser ou não aplicado a outros contextos, explicando os fenô- menos em diferentes situações; V. Verificabilidade: quando as hipóteses são exa- minadas através da observação e experimentação para serem comprovadas ou refutadas; VI. Falibilidade: o conhecimento não é algo de- finitivo, absoluto ou final, podendo ser negado ou confirmado; VII. Conhecimento aproximadamente exato: porque novas proposições podem reformular uma teoria já existente. Nesse contexto, para que seu trabalho seja acei- to como parte da ciência, você deverá informar o tema estudado, a metodologia utilizada, os resulta- dos que alcançou e as conclusões a que chegou. Além disso, o trabalho deve estar bem fundamen- tado, pois poderá ser contestado ou confirmado por outros pesquisadores. 1.1.1. Trabalho científico. Em primeiro lugar, deve-se esclarecer que um trabalho científico deve estar em conformidade com as características da ciência, a fim de ser aceito como parte dela. Portanto, a partir dos con- ceitos dados, podemos caracterizar o que venha a ser um trabalho científico. Para ser classificado como científico, um trabalho depende essencial- mente da forma como é elaborado e do cumpri- mento das exigências as quais deve se submeter, portanto deve estar embasado no raciocínio lógico e ter como ponto de partida um problema levan- tado em relação ao tema escolhido. Assim, se- guindo métodos e técnicas científicas e apoiadas na fundamentação teórica, a pesquisa segue em busca de solução ou resposta para o problema evidenciado. Desse modo, reafirmamos que um trabalho para ser considerado científico deverá seguir o rigor científico e a ética intelectual, independente do fato de ser um artigo ou uma tese de doutora- Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 9 UNIDADE I: CIÊNCIA E CONHECIMENTO do. Segundo Estrela e Sabino (2001), o trabalho científico deve ter a ciência como base, seguindo métodos e técnicas criteriosos na solução dos pro- blemas levantados. Cada instituição de ensino tem a liberdade de escolher normas específicas para a elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), poden- do, na graduação, ser um artigo científico, relatório de estágio, relatório de pesquisa ou monografia, o que vai determinar a escolha é a finalidade do tra- balho e o nível de conhecimento exigido do autor. No mestrado é exigida a dissertação e no doutora- do, a tese. No entanto, todas as instituições devem seguir as normas técnicas para a padronização de trabalhos científicos, determinadas pela Associa- ção Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e to- dos os trabalhos científicos devem ter um projeto que o norteie. TESTE DE CONHECIMENTO UNIDADE I: 1) Entre as opções abaixo, marque a correta em relação à seguinte afirmativa: Conhecimento vulgar ou do senso-comum obtido através da con- vivência familiar e social e por meio de ações não planejadas, ou seja, ao acaso. a) Científico b) Filosófico c) Empírico d) Teológico e) Difuso. 2) A Ciência é um conjunto de atitudes e ati- vidades racionais, dirigidas ao sistemático conhe- cimento com objeto limitado, capaz de ser sub- metido à verificação. Em relação a ela, marque a opção errada: a) Os resultados das pesquisas científicas de- vem estar à disposição da comunidade científica e de grupos interessados para que esses possam ser comprovados. b) Os instrumentos e técnicas utilizados em uma pesquisa devem ser apropriados ao objeto a ser analisado. c) Os instrumentos e técnicas utilizados em uma pesquisa devem ser do conhecimento co- mum ou de um grupo de pesquisadores que, nes- te caso, deve ser colocado à disposição para que possa ser testado e verificado a sua utilidade. d) Não há necessidade de sistematização do conhecimento para que possa ser gerado conhe- cimento científico. e) O conhecimento científico é resultante de pesquisas realizadas com instrumentos apropria- dos e aprovados pela comunidade científica. 3) A Ciência possui todas as características abaixo, exceto: a) Racionalidade b) Objetividade c) Falibilidade. d) Certeza absoluta. e) Aplicabilidade 4) Para que um método e/ou técnica seja con- siderada científico é necessário que tenha, no mí- nimo, as seguintes características: a) Racional, sistemático, verificável e objetivo. b) Sistemático, objetivo e passível de verifica- ção. 10 APOSTILA DE METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE I: CIÊNCIA E CONHECIMENTO c) Objetivo, sistemático, falível e explicativo. d) Objetivo, sistemático, discursivo, aplicável e explicativo. e) Racional, objetivo, sistemático, verificável, aplicável e falível. 5) Um trabalho só é aceito como científico se possuir as seguintes características, exceto: a) Deve seguir apenas as normas técnicas para padronização determinadas pela Instituição que oferta o curso. b) Deve estar de acordo com as característi- cas da ciência. c) Deve respeitar a ética intelectual. d) Deve seguir as normas técnicas para pa- dronização ditadas pela ABNT. e) Deve ter uma metodologia criteriosa. 6) Complete a sentença e marquea opção correta: O trabalho científico deve estar em conformidade comascaracterísticasdo(a) , afimdeseraceitocomopartedela. Paraserclassifi- cado como científico, um trabalho deve estar emba- sado no e ter como ponto de partida um (a) levantando (a) em relação ao tema escolhi- c) Metodologia, ciência, raciocínio lógico, problema, técnica, pesquisa. d) Raciocínio lógico, metodologia, problema, métodos, técnicas, teórica. e) Ciência, raciocínio lógico, metodologia, problema, métodos, teórica. 7) Entre as opções abaixo, marque a correta em relação à seguinte afirmativa: Tipo de conhe- cimento que tem como características principais e necessárias: ser racional, objetivo, sistemático, aproximadamente exato, verificável, explicativo e falível. a) Científico b) Filosófico c) Empírico d) Teológico e) Cultural do. Assim, seguindo e científicas e apoiadas na fundamentação , a pesquisa segue em busca de solução ou resposta para o problema evidenciado. a) Metodologia, raciocínio lógico, metodolo- gia, problema, técnica, teórica. b) Ciência, raciocínio lógico, problema, méto- dos, técnicas, teórica. Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 11 U N I D A D E I I A PESQUISA E OS NOVOS CONHECIMENTOS UNIDADE II: A PESQUISA E OS NOVOS CONHECIMENTOS Na unidade II, buscaremos responder ao seguin- te questionamento: o que é pesquisa? A pesquisa se constitui em um conjunto de ações que visam à descoberta de novos conhecimentos em uma determinada área. É um processo investigativo sistemático que tem por objetivo a construção do conhecimento (do saber – ciência), se constituindo em instrumento para ratificar, refutar, reproduzir, corroborar, ampliar e atualizar algum conhecimen- to pré-existente, relativo a fatos, teoremas, novas teorias, trabalhos de campo, experiências, proje- tos, entre outros. No ensino superior e nos cursos de pós-gradu- ação, a pesquisa é a base para a produção de conhecimento para as diversas disciplinas, con- tribuindo para o desenvolvimento da ciência e da sociedade. Assim, entre as várias disciplinas ou temas estudados no curso de Pedagogia, por exemplo, escolho a que mais gostei (Didática) ou a que tive maior facilidade (Educação Inclusiva) e vou verificar as possibilidades de realizar uma pesquisa, aprofundando na carga de leitura sobre o assunto e, assim, identificar um problema, cuja resposta ou solução acrescente conhecimento novo ou traga alguma contribuição para a área. No entanto, para realizar uma pesquisa é ne- cessário seguir um processo pré-determinado de investigação. Não basta ter em mente um tema e nele encontrar um questionamento ou problema, sendo necessário seguir procedimentos científicos (caminho padronizado) para encontrar resposta para esse questionamento ou problema. Além dis- so, é necessário avaliar a relevância do problema para a área pesquisada (educação, saúde, psico- logia, entre outros) e se trará conhecimentos no- vos e relevantes para a sociedade. Esse processo de investigação nos leva a de- terminar (antecipadamente) os métodos e tipos de pesquisa existentes e quais serão utilizados por nós durante a elaboração do TCC, sendo que é através dessa escolha que iremos atingir o ob- jetivo expresso no trabalho científico. Portanto, é muito importante conhecer e distinguir qual o tipo de método e de pesquisa que o objeto e o objetivo estabelecido por nós serão necessários para rea- lizar o trabalho científico (TCC), ou seja, deve-se: • Escolher seu tema/foco; • Definir o problema a ser solucionado; • Determinar o(s) objetivo(s); • Escolher a pesquisa inicial, que normalmente é a bibliográfica (tipo de pesquisa), buscando co- nhecer mais intensamente o tema/foco; • Verificar as necessidades e possibilidades para levantar dados, determinando a necessidade de adotar novo tipo e método de pesquisa. A pesqui- sa bibliográfica acompanha todo o processo; • Trabalhar os dados (ordenar, codificar, tabular, entre outros modos de organização de dados), transformando-os em informações; • Análise dos dados; • Conclusões. Descrevemos a seguir os métodos de pesquisa disponíveis e, posteriormente, os tipos. 2.1. MÉTODOS DE PESQUISA: O método de pesquisa refere-se à forma como abordaremos o objeto de estudo e como escolhe- remos os procedimentos sistemáticos para obter a descrição e a explicação de fenômenos, sendo que a natureza do problema e seu nível de apro- fundamento é que determinarão a escolha do mé- Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 13 UNIDADE II: A PESQUISA E OS NOVOS CONHECIMENTOS todo. No entender de Gil (1999, p. 30) a escolha de um método vai depender da característica do objeto de pesquisa; dos recursos materiais dispo- níveis; do nível de abrangência do estudo; e do in- teresse do pesquisador. O quadro abaixo sintetiza os métodos de pesquisa disponíveis. Fonte: CANTINI, Adriana H. Elaboração de Projetos de Pesquisa. Disponível em www.slideshare.com.br. 2.1.1. Métodos de pesquisa de abor- dagem: 2.1.1.1. Método Dedutivo: Segundo Parra Filho e Santos (2000, p. 23), esse método é utiliza- do “quando se parte de uma situação ou posição geral e se particulariza conclusões”. É um método racionalista, pois considera que a razão é a úni- ca forma de alcançar o conhecimento verdadeiro, sendo o mais utilizado dos cinco métodos existen- tes. Utiliza o silogismo, ou seja, de duas premissas se conclui uma terceira como, por exemplo, quan- do falamos que os países tropicais são de clima quente. Como mostra os exemplos: Exemplo1: O clima tropical é quente (premissa maior). O Brasil é um país tropical (premissa menor). Portanto, o clima no Brasil é quente (conclusão). Exemplo 2: Todo homem é mortal (premissa maior). Pedro é homem (premissa menor). Logo, Pedro é mortal (conclusão). 2.1.1.2. Método Indutivo: É o método onde o pesquisador, a partir de uma amostra da população, chega a conclusões aplicáveis a toda a população (PARRA FILHO & SANTOS, 2000), ou seja, considera que o conhecimento é basea- do na experiência, sendo que as generalizações são resultantes da observação de casos reais e concretos e elaborados a partir de casos individu- ais. É importante verificar se a amostra representa de fato o universo pesquisado (a população). Por exemplo, esse método é utilizado quando o IBO- PE ouve cinco mil consumidores e projeta qual será o comportamento de cem milhões de pes- soas. Comparado ao exemplo anterior ficaria as- sim: Pedro é mortal, João é mortal, José é mortal. Todos são homens, logo os homens (todos) são mortais. 