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X Workshop Brasileiro de Micrometeorologia, Santa Maria-RS, 8-10 de novembro de 2015. INTERAÇÕES ENTRE FENÔMENOS DE MESOESCALA E ESTRUTURAS COERENTES EM CONDIÇÕES ESTÁVEIS ACIMA DA FLORESTA AMAZÔNICA. Mariane Sousa França1, Cléo Quaresma Dias Junior 1, 1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia/IFPA Bragança-PA. . Resumo Analisou-se a evolução da camada limite noturna (CLN) acima do sítio experimental do ATTO (The Amazon Tall Tower Observatory) durante o mês de novembro de 2015, na estação seca amazônica. Investigou-se a influência dos fenômenos de mesoescala, tal como ondas de gravidade e fenômenos turbulentos, como as estruturas coerentes, nos processos de trocas turbulentas entre floresta amazônica e atmosfera. Para tanto, foram usadas séries temporais de saldo de radiação, temperatura e as componentes da velocidade do vento (u, v e w), medidas à 81m do solo. Utilizou-se metodologia similar ao realizado por Cava et al. (2004) a fim de classificar os fenômenos turbulentos e não turbulentos que povoam a CLN. Tais fenômenos foram classificados em cinco classes distintas. Foi observado que as estruturas coerentes em forma de rampas foi o fenômeno que apresentou maior ocorrência durante as noites analisadas. Palavras-chave: Estruturas coerentes; camada limite noturna; fenômenos de mesoescala; fluxos turbulentos; Abstract The evolution of the nocturnal boundary layer (CLN) above the ATTO experimental site (The Amazon Tall Tower Observatory) during the month of November 2015, in the dry season of the Amazon, was analyzed. Was investigated the influence of mesoscale phenomena, such as gravity waves and turbulent phenomena, such as coherent structures, in the processes of turbulent changes between the Amazon forest and the atmosphere. In order to do so, we used temporal series of radiation balance, temperature and wind velocity components (u, v e w) measured at 81m from the ground. The methodology used was similar to that performed by Cava et al. (2004) in order to classify the turbulent and non-turbulent phenomena that populate the CLN. These phenomena were classified into five distinct classes. It was observed that the coherent structures in the form of ramps was the phenomenon that presented the highest occurrence during the nights analyzed. Keywords: Coehents structures; Nocturnal boundary layer; Mesoscale phenomena; Turbulent flux; X Workshop Brasileiro de Micrometeorologia, Santa Maria-RS, 8-10 de novembro de 2015. 1. Introdução Recentemente, a Camada Limite Noturna (CLN) amazônica têm sido alvo de vários estudos com o objetivo de um melhor entendimento à respeito de sua dinâmica e desenvolvimento (Zeri e Sá 2011; Dias-Junior et al., 2017).Vale salientar que o surgimento de novos questionamentos à respeito da CLN e o crescente interesse em medidas dos fluxos de gás carbônico foram os responsáveis por uma maior atenção dada à micrometeorologia noturna. Portanto, para a obtenção de avanços no conhecimento em tais domínios do conhecimento científico, é fundamental que a estrutura da turbulência na (CLN) noturna próxima à copa florestal seja estudada em grande detalhe (Cava et al., 2004). Já é sabido que a CLN amazônica é povoada por fenômenos de mesoescala tais como jatos de baixos níveis (Dias-Junior et al., 2017), ondas de gravidade (Zeri e Sá, 2011) e correntes de densidade (Dias-Junior et al., 2017), podendo estes serem considerados como geradores de fluxos turbulentos. Também é conhecido que as estruturas coerentes possuem uma relação intrínseca com a turbulência atmosférica uma vez que tais estruturas apresentam grande importância nos processos de trocas turbulentas (Bolzan et al...). Contudo, as relações entre fenômenos de mesoescala e as escalas de ocorrências das estruturas