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1. Metodologia da Pesquisa Científica

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Metodologia da 
Pesquisa Científica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EDITORA DOWBIS 
TÍTULO 
METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © 2017 by Júlio Martins 
 
O direito moral do autor foi assegurado. 
 
 
 
 
Todos os direitos reservados. 
Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida, ou transmitida por qualquer forma ou meio 
Eletrônico ou mecânico, inclusive fotocópia, gravação ou sistema de armazenagem 
e recuperação de informação, sem a permissão escrita do autor. 
A reprodução sem a devida autorização constitui pirataria. 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Atualmente, as instituições de ensino superior no Brasil para conceder aos seus alunos 
os título de bacharel, licenciado, especialista, mestre, doutor ou pós-doutor devem criar con- 
dições e exigir dos alunos que desenvolvam trabalhos voltados para a pesquisa científica, 
devendo o tema ser escolhido entre as matérias que tiveram nos cursos ou correlato às mes- 
mas. Também é necessário que o tema seja do interesse da área analisada e/ou importante 
do ponto de vista social. 
 
O objetivo dessa exigência está relacionado à tentativa de desenvolver nos alunos a aná- 
lise crítica e reflexiva sobre o mundo que o cerca, permitindo a ele detectar problemas que 
o afligem e aos demais indivíduos, dotando-o de ferramentas capazes de promover medidas 
que o ajudem a solucioná-los. 
 
Dessa forma, este trabalho procura fornecer as ferramentas necessárias para que o aluno 
possa conhecer melhor o que é um trabalho científico e quais os instrumentos disponíveis 
para realizá-lo, justificando a sua necessidade e importância, principalmente diante da difi- 
culdade que eles apresentam de realizar esse tipo de trabalho. É muito comum os alunos, no 
final do curso superior, ficarem perdidos em relação à apresentação de artigo, de monografias 
e de relatório de estágio por não terem tido ou por não terem valorizado durante o curso a 
matéria de Metodologia Científica, desconhecendo as normas básicas para a elaboração de 
textos científicos. 
 
Não é pretensão de o Instituto Cotemar esgotar o assunto nessa apostila, mas abordar 
as principais normas para a produção científica para alunos dos cursos de graduação e de 
pós- 
-graduação, fornecendo uma melhor compreensão sobre a natureza e objetivos do trabalho 
científico, almejando contribuir para a melhoria dos conhecimentos dos alunos e da qualidade 
das suas produções. 
Júlio Martins 
 
S
U
M
Á
R
I
O
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 6 
UNIDADE I - CIÊNCIA E CONHECIMENTO ................................................................... 7 
1.1. CONHECIMENTO CIENTÍFICO. ........................................................................................... 7 
1.1.1. A ciência. .............................................................................................................................. 8 
1.1.2. Trabalho científico. ................................................................................................................ 9 
TESTE DE CONHECIMENTOS. .................................................................................................... 10 
UNIDADE II – A PESQUISA E OS NOVOS CONHECIMENTOS. ..................................... 13 
2.1. MÉTODOS DE PESQUISA. .................................................................................................... 14 
2.1.1. Métodos de pesquisa de abordagem. ................................................................................... 15 
2.1.1.1. Método dedutivo................................................................................................................ 15 
2.1.1.2. Método Indutivo................................................................................................................. 15 
2.1.1.3. Método hipotético-dedutivo................................................................................................ 16 
2.1.1.4. Método dialético. ............................................................................................................... 16 
2.1.1.5. Método fenomenológico. ................................................................................................... 17 
2.1.2. Métodos de pesquisa em relação aos procedimentos técnicos adotados. ............................. 17 
2.1.2.1. Método histórico. ............................................................................................................... 18 
2.1.2.2. Método comparativo. ......................................................................................................... 18 
2.1.2.3. Estudo de caso. ................................................................................................................ 18 
2.1.2.4. Método estatístico (método monográfico). ......................................................................... 19 
2.2. TIPOS DE PESQUISA. ........................................................................................................... 19 
2.2.1. Tipos de pesquisa quanto à natureza. .................................................................................. 20 
2.2.1.1. Pura (básica)..................................................................................................................... 20 
2.2.1.2. Aplicada. ........................................................................................................................... 20 
2.2.2. Tipos de pesquisa quanto à forma de abordagem do problema. ........................................... 21 
2.2.2.1. Pesquisa quantitativa. ....................................................................................................... 22 
2.2.2.2. Pesquisa qualitativa. ......................................................................................................... 22 
2.2.3. Tipos de pesquisa em relação ao objetivo geral.................................................................... 23 
2.2.3.1. Pesquisa exploratória. ....................................................................................................... 23 
2.2.3.2. Pesquisa descritiva. .......................................................................................................... 25 
2.2.3.3. Pesquisa explicativa ou analítica. ...................................................................................... 26 
2.2.4. Tipos de pesquisa quanto aos procedimentos técnicos para coleta de dados (para elaborar 
fonte de dados). ............................................................................................................................. 27 
2.2.4.1. Pesquisa bibliográfica. ...................................................................................................... 27 
2.2.4.2. Pesquisa documental. ....................................................................................................... 28 
2.2.4.3. Pesquisa empírica ou experimental. .................................................................................. 28 
2.2.4.4. Pesquisa de levantamento. ............................................................................................... 29 
2.2.4.5. Pesquisa de campo. ..........................................................................................................29 
2.2.4.6. Estudo de caso. ................................................................................................................ 30 
2.2.4.7. Pesquisa-ação. ................................................................................................................. 30 
2.2.4.8. Pesquisa ex-post facto. ..................................................................................................... 31 
2.2.4.9. Estudo de coorte. .............................................................................................................. 31 
2.2.4.10. Pesquisa participante. ..................................................................................................... 31 
2.2.4.11. Pesquisa laboratorial. ...................................................................................................... 32 
TESTE DE CONHECIMENTOS. .................................................................................................... 32 
 
 
 
 
 
APOSTILA DE METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE III – O PROJETO OU PLANO DE PESQUISA................................................. 41 
3.1. Etapas obrigatórias do projeto/plano de pesquisa .......................................................................42 
3.1.1. Tema da pesquisa....................................................................................................................42 
3.1.2. Problema.................................................................................................................................43 
3.1.3. Hipóteses ................................................................................................................................44 
3.1.4. Objetivos .................................................................................................................................45 
3.1.5. Justificativa .............................................................................................................................46 
3.1.6. Referencial teórico ..................................................................................................................48 
3.1.7. Procedimentos metodológicos .................................................................................................49 
3.1.8. Cronograma de atividades .......................................................................................................51 
3.1.9. Referências .............................................................................................................................52 
3.2. Etapas do projeto/plano de pesquisa que dependem do tipo de projeto adotado .........................52 
3.2.1. Público-alvo.............................................................................................................................52 
3.2.2. Responsáveis pela execução do projeto ..................................................................................52 
3.2.3. Local de realização..................................................................................................................53 
3.2.4. Local de implantação ...............................................................................................................54 
3.2.5. Plano de ação .........................................................................................................................54 
3.2.6. Recursos utilizados .................................................................................................................54 
TESTE DE CONHECIMENTOS ........................................................................................................55 
UNIDADE IV – TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ............................................. 61 
4.1. Elaboração do artigo científico ....................................................................................................63 
4.1.1. Normas básicas para elaboração do artigo científico ...............................................................64 
4.2. Estrutura do artigo científico .......................................................................................................65 
4.2.1. Título .......................................................................................................................................66 
4.2.2. Identificação do(s) autor (ES) e mini currículo ..........................................................................66 
4.2.3. Resumo/Abstract e palavras-chave .........................................................................................66 
4.2.4. Introdução ...............................................................................................................................67 
4.2.5. Desenvolvimento .....................................................................................................................67 
4.2.6. Discussões e resultados ..........................................................................................................68 
4.2.7. Conclusão e/ou recomendações ..............................................................................................68 
4.2.8. Referências bibliográficas ........................................................................................................69 
4.3. Representação gráfica do artigo científico ...................................................................................69 
4.3.1. Capa .......................................................................................................................................69 
4.3.2. Lombada .................................................................................................................................70 
4.3.3. Folha de rosto .........................................................................................................................71 
4.3.4. Folha de aprovação .................................................................................................................72 
4.3.5. Resumo e palavras-chave na língua vernácula e estrangeira ...................................................74 
4.3.6. Introdução ...............................................................................................................................75 
4.3.7. Desenvolvimento .....................................................................................................................75 
4.3.8. Discussões e resultados................................................................................................... 76 
4.3.9. Conclusões ou considerações finais................................................................................ 76 
4.3.10. Referências.................................................................................................................. .. 77 
4.3.11. Anexos............................................................................................................... ............. 77 
4.4. Formatação do trabalho científico................................................................................... 78 
4.4.1. Normas gerais para formatação de trabalhos científicos................................................. 78 
 
 
 
 
 
 
 APOSTILA DE METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
 
 
 
