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56 q capítulo 3 ou daquela unidade, são necessários muito mais para que a indústria possa operar, do que para produzir uma unidade a mais de determinado produto. ß� O valor do custo fixo por unidade depende ainda do volume de produção: aumentando-se o volume, tem-se um menor custo fixo por unidade, e vice-ver- sa. A decisão com base em custo deve associar ao custo global o volume que se tomou como base. Desse modo, o custo de um produto pode variar em função da alteração de volume de outro produto, e não da sua própria. 3.5 Aplicação dos custos indiretos de fabricação com o uso da departamentalização De acordo com Martins (2010), o Custeio por Absorção é um sistema de custeio cuja metodologia foca na alocação de todos os custos aos produtos ou serviços produzidos e, apenas eles, não fazendo parte as despesas. Contudo, a regra do Custeio por Absorção, pelo fato de todos os custos serem alocados aos produ- tos, não pode ser interpretada como se todos os custos da empresa pudessem ser controlados ou eliminados com a mudança ou a eliminação de um produto ou uma linha de produto, pelo fato de estarem a ele alocados. Vimos que a alocação dos Custos Indiretos de Fabricação (CIF) no custo to- tal dos produtos acaba sendo feito com subjetividade, em função do critério de rateio arbitrariamente estipulado, sendo que temos aqui o ponto que merece cuidado nos sistemas de custeio, já exemplificado no tópico anterior. Uma determinada empresa pode se deparar com alguns problemas quando da necessidade de apurar e contabilizar os custos dos produtos. Torna-se ne- cessário conhecer os Custos Indiretos de Produção alocados aos produtos por meio de: a) estimativa do volume de produção; b) estimativa do valor dos custos indiretos; e c) fixação do critério de apropriação dos custos indiretos aos departamen- tos e aos produtos. Sobre a estimativa ou previsão do volume de produção, no geral, as empre- sas têm dificuldade de chegar a um consenso sobre qual é o volume de ativida- de da produção normal. Os critérios que podem ser adotados por essas empre- sas podem consistir no volume máximo de produção utilizando uma média de capítulo 3�q 57 produção dos três últimos anos ou até a expectativa dos empresários quando da dimensão da capacidade produtiva. Mas, para efeitos contábeis a melhor alternativa é a previsão do volume de produção que se espera realmente para o período. A respeito da estimativa do valor dos custos indiretos o problema é desen- volver um critério de alocação (ou rateio) dos custos indiretos, como, por exem- plo, horas de mão de obra direta (HMOD) ou horas-máquina (HM), utilizada para apropriar os custos indiretos aos produtos e serviços (por exemplo: ratear manutenção por horas-trabalhadas ou energia elétrica por horas-máquinas). Em relação à fixação do critério ou base de rateio de apropriação dos cus- tos indiretos aos departamentos e aos produtos, o grande problema é respei- tar os critérios adotados e utilizá-los de maneira consistente. A fim de fixarmos melhor a importância do estudo dos critérios de rateios nos custos indiretos iremos demonstrar um exemplo prático do livro do Prof. Eliseu Martins de um processo de produção SEM departamentalização, ou seja, aplicaremos um critério de rateio de forma arbitrária e em seguida utilizare- mos os mesmos dados, porém com um estudo departamental, ou seja, levando em consideração os custos nos departamentos de produção. Suponhamos que uma empresa, produza 3 produtos D, E F, tenha alocado a eles os seguintes Custos Diretos e Indiretos: PRODUTOS CUSTOS DIRETOS * CUSTOS INDIRETOS D $ 