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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(ÍZA) FEDERAL DA __ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ________ – JUIZADO ESPECIAL FEDERAL ATENÇÃO: VERIFICAR POSSIVEL VALOR DO BENEFÍCIO PARA AVALIAR SE VALE APENA RENUNCIAR A ATRASADOS E ITERPOR AÇÃO NO JEF OU SE COMPENSA PROPOR EM VARA COMUM. WLADIMIR nnnn, brasileiro, casado, eletricista, portador da cédula de identidade nº nnnn, inscrito no CPF sob o nº nnnn, residente na nnnnn, vem com o devido respeito à presença de V. Exa., por intermédio do advogado que que ao final subscreve, propor a presente AÇÃO PREVIDENCIÁRIA PARA CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO COM RECONHECIMENTO DE ATIVIDADE ESPECIAL e pedido de antecipação dos efeitos da tutela em face do INSS – INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, autarquia federal com endereço na Rua Pedro Pereira, nº 383, Centro, o que faz em razão dos fatos e fundamentos jurídicos adiante articulados. Preliminarmente, requer o postulante a concessão dos benefícios da JUSTIÇA GRATUITA, por ser pessoa carente nos termos do art. 2°, § único da Lei n° 1.060, de 05/02/1950, não dispondo de recursos suficientes para arcar com o pagamento das custas processuais e honorários de advogado, sem prejuízo do sustento próprio e de sua família, conforme declaração anexa. I – DOS FATOS Entendendo ter implementado as condições necessárias à aposentação por tempo de contribuição, o autor protocolou o devido requerimento administrativo no INSS, em 25/08/2011, sendo, no entanto, negada a concessão do benefício pela autarquia previdenciária por falta de tempo de contribuição, tendo a autarquia previdenciária apurado apenas 33 anos, 04 meses e 07 dias, conforme comunicação de decisão que segue em anexo. Após o indeferimento administrativo, o autor continuou recolhendo contribuições à Previdência Social na qualidade de contribuinte individual, conforme informações registradas no CNIS, corroboradas pelas GPS’s anexas. Em 22/03/2013, o autor solicitou novamente ao INSS a concessão do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição. Entretanto, o INSS negou mais uma vez o pedido alegando idêntico motivo de falta de tempo de contribuição, tendo apurado, para perplexidade do autor, apenas 27 anos, 6 meses e 27 dias de tempo de contribuição, sendo inferior, portanto, ao tempo apurado pelo próprio INSS no requerimento anterior, apesar de o autor ter continuado contribuindo regularmente para a Previdência Social nesse intervalo. Em 06/03/2014, o autor persistiu em mais um novo requerimento administrativo, sendo novamente negado o benefício pelo INSS, que agora apurou um total de 31 anos, 3 meses e 7 dias de tempo de contribuição, conforme comunicação de decisão em anexo. Entretanto, de acordo com as anotações registradas em sua CTPS, complementadas pelas informações que constam no CNIS em anexo, o autor manteve vínculos empregatícios e recolheu contribuições individuais nos seguintes períodos, contados até a data do segundo requerimento administrativo, em 22/03/2013: Observa-se, portanto, que no período em que se manteve vinculado ao RGPS, o autor exerceu atividades em condições nocivas à sua saúde e integridade física nos períodos de 05/08/1980 a 01/10/1981, 01/03/1985 a 29/09/1986, 10/11/1986 a 09/01/1992 e 01/02/1992 a 02/09/1993, tendo exercido a função de eletricista, com exposição a agentes nocivos (eletricidade e ruído) acima dos limites de tolerância previstos na legislação vigente à época da prestação do serviço. Entretanto, a autarquia previdenciária não reconheceu o exercício de atividade especial nos períodos acima indicados (cópia integral dos PA’s em anexo) e, consequentemente, não procedeu à devida conversão em tempo comum, com multiplicador 1,4, resultando, ao final, em um período de contribuição