4.4.2. Citações ................................................................................................................................ . 
4.4.2.1. Citações diretas ................................................................................................... ............... 
4.4.2.2. Citações indiretas ................................................................................................................ 
4.4.2.3. Várias citações de um mesmo autor ...................................................................................4.4.2.4. Citações de trabalho de dois ou três autores ...................................................................... 
4.4.2.5. Citações com mais de três autores ..................................................................................... 
4.4.2.6. Citação de documentos cujo autor é uma entidade coletiva .............................................. 
4.4.2.7. Citação de documentos de autoria de órgãos da administração pública direta .................. 
4.4.2.8. Citação de citação ............................................................................................................... 
4.4.2.9. Suprimir parte de uma citação ............................................................................................ 
4.4.2.10. Sistema de chamada de citação ....................................................................................... 
4.4.2.10.1. Sistema numérico .......................................................................................................... 
4.4.2.10.2. Sistema alfabético .......................................................................................................... 
4.4.3. Referências bibliográficas ...................................................................................................... 
4.4.3.1. Citação de livro completo .................................................................................................... 
4.4.3.2. Citação de capítulo de um livro ........................................................................................... 
4.4.3.3. Citação de trabalhos acadêmicos ....................................................................................... 
4.4.3.4. Citação de artigos em periódicos com indicação de autoria ............................................... 
4.4.3.5. Citação de documentos jurídicos ........................................................................................ 
4.4.3.6. Citação de documentos eletrônicos .................................................................................... 
TESTE DE CONHECIMENTOS ....................................................................................................... 
 
UNIDADE V – CUIDADOS PARA PESQUISADORES INICIANTES ............................. 
5.1. Normas básicas de condução da redação ................................................................................ 
5.2. Expressões latinas utilizadas em artigos .................................................................................. 
5.3. Dicas gerais ........................................................................................................... ................... 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 
81 
81 
82 
82 
83 
83 
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96 
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99 
 
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GABARITOS DOS TESTES DE CONHECIMENTO........................................................ 104 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA DE METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 
 
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METODOLOGIA 
DA PESQUISA 
CIENTÍFICA 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
 
METODOLOGIA DA 
PESQUISA CIENTÍFICA 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
Está sempre sendo colocado em pauta, tanto por professores de Metodologia Científica como por 
orientadores de trabalhos acadêmicos, as dificuldades que os alunos das diversas áreas têm de es- 
crever um texto, ainda mais quando se trata de texto científico que tem por critério seguir as normas 
estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Quando se acrescenta que 
o trabalho é de conclusão de curso (artigo científico, monografia, dissertação, tese, etc.) e necessá- 
rio para a obtenção do título desejado, as dificuldades e, também, reclamações dos alunos aumen- 
tam exponencialmente. 
 
A explicação para tanto rigor está na natureza do trabalho científico ou do relatório de pesquisa, o 
qual exige do redator a adoção de normas que são reconhecidas em todo o mundo e por profissio- 
nais das diversas áreas, tudo com o intuito de dar cientificidade e credibilidade ao texto. As normas 
utilizadas em trabalhos científicos fazem parte de um “conjunto de sinais e símbolos que compõem 
e complementam a linguagem da ciência” (ABNT, 2011), padronizando e tornando-a mais fácil de 
ser entendida. São exemplos desse conjunto as normas referentes ao tamanho e tipo da fonte, 
margens e espaços entre linhas e citações bibliográficas. 
 
Dessa forma, podemos afirmar que as normas científicas têm por finalidade tornar a leitura do 
texto mais fácil e útil, mas, principalmente, dar credibilidade ao texto, pois os critérios científicos são 
baseados em métodos e procedimentos rigorosos, sem os quais perderia sua finalidade e o texto 
não poderia servir de referência para outros trabalhos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 
 7 
UNIDADE I: CIÊNCIA E CONHECIMENTO 
 
 
 
 
Nesse capítulo a nossa atenção está voltada 
para analisar o conhecimento científico como 
um instrumento que nos ajuda a compreender e 
a explicar os fenômenos que ocorrem em nossa 
volta. 
Todo o conhecimento acumulado até hoje é 
resultado das experiências da ciência. À medida 
que descobrimos respostas para as indagações 
que nos inquietavam no passado, novos ques- 
tionamentos vão surgindo e novas experiências 
vão ocorrendo. Exemplo disso são os mais va- 
riados tipos de remédios que existem no merca- 
do e a cura de doenças que na década de 40 
eram fatais. Se pensarmos no desenvolvimento 
da tecnologia na automação dos processos das 
empresas e dos computadores, confirmaremos 
ainda mais a evolução do conhecimento e a ne- 
cessidade da cientificidade. 
 
1.1. CONHECIMENTO CIENTÍFICO. 
 
A primeira pergunta a responder é como con- 
seguimos adquirir conhecimento? Conhecer é 
adquirir um conceito novo sobre um fenômeno, 
fato ou situação, o qual pode nascer de experiên- 
cias acumuladas no nosso dia-a-dia, ou através 
da convivência com outras pessoas, ou através 
de leituras ou de outro meio qualquer. Assim, po- 
demos encontrar os seguintes tipos de conheci- 
mentos: 
 
I. Conhecimento empírico: é aquele que se 
origina do conhecimento vulgar ou do senso-co- 
mum, através da convivência familiar e social, e 
por meio de ações não planejadas, ou seja, ao 
acaso. Além disso, a informação que se tem do 
fato/objeto ou fenômeno é impregnada das per- 
cepções do indivíduo, sendo assistemática, pois 
não existe uma formulação geral que explique 
o fenômeno, como, por exemplo, a janela está 
emperrada, mas de tanto abrir e fechá-la, desco- 
brimos que se levantarmos um pouquinho o lado 
direito ela fecha sem emperrar; 
 
II. Conhecimento filosófico: é resultante da ca- 
pacidade humana de raciocinar e refletir sobre 
fatos e fenômenos gerando conceitos subjetivos, 
os quais buscam dar sentido à vida e ao univer- 
so, ultrapassando os limites formais da ciência 
como, por exemplo, a frase de Shakespeare 
“Existe muito mais entre o céu e a terra do que 
a nossa vã filosofia possa imaginar”. Além disso, 
baseia-se em hipóteses que não são verificáveis 
(confirmada ou refutada) e nem observadas; 
 
III. Conhecimento teológico: é aqueleresultante 
da crença religiosa e da fé divina, o qual é resul- 
tante da formação moral e religiosa de cada um. 
Portanto, não se tem como confirmar ou negar 
esse tipo de conhecimento. Cita-se como exem- 
plo a frase de Chico Xavier “Aqueles que ama- 
mos não morrem jamais, apenas partem antes 
de nós”. Esse tipo de conhecimento não é verifi- 
cável, mas é infalível e indiscutível por basear-se 
na fé e sistemático, pois é organizado e obra do 
Criador; 
 
IV. Conhecimento científico: é o conhecimento 
que tem como características principais ser racio- 
nal, objetivo, sistemático, aproximadamente exa- 
to, verificável, explicativo e falível, pois sua origem 
é baseada em métodos e técnicas científicas 
 
 
8 APOSTILA DE METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 
UNIDADE I: CIÊNCIA E CONHECIMENTO 
 
 
 
 
(GALLIANO, 1979). Podemos citar como exem- 
plos o descobrimento da vacina antirrábica; o 
descobrimento do autor das Cartas Chilenas; as 
pesquisas e publicações sobre a história do des- 
cobrimento do Brasil; vacinas contra a AIDS; 
entre outras. 
 
1.1.1. A ciência. 
 
Segundo Marconi e Lakatos (2008, p. 22) a ciên- 
cia “é um conjunto de atitudes e atividades racio- 
nais, dirigidas ao sistemático conhecimento com 
objeto limitado, capaz de ser submetido à verifica- 
ção”. Portanto, segundo os autores, se um dado 
fenômeno, objeto ou fato é analisado de forma sis- 
temática, com instrumentos e técnicas conhecidas 
e aprovadas e é passível de verificação passa, 
então, a ter os requisitos necessários para fazer 
parte do universo da ciência. 
Para que possamos compreender melhor a ci- 
ência, torna-se necessário descrever algumas de 
suas características (VIANETTO, 2011): 
 
I. Objetividade: descrição da realidade investiga- 
da independentemente dos desejos do pesquisa- 
dor, de forma clara e precisa; 
II. Racionalidade: a razão é utilizada durante 
todo o processo de pesquisa, desde o desenho do 
estudo, a coleta dos dados, até sua análise; 
III. Sistematicidade: é o saber ordenado de for- 
ma lógica, construído através de sistema de idéias 
e teorias, portanto, não há espaço para conheci- 
mentos desconexos; 
IV. Generalidade: O conhecimento gerado deve 
ser analisado sob a possibilidade de ser ou não 
aplicado a outros contextos, explicando os fenô- 
menos em diferentes situações; 
V. Verificabilidade: quando as hipóteses são exa- 
minadas através da observação e experimentação 
para serem comprovadas ou refutadas; 
VI. Falibilidade: o conhecimento não é algo 
de- finitivo, absoluto ou final, podendo ser 
negado ou confirmado; 
VII. Conhecimento aproximadamente exato: 
porque novas proposições podem reformular uma 
teoria já existente. 
 
