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OS EFEITOS DECORRENTES NA CAPACIDADE DIANTE DO EST. DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

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VI EIC – ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO CURSO DE DIREITO DA UNISEP 
 
OS EFEITOS DECORRENTES DA ALTERAÇÃO DA CAPACIDADE CIVIL SOB A 
ÉGIDE DA LEI 13.146/2015. 
 
Rafael Evandro Mesquita. 
 
O presente instrumento visa apresentar as principais mudanças no instituto 
da capacidade civil em decorrência da lei 13.146/2015, esta decorrente da Convenção 
Internacional dos Direitos da pessoa com Deficiência (CDPD), aprovada com status de 
norma constitucional, que visou conferir acessibilidade e inclusão social as pessoas 
portadoras de deficiência. 
Com o advento da lei, passou-se a definir a deficiência no sentido amplo, 
deixando de considerar apenas situações notáveis de deficiência física, ou aquelas 
decorrente de uma doença patológica. Em prova disto, o art. 2º estabelece que: 
“Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de 
natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais 
barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de 
condições com as demais pessoas”. Neste sentido, na interpretação da norma, não é 
apenas a deficiência propriamente dita que será levada em consideração, mas também os 
impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo, os fatores socioambientais, 
psicológicos e pessoais, a limitação no desempenho de atividades e a restrição de 
participação na sociedade em consequência de possuir qualquer tipo ou grau de 
deficiência. Nesta perspectiva, a legislação revisou alguns institutos fundamentais do 
direito civil na tentativa de promover a igualdade no exercício da capacidade jurídica por 
parte da pessoa com deficiência, como o casamento, o negócio jurídico e a curatela. 
Entre as principais alterações, frisa-se o art. 3º e o art. 4º do código civil, que 
regulamentam sobre a capacidade jurídica. O art. 3º, trata sobre os absolutamente 
incapazes, e com o advento da lei, deixou de considerar os que por enfermidade ou 
deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; os 
que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade; considerando 
apenas como absolutamente incapaz os menores de 16 anos. O art. 4º do 
 
 
VI EIC – ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO CURSO DE DIREITO DA UNISEP 
código civil, deixou de considerar como relativamente incapaz as pessoas com o 
discernimento reduzido e os excepcionais sem desenvolvimento completo, e adequou aos 
maiores de 16 e os menores de 18 anos; os ébrios habituais e os viciados em tóxicos; os 
pródigos; e aqueles que por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua 
vontade, este que anteriormente estava previsto no rol de absolutamente incapazes. 
Por conseguinte, diante destas alterações, todas as pessoas que se 
encontravam interditadas em razão de enfermidade ou deficiência mental passam a ser 
consideradas plenamente capazes, entendendo-se, desta forma, que via de regra não 
poderão ser representados e nem assistidos, devendo praticar pessoalmente os atos da 
vida civil, observando-se os casos excepcionais em que o estatuto permite o instituto da 
curatela, este que está relacionado tão somente aos atos de natureza patrimonial e 
negocial, não alcançando o direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à 
privacidade, à educação, à saúde, ao trabalho e ao voto. 
Diante disto, cabe frisar o disposto no art. 6º do Estatuto: 
Art. 6o A deficiência não afeta a plena capacidade civil 
da pessoa, inclusive para: 
I - casar-se e constituir união estável; 
II - exercer direitos sexuais e reprodutivos; 
III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos 
e de ter acesso a informações adequadas sobre 
reprodução e planejamento familiar; 
IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a 
esterilização compulsória; 
V - exercer o direito à família e à convivência familiar e 
comunitária; e 
VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à 
adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de 
oportunidades com as demais pessoas. 
Obviamente, havia a necessidade de resguardar direitos que eram 
exclusivamente subjetivos e que devem ser usufruídos apenas pelo sujeito. No entanto, 
no mesmo tempo em que a lei vem e reafirma que o casamento é um ato de vontade do 
sujeito, devendo ser por ele manifestada, ela atribui ao art. 1550, § 2º do código civil, que 
trata da anulabilidade do casamento, a possibilidade da pessoa com deficiência mental 
ou intelectual em idade núbil, contrair matrimônio, expressando sua vontade diretamente 
 