2.1.1.3. Método Hipotético-dedutivo: Esse método consiste na construção de presun- ção baseada em hipóteses, ou seja, caso parte ou a totalidade das hipóteses sejam comprovadas como falsas, a presunção também o será. Para isso é necessário que as hipóteses sejam sub- metidas ao máximo possível de testes, à crítica, à comparação, à publicidade e ao confronto com os fatos, entre outras situações, paraverificar quais as hipóteses que serão refutadas e, consequente- mente, quais permaneceram como válidas. Esse método baseia-se na lógica e nos leva a deduzir que, se a certeza em relação à presunção 14 APOSTILA DE METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA PESQUISA CLASSIFICAÇÃO MODALIDADE MÉTODO De Abordagem (Lógicos) Dedutivo Indutivo Hipotético-Dedutivo Dialético Fenomenológico De Procediment os (Técnicos) Comparativo Histórico Estudo de Caso Estatístico UNIDADE II: A PESQUISA E OS NOVOS CONHECIMENTOS for igual à certeza em relação às hipóteses iniciais, o conhecimento considerado como verdadeiro e demonstrável é dependente do grau de certeza das hipóteses, ou seja, se parte das hipóteses fo- rem refutadas, o conhecimento resultante é falso. Segundo Gil (1994, p. 28) “[...] enquanto o método dedutivo procura confirmar a hipótese, o hipoté- tico-dedutivo procura evidências empíricas para derrubá-las”. Esse método possui uma abordagem que busca a eliminação dos erros de uma hipótese, através da realização de teste. Faz isso a partir da ideia de testar a falsidade de uma proposição, ou seja, a partir de uma hipótese, estabelece-se que situa- ção ou resultado experimental nega essa hipótese e tenta-se realizar experimentos para negá-la. As- sim, a abordagem do método hipotético-dedutivo é a de buscar a verdade, eliminando tudo o que é falso. 2.1.1.4. Método dialético: De acordo com Diniz e Silva (2008), esse método é utilizado quan- do se faz uma investigação através da contrapo- sição de elementos conflitantes, buscando com- preender o papel desses elementos no fenômeno observado (dois grupos de autores com opiniões contrárias sobre um mesmo fenômeno como, por exemplo, um grupo defende as avaliações tradicio- nais nas escolas e suas justificativas e o outro que querem excluí-la). Dessa forma, o pesquisador deve confrontar qualquer conceito tomado como verdadeiro com realidades diferentes, buscando novas conclusões ou uma nova teoria. Portanto, o método dialético não analisa um objeto ou fenô- meno estático, pelo contrário, busca contextualizar o objeto ou fenômeno de acordo com a dinâmica histórica, cultural e social (contexto social). É em- pregado em pesquisas qualitativas. 2.1.1.5. Método fenomenológico: Esse método consiste na descrição direta de um fenô- meno ou experiência tal como ele ocorre, não sen- do, portanto, resultante de processo dedutivo ou indutivo. Busca-se fazer a descrição mais fidedig- na possível do fato, não pressupondo nada, por- tanto, o pesquisador, ao explorar o dado, não se deixa influenciar por crenças, costumes e nem faz juízo de valor sobre o mesmo, buscando realizar uma descrição pura da realidade (GIL, 1999). 2.1.2. Métodos de pesquisa em rela- ção aos procedimentos técnicos ado- tados: De acordo com Gil (1999), os métodos de pesquisa em relação aos procedimentos técnicos têm por função fornecer ao pesquisador os meios adequados para garantir que haja objetividade e precisão no estudo de temas relacionados à ciên- cia sociais. É através desses métodos que se define como os dados serão coletados, ou seja, após a defini- ção do tema, do objeto de estudo, do problema e de determinar os objetivos a serem alcançados, o pesquisador deve definir quais os instrumen- tos que irá utilizar para levantar as informações necessárias à resolução do problema levantado. Segundo Rodrigues (2005, p. 45), o pesquisador, portanto, deverá ter “uma definição antecipada do ambiente e das circunstâncias em que serão cole- tados os dados e as formas de controle de variá- veis envolvidas no problema”. Os tipos de métodos de pesquisa em relação aos procedimentos técnicos são: Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 15 UNIDADE II: A PESQUISA E OS NOVOS CONHECIMENTOS 2.1.2.1. Método histórico. Através desse método ocorre o estudo dos fa- tos ocorridos no passado, os quais permitem re- alizar vários tipos de análises como, por exemplo, a identificação e explicação da influência de fatos que ocorreram no passado e suas influências no presente ou a análise de fatos ocorridos no passa- do, buscando identificar e explicar sua origem. Um exemplo seria a análise da cultura medieval com o objetivo de comparar os hábitos e costume da época com os do homem moderno ou a análise da evolução da Economia e seus momentos de ápice e crise e comparar com os problemas atu- ais da economia brasileira para evitar cometer os mesmos erros do passado. 2.1.2.2. Método comparativo. Esse método tem por objetivo estudar os indi- víduos, classes e grupos sociais em relação aos fatos e fenômenos sociais que ocorrem ou ocorre- ram no ambiente onde estão inseridos, tendo por objetivo estabelecer leis e correlações entre eles, estabelecendo suas semelhanças e/ou diferen- ças. Para tanto, o pesquisador deve definir o nú- mero de grupos com os quais irá trabalhar e as va- riáveis que serão adotadas. Podemos citar como exemplo o estudo para determinar as diferenças e semelhanças socioeconômicas existentes entre a população cubana, a brasileira e a norte-america- na. As variáveis adotadas seriam o poder aquisiti- vo, o PIB per capita, os direitos à liberdade, à edu- cação e à saúde de cada um dos grupos. Após levantar os dados, os países (grupos) seriam clas- sificados em “desenvolvidos” e “em desenvolvimento”. Outro exemplo seria a análise do desempenho de três turmas do ensino fundamental, nas quais estão sendo aplicadas metodologias de ensino diferenciadas, tendo por objetivo verificar qual (ou quais) delas está dando os melhores resultados e qual turma está se saindo melhor. 