Nesse contexto, para que seu trabalho seja acei- 
to como parte da ciência, você deverá informar o 
tema estudado, a metodologia utilizada, os resulta- 
dos que alcançou e as conclusões a que chegou. 
Além disso, o trabalho deve estar bem fundamen- 
tado, pois poderá ser contestado ou confirmado 
por outros pesquisadores. 
 
1.1.1. Trabalho científico. 
Em primeiro lugar, deve-se esclarecer que um 
trabalho científico deve estar em conformidade 
com as características da ciência, a fim de ser 
aceito como parte dela. Portanto, a partir dos con- 
ceitos dados, podemos caracterizar o que venha 
a ser um trabalho científico. Para ser classificado 
como científico, um trabalho depende essencial- 
mente da forma como é elaborado e do cumpri- 
mento das exigências as quais deve se submeter, 
portanto deve estar embasado no raciocínio lógico 
e ter como ponto de partida um problema levan- 
tado em relação ao tema escolhido. Assim, se- 
guindo métodos e técnicas científicas e apoiadas 
na fundamentação teórica, a pesquisa segue em 
busca de solução ou resposta para o problema 
evidenciado. 
Desse modo, reafirmamos que um trabalho 
para ser considerado científico deverá seguir o 
rigor científico e a ética intelectual, independente 
do fato de ser um artigo ou uma tese de doutora- 
 
Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 
 9 
UNIDADE I: CIÊNCIA E CONHECIMENTO 
 
 
 
 
do. Segundo Estrela e Sabino (2001), o trabalho 
científico deve ter a ciência como base, seguindo 
métodos e técnicas criteriosos na solução dos pro- 
blemas levantados. 
Cada instituição de ensino tem a liberdade de 
escolher normas específicas para a elaboração do 
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), poden- 
do, na graduação, ser um artigo científico, relatório 
de estágio, relatório de pesquisa ou monografia, o 
que vai determinar a escolha é a finalidade do tra- 
balho e o nível de conhecimento exigido do autor. 
No mestrado é exigida a dissertação e no doutora- 
do, a tese. No entanto, todas as instituições devem 
seguir as normas técnicas para a padronização de 
trabalhos científicos, determinadas pela Associa- 
ção Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e to- 
dos os trabalhos científicos devem ter um projeto 
que o norteie. 
 
 
TESTE DE CONHECIMENTO 
UNIDADE I: 
 
1) Entre as opções abaixo, marque a correta 
em relação à seguinte afirmativa: Conhecimento 
vulgar ou do senso-comum obtido através da con- 
vivência familiar e social e por meio de ações não 
planejadas, ou seja, ao acaso. 
a) Científico 
b) Filosófico 
c) Empírico 
d) Teológico 
e) Difuso. 
 
2) A Ciência é um conjunto de atitudes e ati- 
vidades racionais, dirigidas ao sistemático conhe- 
cimento com objeto limitado, capaz de ser sub- 
metido à verificação. Em relação a ela, marque a 
opção errada: 
a) Os resultados das pesquisas científicas de- 
vem estar à disposição da comunidade científica e 
de grupos interessados para que esses possam 
ser comprovados. 
b) Os instrumentos e técnicas utilizados em 
uma pesquisa devem ser apropriados ao objeto a 
ser analisado. 
c) Os instrumentos e técnicas utilizados em 
uma pesquisa devem ser do conhecimento co- 
mum ou de um grupo de pesquisadores que, nes- 
te caso, deve ser colocado à disposição para que 
possa ser testado e verificado a sua utilidade. 
d) Não há necessidade de sistematização do 
conhecimento para que possa ser gerado conhe- 
cimento científico. 
e) O conhecimento científico é resultante de 
pesquisas realizadas com instrumentos apropria- 
dos e aprovados pela comunidade científica. 
 
3) A Ciência possui todas as características 
abaixo, exceto: 
a) Racionalidade 
b) Objetividade 
c) Falibilidade. 
d) Certeza absoluta. 
e) Aplicabilidade 
 
4) Para que um método e/ou técnica seja con- 
siderada científico é necessário que tenha, no mí- 
nimo, as seguintes características: 
a) Racional, sistemático, verificável e objetivo. 
b) Sistemático, objetivo e passível de verifica- 
ção. 
 
 
10 APOSTILA DE METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 
UNIDADE I: CIÊNCIA E CONHECIMENTO 
 
 
 
 
c) Objetivo, sistemático, falível e explicativo. 
d) Objetivo, sistemático, discursivo, aplicável 
e explicativo. 
e) Racional, objetivo, sistemático, verificável, 
aplicável e falível. 
 
5) Um trabalho só é aceito como científico se 
possuir as seguintes características, exceto: 
a) Deve seguir apenas as normas técnicas 
para padronização determinadas pela Instituição 
que oferta o curso. 
b) Deve estar de acordo com as característi- 
cas da ciência. 
c) Deve respeitar a ética intelectual. 
d) Deve seguir as normas técnicas para pa- 
dronização ditadas pela ABNT. 
e) Deve ter uma metodologia criteriosa. 
 
6) Complete a sentença e marquea opção 
correta: 
O trabalho científico deve estar em conformidade 
comascaracterísticasdo(a) , 
afimdeseraceitocomopartedela. Paraserclassifi- 
cado como científico, um trabalho deve estar emba- 
sado no e ter 
como ponto de partida um (a) 
levantando (a) em relação ao tema escolhi- 
c) Metodologia, ciência, raciocínio lógico, 
problema, técnica, pesquisa. 
d) Raciocínio lógico, metodologia, problema, 
métodos, técnicas, teórica. 
e) Ciência, raciocínio lógico, metodologia, 
problema, métodos, teórica. 
 
7) Entre as opções abaixo, marque a correta 
em relação à seguinte afirmativa: Tipo de conhe- 
cimento que tem como características principais 
e necessárias: ser racional, objetivo, sistemático, 
aproximadamente exato, verificável, explicativo e 
falível. 
a) Científico 
b) Filosófico 
c) Empírico 
d) Teológico 
e) Cultural 
do. Assim, seguindo e 
 científicas e apoiadas na 
fundamentação , a pesquisa 
segue em busca de solução ou resposta para o 
problema evidenciado. 
a) Metodologia, raciocínio lógico, metodolo- 
gia, problema, técnica, teórica. 
b) Ciência, raciocínio lógico, problema, méto- 
dos, técnicas, teórica. 
 
 
Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 
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I
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A PESQUISA E 
OS NOVOS 
CONHECIMENTOS 
UNIDADE II: A PESQUISA E OS NOVOS CONHECIMENTOS 
 
 
 
 
Na unidade II, buscaremos responder ao seguin- 
te questionamento: o que é pesquisa? A pesquisa 
se constitui em um conjunto de ações que visam 
à descoberta de novos conhecimentos em uma 
determinada área. É um processo investigativo 
sistemático que tem por objetivo a construção do 
conhecimento (do saber – ciência), se constituindo 
em instrumento para ratificar, refutar, reproduzir, 
corroborar, ampliar e atualizar algum conhecimen- 
to pré-existente, relativo a fatos, teoremas, novas 
teorias, trabalhos de campo, experiências, proje- 
tos, entre outros. 
No ensino superior e nos cursos de pós-gradu- 
ação, a pesquisa é a base para a produção de 
conhecimento para as diversas disciplinas, con- 
tribuindo para o desenvolvimento da ciência e 
da sociedade. Assim, entre as várias disciplinas 
ou temas estudados no curso de Pedagogia, por 
exemplo, escolho a que mais gostei (Didática) ou 
a que tive maior facilidade (Educação Inclusiva) 
e vou verificar as possibilidades de realizar uma 
pesquisa, aprofundando na carga de leitura sobre 
o assunto e, assim, identificar um problema, cuja 
resposta ou solução acrescente conhecimento 
novo ou traga alguma contribuição para a área. 
No entanto, para realizar uma pesquisa é ne- 
cessário seguir um processo pré-determinado de 
investigação. Não basta ter em mente um tema e 
nele encontrar um questionamento ou problema, 
sendo necessário seguir procedimentos científicos 
(caminho padronizado) para encontrar resposta 
para esse questionamento ou problema. Além dis- 
so, é necessário avaliar a relevância do problema 
para a área pesquisada (educação, saúde, psico- 
logia, entre outros) e se trará conhecimentos no- 
vos e relevantes para a sociedade. 
Esse processo de investigação nos leva a de- 
terminar (antecipadamente) os métodos e tipos 
de pesquisa existentes e quais serão utilizados 
por nós durante a elaboração do TCC, sendo que 
é através dessa escolha que iremos atingir o ob- 
jetivo expresso no trabalho científico. Portanto, é 
muito importante conhecer e distinguir qual o tipo 
de método e de pesquisa que o objeto e o objetivo 
estabelecido por nós serão necessários para rea- 
lizar o trabalho científico (TCC), ou seja, deve-se: 
• Escolher seu tema/foco; 
• Definir o problema a ser solucionado; 
• Determinar o(s) objetivo(s); 
• Escolher a pesquisa inicial, que normalmente 
é a bibliográfica (tipo de pesquisa), buscando co- 
nhecer mais intensamente o tema/foco; 
• Verificar as necessidades e possibilidades para 
levantar dados, determinando a necessidade de 
adotar novo tipo e método de pesquisa. A pesqui- 
sa bibliográfica acompanha todo o processo; 
• Trabalhar os dados (ordenar, codificar, tabular, 
entre outros modos de organização de dados), 
transformando-os em informações; 
• Análise dos dados; 
• Conclusões. 
Descrevemos a seguir os métodos de pesquisa 
disponíveis e, posteriormente, os tipos. 
 
