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livro tributário e financeiro

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
 
 
MINHAS 
 
 
ANOTAÇÕES 
 
SOBRE 
 
DIREITO 
 
FINANCEIRO 
 
E 
 
TRIBUTÁRIO 
 
I 
 
 
 
 
 
Professor: Tennyson Travassos. 
 
 2 
AVISO IMPORTANTE 
 
Prezados(as) Alunos(as) 
 
 
 Estas anotações servem, somente, como apoio ao material didático distribuído 
conforme regulamento e metodologia em vigor na UNESA. 
 
 Têm como único intuito mostrar um rumo a ser seguido pelo iniciante estudante 
de Direito Financeiro e Tributário nas suas pesquisas. 
 
BONS ESTUDOS !!! 
 
AULA 1: 
 
1.1 – ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO. 
 1.1.1 – As necessidades Individuais, Coletivas e Públicas. 
 1.1.2 – O surgimento do Estado. O Direito Constitucional, o Direito 
Administrativo, o Direito Financeiro e Tributário. 
 1.1.3 – A satisfação das Necessidades Públicas. Os Serviços Públicos Diretos e 
Indiretos. 
1.2. – Despesa Pública. 
 1.2.1 – Conceito. 
 1.2.2. – Classificação legal e doutrinária. 
 1.2.3 – As Despesas Correntes e de Capital. 
 1.2.4 – Processamento da Despesa. 
 
 
1.1 – ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO. 
1.1.1 – As necessidades Individuais, Coletivas e Públicas. 
 
 O homem vivendo, em sociedade, está sempre precisando ou desejando alguma 
coisa para maior conforto ou comodidade. (alimentos, roupas, lazer, $). 
 
NECESSIDADE >>> É O CONJUNTO DE BENS OU SERVIÇOS ÚTEIS QUE 
PROPORCIONAM CONFORTO E COMODIDADE AO HOMEM. 
 
 
 Individuais. 
 As NECESSIDADES podem Coletivas. 
 Públicas. 
 
 
 
 
 3 
A) Individuais. 
 
 São aquelas que satisfazem o homem, considerado isoladamente. Variam de 
pessoa a pessoa em função da capacidade econômica. Ex. alimentos, habitação, 
transporte e roupas. 
 
 
B) Coletivas. 
 
 Quando há um grupamento humano surgem as necessidades comuns aquele 
grupo, denominadas necessidades coletivas. A manutenção destas necessidades é 
alcançada graças ao interesse dos componentes daquela sociedade que arcam com o 
ônus da coisa ou do serviço recebido. Ex. escolas particulares, oficinas mecânicas, 
rádios, enfim as sociedades mercantis. 
 
 
C) Públicas. 
 
 Há, entretanto, outras necessidades que não são, apenas, de um indivíduo ou de 
uma coletividade e sim de um grupo maior e que não podem ser satisfeitas, tão pouco 
por um indivíduo sequer pela coletividade, em função dos elevados interesses que as 
envolvem. Ex. Justiça, Segurança Interna e Externa, Previdência Social, Telefonia, 
Estradas, Hidroelétricas, Aeroportos, Penitenciárias, Cadeias, Portos, Cemitérios, 
Escolas, Saúde Pública e etc. 
 Todas estas atividades são mantidas por alguém, que atende genericamente a 
todos, ao mesmo tempo em que proporciona outros comportamentos, exigindo dessas 
pessoas as importâncias indispensáveis para a manutenção de todo esse IMPÉRIO. 
 Este “alguém” é O ESTADO. 
 
 
1.1.2 – O surgimento do Estado. O Direito Constitucional, o Direito Administrativo, 
o Direito Financeiro e Tributário. 
 
 O ESTADO, como o homem, exerce várias atividades, várias funções, a fim de 
que possa concretizar os seus interesses, os seus fins. 
 
 Na lousa é apresentado um quadro no qual se verificam os ramos do direito 
envolvidos na concretização desse fim, qual seja, a satisfação das necessidades públicas. 
 
 Enquanto estático o Estado é estruturado segundo as normas do Direito 
Constitucional. 
 
 A partir do momento em que o Estado se movimenta na busca dos recursos 
necessários, ora estará sendo regido pelas regras do Direito Administrativo, ou seja, na 
busca dos recursos de pessoal e material, ora pelas regras do Direito Financeiro e 
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Tributário no desempenho da atividade financeira, na busca dos recursos financeiros 
necessários à satisfação das necessidades públicas. 
 
 Bom como vimos, o Estado exerce uma atividade política, jurídica, de segurança, 
da mesma forma que o homem mantém inúmeras atividades sociais, de lazer, culturais, 
etc. 
 Porém uma atividade é comum, tanto ao homem quanto ao Estado, essa atividade 
é a FINANCEIRA. 
 
ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO - “É a procura de meios para satisfazer as 
necessidades públicas” (Alberto Deodato – Manual de Ciências das Finanças, Edição 
Saraiva, p.7). 
 
ATENÇÃO => A expressão atividade financeira tem a mesma extensão do termo 
“finanças” que surgiu na Idade Média por derivação da palavra latina finare. É sinônimo 
de finanças públicas, e não se aplica às finanças privadas. 
 Finalizando, a satisfação de todas essas necessidades públicas, é atendida pelos 
denominados serviços públicos. 
 
 
1.1.3 – A satisfação das Necessidades Públicas. Os Serviços Públicos Diretos e 
Indiretos. 
 
 SERVIÇO PÚBLICO, conforme se verifica na disciplina de Direito 
Administrativo é toda atividade pública ou privada, regulada pelo Poder Público, que se 
realiza com o fim de satisfazer as necessidades públicas. 
 
 Próprio (direto e indireto). 
 Os SERVIÇOS PÚBLICOS podem ser 
 Impróprio. 
 
A) Próprio. 
 
 São as atividades que, atendendo as necessidades públicas, se confundem com a 
própria essência do Estado ou seus fins. Esses serviços se subdividem em: 
 
 A.1) Direto. 
 
 Certas atividades do Estado são indelegáveis, cabendo ao próprio Estado a 
exploração, são aquelas prestados pela Administração Pública Direta (Presidência, 
Ministérios, Secretarias e cargos) correspondendo às consecuções finais do Estado. 
 Trata da competência administrativa exclusiva da União. Art. 21 da CRFB/88. 
 
 A.2) Indireto. 
 
 5 
 Outras atividades podem ser exploradas por organismos outros, filiados ao Estado, 
ou seja, a Administração Pública Indireta (autarquias, empresas públicas, sociedades de 
economia mista e fundações). 
 As entidades da administração indireta surgiram a partir da administração direta 
com a finalidade de através da descentralização, permitir a prestação de serviços 
especializados, de forma mais eficaz. (Matéria de Direito Administrativo que os senhores verão 
mais a frente). 
 São elas: AUTARQUIA, FUNDAÇÃO PÚBLICA, SOCIEDADE DE 
ECONOMIA MISTA e EMPRESA PÚBLICA. 
 
 
B) Impróprio. 
 
 Atualmente torna-se difícil estabelecer uma distinção entre os Serviços. Públicos 
Próprios e Impróprios. 
 
 
 Vejamos o que nos ensina Hely Lopes Meirelles: 
 
“Naquele (no próprio) o Estado atende a necessidades gerais da coletividade, para que 
ela possa subsistir e desenvolver-se; neste (no impróprio) o serviço visa facilitar a 
existência do indivíduo na sociedade, pondo à disposição do indivíduo utilidades que lhe 
proporcionarão mais comodidade, conforto e bem estar”. 
 
 Assim, no serviço impróprio há uma utilidade colocada à disposição, 
diferentemente do próprio no qual há uma necessidade a ser atendida. 
 Os serviços impróprios podem ser atendidos através de: permissão, 
regulamentação autorização, franquia etc. (Matéria de Direito Administrativo que os senhores 
verão mais a frente). 
 
 
 
 Ultrapassada essa fase, passemos à DESPESA PÚBLICA. 
 
 
 
1.2. – Despesa Pública. 
 1.2.1 – Conceito. 
 1.2.2. – Classificação legal e doutrinária. 
 1.2.3 – As Despesas Correntes e de Capital. 
 1.2.4 – Processamento da Despesa. 
 
 
1.2.1 – Conceito. (para refletir) 
 
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Despesa pública é soma dos gastos realizados pelo Estado para a realização de obras e 
para a prestação de serviços públicos. 
 
Conjunto de dispêndios do Estado, ou de outra pessoa de Direito Público, para o 
funcionamento dos serviços públicos. 
 
Aplicação de certa quantia, em dinheiro, por parte da autoridade ou agente público 
competente, dentro duma autorização legislativa, para execução de fim a cargo do 
governo. 
 
 Após traçaras finalidades que devem ser atendidas, qualificadas como de 
interesse público, o Estado tem necessidade de abastecer-se de R$, para o atendimento e 
cumprimento de seus objetivos. Após a entrada do R$, tem o Estado de aplicá-lo nos fins 
previamente traçados, surgindo, então, a despesa. 
Em tempos remotos era dispensável a arrecadação de R$, porque o Estado 
satisfazia suas necessidades mediante requisições de bens (colheita e animais) e serviços 
(se o Estado necessitava construir uma ponte, abrir uma estrada, determinava aos 
aldeões ou escravos que a abrissem). 
Modernamente, a receita é apurada pelos processos jurídicos. No nosso 
ordenamento as suas formas de apuração estão previstas na CRFB/88 e nas LEIS, 
conforme verificaremos a seguir. 
1.2.2. – Classificação legal e doutrinária da Despesa Pública. 
 
 
 Após formarmos o nosso entendimento sobre despesa pública, verificaremos 
como os nossos doutrinadores a enxergam. 
A classificação mais útil nesse momento é apresentada abaixo. 
 
 Conforme já tive oportunidade de externar nas minhas aulas, as classificações, os 
conceitos e as definições não são certas ou erradas; são úteis ou inúteis, na medida em 
que servem para identificar melhor o objeto de nossa análise. 
 
 
 
 Doutrinariamente a despesa pública possui a seguinte classificação: 
 
Quanto a Duração. 
Quanto a Extensão. 
Quanto a Natureza. 
 
 
A) Quanto a Duração. 
 
 Isto é, quanto ao tempo, a despesa pode ser entendida na seguinte subdivisão: 
 
 7 
Ordinária. 
Extraordinária. 
Especial. 
 
 
 A.1) Ordinária. 
 
 É a despesa comum, previsível (no orçamento). Ex. Pagamento de funcionários 
públicos, aposentados e pensionistas. 
 
 A.2) Extraordinária. 
 