2.1.2.3. Estudo de caso (método mo- nográfico). Nesse tipo de método se estuda casos específi- cos ou que envolvem pequenos grupos, buscando entender como determinados fatos ocorrem. Tem por princípio que o estudo de um caso em pro- fundidade pode ser representativo de vários ou- tros ou de todos os casos semelhantes. O objeto de estudo pode ser os indivíduos, comunidades, instituições, grupos, entre outros. Podemos citar como exemplo o estudo que deu origem a alguns manuais do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE, como o Como Montar uma Padaria, onde seus técnicos analisa- ram um número reduzido de padarias e estabe- leceram valores mínimos necessários em termos de infraestrutura, financeiros e humanos para que qualquer pessoa possa montar a sua. Também pode ser citado como exemplo o estudo que uma aluna do curso de Economia da Universidade de Itaú na fez na empresa em que trabalhava, bus- cando determinar as causas da alta rotatividade da mão-de-obra e as possíveis soluções para isso. 2.1.2.4. Método estatístico. Esse método apoia-se na teoria estatística da probabilidade, sendo bastante utilizado, pois per- mite ao pesquisador transformar uma quantidade grande de fatos e dados em um número menor, permitindo estabelecer relações e correlações en- tre eles e, consequentemente, as suas consequ- 16 APOSTILA DE METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE II: A PESQUISA E OS NOVOS CONHECIMENTOS TIPO Quanto à natureza Pura (Básica) Aplicada Quanto à forma de abordagem Quantitativa Qualitativa Exploratória Quanto ao Objetivo Geral Descritiva ExplicativaBibliográfica Documental Experimental ou Empírica Levantamento Quanto aos procedimentos Pesquisa de campo técnicos (esclarecem sobre as Estudo ências, as quais possuem uma boa probabilidade de serem verdadeiras. Assim, esse método é utilizado quando o fato ou fenômeno analisado apresenta um grande número de ocorrências e complexidade, necessi- tando quantificá-lo para que se possa analisá-lo. Por exemplo, o estudo desenvolvido na Funda- ção João Pinheiro que tinha por objetivo verificar a efetividade do programa Saúde da Família e seus resultados nos municípios mineiros, adotando na análise os 853 municípios e três variáveis de saú- de (mortalidade infantil, vacinação, prevalência de doenças infectocontagiosas), duas econômicas (PIB dos municípios e renda familiar) e três sociais (nível de analfabetismo, de escolaridade e a exis- tência de canalização de água/esgoto). Como se pode observar, o número de variáveis é enorme e apenas um programa específico de estatística po- deria rodar um banco de dados desse porte. Um exemplo mais simples seria realizar um levanta- mento das notas dos alunos de dada escola por série e estabelecer a média por turma, utilizando-a como parâmetro para classificar o desempenho dos alunos. 2.2. TIPOS DE PESQUISAS: O tipo de pesquisa refere-se à forma como pro- cederemos na execução da pesquisa, ou seja, como vamos realizá-la. O quadro abaixo demons- tra todos os tipos de pesquisa existentes. PESQUISA CLASSIFICAÇÃO MODALIDADE TIPO Quanto à natureza Pura (Básica) Aplicada Quanto à forma de abordagem Quantitativa Qualitativa Quanto ao Objetivo Geral Exploratória Descritiva Explicativa Quanto aos procedimentos técnicos (esclarecem sobre as técnicas a serem adotadas) Bibliográfica Documental Experimental ou Empírica Levantamento Pesquisa de campo Estudo de caso Pesquisa-ação Ex-post-facto Estudo coorte Pesquisa participante Pesquisa laboratorial Fonte: CANTINI, Adriana H. Elaboração de Projetos de Pesquisa. Disponível em www.slideshare.com.br. Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 17 UNIDADE II: A PESQUISA E OS NOVOS CONHECIMENTOS 2.2.1. Tipos de pesquisa quanto à na- tureza: 2.2.1.1- Pura (Básica): Tem por objetivo a produção de novos conhecimentos, os quais envolvem verdades e interesses universais sem, no entanto, ter inicialmente uma aplicação prá- tica para os resultados previstos. Cita-se como exemplo os artigos científicos desenvolvidos pela maioria dos alunos de graduação, os quais bus- cam contribuir para a divulgação de dado assunto e sem pretensões práticas (aplicabilidade com fim específico). 2.2.1.2- Aplicada: Tem por objetivo a bus- ca de novos conhecimentos, os quais envolvem verdades e interesses locais. Ao contrário da pes- quisa pura, a aplicada busca a produção de co- nhecimento que tenha aplicação prática para re- solver problemas ou situações reais e específicas. Podemos citar como exemplo as pesquisas para a busca de vacina contra a AIDS, tuberculose, entre outras. 2.2.2. Tipos de pesquisa quanto à for- ma de abordagem: Existem dois tipos de pes- quisa em relação à abordagem, o quantitativo e o qualitativo, os quais estão relacionados ao modo como o pesquisador irá determinar o método para levantar dados e obter informações, ou seja, para chegar às causas do problema. Por exemplo, suponha que deseja compreender o fenômeno da evasão escolar nas escolas pú- blicas da cidade de Belo Horizonte/MG. Existem algumas formas de você obter resposta para esse fenômeno, o que pode ser feito através de: • Verificação do total de alunos evadidos na re- gião metropolitana de BH, através dos dados das Secretarias Estadual e Municipal de Educação; • Determinar a evasão por região administrativa, relacionando-a ao fator socioeconômico (evasão nas regiões mais ricas e nas mais pobres), através do Produto Interno Bruto por região metropolitana, fornecido pelo banco de dados da Fundação João Pinheiro (FJP); • Determinar a evasão através da aplicação de um questionário, buscando as causas da evasão através das opiniões dos alunos (alunos não gos- tam: de estudar, da matéria, do professor, da esco- la; entre outras causas). • Determinar a evasão através da aplicação de um questionário, buscando as causas da evasão através da análise da qualidade do ensino público em BH (ótimo, bom, ruim ou péssimo); ou análise das causas da falta de interesse dos alunos. Observe que o enfoque dado as duas primeiras opções são diferentes das duas últimas. Portanto, partindo do problema levantado na pesquisa (eva- são escolar), tem-se o método quantitativo e qua- litativo para se levantar as causas desse fenôme- no, o que determinará qual será utilizado é a forma como o pesquisador deseja conduzir o assunto. 