2.1. MÉTODOS DE PESQUISA: 
 
O método de pesquisa refere-se à forma como 
abordaremos o objeto de estudo e como escolhe- 
remos os procedimentos sistemáticos para obter 
a descrição e a explicação de fenômenos, sendo 
que a natureza do problema e seu nível de apro- 
fundamento é que determinarão a escolha do mé- 
 
 
Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 
 13 
UNIDADE II: A PESQUISA E OS NOVOS CONHECIMENTOS 
 
 
 
 
todo. No entender de Gil (1999, p. 30) a escolha 
de um método vai depender da característica do 
objeto de pesquisa; dos recursos materiais dispo- 
níveis; do nível de abrangência do estudo; e do in- 
teresse do pesquisador. O quadro abaixo sintetiza 
 os métodos de pesquisa disponíveis. 
Fonte: CANTINI, Adriana H. Elaboração de Projetos de Pesquisa. 
Disponível em www.slideshare.com.br. 
 
2.1.1. Métodos de pesquisa de abor- 
dagem: 
 
2.1.1.1. Método Dedutivo: Segundo Parra 
Filho e Santos (2000, p. 23), esse método é utiliza- 
do “quando se parte de uma situação ou posição 
geral e se particulariza conclusões”. É um método 
racionalista, pois considera que a razão é a úni- 
ca forma de alcançar o conhecimento verdadeiro, 
sendo o mais utilizado dos cinco métodos existen- 
tes. Utiliza o silogismo, ou seja, de duas premissas 
se conclui uma terceira como, por exemplo, quan- 
do falamos que os países tropicais são de clima 
quente. Como mostra os exemplos: 
 
Exemplo1: 
O clima tropical é quente (premissa maior). 
O Brasil é um país tropical (premissa menor). 
Portanto, o clima no Brasil é quente (conclusão). 
Exemplo 2: 
Todo homem é mortal (premissa maior). 
Pedro é homem (premissa menor). 
Logo, Pedro é mortal (conclusão). 
 
2.1.1.2. Método Indutivo: É o método 
onde o pesquisador, a partir de uma amostra da 
população, chega a conclusões aplicáveis a toda 
a população (PARRA FILHO & SANTOS, 2000), 
ou seja, considera que o conhecimento é basea- 
do na experiência, sendo que as generalizações 
são resultantes da observação de casos reais e 
concretos e elaborados a partir de casos individu- 
ais. É importante verificar se a amostra representa 
de fato o universo pesquisado (a população). Por 
exemplo, esse método é utilizado quando o IBO- 
PE ouve cinco mil consumidores e projeta qual 
será o comportamento de cem milhões de pes- 
soas. Comparado ao exemplo anterior ficaria as- 
sim: Pedro é mortal, João é mortal, José é mortal. 
Todos são homens, logo os homens (todos) são 
mortais. 
 
2.1.1.3. Método Hipotético-dedutivo: 
Esse método consiste na construção de presun- 
ção baseada em hipóteses, ou seja, caso parte ou 
a totalidade das hipóteses sejam comprovadas 
como falsas, a presunção também o será. Para 
isso é necessário que as hipóteses sejam sub- 
metidas ao máximo possível de testes, à crítica, à 
comparação, à publicidade e ao confronto com os 
fatos, entre outras situações, paraverificar quais 
as hipóteses que serão refutadas e, consequente- 
mente, quais permaneceram como válidas. 
Esse método baseia-se na lógica e nos leva a 
deduzir que, se a certeza em relação à presunção 
 
 
14 APOSTILA DE METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 
PESQUISA CLASSIFICAÇÃO MODALIDADE 
MÉTODO 
 De 
Abordagem 
(Lógicos) 
 Dedutivo 
 Indutivo 
 Hipotético-Dedutivo 
 Dialético 
 Fenomenológico 
 De 
Procediment
os (Técnicos) 
 Comparativo 
 Histórico 
 Estudo de Caso 
 Estatístico 
UNIDADE II: A PESQUISA E OS NOVOS CONHECIMENTOS 
 
 
 
 
for igual à certeza em relação às hipóteses iniciais, 
o conhecimento considerado como verdadeiro e 
demonstrável é dependente do grau de certeza 
das hipóteses, ou seja, se parte das hipóteses fo- 
rem refutadas, o conhecimento resultante é falso. 
Segundo Gil (1994, p. 28) “[...] enquanto o método 
dedutivo procura confirmar a hipótese, o hipoté- 
tico-dedutivo procura evidências empíricas para 
derrubá-las”. 
Esse método possui uma abordagem que busca 
a eliminação dos erros de uma hipótese, através 
da realização de teste. Faz isso a partir da ideia 
de testar a falsidade de uma proposição, ou seja, 
a partir de uma hipótese, estabelece-se que situa- 
ção ou resultado experimental nega essa hipótese 
e tenta-se realizar experimentos para negá-la. As- 
sim, a abordagem do método hipotético-dedutivo 
é a de buscar a verdade, eliminando tudo o que é 
falso. 
 
2.1.1.4. Método dialético: De acordo com 
Diniz e Silva (2008), esse método é utilizado quan- 
do se faz uma investigação através da contrapo- 
sição de elementos conflitantes, buscando com- 
preender o papel desses elementos no fenômeno 
observado (dois grupos de autores com opiniões 
contrárias sobre um mesmo fenômeno como, por 
exemplo, um grupo defende as avaliações tradicio- 
nais nas escolas e suas justificativas e o outro que 
querem excluí-la). Dessa forma, o pesquisador 
deve confrontar qualquer conceito tomado como 
verdadeiro com realidades diferentes, buscando 
novas conclusões ou uma nova teoria. Portanto, 
o método dialético não analisa um objeto ou fenô- 
meno estático, pelo contrário, busca contextualizar 
o objeto ou fenômeno de acordo com a dinâmica 
histórica, cultural e social (contexto social). É em- 
pregado em pesquisas qualitativas. 
 
2.1.1.5. Método fenomenológico: Esse 
método consiste na descrição direta de um fenô- 
meno ou experiência tal como ele ocorre, não sen- 
do, portanto, resultante de processo dedutivo ou 
indutivo. Busca-se fazer a descrição mais fidedig- 
na possível do fato, não pressupondo nada, por- 
tanto, o pesquisador, ao explorar o dado, não se 
deixa influenciar por crenças, costumes e nem faz 
juízo de valor sobre o mesmo, buscando realizar 
uma descrição pura da realidade (GIL, 1999). 
 
2.1.2. Métodos de pesquisa em rela- 
ção aos procedimentos técnicos ado- 
tados: De acordo com Gil (1999), os métodos de 
pesquisa em relação aos procedimentos técnicos 
têm por função fornecer ao pesquisador os meios 
adequados para garantir que haja objetividade e 
precisão no estudo de temas relacionados à ciên- 
cia sociais. 
É através desses métodos que se define como 
os dados serão coletados, ou seja, após a defini- 
ção do tema, do objeto de estudo, do problema e 
de determinar os objetivos a serem alcançados, 
o pesquisador deve definir quais os instrumen- 
tos que irá utilizar para levantar as informações 
necessárias à resolução do problema levantado. 
Segundo Rodrigues (2005, p. 45), o pesquisador, 
portanto, deverá ter “uma definição antecipada do 
ambiente e das circunstâncias em que serão cole- 
tados os dados e as formas de controle de variá- 
veis envolvidas no problema”. 
Os tipos de métodos de pesquisa em relação 
aos procedimentos técnicos são: 
 
 
Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 
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UNIDADE II: A PESQUISA E OS NOVOS CONHECIMENTOS 
 
 
2.1.2.1. Método histórico. 
Através desse método ocorre o estudo dos fa- 
tos ocorridos no passado, os quais permitem re- 
alizar vários tipos de análises como, por exemplo, 
a identificação e explicação da influência de fatos 
que ocorreram no passado e suas influências no 
presente ou a análise de fatos ocorridos no passa- 
do, buscando identificar e explicar sua origem. Um 
exemplo seria a análise da cultura medieval com 
o objetivo de comparar os hábitos e costume da 
época com os do homem moderno ou a análise 
da evolução da Economia e seus momentos de 
ápice e crise e comparar com os problemas atu- 
ais da economia brasileira para evitar cometer os 
mesmos erros do passado. 
 
