Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS COORDENAÇÃO DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO SERVIÇO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM ADMINISTRAÇÃO KATHEANE DI LOURDES GOMES MIRANDA AS CINCO FORÇAS DE PORTER E A ESTRATÉGIA COMO DIFERENCIAL COMPETITIVO: ESTUDO DE CASO EM CORRESPONDENTES BANCÁRIOS DO BANCO BMG EM JOÃO PESSOA/PB. TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ÁREA: ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA João Pessoa – PB Agosto de 2009 1 KATHEANE DI LOURDES GOMES MIRANDA AS CINCO FORÇAS DE PORTER E A ESTRATÉGIA COMO DIFERENCIAL COMPETITIVO: ESTUDO DE CASO EM CORRESPONDENTES BANCÁRIOS DO BANCO BMG EM JOÃO PESSOA/PB. Trabalho de Conclusão de Curso Apresentado à Coordenação do Serviço de Estágio Supervisionado em Administração, do Curso de Graduação em Administração, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal da Paraíba, como Requisito Obrigatório à Obtenção do Grau de Bacharela em Administração. Orientador: Prof. Mestre Wagner Soares Fernandes dos Santos. João Pessoa – PB Agosto de 2009 2 Ao Professor Orientador Mestre Wagner Soares Fernandes dos Santos. Solicitamos examinar e emitir parecer no Trabalho de Conclusão de Curso da aluna Katheane Di Lourdes Gomes Miranda. João Pessoa, ____de agosto de 2009. __________________________________________________ Prof. Doutor Rosivaldo de Lima Lucena Coordenador do SESA/CCSA/UFPB Parecer do Professor Orientador: ______________________________________________ Prof. Mestre Wagner Soares Fernandes dos Santos 3 KATHEANE DI LOURDES GOMES MIRANDA AS CINCO FORÇAS DE PORTER E A ESTRATÉGIA COMO DIFERENCIAL COMPETITIVO: ESTUDO DE CASO EM CORRESPONDENTES BANCÁRIOS DO BANCO BMG EM JOÃO PESSOA/PB. Trabalho de Conclusão de Curso Aprovado em: ____ de agosto de 2009. Banca Examinadora ________________________________________________ Prof. Mestre Wagner Soares Fernandes dos Santos Orientador ______________________________________ Prof. Mestre Khalil Gibran Sousa Leite Examinador _______________________________________ Prof. Mestre Carlos Eduardo Cavalcante Examinador 4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho, primeiramente a Deus que sempre esteve e está comigo em todos os momentos da minha vida, sejam bons ou ruins. Dedico, com muito amor aos meus pais Roberto e Lúcia Miranda, e aos meus irmãos Katherine e Junior presenças essenciais em minha vida. Dedico também, com muito carinho ao meu noivo André Felipe. Em especial, aos correspondentes estudados neste trabalho. 5 AGRADECIMENTOS A Deus, onisciente e onipresente, por tudo o que Ele já fez por mim; Aos meus pais Roberto e Lúcia Miranda, agradeço o amor, a dedicação, a instrução e os ensinamentos de vida que me passaram. Aos meus irmãos Katherine e Junior, pelo companheirismo e amizade nessa jornada; Ao meu noivo André Felipe, pelo carinho, compreensão e apoio, durante todo o curso de Administração; A meu orientador, Professor Mestre Wagner Soares Fernandes dos Santos, por ter acreditado neste trabalho, pela instrução, sempre estando prontificado a me ajudar nesta pesquisa; A todos os professores do curso de Administração, que agregaram muito conhecimento e aprendizado ao meu desenvolvimento profissional; Aos professores Mestres Khalil Gibran Sousa Leite e Carlos Eduardo Cavalcante pela disponibilidade de examinar este trabalho, contribuindo com seus ensinamentos e estando presentes nesta etapa importante da minha vida; Aos meus amigos e colegas da turma de graduação em Administração 2004.1 (manhã) pelo companheirismo e pelos momentos alegres vividos dentro e fora da sala de aula; e Aos correspondentes do banco BMG estudados nesta pesquisa, que abriram suas portas e contribuíram para que este trabalho fosse realizado. 6 “A estratégia de ontem foi o que nos possibilitou sobreviver até agora, mas uma nova estratégia deve ser criada se quisermos garantir nossa sobrevivência no futuro”. (Paul Levesques) 7 MIRANDA, Katheane Di Lourdes Gomes. As cinco forças de Porter e a estratégia como diferencial competitivo: estudo de caso em correspondentes bancários do banco BMG em João Pessoa/PB. (Monografia de Graduação em Administração/CCSA/UFPB), João Pessoa/PB, 2009. RESUMO A estratégia organizacional é um tema bastante visado, pois proporciona as empresas alternativas para a sua sobrevivência em um mercado competitivo. Para Porter (1979) existem forças ou pressões sobre as organizações que determinam a sua competitividade, estas forças são os clientes, os fornecedores, os novos entrantes em potencial, os produtos substitutos e a concorrência. Diante da instabilidade e a alta concorrência no setor dos correspondentes bancários de crédito consignado, o objetivo deste trabalho foi conhecer as estratégias que tornam competitivos dois correspondentes bancários do Banco BMG em João Pessoa/PB. Visando alcançar este objetivo, foi realizado um estudo de caso de caráter qualitativo utilizando roteiros padronizados de entrevistas. A interpretação dos dados foi alcançada, através da análise de conteúdo das entrevistas e os resultados foram obtidos por meio de uma construção iterativa de dados com categorias formuladas, que foram as estratégias dos correspondentes ligadas a cada uma das cinco forças do modelo de Porter. Os resultados obtidos na pesquisa mostram que existem várias barreiras estratégicas, relacionadas às cinco forças de Porter, que dificultam o desenvolvimento, rentabilidade e qualidade dos serviços dos correspondentes bancários do banco BMG, porém os correspondentes estudados utilizam estratégias de diversificação de serviços e investimentos; vantagens em custos; investimentos em sistemas; e de excelência no relacionamento com clientes/corretores para diminuir as influências dessas barreiras, garantindo a sobrevivência e competitividade dos mesmos. Palavras-chave: Administração Estratégica. Estratégia organizacional. Competitividade. Modelo de Porter. Correspondentes bancários. 8 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Tabela 1: Pontos de atendimento de correspondentes bancários no Brasil ..............................14 Gráfico 1: Valores e quantidade de operações de crédito ........................................................15 Figura 1: As forças competitivas de Porter ..............................................................................28 Quadro 1: Diagrama de pesquisa de campo.............................................................................35 9 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO..............................................................................................................................111.1 Delimitação do Tema e Formulação do Problema de Pesquisa ............................................. 12 1.2 Justificativa .............................................................................................................................. 14 1.3 Objetivos .................................................................................................................................. 17 1.3.1 Objetivo geral.................................................................................................................17 1.3.2 Objetivos específicos......................................................................................................17 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...............................................................................................18 2.1 Administração Estratégica Fator Decisivo para a Competitividade: evolução e conceitos .. 18 2.2 Estratégia: definições e concepções ........................................................................................ 19 2.3 Níveis e Tipos de Estratégia.................................................................................................... 21 2.4 Competitividade e Concorrência............................................................................................. 22 2.5 Competitividade em Serviços ................................................................................................. 24 2.6 As Transformações e a Competição ....................................................................................... 26 2.7 O Modelo das Cinco Forças de Porter .................................................................................... 27 2.7.1 O poder de negociação dos clientes ..............................................................................28 2.7.2 O poder de negociação dos fornecedores ....................................................................29 2.7.3 Ameaça de novos entrantes ..........................................................................................29 2.7.4 A ameaça de produtos/serviços substitutos................................................................30 2.7.5 Rivalidade entre os concorrentes .................................................................................30 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .............................................................................31 3.1 Classificações da Pesquisa ...................................................................................................... 31 3.2 Instrumentos de Coleta de Dados............................................................................................ 