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EXMO(A) SR(A). JUIZ(A) FEDERAL DA ___ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO __________ – JUIZADO ESPECIAL FEDERAL ACELIA nnnnn, brasileira, aposentada, casada, portadora da cédula de identidade n° nnnnn – SSP/CE, inscrita no CPF sob o nº nnnn, residente e domiciliada na Rua nnnnnn, através do advogado abaixo assinado, vem com o devido respeito à presença de V. Exa., promover a presente AÇÃO PREVIDENCIÁRIA PARA EXCLUSÃO DE FATOR PREVIDENCIÁRIO DE APOSENTADORIA DE PROFESSOR em face do INSS - Instituto Nacional do Seguro Social, autarquia federal com endereço na Rua Pedro Pereira, nº 383, Centro, o que faz em razão dos fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor para, ao final, requerer: SINOPSE FÁTICA A autora é titular do benefício de aposentadoria por tempo de serviço de professor, registrado sob o nº 57/XXX.XXX.XXX-X, com DIB fixada em XX/XX/XXXX. Segundo o INSS, o benefício teve RMI (Renda Mensal Inicial) calculada nos termos da Lei 8.213/91, alterada pela lei 9.876/99, calculando a média dos 80% maiores salários de contribuição do segurado, multiplicado pelo fator previdenciário. Contudo a atividade de magistério sempre foi considerada como especial, sendo inclusive arrolada no quadro anexo do Decreto 53.831/64 no item 2.4.1. Há que se observar que a própria classificação numérica do benefício é de número "57", enquanto que a Aposentadoria por Tempo de Contribuição tem por número "42", denotando, assim, a natural diferença conceitual que há entre esses benefícios. Contudo o INSS aplicou o fator previdenciário sobre o benefício da autora, o que implicou em considerável decréscimo de sua RMI e atual RMA (Renda Mensal Atual). Cansada de ter seu direito afastado por aquela autarquia, a autora vem propor ação para exclusão do deletério fator. DO DIREITO É necessária uma breve análise do cotejo entre os tipos de aposentadoria para que sejam afastadas discrepâncias e aproximadas similitudes. Da Aposentadoria Por Tempo De Contribuição A Aposentadoria por Tempo de Contribuição foi regulamentada pelos artigos 52 e 53 da Lei 8.213/91. Após a emenda 20/98, a aposentadoria por tempo de contribuição passou a ser prevista, pelo artigo 201, §7º, inciso I, da Constituição, com extinção da aposentadoria proporcional, ressalvado o direito daqueles que já se encontravam inscritos antes da alteração da lei. A emenda 20/98, ao instituir a reforma do sistema da previdência social, vedou a adoção de requisitos e critérios diferenciados para concessão de aposentadoria, ressalvando os casos de atividades exercidas em condições especiais que prejudiquem a saúde. No entanto, tanto na redação original da Constituição Federal, quanto em suas posteriores alterações, a aposentadoria do professor vinha expressa em regra apartada, prevista pelo próprio texto constitucional, o que se compreende que este benefício não pode ser confundido com a aposentadoria por tempo de contribuição comum. Da Aposentadoria Especial O conceito de Aposentadoria especial está centrado na idéia de que a nocividade a que está exposto o segurado trabalhador o faz perecer mais cedo, implicando em maior ocorrência de contingências sociais. Buscando a Previdência Social elidir os efeitos deletérios do trabalho e de seu conseqüente desgaste natural, criou benefícios para que os segurados tivessem, em certo tempo, provido seu próprio sustento, para que não mais se desgastasse devido ao trabalho necessário. A Atividade Especial faz com que tais contingências se aproximem mais rapidamente dos segurados. Assim, os mecanismos que buscam garantir a renda do trabalhador para que não tenha que se expor ao desgaste do labor "ad eternum" são mitigados, encurtados, haja vista sua atividade mais desgastante ainda. Apesar da lei 9.032/95 ter acabado com a presunção por categoria de atividade especial, o professor continuou, se demonstrado exposição habitualmente e permanente, manteve o direito a contagem privilegiada do tempo. Da Aposentadoria Por Tempo De Serviço De Professor Atualmente a Aposentadoria (Especial) do Professor atualmente está prevista no artigo 201, §8º da Constituição Federal. Mas, ainda em tempos pretéritos, o magistério sempre já era considerada atividade mais desgastante, ensejando contagem de tempo especial e conseqüente redução de requisitos para concessão de aposentadoria. Há de se observar que o Decreto 53.831/64 já contemplava em seus rols tal atividade. 2.1.4 MAGISTÉRIO Professores. Desta forma a aposentadoria do professor já poderia ser considerada como especial desde aquela data o que podemos considerar como sendo a origem do critério diferenciado. O fato de EC 19/81 trazer previsão constitucional de requisito tempo diminuído para o professor apenas fortalece a idéia de que a atividade é insalubre e merece contagem diferenciada. A redução do requisito tempo para o professor é uma forma de compensação pelo desgaste do trabalho, tal como se verifica na aposentadoria especial. Da mesma forma que a aposentadoria especial tem como finalidade tirar o segurado antecipadamente do mercado do trabalho para evitar maiores desgastes. Ao se pronunciar o Min. Carlos Aires Brito no julgamento da ADI 3.772/DF, justificando o motivo pelo qual a Constituição previu regras diferenciadas para a aposentadoria do magistério: Observa-se que o §º do artigo 40 e o §º do artigo 201 da Carta Magna proíbem, no regime próprio e no regime geral de previdência a adoção de requisitos diferenciados para a aposentadoria. A regra, pois, é a vedação de requisitos diferentes, mas com algumas exceções de logo explicitadas. Uma