 É a despesa que ocorre excepcionalmente, ao acaso, decorrente de situações 
imprevisíveis, por isso não constam do orçamento. Art. 167 § 3º da CRFB/88. 
 
 
 
A.3) Especial. 
 
 É a despesa previsível, porém, o Estado não sabendo quando a efetuará, deixa de 
incluí-la na peça orçamentária. Ex. Despesas decorrentes de sentenças judiciais 
(indenizações, perdas e danos, desapropriações). 
 
 
B) Quanto a Extensão. 
 
 Isto é, quanto à territorialidade do ente que a realiza. 
 
 
Interna 
Externa 
 
 B.1) Interna. 
 
É aquela efetuada dentro dos limites territoriais, por exemplo, do município. 
 
 
B.2) Externa. 
 
É aquela efetuada fora dos limites territoriais da entidade que a realiza. Ex. O 
Município do RJ efetua um pagamento a uma empresa sediada em outra localidade. 
 
 
C) Quanto a Natureza. 
 
 Isto é, quanto ao ente que a realiza: 
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Federal. 
Estadual. 
Municipal. 
 
 
 Conforme provenha do orçamento da União, dos Estados ou dos Municípios. 
 
 
D) Outras classificações da Doutrina: 
 
 D.1) Quanto ao fim que se destina: 
 
Despesa de governo. 
Despesa de exercício ou de gestão. 
 
 
 D.1.1) Despesa de governo. 
 
Correspondente aos gastos para a manutenção dos serviços indispensáveis 
ao Estado. Ex. Segurança, saúde. 
 
 
 D.1.2) Despesa de exercício ou de gestão. 
 
Com a finalidade de obter novas fontes de receitas, constituindo autênticos 
investimentos. Ex. Aquisição de títulos, ações, debêntures, letras de câmbio. 
 
 
 D.2) Do ponto de vista jurídico 
 
Fixa constitucional 
Fixa legal 
 
 
 D.2.1) Fixa constitucional. 
 
 Previstas ou decorrentes da CRFB/88. Ex. Pagamento de militares, 
parlamentares, transferências da receita tributária. 
 
D.2.2) Fixa legal. 
 
 A que advém das Leis que criam a oportunidade da realização do gasto. Ex. 
uma obra pública. 
 
D.3) Do ponto de vista econômico. 
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 D.3.1) Real. 
 
 Têm a finalidade de proporcionar ao Estado alguma vantagem, quer do 
setor privado ou do público. 
 
 D.3.2) De transferência. 
 
 Efetuadas pelo Estado sem que ocorra a contraprestação efetiva, entre o 
Estado e quem a recebe. Ex. pagamento de aposentados, salário família. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Após verificarmos de que maneira nossos doutrinadores enxergam as 
despesas, passemos, então, ao dispositivo legal que padroniza a escrituração das 
despesas no nosso sistema jurídico. 
 
 
 
 Apesar de toda classificação doutrinária das despesas, a Lei nº 4320 de 17 de 
março de 1964, também, fornece uma classificação para os Estados Distrito Federal e 
Municípios, a que chamaremos de legal, em virtude de sua previsão em Lei. 
 
 
1.2.3 – As Despesas Correntes e de Capital. 
 
 Leitura da LEI 4320/64, recepcionada pela CRFB/88 como Lei Complementar, 
com as modificações introduzidas pela Lei 7800 de 10 de julho de 1989. 
 
 Despesas Correntes e Despesas de Capital Art. 12, §§1º ao 6º Arts. 13 ao 21 da 
Lei acima citada. 
 
 
Despesas correntes 
Pessoal e Encargos Sociais. 
Juros e Encargos da Dívida. 
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Outras Despesas Correntes. 
 
Despesas de Capital. 
Investimento. 
Inversões Financeiras. 
Amortização da Dívida. 
Outras Despesas de Capital. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 De posse do entendimento do que é despesa pública, sua classificação 
doutrinária e legal, para finalizarmos o tema, vamos verificar como se realiza uma 
despesa pública, quais as etapas obrigatórias que devem ser observadas. 
 
 
 
1.2.4 – Processamento da Despesa. 
 
 A realização da despesa passa pelas seguintes fases distintas, quais sejam: 
 
1ª) Licitação. (ou procedimento licitatório). 
 
 Quando se tratar de obras, serviços e compras a realização da licitação se impõe 
em nome da moralidade pública. A aquisição de bens e a adjudicação de serviços deve 
sempre ser precedida de consulta e oferta à sociedade, em busca da igual oportunidade 
para os agentes econômicos e do melhor preço e qualidade para a administração. 
 O princípio básico da licitação é o da economicidade. Art. 70 da CRFB/88. 
 
 As modalidades de licitação, em função dos valores estimados da aquisição e da 
contratação estão previstos na Lei 8666/93. (Matéria de Direito Administrativo que os senhores 
verão mais a frente). 
 
 
2ª) Empenho. 
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 É o ato pelo qual se reserva do total da dotação orçamentária, a quantia necessária 
ao pagamento. 
 Permite à Administração realizar ulteriormente o pagamento e garante ao credor a 
existência da verba necessária ao fornecimento ou cumprimento de responsabilidades 
contratuais. 
 A lei torna necessária a expedição de nota de empenho para cada despesa, salvo 
quando há empenho global (despesa de pessoal). Art.60 da Lei 4320/64. 
 
 
3ª) Liquidação. 
 
 Nesta fase a administração verifica o direito adquirido pelo credor (empenho) 
tendo por base os documentos comprobatórios dos respectivos títulos de créditos. 
 Calcula a importância exata a pagar e identifica o credor. Confronta o contrato, a 
nota de empenho e os comprovantes da entrega do material ou da prestação do serviço. 
Art. 63 da Lei 4320/64. 
 
 
 
4ª) Pagamento. 
 
 É o momento final da realização da despesa pública, efetuam-no as tesourarias ou 
os estabelecimentos bancários autorizados. Art. 64 da Lei 4320/64. 
 
 Cabe salientar que a despesa pública só poderá ser realizada dentro de prévia 
autorização legal, conforme nos ensinam os Arts. 165 § 8º e 167 I, II, V, VI e VII da 
CRFB/88. 
 A não observância responsabilizará o governante infrator nos crimes previstos no 
Art. 85 VI da CRFB/88 e Art. 10, itens 1, 2, 3, 4; e Art. 11 itens 1 e 2 e Art. 74 da Lei 
1079/50 e DL 201/67. 
 As demais agentes públicos serão tratados pelo Art. 315 do Código Penal. 
 
 
ATENÇÃO: 
 
 
 Tema não menos importante no tocante às despesas é o que trata do limite imposto 
a esses gastos pela CRFB/88.Nesse sentido temos: (LER). 
 
A) CRFB/88. 
 
 - Art. 169 CRFB/88, regulamentado pela LC 101/2000 (LRF) 
 
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B) LRF 
 
 - Arts. 18 ao 23 disciplinam os limites das despesas de pessoal. 
 
 - Art. 21 fala da nulidade de pleno direito do ato que não respeitar os Arts . 16 e 
17 da LRF e o Art. 37 XIII da CRFB/88. 
 
 Finalmente, não podemos deixar de falar da renúncia de receita o que em última 
análise tem o mesmo efeito nas contas públicas que a inobservância dos limites 
impostos, vez que deixar de arrecadar tem o mesmo impacto negativo no orçamento do 
que gastar além do autorizado. 
 
 Nesse sentido o Art. 14 da LRF (LER) conceitua o é que é renúncia de receita. 
 
 A CRFB/88 nos Arts. 70; 150 §6º; 155 §2º XII, g; 156 §3º III e 165 §6º (LER) 
dispõem sobre o controle da renúncia de receita. 
 
 
 
 
AULA 2: 
 
2.1 – RECEITA PÚBLICA. 
 2.1.1 – Conceito. Fases históricas. 
 2.1.2 – Classificação. 
 2.1.2.1 – Segundo a duração. 
 2.1.2.2 – Segundo a Doutrina Alemã. 
 2.1.2.3 – Segundo o nosso ordenamento jurídico. 
 2.1.3 – As Receitas Correntes e de Capital. 
2.2 – Lei de Responsabilidade Fiscal. 
 2.2.1 - Princípios e normas relevantes. 
 
 
 
 
 Após verificarmos o tema despesa pública, passemos, agora, à RECEITA 
PÚBLICA. 
 
 
 Como nos ensinam Regis Fernandes de Oliveira e Estevão Horvath, 
historicamente, pode-se dizer que o patrimônio público era formado de terras. 
 A União disciplina o que lhe pertence no Art. 20 da CRFB/88. 
 Com o correr dos tempos, para manter seu aparato e para atendimento das 
necessidades públicas, o Estado passa a ter a necessidade de recursos financeiros 
(dinheiro). 
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 Diz Geraldo Ataliba: 
 
Duas formas pode o Estado obter recursos: auferindo lucros, na venda de bens e 
serviços, ou usando de seu poder para exigir o concurso compulsório das pessoas 
sujeitas a seu poder, para as necessidades públicas. 
 
 Ensina Aliomar Baleeiro: 
 
Para auferir o dinheiro necessário à despesa pública, os governos, pelo tempo afora, 
socorrem-se de uns poucos meios universais, quais sejam: 
 
a) realizam extorsões sobre outros povos ou deles recebem doações voluntárias; 
b) recolhem as rendas produzidas pelos bens e empresas do Estado; 
c) exigem coativamente tributos ou penalidades; 
d) tomam ou forçam empréstimos; e 
e) fabricam dinheiro metálico ou de papel. 
 
 
 
2.1.1 – Conceito. 
 
 A Receita pública compõe-se de todos os créditos ou proventos destinados à 
despesa geral do Estado, e a manutenção do seu patrimônio (Luiz Celso de Barros. Ciências 
das Finanças, P.137. 4ªEd, 1991). 
 
 
Receita é o complexo de capital social necessário à execução dos diferentes serviços 
públicos. (idem, ibidem). 
 
 
 Receita é o complexo de meios financeiros que o Estado arrecada para prover ao 
bem estar do seu povo. (idem, ibidem). 
 
 
Receita pública é a entrada que, integrando-se no patrimônio público sem quaisquer 
reservas, condições ou correspondência no passivo, vem acrescer o seu vulto, como 
elemento novo e positivo. (idem, ibidem). 
 
 
 
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 A partir desses conceitos doutrinários, faça uma reflexão e construa o seu 
próprio entendimento sobre o que é RECEITA PÚBLICA, para passarmos para a 
questão da classificação doutrinária e legal a seguir. 
 