2.2.2.1. Pesquisa quantitativa. Na pesquisa quantitativa são utilizadas técnicas estatísticas para transformar dados em números e, posteriormente, em informações, analisando-as para tirar as devidas conclusões. Para desenvolver uma pesquisa baseada nesse método é necessário ter variáveis bem definidas e utilizar cálculos estatísticos e/ou inferenciais. Além disso, nela não há o envolvimento direto do pesquisador, 18 APOSTILA DE METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE II: A PESQUISA E OS NOVOS CONHECIMENTOS ele apenas observa a situação e anota os dados, não havendo interação com o objeto da pesquisa. Esse método utiliza a estatística como base, por- tanto, requer o uso de recursos como percenta- gem, média, moda, mediana, variância, desvio pa- drão, coeficiente de correlação, entre outros. Um dos instrumentos de levantamento de dados mais utilizado nesse tipo de pesquisa é o questionário, normalmente com opções de escolha de resposta (raça: branca; parda; amarela; negra) ou faixa de variação (de 0 – 7 anos; 7 – 14 anos, etc.). Como exemplo desse tipo de pesquisa, pode- mos citar o Censo Brasileiro elaborado pelo Ins- tituto Brasileiro de Geografia e Pesquisa (IBGE), que possui um questionário estruturado com o qual o pesquisador vai até a sua casa e o preen- che para você. No entanto, o pesquisador é ape- nas um anotador de dados e o entrevistado não emite opinião pessoal sobre as questões, apenas responde a elas. Posteriormente, o técnico do IBGE, levanta todos os questionários e, através do método estatístico, informa que o Brasil possui x% de população branca, % de parda, x% de negra e assim monta o Censo. 2.2.2.2. Pesquisa qualitativa. A pesquisa qualitativa é uma pesquisa descritiva, onde o entrevistado e sua opinião sobre dado fato ou realidade são indissociáveis, ou seja, explora as particularidades e os traços subjetivos (signi- ficados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes) do entrevistado em relação a uma situ- ação vivenciada por ele (MINAYO, 2001). Nessa pesquisa ocorrem classificações e análises dis- sertativas sobre certas situações ou fato, sem, no entanto, eliminar completamente os cálculos. Esse tipo de pesquisa tem o caráter exploratório, pois o entrevistado pode expressar-se livrementesobre o assunto tratado. Dessa forma, os dados não são precisos, pois cada um dos indivíduos en- trevistado tem a sua opinião e tece seus comen- tários. Portanto, leva-se em consideração o que o entrevistado acha a respeito de dada situação, fato ou realidade, sendo que as opiniões podem coincidir e também divergir. Por exemplo, suponhamos que vamos entrevis- tar pessoas para saber o grau de satisfação com o governo Dilma, sendo que as opções em um questionário são: péssimo, regular, bom, ótimo e excelente. Nessa questão, limitamos as opções para facilitar a resposta. Uma segunda opção se- ria deixar a questão aberta para as pessoas res- ponderem, o que daria muito mais trabalho, mas verificaria melhor a opinião das pessoas. Depois de levantado os dados e as informações, pode- mos expor as opiniões através da estatística, em termos percentuais, por exemplo. Também, pode- mos observar que nesse processo, o pesquisador terá de observar o fenômeno mais de perto, ou seja, sua participação é mais efetiva (FRANÇA; VASCONCELOS, 2004). Por fim, deve-se estar atento ao fato de que, apesar dos tipos de pesquisa ter funções e objeti- vos diferentes, elas não são excludentes. 2.2.3. Tipo de pesquisa em relação ao objetivo geral: Antes de realizar essa classificação é necessá- rio que o(s) objetivo(s) da pesquisa já esteja(m) definido(s). Assim, após essa definição podemos classificar a pesquisa em um dos três tipos de pes- quisa: exploratória, descritiva ou explicativa. Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 19 UNIDADE II: A PESQUISA E OS NOVOS CONHECIMENTOS Essa classificação é que vai nos permitir esco- lher quais os procedimentos metodológicos que serão utilizados para que possamos chegar a uma definição ou resposta em relação àquilo que queremos pesquisar, ou seja, em relação à situ- ação-problema que encontramos ou levantamos. Portanto, partindo do problema a ser pesquisada, essa classificação nos permitirá determinar quais os procedimentos que serão empregados na in- vestigação científica, isto é, qual o caminho que iremos percorrer para alcançar os objetivos deter- minados (VERGARA 2007). 2.2.3.1. Pesquisa exploratória: A pesquisa exploratória é utilizada quando um problema é pouco conhecido e suas hipóteses não estão ainda claras, o que necessita de um maior envolvimento do pesquisador com o objeto da pesquisa (tema), tendo por finalidade buscar informações sobre ele e, assim, poder delineá-lo melhor e torná-lo mais claro. Normalmente é utilizado em estudos de casos, embasado por pesquisa bibliográfica, entrevistas com pessoas que possuem experiência prática com o problema pesquisado e análise de exemplos que estimulem a compreensão do assunto (GIL, 1999). Quando o problema levantando não permite vi- sualizar os procedimentos a serem adotados, tor- na-se necessário que o pesquisador inicie uma in- vestigação mais minuciosa, buscando um volume maior de informações sobre ele e, assim, construir hipóteses que lhe permita determinar o caminho a ser percorrido (OLIVEIRA NETTO, 2008). O objetivo da pesquisa exploratória é procurar ideias, hipóteses ou padrões em relação a um pro- blema ou questão cujo tema, normalmente, não teve ou teve muito pouco estudo anterior a seu respeito, portanto, não se trata de testar ou confir- mar uma determinada hipótese, mas de levantá- -la. Assim, a pesquisa exploratória avaliará qual a teoria ou conceito que poderá ser aplicado ao pro- blema levantado ou se deverá ser desenvolvidos novas teorias ou conceitos. Segundo Gil (1999), Um exemplo prático de tal modalidade pode estar relacionado ao objetivo de um determinado pesquisador, cuja intenção se manifesta pela busca de uma resposta acerca da queda (da demanda) de um determinado produto no mercado. Assim sen- do, de modo a concretizar seu objetivo, o pesquisador terá de aprofundar suas especulações e encontrar as reais causas da ocorrência de tal fenômeno (1999, p. 