32 3.3 Sujeitos da Pesquisa................................................................................................................. 33 3.4 Tratamento de Análise de Dados e Informações .................................................................... 33 4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS.....................................................................36 4.1 Caracterização da Empresa E1................................................................................................ 36 4.2 Caracterização da Empresa E2................................................................................................ 37 4.3 Categoria “A”: Estratégias para sobrepor-se a ameaça de novos concorrentes..................... 38 4.4 Categoria “B”: Estratégias dos correspondentes para sobrepor-se as políticas do Banco BMG..............................................................................................................................................41 4.5 Categoria “C”: Estratégias para superar o poder de negociação dos clientes........................ 43 10 4.6 Categoria “D”: Estratégias contra os serviços substitutos...................................................... 44 4.7 Categoria “E”: Estratégias contra a concorrência existente ................................................... 46 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................48 5.1 Sugestões para Pesquisas Futuras............................................................................................. 49 5.2 Limitações do Estudo ............................................................................................................... 50 5.3 Recomendações........................................................................................................................ 50 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................51 APÊNDICES .......................................................................................................................................54 APÊNDICE A – Roteiro de entrevista 1 aplicada nos correspondentes e suas respectivas respostas ......................................................................................................................................... 55 APÊNDICE B – Roteiro de entrevista 2 aplicada nos correspondentes e suas respectivas respostas ......................................................................................................................................... 58 11 1. INTRODUÇÃO Atualmente, a globalização favorece o acesso às informações estratégicas e diminui os obstáculos para a entrada de novos concorrentes no mercado, resultando no crescimento da competitividade. Dessa forma, as organizações têm buscado constantemente se adaptarem ao novo contexto e alcançarem uma posição diferenciada dos adversários, através da implementação de estratégias que garantem a sobrevivência e o crescimento dessas nesse ambiente competitivo. As estratégias são formuladas ou realizadas através do estudo do cenário de atuação das organizações, tais como: a análise do macroambiente (político-legal, tecnológico, econômico e social), e a análise setorial que incluem as cinco forças (clientes, concorrentes, ameaça de novos concorrentes, produtos/serviços substitutos e fornecedores) que reagem, ou influenciam, e se bem utilizados podem ser uma oportunidade para a melhoria do desempenho organizacional (WRIGHT; KROLL; PARNELL, 2007). As organizações podem analisar essas forças encontrando soluções para enfrentá-las, através de três pilares: reação, influência ou oportunidade. Neste sentido, é possível supor que essas forças setoriais que atuam sobre as organizações poderão interferir na competitividade e nas estratégias organizacionais, através da análise setorial será possível visualizar as ameaças e oportunidades que as organizações irão enfrentar no mercado, como também poderão ser identificados quais são os pontos fortes e fracos das mesmas. Com esse estudo de mercado as empresas podem se tornar competitivas, criando e desenvolvendo estratégias para as cinco forças que influenciam no seu desempenho e desenvolvimento, sendo assim, as empresas poderão atuar no mercado de forma inovadora e efetiva. Este trabalho contempla os aspectos da administração estratégica e competitividade, através de um estudo de caso em correspondentes bancários do banco BMG em João Pessoa/PB, utilizando o modelo das cinco forças de Porter como base para esta pesquisa. 12 1.1 Delimitação do Tema e Formulação do Problema de Pesquisa Antes que o Governo Federal sancionasse a Lei nº. 10.820/2003, que incentiva o empréstimo com desconto em folha de pagamento, o Banco BMG já trabalhava com esse tipo de operação, segmento de maior atuação do banco, que foi pioneiro neste nicho de mercado. Em maio de 2004, o BMG foi o primeiro banco privado a assinar convênio com o INSS, logo depois da Caixa Econômica Federal. Em junho de 2005, o banco detinha 36,6% dos contratos junto a beneficiáriosdo INSS (BMG, 2008d). Atuando no mercado há 78 anos, em segmentos diversificados, tais como: financeiro, imobiliário, agroindustrial e de serviços (BMG, 2008a). Desde a regulamentação desses empréstimos em folha, o BMG triplicou suas receitas com operações de crédito. O BMG foi oito vezes eleito o Melhor Conglomerado Financeiro pela Fundação Getúlio Vargas, no segmento; Financiamento ao Consumo. Pela terceira vez, eleito o Melhor Banco em Financiamento ao Consumo pela Gazeta Mercantil / Austin Rating (BMG, 2008b). Atualmente o banco possui 4,5 milhões de clientes e está com uma rede de 600 correspondentes, com 30 mil agentes, com 1,3 mil pontos de venda próprios e 2,7 mil de correspondentes (BMG, 2008c). Segundo Duailibi (2008), em matéria da Revista Veja, nos últimos cinco anos, duplicaram as solicitações ao Banco Central para a implementação de novas instituições financeiras e a maior parte é para venda de crédito consignado em folha de pagamento. Para garantir sua sustentabilidade no mercado, os novos competidores querem superar os líderes de mercado (DUAILIBI, 2008). O ambiente de uma organização é constituído por forças e organizações externas a ela, tais como: regulamentações governamentais, novos concorrentes e preferências variáveis dos clientes, estes fatores podem afetar diretamente ou indiretamente o desempenho da organização (ROBBINS, 2003). Até novembro de 2007, os correspondentes bancários do banco BMG cresciam vertiginosamente, mas houve algumas mudanças no mercado que resultaram em dificuldades para esses, tais como: • A mudança da margem consignável para os aposentados e pensionistas do INSS; que era 30% da renda e baixou para 20%, final de 2007; • A diminuição do comissionamento paga pelo Banco BMG, devido à crise financeira em iniciada no Brasil em 2008; 13 • Mudanças nas políticas governamentais do empréstimo consignado em geral (servidores públicos e militares), início de 2008; • A concorrência elevada; e a. • Falta de autonomia dos correspondentes bancários do banco BMG, pois os produtos, divulgação, retorno financeiro, taxas de juros e normas contratuais são estipulados pelo Banco BMG. De acordo com estas informações, observa-se a necessidade de os correspondentes do banco BMG estudados saibam atuar no mercado de forma diferenciada, através de estratégias competitivas, sobrepondo as empresas as cinco forças de Porter (ameaça de novos concorrentes e produtos substitutos; poder de negociação dos fornecedores e clientes; e a rivalidade entre os concorrentes já existentes) que influenciam na atuação das mesmas, sendo assim, serão competitivas e alcançarão maior produtividade e faturamento. De acordo com este escopo, este trabalho propõe-se a responder a seguinte questão: Quais são as estratégias adotadas por dois correspondentes bancários do Banco BMG em João Pessoa/PB que podem torná-los competitivos, de acordo com o modelo das cinco forças de Porter (concorrência, clientes, ao Banco BMG, aos serviços substitutos e aos novos entrantes em potencial)? 14 1.2 Justificativa Segundo o Banco Central do Brasil, o mecanismo da abertura de correspondentes bancários, é a solução mais adequada para as populações com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) ter acesso a serviços financeiros (SOARES; SOBRINHO, 2007). Pesquisas realizadas por Soares e Sobrinho (2007) com base em amostra que representa aproximadamente 70% dos pontos de atendimento de correspondentes bancários no Brasil, composta pelos bancos Bradesco, Banco BMG, Lemon Bank, Nossa Caixa, Banco Popular do Brasil, Caixa Econômica Federal e ABN Amro Real mostra que o mercado de correspondentes bancários cresceu vertiginosamente no país de 2001 a 2006, como segue na tabela abaixo: CORRESPONDENTES BANCÁRIOS NO BRASIL ANO 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Pontos de atendimento SFN1 69.292 74.267 78.539 83.396 90.242 95.234 1 Dados sujeitos a conformidade. Compreendendo todos os contratantes. Tabela 1: Pontos de atendimento de correspondentes bancários no Brasil. Compilado. Fonte: Soares e Sobrinho (2007, p.128). A partir de 2008 com as regulamentações adotadas pelo governo e pelos bancos reduziu bastante o número de organizações no setor, percebe-se que as organizações que se mantiveram no mercado possuem um diferencial competitivo. A modalidade de crédito consignado é regida pelas normas e leis do governo federal, estadual e municipal, como também pela política dos bancos, pois os correspondentes bancários atuam de acordo com suas regras operacionais e de política de crédito. O gráfico abaixo apresenta o crescimento das vendas de operações de créditos, incluindo crédito consignado entre 2001 e 2006, neste gráfico podemos verificar que de 2001 a 2006 houve um aumento em valores de operações de crédito de 402 % e na quantidade de operações de crédito houve um avanço de 110% o que mostra o crescimento acelerado neste setor. 