50.000 - E $ 30.000 - F $ 45.000 - Total $ 125.000,00 $ 115.000 * Depreciação e Manutenção de Equipamentos, Energia, Supervisão de Fábrica e Outros. Em seguida apontaremos a distribuição das horas/máquinas incorridas por cada produto: Produto D 400 horas-máquinas 40% Produto E 200 horas-máquinas 20% Produto F 400 horas-máquinas 40% Total de Horas 1.000 horas - máquinas 100% 58 q capítulo 3 Diante dos dados iremos utilizar como critério de rateio dos custos indire- tos a proporção do tempo de horas-máquinas incorridas de cada produto no valor de $ 115.000,00. Assim teríamos a seguinte alocação: ALOCAÇÃO DOS CUSTOS INDIRETOS SEM DEPARTAMENTALIZAÇÃO PRODUTOS CUSTOS DIRETOS * CUSTOS INDIRETOS % CUSTOS TOTAIS DE PRODUÇÃO D R$ 50.000 46.000 40% R$ 96.000 E R$ 30.000 23.000 20% R$ 53.000 F R$ 45.000 46.000 40% R$ 91.000 Total R$ 125.000,00 R$ 115.000 100% R$ 240.000 * Depreciação e Manutenção de Equipamentos, Energia, Supervisão de Fábrica e Outros. Em seguida iremos calcular os mesmos Custos Indiretos ($ 115.000,00), po- rém analisando o comportamento do critério de rateio (Horas-máquinas) nos departamentos de produção dos produtos D, E e F. Para tanto, segue abaixo, um quadro de apontamento detalhado das horas-máquinas de cada produto por cada departamento: APONTAMENTO DO TEMPO GASTO DE CADA PRODUTO POR CADA DEPARTAMENTO DEPARTAMENTOS CORTE MONTAGEM ACABAMENTO TOTAL H/M hm hm hm hm Produto D 100 50 250 400 Produto E 200 - - 200 Produto F - 250 150 400 Total 300 300 400 1000 Nota-se que o processo de produção de produção dos produtos não são os mesmos, pois os produtos não gastam o mesmo tempo de fabricação nos de- partamentos de produção, ou seja, será justo aplicar um critério de rateio sem analisar o comportamento dele no fluxo de produção? Para respondermos esta pergunta, faz-se necessário analisarmos os Custos Indiretos incorridos por cada departamento, a fim de podermos calcular o cus- to médio de cada hora-máquina incorrida por cada produto. Segue, abaixo, o levantamento dos Custos Indiretos Departamentais através de Centros de Custos: CUSTOS INDIRETOS DEPARTAMENTAIS CUSTOS INDIRETOS CORTE MONTAGEM ACABAMENTO TOTAL Depreciação R$ 10.000,00 R$ 3.000,00 R$ 7.000,00 R$ 20.000,00 Manutenção R$ 20.000,00 R$ 3.000,00 R$ 12.000,00 R$ 35.000,00 Energia R$ 6.000,00 R$ 4.000,00 R$ 20.000,00 R$ 30.000,00 capítulo 3�q 59 CUSTOS INDIRETOS DEPARTAMENTAIS CUSTOS INDIRETOS CORTE MONTAGEM ACABAMENTO TOTAL Supervisão R$ 5.000,00 R$ 2.000,00 R$ 3.000,00 R$ 10.000,00 Outros Gastos R$ 4.000,00 R$ 3.000,00 R$ 13.000,00 R$ 20.000,00 Total R$ 45.000,00 R$ 15.000,00 R$ 55.000,00 R$ 115.000,00 Através da identificação dos custos departamentais, agora podemos calcu- lar o valor de uma Hora-máquina incorrida em cada departamento: CÁLCULO DO CUSTO MÉDIO DAS HORAS/MÁQUINAS DEPARTAMENTAIS CUSTO TOTAL DO DEPARTAMENTO /TOTAL DE HORAS-MÁQUINAS DO DEPARTAMENTO 45.000/300hm 15.000/300hm 55.000/400hm 115.000/1000 VR. DE UMA HORA-MÁQUINA DE CADA DEPARTAMENTO R$ 150/hm R$ 50/hm R$ 137,50/hm R$ 115/hm Novamente, percebemos que o tempo gasto com os custos indiretos de pro- dução NÃO é uniforme entre os departamentos. Agora iremos fazer apropriação dos custos indiretos, levando em conta o tempo gasto de cada produto, no respectivo departamento utilizado, aplicando o custo da hora-máquina de cada departamento. ALOCAÇÃO DOS CUSTOS INDIRETOS COM A DEPARTAMENTALIZAÇÃO PRODUTOS CORTE MONTAGEM ACABAMENTO TOTAL D $15.000 (100hm x $150/hm) $ 2.500 (50hm x $ 50/hm) $ 34.375 (250hm x $137,50/hm) $51.875 E $ 30.000 (200hmx $150hm) – – $ 30.000 F – $ 12.500 (250hm x $ 50/hm) $ 20.625 (15hm x $137,50/hm) $33.125 TOTAL $ 45.000 $ 15.000 $ 55.000 $115.000 De posse dos valores dos custos indiretos alocados com base nas ho- ras-máquinas, iremos analisar seus custos departamentais comparando os valores dos custos indiretos rateados SEM DEPARTAMENTALIZAÇÃO e COM DEPARTAMENTALIZAÇÃO. 