coerentes ainda não é bem esclarecida. Estudos preliminares sobre a Floresta de Caxiuanã, também acentuaram a existência de fenômenos interessantes, tais como jatos e rajadas (Nogueira et al., 2005) que desempenham papel importante nas trocas turbulentas entre a floresta e a atmosfera. Isto sugere a existência de classes distintas de evolução da CLN em Caxiuanã. Como ponto de partida para a obtenção de um esquema adequado de classificação da evolução da CLN noturna acima do sítio experimental do ATTO realizou-se uma adequação da sistemática de classificação proposta por Cava et al. (2004). 2. Materiais e métodos Os dados utilizados nesse estudo foram obtidos no sítio experimental do ATTO (The Amazon Tall Tower Observatory), localizado a 150 km a nordeste de Manaus. Os dados foram coletados entre os dias 11 a 30 de Novembro de 2015, a 81m de altura. Utilizou-se as três componentes da velocidade do vento (u, v e w) e a temperatura do ar, medidos a uma taxa de amostragem de 10 Hz. Também foram usados dados de saldo de radiação (Rn) medidos em intervalos de tempo de 1 minuto. Nesse trabalho uma noite foi considerada começando às 20h e terminando às 05h da madrugada do dia posterior. O critério de classificação de sinais noturnos proposto por Cava et al. (2004) e usado nesse trabalho tem por base a pesquisa de movimento organizado dominante nos dados de escalares, tais como concentração de CO2, umidade específica e temperatura. Nesse trabalho foram usados somente a temperatura como dados de escalares. Ela também leva em consideração a variabilidade noturna do Rn. Assim, são propostas as cinco classes de Cava et al. (2004). As três primeiras classes estão livres da existência de nuvens, de tal forma que n se mantém aproximadamente constante. São elas: (I) ocorrência de estruturas coerentes na forma de “rampas” nos sinais de escalares; (II) ondulações nos sinais acima da copa típicas de ondas de gravidade; (III) existência de turbulência de estrutura fina. As duas últimas categorias da classificação referem-se à ocorrência simultânea de movimentos organizados e a condições de céu com nebulosidade e variações em Rn superiores a 10W/m. São elas: (IV) o saldo de radiação induz movimento organizado; (V) a variação no saldo de radiação não está correlacionada com as alterações no movimento organizado. Para cada meia hora ao longo da noite atribuiu-se uma classe. X Workshop Brasileiro de Micrometeorologia, Santa Maria-RS, 8-10 de novembro de 2015. 3. Resultados Foram analisados o percentual de ocorrência das cinco classes de fenômenos turbulentos e não turbulentos que povoam a CLN acima do sítio experimental do ATTO de acordo com os critérios de classificação baseados em Cava et al. (2004). Através da Tabela 1 é possível observar que a Classe I (rampas) seguida da Classe II (ondas) foram os fenômenos com maior grau de ocorrência durante as noites observadas Tabela 1- Percentual de ocorrência de cada classe para à estação seca no mês de Novembro de 2015. Percentual de ocorrência de cada classe Noites Classe. I Classe. II Classe. III Classe. IV Classe. V 20151112 62,5 06,2 31,3 00,0 00,0 20151113 50,0 08,3 41,7 00,0 00,0 20151114 25,0 06,8 06,3 00,0 00,0 20151115 13,3 00,0 06,7 00,0 80,0 20151116 53,3 06,7 06,7 00,0 33,3 20151117 35,7 21,4 21,4 00,0 21,4 20151118 00,0 61,5 38,5 00,0 00,0 20151119 7,7 38,5 30,8 00,0 23,1 20151120 57,1 07,1 02,4 00,0 14,3 20151121 13,3 00,0 66,7 13,3 06,7 20151122 15,4 00,0 30,8 00,0 53,8 20151123 11,8 11,8 41,2 00,0 35,3 20151124 8,3 66,7 08,3 00,0 16,7 Media 27,2 18,1 25,6 01,0 21,9 % 29,0 19,3 27,3 01,1 23,4 As Ramps (Class I) são estruturas caracterizadas por uma taxa de radiação estável, possuindo aspectos assimétricos, que nos permitem-levando em consideração fatores como o saldo de radiação (Rn) e suas