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MONOGRAFIA JEAN INCLUSÃO

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DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E DA INCLUSÃO NO BRASIL E NO MUNDO
A evolução no atendimento da Educação Especial ocorreu em diferentes países do mundo. Observa-se que, tanto na prática como no discurso dos profissionais que tomaram para si esta causa, a finalidade de se compreender os fatos que mais influenciaram o cotidiano escolar, assinalou as conquistas das pessoas com necessidades especiais.
2.1 Definição de Educação Especial
Antes de se falar sobre o processo de desenvolvimento da Educação Especial, faz-se necessário que se tenha uma noção geral da Educação Especial. Baseando-se na visão de Mazzotta (1996), Educação Especial refere-se a uma:
[...] modalidade de ensino que se caracteriza por um conjunto de recursos e serviços educacionais especiais organizados para apoiar, suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação formal dos educandos que apresentem necessidades educacionais muito diferentes das da maioria das crianças e jovens. Tais educandos, também denominados de excepcionais, são justamente aqueles que hoje têm sido chamados de alunos com necessidades educacionais especiais. (MAZZOTTA, 1996, p. 11).
Portanto, fundamentando-se no texto acima, pode-se observar que a Educação Especial retrata uma modalidade de educação escolar e que é oferecida aos alunos com necessidades especiais, preferencialmente, na rede regular de ensino. 
Fonseca (1995) afirma que ser diferente não invalida o direito à dignidade e à sobrevivência:
Nos nossos dias, o direito de ser diferente é também visto como um direito humano, que passa naturalmente pela análise crítica dos critérios sociais que impõem a reprodução e preservação de uma sociedade (e de uma escola) baseada na lógica da homogeneidade e em normas de rentabilidade e eficácia, que tendem facilmente a marginalizar e a segregar quem não acompanha as exigências e os ritmos sofisticados. (FONSECA, 1995, p.44).
Sendo assim, a Educação Especial insere-se nos diferentes níveis da Educação Escolar: Educação Básica (educação infantil, educação fundamental e ensino médio) e Educação Superior, bem como nas demais modalidades da educação escolar, como a educação de jovens e adultos, a educação profissional e a educação indígena. 
Para se entender o presente é necessário que se conheça o passado, é necessário abordar o conteúdo da Educação Especial como um todo, situando os fatos mais relevantes envolvendo as pessoas com necessidades especiais e, como será visto a seguir.
2.2 Breve histórico
A humanidade não foi complacente com aqueles que possuíam necessidades especiais, principalmente se for observada a Antiguidade quando a assistência a essas pessoas não existia; elas eram abandonadas, perseguidas ou eliminadas. Segundo Magalhães (2002), nas sociedades antigas era normal o ato de matar as crianças (infanticídio) devido a qualquer que fosse sua deficiência. Ou seja, quando se observavam anormalidades, as crianças não tinham quaisquer chances de sobreviver junto ao meio, sendo então mortas. 
De acordo com Veyne (1991), a prática utilizada pelos gregos se dava de forma que eles “[...] enjeitavam ou afogavam as crianças malformadas o que, ao ver de Sêneca, não se fundava no ódio, mas numa razão já de certo cunho utilitarista: “é preciso separar o que é bom do que não pode servir para nada”.” (p.23).
Durante a Idade Média, a Igreja condenou esta prática, mas por outro lado, atribuiu as anormalidades de que padeciam as pessoas às causas sobrenaturais. Considerava-se então, que os portadores de deficiência eram possuídos pelo demônio e outros espíritos maléficos e submetia-os à prática do exorcismo.
De acordo com Vieira e Pereira (2003), as pessoas portadoras de algum tipo de deficiência eram consideradas inaptas para sociedade econômica e cultural, tornando-se assim perigosas para o convívio social.
Na antiguidade clássica as pessoas com deficiência foram consideradas possessas de demônios e de maus espíritos. [...]. Os modelos econômicos, sociais e culturais impuseram às pessoas com deficiência uma inadaptação geradora de ignorância, preconceitos e tabus que, ao longo dos séculos, alimentaram os mitos populares da perigosidade das pessoas com deficiência mental e do seu caráter demoníaco, determinando atitudes de rejeição, medo e vergonha. (VIEIRA E PEREIRA 2003, p.17).