 
VI EIC – ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO CURSO DE DIREITO DA UNISEP 
ou por meio de seu responsável ou curador, contrariando a natureza personalíssima do 
casamento e o próprio texto do estatuto que instituiu o art. 6º, que resguarda este direito, 
cominado com o art. 85, que trata da curatela. Neste aspecto, constata-se um deslize que 
confere dúvidas no momento da aplicabilidade da norma, cabendo a doutrina e aos 
tribunais interpretar e firmar entendimentos. 
No que se refere a invalidade do negócio jurídico, em regra geral, 
não será nulo o negócio jurídico celebrado pela pessoa portadora de deficiência, uma vez 
que este instituto, quando relacionado as capacidades só poderá ser aplicado aos 
absolutamente incapazes. No entanto, quanto a anulabilidade do negócio jurídico, este 
poderá ser imposto nos casos em que o sujeito possua um curador, este que terá seus 
poderes expressos, indicando em que situações e por quais assuntos o curador deverá 
intervir, cabendo-lhe apenas poderes específicos, com o intuito de conceder ampla 
autonomia ao curatelado. 
Quanto a prescrição e decadência, vejamos o disposto no código civil: 
Art. 198. Também não corre a prescrição: 
I - contra os incapazes de que trata o art. 3o; 
II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos 
Estados ou dos Municípios; 
III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em 
tempo de guerra. 
 
 
Deste modo, a partir desta lei os prazos que anteriormente não corriam, 
agora passam a correr, pois deixaram de se enquadrar no rol de absolutamente 
incapazes, descrito no art. 3º do código civil. Nas causas em que a pessoa deficiente 
necessite de um curador, terá direito de ação contra este se der causa a prescrição, ou 
não alegou oportunamente, conforme o disposto no art. 195 do código civil. Ainda, diante 
do art. 197 do código civil, não corre a prescrição contra o curador e seu curatelado, 
durante os efeitos da curatela. 
 
 
 
VI EIC – ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO CURSO DE DIREITO DA UNISEP 
 Quanto a responsabilidade civil, as pessoas que são portadoras de alguma 
deficiência, independente se esta é física ou psíquica, em regra, passaram a ser 
consideradas absolutamente capaz com o advento da lei, sendo que diante da alteração 
responderão exclusivamente com seus próprios bens pelos danos que der causa, nos 
termos do art. 927 e seguintes do código civil. 
Diante de todos os conteúdos fáticos apresentados neste instrumento, 
apontam-se questionamentos de suma importância que por hora não possuem respostas 
firmadas, surgindo dúvidas de como será aplicada a norma na prática, quais os critérios e 
as análises utilizadas a ponto de definir um nível de discernimento plausível para que 
aquele sujeito portador de deficiência possa exercer a capacidade civil sem estar exposto 
a pessoas mal intencionadas, estas que procuram apenas uma oportunidade para se 
aproveitar das fragilidades expostas. 
No entanto, é essencial reconhecer a inclusão e a acessibilidade que esta lei 
passou a conferir a estas pessoas, de modo que de alguma forma elas possam se sentir 
mais atuantes,livres, e autônomas perante a sociedade. 
Sem mais delongas, notório se faz a evolução dos direitos humanos, direito 
da família e do casamento na sociedade brasileira, estes direitos que vem firmar e evoluir 
o direito subjetivo que é atribuído a cada cidadão, em decorrência de que todos possuem 
a liberdade de pensamento e a autonomia para ser livre, atribuindo aos demais a 
incumbência de respeitar todas as diferenças que existe na sociedade, afinal, ser 
diferente é normal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VI EIC – ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO CURSO DE DIREITO DA UNISEP 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. 
 
Estatuto da Pessoa com Deficiência: A revisão da teoria das incapacidades E os 
reflexos jurídicos na ótica do notário e do registrador. Ribeiro, Moacyr Petrocelli de 
Ávila | 2015. 
Estatuto da Pessoa com Deficiência altera regime civil das incapacidades. Requião, 
Maurício | 2015. 
Direito Civil: Parte Geral. Venosa, Silvio de Salvo. 13ª Edição, editora atlas, 2013. 
O novo CPC e o direito civil. Impacto, diálogos e interações. Tartuce, Flávio. Editora 
Método, 2015.

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