 
 
 
2.1.2 – Classificação. 
2.1.2.1 – Segundo a duração. 
2.1.2.2 – Segundo a Doutrina Alemã. 
2.1.2.3 – Segundo o nosso ordenamento jurídico. 
2.1.3 – As Receitas Correntes e de Capital. 
 
 
2.1.2.1 – Segundo a duração. 
 
 Os autores classificam, segundo a duração (regularidade ou periodicidade), as 
receitas em: 
 
Ordinárias. 
 
Extraordinárias. 
 
A) Ordinárias. 
 
 São as periódicas e compõem permanentemente o orçamento do Estado. São 
provenientes de fontes permanentes, perpétuas, à disposição do Estado. Ex. Todos os 
tributos ordinários. 
 
 
B) Extraordinárias. 
 
 São as que se produzem excepcionalmente, como as doações e os impostos 
extraordinários. 
 São provenientes de fontes acidentais, e apenas excepcionalmente, o Estado 
lançará mão de tais receitas. Ex. O empréstimo compulsório e os impostos 
extraordinários. 
 
 
2.1.2.2 – Segundo a Doutrina Alemã. 
 
 
 
 A nossas colocações doravante terão uma forte influência da doutrina alemã, 
visto que ao final verificaremos que o nosso ordenamento pátrio se baseia nessa 
classificação. 
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A Doutrina Alemã assim classifica as receitas: 
 
Originárias. 
 
Derivadas. 
 
 
A) Originárias. 
 
 São as que o Estado aufere tendo em vista a exploração do patrimônio público, 
constituídas com o emprego do Direito Privado e arrecadadas voluntariamente. Ex. 
locação de seus imóveis, arrendamento, venda de bens públicos (lenha, carvão, lingotes 
de ferro e etc.). São os preços financeiros. Há voluntariedade. 
 
 
B) Derivadas. 
 
 São as que o Estado aufere tendo em vista a exploração do patrimônio do 
particular, constituídas com o emprego do Direito Público e arrecadadas 
coercitivamente. 
 Nestas receitas, portanto, o Estado, para poder retirar dos particulares, do 
patrimônio destes, somas que constituem arrecadações, deverá ter a seu lado um super 
direito, que impõe, obriga cujo ramo é o Direito Público. 
 
Ex. Tributos, multas, penalidades, perdimento e reparações de guerra. 
 
Há potestade (poder), há a soberania do Estado. 
 
 
I) Diferenças entre receita originária e derivada. 
 
Receita originária advém do Patrimônio público. 
(Inexiste coação, é um contrato de adesão). 
 
Receita derivada proveniente do Patrimônio do particular. 
(Jus Imperi) 
 
 
II) Diferenças entre entradas ou ingressos, receitas e movimento de caixa ou de 
fundos. 
 
 Todo e qualquer R$ que ingressa para os cofres públicos, seja a que título for, 
denomina-se ENTRADA ou INGRESSO. 
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 Entretanto, nem todo ingresso ou entrada constitui-se em receita. 
 Há entradas que ingressam provisoriamente nos cofres públicos, podendo neles 
permanecer ou não. 
 
 Movimento de Caixa ou e fundos 
 
ENTRADA OU INGRESSO: 
 
 Receita 
 
 
 
A) Movimento de Caixa ou de fundos. 
 
 São as entradas com destino de saída. Ex. Alienações, compras, empréstimos, 
restituições, cauções (procedimento licitatório), fianças, depósitos, indenizações. 
 
 
B) Receitas. 
 
 São as entradas definitivas. 
 
 
2.1.2.3 – Segundo o nosso ordenamento jurídico. 
 
 A classificação das nossas receitas, dentro do nosso ordenamento jurídico, 
(influenciada pela doutrina alemã, conforme anteriormente alertado) é a seguinte: 
 
Originárias. 
Derivadas. 
Transferidas. 
 
A) Originárias. 
 
 Doações, legados, bens vacantes, uso de bens públicos, preço, invenção, 
prescrição aquisitiva. 
 As receitas originárias são, também, chamadas de preço financeiro. 
 A captação do preço financeiro pode ocorrer das seguintes formas: 
 
 
 A.1) Exploração de serviços. 
 
 O Estado deixa de ser uma pessoa amorfa, passando a exercer atividades 
industriais e comerciais, como se fosse um particular, explorando seus serviços. 
Ex. Hospital das Forças Armadas, Observatório Nacional, Departamento de Aviação 
Civil, Centro Gráfico do Senado, Departamento de Imprensa Nacional. 
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 A.2) Alienação de unidades do patrimônio público. 
 
 O Estado possui um imenso patrimônio público, podendo promover a venda de 
parte deste patrimônio. Ex. Vendas de terras devolutas, edifícios, empresas públicas, 
navios, veículos imprestáveis, sucatas, material inservível. 
 
 A.3) Captação ou alienação de frutos e produtos do patrimônio público. 
 
 Entende-se por fruto tudo aquilo que pode ser retirado do bemprincipal sem 
alterar-lhe a natureza e a sua substância. Ex. Plantas, bovinos, lenha e dividendos pelo 
emprego do seu capital. 
 
 
I) Tipos de Preços Financeiros. 
 
 O italiano LUIGI EINAUDI divide os preços financeiros em: 
 
Preço quase privado. 
 
Preço Público ou tarifa. 
 
Preço Político. 
I.1) Preço quase privado. R>D. 
 
 O Estado se despe da roupagem advinda de seu império para cobrar como se fosse 
um particular. 
 Explora serviços comerciais ou industriais no regime da livre concorrência, em 
competição com o particular. Ex. Hospital das Forças Armadas, Observatório Nacional, 
Usinas de tubos de concreto. 
 
I.2) Preço Público ou Tarifa. R=D. 
 
 A principal finalidade da existência do preço público é a constatação de que a 
atividade mantida pelo Estado proporciona a cobertura das despesas. 
 Vale dizer: há equilíbrio entre receita e a despesa de manutenção da atividade. Ex. 
 Os preços dos serviços das empresas públicas (água, energia elétrica e telefone, 
hoje privatizadas). 
 
I.3) Preço Político. R<D. 
 
 Nem todas as atividades que o Estado mantém proporcionam equilíbrio (preço 
público) entre a receita e a despesa. 
 Existem algumas que, em vista do interesse público reinante, o Estado mantém 
uma atividade deficitária. Ex. Preços públicos cobrados aquém do valor de equilíbrio 
(receita e despesa). 
 18 
 
 
 
Visto o entendimento do que são as receitas originárias passemos às receitas 
derivadas (tributos, multas, reparação de guerra e o perdimento). 
 
 
B) Derivadas. 
 
 Tributos, multas e penalidades pecuniárias, reparação de guerra e perdimento. 
 
 B.1) Tributos. 
 
 O mais importante dos itens da receita pública é o dos ingressos tributários, 
derivados da economia dos cidadãos. 
 
Deles cuidaremos na parte da matéria dedicada ao DIREITO TRIBUTÁRIO. 
 
 
 B.2) Multas e penalidades pecuniárias. 
 
 Aplicadas pelo descumprimento da legislação fiscal, penal administrativa e 
disciplinar, impostas pelo juiz ou pela autoridade do Poder Executivo. 
 
B.3) Reparação de guerra. 
 
 B.4) Perdimento. (mercadorias e produtos abandonados ou esquecidos nos locais de entrada do país !!!!). 
 
 
 
E finalmente, as receitas transferidas. 
 
 
C) Transferidas. (Tributárias e não tributárias) 
 
 São transferidas porque, embora provindas do patrimônio do particular, não são 
arrecadadas pela entidade política que vai utilizá-las. 
 É o caso da repartição das receitas tributárias. (Art. 157 a 162 da CRFB/88). 
 
Exemplo típico de uma receita transferida de origem não tributária são os 
“royalties” do petróleo, o que na realidade é uma participação na exploração do petróleo 
conforme previsão constitucional do Art. 20 § 1º da CRFB/88. 
 
 
 
 19 
 Após verificarmos de que maneira nossos doutrinadores enxergam as 
receitas, passemos, então, ao dispositivo legal que padroniza a escrituração das 
receitas no nosso sistema jurídico. 
 
 
2.1.3 – As Receitas Correntes e de Capital. 
 
 A classificação legal das receitas, despesas, elaboração e controle dos orçamentos 
e balanços da União dos Estados e dos Municípios, encontramos na LEI 4320/64. 
 
 Receitas Correntes e Receitas de Capital. Art. 11, §§1º, 2º e 4º. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fechando o tema receitas públicas, a seguir é apresentada uma cartilha que é 
muito útil àquele que vai ter contato pela primeira vez com a Lei de 
Responsabilidade Fiscal. 
Assim recomendamos sua leitura num primeiro instante. 
 
 
2.2 – Lei de Responsabilidade Fiscal. (LC 101de 04 de maio de 2000 - LRF) 
 2.2.1 - Princípios e normas relevantes 
 
 
 O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão elaborou uma espécie de 
cartilha, lançada na data da sanção da lei complementar, objetivando apresentar, de 
forma esquematizada e sintética, os principais temas e o teor das normas mais 
importantes da lei de responsabilidade fiscal. 
 Assim, a seguir é apresentada a Visão Federal - Cartilha da LRF. 
 
 
MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO. 
 
CARTILHA DE ORIENTAÇÃO 
SOBRE 
A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL 
 
 
 
1) O que é a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)? 
 
 20 
 A Lei de Responsabilidade Fiscal é um código de conduta para os administradores públicos de 
todo o país, que passa a valer para os três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), nas três esferas 
de governo (federal; estadual e municipal). 
 
 A Lei de Responsabilidade Fiscal vai mudar a história da administração pública no Brasil. 
Através dela, todos os governantes passarão a obedecer a normas e limites para administrar as finanças, 
prestando contas sobre quanto e como gastam os recursos da sociedade. 
 
 
2) Qual é o objetivo da LRF? 
 
 Melhorar a administração das contas públicas no Brasil. Com ela, todos os governantes passarão 
a ter compromisso com orçamento e com metas, que devem ser apresentadas e aprovadas pelo 
respectivo Poder Legislativo. 
 
 
3) Quais são os principais pontos da LRF? 
 
 A Lei fixa limites para despesas com pessoal, para dívida pública e ainda determina que sejam 
criadas metas para controlar receitas e despesas. Além disso, segundo a LRF, nenhum governante pode 
criar uma nova despesa continuada (por mais de dois anos), sem indicar sua fonte de receita ou sem 
reduzir outras despesas já existentes. Isso faz com que o governante consiga sempre pagar despesas, 
sem comprometer o orçamento ou orçamentos futuros. 
 Pela LRF ainda, são definidos mecanismos adicionais de controle das finanças públicas em anos 
de eleição. 
 