51). De acordo com Gil (2007), quando o pesquisa- dor defronta com uma situação ou assunto pouco familiarizado ou explorado ele utiliza a pesquisa exploratória para poder conhecê-lo melhor e, após esse aprofundamento no tema, formular suas hi- póteses. Por exemplo, o conhecimento que se tem sobre o fundo do mar em altas profundidades é bastante restrito, mas já existem algumas publi- cações sobre o tema. Caso um biólogo tenha inte- resse em estudar o tema, deverá fazer um levan- tamento bibliográfico sobre o assunto, determinar a região onde desejará iniciar sua pesquisa, deter- minar o material necessário para pesquisar em al- tas profundidades, montar sua equipe de técnicos e cientistas, verificar as embarcações necessárias (barcos de meio porte e mini submarinos), entre outras ações. Depois de conhecer a região, de fotografá-la, filmá-la, descrever suas observações sobre o ambiente, enfim, de levantar todos os da- dos e informações possíveis e que ele poderá criar as hipóteses de sua pesquisa (por exemplo: exis- tem poucas espécies que conseguem sobreviver na profundidade de X metros; o ser humano possui tecnologia para sobreviver apenas até x metros de 20 APOSTILA DE METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE II: A PESQUISA E OS NOVOS CONHECIMENTOS profundidade). No entanto, devemos lembrar que não basta desenvolver hipóteses, pois no caso da pesquisa exploratória elas devem ser comprova- das pela pesquisa realizada. Outra forma de definir a pesquisa exploratória é dizer que essa classe de pesquisa estabelece critérios, métodos e técnicas para a elaboração de uma pesquisa, levantando o máximo de infor- mações possíveis sobre o objeto de estudo e só depois desse levantamento é que se elaborarão as hipóteses. Esse tipo de pesquisa é responsá- vel pela maioria das descobertas científicas, sen- do que a maioria delas é originada pelo acaso, ou seja, em certo experimento em laboratório busca- -se um dado produto, fenômeno, substância, entre outras atividades e durante o processo ou no seu final descobre-se outro produto, substância ou fe- nômeno. A pesquisa exploratória tem se tornado um di- ferencial competitivo na concorrência de grandes grupos empresariais, os quais investem vultosos recursos financeiros na busca de processos, pro- dutos e serviços novos (invenções) ou que tra- gam inovações, garantindo aos inovadores e/ou empreendedores direito de exploração por longos anos (patentes). 2.2.3.2. Pesquisa descritiva: A pesquisa é descritiva em relação aos objetivos pretendidos quando tem por finalidade descrever as caracte- rísticas de uma população, de um dado fenômeno ou de uma experiência (GIL, 2007). O pesquisa- dor, após encontrar um objeto ou fenômeno que desperte seu interesse, passa a descrevê-lo, clas- sificá-lo e a observá-lo. A coleta de dados sobre o objeto ou fenômeno é feita através de técnicas padronizadas, como o questionário ou a observa- ção sistemática. Como exemplo, podemos citar a pesquisa bibliográfica, a pesquisa de opinião e o estudo de caso (mais comum na pesquisa explo- ratória). Ainda no entender de Gil (1999), a pesquisa des- critiva tem por finalidade observar, analisar e regis- trar um dado fenômeno sem que o pesquisador se envolva, de alguma forma, na mesma. Portanto, é proibido a ele emitir opinião, interferir na pesquisa, omitir ou alterar dados, entre outras atitudes quepossam vir a alterar a situação, ou seja, não é per- mitido ao pesquisador entrar no mérito do conteú- do da pesquisa. Dessa forma, a pesquisa descritiva busca esta- belecer relações de dependência entre variáveis, tais como quantidade, classificação e/ou medida, as quais podem sofrer alterações de acordo com o processo realizado. Normalmente, nessa pesqui- sa busca-se determinar quais as características de determinado grupo (amostra) em relação ao sexo, faixa etária, renda familiar, nível de escolari- dade, entre outras classificações. Após, busca-se confrontar os dados levantados com alguns indi- cadores (econômicos, por exemplo) ou com a opi- nião de peritos para a padronização de técnicas ou a validação de conteúdo(THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2012). Como exemplo, podemos citar as pesquisas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geográfia e Estatística (IBGE) para levantamento do senso brasileiro. Para realizá-lo, seus técnicos elaboram uma lista de perguntas (questionário padronizado) que seus pesquisadores fazem às famílias. No questionário, os pesquisadores apenas anotam as respostas que o cidadão dá. Esses questionários Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 21 UNIDADE II: A PESQUISA E OS NOVOS CONHECIMENTOS são repassados aos peritos do IBGE que apenas manipulam os dados e calculam (através de suas respectivas fórmulas), por exemplo, o nível de renda média por família, entre outros indicadores. Portanto, não há nenhum envolvimento do pesqui- sador com a situação ou fato. Um dos fatos que diferencia a pesquisa descri- tiva da exploratória é que na primeira o assunto já é conhecido, buscando-se apenas obter novas visões sobre ele, portanto, assume a forma de le- vantamento de dados e de informações. 2.2.3.3. Pesquisa explicativa ou analí- tica: É o tipo de pesquisa utilizada para descobrir o modo e as causas de dado fenômeno, ou seja, o que leva o fenômeno a ocorrer e quais são as suas causas. O método utilizado nessa pesquisa vai depende do campo onde está se realizando a pesquisa; por exemplo, nas ciências físicas e naturais usa-se o método experimental e nas so- ciais, o observacional (migração da população do nordeste brasileiro para outras regiões), buscando aprofundar o conhecimento de dada realidade. Devido as suas características, a pesquisa ex- plicativa é bastante presente durante a realização de pesquisas experimentais, pois durante o expe- rimento com variáveis, busca-se saber o porquê (causa) de dado resultado. Assim, de acordo com Marconi e Lakatos (2006), Busca-se registrar os fatos, analisá-los, interpretá-los e identifi- car suas causas, com o intuito de ampliar generalizações, definir leis mais amplas, estruturar e definir modelos teóricos, relacio- nar hipóteses em uma visão mais unitária do universo ou âmbito produtivo em geral e gerar hipóteses ou idéias por força de de- dução lógica (MARCONI; LAKATOS, 2006, p. 64). 