inferior ao que efetivamente o segurado faz jus, o que inviabilizou o direito do promovente à aposentação com proventos integrais, porquanto o tempo de contribuição necessário ao recebimento da aposentadoria integral não teria sido, de acordo com o INSS, implementado. Contudo, reconhecendo-se como atividade especial os períodos laborais que não foram reconhecidos pelo INSS, e fazendo-se a sua conversão em tempo comum, através da aplicação do fator de multiplicação (1,40) previsto na tabela de conversão constante do art. 60, § 2º, do Decreto nº 83.080/79 e art. 70, § único, do Decreto nº 3.048/99, e somando-se o resultado ao tempo exercido em atividade comum, o autor atingiria, na data do segundo requerimento administrativo (22/03/2013), tempo de serviço equivalente a 35 anos, 1 mês e 14 dias, conforme cálculo elaborado pela Contadoria da DPU/CE, cujo relatório do tempo de contribuição segue anexo. Registre-se que, conforme certidão do Comando do 3º Distrito Naval (doc. anexo), o autor prestou serviço à Marinha pelo período de 7 anos, 4 meses e 3 dias, os quais devem ser averbados para fins de contagem do tempo de contribuição, tendo ingressado em 27/01/1971 e se desligado em 30/01/1979. Dessa forma, diante da negativa do INSS em conceder o benefício pleiteado, restou a via judicial para reverter o equívoco da decisão administrativa, desejando o autor o reconhecimento como especial e conversão em tempo comum das atividades exercidas de 05/08/1980 a 01/10/1981, 01/03/1985 a 29/09/1986, 10/11/1986 a 09/01/1992 e de 01/02/1992 a 02/09/1993, bem como a concessão de sua APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO COM PROVENTOS INTEGRAIS. II – DO DIREITO II.1. Da possibilidade de conversão do tempo especial em tempo comum: Nossa legislação prevê, para o trabalhador submetido a condições de insalubridade, redução do tempo necessário à inativação como compensação pelo período trabalhado em condições inadequadas. Esse período de trabalho necessário à aposentação pode ser de 15, 20 ou 25 anos, conforme o caso. Além disso, para aqueles que não cumprirem todo o período trabalhado sob condições especiais, é possível a sua conversão em tempo comum, utilizando-se, para tanto, de um fator de conversão. Preceitua o § 5º, do art. 57 da Lei nº 8.213/91, acrescentado pela Lei nº 9.032/95: “O tempo de trabalho exercido em condições especiais que sejam ou venham a ser consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão ao tempo de trabalho exercido em atividade comum, segundo critérios estabelecidos pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, para efeito de concessão de qualquer benefício.” A legislação previdenciária permite, pois, a conversão do tempo especial em tempo comum, com acréscimo compensatório ao segurado para posterior adição, depois de convertido, aos demais períodos de atividade comum, visando a concessão de benefícios de aposentadoria por tempo de contribuição, com proventos integrais ou proporcionais. Destarte, a despeito da discussão que se travou acerca da suposta revogação do § 5º, do art. 57, da Lei nº 8.213/91 pela Medida Provisória nº 1.663-10, de 28/05/98, o fato é que, quando de sua conversão na Lei nº 9.711, de 20/11/98, restou suprimida a disposição revocatória do referido § 5º, pelo que se entende em pleno vigor a redação original do art. 57, § 5º, da Lei nº 8.213/91, tanto que o recente Decreto nº 4.827, de 03/09/2003, autoriza a conversão do tempo de atividade especial em comum. Ademais, a Emenda Constitucional nº 20/98, em seu art. 15, dispôs que, até que seja publicada lei complementar definindo as atividades exercidas emcondições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, permanece em vigor o disposto nos arts. 57 e 58 da Lei nº 8.213/91, na redação vigente na data da publicação da Emenda. Dessa forma, há de se entender que as regras