2.1.2.2. Método comparativo. 
Esse método tem por objetivo estudar os indi- 
víduos, classes e grupos sociais em relação aos 
fatos e fenômenos sociais que ocorrem ou ocorre- 
ram no ambiente onde estão inseridos, tendo por 
objetivo estabelecer leis e correlações entre eles, 
estabelecendo suas semelhanças e/ou diferen- 
ças. Para tanto, o pesquisador deve definir o nú- 
mero de grupos com os quais irá trabalhar e as va- 
riáveis que serão adotadas. Podemos citar como 
exemplo o estudo para determinar as diferenças e 
semelhanças socioeconômicas existentes entre a 
população cubana, a brasileira e a norte-america- 
na. As variáveis adotadas seriam o poder aquisiti- 
vo, o PIB per capita, os direitos à liberdade, à edu- 
cação e à saúde de cada um dos grupos. Após 
levantar os dados, os países (grupos) seriam clas- 
sificados em “desenvolvidos” e “em 
desenvolvimento”. Outro exemplo seria a análise 
do desempenho de três turmas do ensino 
fundamental, nas quais 
estão sendo aplicadas metodologias de ensino 
diferenciadas, tendo por objetivo verificar qual (ou 
quais) delas está dando os melhores resultados e 
qual turma está se saindo melhor. 
 
2.1.2.3. Estudo de caso (método mo- 
nográfico). 
Nesse tipo de método se estuda casos específi- 
cos ou que envolvem pequenos grupos, buscando 
entender como determinados fatos ocorrem. Tem 
por princípio que o estudo de um caso em pro- 
fundidade pode ser representativo de vários ou- 
tros ou de todos os casos semelhantes. O objeto 
de estudo pode ser os indivíduos, comunidades, 
instituições, grupos, entre outros. Podemos citar 
como exemplo o estudo que deu origem a alguns 
manuais do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro 
e Pequenas Empresas - SEBRAE, como o Como 
Montar uma Padaria, onde seus técnicos analisa- 
ram um número reduzido de padarias e estabe- 
leceram valores mínimos necessários em termos 
de infraestrutura, financeiros e humanos para que 
qualquer pessoa possa montar a sua. Também 
pode ser citado como exemplo o estudo que uma 
aluna do curso de Economia da Universidade de 
Itaú na fez na empresa em que trabalhava, bus- 
cando determinar as causas da alta rotatividade 
da mão-de-obra e as possíveis soluções para isso. 
 
2.1.2.4. Método estatístico. 
Esse método apoia-se na teoria estatística da 
probabilidade, sendo bastante utilizado, pois per- 
mite ao pesquisador transformar uma quantidade 
grande de fatos e dados em um número menor, 
permitindo estabelecer relações e correlações en- 
tre eles e, consequentemente, as suas consequ- 
 
 
16 APOSTILA DE METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 
UNIDADE II: A PESQUISA E OS NOVOS CONHECIMENTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
TIPO 
 
Quanto à natureza 
Pura (Básica) 
Aplicada 
 
Quanto à forma de abordagem 
Quantitativa
 
Qualitativa 
Exploratória 
Quanto ao Objetivo Geral Descritiva 
ExplicativaBibliográfica 
Documental 
Experimental ou Empírica 
Levantamento 
Quanto aos procedimentos Pesquisa de campo 
técnicos (esclarecem sobre as Estudo 
 
 
 
ências, as quais possuem uma boa probabilidade 
de serem verdadeiras. 
Assim, esse método é utilizado quando o fato 
ou fenômeno analisado apresenta um grande 
número de ocorrências e complexidade, necessi- 
tando quantificá-lo para que se possa analisá-lo. 
Por exemplo, o estudo desenvolvido na Funda- 
ção João Pinheiro que tinha por objetivo verificar a 
efetividade do programa Saúde da Família e seus 
resultados nos municípios mineiros, adotando na 
análise os 853 municípios e três variáveis de saú- 
de (mortalidade infantil, vacinação, prevalência de 
doenças infectocontagiosas), duas econômicas 
(PIB dos municípios e renda familiar) e três sociais 
(nível de analfabetismo, de escolaridade e a exis- 
tência de canalização de água/esgoto). Como se 
pode observar, o número de variáveis é enorme e 
apenas um programa específico de estatística po- 
deria rodar um banco de dados desse porte. Um 
exemplo mais simples seria realizar um levanta- 
mento das notas dos alunos de dada escola por 
série e estabelecer a média por turma, utilizando-a 
como parâmetro para classificar o desempenho 
dos alunos. 
 
 
2.2. TIPOS DE PESQUISAS: 
 
O tipo de pesquisa refere-se à forma como pro- 
cederemos na execução da pesquisa, ou seja, 
como vamos realizá-la. O quadro abaixo demons- 
tra todos os tipos de pesquisa existentes. 
 
PESQUISA CLASSIFICAÇÃO MODALIDADE 
TIPO 
Quanto à natureza Pura (Básica) Aplicada 
Quanto à forma de abordagem Quantitativa Qualitativa 
Quanto ao Objetivo Geral Exploratória Descritiva Explicativa 
Quanto aos procedimentos técnicos 
(esclarecem sobre as técnicas a serem 
adotadas) 
Bibliográfica 
Documental 
Experimental ou Empírica 
Levantamento 
Pesquisa de campo 
Estudo de caso 
Pesquisa-ação 
Ex-post-facto 
Estudo coorte 
Pesquisa participante 
Pesquisa laboratorial 
 
Fonte: CANTINI, Adriana H. Elaboração de Projetos de Pesquisa. Disponível em www.slideshare.com.br. 
 
 
 
 
Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 
 
 
 17 
UNIDADE II: A PESQUISA E OS NOVOS CONHECIMENTOS 
 
 
2.2.1. Tipos de pesquisa quanto à na- 
tureza: 
 
2.2.1.1- Pura (Básica): Tem por objetivo 
a produção de novos conhecimentos, os quais 
envolvem verdades e interesses universais sem, 
no entanto, ter inicialmente uma aplicação prá- 
tica para os resultados previstos. Cita-se como 
exemplo os artigos científicos desenvolvidos pela 
maioria dos alunos de graduação, os quais bus- 
cam contribuir para a divulgação de dado assunto 
e sem pretensões práticas (aplicabilidade com fim 
específico). 
 
2.2.1.2- Aplicada: Tem por objetivo a bus- 
ca de novos conhecimentos, os quais envolvem 
verdades e interesses locais. Ao contrário da pes- 
quisa pura, a aplicada busca a produção de co- 
nhecimento que tenha aplicação prática para re- 
solver problemas ou situações reais e específicas. 
Podemos citar como exemplo as pesquisas para a 
busca de vacina contra a AIDS, tuberculose, entre 
outras. 
 
2.2.2. Tipos de pesquisa quanto à for- 
ma de abordagem: Existem dois tipos de pes- 
quisa em relação à abordagem, o quantitativo e o 
qualitativo, os quais estão relacionados ao modo 
como o pesquisador irá determinar o método para 
levantar dados e obter informações, ou seja, 
para chegar às causas do problema. 
Por exemplo, suponha que deseja compreender 
o fenômeno da evasão escolar nas escolas pú- 
blicas da cidade de Belo Horizonte/MG. Existem 
algumas formas de você obter resposta para esse 
fenômeno, o que pode ser feito através de: 
• Verificação do total de alunos evadidos na re- 
gião metropolitana de BH, através dos dados das 
Secretarias Estadual e Municipal de Educação; 
• Determinar a evasão por região administrativa, 
relacionando-a ao fator socioeconômico (evasão 
nas regiões mais ricas e nas mais pobres), através 
do Produto Interno Bruto por região metropolitana, 
fornecido pelo banco de dados da Fundação João 
Pinheiro (FJP); 
• Determinar a evasão através da aplicação de 
um questionário, buscando as causas da evasão 
através das opiniões dos alunos (alunos não gos- 
tam: de estudar, da matéria, do professor, da esco- 
la; entre outras causas). 
• Determinar a evasão através da aplicação de 
um questionário, buscando as causas da evasão 
através da análise da qualidade do ensino público 
em BH (ótimo, bom, ruim ou péssimo); ou análise 
das causas da falta de interesse dos alunos. 
Observe que o enfoque dado as duas primeiras 
opções são diferentes das duas últimas. Portanto, 
partindo do problema levantado na pesquisa (eva- 
são escolar), tem-se o método quantitativo e qua- 
litativo para se levantar as causas desse fenôme- 
no, o que determinará qual será utilizado é a forma 
como o pesquisador deseja conduzir o assunto. 
 