delas, precisamente, é a da aposentadoria do professor com tempo de efetivo exercício em funções de magistério, que lhe foi conferida em razão das peculiaridades do seu labor, pois focadamente voltado para o “pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”, como explicitado pelo artigo 205 da Constituição Federal. O reconhecimento do desgaste pelo qual passa o professor é tamanho que, ao julgar a ADI 3.772, o Supremo entendeu que poderia comportar a atividade de magistério inclusive atividades fora de sala de aula que objetivasse o ensino. A finalidade da aposentadoria especial como é o caso de caso uma aposentadoria de tempo reduzido para o professor, é impedir antecipadamente que o segurado trabalhador daquela atividade sinta-se compelido a trabalhar por demasiado tempo que leve ao acontecimento de contingências sociais. DA INAPLICABILIDADE DO FATOR PREVIDENCIÁRIO A Lei 9.876/99 não fez qualquer referencia a aplicação do fator previdenciário na aposentadoria especial. Também não fez menção específica sobre a a aplicação do fator a Aposentadoria do Professor. Fazer incidir a aplicação do Fator Previdenciário na Aposentadoria do Professor é dar interpretação extensiva (porém restritiva de direito) àquela legislação. É de tal modo forçoso entender que ambas (do professor e tempo de contribuição) tem a mesma natureza que a própria autarquia previdenciária cataloga os benefícios de forma diversa: aposentadoria por tempo de contribuição "42" e aposentadoria do professor "57". Com efeito, aplicar o fator previdenciário ao professor seria dar a Lei 9.876/99 interpretação extensiva, porém restritiva, pois não houve previsão de aplicação do fator a aposentadoria do professor, que não pode ser encarada de forma como por tempo de contribuição, haja vista que a própria autarquia dá tratamento diferenciado, inclusive numerando-as de forma diversa. JURISPRUDÊNCIA QUANTO AO MÉRITO A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais entendeu que a lei que introduziu a aplicação doFator Previdenciário não trouxe regramento específico para a Aposentadoria (Especial) do Professor. Verbis: 10. Meu voto, portanto, conhece e dá provimento ao pedido de uniformização interposto pela parte autora, firmando o entendimento, na linha dos julgados emanados da Corte Superior, de que não incide o fator previdenciário no cálculo do salário de benefício da aposentadoria do professor (espécie 57). 11. Considerando que a matéria é exclusivamente de direito e visando a dar efetividade ao princípio da celeridade, que rege os Juizados Especiais, acolho o pedido inicial e condeno o INSS a revisar a renda mensal inicial do benefício da parte autora (NB 57/157.418.353-0 – DIB 25/07/2012), para excluir o fator previdenciário do cálculo concessório, e a pagar à segurada os valores atrasados, a contar DER/DIB, corrigidos pelo INPC, de acordo com o Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal, e acrescidos de juros de mora, nos termos do art. 1º-F da Lei n. 9.494/1997, com redação dada pela Lei n. 11.960/2009. Determino o retorno dos autos diretamente ao Juizado de origem para liquidação. Afastada a condenação da parte autora em honorários advocatícios nos termos da Questão de Ordem n. 2/TNU. (PEDILEF 5010858- 18.2013.4.04.7205) O julgamento traz como precedentes julgados da Corte Superior, o Superior tribunal de Justiça, que já há tempo tem confirmada a tese. Transcrevo adiante: PREVIDENCIÁRIO. CONVERSÃO DE TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL EM COMUM. ATIVIDADE DE MAGISTÉRIO. CABIMENTO. 1. Cinge-se a controvérsia à possibilidade de conversão do tempo de serviço especial laborado na atividade de magistério, em tempo de serviço comum. 2. Segundo a jurisprudência do STJ, "Não incide o fator previdenciário no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria do professor" (AgRg no REsp 1251165/RS, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 07/10/2014, DJe 15/10/2014) Agravo regimental improvido. (STJ - AgRg no REsp: 1485280 RS 2014/0252075-2, Relator: Ministro HUMBERTO MARTINS, Data de Julgamento: 16/04/2015, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 22/04/2015) 3. DOS PEDIDOS Ante o exposto, requer: 1. Digne-se Vossa Excelência de mandar citar o réu para comparecer à audiência de conciliação, instrução e julgamento em data a ser designada, e, querendo, apresentar sua defesa, sob pena de revelia e presunção de verdade quanto aos fatos articulados. 2. A procedência do pedido para condenar o INSS a revisar o benefício da autora (57/157.418.353-0), afastando a aplicação do fator previdenciário, na sistemática de cálculo do salário de benefício à aposentadoria do professor, devido desde a DIB 25/07/2012. 3. As diferenças vencidas, inclusive anteriormente ao ajuizamento (respeitada a prescrição qüinqüenal), deverão ser acrescidas de juros de 12% ao ano de acordo com a súmula 03, TRF 4ª Região e correção monetária de acordo com as súmulas 43 e 148, STJ, além de verba honorária de 10% sobre o valor da condenação, esta devida em caso de recurso. 4. O benefício da gratuidade judiciária, imposta pela Lei 7.510/86, por ser a autora aposentada, sem qualquer renda adicional, ficando assim sem condições de arcar com as despesas processuais, sem prejuízo de seu sustento e de sua família. 5. A especificação de provas nos documentos anexos (inclusive processo administrativo), bem como qualquer outra que se fizer necessária. Atribui à causa o valor de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais). Nestes termos, pede deferimento. Nova York, 04 de janeiro de 2015. OAB
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