2.2.4. Tipo de pesquisa quanto aos procedimentos técnicos para coleta de dados (para elaborar a fonte de dados). Após a escolha do objetivo da pesquisa, o qual é determinado através dos tipos de pesquisas des- critas anteriormente, segue-se para a fase seguin- te que é a de planejar como vamos desenvolver a pesquisa, ou seja, a fase de escolher os proce- dimentos técnicos ou metodológicos que iremos adotar para dar prosseguimento à pesquisa. Se- gundo Gil (2007), Basicamente, existem dois grandes grupos de delineamentos: o grupo que se vale de informações impressas (provenientes de li- vros, revistas, documentos impressos ou eletrônicos), e o grupo que utiliza informações obtidas por meio de pessoas ou experi- mentos. No primeiro grupo destaca-se a pesquisa bibliográfica e documental. No segundo grupo, temos a pesquisa experimental, a pesquisa ex-post facto, o levantamento, o estudo de caso, a pesquisa-ação e a pesquisa participante (GIL, 2007, p. 54). O autor faz uma classificação meramente ba- seada no tipo de fonte da informação e encaixa dentro de cada uma delas as que são realmente necessárias ao desenvolvimento da pesquisa e que devemos conhecer. São elas: 2.2.4.1. Pesquisa bibliográfica. A pesquisa bibliográfica tem por objetivo conhe- cer as diferentes contribuições científicas disponí- veis sobre determinado tema (MARTINS, 2000). Envolve a leitura, análise e interpretação de livros, jornais e revistas acadêmicas, periódicos, manus- critos e sites científicos. De forma geral, qualquer informação publicada (impressa ou eletrônica) é passível de se tornar uma fonte de consulta. O primeiro passa a ser dado nesse tipo de pesqui- sa é selecionar, do material recolhido, o que tem importância real para o tema a ser desenvolvido, o que chamamos de triagem. Após, deve-se fazer a leitura sistemática do material selecionado, re- alizando anotações e ficha mentos, os quais irão formar o banco de dados a ser utilizado na funda- 22 APOSTILA DE METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE II: A PESQUISA E OS NOVOS CONHECIMENTOS mentação teórica do estudo. A realização sequencial desses passos é ne- cessária para que o pesquisador vá conhecendo as contribuições que os diferentes autores deram ao tema escolhido. Além disso, é necessário para que ele possa ir selecionando durante a leitura de um livro o que, de fato, é importante para atingir seu objetivo e, posteriormente, através do ficha- mento, saber onde está determinada informação. Segundo França e Vasconcellos (2004), A pesquisa bibliográfica é utilizada para todos os outros tipos de pesquisa, dando suporte a elas e auxiliando na determinação do problema, objetivos, na construção de hipóteses, na fundamen- tação da justificativa da escolha do tema e na elaboração do relatório final (2004, p. 29). Dessa forma, podemos perceber que não existe pesquisa sem que a bibliográfica esteja envolvida, portanto, ela deve se tornar rotina entre os pesquisadores e estudantes. 2.2.4.2. Pesquisa documental. A pesquisa documental é bastante pareci- da com a bibliográfica, sendo que a diferença entre elas reside na natureza da fonte. A fon- te da pesquisa documental são documentos conservados em arquivos de órgãos públicos e privados, sindicatos, igrejas, instituições e em acervos particulares, tais como fotografias, filmes, diários, memorandos, atas de reunião, boletins, cartas pessoais, relatórios, entre ou- tros documentos. Cita-se como exemplo as Cartas Chilenas escritas em 1789, no perío- do da Inconfidência Mineira – Vila Rica (atual Ouro Preto), onde o autor Critilo (Tomás Antô- nio Gonzaga) critica Fanfarrão Minésio (Luis da Cunha Meneses – governador das Minas Ge- rais até a Inconfidência Mineira). Essas cartas foram objeto de muita pesquisa cujo objetivo era descobrir sua autoria. Na pesquisa documental, a fonte pode já ter sido ou não utilizada em pesquisas anteriores. Caso já tenha sido analisada, normalmente, a pesquisa tem objetivo diferenciado e ter outras interpretações. Cita-se como exemplo a aná- lise do Balanço Geral de uma empresa pela diretoria financeira e, posteriormente, pela auditoria interna e externa, gerando resultados diferenciados. 2.2.4.3. Pesquisa empírica ou experi- mental. O objetivo da pesquisa empírica é testar hi- póteses que dizem respeitos a relações de causa e efeito (MARTINS, 2000), podendo ser realizada em qualquer ambiente.Esse tipo de pesquisa envolve hipóteses que podem ser confirmadas ou não, em um processo de tentativa e erro. Para que se possa realizar esse tipo de pesquisa é necessário selecionar variáveis dependentes, estabelecer grupos de controle e a manipulação de variáveis independentes, tudo sobre o rigor de técnicas estatísticas e por amostragem, buscando verificar se o resultado obtido em um dado número de manipulação de variáveis pode ser generalizado. Esse tipo de pesquisa ocorre, por exemplo, quando se tenta descobrir se o tratamento de esgoto e de água, vacinação, alimentação, coleta de lixo, doença de chagas, educação e cultura, interesse político, entre outras vari- áveis tem influência na mortalidade infantil no Jequitinhonha/Mucuri e na região metropolita- na de Belo Horizonte. As variáveis vacinação, alimentação, coleta de lixo, esgoto e água tra- tada são consideradas dependentes (influência direta) e as demais independentes (influência indireta) (CRESPO, 1997). Esse tipo de pes- Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 23 UNIDADE II: A PESQUISA E OS NOVOS CONHECIMENTOS quisa é utilizado, normalmente, em laboratórios e em campo. 