A religião, com toda sua força cultural, incitou nos indivíduos a certeza de que se o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus tem a obrigação de ser perfeito. Assim, pregava a idéia da condição humana como indicação de perfeição física e mental. E quem não se parecia com Deus era considerado sub-humano e posto à margem da sociedade. Ou seja, excluído, marginalizado.
A própria religião, com toda sua força cultural, ao colocar o homem como imagem e semelhança de Deus, ser perfeito, inculcavam a idéia da condição humana, como incluindo perfeições físicas e mentais. E não sendo “parecidos com Deus”, os portadores de deficiências (ou imperfeições) eram postos à margem da condição humana (MAZZOTA, 1996, p. 16).
Desta forma, até os séculos XII e XIII, as noções sobre a deficiência estavam basicamente ligadas ao misticismo e ao ocultismo. Sendo assim, não existia base científica centrada no desenvolvimento de noções do realismo. A própria história revela que pessoas com deficiência foram condenadas ao exílio e à fogueira, por serem consideradas criaturas malignas que tinham pacto com o demônio. 
Nos séculos XII e XIII e, em alguns casos, hoje em dia, a pessoa incapacitada estava relegada a uma posição muito difícil na sociedade. As noções concernentes à incapacidade eram estreitamente ligadas ao misticismo, espíritos e ocultismo. Mesmo hoje em dia, muitas pessoas consideram que a epilepsia tenha características estranhas e inusitadas que freqüentemente são mais irrealistas. Não só é inesperado que as pessoas, em geral, olhassem os incapacitados com uma curiosidade mórbida e, muitas vezes, deles se aproximassem com medo. Coisas que são desconhecidas são temidas. Amiúde, medo está associado com culpa. As pessoas evitam essas coisas que evocam sentimentos de culpa e medo. Em conseqüência, os excepcionais eram evitados, postos de lado e ignorados. Ademais, não havia base científica sobre a qual pudessem ser desenvolvidas noções realísticas sobre o indivíduo incapacitado (CRUICKSHANK, 1979. p. 10).
Na expectativa de mudar esta situação, segundo Jimenez (1997),o frade Pedro Ponce de Leon (1509-1584)fez surgir às primeiras experiências positivas, pois em meados do século XVI, educou 12 crianças surdas com surpreendente êxito. A partir daí, ele passou a ser reconhecido como iniciador do ensino para surdos e criador do método oral no Mosteiro de Oña, na Espanha.
Apesar da experiência exitosa do frade, situa-se o início da história da Educação Especial, nos finais do século XVIII, época esta ainda marcada pela ignorância e rejeição do indivíduo deficiente, mas com atitudes significativas, que foram aumentando de acordo com os fatores econômicos, culturais, filosóficos e científicos. Na história da Educação são expressivas as informações sobre o atendimento educacional às pessoas com deficiência, podendo-se constatar que diversas foram as atitudes assumidas pela sociedade em certos grupos sociais com pessoas deficientes. 
De acordo com Miranda (2011), nesse período, muitos estudiosos se interessaram em desvendar os mistérios a fim de conseguir sociabilizar e educar as pessoas com necessidades especiais, porém essa educação era apartada das demais pessoas. Nesta ocasião, destacou-se a experiência de Jean Marc Gaspar dItard, médico e psiquiatra que viveu na França entre os séculos XVIII e XIX, e Edourd Onesimus Seguin, médico e professor de origem francesa que viveu no século XIX, o qual aproveitou a vivência de Itard e fundou na França a primeira instituição para crianças com necessidades especiais.A autora afirma: “Seguin não se preocupou apenas com os estudos teóricos sobre o conceito de idiotiae desenvolvimento de um método educacional, ele também se dedicou ao desenvolvimento de serviços, fundando em 1837, uma escola para idiotas” (MIRANDA, 2011, online).
As primeiras décadas do século XX chegaram com o advento da industrialização, alguns esclarecimentos sobre problemas congênitos, disfunções sensoriais e distúrbios mentais e físicos, gerando assim, muitas mudanças sociais e descobertas científicas.