 
GASTOS COM PESSOAL. 
 
 Na LRF, há limites de gastos com pessoal, como percentual das receitas, para os três Poderes da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, assim distribuídos: 
Para a União, os limites máximos para gastos com pessoal (50% da Receita Corrente Líquida) 
são assim distribuídos: 
2,5 % para o Poder Legislativo, incluindo o Tribunal de Contas 
6 % para o Judiciário 
0,6 % para o Ministério Público da União 
3 % para custeio de despesas do DF e de ex territórios 
37,9% para o Poder Executivo 
 
 Nos Estados, os limites máximos para gastos com pessoal (60% da Receita Corrente Líquida) 
serão: 
 
 3% para o Poder Legislativo, incluindo o Tribunal de Contas 
 6% para o Poder Judiciário 
 2% para o Ministério Público 
 49% para as demais despesas de pessoal do Executivo. 
 
 Nos Municípios, os limites máximos para gastos com pessoal (60% da Receita Corrente 
Líquida) serão: 
 
 6% para o Legislativo, incluindo o Tribunal de Contas 
 54% para o Executivo 
 
Observação do professor: 
 21 
 
 A receita corrente líquida é basicamente o total das receitas correntes (receitas tributárias, de 
contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços e transferências correntes: 
constitucionais, legais e voluntárias). Desse total devem ser excluídas as contribuições dos servidores 
para o seu sistema de previdência e nele devem ser computados os valores pagos e recebidos em 
decorrência do FUNDEF - Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de 
Valorização do Magistério e da "Lei Kandir" (art. 2º, § 2º) 
 
 Antes da LRF, os limites para despesa de pessoal estavam previstos na Lei Complementar no. 
96 de 31 de maio de 1999, denominada Lei Rita Camata II, aprovada pelo Congresso Nacional. 
 Ocorre que os Poderes Legislativo e Judiciário ficavam fora do alcance dessa lei. Agora, com a 
Lei de Responsabilidade Fiscal, isso mudou e os limites são aplicados a todos os Poderes e às três 
esferas de governo. 
 
 Se o governante verificar que ultrapassou os limites para despesa de pessoal, deverá tomar 
providências para se enquadrar, no prazo de oito meses. Mas, se depoisdisso, continuarem a existir 
excessos, ele sofrerá penalidades. 
 
 A partir da entrada em vigor da LRF, haverá uma regra de transição, que permite que os 
excessos de despesa com pessoal sejam eliminados nos dois exercícios seguintes, sendo - no mínimo, 
50% do excedente por ano. 
 
 
DÍVIDA PÚBLICA. 
 
 O Senado Federal estabelecerá limites para a dívida pública, por proposta do Presidente da 
República. Tais limites serão definidos também como percentuais das receitas da União, dos Estados, 
do Distrito Federal e dos Municípios. 
 
 Isto significa que os governantes deverão respeitar a relação entre a dívida e sua capacidade de 
pagamento. Ou seja, o governante não poderá aumentar a dívida para o pagamento de despesas do dia-
a-dia. 
 
 Lembrando sempre que: se o governante verificar que ultrapassou os limites de endividamento, 
deverá tomar providências para se enquadrar, dentro do prazo de doze meses, reduzindo o excesso em 
pelo menos 25%, nos primeiros quatro meses. Mas, se depois disso, continuarem a existir excessos, a 
administração pública ficará impedida de contratar novas operações de crédito. 
 
 
METAS FISCAIS. 
 
 A LRF determina o estabelecimento de metas fiscais trienais. Isso permite que o governante 
consiga planejar as receitas e as despesas, podendo corrigir os problemas que possam surgir no meio do 
caminho. É como conduzir um barco: quando tem um rumo é possível planejar as manobras necessárias 
para se chegar até lá, mesmo que algumas sejam difíceis e tenham que ser corrigidas ao longo do 
caminho. 
 
 Além disso, com as metas fiscais, fica mais fácil a prestação de contas à sociedade, porque se 
sabe o que está sendo feito e como está sendo feito para se atingir um objetivo – com isso a sociedade 
pode manifestar suas opiniões e colaborar para melhorar a administração pública. 
 
 
COMPENSAÇÕES. 
 
 22 
 A Lei estabelece que nenhum governante poderá criar uma nova despesa continuada - por prazo 
superior a dois anos - sem indicar sua fonte de receita ou a redução de uma outra despesa. Essa é a 
lógica da restrição orçamentária: se você quer comprar um carro à prestação, precisa ter um dinheiro 
reservado para pagar as prestações todo mês, ou então, precisa diminuir outros gastos. Isso funciona da 
mesma forma para o orçamento público. 
 
 
ANO DE ELEIÇÃO. 
 
 A Lei de Responsabilidade Fiscal contém restrições adicionais para controle das contas públicas 
em anos de eleição, com destaque para o seguinte: 
 
 - fica impedida a contratação de operações de crédito por antecipação de receita orçamentária (ARO); 
 - é proibido ao governante contrair despesa que não possa ser paga no mesmo ano. A despesa só pode 
ser transferida para o ano seguinte se houver disponibilidade de caixa; e 
 - é proibida qualquer ação que provoque aumento da despesa de pessoal nos Poderes Legislativo e 
Executivo nos 180 dias anteriores ao final da legislatura ou mandato dos chefes do Poder Executivo. 
 
 Na medida em que os administradores de recursos públicos respeitem a LRF, agindo com 
responsabilidade, o contribuinte deixa de pagar a conta, seja por meio do aumento de impostos, redução 
nos investimentos ou cortes nos programas que atendam à sociedade. 
 
 
4) Como a sociedade pode colaborar para o sucesso da LRF? 
 
 De acordo com a LRF, cada governante terá que publicar a cada quatro meses o Relatório de 
Gestão Fiscal, que vai informar em linguagem simples e objetiva as contas da União, Estados, Distrito 
Federal e Municípios, do Ministério Público e dos Poderes Legislativo e Judiciário de todas as esferas 
de governo. Assim, os eleitores, os credores, os investidores e todos os cidadãos terão acesso às contas, 
com o objetivo de ajudar a garantir a boa gestão do dinheiro público. 
 
 Além disso, cada governante terá que publicar, a cada dois meses, balanços simplificados das 
finanças que administra. 
 
 O acesso público será amplo, inclusive por meio eletrônico (via Internet). A partir daí, caberá à 
sociedade cobrar ações e providências de seus governantes, bem como julgar se estão procedendo de 
forma responsável na gestão fiscal. 
 
 A intenção é justamente aumentar a transparência na gestão do gasto público, permitindo que os 
mecanismos de mercado e o processo político sirvam como instrumento de controle e punição dos 
governantes que não agirem de maneira correta. 
 
 Ao mesmo tempo, espera-se que os bons administradores sejam premiados com o 
reconhecimento da população e do mercado, inclusive com maior acesso a crédito. 
 
 Vale lembrar que esta busca por uma maior transparência já foi iniciada na própria elaboração 
do projeto da LRF, que envolveu uma consulta pública, que também foi realizada através da Internet, 
onde foram registrados mais de 5.000 acessos. 
 
 A consulta pública consolidou a importância e a necessidade de se realizar uma mudança no 
regime fiscal, que foi manifestada em várias demonstrações de apoio e em sugestões, em sua maioria, 
incorporadas ao texto final da Lei. 
 
 
 23 
5) A partir de quando passa a vigorar a LRF? 
 
 A Lei de Responsabilidade Fiscal entra em vigor a partir de sua publicação. Portanto, a LRF 
começa a valer já a partir do ano 2000, o que significa que os atuais administradores públicos terão que 
cumprir as novas regras. 
 
 
6) O que acontecerá se as regras não forem respeitadas? 
 
 O governante que não cumprir a LRF, que inclusive apresenta prazos, alternativas e caminhos 
para que suas regras possam ser cumpridas, vai estar sujeito a penalidades, também chamadas de 
sanções. 
 Há dois tipos de sanções: as institucionais, previstas na própria LRF, e as pessoais, previstas na 
lei ordinária que trata de Crimes de Responsabilidade Fiscal. Segundo a LRF, os Tribunais de Contas 
fiscalizarão o cumprimento de suas normas. 
 
 Como exemplos de sanções institucionais temos: 
 
 - para o governante que não prever arrecadar e cobrar tributos (impostos, taxas e contribuições) que 
sejam de sua competência, serão suspensas as transferências voluntárias, que são recursos geralmente 
da União ou dos Estados, transferidos, por exemplo, através de convênios, que permitirão a construção 
de casas populares, escolas, obras de saneamento e outros; 
 
 - para quem exceder 95% do limite máximo de gastos com pessoal, fica suspensa a concessão de novas 
vantagens aos servidores, a criação de cargos, as novas admissões e a contratação de horas extras. Uma 
vez ultrapassado o limite máximo ficam também suspensas a contratação de operações de crédito e a 
obtenção de garantias da União; e 
 - quem desrespeitar os limites para a dívida, depois de vencido o prazo de retorno ao limite máximo e 
enquanto perdurar o excesso, não receberá recursos da União ou do Estado, através de transferências 
voluntárias. 
 
 Há também as sanções pessoais, previstas em uma lei ordinária - a Lei de Crimes de 
Responsabilidade Fiscal. Segundo a Lei de Crimes, os governantes poderão ser responsabilizados 
pessoalmente e punidos, por exemplo, com: perda de cargo, proibição de exercer emprego público, 
pagamento de multas e até prisão. 
 
 As penalidades alcançam todos os responsáveis, dos três Poderes e nas três esferas de governo. 
É bom lembrar que todo cidadão será parte legítima para denunciar. 
 
 
7) Como ficam os novos financiamentos entre União, Estados e Municípios? 
 
 De acordo com a LRF, fica proibida a concessão de novos financiamentos e refinanciamentos 
de dívidas entre a União, Estados e Municípios. 
8) Como o governo federal vai ajudar, principalmente os prefeitos, para garantir o cumprimento das 
regras da LRF? 
 
 As prefeituras merecerão atenção especial na implantação da nova lei, entre outros, pelo fato de 
2000 ser um ano de eleições municipais. 
 Além da divulgação atravésde palestras, seminários e treinamento de servidores, o Ministério 
do Planejamento e o BNDES desenvolverão um programa para dar às pequenas prefeituras um 
tratamento simplificado, com manuais e programas de computador destinados a emitir de forma rápida 
e automática os principais relatórios exigidos pela nova Lei. 
 
 24 
 
9) Por que a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) é tão importante para o país? 
 
 A Lei de Responsabilidade Fiscal é importante porque representa um enorme avanço na forma 
de administrar os recursos que os contribuintes põe a disposição dos governantes. 
 