15 Gráfico 1: Valores e quantidade de operações de crédito. Adaptado tabela 25. Fonte: Soares e Sobrinho (2007, p.128). De acordo com dados do BMG (2008d), a partir de novembro 2007 as vendas entraram em declínio devido às mudanças da margem consignável dos beneficiários do INSS que diminuiu de 30% da renda bruta dos beneficiários para 20%, sendo assim diminuiu a quantidade e os valores das operações novas e ficaram vetadas as operações de refinanciamento de dívidas, pois os saldos devedores dos clientes eram elevados, a política de crédito do Banco BMG ficou restritiva, como também devido à concorrência ter crescido bastante no ano de 2006, restringindo as vendas e o desenvolvimento dos correspondentes. Sendo assim, propõe-se um estudo sobre as estratégias utilizadas em relação às cinco forças (clientes, concorrentes, ameaça de novos entrantes, produtos/serviços substitutos e fornecedores) que atuam neste mercado, de forma que contribua para a melhoria do desempenho (vendas e lucratividade) dos correspondentes. A estratégia organizacional é um tema bastante visado, pois proporciona as empresas alternativas para a sua sustentabilidade no mercado. A estratégia bem sucedida é formada através de um estudo do setor de atuação da$organização para gerar reação, influência ou oportunidade contra os rivais que prejudicam o desempenho e a lucratividade organizacional, dessa forma a empresa poderá conquistar e manter vantagem competitiva no mercado. 16 A importância deste estudo é o conhecimento que os correspondentes do banco BMG em João Pessoa/PB terão sobre as estratégias relacionadas às cinco forças de Porter que podem torná-los competitivos, sendo assim poderão melhorar seus desempenhos, como também esta pesquisa tem relevância para comunidade acadêmica, pois ainda não se tomou conhecimento de um estudo cientifico sobre estratégia aplicada as cinco forças de Porter em serviços de correspondentes bancários. Este projeto tornou-se viável devido às informações das empresas serem acessíveis, pois a estudante trabalha em parceira com elas, o acesso à literatura sobre estratégia e o modelo das cinco forças de Porter que foi utilizado também foi bem explorado, porém o acesso a artigos e publicações científicos em geral atuais sobre correspondentes bancários foram bastante restritos. O tempo necessário para aplicação da pesquisa foi satisfatório, visto que a pesquisa contemplou apenas a dois correspondentes bancários do Banco BMG na cidade João Pessoa/PB. Não foram necessários recursos financeiros relevantes para a pesquisa. 17 1.3 Objetivos 1.3.1 Objetivo geral Conhecer quais são as estratégias que podem tornar competitivos dois correspondentes do Banco BMG em João Pessoa/PB, baseado no modelo das cinco forças de Porter.1.3.2 Objetivos específicos • Pesquisar as estratégias dos correspondentes para aumentar as barreiras contra a ameaça de novos concorrentes; • Estudar as estratégias dos correspondentes contra o poder de negociação do Banco BMG; • Descrever as estratégias dos correspondentes relacionadas ao poder de negociação dos clientes; • Levantar as estratégias dos correspondentes para sobrepor-se a ameaça de serviços substitutos do crédito consignado; e • Conhecer as estratégias concorrenciais dos correspondentes estudados em relação aos concorrentes existentes. 18 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A administração estratégica é necessária para a empresa se manter no mercado de forma competitiva, atuando para atingir seus objetivos de acordo com sua missão e visão de como será o mercado e o que ela fará para não ser substituída pelos concorrentes. Segue neste capítulo a evolução e conceitos da administração estratégica; as definições e concepções sobre a estratégia, incluindo seus níveis e tipos; como também definições e explanações sobre: competitividade e a concorrência, competitividade em serviços, as transformações e a competitividade, e o modelo das cinco forças de Porter que será adotado para o estudo. 2.1 Administração Estratégica Fator Decisivo para a Competitividade: evolução e conceitos O estudo da administração estratégica teve sua definição iniciada após a Fundação Ford e a Carnegie Corporation apoiarem nos anos 50, uma pesquisa sobre os currículos das escolas de administração norte-americanas. Uma síntese dessa pesquisa, chamada de Relatório Gordon-Howell, sugeriu que o ensino de administração passasse a incluir um curso de capacitação na área de política de negócios, disciplina que contemplava a análise e solução de problemas organizacionais em áreas específicas. Esse modelo mais atual levou os líderes da área a transformar o nome da disciplina de política de negócios para administração estratégica (CERTO et al, 2005). A formulação da administração estratégica iniciou-se a partir das necessidades empresariais de diagnóstico e solução de problemas não apenas em setores específicos da organização, mas em todo o contexto que ela estava inserida. Para Wright; Kroll; Parnell (2007), a administração estratégica são as decisões e ações administrativas que ajudam as organizações a formularem e manterem adaptações favoráveis ao ambiente de atuação da mesma. A administração estratégica é definida por Bateman e Snell (1998, p.125) como um procedimento que “envolve administradores de todas as partes da organização na formulação e implementação de objetivos estratégicos e estratégias”. É possível dizer que os objetivos 19 estratégicos são os resultados esperados, que garantem a sobrevivência, o valor e a competitividade da organização. De acordo com Certo et al (2005, p.3), “a administração estratégica é definida como um processo contínuo e interativo que visa manter uma organização como um conjunto apropriamente integrado a seu ambiente.” Para Henderson (1989 apud MONTGOMERY; PORTER, 1998), a estratégia é à busca de um processo interativo que começa com o reconhecimento do que a organização é e do que tem no momento. Sendo assim, é necessário que a organização planeje suas estratégias sistematicamente, de modo participativo, onde as ações estratégicas possam ser modificadas de acordo com as transformações do ambiente organizacional, integrando os objetivos e metas organizacionais ao processo de administração estratégica. Segundo Bateman e Snell (1998), os seis principais componentes do processo de administração estratégica são: (1) estabelecimento de uma missão e uma visão; (2) análise ambiental; (3) avaliação interna; (4) formulação de estratégias; (5) implementação de estratégias; e (6) controle estratégico. Esse processo inicia-se com a determinação dos objetivos, metas e razão de existência da empresa, seguindo da pesquisa de mercados sobre os grupos interessados (stakeholders) e as forças ambientais que exercem influência sobre a organização, como também a investigação dos pontos fortes e fracos e a visualização das ameaças e oportunidades da organização, através da análise swot. É por meio desse levantamento de informações dos principais fatos e previsões que a empresa fará a formulação, implementação e controle da estratégia, focando os objetivos e metas pré- estabelecidos. 2.2 Estratégia: definições e concepções Para entendermos, o processo da administração estratégica é necessário o conhecimento dos conceitos de estratégia organizacional: Andrews e Christensen viram a estratégia como à idéia unificadora que ligava as áreas funcionais de uma empresa e relacionava suas atividades com o ambiente externo. Nessa abordagem, a formulação de uma estratégia envolvia a justaposição dos pontos fracos e fortes da empresa e das oportunidades e ameaças apresentadas pelo ambientes (MONTGOMERY; PORTER, 1998,p.2). 