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livro lessare constituição

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1-O que é uma constituição
Em muitos lugares ouvimos falar sobre a constituição sobre o que ela é, quais são os seus problemas.
E apesar disso, é formulada outra pergunta qual será a verdadeira essência e o verdadeiro conceito de uma constituição? Para poder responder temos que saber onde podemos achar a resposta, fazendo essa pergunta para um jurisconsulto provavelmente ele responderia “ constituição é um pacto juramento entre o rei e o povo, estabelecendo os princípios alicerçais da legislação e do governo dentro de um país”, ou em constituições de governos republicanos “ a constituição é a lei fundamental proclamada pelo país , na qual baseia-se a organização do direito publico nessa nação”.
Essas respostas estão distantes da pergunta feita, pois elas explicam o que faz uma constituição e não o que é uma constituição.
O conceito de constituição é fonte primitiva da qual nasce a arte e a sabedoria constitucionais. A ideia usada para estabelecer um significado consiste na comparação de algo cujo conceito não é conhecido com outra semelhante a ela.
2-Lei e constituição
Com a aplicação desse método, qual a diferença entre constituição e uma lei? As duas têm definições em comum, já que para a constituição ser exercida precisa da aprovação legislativa, ou seja, tem que ser uma lei. Mas ela também não pode ser considerada uma lei como as outras, afinal alterar uma simples lei é muito mais fácil que alterar a constituição, por exemplo. Então a constituição é uma lei fundamental da nação. Mas, vendo desse modo então qual a diferença entre lei fundamental e a lei? 
Para ser uma lei fundamental precisa:
Precisa que seja básica, mas que se faça necessária;
Que constitua- ou seja, devera informar e idealizar as leis comuns que serão originarias da mesma deverá atuar e aparecer através das leis comuns do país;
A lei quando feita não pode ser de outro modo, pois ela é necessária e não pode ser mudada como uma lei comum;
3-Os fatores reais do poder
Alguma força ativa que possa influir de tal forma em todas as leis do mesmo, que a obrigue a ser necessariamente, ate certo ponto, o que são e como são sem poder ser de outro modo?
Para entender essa pergunta tem que ser imaginado que suma todos os livros da constituição de um país, nesse modo teria que criar outra constituição, mas será que o legislador agora poderá fazer a constituição de acordo com os seus desejos?
A monarquia
Será que em uma monarquia caso aconteça este episodio da constituição sumir, poderia ser feita outra constituição sem que seja reconhecida a monarquia? Não, pois a vontade de um rei neste caso não permitiria tal mudança afinal, usaria os poderes do exercito a seu favor.
A aristocracia 
“Não sabemos por que esse punhado, cada vez menor, de grandes proprietários agrícolas possui tanta influência nos destinos do país como os restantes milhões de habitantes reunidos, formando somente eles uma Câmara Alta que fiscaliza os acordos da Câmara dos Deputados, eleita esta pelos votos de todos os cidadãos.”
“Destruídas as leis do passado, somos todos “iguais” e não precisamos absolutamente “para nada” da Câmara Senhorial.”.
Apesar disso a nobreza seria influente e bem vista pelo rei, modo pelo qual essa influência poderia garantir-lhe o uso do exército e dos canhões para seus fins, sendo, portanto, parte da Constituição, ou seja, um fator real de poder.
A grande burguesia 
Nesta mesma linha de pensamento, mas agora pensando no povo, o rei e seus aliados definissem usar o sistema da idade média, mas deixando as indústrias e fabricas, não será possível um desenvolvimento afinal esse sistema levanta varias barreiras legais entre esses ramos industriais, um proprietário não poderia reunir mais de uma indústria em suas mãos, ou seja, trabalhar apenas em uma coisa exemplo, uma fábrica de móveis não poderia pinta-los, pois só pode montar; ainda cada indústria poderia apenas ocupar igualmente o numero de funcionários. Ou seja, a indústria não poderia progredir em um sistema gremial¹.
A grande indústria exige liberdade da junção dos demais ramos industriais necessitando também a livre concorrência e a produção em massa. 
Se fosse aplicado hoje o sistema gremial as fábricas fechariam, o comercio e a indústria ficaria paralisada. Gerando revolta no povo que a monarquia tentaria lutar mas perderia, pois há necessidade das indústrias, sendo assim todos os industriais são parte da constituição. 
1-Gremial:
Eles possuíam um nível local e obrigatório.
Dividido em planos de carreira (aprendiz, trabalhador qualificado e master).
Eles eram governados por um estatuto especial.