 Quando o setor público gasta mais do que pode, o governo tem duas alternativas para se 
financiar. Uma delas é permitir a volta da inflação, imprimindo mais papel-moeda e colocando mais 
dinheiro em circulação na economia. 
 
 A outra alternativa é o governo pegar dinheiro emprestado no mercado financeiro, emitindo 
títulos públicos. Para isso, vai pagar juros ao mercado, porque, caso contrário, ninguém vai lhe 
emprestar dinheiro. Com isso, cada vez que precisar se financiar, vai oferecer títulos e pagar juros, e, 
quanto mais se endividar, maior será o risco de não conseguir pagar o que deve. Isso faz com que o 
mercado cobre juros cada vez mais altos para lhe emprestar dinheiro. Então ocorre o seguinte: a taxa de 
juros sobe, toda a economia sofre, mas o governo cobriu sua conta. 
 Entretanto, a partir de agora, com a LRF, todos os governantes, nas três esferas – União, 
Estados e Municípios - e nos três Poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário -, passarão a seguir 
regras e limites claros para conseguir administrar as finanças de maneira transparente e equilibrada. 
Caso contrário, estarão sujeitos a penalidades. 
 
 A LRF representa um importante instrumento de cidadania para o povo brasileiro, pois todos os 
cidadãos terão acesso às contas públicas, podendo manifestar abertamente sua opinião, com o objetivo 
de ajudar a garantir sua boa gestão. 
 
 Por tudo isso, é que a LRF pode ser considerada de fundamental importância: reforçando os 
alicerces do desenvolvimento econômico sustentado, sem inflação para financiar o descontrole de 
gastos do setor público, sem endividamento excessivo e sem a criação de artifícios para cobrir os 
buracos de uma má gestão fiscal. 
 
Fonte:Site BNDES - http://federativo.bndes.gov.br). 
 
 
2.2.1 - Princípios e normas relevantes. 
 
 Encontramos os seguintes princípios na LC 101/2000: 
 
 
 
Responsabilidade fiscal (accountability). 
 
Equilíbrio das contas públicas. 
 
Regime de caixa (e não mais o regime de competência). No de caixa 
considera o registro dos documentos quando estes foram pagos, liquidados, ou 
recebidos, como se fosse uma conta bancária. Já no de competência, o registro do 
documento se dá na data do fato gerador, ou seja, na data do documento, não 
importando quando vou pagar ou receber. 
 
Transparência. 
 
Metas fiscais bimestrais, quadrimestrais, anuais e trienais. 
 25 
 
Controle de riscos fiscais. 
 
 
 
 
 
 Agora abra a LRF e proceda a sua leitura. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AULA 3: 
 
3.1 – O Orçamento Público. 
 3.1.1 – Breve histórico. Conceito e Princípios. 
 3.1.2 – A proposta Orçamentária. 
 3.1.2.1 – Organização, apresentação e aprovação – Prazos. 
3.2 – Os Créditos Adicionais. 
3.3 - O Controle Orçamentário. 
 3.3.1 – A Fiscalização financeira e orçamentária. 
 3.3.2 – A Constituição Financeira 
 3.3.3 – Os Tribunais de Contas. 
 
 
3.1.1 – Breve histórico. Conceito e Princípios. 
 
I) Breve histórico. 
 
 Como é sabido, na Inglaterra, no regime absolutista todos os poderes eram 
enfeixados nas mãos de um único soberano que, a seu talante, criava e cobrava tributos 
sem qualquer participação do povo. 
 Destarte, o processo envolvendo a fixação de dispêndios públicos não fugia à 
regra. 
 26 
 Decorrente disso e interpretando o legítimo anseio popular de mudanças nesse 
campo, a nobreza britânica liderou um movimento, no limiar do séc. XIII, visando 
reverter esse quadro de concentração de poderes. 
 É importante assinalar que esse movimento foi vitorioso, na medida em que o 
povo começou a participar de modo democrático do processo orçamentário . 
 Isto foi reconhecido por João Sem Terra (João III) na Carta Magna de 1215, e 
confirmado na Declaração de Direitos (Bill Of Rights), assinada em 1689. (marcos 
históricos determinantes da origem do orçamento). 
 Com o advento da Revolução Francesa foi acolhido o princípio salutar do voto no 
tocante à receita, posto que as despesas fossem globalizadas. 
 Todavia, mais tarde, em 1817, passou a ser adotado o princípio da votação e 
discriminação das despesas públicas. 
 Entre nós, as questões orçamentárias passaram a ser consideradas de maneira mais 
relevante, a partir da chegada de D. João VI ao Brasil, quando se principiou a 
observância dos elementos constitutivos da administração financeira. Isto foi alcançado 
com a introdução do controle e fiscalização do orçamento com a conseqüente 
escrituração contábil das receitas e despesas. 
 Da Constituição de 1824 até a presente data, o processo orçamentário foi se 
consolidando e se aperfeiçoando ao longo do tempo. 
 Todas as Constituições durante esse período atribuíram grande importância ao 
orçamento, sendo que o texto constitucional vigente dedica capítulo específico ao 
orçamento estabelecendo: O Plano Plurianual; as Diretrizes Orçamentárias; e Lei 
Orçamentária Anual (com os Orçamentos Anuais: fiscal, de investimentos das empresas 
estatais e da seguridade social). 
II) Conceito. 
 
 O orçamento exterioriza a linha de gestão governamental, permitindo que o 
Legislativo, em sua análise, e o povo, depois de aprovado, saiba de que forma será 
administrado o País, o Estado, o Município, e o Distrito Federal. 
 
 Pelo orçamento, tem-se a informação de despesas de custeio e de capital dos entes 
federativos, bem como de suas respectivas autarquias e fundações por eles criadas e 
mantidas. 
 
 O orçamento, na realidade, traz consigo três aspectos conceituais importantes, 
quais sejam: 
 
A) Aspecto Técnico. 
 
 Exterioriza a linha de gestão governamental, permitindo que o Legislativo, em sua 
análise, e o povo, depois de aprovado, saiba de que forma será administrado o País, o 
Estado, o Município, e o Distrito Federal. 
 
 Pelo orçamento, tem-se a informação de despesas de custeio e de capital dos entes 
federativos, bem como de suas respectivas autarquias e fundações por eles criadas e 
mantidas. 
 27 
 
 
B) Aspecto Político. 
 
 O orçamento é informado por uma série de princípios, todos, tendo como objetivo 
resguardar-lhe a função política, como plano de governo, que o Parlamento aprova, para 
que o Executivo fielmente execu 
 O critério político vem inserido na própria CRFB/88 que atribui ao orçamento as 
funções primordiais de reduzir as desigualdades inter-regionais e sociais, segundo 
parâmetro populacional. 
 
 É, pois, o instrumento de intervenção do Estado no domínio econômico, voltado 
para a valorização do trabalho humano em consonância com os ditames da justiça social. 
 
 
C) Aspecto Jurídico. 
 
 Aprovado conforme as regras constitucionais que disciplinam a sua elaboração 
torna-se de observância obrigatória em qualquer nível dos entes federativos. 
 
 
III) Princípios. 
 
1) PUBLICIDADE. 
 
 Divulgação na imprensa da íntegra da lei orçamentária, bem como dos relatórios 
sobre sua execução. Arts. 165 § 3º e 166 § 7º (também a Lei orçamentária deverá ser 
publicada para que possa entrar em vigor, na forma das regras do processo legislativo). 
 
 
2) EQUILÍBRIO ORÇAMENTÁRIO. 
 
 Significa que a LEI ANUAL deve ser equalizada em receitas e despesas.Art. 165 
§ 5º I, II, III CRFB/88. 
 
 
3) UNIVERSALIDADE DO ORÇAMENTO. 
 
 Deve conter todas as receitas e despesas da União, de qualquer natureza, 
procedência ou destino, inclusive a de fundos, dos empréstimos e dos subsídios. É 
princípio da maior importância para o equilíbrio financeiro. Art. 165 § 5º I, II, III 
CRFB/88. 
 
 
4) CLAREZA ou TRANSPARÊNCIA. 
 
 28 
 Recomenda que o orçamento organize as entradas e as despesas com transparência 
e fidelidade. 
 Condena as classificações tortuosas e distanciadas da técnica e os incentivos 
encobertos ou camuflados. Art. 165 § 6º CRFB/88. 
 
 
5) EQUIDADE ENTRE REGIÕES. 
 
 É de suma importância para um Estado Federado. Arts. 23 § único, 151 I e 165 § 
7º CRFB/88. 
 
 
6) ANTERIORIDADE. 
 
 O orçamento deve ser aprovado antes do início do exercício financeiro. A exceção 
se abre para os créditos adicionais (suplementares, especiais e extraordinários). Art. 167 
V, §§ 2º e 3º CRFB/88. 
 
 
7) ANUALIDADE. 
 
 Indica que o Legislativo deve exercer o controle político sobre o Executivo pela 
renovação anual da permissão para cobrança dos tributos e a realização dos gastos, 
sendo inconcebível a perpetuidade ou a permanência da autorização para a gestão 
financeira. Art. 165 § 8º da CRFB/88. (a lei orçamentária anual.........) 
 
 
8) EXCLUSIVIDADE. 
 
 O orçamento não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e a fixação da 
despesa . Art. 165 § 8ºda CRFB/88. (a lei orçamentária anual não conterá dispositivo 
estranho......) 
 
 
9) ESPECIALIDADE. 
 
 Os orçamentos devem discriminar e especificar os créditos, os órgãos a que tocam 
e o tempo em que se deve realizar a despesa. 
 
A especialidade pode ser: 
 
A) Quantitativa. 
 
 Fixação de montantes. Art. 167 II e VII da CRFB/88. (que excedam......) 
 
 
 29 
B) Qualitativa. 
 
 Veda o remanejamento, a transferência. Art. 167 VI da CRFB/88. (mudança, 
transposição, remanejamento) 
 
 
C) Temporal. 
 
 Limita a vigência dos créditos. Art. 167 § 2º da CRFB/88. (terão vigência no 
exercício.....) 
 
 
10) NÃO-AFETAÇÃO DA RECEITA. 
 
 Vedada é a vinculação da receita a certas despesas. Art. 167 IV da CRFB/88. 
 Princípio demasiadamente importante para o Direito Tributário. 
 
 
11) LEGALIDADE. 
 
 Divide-se em: 
 
A) Superlegalidade orçamentária. 
 Exige a adequação entre o orçamento e a Constituição. 
 
B) Reserva da Lei. 
 
 Somente a Lei formal pode aprovar os orçamentos e os créditos especiais e 
suplementares. Arts. 163, 165 caput e § 9º, 167 nos seus vários incisos da CRFB/88. 
 