20 A estratégia é um plano, um padrão, uma posição, uma perspectiva ou um truque que tornam as organizações mais vitais pela sua inexistência ou existência. (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2000). A estratégia é planejada para identificar qual é a posição que a organização se encontra no mercado e onde ela pretende chegar: A administração estratégica integra planejamento estratégico e a administração em um único processo. O planejamento estratégico torna-se uma atividade contínua em que todos os administradores são encorajados a pensar estrategicamente e a focalizar tanto questões externas a longo prazo quanto questões táticas e operacionais a curto prazo(BATEMAN; SNELL,1998, p.126). Para Bateman e Snell (1998), a estratégia são ações padronizadas e a procura de meios para atingir os objetivos da organização. Para formular o padrão é necessário o conhecimento de experiências passadas que se tornam consistentes, sejam positivas ou negativas, sendo assim as experiências são necessárias para tomada de decisão de qual estratégia será adotada na organização. Segundo Mintzberg; Ahlstrand; Lampel (2000), as estratégias podem ser deliberadas quando as intenções são plenamente realizadas, como também podem ser emergentes quando um padrão realizado não era expressamente planejado. De acordo com Porter (1996, apud PORTER, 1999, p.63) “estratégia é criar uma posição exclusiva e valiosa, envolvendo um conjunto de atividades”. O posicionamento adaptável ao ambiente em um mercado de constantes mudanças econômicas e tecnológicas com concorrência elevada torna as organizações mais sustentáveis e competitivas. As atividades devem ser baseadas na busca produtos e serviços diferenciados dos concorrentes. Para Henderson (1989, apud MONTGOMERY; PORTER, 1998, p.5), “a estratégia é a busca deliberada de um plano de ação para desenvolver e ajustar a vantagem competitiva de uma empresa”. O posicionamento da empresa no mercado, o diferencial entre as organizações e seus rivais são a base para a busca da vantagem competitiva (MONTGOMERY; PORTER, 1998). De acordo com Oliveira (2007, p.95), “vantagem competitiva é identificação estruturada dos produtos ou serviços e dos mercados para os quais a empresa tem diferencial de atuação”. Isto é, a vantagem competitiva são fatores que um produto/serviço possui que está ligado à diferencial, a inovador e a insubstituível. Existem forças ou pressões sobre as organizações que determinam a sua competitividade. Segundo Porter (1979, apud MONTGOMERY; PORTER, 1998), as forças 21 competitivas são os clientes, os fornecedores, os novos entrantes em potencial, os produtos substitutos e a concorrência. O grau de importância de cada uma dessas forças determina as perspectivas de lucro no setor e o focodo estrategista é defender-se contra essas forças ou influenciá-las em seu favor, adotando uma posição estratégica no ambiente de competição. Após estudar a influência dessas forças o estrategista tem condições de identificar os pontos fracos e fortes da empresa e verificar as ameaças e oportunidades existentes no ambiente externo, para assim formular a estratégia competitiva. (PORTER, 1979). Para Porter (1996, apud PORTER, p.46), “as empresas devem ser flexíveis para reagir com rapidez às mudanças competitivas e de mercado”. Para formular as estratégias competitivas é necessário estudar o comportamento e reação dos concorrentes. 2.3 Níveis e Tipos de Estratégia As organizações possuem a capacidade de se tornarem mais competitivas, através da implementação de estratégias que possibilitem aumentar ou manter, uma posição sustentável no mercado. Para isso, é necessário o estudo do cenário em que atuam reagindo às mudanças e incentivar o aprendizado organizacional (MILAGRES; DRUMMOND; BRASIL, 1999). De acordo com Valeriano (2005), existem duas categorias ou dois níveis de estratégias: • Setoriais - determinam as ações e distribuem os recursos para gerar valor aos clientes dos seus produtos e serviços. • Corporativas - são as ações e recursos para obter vantagem competitiva por meio de seleção de produtos ou serviços em diversos mercados e suas gerencias. Dessa forma, as estratégias setoriais são para um determinado negócio e as corporativas são utilizadas quando a organização atua ou pretende atuar em mais de um setor. Para atingir o objetivo estabelecido, o gestor da organização poderá escolher o tipo de estratégia mais adequada, de acordo com a situação da empresa. Segundo Oliveira (2007), são os tipos de estratégias: • Estratégia de sobrevivência que almejam: redução de custos, desinvestimento, ou em último caso de liquidação de negócio; 22 • Estratégia de manutenção que desejam: estabilidade, nicho e especialização; • Estratégia de crescimento que objetivam: inovação, internacionalização, joint venture e expansão; • Estratégia de desenvolvimento que buscam conhecer: o mercado, os produtos/serviços, o financeiro, as capacidades e a estabilidade; e • Estratégia de diversificação que podem ser: horizontal, vertical, concêntrica, conglomerada, interna e mista. Cada empresa poderá optar um ou mais tipos de estratégias para sobrepor-se aos seus concorrentes, e garantir a fidelidade dos seus clientes. 2.4 Competitividade e Concorrência A competitividade organizacional não é baseada apenas em eficiência operacional, mas na busca incessante pelas estratégias diferenciais, pois os concorrentes podem estar vendendo para os seus clientes. Segundo Valeriano (2005), a sobrevivência das organizações é equivalente à sobrevivência dos seres vivos as mais aptas ao ambiente são que adquirem alguma vantagem sobre os concorrentes conforme as evoluções e transformações ocorridas durante o tempo. Para Albuquerque (apud SANTOS, 1996, p. 2), “a competitividade empresarial é a capacidade da empresa de formular e implementar estratégias concorrenciais que lhe permitam obter e manter, a longo prazo, posição sustentável no mercado”. A inovação, criatividade, diversificação e adaptação ao ambiente são fatores primordiais para a competitividade. As empresas desenvolvendo ou explorando seus recursos disponíveis, habilidades, conhecimentos ou posição, podem adquirir vantagem competitiva, cujo resultado é a criação de valor, isto é, qualidade de um produto ou serviço esperada pelos clientes que pagam para obtê-los. A capacidade de utilizar os recursos disponíveis e criar valor para o cliente são as competências essenciais da organização, que são caracterizadas pelos seguintes fatores: possuem méritos indiscutíveis; são difíceis de copiar e de serem imitadas; e são insubstituíveis (VALERIANO, 2005). 23 Segundo Porter (1989, apud PORTER, 1999), a maior parte das empresas observa seus rivais como uma ameaça, mas os concorrentes certos podem ajudar a fortalecer a posição competitiva. Conhecendo as melhores práticas de alguns concorrentes em potencial pode-se aumentar a competitividade, visto que esses podem atender a alguns propósitos estratégicos da organização. Segundo Valeriano (2005), ao agravamento da rivalidade e da concorrência é devido a algumas transformações ocorridas no mercado, tais como: economia global (quebra das fronteiras comerciais); comunicações (comércio eletrônico, através da internet ou telefone); rápida evolução tecnológica devido ao acesso a informação, a diminuição do ciclo de vida dos produtos e a pressão dos consumidores devido à alta concorrência, dessa forma os consumidores estão mais exigentes e cientes de seus direitos. Os benefícios estratégicos da concorrência são: ampliar a vantagem competitiva, melhorar a estrutura industrial, auxiliar no desenvolvimento do mercado, e deter a entrada de novos concorrentes (PORTER, 1989, apud PORTER, 1999). Portanto, é necessário compreender o que os concorrentes estão fazendo para melhorar a própria estratégia (BATEMAN; SNELL, 1998). Através da globalização, o mundo se tornou sem fronteiras e o acesso à informação, tecnologia e capital intelectual está facilitando a reprodução das estratégias competitivas organizacionais: A competição é mais intensa quando há mais concorrentes diretos, quando o crescimento do setor é lento e quando o produto ou serviço não pode ser diferenciado de alguma maneira. Então uma competição intensa causa uma mudança no setor: as empresas mais fracas são eliminadas e as fortes sobrevivem (BATEMAN; SNELL, 1998, p. 78). Para Porter (1996, apud PORTER, 1999), “uma empresa só é capaz de superar em desempenho os concorrentes se conseguir estabelecer uma diferença preservável. Ela precisa proporcionar maior valor aos clientes ou gerar valor comparável a um custo mais baixo, ou ambos”. Para adotar estratégias competitivas a organização precisa conhecer os concorrentes e fazer uso desse conhecimento para diferenciar-se no mercado, de forma a atender as necessidades dos clientes agregando maior valor. Porém, de acordo com Ohmae (1988, apud MONTGOMERY; PORTER, 1998), a estratégia para a competitividade é sobrepor-se aos concorrentes e atender as necessidades verdadeiras dos clientes. Para Porter (1996, apud PORTER, 1999) é necessário que a empresa 24 conheça as melhores técnicas dos seus concorrentes, através do benchmark, sendo assim a organização será competitiva. Segundo Chiavenato e Sapiro (2003, p. 218), “O Benchmarking competitivo é o processo de medir e comparar as estratégias e operações da organização com as das outras organizações de ponta em suas atividades, dentro ou fora do seu setor”. Dessa forma, a organização poderá implementar, adaptar ou melhorar estas estratégias para melhorar seu desempenho e retornos acima da média. 2.5 Competitividade em Serviços De acordo com Kotler e Keller (2006), serviço é qualquer ação intangível que uma empresa pode oferecer aos clientes e não resulta no domínio de nada, suas principais características são: a intangibilidade, a inseparabilidade, a variabilidade e a perecibilidade. O resultado do serviço é a impressão de satisfação ou não das expectativas dos clientes. Como os serviços são produzidos e consumidos respectivamente, o funcionário que executa o serviço representa a empresa, dessa forma o capital humano é um fator competitivo essencial para as prestadoras de serviços. Quando existe oscilação na demanda dos serviços é necessário que as empresas adotem algumas estratégias, pois os serviços não podem ser estocados e o cliente deve ser atendido o mais rápido possível. Devido à inconstância geralmenteocorrida na prestação de serviços de empresas que atuam em um mesmo segmento é necessária uma análise dos processos, verificando e corrigindo os erros, dessa forma a empresa poderá padronizar seus processos, mas deverá acompanhar a satisfação dos clientes. Uma maneira das organizações de serviços se diferenciarem e obterem competitividade é através das alianças estratégicas. Segundo Barney e Hesterly (2007, p. 248), “aliança estratégica existe sempre que duas ou mais organizações independentes cooperam no desenvolvimento, na produção ou na venda de produtos ou serviços.” As organizações podem obter vários benefícios com as alianças estratégicas, entre eles: o melhoramento do ambiente competitivo e do seu desempenho nas operações organizacionais e a facilitação de entrada ou saída em mercados ou setores. 