Depois da II Guerra Mundial, grandes discussões são fomentadas no que se refere aos direitos que garantissem igualdade e fraternidade entre todos os seres humanos. Para isso, foram elaborados importantes documentos podendo-se citar a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) a qual em seus artigos 1º e 2º alega:
[...] todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direito, sem distinção alguma, de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação, assegurando as pessoas com deficiência os mesmos direitos à liberdade, a sua vida digna, a educação fundamental, ao desenvolvimento pessoal e social e a livre participação na vida da comunidade.
2.3 Estágios da evolução no atendimento à pessoa com deficiência
Conforme Sassaki (1997), a sociedade atravessou diversas fases no que se refere às práticas sociais e em todas as culturas. De início, sobreviveu à prática da exclusão social devido às condições atípicas que não pareciam pertencer à maioria da população. Em seguida, passou a desenvolver o atendimento segregado dentro de instituições e depois, passou para a prática da integração social.Recentemente adotou a inclusão social para modificar os sistemas sociais gerais.
No primeiro estágio, assinalado na história pela negligência e total ausência de atendimento, os deficientes eram perseguidos, abandonados e até mortos. Conforme Pessotti (1984), o tratamento diversificava de acordo com as concepções de caridade ou castigo predominantes na comunidade em que o deficiente estava inserido. Esta fase ficou conhecida como a fase da exclusão social.
No entanto, vale a pena ressaltar que, apesar da ausência total de atendimento, nem todos os deficientes sofriam tanta perseguição: 
De passagem, convém lembrar que pessoas cuja deficiência não fosse acentuada podiam, dependendo de seus familiares, sobreviver e crescer, como ocorreu, na Grécia antiga, com certo Marguités, cujo caso foi registrado por Suidas aproximadamente em 960 A.c. (PESSOTTI, 1984, p. 4).
A sociedade, revestida de preconceitos até então, buscava a perfeição: a arte, a ciência, a técnica da retórica. A dedução, o silogismo, o raciocínio perfeito, argumentação sem erros e a forma de expressão sobre qualquer assunto eram fundamentais. 
Conforme Correia (1999), ao longo da história encontram-se inclinações políticas de exclusão social, devera extremas. Pode-se citar como exemplo destas inclinações fatos que aconteceram na Antiga Grécia: as crianças com deficiências físicas eram colocadas nas montanhas ou condenadas à morte, suprimindo-as deste modo da sociedade, sem que fosse admitida a sua existência. 
Neste sentido, para Esparta, seguidora da tradição militar que exigia que os homens fossem fortes e robustos a fim de ingressarem aos sete anos para o serviço militar, onde permaneciam por quase toda a vida (PONCE, 1992), as crianças deficientes físicas ou mentais eram consideradas sub-humanas. Entretanto, para compreender como estes grupos mantinham contato com os deficientes, deve-se observar a maneira pela qual estes grupos conservaram a vida e a integridade dos portadores de deficiências.
Partimos do pressuposto de que o modo de se pensar, de se agir com o diferente depende da organização social como um todo, na sua base material, isto é, na organização para a produção, em íntima relação com as descobertas das diversas ciências, das crenças, das ideologias, apreendidas pela complexidade da individualidade humana na sua constituição física e psíquica. Daí as diversas formas de o diferente ser percebido nos vários tempos e lugares, que repercutem na visão de si mesmo (JANNUZZI, 2004, p.01).
O segundo estágio compreende um período que registra a segregação social do portador de deficiência. Nesta fase, o mesmo passa a fazer tratamento em instituições assistenciais especiais. Era a fase de institucionalização, ocorrida entre o século XVIII e o século XIX. Nesta fase, o deficiente começa a surgir no contexto social como alguém com direitos e possibilidades educativas. No entanto, vive isolado em instituições.
O terceiro estágio se dá no século XIX e meados do século XX marcado pela instituição de unidades escolares e/ou classes especiais em escolas públicas com a finalidade de proporcionar à pessoa deficiente uma educação à parte.