C) Primado (primazia, preferência, superioridade) da Lei orçamentária. 
 
 Expressa que o poder regulamentador da Administração apenas se manifesta nos 
espaços deixados pelo legislador na aprovação dos orçamentos e dos créditos especiais e 
suplementares. 
 
 
12) EQUIDADE ENTRE GERAÇÕES. 
 
 Os empréstimos públicos e as despesas governamentais não devem sobrecarregar 
as gerações futuras. Art. 167 III da CRFB/88. 
 
 
13) UNIDADE DO ORÇAMENTO. 
 
 30 
 O orçamento é uno, integrando e harmonizando os diversos orçamentos 
(orçamento fiscal, o de investimento das estatais e o da seguridade social). 
 
 A unidade passou a denotar a existência de um orçamento básico, em torno do 
qual se agregam orçamentos miniaturais que, ao cabo de contas, se incorporam e se 
integralizam ao aludido orçamento base, compondo um todo indivisível. 
 
ESSA É A VISÃO ATUAL DO POSTULADO DA UNIDADE. 
 
 
14) IGUALDADE. 
 
 Art. 5º caput da CRFB/88. Condição essencial para a Legitimidade do Estado 
Financeiro. 
 
 
3.1.2 – A proposta Orçamentária. 
3.1.2.1 – Organização, apresentação e aprovação – Prazos 
 
 
 Elaborar ou preparar um orçamento corresponde à tarefa de fazer a previsão da 
receita e a fixação das despesas, a fim de serem as verbas gastas, cotadas e autorizadas 
pelo Poder Legislativo antes da execução. 
 A incumbência de elaborar a Lei Orçamentária cabe ao Poder Executivo por ser 
ele quem administra e conhece melhor as necessidades públicas. 
 Por outro lado ninguém melhor que o Poder Executivo para dizer onde se devem 
buscar os recursos de que carece, e além do mais tem à sua disposição os funcionários 
que lhe podem fornecer os dados corretos referentes à situação financeira do país. 
 O Art. 165 da CRFB/88 determina a existência de 3 leis orçamentárias. 
 
 
I) O Plano Plurianual. 
 
 PPA (Art. 165 I §1ºCRFB/88). 
 Estabelece programas e as metas governamentais de longo prazo, consubstancia as 
diretrizes e objetivos que a administração pública deve perseguir com vistas ao 
desenvolvimento do país. 
 São os programas de duração continuada. O PPA trata das despesas de capital. 
 
A) Prazo. 
 
 Na esfera federal o PPA deve ser encaminhado até 4 meses antes do encerramento 
do primeiro exercício financeiro (ADCT Art. 35 § 2º I) 
 
B) Vigência. 
 
 31 
 É discutível a sua vigência na medida em que não existe Lei Complementar que o 
defina. Entende-se que deva ser elaborado para um período de 3 anos. 
 
Observações: 
 
a) Há superioridade do PPA sobre a LDO e LOA. 
 
b) A sociedade a partir do PPA sabe o comportamento que espera do governo no que 
concerne aos projetos de longo alcance. 
 
c) Tem caráter ordenatório programático. 
 
d) Baliza a ação governamental para o desenvolvimento econômico e a efetiva 
promoção do bem estar social. 
 
e) Estabelece diretrizes que nortearão a elaboração dos orçamentos fiscal e de 
investimento, que possibilitem a redução das desigualdades regionais e sociais 
 
 
 
 
 
 
II) Lei de Diretrizes Orçamentárias. 
 
 LDO (Art. 165 § 2º da CRFB/88). 
 Compreende as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as 
despesas de capital para o exercício subseqüente. Orientará a elaboração da LOA. 
 
A) Metas 
 
 A educação e a cultura, a saúde, por exemplo. 
 
 
B) Prioridades 
 
 Melhoria da educação básica, ação integrada para a criança e o adolescente e 
consolidação do sistema único de saúde, por exemplo. 
 
 
C) Prazo. 
 
 Na esfera federal a LDO deve ser encaminhado até 8 meses antes do encerramento 
do exercício financeiro( ADCT Art. 35 § 2º II). 
 
 
 32 
D) Vigência 
 
 A LDO é anual, valendo somente por um período, e deve existir uma LDO para 
cada exercício financeiro. 
 
Observações: 
 
a) Orientar, sinalizar, anualmente, a feitura do orçamento. 
 
b) Plano prévio fundado em considerações econômicas e sociais, para a ulterior 
elaboração da proposta orçamentária do Executivo, do Legislativo (Art. 51, IV e 52, 
XIII), do Judiciário (Art. 99 §1º) e do Ministério Público (Art. 127, § 3º), todos da 
CRFB/88. 
 
 
III) Lei Orçamentária Anual. 
 
 LOA (Arts. 165 III e §§ 5ºa 8º, 166 § 3º I, II e III todos da CRFB/88. e Art. 38 dos 
ADCT). 
 
 A Lei Orçamentária anual compreenderá o orçamento fiscal, o de investimentos 
das empresas estatais e o da seguridade. 
 
A) Prazo 
 
 Na esfera federal a LOA deve ser encaminhado até 4 meses antes do encerramento 
do exercício financeiro (ADCT Art. 35 § 2º III). 
 
 
B) Vigência 
 
 A LOA é anual, valendo somente por um período, e deve existir uma LOA para 
cada exercício financeiro. 
 A LOA é mero reflexo daquela parte do PPA que se esgota naquele exercício. 
 
 
C) Emendas. 
 
 Terão que ser compatíveis com a LDO e o PPA 
 
Observações: 
 
a) O Orçamento Fiscal, contempla os 3 Poderes, no que pertine às despesas e receitas. 
 Contempla também os Fundos, Órgãos e Entidades da Administração Direta e 
Indireta, inclusive Fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público. 
 
 33 
Fundos>>> são receitas especificadas (LC), que se vinculam à realização de 
determinados objetivos ou serviços. Ex. FAT. 
 
Órgãos >>> são os específicos, autônomos, desprovidos de Personalidade Jurídica. 
 
Entidades >>> são as Autarquias, Fundações, Empresas Públicas e Sociedades de 
Economia Mista. 
 
b) O Orçamento de Investimento das Empresas Púb. e Soc. de Eco. Mista, compreende 
os programas de investimentos das empresas em que a União, direta ou indiretamente, 
detenha a maioria do capital com direito a voto. 
 
c) O Orçamento da Seguridade Social compreende as receitas relacionadas com as 
despesas de saneamento básico, saúde, previdência e assistência social. 
 A Seguridade Social conta com o aporte dos seguintes recursos para a 
consecução de seus objetivos: 
 
 - contribuições sociais a que se refere a CRFB/88 no Art. 195 (direto tributário); 
 - receita própria dos órgãos, fundos e entidades que integram exclusivamente a 
seguridade social; 
 - contribuição dos servidores públicos; e de transferência de contribuição da União, 
fixada na LOA. 
 
 Em relação à elaboração e tramitação da LOA, podem ser identificadas 
basicamente 4 fases no processo orçamentário: 
 
 
Elaboração. 
 
Exame e aprovação. 
 
Execução. 
 
Controle e prestações de contas. 
 
 
A) Elaboração. 
 
 A Secretaria de Orçamento Federal (SOF), nos meses de janeiro a maio, procede à 
análise dos orçamentos dos últimos exercícios, visando a definir os limites de gastos por 
unidade orçamentária. Em junho, os órgãos setoriais apresentam proposta contendo a 
definição do montante dos recursos necessários à manutenção dos serviços, bem como 
previsão para novos projetos a serem desenvolvidos. Posteriormente faz-se um 
documento final com o demonstrativo de receita e despesa previstas para o período 
subseqüente. 
 
 34 
 
B) Exame, Aprovação e Execução. 
 
 Verificar a pág. 94 do livro Direito Financeiro na Constituição de 1988. José 
Mauricio Conti. Ed. Oliveira Mendes. 
 
 
3.2 – Os Créditos Adicionais. 
 
 São as autorizações de despesa não computadas ou insuficientemente dotadas na 
lei de Orçamento.(Lei 4320/64 Art. 40). 
 
 
 
Os créditos adicionais podem ser: (Lei 4320/64 Art. 41). 
 
Suplementares 
 
Especiais 
 
Extraordinários 
 
 
A) Suplementares. 
 
 Aqueles destinados a reforço de dotação orçamentária. 
 
 
B) Especiais. 
 
 São destinados a despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica. 
 
 
C) Extraordinários. 
 
 São destinados a despesas urgentes e imprevisíveis, em caso de guerra, comoção 
intestina ou calamidade pública. Serão abertos através de MP (Art.167, §3º da 
CRFB/88). 
 
 
I) Características dos créditos adicionais 
 
 Os créditos adicionais terão vigência adstrita ao exercício financeiro em que 
forem abertos (salvo expressa disposição legal em contrário, quanto aos especiais e 
extraordinários. O ato que abrir crédito adicional deverá indicar a importância, a espécie 
e a classificação da despesa (Lei 4320/64 Arts. 45 e 46). 
 35 
 Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no exercício financeiro em 
que forem autorizados, salvo se o ato de autorização for promulgado nos últimos 4 
meses daquele exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão 
incorporados ao orçamento do exercício subseqüente (Art. 167 § 1º CRFB/88). 
 
 
II) Requisitos para abertura de créditos adicionais. 
 
 Art. 167 V da CRFB/88 e Art. 42 a 46 da Lei 4320/64. 
 
 Visto isso temos uma visão mais aproximada da organização, apresentação e 
aprovação do orçamento. 
 Uma vez ultrapassada essa fase o orçamento passa a ser executado 
 Agora passaremos a verificar o controle e prestações de contas da execução 
orçamentária. 
 
3.3 - O Controle Orçamentário. 
 3.3.1 – A Fiscalização financeira e orçamentária. 
 3.3.2 – A Constituição Financeira 
 3.3.3 – Os Tribunais de Contas. 
 
 Os Arts 70 a 75 da CRFB/88 regulamentam a matéria. LER 
 
I) Modalidades de Fiscalização. 
 
 O Art. 70 fala em: .......... 
 
 
 Fiscalização contábil >>> feita através de registros contábeis. 
 
 Fiscalização financeira >>> controle de arrecadação e da realização de despesas. 
 
 Fiscalização operacional >>>visa as operações de crédito. 
 
 Fiscalização patrimonial >>> visa os bens móveis e imóveis que constituem o 
 patrimônio público. 
 
 
II) Objeto da Fiscalização. 
 