2.2.2.1. Pesquisa quantitativa. 
Na pesquisa quantitativa são utilizadas 
técnicas estatísticas para transformar dados em 
números e, posteriormente, em informações, 
analisando-as para tirar as devidas 
conclusões. Para desenvolver uma pesquisa 
baseada nesse método é necessário ter 
variáveis bem definidas e utilizar cálculos 
estatísticos e/ou inferenciais. Além disso, nela não 
há o envolvimento direto do pesquisador, 
 
 
18 APOSTILA DE METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 
UNIDADE II: A PESQUISA E OS NOVOS CONHECIMENTOS 
 
 
 
 
ele apenas observa a situação e anota os dados, 
não havendo interação com o objeto da pesquisa. 
Esse método utiliza a estatística como base, por- 
tanto, requer o uso de recursos como percenta- 
gem, média, moda, mediana, variância, desvio pa- 
drão, coeficiente de correlação, entre outros. Um 
dos instrumentos de levantamento de dados mais 
utilizado nesse tipo de pesquisa é o questionário, 
normalmente com opções de escolha de resposta 
(raça: branca; parda; amarela; negra) ou faixa de 
variação (de 0 – 7 anos; 7 – 14 anos, etc.). 
Como exemplo desse tipo de pesquisa, pode- 
mos citar o Censo Brasileiro elaborado pelo Ins- 
tituto Brasileiro de Geografia e Pesquisa (IBGE), 
que possui um questionário estruturado com o 
qual o pesquisador vai até a sua casa e o preen- 
che para você. No entanto, o pesquisador é ape- 
nas um anotador de dados e o entrevistado não 
emite opinião pessoal sobre as questões, apenas 
responde a elas. Posteriormente, o técnico do 
IBGE, levanta todos os questionários e, através do 
método estatístico, informa que o Brasil possui x% 
de população branca, % de parda, x% de negra e 
assim monta o Censo. 
 
2.2.2.2. Pesquisa qualitativa. 
A pesquisa qualitativa é uma pesquisa descritiva, 
onde o entrevistado e sua opinião sobre dado fato 
ou realidade são indissociáveis, ou seja, explora 
as particularidades e os traços subjetivos (signi- 
ficados, motivos, aspirações, crenças, valores e 
atitudes) do entrevistado em relação a uma situ- 
ação vivenciada por ele (MINAYO, 2001). Nessa 
pesquisa ocorrem classificações e análises dis- 
sertativas sobre certas situações ou fato, sem, no 
entanto, eliminar completamente os cálculos. 
Esse tipo de pesquisa tem o caráter exploratório, 
pois o entrevistado pode expressar-se livrementesobre o assunto tratado. Dessa forma, os dados 
não são precisos, pois cada um dos indivíduos en- 
trevistado tem a sua opinião e tece seus comen- 
tários. Portanto, leva-se em consideração o que 
o entrevistado acha a respeito de dada situação, 
fato ou realidade, sendo que as opiniões podem 
coincidir e também divergir. 
Por exemplo, suponhamos que vamos entrevis- 
tar pessoas para saber o grau de satisfação com 
o governo Dilma, sendo que as opções em um 
questionário são: péssimo, regular, bom, ótimo e 
excelente. Nessa questão, limitamos as opções 
para facilitar a resposta. Uma segunda opção se- 
ria deixar a questão aberta para as pessoas res- 
ponderem, o que daria muito mais trabalho, mas 
verificaria melhor a opinião das pessoas. Depois 
de levantado os dados e as informações, pode- 
mos expor as opiniões através da estatística, em 
termos percentuais, por exemplo. Também, pode- 
mos observar que nesse processo, o pesquisador 
terá de observar o fenômeno mais de perto, ou 
seja, sua participação é mais efetiva (FRANÇA; 
VASCONCELOS, 2004). 
Por fim, deve-se estar atento ao fato de que, 
apesar dos tipos de pesquisa ter funções e objeti- 
vos diferentes, elas não são excludentes. 
 
2.2.3. Tipo de pesquisa em relação ao 
objetivo geral: 
Antes de realizar essa classificação é necessá- 
rio que o(s) objetivo(s) da pesquisa já esteja(m) 
definido(s). Assim, após essa definição podemos 
classificar a pesquisa em um dos três tipos de pes- 
quisa: exploratória, descritiva ou explicativa. 
 
 
Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 19 
UNIDADE II: A PESQUISA E OS NOVOS CONHECIMENTOS 
 
 
 
 
Essa classificação é que vai nos permitir esco- 
lher quais os procedimentos metodológicos que 
serão utilizados para que possamos chegar a 
uma definição ou resposta em relação àquilo que 
queremos pesquisar, ou seja, em relação à situ- 
ação-problema que encontramos ou levantamos. 
Portanto, partindo do problema a ser pesquisada, 
essa classificação nos permitirá determinar quais 
os procedimentos que serão empregados na in- 
vestigação científica, isto é, qual o caminho que 
iremos percorrer para alcançar os objetivos deter- 
minados (VERGARA 2007). 
 
2.2.3.1. Pesquisa exploratória: A 
pesquisa exploratória é utilizada quando um 
problema é pouco conhecido e suas hipóteses 
não estão ainda claras, o que necessita de um 
maior envolvimento do pesquisador com o objeto 
da pesquisa (tema), tendo por finalidade buscar 
informações sobre ele e, assim, poder delineá-lo 
melhor e torná-lo mais claro. Normalmente é 
utilizado em estudos de casos, embasado por 
pesquisa bibliográfica, entrevistas com pessoas 
que possuem experiência prática com o 
problema pesquisado e análise de exemplos 
que estimulem a compreensão do assunto (GIL, 
1999). 
Quando o problema levantando não permite vi- 
sualizar os procedimentos a serem adotados, tor- 
na-se necessário que o pesquisador inicie uma in- 
vestigação mais minuciosa, buscando um volume 
maior de informações sobre ele e, assim, construir 
hipóteses que lhe permita determinar o caminho a 
ser percorrido (OLIVEIRA NETTO, 2008). 
O objetivo da pesquisa exploratória é procurar 
ideias, hipóteses ou padrões em relação a um pro- 
blema ou questão cujo tema, normalmente, não 
teve ou teve muito pouco estudo anterior a seu 
respeito, portanto, não se trata de testar ou confir- 
mar uma determinada hipótese, mas de levantá- 
-la. Assim, a pesquisa exploratória avaliará qual a 
teoria ou conceito que poderá ser aplicado ao pro- 
blema levantado ou se deverá ser desenvolvidos 
novas teorias ou conceitos. Segundo Gil (1999), 
Um exemplo prático de tal modalidade pode estar relacionado 
ao objetivo de um determinado pesquisador, cuja intenção se 
manifesta pela busca de uma resposta acerca da queda (da 
demanda) de um determinado produto no mercado. Assim sen- 
do, de modo a concretizar seu objetivo, o pesquisador terá de 
aprofundar suas especulações e encontrar as reais causas da 
ocorrência de tal fenômeno (1999, p. 51). 
 
De acordo com Gil (2007), quando o pesquisa- 
dor defronta com uma situação ou assunto pouco 
familiarizado ou explorado ele utiliza a pesquisa 
exploratória para poder conhecê-lo melhor e, após 
esse aprofundamento no tema, formular suas hi- 
póteses. Por exemplo, o conhecimento que se 
tem sobre o fundo do mar em altas profundidades 
é bastante restrito, mas já existem algumas publi- 
cações sobre o tema. Caso um biólogo tenha inte- 
resse em estudar o tema, deverá fazer um levan- 
tamento bibliográfico sobre o assunto, determinar 
a região onde desejará iniciar sua pesquisa, deter- 
minar o material necessário para pesquisar em al- 
tas profundidades, montar sua equipe de técnicos 
e cientistas, verificar as embarcações necessárias 
(barcos de meio porte e mini submarinos), entre 
outras ações. Depois de conhecer a região, de 
fotografá-la, filmá-la, descrever suas observações 
sobre o ambiente, enfim, de levantar todos os da- 
dos e informações possíveis e que ele poderá criar 
as hipóteses de sua pesquisa (por exemplo: exis- 
tem poucas espécies que conseguem sobreviver 
na profundidade de X metros; o ser humano possui 
tecnologia para sobreviver apenas até x metros de
 
 
20 APOSTILA DE METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 
UNIDADE II: A PESQUISA E OS NOVOS CONHECIMENTOS 
 
 
 
 
profundidade). No entanto, devemos lembrar que 
não basta desenvolver hipóteses, pois no caso da 
pesquisa exploratória elas devem ser comprova- 
das pela pesquisa realizada. 
Outra forma de definir a pesquisa exploratória 
é dizer que essa classe de pesquisa estabelece 
critérios, métodos e técnicas para a elaboração 
de uma pesquisa, levantando o máximo de infor- 
mações possíveis sobre o objeto de estudo e só 
depois desse levantamento é que se elaborarão 
as hipóteses. Esse tipo de pesquisa é responsá- 
vel pela maioria das descobertas científicas, sen- 
do que a maioria delas é originada pelo acaso, ou 
seja, em certo experimento em laboratório busca- 
-se um dado produto, fenômeno, substância, entre 
outras atividades e durante o processo ou no seu 
final descobre-se outro produto, substância ou fe- 
nômeno. 
A pesquisa exploratória tem se tornado um di- 
ferencial competitivo na concorrência de grandes 
grupos empresariais, os quais investem vultosos 
recursos financeiros na busca de processos, pro- 
dutos e serviços novos (invenções) ou que tra- 
gam inovações, garantindo aos inovadores e/ou 
empreendedores direito de exploração por longos 
anos (patentes). 
 