para a concessão de aposentadoria especial, inclusive as que tratam da conversão do tempo de serviço especial em comum, em vigor até a publicação da EC nº 20/98, continuam válidas até que sobrevenha a regulamentação da matéria através de lei complementar. Neste sentido, traz-se à colação o seguinte julgado do Colendo Superior Tribunal de Justiça: “PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. JULGAMENTO EXTRA PETITA E REFORMATIO IN PEJUS. NÃO CONFIGURADOS. APOSENTADORIA PROPORCIONAL. SERVIÇO PRESTADO EM CONDIÇÕES ESPECIAIS. CONVERSÃO EM TEMPO COMUM. POSSIBILIDADE. 1. Os pleitos previdenciários possuem relevante valor social de proteção ao Trabalhador Segurado da Previdência Social, sendo, portanto, julgados sob tal orientação exegética. 2. Tratando-se de correção de mero erro material do autor e não tendo sido alterada a natureza do pedido, resta afastada a configuração do julgamento extra petita. 3. Tendo o Tribunal a quo apenas adequado os cálculos do tempo de serviço laborado pelo autor aos termos da sentença, não há que se falar em reformatio in pejus, a ensejar a nulidade do julgado. 4. O Trabalhador que tenha exercido atividades em condições especiais, mesmo que posteriores a maio de 1998, tem direito adquirido, protegido constitucionalmente, à conversão do tempo de serviço, de forma majorada, para fins de aposentadoria comum. 5. Recurso Especial improvido (REsp 956.110/SP, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Quinta Turma, julgado em 29.08.2007, DJ 22.10.2007 p. 367)”. II.2. Da configuração do exercício de atividades especiais: Inicialmente, vale lembrar que a caracterização e comprovação do tempo de atividade exercido sob condições especiais deve obedecer ao disposto na legislação em vigor na época da prestação do serviço. Segundo a lição de Castro e Lazzari,“o tempo de serviço deve ser disciplinado pela lei vigente à época em que efetivamente prestado, passando a integrar, como direito autônomo, o patrimônio jurídico do trabalhador. A lei nova que venha a estabelecer restrição ao cômputo do tempo de serviço não pode ser aplicada retroativamente, em razão da intangibilidade do direito adquirido1”. No presente caso, alguns períodos laborais que o requerente exerceu sob condições nocivas à sua saúde, exposto à ELETRICIDADE e RUÍDOS acima do limite legal, não foram reconhecidos pelo INSS e, portanto, não foram convertidos segundo o critério compensatório definido na tabela de conversão do art. 60, § 2º do Decreto nº 83.080/79 e art. 70, § único, do Decreto nº 3.048/99. São eles: a) 05/05/80 a 01/10/81 (TBM Têxtil Bezerra de Menezes S/A) – exposição à eletricidade e ruído de 91,0 dB (A); b) 01/03/85 a 21/09/86 (Thomaz Pompeu Fiação e Tecelagem S/A) – exposição à eletricidade e ruído de 86,9 dB (A); c) 10/11/86 a 09/01/92 (Master Indústria Plástica Cearense S/A) – exposição à eletricidade; d) 01/02/92 a 02/09/93 (Master Indústria Plástica Cearense S/A) – exposição à eletricidade; A legislação vigente na época da prestação do serviço (Decretos nº 53.831/64, 83.080/79), classificava como nociva à saúde ou a integridade física a atividade de eletricista, assegurando o direito à aposentadoria especial quando desempenhada durante o prazo mínimo de 25 anos, ou garantindo o cômputo como tempo especial quando o trabalho era exercido alternadamente com atividades comuns. Com efeito, a atividade de eletricista é catalogada como especial no código 1.1.8 do Quadro Anexo do Decreto 53.831/64. Ressalte-se que os Decretos n° 357/91 e 611/92, que se sucederam na regulamentação da Lei nº 8.213/91, consideraram para efeito de concessão das aposentadorias especiais os Anexos I e II do Decreto 83.080/79 e o Anexo do Decreto 53.831/64, que somente foram revogados pelo Decreto 2.172/97. 