Eles controlaram todas as embarcações e evitado competição, fornecendo matérias-primas a qualquer componente das alianças com os mesmos preços e definindo o tipo ea quantidade de produtos.
Eles faziam parte de irmandades .
Os banqueiros
os banqueiros também se caracterizam como fator real de poder em virtude de que os governos, de quando vez em quando, sentem apertos financeiros devido à necessidade de investir grandes quantias que “não têm coragem de tirar do povo por meio de novos impostos ou aumento dos existentes”.
Nesses casos, ficaria o recurso de absorver dinheiro do futuro, por intermédio das instituições bancárias. Sendo os seus diretores, os detentores do capital, dão título ao poder real e, portanto, são partes da Constituição.
a cultura coletiva e a consciência social do país são formas de expressão de poder. Mas elas somente teriam força e se levantariam contra graves alterações legais ou políticas à população imposta, indicando como exemplo, a punição da pessoa dos pais pelos roubos cometidos pelos filhos, como o modelo chinês.
A pequena burguesia e a classe operária
Se a nobreza resolvesse privilegiar os banqueiros, grandes industriais e grandes capitalistas, privando a pequena burguesia e classe operária das liberdades políticas, seria possível, mas agora se resolvesse não tirar so a liberdade política mas também sua liberdade pessoal, transformando eles em escravos não seria possível, pois o povo protestaria e a nobreza não os venceria, então o povo também faz parte da constituição.
Os fatores de poder e as instituições jurídicas
Qual a relação de constituição e constituição jurídica? Quando juntamos em um papel todos os fatores de poder, tornam-se o direito, nas instituições jurídicas, e quem vai contra as leis é punido. Na constituição não esta definido que o povo, a burguesia, a nobreza e os banqueiros, são parte da constituição, sendo definido por outras maneiras.
O sistema eleitoral das 3 classes
Em 1849 na Prússia era dividida em três grupos eleitorais, que eram divididos de acordo com os impostos pagos e as posses de cada eleitor.
No total eram 3.255.703,00 (três milhões duzentos e cinquenta e cinco mil setecentos e três) eleitores que eram divididos desta forma:
Grupo 1- 153.808
Grupo 2- 409.945
Grupo 3- 2.691.950
Desta forma o rico, teria o mesmo poder político de 17 cidadãos comuns. Em suma: 17 vezes a influência política de uma pessoa comum.
Antes da lei eleitoras das três classes entrar em vigor, era regido ate 1848, o sufrágio universal (todos tem direito ao voto), que dava a garantia que qualquer cidadão independente da classe social tivesse o direito de intervir nas administrações do estado .
A câmara senhorial ou senado
Na constituição, foi colocado que “os representantes das grandes propriedades sobre o solo, que forem por tradição, formarão uma câmara senhorial, um senado que aprovará ou não os acordos feitos pela câmara dos deputados eleitos pela nação, que não tem valor legal se for recusado pelo senado”. Assim fica nas mão de proprietários ricos as decisões da nação.
O rei e o exército
O rei tem mais poder que qualquer outra classe. Segundo lassare existe um artigo que diz “ o rei nomeará todos os cargos do exercito e da marinha” acrescentando outro artigo “ ao exército e a marinha não será exigido o juramento de guardar a constituição”. Então o rei ocupa a frente do exército, sendo assim nem a câmarados deputados nem a nação devem se preocupar com o exército, não intervindo em nenhum assunto e organização apenas se preocupar na quantia de dinheiro necessária para que o mesmo exista. Como era reconhecido que o rei preencha todos os postos vagos do exercito e colocando-o sob sua vontade, conseguiu reunir um poder superior ao da nação, que mesmo sendo maior o poder do exercito era incontestável. 
Poder organizado e poder inorgânico
O poder do exército está organizado para poder funcionar a qualquer momento. Entretanto o poder do povo por maior que seja não esta organizado. Então a qualquer momento que a sociedade se revoltar sabe-se que o exercito se utilizará de armamentos que foram adquiridos com poder da própria nação, deixando a amostra que um poder pequeno e organizado pode ser sustentado por anos, mas isso ate um dia a população resolver levantar contra o poder organizado e mostrar que pode ser forte mesmo desorganizada.
Capítulo II
1-Algo de histórias constitucionalista
Lassalle demonstra a importância e a influência dos fatores reais de poder durante as evoluções da sociedade. Mostra à importância de se ter a constituição escrita. Que seria como mera forma de legitimação, mais legítima, mais fácil, mais convincente.