O quarto estágio é assinalado a partir da década de 70. É conhecido como a fase de integração fundamentada no fato de que a criança deveria ser educada até que se reconheça o limite de sua capacidade. Tinha o objetivo de integrar os deficientes em ambientes escolares, o mais próximo possível daqueles oferecidos à pessoa típica. A crença de que a educação poderia fazer uma diferença significativa no desenvolvimento e na vida das pessoas aparece no movimento filosófico posterior à Revolução Francesa (MENDES, 1995).
Até a década de 50, o mundo passava por uma fase de discussões sobre os objetivos e qualidade dos serviços educacionais especiais. No Brasil, ainda não se cogitava em falar em Educação Especial. Somente em 1970, a Educação Especial passou a ser discutida, tornando-se preocupação dos governos brasileiros com a criação de instituições públicas e privadas, órgãos normativos federais e estaduais e de classes especiais.
2.4 A Inclusão social
A inclusão é um processo educacional que viabiliza o acesso a todos os alunos, incluindo os com deficiência, os quais devem ser educados juntos, integrados para que aprendam com as experiências, com o apoio necessário, na idade adequada e em escola de ensino regular.
Frisando ainda sobre o tema, o Estado através da Constituição Federal no seu artigo 5º e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional no artigo 3º afirmam que as pessoas portadoras de deficiência têm também iguais direitos humanos e liberdades fundamentais que outras pessoas. E que esses direitos, inclusive o de não ser submetido à discriminação com base na deficiência, procedem da dignidade que são inerentes a todo ser humano. Portanto, no contexto atual, integração e inclusão são palavras-chave que permeiam todo o processo educacional, permitindo refletir sobre um erro histórico e favorecendo a convivência salutar entre pessoas diferentes.
Os registros históricos comprovam que vem de longo tempo a resistência para aceitação social da deficiência. As atitudes sociais em relação às pessoas com deficiência passaram por ações desde uma completa exclusão ou de cunho caritativo até os movimentos em busca dos direitos iguais de cidadania.
Na busca da compreensão sobre a diversidade e a defesa dos grupos minoritários, realizam-se encontros internacionais, os quais resultam em documentos que conclamam a universalização do ensino e da educação inclusiva, quais sejam:
Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948- Posteriormente à II Guerra Mundial, instalou-se um campo fecundo para discussão dos direitos que avalizassem igualdade e fraternidade entre os seres humanos. Alguns documentos foram organizados podendo-se fazer referência a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) nos seus artigos 1º e 2º:
Artigo 1: Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão  e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.
Artigo 2: Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua,  religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza,nascimento, ou qualquer outra condição. 
Declaração Mundial sobre Educação para Todos (1990), aprovada pela Conferência Mundial sobre Educação para Todos realizada em Jomtien, Tailândia, de 5 a 9 de março de 1990.Segundo esta declaração, cada pessoa – criança, jovem ou adulto – deve estar em condições de aproveitar as oportunidades educativas voltadas para satisfazer suas necessidades básicas de aprendizagem.Também conhecida como Declaração de Jomtien, reconheceu a necessidade e urgência da educação para as crianças, jovens e adultos com deficiência, preferencialmente, na rede regular de ensino, quando as necessidades básicas de aprendizagem para todos podem e devem ser satisfeitas e avançar rumo às metas da Década das Nações Unidas para os Portadores de Deficiências (1983-1992). 
A Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994) assinala o início da caminhada para a Educação Inclusiva. Teve como objetivo específico discutir sobre a atenção aos alunos com necessidades especiais, reafirmando-se o compromisso com a educação para todos.
Após tantas discussões gerou-se uma verdadeira conscientização mundial, não havendo mais sentido continuar com discriminação ou exclusão, principalmente quando esta conscientização foi fomentada por informações a respeito das deficiências, tais como causas e consequências, como também em como lidar com cada situação. Foi a partir da reflexão sobre fatos historicamente condenáveis que se percebeu a evolução de conceitos e condutas acerca das pessoas com deficiência. 