2.2.3.2. Pesquisa descritiva: A pesquisa 
é descritiva em relação aos objetivos pretendidos 
quando tem por finalidade descrever as caracte- 
rísticas de uma população, de um dado fenômeno 
ou de uma experiência (GIL, 2007). O pesquisa- 
dor, após encontrar um objeto ou fenômeno que 
desperte seu interesse, passa a descrevê-lo, clas- 
sificá-lo e a observá-lo. A coleta de dados sobre 
o objeto ou fenômeno é feita através de técnicas 
padronizadas, como o questionário ou a observa- 
ção sistemática. Como exemplo, podemos citar a 
pesquisa bibliográfica, a pesquisa de opinião e o 
estudo de caso (mais comum na pesquisa explo- 
ratória). 
Ainda no entender de Gil (1999), a pesquisa des- 
critiva tem por finalidade observar, analisar e regis- 
trar um dado fenômeno sem que o pesquisador se 
envolva, de alguma forma, na mesma. Portanto, é 
proibido a ele emitir opinião, interferir na pesquisa, 
omitir ou alterar dados, entre outras atitudes quepossam vir a alterar a situação, ou seja, não é per- 
mitido ao pesquisador entrar no mérito do conteú- 
do da pesquisa. 
Dessa forma, a pesquisa descritiva busca esta- 
belecer relações de dependência entre variáveis, 
tais como quantidade, classificação e/ou medida, 
as quais podem sofrer alterações de acordo com o 
processo realizado. Normalmente, nessa pesqui- 
sa busca-se determinar quais as características 
de determinado grupo (amostra) em relação ao 
sexo, faixa etária, renda familiar, nível de escolari- 
dade, entre outras classificações. Após, busca-se 
confrontar os dados levantados com alguns indi- 
cadores (econômicos, por exemplo) ou com a opi- 
nião de peritos para a padronização de técnicas 
ou a validação de conteúdo(THOMAS; NELSON; 
SILVERMAN, 2012). 
Como exemplo, podemos citar as pesquisas 
realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geográfia 
e Estatística (IBGE) para levantamento do senso 
brasileiro. Para realizá-lo, seus técnicos elaboram 
uma lista de perguntas (questionário padronizado) 
que seus pesquisadores fazem às famílias. No 
questionário, os pesquisadores apenas anotam as 
respostas que o cidadão dá. Esses questionários 
 
 
Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 21 
UNIDADE II: A PESQUISA E OS NOVOS CONHECIMENTOS 
 
 
 
 
são repassados aos peritos do IBGE que apenas 
manipulam os dados e calculam (através de suas 
respectivas fórmulas), por exemplo, o nível de 
renda média por família, entre outros indicadores. 
Portanto, não há nenhum envolvimento do pesqui- 
sador com a situação ou fato. 
Um dos fatos que diferencia a pesquisa descri- 
tiva da exploratória é que na primeira o assunto 
já é conhecido, buscando-se apenas obter novas 
visões sobre ele, portanto, assume a forma de le- 
vantamento de dados e de informações. 
 
2.2.3.3. Pesquisa explicativa ou analí- 
tica: É o tipo de pesquisa utilizada para descobrir 
o modo e as causas de dado fenômeno, ou seja, 
o que leva o fenômeno a ocorrer e quais são as 
suas causas. O método utilizado nessa pesquisa 
vai depende do campo onde está se realizando 
a pesquisa; por exemplo, nas ciências físicas e 
naturais usa-se o método experimental e nas so- 
ciais, o observacional (migração da população do 
nordeste brasileiro para outras regiões), buscando 
aprofundar o conhecimento de dada realidade. 
Devido as suas características, a pesquisa ex- 
plicativa é bastante presente durante a realização 
de pesquisas experimentais, pois durante o expe- 
rimento com variáveis, busca-se saber o porquê 
(causa) de dado resultado. Assim, de acordo com 
Marconi e Lakatos (2006), 
Busca-se registrar os fatos, analisá-los, interpretá-los e identifi- 
car suas causas, com o intuito de ampliar generalizações, definir 
leis mais amplas, estruturar e definir modelos teóricos, relacio- 
nar hipóteses em uma visão mais unitária do universo ou âmbito 
produtivo em geral e gerar hipóteses ou idéias por força de de- 
dução lógica (MARCONI; LAKATOS, 2006, p. 64). 
 
2.2.4. Tipo de pesquisa quanto aos 
procedimentos técnicos para coleta de 
dados (para elaborar a fonte de dados). 
Após a escolha do objetivo da pesquisa, o qual é 
determinado através dos tipos de pesquisas des- 
critas anteriormente, segue-se para a fase seguin- 
te que é a de planejar como vamos desenvolver 
a pesquisa, ou seja, a fase de escolher os proce- 
dimentos técnicos ou metodológicos que iremos 
adotar para dar prosseguimento à pesquisa. Se- 
gundo Gil (2007), 
 
Basicamente, existem dois grandes grupos de delineamentos: o 
grupo que se vale de informações impressas (provenientes de li- 
vros, revistas, documentos impressos ou eletrônicos), e o grupo 
que utiliza informações obtidas por meio de pessoas ou experi- 
mentos. No primeiro grupo destaca-se a pesquisa bibliográfica e 
documental. No segundo grupo, temos a pesquisa experimental, 
a pesquisa ex-post facto, o levantamento, o estudo de caso, a 
pesquisa-ação e a pesquisa participante (GIL, 2007, p. 54). 
 
 
O autor faz uma classificação meramente ba- 
seada no tipo de fonte da informação e encaixa 
dentro de cada uma delas as que são realmente 
necessárias ao desenvolvimento da pesquisa e 
que devemos conhecer. São elas: 
 
2.2.4.1. Pesquisa bibliográfica. 
A pesquisa bibliográfica tem por objetivo conhe- 
cer as diferentes contribuições científicas disponí- 
veis sobre determinado tema (MARTINS, 2000). 
Envolve a leitura, análise e interpretação de livros, 
jornais e revistas acadêmicas, periódicos, manus- 
critos e sites científicos. De forma geral, qualquer 
informação publicada (impressa ou eletrônica) é 
passível de se tornar uma fonte de consulta. O 
primeiro passa a ser dado nesse tipo de pesqui- 
sa é selecionar, do material recolhido, o que tem 
importância real para o tema a ser desenvolvido, 
o que chamamos de triagem. Após, deve-se fazer 
a leitura sistemática do material selecionado, re- 
alizando anotações e ficha mentos, os quais irão 
formar o banco de dados a ser utilizado na funda- 
 
 
 
22 APOSTILA DE METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 
UNIDADE II: A PESQUISA E OS NOVOS CONHECIMENTOS 
 
 
 
 
mentação teórica do estudo. 
A realização sequencial desses passos é ne- 
cessária para que o pesquisador vá conhecendo 
as contribuições que os diferentes autores deram 
ao tema escolhido. Além disso, é necessário para 
que ele possa ir selecionando durante a leitura de 
um livro o que, de fato, é importante para atingir 
seu objetivo e, posteriormente, através do ficha- 
mento, saber onde está determinada informação. 
Segundo França e Vasconcellos (2004), 
 
A pesquisa bibliográfica é utilizada para todos os outros tipos de 
pesquisa, dando suporte a elas e auxiliando na determinação do 
problema, objetivos, na construção de hipóteses, na fundamen- 
tação da justificativa da escolha do tema e na elaboração do 
relatório final (2004, p. 29). 
 
Dessa forma, podemos perceber que não 
existe pesquisa sem que a bibliográfica esteja 
envolvida, portanto, ela deve se tornar rotina 
entre os pesquisadores e estudantes. 
 
2.2.4.2. Pesquisa documental. 
A pesquisa documental é bastante pareci- 
da com a bibliográfica, sendo que a diferença 
entre elas reside na natureza da fonte. A fon- 
te da pesquisa documental são documentos 
conservados em arquivos de órgãos públicos 
e privados, sindicatos, igrejas, instituições e 
em acervos particulares, tais como fotografias, 
filmes, diários, memorandos, atas de reunião, 
boletins, cartas pessoais, relatórios, entre ou- 
tros documentos. Cita-se como exemplo as 
Cartas Chilenas escritas em 1789, no perío- 
do da Inconfidência Mineira – Vila Rica (atual 
Ouro Preto), onde o autor Critilo (Tomás Antô- 
nio Gonzaga) critica Fanfarrão Minésio (Luis da 
Cunha Meneses – governador das Minas Ge- 
rais até a Inconfidência Mineira). Essas cartas 
foram objeto de muita pesquisa cujo objetivo 
era descobrir sua autoria. 
Na pesquisa documental, a fonte pode já ter 
sido ou não utilizada em pesquisas anteriores. 
Caso já tenha sido analisada, normalmente, a 
pesquisa tem objetivo diferenciado e ter outras 
interpretações. Cita-se como exemplo a aná- 
lise do Balanço Geral de uma empresa pela 
diretoria financeira e, posteriormente, pela 
auditoria interna e externa, gerando 
resultados diferenciados. 
 