25 Para uma organização ser competitiva quando é limitado para lançar novos produtos, o foco de diferenciação é a qualidade no atendimento ao cliente (BARNEY; HESTERLY, 1998). Como também é necessário agregar valor aos serviços prestados. Para Kotler e Keller (2006), a facilidade na solicitação do serviço, a qualidade da entrega do produto, o local de entrega onde foi acordado, treinamento e orientação ao cliente para utilizar os equipamentos, softwares, informações e serviços de consultorias oferecidos pela empresa, são os principais fatores que devem ser estudados pelas organizações, pois são os grandes diferenciais competitivos na prestação de serviços. Para uma organização manter um posicionamento competitivo, através da excelência na prestação de serviço é necessário: Um nível de qualidade de serviço, comparado ao de seus concorrentes, que é suficientemente elevado, do ponto de vista dos seus clientes, para lhe permitir cobrar um preço mais alto pelo serviço oferecido, conquistar uma participação de mercado acima do que seria considerado natural, e/ ou obter uma margem de lucro maior do que a de seus concorrentes (ALBRECHT, 1994, p. 13). Vários fatores no desempenho das atividades na prestação de serviços influenciam direta ou indiretamente na competitividade da organização. Para Gianesi e Corrêa (1996), os serviços são altamente influenciados pela área de operações da organização compreendendo o tempo de atendimento, a flexibilidade, a confiabilidade, a consistência, os custos e a qualidade. Devido à existência de características difíceis de controlar e avaliar a qualidade na prestação de serviços, para a organização ser competitiva é necessário um estudo das necessidades e desejos dos clientes. Através dessa compreensão a empresa poderá formular as estratégias e buscar o diferencial competitivo em relação à concorrência. Albrecht (1994) define este estudo como a ‘hora da verdade’ é o momento em que o cliente entra em contato com a organização e obtém uma percepção da qualidade do serviço, seja por uma propaganda, um folder, ou até mesmo se relacionando com os funcionários da organização. O ciclo de serviço é da junção dos momentos, que devem ser analisados agregando valor, dessa forma a organização terá qualidade em serviços com distinção. Segundo Albrecht (1994), existem algumas situações na prestação de serviço que o resultado é a insatisfação/perda do cliente e a disseminação de propagandas negativas através da internet ou ‘boca-a-boca’ contra a organização, tais como: a dispensa de um cliente para não fazer um procedimento personalizado; a indiferença, desatenção ou impaciência dos funcionários no atendimento ao cliente; a padronização de comportamentos e atendimentos; a 26 valorização das regras da empresa em detrimento da satisfação do cliente; a negligência das organizações para solucionar os problemas dos clientes os encaminhado a outros setores da empresa que também não resolverão. Cada vez mais os clientes se tornam mais informados, exigentes e mais difíceis de agradar para não perdê-los para concorrência e aumentar os seus custos para obtenção de novos clientes as organizações precisam saber conhecer, conquistar e fidelizar os seus clientes, agregando importância aos seus serviços. Segundo Kotler e Keller (2006), para conhecer melhor os clientes e conseguir informações estratégicas para a organização é necessário um banco de dados dos clientes com informações pessoais, profissionais, de compras e operações realizadas na empresa, entre outras. Estas informações poderão ajudar a empresa na tomada de decisões estratégicas e de vendas. 2.6 As Transformações e a Competição Segundo Valeriano (2005), toda organização ao ser constituída é estabelecida um missão que deve ser duradoura, porém as transformações que ocorrem no ambiente geral (aspectos político-legais, econômicos, tecnológicos e socioambientais) ou no ambiente organizacional (stakeholders e competidores), podem provocar transformações nos objetivos, valores, visão e na evolução da empresa. No diagnóstico do ambiente geral é necessário o levantamento das ameaças e oportunidades para a organização. Para analisar as variáveis externas com maior facilidade de mensuração de influência sobre a empresa, é preciso que a organização divida o ambiente geral em duas partes: ambiente direto e ambiente indireto. O ambiente direto são todos os aspectos que a empresa pode identificar, avaliar e medir o grau de influência recebido e/ou proporcionado. O ambiente indireto são todos os fatores que a empresa identificou, mas não tem condições de mensurar o grau de influência entre as partes (OLIVEIRA, 2007). Na análise do ambiente organizacional a empresa precisa verificar os pontos fortes, fracos e neutros da empresa, tais como: produtos e serviços atuais; promoção; imagem institucional; comercialização; recursos humanos; resultados empresariais; recursos financeiros; tecnologia; estrutura organizacional; controle e avaliação, entre outros (OLIVEIRA, 2007). 27 Com o surgimento das novas tecnologias, reorganização, reequipamento, aprendizagem, capacitação, concorrência competitiva, usos, costumes, preferências dos clientes e da legislação, as organizações adaptadas às essas transformações tornarão seus sistemas mais leves e competitivos, retirando os impedimentos que dificultavam a melhoria do seu desempenho, através do enxugamento dos processos (downsizing e rightsizing), abaixamento da pirâmide hierárquica, valorização do trabalho interdisciplinar ou interdepartamental, terceirização e da sistematização (VALERIANO, 2005). As principais transformações tecnológicas que mudaram a competitividade das empresas foram nas telecomunicações e na computação, através da internet adquirindo altas velocidades e capacidade de transmissão de dados, permitindo a comunicação instantânea áudio e visual, aceleraram as tomadas de decisões, o trabalho cooperativo de equipes de várias naturezas, intercontinentais em tempo real. As transformações tecnológicas estão ligadas às transformações humanas, pois as pessoas estão perdendo seus postos de trabalho e cada vez mais estão à procura de manterem sua empregabilidade, através do conhecimento e da qualificação profissional (VALERIANO, 2005). Sendo assim, as organizações competitivas precisam ser flexíveis, captando e adaptando todas as informações/tecnologias que contribuirão para a aprendizagem e desenvolvimento organizacional. 2.7 O Modelo das Cinco Forças de Porter As cinco forças que determinam porque algumas indústrias são mais lucrativas do que outras são: o poder de barganha dos clientes, o poder de barganha dos fornecedores, a ameaça de novos entrantes, a ameaça de produtos substitutos e a rivalidade entre os concorrentes (PORTER 1999, apud PORTER, 1999). O estudo de Porter foi realizado em indústrias, mas segundo o autor “essa visão da competição também se aplica a setoresque atuam com serviços (PORTER 1979, apud PORTER, 1999, p. 29)”. Segundo Porter (1999), para a empresa obter diferença de rentabilidade em relação à concorrência é necessário uma estratégia diferencial. A estratégia é formulada através do estudo do mercado em que a empresa atua, através deste a empresa poderá encontrar a melhor posição para se defender ou influenciar as forças competitivas, que podem ser uma ameaça ou oportunidade para a organização. 28 Para cada empresa seja indústrias ou serviços existem forças mais ou menos ofensivas, porém quanto mais fracas estas forças coletivamente é maior o poder de melhoria da performance organizacional, como também quanto mais competitivas forem estas forças maior importância deverá ser agregada a elas para a formulação da estratégia, pois determinaram a rentabilidade da empresa. Figura 1: As forças competitivas de Porter Fonte: Paulini (2009) A Figura 1 mostra como as cinco forças atuam e influenciam nas estratégias das organizações. 2.7.1 O poder de negociação dos clientes Devido à alta concorrência existente nos mercados atuais os clientes possuem o poder de escolha de acordo com suas necessidades e expectativas. Eles geram a rivalidade entre as organizações exigindo redução dos preços e melhoria da qualidade dos produtos e serviços. O poder de negociação com os clientes depende de algumas variáveis atuais do mercado, tais como: que serviço a empresa vende, o preço, o custo, a quantidade, a qualidade, e a possibilidade do produto/serviço ser adquirido por outros tipos de canais de distribuição, tais como por fabricantes, por telefone ou pela internet, entre outros (WRIGHT; KROLL; 29 PARNELL, 2007). Os clientes são mais sensíveis ao preço quando a qualidade e o produto são iguais, ou quando o preço é muito alto relativo aos seus salários. 