60 q capítulo 3 CUSTOS INDIRETOS DIFERENÇA PRODUTOSSEM DEPARTAMENTALIZAÇÃO COM DEPARTAMENTALIZAÇÃO EM $ EM % D $ 46.000 $ 51.875 $ 5.875 12,80% E $ 23.000 $ 30.000 $ 7.000 30,40% F $ 46.000 $ 33.125 (R$ 12.875) - 28,00% TOTAL $ 115.000 $ 115.000 – – Conforme MARTINS (2010), ao analisarmos a coluna (Diferença), verifica- mos o grau de distorção entre as duas formas, e, apesar de quaisquer arbitra- riedades ocorridas na forma de apropriação por hora-máquina, é claro que na alocação com base na Departamentalização estarão sendo cometidas MENOS INJUSTIÇAS e DIMINUÍDAS as chances de erros maiores. Caso a empresa analisasse a lucratividade de seus produtos tomando como parâmetro os seus preços de venda em relação aos seus custos de produção, constataria então que ao usar a departamentalização, precisaria aumentar os dos produtos D e E, diminuindo o de F. Contudo, se a empresa adotasse de for- ma inequívoca o processo de custeamento, graves problemas poderiam ocorrer na hipótese de um mercado com alta competitividade. Ademais, a alocação dos custos indiretos aos produtos por meio do uso do Custeio por Absorção com Departamentalização é uma maneira de se cometer menos injustiças e diminuir as chances de erros maiores no uso dos critérios de rateio. CONEXÃO Para saber mais sobre o assunto tratado nesta unidade indica-se a leitura dos capítulos 10 do livro Contabilidade de Custos do Prof. Osni Moura Ribeiro, da editora Saraiva (2013). Este capítulo discorre sobre o Custeio Departamental. ATIVIDADES 01. Assinale a alternativa correta sobre as etapas do esquema básico da Contabilidade de Custos: I - Separar os custos das despesas, apropriar os custos diretos e ratear as despesas. II - Separar os custos indiretos, apropriá-los aos produtos e ratear os custos fixos. III - Separar os custos das despesas, apropriar os custos diretos e ratear os indiretos. capítulo 3�q 61 IV - Separar os custos das receitas, apropriar os custos diretos e ratear os indiretos. V - Separar os custos das despesas, apropriar os custos fixos e ratear os indiretos. a) I e III b) I e IV c) IV e V d) V e II e) III 02. Ao Final de 19X4 havia 20 unidades do produto X no estoque de produtos acabados com custos de $ 20.000,00. Em 19X5 foram fabricadas mais 800 unidades desse produ- to e vendidas 810 unidades, a $ 1.100,00 cada uma. Nesse ano, os custos totalizaram $ 800.000,00 e as despesas 50.000,00. Determine: a) Os custos dos produtos vendidos b) O custo do saldo do estoque de produtos acabados c) O lucro obtido em 19X5 03. Uma empresa inicia suas atividades em 01/01/X9. Nesse mês ocorreu o seguinte. Ø Compra de matéria-prima= $ 30.000,00 Ø Aluguel de fábrica = $ 10.000,00 Ø Mão - de - obra da fábrica = $ 20.000,00 Ø Despesas administrativas = $ 30.000,00 Ø Despesas de vendas = $ 20.000,00 Ø Custos diversos = $ 15.000,00 Ø Consumo de matéria-prima = $ 25.000,00 Foram fabricados 100 unidade do produto X e vendidas 80 unidades desse produto a $ 1.625,00 cada uma. Determine: a) O custo dos produtos vendidos. b) O custo do saldo do estoque de produtos acabados. c) O Lucro operacional (para isso, elabore a DRE). 04. No mês de março, a empresa Piteco Ltda. teve os seguintes custos: 1. Matéria-prima = 15.000,00 2. MOD = 20.000,00 3. Energia elétrica = 2.000,00 4. Aluguel do prédio = 7.000,00 5. Telefone (assinatura) = 500,00
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