1 Manual de Direito Previdenciário, 5. ed, São Paulo:LTr, 2004, p. 541 Convém ressaltar que a jurisprudência tem entendido que até a edição da Lei nº 9.032/95 existe a presunção jure et jure de exposição aos agentes nocivos, relativamente às categorias profissionais relacionadas no Quadro Anexo do Decreto 53.831/64 e nos Anexos I e II do Decreto 83.080/79. Somente após a edição da Lei n.º 9.032/95 foi que passou a ser exigida a comprovação da efetiva exposição a agentes nocivos em caráter permanente. Sendo assim, é vedada a exigência de formulários emitidos pelas empresas com base em laudos técnicos expedidos por médicos ou engenheiros de segurança do trabalho para comprovação da existência de condições de insalubridade em relação às atividades exercidas anteriormente a este dispositivo legal, posto que a legislação vigente à época da prestação da atividade, a qual deverá reger o caso, não estabelece esta exigência. Neste sentido: “PREVIDENCIÁRIO. AVERBAÇÃO TEMPO DE SERVIÇO. RECONHECIMENTO DE TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL ATÉ 05.03.97. ELETRICIDADE. DESNECESSIDADE DO LAUDO PERICIAL. HONORÁRIOS. 1. O cômputo do tempo de serviço para fins previdenciários deve observar a legislação vigente à época da prestação laboral, tal como disposto no § 1º, art. 70 do Decreto nº 3.048/99, com redação do Decreto nº 4.827/03. 2. Até o advento da Lei nº. 9.032/95 era desnecessária a apresentação de laudo pericial para fins de aposentadoria especial ou respectiva averbação, sendo suficiente que o trabalhador pertencesse à categoria profissional relacionada pelos Decretos 53.831/64 e 83.080/79. 3. A necessidade de comprovação da atividade insalubre através de laudo pericial foi exigida após o advento da Lei 9.528, de 10.12.97. 4. O segurado trouxe aos autos formulários DISES.BE-5235 (fl. 39) na função de eletricista de linhas de rede, que comprovam a exposição a tensão elétrica superior a 250 volts em todo o período reconhecido. 5. Honorários advocatícios mantidos em R$ 300,00, considerando que adequado aos parâmetros do art. 20, § 4º do CPC, e diante da natureza da demanda. 6. Remessa oficial não provida. (TRF 1ª Região – 3ª Turma Suplementar - REO 200138020022463. Relator(a) Juiz Federal Miguel Ângelo de Alvarenga Lopes - e-DJF1, data: 24/08/2011, página: 199)”. “PREVIDENCIÁRIO. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. APOSENTADORIA ESPECIAL. COMPROVAÇÃO DAS CONDIÇÕES ESPECIAIS DAS ATIVIDADES. ART. 57 DA LEI Nº 8213/91. PERÍODO SUPERIOR A 25 ANOS. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. JUROS DE MORA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. I. O julgador não está impedido de conceder no bojo da sentença a antecipação de tutela, desde que presentes os seus requisitos, quais sejam, a prova inequívoca, uma vez que se concluiu pela própria concessão do benefício em caráter definitivo, e o receio de dano irreparável, em razão da natureza alimentar das prestações pleiteadas. II. Estabelece o art. 57. da Lei nº 8213/91 que a aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei. III. Deve ser considerado como especial o período trabalhado independente de apresentação de laudo até a Lei 9032/95, e após o advento da referida lei, de acordo com determinação especificada na norma. IV. "O uso de equipamento de proteção individual de trabalho (EPI), nãoretira o caráter nocivo ou agressivo à saúde ou integridade física do segurado, não podendo ser considerado como óbice à concessão da aposentadoria." (REOMS 92447, Des. Federal Relator Marcelo Navarro, DJ 27.08..2007, p. 608). V. Quanto ao período anterior à entrada em vigor da Lei nº 9.032/95, verifica-se que as atividades exercidas com sujeição ao agente eletricidade, como no caso dos autos, eram consideradas insalubres por presunção, conforme se observa no item 1.1.8 do Decreto nº 53.831/64. VI. No que se refere ao período posterior ao advento da Lei nº 9.032/95, da análise dos documentos