 O Art. 70 da CRFB/88 fala, além da Administração Pública Direta e Indireta, de 
subvenções (Art. 3º da Lei 4320/64), são transferências de receitas para cobrir despesas 
de custeio) e renúncia de receita (isenções, as deduções, as reduções de base de cálculo 
dos tributos) 
 Isso ocorre porque outrora através de privilégios nessa área, é que se aumentou, 
sobremaneira, o endividamento do setor público. 
 36 
 
III) Controle da Execução Orçamentária. 
 
 A palavra controle ingressou na Constituição Federal após 1964, em face de sua 
universalização no direito francês, alemão, espanhol e americano. 
 
 O controle pode ser exercido de 2 maneiras: 
 
Controle interno. 
 
Controle externo. 
 O controle interno é mantido pelos 3 poderes.(Art.74 da CRFB/88). 
 
 Já o controle externo é exercido pelo Congresso Nacional com o Auxílio do TCU. 
(Arts. 70 a 73 da CRFB/88). 
 
 Somente o Congresso libera de responsabilidade o Presidente da República pela 
execução do orçamento. 
 
 O controle externo é exercido pelo Congresso com auxílio do TCU (exame inicial 
e o parecer prévio e não-vinculante sobre as contas da Administração.) . 
 
 O controle externo pode ser: a posteriori; contemporâneo; prévio e simultâneo. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE OS TEMAS 
E SUA 
PREVISÃO CONSTITUCIONAL 
 
Constituição Financeira: 
 
 - Art. 24 e seus parágrafos (competência legislativa concorrente; União: normas gerais). 
 
 - Arts. 34, V, a, e 35, I (intervenção por falta de pagamento da dívida fundada por mais de 2 anos,salvo 
força maior). 
 
 - Arts. 48, XIV; 52, V a IX (competência do Congresso Nacional ou Senado Federal em matéria de 
crédito público). 
 
 - Arts. 70/75 (fiscalização orçamentária). 
 
 - Art. 100 (dívida pública e precatórios). 
 
 - Arts. 157/162 (transferências intergovernamentais de receitas tributárias). 
 
 - Arts. 163/169 (finanças públicas: normas gerais e orçamentos públicos). 
 
 - Arts. 21, VII e VIII; 22, VI; 48, IV (diversos). 
 
 - Arts. 211/213 (prestações financeiras vinculadas à educação). 
 37 
 
 - crime de responsabilidade (CRFB/88, Art. 85, V, VI e VII; Lei 1.079/50 e Dec.-lei 201/67, quanto 
aos Prefeitos). 
 
 - crime comum (Cód. Penal, art. 315) e crime contra as finanças públicas (Lei 10.028/2000). 
 
 - sanções políticas, civis e administrativas por improbidade (CRFB/88, Art. 37, § 4º; Lei 8.429/92). 
 
 - sanções administrativas (multas) por ilegalidades, aplicáveis pelo Tribunal de Contas (CRFB/88, art. 
71, VIII); 
 
 - sanções institucionais e nulidades (LC. 101/2000 – Lei de Responsabilidade Fiscal). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AULA 4: 
 
4.1 – O Tributo. Conceito. 
 4.1.1 - Elemento Irrelevante do Tributo. 
 4.1.2 – Elementos constitutivos dos Tributos. 
4.2 – Espécies de Tributos. Conceitos, classificações e distinção. 
 4.2.1 – Impostos. 
 4.2.1.1 – Características dos impostos. 
 4.2.1.2 – Classificação dos impostos. 
 4.2.1.3 – Elementos constitutivos dos impostos. 
 4.2.2 – Taxas. 
 4.2.2.1 - Características das Taxas. 
 4.2.2.2 – Classificação das Taxas. 
 4.2.2.3 - Diferença entre a Taxa e a Tarifa (ou Preço Público). 
 4.2.2.4 – Elementos instituidores das Taxas. 
 4.2.2.5 - Questionamentos da doutrina em relação às Taxas.4.2.3 – Contribuições de Melhoria. 
 4.2.3.1 – Conceito, Características e Elementos Constitutivos da 
Obrigação Tributária. 
 4.2.3.2 – Questionamentos em relação à Contribuição de Melhorias. 
 4.2.4 – Empréstimos Compulsórios. 
 4.2.4.1 – Conceito. 
 4.2.4.2 – Características do Empréstimo Compulsório. 
 38 
 4.2.5 – Contribuições Especiais. 
4.2.5.1 – Conceito. 
4.2.5.2 – Características. 
4.2.5.3 – Elementos Constitutivos da Obrigação Tributária. 
4.2.5.4 – Classificação. 
 
 
4.1 – O Tributo. Conceito. 
 
 Antes de falarmos das espécies vamos verificar o conceito do gênero TRIBUTO, 
através da leitura do Art.3º do CTN. 
 
 
4.1.1 - Elemento Irrelevante do Tributo. 
 
 É irrelevante o nome que o legislador dá ao tributo. A NJ do tributo é determinada 
pelo (FG) da Obrigação Tributária (OT). Art. 4º do CTN. 
 O legislador pode chamar de taxa o que na realidade é imposto. 
 Também é irrelevante para NJ do tributo o que o Estado vai fazer com o R$ 
arrecadado. 
 Nos Impostos é vedada a vinculação. Art. 167 da CRFB/88. (princípio da não 
afetação do Direito Financeiro). 
 No empréstimo compulsório é obrigatória. Art. 148 § único da CRFB/88. 
 Nas demais espécies é facultativo. Ex. A arrecadação da taxa do lixo que não é 
aplicada na COMLURB não permite ao contribuinte dizer que a mesma não é devida. 
Deficiência também não é motivo. O Sujeito Passivo (SP) só poderá deixar de pagar se o 
serviço não for executado. 
 
 
4.1.2 – Elementos constitutivos dos Tributos. 
 
I) O Fato Gerador (FG). 
 
 O FG é representado por acontecimentos, quais sejam: atos, fatos ou situações 
jurídicas, ligadas direta e pessoalmente ao contribuinte que denote capacidade 
contributiva, conforme prevê o Art. 145 § 1ºda CRFB/88. 
 Será a situação necessária e suficiente para dar origem a Obrigação Tributária 
(OT). 
 É o ato, fato ou situação jurídica descrita na Hipótese de Incidência (HI) da Lei 
Tributária (comando geral e abstrato). 
 É o núcleo da obrigação tributária, Fato gerador abstrato, também chamado de 
Hipótese de incidência. 
 Sua previsão legal se encontra estampada no CTN nos Arts. 114 ao 118. 
 
 
II) O Sujeito Passivo (SP). 
 39 
 
 Sujeito passivo pode ser o contribuinte ou responsável tributário. 
 O contribuinte tem uma relação direta com o FG. 
 O responsável tem uma relação indireta ou mediata com o FG. 
 A Lei é quem define o responsável tributário. 
 O CTN a partir do Art. 121 até o 138 prescreve normas que regem o SP da 
obrigação tributária. A matéria pertinente ao SP será, posteriormente, objeto de estudo 
da aula 13. 
 
 
III) O Sujeito Ativo (SA). 
 
 São sujeitos ativos a União, os Estados membros, o Distrito Federal e os 
Municípios, ou a pessoa que a lei outorgue capacidade tributária ativa, as autarquias e 
fundações, pessoas jurídicas de Direito Público. 
 O Estado tem competência tributária e a capacidade tributária ativa. 
 O SA terá a obrigação de cobrar, arrecadar, e fiscalizar a arrecadação tributária. 
 
IV) A Base de Cálculo (BC). 
 
 É a riqueza a ser tomada como medida para a prestação tributária e respectiva 
alíquota fiscal. É aquela situação de riqueza, sobre a qual incidindo uma alíquota vai se 
determinar o quantum debeatur (QD) 
 A BC tem que ser inerente ao FG. Não se pode pegar, por exemplo, como FG de 
um determinado tributo a renda e a BC o Valor venal do imóvel do SP! 
 A BC é a expressão econômica do FG. A base de riqueza sobre a qual incidirá o 
tributo, ou seja, a situação de riqueza sobre a qual incidindo uma alíquota (normalmente 
%, dependendo da localização), vai se determinar o quantum debeatur, (QD) (o quanto 
a pagar de tributo). 
 A BC será o valor venal (do latim venale, que pode ser vendido, exposto a venda, 
referente à venda) do imóvel. Valor este arbitrado pela Prefeitura. 
 
QD = BC x Alíquota 
 
 O importante é verificar que em função do princípio da legalidade tributária todos 
esses elementos têm que estar definidos na lei. 
 
 
4.2 – Espécies de Tributos. Conceitos, classificações e distinção. 
 
 A doutrina se divide em 4 correntes principais: 
 
1ª) Corrente Bipartida. 
 
 
Impostos (tributo não vinculado à atuação estatal). 
 40 
 
Taxas (tributo vinculado à atuação do Estado). 
 
 
2ª) Corrente Tripartida. 
 
 Impostos. 
 
Taxas. 
 
Contribuição de Melhoria. 
 
 
 
3ª) Corrente Quadripartida 
 
 
 Impostos. 
 
Taxas. 
Contribuições. 
 
Empréstimos Compulsórios. 
4ª) Corrente Quinqüipartida. Observação: A ser adotada por nós. 
 
1 – Impostos. Art. 145 I da. CRFB/88. Não vinculado à atuação do Estado + Art 167 IV 
CRFB/88. 
 
2 – Taxas. Art. 145 II da CRFB/88. Vinculado à prestação de serviços e ao exercício do 
poder de polícia. 
 
3 – Contribuição de Melhoria. Art. 145 III da CRFB/88. Vinculada à realização de obra 
pública. 
 
4 – Empréstimos Compulsórios. Art. 148 da CRFB/88. Vinculado a uma prestação 
estatal. 
 
5 – Contribuição Especial ou Parafiscal Art. 149 da CRFB/88. Parte da sociedade 
contribui para que toda a sociedade saia ganhando. 
 
 
 Econômicas. Ex. AFRMM, CIDE e CONDECINE. 
 
 Sociais. Ex. FGTS, INSS. 
Se 
sub - dividem: Profissionais. Ex. OAB. 
 41 
 
 CCSILP (Contribuição para o Custeio do Serviço de Iluminação 
 Pública). Art. 149 – A da CRFB/88. 
 
 
 O motivo dessa pluralidade de correntes é o advento das contribuições especiais. 
A doutrina ainda não se uniformizou. 
 
 
4.2.1 – Impostos. 
 