Observando que todos os países possuem uma Constituição real e efetiva, afirma e afirma isso dizendo “não é possível imaginar uma Nação onde não existam os fatores reais de poder, quaisquer que sejam eles”.
Nos Estados Modernos, é que surgem de modo generalizado, as Constituições escritas, “cuja missão é a de estabelecer documentalmente, numa folha de papel, todas as instituições e princípios do governo vigente”.
Por isso, possuir uma Constituição escrita tem como origem o fato de ter uma transformação nos elementos reais do poder dentro do país, em um determinado momento.
 2- constituição feudal
No Estado pouco povoado da Idade Média, sob o domínio governamental de um príncipe e com uma nobreza que possuía a maior parte da propriedade territorial, que necessitava de uma Constituição feudal. A nobreza tinha, além da posse das terras, o poder sobre os feudatários, os servos, os colonos, obrigando eles a formar seus exércitos e a lutar com os seus vizinhos. Os senhores feudais possuíam chefes de armas, soldados, escudeiros e criados que, também serviam ao rei, que não possuía outra força alem que a nobreza. O príncipe não poderia criar, sem seu consentimento, novos impostos.
A passagem do feudalismo ao capitalismo determinou novas mudanças. Novos fatores de poder surgiram determinando novo modelo de Constituição. A população urbana não dependia mais da nobreza, tendo interesses opostos assim a nobreza vai perdendo suas forças. O príncipe alcança maior poder efetivo, chegando a possuir Exército permanente. O poder central se fortalece, retirando da nobreza a prerrogativa de receber tributos e obrigando-a ao pagamento de impostos.
 3- absolutismo
Com a transformação dos fatores reais do poder, transforma-se também a Constituição vigente no país. O absolutismo toma o lugar do feudalismo, criando uma nova ordem.
O príncipe tinha em suas mãos o instrumento real do poder, tem o exército permanente, que forma a Constituição efetiva desta sociedade, dando ao país a qualificação de estado militar.
O poder efetivo do príncipe é reconhecido pela nobreza, que abandona os feudos e se concentra na Corte, que “recebe uma pensão e contribui, com sua presença, para prestigiar a monarquia”.
 4- a revolução burguesa 
Passando esse período e em função dele ocorre o do fortalecimento da burguesia, por meio do desenvolvimento da indústria e do comércio. 
Ao príncipe torna-se impossível acompanhar o desenvolvimento da burguesia, pois percebe que também é uma potência política independente.
Acontece o aumento da população, aumentando e dividindo a riqueza social, acontecendo um progresso também as indústrias, as ciências, a cultura geral e a consciência coletiva.
Capítulo III
1- A arte e a sabedoria constitucionais
Quando em um país acontece uma revolução é necessário criar uma nova constituição. A revolução de 1948 demonstra essa necessidade de uma nova constituição escrita que o próprio rei de Berlim convocou uma assembleia para fazer a nova base constituinte.
2- o poder da nação é invencível
Em 1948 ficou claro que o poder da nação é superior ao do exercito, que depois de muito tempo de luta teve que ceder. Mas entre esses dois poderes há uma grande diferença e apesar do poder militar ser menor pode ser mais eficaz com o tempo do que o poder do país mesmo sendo maior. Afinal como já dito o poder militar é organizado e preparado para qualquer situação em qualquer momento.
3- consequências
 Para finalizar e chegar ao conceito do que é a constituição é preciso analisar três consequências:
Primeira consequência: A preocupação em evitar que fossem afastados os fatores reais de poder dentro do país impediu que a Assembleia Nacional organizasse a sua Constituição por escrito.
Segunda consequência: Com a dissolução da Assembleia Nacional Constituinte, coube ao rei proclamar a Constituição; decretou-a voluntariamente e – ainda que de acordo, em muitos pontos, com as ideias da Assembleia Nacional – não correspondia à sua pretensão, pois não se justificava pelos fatores reais de poder de que o rei continuava a dispor.
A disparidade entre a Constituição real, efetiva, e a Constituição escrita se fez notar e acarretou várias modificações. A constituição datada de 5 de dezembro de 1848, em que o rei espontaneamente concordava com uma série de concessões, foi alterada por Lei Eleitoral que restabeleceu o voto censitário.
Terceira consequência: Quando uma Constituição corresponde aos fatores reais de poder que regem um país, não há necessidade de modificá-la e o respeito a que a ela se tem é natural, não é lema de um ou de outro partido político, porque ela, per si, já é respeitada e invulnerável. Se, ao contrário, não corresponder, será modificada.

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