2.7.2 O poder de negociação dos fornecedores Os fornecedores possuem o mesmo poder de barganha dos clientes, porém eles determinam: o fornecimento de insumos, produtos e serviços para a empresa, preços, condição de pagamento, prazos de entrega e a qualidade dos produtos/serviços, como também se a empresa não for capaz de repassar para os clientes a elevação dos custos poderá afetar negativamente a rentabilidade da organização. O poder de negociação dos fornecedores também está ligado a representar uma ameaça de integração para frente, diferenciação ou exclusividade dos seus produtos, quando não é obrigatório a competir com outros produtos no setor, quando o setor não é um comprador importante, entre outros (PORTER 1979, apud PORTER, 1999). 2.7.3 Ameaça de novos entrantes Para a organização se sobrepor à ameaça de entrada de novos concorrentes ela deve reagir, pois a probabilidade de novos concorrentes entrarem no setor depende das barreiras existentes para a entrada no mercado e o que seu concorrente pode fazer para dificultar. Segundo Porter (1979, apud PORTER, 1999), são seis principais barreiras de entrada que os novos concorrentes enfrentarão: • Economias de escala; • Diferenciação do produto; • Exigências de capital; • Desvantagens de custo; • Acesso a canais de distribuição e • A política governamental. 30 Para Porter (1979, apud PORTER, 1999), se as barreiras de entrada são altas os novos entrantes podem esperar ser retaliados, dessa forma a ameaça de entrada é pequena. 2.7.4 A ameaça de produtos/serviços substitutos Os produtos/serviços substitutos são aqueles produzidos pela concorrência que possuem o mesmo desempenho ao oferecido pela organização. As organizações devem pesquisar empresas de outros setores, pois podem está produzindo produtos/serviços substitutos que satisfazem as mesmas necessidades dos compradores, porém são diferentes em algumas características. Com os substitutos a empresa poderá perder lucratividade, pois além de invadirem seu mercado podem estabelecer novos tetos de preços (WRIGHT; KROLL; PARNELL, 2007). 2.7.5 Rivalidade entre os concorrentes Segundo Pankaj (2000, p.38) a melhor ajuda que Porter agregou a análise das “cinco forças” foi sua percepção sobre a intensidade da rivalidade “que a rivalidade, apesar de importante, é somente uma de várias forças que determinam a atratividade do setor”. Para Porter (1979, apud PORTER, 1999), rivalidade é maior quando: • Existem vários concorrentes de uma mesma capacidade de tamanho e poder; • O desenvolvimento no setor é vagaroso; • Os produtos e serviços não são diferenciados; • Os concorrentes apresentam vários tipos de estratégias desiguais; e as • Obstáculos para sair do setor são elevados. Todas estas forças de atuação no setor da organização deverão ser analisadas de acordo com as características de cada força, dessa forma a organização poderá encontrar uma oportunidade de melhorar seu posicionamento no setor. 31 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Com a finalidade de garantir que os objetivos propostos neste estudo fossem alcançados foi preciso adotar e seguir as etapas dos procedimentos metodológicos que foram formulados de acordo com a pesquisa que foi desempenhada. Neste tópico serão apresentadas as técnicas do método de pesquisa adotado, tais como a classificação e os sujeitos da pesquisa, como também as etapas de coleta e análise de dados, porém será iniciado considerando a natureza da pesquisa em questão. 3.1 Classificações da Pesquisa De acordo com suas características a pesquisa com base em seus objetivos é de caráter descritivo, devido a expor quais são as estratégias adotadas pelos correspondentes estudados. Como também é exploratório, pois não foram encontrados estudos acadêmicos relacionados às estratégias organizacionais ligadas ao modelo de Porter em serviços de correspondentes bancários. Segundo Vergara (2008b, p. 47), “a pesquisa descritiva expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno”. Para Gil (2006, p.41) as pesquisas exploratórias “tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explicito”. Com base em sua natureza é caracterizada como pesquisa aplicada devido a discutir o problema, utilizando um referencial teórico (ROESCH, 2007). Foi aplicada devido a consistir na aplicação do modelo teórico das cinco forças de Porter ligado as estratégias utilizadas pelos correspondentes do banco BMG estudados. Com base nos procedimentos técnicos adotados esta pesquisa é classificada como estudo de caso, utilizando o método comparativo. O estudo de caso é uma verificação de um fato contemporâneo dentro da sua situação real, onde a fronteira entre o fato e a situação não são claramente percebidos, para isso é necessário um estudo amplo do objeto para permitir seu amplo e detalhado conhecimento (YIN, 2001, apud GIL, 2006). Segundo Gil (1999, p. 34) o método comparativo “procede pela investigação de indivíduos, classes, fenômenos ou fatos, com vistas a ressaltar as diferenças e similaridades entre eles”. 32 A forma de abordagem do problema de pesquisa é caracterizada como qualitativa, pois segundo Staw (1977, apud ROESCH, 2007), seria a forma de apropriada para uma fase exploratória de pesquisa com amostra pequena. A pesquisa é qualitativa, pois foi realizada através de entrevista, com pretensão de levantar como cada força atua sobre as estratégias da empresa estudada. 3.2 Instrumentos de Coleta de Dados A coleta de dados foi realizada meio de pesquisa bibliográfica de publicações e pesquisa de campo através de entrevistas e observação sistemática e da vida real. A pesquisa bibliográfica não é a imitação do que já foi escrito ela, propiciao exame do tema sob nova abordagem, sendo assim o pesquisador pode obter conclusões diferenciadas (MARCONI; LAKATOS, 2008). Nas pesquisas bibliográficas foram utilizados livros, artigos e notícias que abragem o tema estudado. Para Marconi e Lakatos (2008, p. 78), “a observação sistemática o observador sabe o que procura e o que carece de determinada situação”. Na observação da vida real, o pesquisador registra os dados na medida em que eles ocorrem devido ao mesmo está inserido no ambiente estudado (MARCONI; LAKATOS, 2008). A observação foi necessária para elaboração das questões da entrevista, todas as perguntas foram formuladas a partir da observação direta da pesquisadora relacionada à bibliografia e a vida real. Segundo Marconi e Lakatos (2007, p. 111), a entrevista é “uma conversação face a face, de maneira metódica; propicia ao entrevistador, verbalmente a informação necessária”. Para uma análise de informações mais consistentes as entrevistas desta pesquisa foram padronizadas, sendo assim será possível à comparação entre as empresas estudadas. Para Marconi e Lakatos (2008, p. 83), a entrevista padronizada “é a aquela que o entrevistador segue um roteiro previamente estabelecido”. Foram realizadas dois tipos de entrevista padronizada em cada empresa, sendo a primeira sobre o perfil da empresa e seu histórico, na segunda os tópicos da entrevista foram relacionados às estratégias que os correspondentes adotam em relação à ameaça de novos entrantes em potencial, o poder de barganha dos clientes, como o Banco BMG (fornecedor) influencia nas estratégias da empresa, a reação aos concorrentes e os serviços substitutos. 33 Os agendamentos para aplicação das entrevistas foram realizados através de e-mails e telefone junto aos gerentes das duas empresas em João Pessoa/PB previamente selecionados para pesquisa, os participantes marcaram a data para que fossem realizadas as entrevistas com maior tempo possível, como também foi solicitado aos mesmos que respondessem as questões com maior veracidade possível. As entrevistas foram realizadas pessoalmente e foram gravadas com um aparelho de MP3, sendo transcritas para facilitar a análise e interpretação das informações. 3.3 Sujeitos da Pesquisa O universo da pesquisa é composto por seis correspondentes bancários do banco BMG em João Pessoa, porém a amostra é caracterizada como não probabilística intencional sendo composta por dois correspondentes do Banco BMG em João Pessoa/PB. A população selecionada para pesquisa é composta de um gerente de cada correspondente estudado.. “A amostra é uma parcela convenientemente selecionada do universo e a população é um subconjunto do universo” (MARCONI; LAKATOS, 2008, p.16). Para Marconi e Lakatos (2008), a amostra não probabilística intencional é utilizada quando o pesquisador pressupõe que amostra escolhida tem a propriedade de influenciar a opinião dos demais. 