componentes(u, v.w)- distingui-las da Class V,que é descrita como uma estrutura que apresenta alteração no saldo de radiação não relacionado as suas componentes, tento um grau de similaridade física com as ramps. A figura 1 mostra um exemplo de séria temporal dominada por Ramps. A Canopy wave ou wave like motion (Class II) foi um fenômeno que apresenta grau de ocorrência menor que as rampas (Class I), sendo descrito como uma estrutura simétrica caracterizada por um saldo de radiação também estável, apresentando nível de ocorrência de 19,27%. A Class II mesmo sendo descrita como uma classe com um saldo de radiação estável, segundo Cava (2004), apresentou em alguns dias observados variações (oscilações) no mesmo. X Workshop Brasileiro de Micrometeorologia, Santa Maria-RS, 8-10 de novembro de 2015. Tempo (Segundos) Figura 1- Exemplo de série temporal pertinente à Classe. I (Rampas) da (a) velocidade horizontal do vento na componente (u), (b) flutuações da velocidade vertical do vento na componente (w), (c) oscilação da temperatura (T) e (d) saldo de radiação (Rn).Série temporal coletada em 12 Novembro de 2015 às 3h (UTC (Coordinated Universal Time). A Class III (fine-structure turbulence) é caracterizada como uma classe com a ausência de qualquer organização ou periodicidade, segundo Cava (2004). Como as ramps (Class I) e as Canopy waves (Class II), apresentam saldo de radiação estável. Ao contrário do que foi mostrada em Cava (2004), a Class IV caracterizada por aumento no saldo de radiação relacionado a uma variação proporcional em suas componentes, não apresentou como descrito o aumento em questão, a não ser dois casos pertinentes ao mesmo dia. Como pode ser observado na figura 2. Nos dados do mês em questão, houve a ocorrência da manifestação de fenômenos pertencentes às classes I, II, III e V de forma predominante em alguns dias como pode ser observado no gráfico abaixo (figura 3). X Workshop Brasileiro de Micrometeorologia, Santa Maria-RS, 8-10 de novembro de 2015. Tempo (Segundos) Figura 2- Exemplo de série temporal pertinente à Classe. IV (nessa classe, o aumento no saldo de radiação está relacionado com as alterações nas componentes (u,v.w) da (a) velocidade horizontal do vento na componente (u), (b)flutuações da velocidade vertical do vento na componente (w), (c) oscilação da temperatura(T) e (d) saldo de radiação (Rn).Série temporal coletada em 21 Novembro de 2015 às 7h (UTC (Coordinated Universal Time). 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Class I Class II Class III Class IV Class V Série2 Série1 X Workshop Brasileiro de Micrometeorologia, Santa Maria-RS, 8-10 de novembro de 2015. Figura 3- Representação gráfica do percentual de ocorrência de cada classe 4. Conclusão Foi utilizada a metodologia baseada em Cava (2004) para a realização das classificações dos fenômenos em questão. Foi observado que as ramps (Class I) são o fenômeno que obteve maior frequência de ocorrência em relação às outras classes. Além disso, a Class IV apresentou nível de ocorrência quase nulo nas noites analisadas, além de apresentar em alguns casos grau de incompatibilidade pertinente ao saldo de radiação quando comparados a alguns aspectos descritos por Cava (2004), como por exemplo, o aumento no mesmo, embora nossas análises estejam em plena concordância em relação ao aparecimento da Class IV nos dias observados. Ademais, questões como a dominância das Classes I, II, III e V em alguns dias também foi um fato interessante quando se observa a frequência na qual eles aparecem em determinados dias, além de seu grau de dominância. 5. Referências Bibliográficas STULL, R. An introduction to boundary layer meteorology. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers, 1988. 666 p. 5, 6, 8, 15, 28, 32, 63, 64.
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