 É a espécie de tributo que tem como FG da respectiva OT um pressuposto de fato 
alheio a uma atividade estatal dirigida ao contribuinte. Art. 16 do CTN. 
 A competência tributária para instituir imposto é rígida, privativa. Art. 17 do 
CTN, Arts. 153, 154, 155 e 156 da CRFB/88. 
 Diferentemente para as taxas onde a competência é comum. 
 O imposto é aquela espécie de tributo na qual o contribuinte não tem direito a uma 
prestação do Estado que lhe venha beneficiar. 
 
“O ESTADO COBRA IMPOSTOS PARA EQUALIZAR OS DESNÍVEIS SOCIAIS”. 
 
 O imposto é devido tão somente pela ocorrência do Fato Gerador (FG), ou seja, 
ato, fato, situação jurídica reveladora da capacidade econômica. 
4.2.1.1 – Características dos impostos. 
 
1ª) Inexistência de contraprestação estatal. 
 
 Não há atividade específica do Estado dirigida ao contribuinte, sujeito passivo 
(SP) dessa relação jurídica. 
 Entenda-se Estado lato sensu, já que existem impostos federais, estaduais e 
municipais. 
 A CRFB/88, face à competência privativa, prevê todos os impostos. 
 Questão relevante é a que aponta para a possibilidade de somente a União poder 
criar impostos novos. A base está na competência residual e privativa. Art. 154 I da 
CRFB/88. 
 
 
2ª) Proibição da vinculação da receita proveniente de sua arrecadação. Art. 167 IV da 
CRFB/88. 
 Assim, pelo exposto acima, podemos abordar, a partir de agora, quais as 
classificações encontradas sobre os Impostos. 
 Na realidade, classificação é uma visão subjetiva do doutrinador. A melhor 
classificação é aquela que dá uma visão mais completa do instituto. 
 É bom que se diga, que não existe conceito, classificação, ou definição certa ou 
errada. O que existe, na realidade, é a conveniência, de um conceito, definição ou 
classificação ser útil ou inútil para provar aquilo que desejo. 
 42 
 
 
4.2.1.2 – Classificação dos impostos. 
 
 
 Encontramos 3 classificações em relação aos impostos: 
 
 
 CTN. 
 
 CRFB/88. 
 
 Doutrina. 
 
 O CTN classifica os impostos segundo a sua BASE ECONÔMICA DE 
IMPOSIÇÃO, ou seja: comércio exterior, patrimônio e renda, produção e circulação. 
 Assim O CTN nos ensina: 
 
 
I) Comércio Exterior. 
 
 - Imposto sobre as importações(II). Arts. 19 ao 22. 
 - Imposto sobre a Exportação (IE). Arts. 23 ao 28. 
II) Patrimônio e Renda. 
 
 - Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR). Arts. 29 ao 31. 
 - Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana (IPTU). Arts. 32 ao 34. 
Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis e de Direitos a eles relativos (ITBI). Arts. 
35 a 42. 
 - Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza (IR). Arts. 43 a 45. 
 
 
III) Produção e Circulação. 
 
 - Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Arts. 46 a 51. 
 
 - Imposto sobre Operação de Crédito, Câmbio, e Seguro, e sobre Operações Relativas a 
Títulos e Valores Mobiliários (IOF). Arts. 63 a 67. 
 
 A CRFB/88 classifica os impostos segundo a COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA, 
ou seja, os impostos são da impostos da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos 
Municípios. 
 
 
 Assim a CRFB/88 preconiza: 
 
 43 
I) União. Arts. 153 e 154 I e II. 
 
 - II. 
 - IE. 
 - IR. 
 - IPI. 
 - IOF. 
 - ITR. 
 - Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF). 
 - Impostos Novos. 
 - Impostos Extraordinários. 
 
 
II) Estados e Distrito Federal. Art.155. 
 
 - Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITD ou ITCMD). 
 
 - Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). 
 
 - Imposto sobre operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre prestação de 
Serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as 
operações e as prestações se iniciem no exterior (ICMS). 
 
III) Municípios. Art. 156. 
 
 - IPTU. 
 - ITBI. 
 - ISS. 
 
 A doutrina, por sua vez, classifica os impostos da seguinte maneira: 
 
 
I) Extraordinários e Ordinários. 
 
 Extraordinários são aqueles que correspondem à competência privativa da União 
para instituir imposto fora da ordem discriminada na Lei maior. 
São os casos dos impostos novos e extraordinários. Art 154 I e II da CRFB/88. 
O caráter de excepcionalidade é a diferença do imposto extraordinário para os demais 
impostos ordinários. 
O imposto extraordinário é o único caso de invasão da competência tributária. 
 
 
II) Principais e Adicionais. 
 
 Adicional ao principal é aquele que adere. O imposto adicional não desfruta de 
autonomia, tem a mesma natureza do principal. 
 44 
 Inicialmente a CRFB/88 previa a possibilidade dos Estados cobrarem o Adicional 
ao Imposto de Renda (AIR). 
 
(IR >>União + AIR >> Estado). 
 
 Era a bitributação constitucional que foi, evidentemente, derrubada. 
 
 
III) Diretos e Indiretos. 
 
 Os impostos são diretos quando não admitem a repercussão do ônus tributário, ou 
seja, incidem diretamente sobre determinado SP. É o caso do IR. 
 
 Diferentemente, os impostos são indiretos quando coexistem 2 figuras: a do 
contribuinte de direito e a do contribuinte de fato. Neste caso se enquadram os impostos 
sobre a produção e a circulação de bens. 
 
 Esquematicamente, podemos demonstrar a repercussão do ônus tributário da 
seguinte forma: 
 
 
 
 
 
Fabricante................Atacadista.................Varejista ...................Consumidor 
 
 
IPI ICMS (x) ICMS (y) ICMS (z) Contribuinte de fato. 
 
 
 A repercussão tributária em outras palavras significa dizer repercutir no preço da 
mercadoria o valor do imposto. Art. 166 do CTN. 
 
 
IV) Pessoais e Reais. 
 
 Os impostos são reais quando tratam o contribuinte tendo em vista apenas a 
matéria tributária, ou seja, a coisa a res, ignorando a situação pessoal do contribuinte. 
Ex. IPTU. 
 Já o imposto pessoal leva em consideração a situação da pessoa, do contribuinte. 
Ex. IR. 
 
 
V) Fiscais e Extrafiscais. 
 
 45 
 Fiscais são aqueles impostos que propiciam receita para o Estado, contribuem para 
o Orçamento Fiscal. 
 Os impostos fiscais são a regra, vez que conforme já verificamos quando da 
abordagem das características dos impostos que a cobrança dos mesmos não 
corresponde a uma contraprestação estatal, ou seja, a uma despesa realizada pelo Estado. 
 Extrafiscal é aquele que além de arrecadar recursos financeiros também se presta a 
atingir objetivos de política econômica pelo Estado. Exs. Aumento do IOF, para 
combater a inflação; aumento do II e do IE para equilibrar a balança comercial. 
 
 
VI) Fixos, Proporcionais e Progressivos. 
 
 Fixos são aqueles estabelecidos em quota fixa, não há de se falar em base de 
cálculo e alíquota, não se faz cálculos. Ex. ISS dos advogados. 
 
 Proporcionais são aqueles em que a alíquota é fixa e a BC varia. Ex. ICMS sobre 
os automóveis movidos à gasolina, a alíquota é 4% sobre o valor do veículo que varia 
conforme o modelo. 
 
 Progressivo são aqueles em que a alíquota varia de acordo com a variação da BC. 
O exemplo mais contundente é do IR. 
 
 
 
VII) Proibitivos. 
 
 São aqueles que o pagamento absorve quase a totalidade da renda provável da 
atividade econômica. Ex. Professores com alíquota específica grande. 
 A CRFB/88 estabelece liberdade de profissão e de comércio. 
 
 
VIII) Confiscatórios. 
 
 São aqueles que importam na confiscação de bens, sem o pagamento de 
indenização em R$. 
 Seria o empobrecimento do contribuinte, terminantemente proibido pelo Art. 150 
IV da CRFB/88. 
 
 
4.2.1.3 – Elementos constitutivos dos impostos. 
 
 Após verificarmos as principais características e classificações inerentes à espécie 
tributária imposto, deixaremos abaixo explicitadas as normas inseridas no CTN e os 
aspectos doutrinários que regulamentam os elementos que compõem a espécie tributária 
imposto. 
 
 46 
 
I) O SA dos impostos. (Art. 119 e 120 do CTN). 
 
 São sujeitos ativos dos impostos a União, os Estados membros, o Distrito Federal 
e os Municípios, ou a pessoa que a lei outorgue capacidade tributária ativa, as autarquias 
e fundações, pessoas jurídicas de Direito Público. O Estado tem competência tributária e 
a capacidade tributária ativa. 
 
 
II) O SP. (Art. 121 ao 138 do CTN). 
 
 O CTN a partir do Art. 121 até o 138 prescreve normas que regem o SP da 
obrigação tributária. A matéria pertinente ao SP será, conforme já mencionamos 
anteriormente, objeto de estudo da aula 13. 
 
 
III) O FG. 
 
 Será a situação necessária e suficiente para dar origem a OT. 
 É o ato, fato ou situação jurídica descrita na HI da Lei Tributária. Sua previsão 
legal se encontra estampada no CTN nos Arts. 114 ao 118. 
 
 
 
IV) A Base de Cálculo. 
 
 É a riqueza a ser tomada como medida para a prestação tributária e respectiva 
alíquota fiscal. É aquela situação de riqueza, sobre a qual incidindo uma alíquota vai se 
determinar o quantum debeatur. 
 A BC tem que ser inerente ao FG. Não se pode pegar, por exemplo, como FG de 
um determinado tributo a renda e a BC o Valor venal do imóvel do SP! 
 A BC é a expressão econômica do FG. 
 
 
4.2.2 – Taxas. 
 
 Em primeiro lugar cabe registrar que na linguagem comum taxar é impor, obrigar 
o pagamento de qualquer valor. O destinatário dessa remuneração é, via de regra o Poder 
Público, entretanto, muitas vezes a expressão também é entendida como retribuição 
devida a empresas particulares concessionárias, permissionárias. 
 Não é de hoje que nossa doutrina está recheada de conceitos sobre taxa. 
 Talvez por isso que fugindo à regra o legislador achou por bem, já em 1939, 
através do DL 1804 estabelecer que a designação de taxa está reservada para: 
 
 
 47 
OS TRIBUTOS EXIGIDOS COMO REMUNERAÇÃO DE SERVIÇOS 
ESPECÍFICOS PRESTADOS AO CONTRIBUINTE OU POSTOS A SUA 
DISPOSIÇÃO, OU AINDA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEAR ATIVIDADES 
ESPECIAIS PROVOCADAS POR CONVENIÊNCIAS DE CARÁTER GERAL OU 
DE DETERMINADOS GRUPOS.

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