2.2.4.3. Pesquisa empírica ou experi- 
mental. 
O objetivo da pesquisa empírica é testar hi- 
póteses que dizem respeitos a relações de 
causa e efeito (MARTINS, 2000), podendo ser 
realizada em qualquer ambiente.Esse tipo de 
pesquisa envolve hipóteses que podem ser 
confirmadas ou não, em um processo de 
tentativa e erro. Para que se possa realizar 
esse tipo de pesquisa é necessário selecionar 
variáveis dependentes, estabelecer grupos 
de controle e a manipulação de variáveis 
independentes, tudo sobre o rigor de técnicas 
estatísticas e por amostragem, buscando 
verificar se o resultado obtido em um dado 
número de manipulação de variáveis pode ser 
generalizado. 
Esse tipo de pesquisa ocorre, por exemplo, 
quando se tenta descobrir se o tratamento de 
esgoto e de água, vacinação, alimentação, 
coleta de lixo, doença de chagas, educação 
e cultura, interesse político, entre outras vari- 
áveis tem influência na mortalidade infantil no 
Jequitinhonha/Mucuri e na região metropolita- 
na de Belo Horizonte. As variáveis vacinação, 
alimentação, coleta de lixo, esgoto e água tra- 
tada são consideradas dependentes (influência 
direta) e as demais independentes (influência 
indireta) (CRESPO, 1997). Esse tipo de pes- 
 
 
 
Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 23 
UNIDADE II: A PESQUISA E OS NOVOS CONHECIMENTOS 
 
 
 
 
quisa é utilizado, normalmente, em laboratórios 
e em campo. 
 
2.2.4.4. Pesquisa de levantamento: 
Esse tipo de pesquisa utiliza de um questio- 
nário para, de forma direta, levantar informa- 
ções das pessoas acerca do problema estu- 
dado. Quando o levantamento envolve toda a 
população (universo) é chamado de censitário 
ou parametrizado, mas pode ser feito com ape- 
nas uma parte da população, sendo o levanta- 
mento chamado de amostragem ou estatístico, 
porém esta tem de ser representativa da popu- 
lação. Após o levantamento dos dados, estes 
são transformados em números e analisados 
através de métodos estatísticos, os quais gera- 
rão informações que permitiram chegar a con- 
clusões que serão generalizadas para toda a 
população. 
O levantamento é um método fácil de ser apli- 
cado e seus resultados podem ser expostos 
através de tabelas, quadros e gráficos, sendo 
muito utilizado nas pesquisas exploratórias e 
descritivas. Porém, é um estudo mais superfi- 
cial, pois não permite captar as características 
dinâmicas inerentes ao processo. 
 
2.2.4.5. Pesquisa de campo. 
A pesquisa de campo está relacionada à ob- 
servação de dado fato ou fenômeno, coletando 
dados sobre o mesmo da forma mais fiel pos- 
sível e sem alterar nada do observado. Após, 
passa-se à análise e à interpretação desses 
dados com base em uma fundamentação te- 
órica (pesquisa bibliográfica) consistente, com 
o intuito de compreender e explicar o problema 
pesquisado. 
Nesse tipo de pesquisa, dependendo do 
tema, é necessário determinar técnicas de co- 
leta de dados mais apropriadas à natureza do 
tema, definindo também técnicas para registro 
e análise, podendo ser utilizada a abordagem 
predominantemente qualitativa ou quantitativa. 
Nesta última, o pesquisador se limita a descre- 
ver os fatos, ignorando a complexidade da rea- 
lidade social (MARTINS,2000). 
A pesquisa de campo é comumente utilizada 
em estudo de indivíduos, grupos, comunida- 
des e instituições tendo por objetivo entender 
os diferentes aspectos de uma dada realidade, 
portanto, é utilizada principalmente nas áreas 
da Sociologia, Pedagogia, Psicologia da Edu- 
cação, Política, Serviço Social, entre outras. 
 
2.2.4.6. Estudo de caso. 
Refere-se a um tipo de pesquisa bastante es- 
pecífica, pois consiste em um estudo profundo 
e exaustivo de um único objeto ou de poucos 
objetos, o que permite obter um conhecimento 
bastante aprofundado do mesmo, porém seus 
resultados não podem ser generalizados, aten- 
do-se apenas ao caso em estudo (GIL, 2007). 
Entretanto, dependendo do objeto estudado e 
do nível de profundidade do estudo, seus re- 
sultados podem ser representativos de vários 
outros ou de todos os casos semelhantes. 
 
2.2.4.7. Pesquisa-ação. 
Esse tipo de pesquisa gera bastante con- 
trovérsia, pois os pesquisadores e os partici- 
pantes têm de agir em conjunto para resolver 
um problema em comum ou uma situação real 
(coletiva), portanto devem trabalhar de forma 
cooperativa ou participativa. No entanto, existe 
uma nítida divisão entre dirigentes e dirigidos. 
A pesquisa-ação é uma metodologia apropria- 
da para o trabalho em equipe, onde o objeto de 
estudo é analisado por todos os participantes 
 
 
 
24 APOSTILA DE METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 
UNIDADE II: A PESQUISA E OS NOVOS CONHECIMENTOS 
 
 
 
 
da equipe, o que favorece as discussões e a 
geração de conhecimentos sobre a realidade 
vivenciada. Quando a equipe é formada por 
profissionais de várias áreas, a gama de co- 
nhecimento sobre o objeto é mais diversificada 
e ampla ainda. 
 
2.2.4.8. Pesquisa ex-post-facto (a par- 
tir do fato passado). 
De acordo com Gil (2007), nesse tipo de pes- 
quisa os fatos já ocorreram, ou seja, está no 
passado, o que impossibilita o pesquisador de 
ter qualquer tipo de controle ou de manipulação 
dos mesmos. Portanto, o seu objetivo é levan- 
tar e testar hipóteses que estão relacionadas 
à relação de causa e efeito, mas que devem 
ser comprovadas pelos fatos do passado. Um 
exemplo desse tipo de pesquisa é o processo 
utilizado pela polícia para desvendar crimes, 
cujos dados, informações e variáveis estão 
no passado, as quais devem ser levantadas e 
relacionadas, buscando levantar as causas e 
chegar à autoria do mesmo. 
 
2.2.4.9. Estudo de coorte. 
Esse tipo de estudo é realizado com um gru- 
po que possui entre si uma característica em 
comum, constituindo-se na amostra de um 
universo de pesquisa. Para se realizar essa 
pesquisa, esse grupo deve ser acompanhado 
durante certo período de tempo, observando 
o desenvolvimento da característica analisada 
e comparando com períodos anteriores de ob- 
servação. 
A pesquisa de coorte é muito usada na área 
da saúde, mas também pode ser utilizado em 
pesquisa experimental ou em uma pesquisa 
ex-post facto. Pode-se citar como exemplo, a 
utilização da informática para enriquecimen- 
to das aulas. Para verificar a efetividade des- 
se tipo de ensino, se determina as salas que 
irão participar dessa nova metodologia e as 
que não irão (grupo de controle). Após o pe- 
ríodo estabelecido para a análise, se verifica 
os resultados das participantes e das não par- 
ticipantes e compara os resultados, concluindo 
se a nova metodologia melhorou os resultados 
das turmas e se será aplicada a todas elas ou 
não. 
 
2.2.4.10. Pesquisa participante. 
A pesquisa participante possui características 
bastante semelhantes às da pesquisa-ação, 
pois o pesquisador é um dos participantes da 
mesma. A diferença básica é que nesse tipo de 
pesquisa procura-se “minimizar a distinção en- 
tre dirigentes e dirigidos, fato que a torna ideal 
para as pesquisas de cunho social e/ou religio- 
sa” (GIL, 2007, p. 53). 
 
2.2.4.11. Pesquisa laboratorial. 
A pesquisa laboratorial ocorre em situações 
controladas, utilizando-se de instrumentos es- 
pecífico e preciso. São realizadas em um am- 
biente adequado, previamente estabelecido e 
conforme o estudo a ser feito, podendo ocorrer 
em ambiente fechado ou não e em artificiais ou 
reais. 
Esse tipo de pesquisa é comumente confun- 
dido com a pesquisa experimental. Mesmo que 
a maioria das pesquisas laboratoriais seja ex- 
perimental, o que a diferencia desta é o fato 
dela ocorrer em situações controladas, com a 
escolha dos instrumentos a

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