acostados, em especial, o Perfil Profissiográfico Previdenciário e Laudo Técnico Pericial, não resta dúvida acerca da natureza especial do trabalho desenvolvido pelo autor, de maneira habitual e permanente, com tensões superiores a 250 volts, como auxiliar de eletricista e eletricista na COELCE - Companhia Energética do Ceará. VII. Não é necessário que o laudo técnico apresentado seja contemporâneo à época em que houve prestação de serviço pelo trabalhador. VIII. Juros de mora de acordo com a Lei nº 11.960/2009, quando os atrasados passam a sofrer a incidência exclusiva dos índices oficiais de remuneração básica e juros de mora aplicáveis à Caderneta de Poupança. IX. Honorários advocatícios fixados no percentual de 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, em observância ao artigo 20, PARÁGRAFO 3º e PARÁGRAFO 4º do CPC, com aplicação da Súmula 111 do STJ. X. Apelação e remessa oficial parcialmente providas, para fixar os juros de mora de acordo com a Lei nº 11.960/2009, quando os atrasados passam a sofrer a incidência exclusiva dos índices oficiais de remuneração básica e juros de mora aplicáveis à Caderneta de Poupança, bem como determinar a aplicação da Súmula 111 do STJ. (TRF 5ª Região – 4ª Turma - APELREEX 00067954420104058100. Relator(a) Desembargadora Federal Nilcéa Maria Barbosa Maggi - DJE - Data: 17/03/2011 - Página: 1417)” . Dessa forma, pode-se concluir, apoiado na lição de Maria Helena Carreira Alvim Ribeiro (Aposentadoria especial, 2004, p. 408) que “ainda que tenha terminado a presunção juris et jure de exposição a agentes nocivos em relação às categorias e ocupações previstas nesses Anexos [Anexos I e II do Decreto 83.080/79 e Anexo do Decreto 53.831/64] após a edição da Lei 9.032/95, o tempo anterior de serviço em que o segurado desempenhou tais atividades deve ser computado como especial, permitindo também sua conversão e soma ao tempo comum para a obtenção do benefício de aposentadoria por tempo de serviço” (sem grifos no original). Sendo assim, os períodos trabalhados pelo requerente no exercício da profissão de ELETRICISTA devem ser, necessariamente, reconhecidos como sujeitos à contagem especial, nos termos do Decreto nº. 53.831/64, independentemente da necessidade de informações prestadas pelos empregadores ao INSS ou da exigência de laudos técnicos das condições de trabalho até a edição da Lei 9.032/95, tendo em vista que, em tal período, existia a presunção absoluta de exposição aos agentes nocivos. Além da eletricidade, cabe destacar que o autor também esteve exposto a níveis de RUÍDO acima do limite legal permitido, nos seguintes períodos: na empresa TBM Têxtil Bezerra de Menezes S/A, no período de 05/05/80 a 01/10/81, onde esteve exposto a ruído de 91,0 dB (A), e na empresa Thomaz Pompeu Fiação e Tecelagem S/A, onde trabalhou de 01/03/85 a 21/09/86, estando exposto a ruído de 86,9 dB (A), conforme comprovam os perfis profissiográficos previdenciários (PPP), laudos técnicos de condições ambientais e demais formulários que seguem em anexo. Com efeito, de acordo com o item 1.1.6 do Anexo ao Decreto nº 53.831/64, é considerada insalubre, para fins de contagem de tempo especial, a atividade desenvolvida com exposição a ruídos acima de 80 dB. Somente a partir de 05/03/1997, data da entrada em vigor do Decreto 2.172/94, passou-se a exigir a exposição a nível superior a 90 dB, nos termos do Anexo IV. À propósito, a Instrução Normativa INSS/PRES n° 77, de 21/01//2015, prescreve em seu art. 208, in verbis: “Art. 280. A exposição ocupacional a ruído dará ensejo a caracterização de atividade exercida em condições especiais quando os níveis de pressão sonora estiverem acima de oitenta dB (A), noventa dB (A) ou 85 (oitenta e cinco) dB (A), conforme o caso, observado o seguinte: I - até 5 de março de 1997, véspera da publicação do Decreto nº 2.172, de 5 de março de 