Segundo a UNESCO (1994) – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura – a história da humanidade divide-se em cinco fases, de acordo com o modo como os deficientes foram tratados e considerados:
1. Fase Filantrópica – nesta fase as pessoas com deficiência são consideradas doentes e portadoras de incapacidades permanentes inerentes à sua natureza. Portanto, precisavam ficar isoladas para tratamento e cuidados de saúde;
2. Fase da Assistência Pública –o mesmo estatuto de doentes e inválidos implica a institucionalização de ajuda e da assistência social;
3. Fase dos Direitos Fundamentais – direitos inerentes a toda as pessoas com suas limitações ou incapacidades. É a época dos direitos e liberdades individuais e universais de que ninguém pode ser privado, como é o caso do direito à educação;
4. Fase da Igualdade de Oportunidades – nesta fase o desenvolvimento econômico e cultural atinge as massas e assim, surge um grande contingente de crianças e jovens que, não tendo um bom rendimento escolar, passam a engrossar o grupo das crianças e jovens deficientes mentais ou com dificuldades de aprendizagem;
5. Fase do Direito à Integração – enquanto a época anterior promovia o aumento das deficiências, ignorando e desrespeitando as diferenças individuais, mascaradas pela defesa dos direitos de igualdade, esta fase procurou não agravar essas diferenças, aparecendo neste contexto o conceito de norma ou de normalidade posta em questão.
2.5 O Brasil a caminho da Inclusão
No Brasil, o atendimento às pessoas com deficiência teve início na época do Império, com a criação de duas instituições: o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854, atual Instituto Benjamin Constant – IBC, e o Instituto dos Surdos Mudos, em 1857, hoje denominado Instituto Nacional da Educação dos Surdos – INES, ambos no Rio de Janeiro. 
No início do século XX é fundado o Instituto Pestalozzi (1926), instituição especializada no atendimento às pessoas com deficiência mental; em 1954, é fundada a primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE; e, em 1945, é criado o primeiro atendimento educacional especializado às pessoas com superdotação na Sociedade Pestalozzi, por Helena Antipoff.
Para os estudiosos do assunto, a criação destas instituições pareceram atos inusitados, considerando-se o contexto da época. Teixeira (1968), explicita:
Nada me parece mais significativo desse longo período de omissão e estagnação, com medidas medíocres e lampejos de paternalismo, do que a criação do colégio Pedro II e dos institutos de cegos e surdos-mudos, como as principais instituições educativas da capital do país em 60 anos de reinado. (TEIXEIRA, 1968, p.71).
Este foi o primeiro passo para que as pessoas com deficiência pudessem ser reconhecidas como seres humanos com direitos à dignidade. Em 1961, o atendimento educacional às pessoas com deficiência passa a ser fundamentado pelas disposições da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN, Lei nº 4.024/61, que aponta o direito dos ‘excepcionais’ à educação, preferencialmente dentro do sistema geral de Ensino.
A Lei nº 5.692/71 altera a LDBEN de 1961, ao definir tratamento especial para os alunos com “[...] deficiências físicas, mentais, os que se encontram em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os superdotados”(BRASIL, 2007). 
O Centro Nacional de Educação Especial (CENESP) é criado pelo MEC em 1973, deixando responsável pela gerência da Educação Especial no Brasil, que, sob a proteção integracionista, impulsiona ações educacionais voltadas às pessoas com deficiência e com superdotação, fomentadas por campanhas assistenciais e iniciativas isoladas do Estado.
Ressaltando, a Constituição Federal (1988) contempla especificamente no art. 208, a responsabilidade do Estado diante da educação, garantindo que os portadores de deficiência têm direito a um atendimento especializado na rede regular de ensino (BRASIL, 1988).O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) - Lei n° 8.069/1990 dispõe, em seu Art. 3°: 
[...] a criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-lhes por lei, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. 
A Educação Inclusiva, por sua vez, age como uma prática inovadora que está enfatizando a qualidade de ensino para todos os alunos, exigindo que a escola se modernize e que os professores aperfeiçoem suas práticas pedagógicas. É um novo paradigma que desafia o cotidiano escolar brasileiro.
Diante de todo o exposto histórico apresentado neste capítulo, percebe-se que o medo de conviver com o diferente permeia a sociedade até hoje, só que com menos violência junto aos que têm necessidades especiais, com o apoio do governo para que essa diferença seja acolhida, valorizada e transformada em habilidades. Por apenas isto não bastar é que será abordado “O papel da família na inclusão social” no próximo capítulo.

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