2.2.4.4. Pesquisa de levantamento: Esse tipo de pesquisa utiliza de um questio- nário para, de forma direta, levantar informa- ções das pessoas acerca do problema estu- dado. Quando o levantamento envolve toda a população (universo) é chamado de censitário ou parametrizado, mas pode ser feito com ape- nas uma parte da população, sendo o levanta- mento chamado de amostragem ou estatístico, porém esta tem de ser representativa da popu- lação. Após o levantamento dos dados, estes são transformados em números e analisados através de métodos estatísticos, os quais gera- rão informações que permitiram chegar a con- clusões que serão generalizadas para toda a população. O levantamento é um método fácil de ser apli- cado e seus resultados podem ser expostos através de tabelas, quadros e gráficos, sendo muito utilizado nas pesquisas exploratórias e descritivas. Porém, é um estudo mais superfi- cial, pois não permite captar as características dinâmicas inerentes ao processo. 2.2.4.5. Pesquisa de campo. A pesquisa de campo está relacionada à ob- servação de dado fato ou fenômeno, coletando dados sobre o mesmo da forma mais fiel pos- sível e sem alterar nada do observado. Após, passa-se à análise e à interpretação desses dados com base em uma fundamentação te- órica (pesquisa bibliográfica) consistente, com o intuito de compreender e explicar o problema pesquisado. Nesse tipo de pesquisa, dependendo do tema, é necessário determinar técnicas de co- leta de dados mais apropriadas à natureza do tema, definindo também técnicas para registro e análise, podendo ser utilizada a abordagem predominantemente qualitativa ou quantitativa. Nesta última, o pesquisador se limita a descre- ver os fatos, ignorando a complexidade da rea- lidade social (MARTINS,2000). A pesquisa de campo é comumente utilizada em estudo de indivíduos, grupos, comunida- des e instituições tendo por objetivo entender os diferentes aspectos de uma dada realidade, portanto, é utilizada principalmente nas áreas da Sociologia, Pedagogia, Psicologia da Edu- cação, Política, Serviço Social, entre outras. 2.2.4.6. Estudo de caso. Refere-se a um tipo de pesquisa bastante es- pecífica, pois consiste em um estudo profundo e exaustivo de um único objeto ou de poucos objetos, o que permite obter um conhecimento bastante aprofundado do mesmo, porém seus resultados não podem ser generalizados, aten- do-se apenas ao caso em estudo (GIL, 2007). Entretanto, dependendo do objeto estudado e do nível de profundidade do estudo, seus re- sultados podem ser representativos de vários outros ou de todos os casos semelhantes. 2.2.4.7. Pesquisa-ação. Esse tipo de pesquisa gera bastante con- trovérsia, pois os pesquisadores e os partici- pantes têm de agir em conjunto para resolver um problema em comum ou uma situação real (coletiva), portanto devem trabalhar de forma cooperativa ou participativa. No entanto, existe uma nítida divisão entre dirigentes e dirigidos. A pesquisa-ação é uma metodologia apropria- da para o trabalho em equipe, onde o objeto de estudo é analisado por todos os participantes 24 APOSTILA DE METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE II: A PESQUISA E OS NOVOS CONHECIMENTOS da equipe, o que favorece as discussões e a geração de conhecimentos sobre a realidade vivenciada. Quando a equipe é formada por profissionais de várias áreas, a gama de co- nhecimento sobre o objeto é mais diversificada e ampla ainda. 2.2.4.8. Pesquisa ex-post-facto (a par- tir do fato passado). De acordo com Gil (2007), nesse tipo de pes- quisa os fatos já ocorreram, ou seja, está no passado, o que impossibilita o pesquisador de ter qualquer tipo de controle ou de manipulação dos mesmos. Portanto, o seu objetivo é levan- tar e testar hipóteses que estão relacionadas à relação de causa e efeito, mas que devem ser comprovadas pelos fatos do passado. Um exemplo desse tipo de pesquisa é o processo utilizado pela polícia para desvendar crimes, cujos dados, informações e variáveis estão no passado, as quais devem ser levantadas e relacionadas, buscando levantar as causas e chegar à autoria do mesmo. 2.2.4.9. Estudo de coorte. Esse tipo de estudo é realizado com um gru- po que possui entre si uma característica em comum, constituindo-se na amostra de um universo de pesquisa. Para se realizar essa pesquisa, esse grupo deve ser acompanhado durante certo período de tempo, observando o desenvolvimento da característica analisada e comparando com períodos anteriores de ob- servação. A pesquisa de coorte é muito usada na área da saúde, mas também pode ser utilizado em pesquisa experimental ou em uma pesquisa ex-post facto. Pode-se citar como exemplo, a utilização da informática para enriquecimen- to das aulas. Para verificar a efetividade des- se tipo de ensino, se determina as salas que irão participar dessa nova metodologia e as que não irão (grupo de controle). Após o pe- ríodo estabelecido para a análise, se verifica os resultados das participantes e das não par- ticipantes e compara os resultados, concluindo se a nova metodologia melhorou os resultados das turmas e se será aplicada a todas elas ou não. 2.2.4.10. Pesquisa participante. A pesquisa participante possui características bastante semelhantes às da pesquisa-ação, pois o pesquisador é um dos participantes da mesma. A diferença básica é que nesse tipo de pesquisa procura-se “minimizar a distinção en- tre dirigentes e dirigidos, fato que a torna ideal para as pesquisas de cunho social e/ou religio- sa” (GIL, 2007, p. 53). 2.2.4.11. Pesquisa laboratorial. A pesquisa laboratorial ocorre em situações controladas, utilizando-se de instrumentos es- pecífico e preciso. São realizadas em um am- biente adequado, previamente estabelecido e conforme o estudo a ser feito, podendo ocorrer em ambiente fechado ou não e em artificiais ou reais. Esse tipo de pesquisa é comumente confun- dido com a pesquisa experimental. Mesmo que a maioria das pesquisas laboratoriais seja ex- perimental, o que a diferencia desta é o fato dela ocorrer em situações controladas, com a escolha dos instrumentos a
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