1997, será efetuado o enquadramento quando a exposição for superior a oitenta dB (A), devendo ser informados os valores medidos; II - de 6 de março de 1997, data da publicação do Decreto nº 2.172, de 5 de março de 1997, até 10 de outubro de 2001, véspera da publicação da Instrução Normativa INSS/DC nº 57, de 10 de outubro de 2001, será efetuado o enquadramento quando a exposição for superior a noventa dB (A), devendo ser informados os valores medidos; III - de 11 de outubro de 2001, data da publicação da Instrução Normativa INSS/DC nº 57, de 10 de outubro de 2001, véspera da publicação do Decreto nº 4.882, de 18 de novembro de 2003, será efetuado o enquadramento quando a exposição for superior a noventa dB (A), devendo ser anexado o histograma ou memória de cálculos; e IV - a partir de 01 de janeiro de 2004, será efetuado o enquadramento quando o Nível de Exposição Normalizado - NEN se situar acima de 85 (oitenta e cinco) dB (A) ou for ultrapassada a dose unitária, conforme NHO 1 da FUNDACENTRO, sendo facultado à empresa a sua utilização a partir de 19 de novembro de 2003, data da publicação do Decreto nº 4.882, de 2003, aplicando: a) os limites de tolerância definidos no Quadro do Anexo I da NR-15 do MTE; e b) as metodologias e os procedimentos definidos nas NHO-01 da FUNDACENTRO. ”. Diante do exposto, conclui-se que, nos períodos de 05/05/80 a 01/10/81 e de 01/03/85 a 21/09/86, o autor comprovadamente exerceu atividade sujeita a níveis de ruído acima de 80 dB, de modo a caracterizá-los como atividade especial. É de se ressaltar que, conforme entendimento da Turma Nacional de Uniformização da Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais, a utilização dos EPI´s não descaracteriza o tempo de serviço especial. Diz a Súmula 09 da TNU: “O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado.” III. 3. Da implementação do tempo necessário à aposentadoria por tempo de contribuição com proventos integrais Destarte, considerando a especialidade dos períodos acima indicados, não se pode negar que é devida a conversão desses períodos em tempo comum, através da aplicação do multiplicador 1,40, definido na tabela de conversão constante do art. 60, § 2º, do Decreto nº 83.080/79 e art. 70, § único, do Decreto nº 3.048/99, para posterior adição ao restante do tempo implementado pelo requerente como atividade comum, o que resultará num total superior a 35 anos de contribuição, conforme simulação de cálculo acostado a esta exordial. Sendo assim, resta implementado pelo autor, conforme demonstrado, tempo de contribuição suficiente para aquisição do direito à aposentadoria por tempo de contribuição com proventos integrais, na forma do art. 201, § 7º, inciso I, da Constituição Federal, de acordo com a redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998: “Art. 201 (...) § 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidasas seguintes condições: I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher;” Assim, sabendo-se que o segurado já filiado ao RGPS na data da publicação da Emenda Constitucional n°. 20 pode optar a qualquer tempo pelas regras atuais de aposentadoria do regime geral de Previdência Social, basta que o segurado tenha cumprido os 35 anos de contribuição, se homem, e restará perfeito o seu direito à aposentação, independentemente de idade mínima ou cumprimento de pedágio. III – DO PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA A Lei n° 8.952/94, alterando a redação do art. 273 do CPC, abriu ao julgador a possibilidade de antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela jurisdicional definitiva, a requerimento da parte autora, desde que preenchidos os requisitos que o referido dispositivo legal elenca. Razões de extrema urgência na realização do direito violado ou ameaçado de lesão, a par de um conjunto probatório pré-constituído e da verossimilhança