3.4 Tratamento de Análise de Dados e Informações Na análise de dados e informações foi utilizado um procedimento qualitativo, devido ao objetivo da pesquisa ser subjetivo, relacionado às estratégias de correspondentes bancários do banco BMG, sendo assim a pesquisa foi baseada em entrevistas padronizadas para as duas empresas estudadas, que estabeleceram de modo sistemático, todas as informações colhidas. Após as entrevistas foi utilizado o método de análise de conteúdo para levantar as estratégias relevantes para cada força (ameaça de novos entrantes em potencial, o poder de barganha dos clientes, o poder de barganha do Banco BMG, a reação aos concorrentes e os 34 serviços substituto) de atuação no setor. Segundo Vergara (2008a, p.15) a análise de conteúdo “é considerada uma técnica para o tratamento de dados que visa identificar o que está sendo dito a respeito de determinado tema”. As categorias para análise foram definidas de acordo com a grade de análise fechada. Para Laville e Dionne (1999, apud VERGARA, 2008a, p.18), na grade de análise fechada “o pesquisador recorre à literatura pertinente ao tema da pesquisa para formular as categorias, ou seja, são estabelecidas a priori”. As categorias da pesquisa serão estratégias referentes à ameaça de novos entrantes em potencial, o poder de barganha dos clientes, o poder de barganha do Banco BMG, a reação aos concorrentes e os serviços substitutos de cada empresa estudada. A interpretação dos resultados foi desenvolvida por meio da construção “iterativa” de uma explicação. Segundo Vergara (2008a, p.19), “a construção iterativa de uma explicação refere-se à construção de uma explicação com base nas relações entre as categorias”. Estes procedimentos metodológicos foram utilizados para responder o objetivo proposto: Conhecer quais são as estratégias que podem tornar competitivos dois correspondentes do Banco BMG em João Pessoa/PB, baseado no modelo das cinco forças de Porter. As categorias da pesquisa foram definidas de acordo com o Quadro 1, para que os objetivos sejam alcançados. Para isso, foram formuladas questões para cada categoria que foram definidas partindo dos objetivos específicos e de acordo com as categorias foram definidos os vetores de investigação. 35 OBJETIVOS ESPECÍFICOS CATEGORIAS VETORES DE INVESTIGAÇÃO QUESTÕES DAS CATEGORIAS Na sua visão, quais são as maiores barreiras para abrir um novo correspondente bancário do Banco BMG em João Pessoa/PB Em sua opinião, quais são as principais ações estratégicas adotadas pela empresa para sobrepor-se a ameaça/retaliação de novos concorrentes? OE1 - Pesquisar as estratégias dos correspondentes para aumentar as barreiras contra a ameaça de novos concorrentes Categoria “A”: Estratégias para sobrepor-se a ameaça de novos concorrentes Barreiras impostas pelos correspondentes existentes e pelo banco BMG; crescimento do setor; a diferenciação dos serviços no setor; e as vantagens em custos; e as estratégias adotadas pelos correspondentes. Sobre as políticas governamentais (impostos e regulamentação do empréstimo consignado), quais são as medidas adotadas pela empresa manter-se no mercado? Em sua opinião, quais são as principais barreiras impostas pelo banco BMG que diminuem a rentabilidade e a qualidade dos serviços da empresa? Quais são as medidas tomadas pela empresa para superar tais dificuldades? OE2 - Estudar as estratégias dos correspondentes contra o poder de negociação do Banco BMG Categoria “B”: Estratégias dos correspondentes para sobrepor-se as políticas do Banco BMG Exclusividade dos serviços do Banco BMG; a qualidade dos serviços prestados aos correspondentes; e as estratégias adotadas pelos correspondentes. Em sua opinião, quais as medidas que a empresa poderia tomar que melhorariam a qualidade e a rentabilidade com relação ao banco BMG? Quais são os principais obstáculos para a empresa fidelizar os clientes? Devido à elevada concorrência no setor, quais são as ações tomadas pela empresa para manter a clientela? OE3 - Descrever as estratégias dos correspondentes relacionadas ao poder de negociação dos clientes Categoria “C”: Estratégias para superar o poder de negociação dos clientes Solidificação de relacionamento com clientes; alternativas de custo – beneficio; a diversificação dos serviços; e as estratégias adotadas pelos correspondentes. E para adquirir novos clientes? Em sua opinião, quais são osserviços que substituem os serviços oferecidos pela empresa? Quais são a ações adotadas pela empresa para superar os serviços substitutos? OE4 - Levantar as estratégiasdos correspondentes para sobrepor-se a ameaça serviços substitutos do crédito consignado Categoria “D”: Estratégias contra os serviços substitutos Serviços substitutos; relações de preço- desempenho; e as estratégias adotadas pelos correspondentes. Em opinião, o que a empresa poderia fazer para sobrepor-se aos serviços substitutos? Em sua opinião, quais são as principais barreiras que a empresa enfrenta em relação a concorrência já existente? Quais são as principais estratégias da empresa contra a concorrência? OE5 - Conhecer as estratégias concorrenciais dos correspondentes estudados em relação aos concorrentes existentes Categoria “E”: Estratégias contra a concorrência existente Barreiras de saídas; serviço carece de diferenciação; barreiras impostas pela concorrência e as estratégias adotadas pelos correspondentes. A empresa possui serviços diferenciados dos outros correspondentes do Banco BMG? Se sim, quais são os serviços diferenciados? Quadro 1: Diagrama de pesquisa de campo. Fonte: Elaboração própria (2009). 36 4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS Este capítulo apresenta a análise das informações, de acordo com o Quadro 1, obtidas através de entrevistas padronizadas (Apêndice A e B) nos correspondentes. Essas entrevistas foram dividas em dois tipos, a primeira para descrever a caracterização dos correspondentes, e a segunda sobre as estratégias adotada por eles, utilizada para analisar o conteúdo e realizar a construção iterativa dos dados de acordo com as categorias apresentadas. Esta análise buscou conhecer as estratégias que podem tornar competitivos dois correspondentes bancários do banco BMG em João Pessoa/ PB, utilizando o modelo das cinco forças de Porter (Ameaça de novos concorrentes e produtos substitutos; Poder de negociação dos fornecedores e clientes; e a rivalidade entre os concorrentes já existentes). Foi acordado com as empresas o sigilo quanto à divulgação da razão social e o nome comercial, chamaremos as organizações de E1 e E2. 4.1 Caracterização da Empresa E1 Este tópico foi desenvolvido, através dos dados da entrevista 1 aplicada na empresa E1 (Apêndice A – empresa E1). Em 1991, com atuação no segmento de seguros a empresa E1 foi fundada, em Fortaleza, no Estado do Ceará, tornando-se um correspondente bancário do Banco BMG, no ano de 2004. Visando todo o potencial que o Banco BMG proporciona aos correspondentes e clientes, a empresa consolidou esta união na área de crédito consignado. Segundo a campanha “100 limites” realizada pelo Banco BMG entre fevereiro a Julho de 2009, o correspondente E1 nos estados da Paraíba, Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul e Ceára, obteve o primeiro lugar em volume de produção de empréstimos consignados. (BMG, 2008d). De acordo com os dados do questionário aplicado na empresa, a organização está presente em 20 estados do país, onde possui 120 correspondentes, na Paraíba são 6 correspondentes e 1 correspondente em João Pessoa/ PB. O correspondente da organização em João Pessoa foi inaugurado em 2005 e atualmente possui 480 funcionários no Brasil e 8 deles são da filial de João Pessoa/PB, como também a organização possui 60 corretores em 37 João Pessoa/PB que atuam de forma autônoma e são comissionados pela empresa. A produção aproximada em 2008 do correspondente em João Pessoa/PB foi de R$ 10.000.000, 00, sendo aprovados aproximadamente 1600 proposta do banco BMG. Atualmente, a empresa E1 atua como correspondente do Banco BMG, mas também faz parte de um grupo de empresas que atuam com empréstimos consignados, seguros, câmbio e financiamentos, contando com outros parceiros além do Banco BMG, são: Banco BGN, Banco BMC, Banco BV, e Casebrás. O correspondente possui foco na excelência do atendimento, hoje com uma equipe de profissionais experientes e instalações que proporcionam uma melhor acomodação e segurança aos seus clientes e parceiros. De acordo com as informações fornecidas pela empresa, o crescimento da mesma se deu através da busca por atingir três vertentes: excelência no atendimento a clientes e corretores; comissões competitivas para corretores; e agilidade no pagamento de comissão aos corretores. Como também procurando oferecer aos seus clientes o que o concorrente não oferece, mas tendo sempre como primordial o bom atendimento com rapidez e precisão a clientes e corretores, para garantir fidelidade dos mesmos. 4.2 Caracterização da Empresa E2 Este tópico foi formado, através dos dados do questionário aplicado na empresa E2 (Apêndice A – empresa E2). A empresa E2 atua no mercado desde 2003, apresentando uma completa estrutura montada para os clientes, proporcionando os acessos à empréstimos e financiamentos. As unidades apresentam equipes de vendas e de corretores que trabalham motivados e os processos das unidades são acompanhados pelos gerentes e pelo gerente geral das unidades, que propiciam ganhos de produtividade para o negócio. De acordo com os dados do questionário aplicado na empresa E2, em todo Brasil a empresa possui 17 filiais, na Paraíba são 5 e em João Pessoa a empresa possui 1 filial. A filial de João Pessoa foi inaugurada em 2004 e possui 6 colaboradores, porém a empresa possui a 80 funcionários em todas as filiais. A produção efetiva aproximada em 2008 do correspondente em João Pessoa/PB foi de R$ 7.000.000,00, com aproximadamente 1200 propostas aprovadas. 