das alegações do autor, autorizam o julgador a antecipar provisoriamente os efeitos da tutela jurisdicional definitiva. Nas palavras de Humberto Theodoro Júnior, “são reclamos de justiça que fazem com que a realização do direito não possa, em determinados casos, aguardar a longa e inevitável demora da sentença final”. No âmbito dos Juizados Especiais Federais Cíveis e Criminais, a Lei n° 10.259/2001, em seu artigo 4°, preceitua que “o Juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes, deferir medidas cautelares no curso do processo, para evitar dano de difícil reparação”. No caso em exame, patente é o receio de dano irreparável ou de difícil reparação ao direito do autor, porquanto o benefício previdenciário pretendido atende a reclamos de garantia de sua própria subsistência e de sua família, advindo daí o seu caráter alimentar, sendo, pois, inadiável. A prova inequívoca, por sua vez, vem consubstanciada na documentação ora anexada, notadamente CTPS, GPS’s, certidões de tempo de servido, formulários, perfis profissiográficos previdenciários, laudos técnicos de condições ambientais do trabalho, dentre outros, os quais comprovam a satisfação dos requisitos necessários à concessão do benefício pretendido. Por tais razões, requer o autor que lhe sejam antecipados os efeitos da tutela jurisdicional definitiva, nos termos do art. 273 do CPC c/c art. 4º da Lei nº 10.259/2001, para o fim de que seja determinado ao INSS a implantação imediata, em seu favor, do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição com proventos integrais, devendo ser reconhecidos como tempo de serviço especial e, portanto, convertidos em tempo de serviço comum através do fator de multiplicação 1,40, os períodos acima indicados, sob pena de aplicação de multa diária a ser arbitrada pelo juízo, na forma do art. 273, § 3°, do CPC. III - DO PEDIDO Diante do exposto, requer o autor: a) a concessão dos benefícios da justiça gratuita, por ser pessoa necessitada nos termos da Lei nº 1.060/50; b) a concessão da antecipação dos efeitos da tutela, nos termos do art. 273 do CPC, ante a prova inequívoca dos fatos e a existência de justo receio de danos de natureza irreparável ou de difícil reparação, a fim de se proceder à imediata implantação do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição ao autor; d) a citação do INSS, na pessoa de seu representante legal, a fim de, querendo, responder aos termos da presente demanda, sob pena de revelia; e) a procedência do pedido, confirmando-se a antecipação dos efeitos da tutela, para o fim de condenar o INSS a: e.1) reconhecer como atividade especial os períodos de 05/08/80 a 01/10/81, 01/03/85 a 29/09/86, 10/11/86 a 09/01/92, 01/02/92 a 02/09/93, convertendo-os em tempo de serviço comum, utilizando-se o fator de conversão 1,4 da tabela constante do art. 60, § 2º, do Decreto nº 83.080/79 e art. 70, § único, do Decreto nº 3.048/99; e.2) condenar o INSS na obrigação de conceder ao autor o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição com proventos integrais a partir da data do requerimento administrativo, bem como ao pagamento das parcelas vencidas e vincendas desde a data do requerimento administrativo até a data da efetiva implantação do benefício, monetariamente corrigidas e acrescidas de juros legais e moratórios; f) a parte autora renuncia aos valores que eventualmente excederem o limite de alçada dos juizados especiais federais. Requer provar o alegado por todos os meios de prova em Direito admitidos, especialmente a documental e testemunhal. Dá-se à causa do valor de R$ ------ ATENÇÃO: VERIFICAR POSSIVEL VALOR DO BENEFÍCIO PAR AVALIAR SE VALE APENA RENUNCIAR A ATRASADOS E ITERPOR AÇÃO NO JEF OU SE COMPENSA PROPOR EM VARA COMUM. Nesses termos, Pede deferimento. Nova York, 16 de abril de 2015. OAB
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