38 Segundo os dados da pesquisa, a empresa E2 possui na Paraíba 200 corretores cadastrados, que são multiplicadores de produção. Atualmente, a empresa é um correspondente exclusivo do banco BMG. A empresa surgiu através de um convite de um gerente do Banco BMG em 2003, para atuar com empréstimos consignados e após três anos de atuação com este público, o banco BMG criou novos produtos financeiros para outros perfis de clientes. O crescimento da empresa se deu através da alta demanda dos empréstimos consignados para aposentados e pensionistas do INSS, pois o Banco BMG foi o primeiro banco privado a trabalhar com este segmento de clientes e realizou um trabalho de marketing nacional. Como também, o seu crescimento foi resultado da excelência em atendimento, da busca a satisfação dos clientes, dos trabalhos realizados em equipe para captação de novos clientes, e pelo aproveitamento das oportunidades dadas pelo mercado. A empresa também trabalha com o acompanhamento das propostas dos clientes com pré-venda e pós-venda das operações, procurando compreender as necessidades que levam os clientes a retirarem os empréstimos. Para a empresa E2, “A realização do nosso cliente é a nossa realização”. 4.3 Categoria “A”: Estratégias para sobrepor-se a ameaça de novos concorrentes Nesse item, serão expostas as informações obtidas na pesquisa sobre as barreiras para entrada de um novo concorrente no setor e as estratégias que as empresas realizam para aumentar estas barreiras, para assim conter estes novos competidores. Segundo dados da pesquisa nas empresas E1 e E2, as barreiras para abrir um novo correspondente bancário do banco BMG em João Pessoa/PB são os critérios estipulados pelo banco BMG; a necessidade de possuir um espaço físico de ótima localização; ter experiência no ramo, visto que este é muito mutável; a necessidade de um sistema de via internet, de dados de clientes e controle de contratos e pagamento de comissão; como também a quantidade de concorrentes já existentes no mercado que torna o crescimento lento no setor. Segue trechos que estabeleceram esta visão: [...] o Banco BMG hoje possui uma série de critérios para aceitar um novo correspondente. Outras dificuldades seriam que a empresa quealmeja o credenciamento já possua um ponto de boa localização ou um banco de dados de 39 clientes e para sobreviver no mercado precisam ter experiência no ramo, pois é muito concorrido. (PESQUISA DE CAMPO, E1, 2009). [...] As maiores dificuldades seriam a grande quantidade de bancos, lojas de corretagem e corretores que oferecem este tipo de serviço, nós percebemos que o banco BMG começou a limitar e só deixou as empresas que realmente estavam habilitadas a prestar este serviço. Para abrir um correspondente do BMG hoje também é necessário não só um investimento inicial como um ótimo sistema de banco de dados e de controle de comissão e propostas, como contrário está fadado ao fracasso. (PESQUISA DE CAMPO, E2, 2009) Para Porter (1979, apud PORTER, 1999, p.29), “se as barreiras de entrada forem altas e os recém-chegados esperarem uma forte retaliação dos concorrentes entrincheirados, é evidente que não representarão séria ameaça”. Sendo assim, os critérios de seleção impostos pelo banco BMG já é uma forte barreira das empresas contra os novos concorrentes. Segundo Porter (1979, apud PORTER, 1999), são seis principais suportes das barreiras de entrada: Economias de escala; Diferenciação de Produto; Exigências de capital; Desvantagens de custo; Acesso a canais de distribuição; e a Política governamental. De acordo com a pesquisa de campo, as estratégias competitivas adotadas pela empresa E1 e E2 contra a ameaça de novos concorrentes estão relacionadas à diferenciação de serviços e de vantagens em custos. As estratégias de diferenciação de serviço da empresa E1 são as campanhas fidelização de clientes e corretores e a marca forte que a empresa possui no mercado. As campanhas da empresa E1 são realizadas através de prêmios sorteados pela empresa para clientes e corretores, como também pelo atendimento e relacionamento da empresa com estes. Como abordado na caracterização da empresa E1 a mesma já possui cinco anos de atuação em João Pessoa e na campanha atual do banco BMG se encontra em 1º lugar em vendas, isto torna a marca da empresa cada vez mais forte. Segue fragmento da entrevista que explica esta interpretação: As principais ações são: campanhas de fidelização de clientes e agentes; um efetivo sistema de banco de dados de clientes, incluindo controle e pagamento de comissão; [...] e campanhas de premiação para clientes e parceiros (agentes) na última para parceiros que terminou dia 15 de junho nós premiamos oito parceiros [...] é desta forma que nos estamos nos mantendo em 1º lugar em vendas na Paraíba”. (PESQUISA DE CAMPO, E1, 2009) A estratégia de diferenciação de serviço da empresa E2 é através do relacionamento entre a empresa e os clientes/corretores. Segue trecho que explica esta idéia: 40 A empresa adota uma estratégia que a principio parecer ser muito simples, é a estratégia de um bom relacionamento com clientes e corretores, que hoje a grande parte dos correspondentes investe na parte estrutural e esquecem a parte humana do negócio, percebemos que isso tem feito muita diferença, os clientes e corretores nos procuram por sentirem bem recebidos e bem atendidos. (PESQUISA DE CAMPO, E2, 2009). Segundo Porter (1979, apud PORTER, 1999), as empresas possuem um produto diferenciado quando têm uma marca estabelecida no mercado, obrigando os novos competidores a altos investimentos. A promoção, os serviços aos clientes, o pioneirismo no setor e as particularidades do produto estão entre os principais fatores que promovem a identificação com a marca. Para a empresa E1, ela possui vantagens nos custos contra a ameaça de novos concorrentes, através do poder de barganha relacionada à comissão que o banco BMG repassa para empresa, devido à mesma ter um volume de produção muito alto o banco BMG é flexível quanto à porcentagem da comissão dos contratos. Segue citações da entrevista que contribuíram para a construção desta informação: “[...] temos abertura para barganhar comissão junto ao banco, [...] o banco tem ouvido bastante a empresa visto que somos o 1º lugar hoje no Brasil”. (PESQUISA DE CAMPO, E1, 2009) Conforme relatado pela empresa E2, a empresa possui vantagem de custos contra a ameaça de novos concorrentes, através de uma ONG que a empresa possui além de agregar valor à empresa pela responsabilidade social, também resulta em uma redução de base de cálculo do imposto de renda, diminuindo a carga tributária para a mesma. Segue da entrevista que ajudaram na construção deste ponto: “Uma das nossas políticas para nos mantermos com uma carga tributária tão alta é a questão da responsabilidade social, nós temos uma instituição para crianças carentes e através dessa contribuição social nós temos certa isenção fiscal (redução de base de cálculo de imposto de renda)”. (PESQUISA DE CAMPO, E2, 2009). Para Porter (1979, apud PORTER, 1999, p.30), “as empresas estabelecidas talvez desfrutem de vantagens de custos não disponíveis para os rivais em potencial, independente do porte e das possíveis economias de escala”. Desta forma, os correspondentes que de alguma forma tiverem vantagens em custos aumentam as barreiras para os novos entrantes, tais vantagens, podem ser relacionadas ao banco BMG, a localização favorável e a subsídios governamentais. 41 4.4 Categoria “B”: Estratégias dos correspondentes para sobrepor-se as políticas do Banco BMG Nesta categoria serão explicitadas as estratégias que as empresas pesquisas adotam com relação às políticas do banco BMG que é o principal fornecedor das mesmas. Segundo as informações da pesquisa os principais obstáculos impostos pelo banco BMG, enfrentados pelos correspondentes E1 e E2 em relação à rentabilidade e a qualidade dos serviços da empresas são: dificuldades com o operacional do banco, pois existe uma demanda superior à oferta de funcionários disponíveis para atender os correspondentes; a ineficiência do feedback do banco para o cliente e as empresas, ocasionando gargalos no processo de liberação das propostas; a falta de autonomia da empresas para liberação de exceções relacionados limite de idade e crédito dos clientes; as constantes mudanças de normas operacionais do banco BMG; e a comissão dos contratos de refinanciamentos que são liberadas de acordo com o valor liquido da operação. Segue citações das entrevistas que tornam mais claro este entendimento: A maior dificuldade que a empresa tem hoje com o BMG é a questão operacional. O Banco BMG nos oferece várias ferramentas [...] mas, de acordo com o volume das vendas e a quantidade de empresas que são parceiras do BMG, estas ferramentas ainda deixam a desejar, ocasionando no atraso de feedback para o cliente e para a empresa muitas vezes. (PESQUISA DE CAMPO, E1, 2009) [...] nós precisamos de agilidade, o cliente que vem tomar o empréstimo ele está precisando o mais rápido possível e nós sabemos que tem outros bancos no mercado que liberam os empréstimos no mesmo dia, como também (é uma barreira) a falta de autonomia nossa com relação às limitações que o banco impõe, através dos limites operacionais de crédito e idade, pois muitas vezes o cliente já utilizou o limite de crédito todo e tem margem, mas não pode fazer um contrato novo, gerando perda de comissão para empresa. Os bancos de rede já possuem outra visão, eles dão autonomia aos seus gerentes para flexibilizar e não perder o cliente. (outro obstáculo seria) Com relação à comissionamento, muitos bancos já trabalham pagando a comissão dos refinanciamentos pelo valor bruto e o banco BMG paga pelo valor líquido e nós sabemos que o faturamento do BMG será sobre o valor bruto do contrato. (PESQUISA DE CAMPO, E2, 2009) Segundo Porter (1979, apud PORTER, 1999), os fornecedores exercem poder
Compartilhar