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Trabalho Pichon Riviere

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1 – INTRODUÇÃO
Enrique Pichon Riviere foi um psiquiatra suíço, que se nacionalizou argentino após a migração de sua família para o país quando ainda criança. Formou-se médico psiquiatra e inquietou-se com a forma que pacientes considerados loucos eram tratados na época, percebendo então a necessidade de criar uma abordagem que levasse em conta fatores físicos e psíquicos de cada indivíduo. 
Considerado pioneiro da psiquiatria argentina começou a trabalhar em um asilo onde formou uma equipe de futebol e percebendo através desse grupo a importância do esporte e da equipe em uma terapia dinâmica grupal.
O trabalho de Pichon-Riviére teve continuidade no Hospital de Mercedes (atualmente hospital José T. Borda), onde permaneceu por mais de 15 anos, foi lá que primeiramente com grupos de enfermeiros e depois com pacientes deu início ao desenvolvimento do futuramente denominado “grupos operativos”.
Fundador da Associação Psicanalítica Argentina (APA) em 1942 e do Instituto Argentino de Estudos Socais (IADES) em 1953 que juntamente com alguns parceiros como a Faculdade de Ciências Econômicas, do Instituto de Estatística, da Faculdade de Filosofia e seu Departamento de Psicologia, entre outros, realizaram em 1958 a chamada Experiência de Rosário: Uma experiência comunitária que ocorreu durante um fim de semana, na cidade de Rosário – Argentina. Participaram cerca de 30 profissionais e membros da comunidade local, onde foi criada uma situação de laboratório social e aplicado a técnica de grupo operativo que consiste em um trabalho com grupos, com o objetivo de promover uma aprendizagem para os membros desse grupo, uma leitura crítica da realidade, uma atitude investigadora, uma abertura para as dúvidas e para as novas inquietações. Aqui, se destaca alguns pontos essenciais no grupo operativo:
Ter um departamento especializado;
Comitês de articulação interdepartamental e outros dispositivos de coordenação;
Método interdisciplinar;
Investigação da ação;
Análise intra-sistêmica e análise inter-sistêmica;
Pensamento comum ou pensamento científico do grupo como um todo;
Análise das ideologias;
Junção do grupo com a práxis;
Ter grupos de referência;
A aprendizagem e a comunicação são inseparáveis;
As constantes e variáveis existentes nos grupos;
Ter como principal unidade o aprender e o ensinar.
Ressaltando as cinco etapas ou momentos da operação: 
Existência de um estado de dúvida causado pelo problema colocado; 
Estado de tensão ou ação bloqueada; 
Emergência subsequente de um problema; 
Formulação de uma hipótese, vicissitudes das provas, escolha da mais apropriada e como consequência do manejo de tal hipótese chega-se a formulação de um conceito que deve representar a forma; e 
Conteúdo mais adequado da resolução da dúvida anterior.
O presente trabalho apresenta uma discussão acerca da técnica de grupos operativos criada por Enrique Pichon- Riviere relacionando-a com dois artigos publicados, sendo estes: Pichon-Riviére, A Dialética e os Grupos Operativos: Implicações para Pesquisa e Intervenção - Thaís Thomé Seni Oliveira Pereira, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, Brasil. E Apoio matricial em saúde mental entre CAPS e Saúde da Família: trilhando caminhos possíveis – Fabiane Minozzo e Ileno Izídio da Costa – Universidade de Brasília, Brasília/DF, Brasil. 
2 – MÉTODO
O trabalho foi desenvolvido a partir de dois artigos indicados pela professora responsável pela disciplina, articulados com a teoria de Pichon-Riviere apresentados em sala de aula e textos complementares presentes na apostila. 
Os artigos citados são:
Pichon-Riviére, A Dialética e os Grupos Operativos: Implicações para Pesquisa e Intervenção - Thaís Thomé Seni Oliveira Pereira, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, Brasil.
Apoio matricial em saúde mental entre CAPS e Saúde da Família: trilhando caminhos possíveis – Fabiane Minozzo e Ileno Izídio da Costa – Universidade de Brasília, Brasília/DF, Brasil.
3- SÍNTESE
3.1 - PICHON-RIVIÈRE, A DIALÉTICA E OS GRUPOS OPERATIVOS: IMPLICAÇÕES PARA PESQUISA E INTERVENÇÃO.
Enrique Pichon Riviere foi um psiquiatra suíço, que se nacionalizou argentino após a migração de sua família para o país quando ainda criança. Formou-se médico psiquiatra e inquietou-se com a forma que pacientes considerados loucos eram tratados na época, percebendo então a necessidade de criar uma abordagem que levasse em conta fatores físicos e psíquicos de cada indivíduo. 
Um dos conceitos centrais da obra pichoniana, que traz luz à sua forma de compreender a vida, os grupos e a vida dos grupos é o de dialética. Sendo assim, a primeira pergunta não poderia ser outra: afinal, o que é a dialética? Bornheim traz sua definição: "a dialética seria aquilo que faz possível todo discurso, embora permaneça em si mesma o não dito, algo de refratário a qualquer empenho de explicitação".
Para nos apropriarmos melhor do conceito, em direção ao seu uso na obra de Pichon-Rivière, é importante trazer outros conceitos-chave tais como: totalidade, contradição, mediação e as leis da dialética.
TOTALIDADE: o conhecimento é sempre a busca da totalização, sendo que qualquer objeto que se possa perceber ou criar é sempre parte de um todo e, portanto, interligado a outros objetos, fatos ou problemas.
CONTRADIÇÃO: Cada síntese é constituída de contradições e mediações concretas. Para que a apreensão e o conhecimento do real se aprofunde, é preciso ir além das aparências, além da dimensão imediata dos fenômenos. 
MEDIAÇÃO: Para pensar a mediação, devemos considerar que os aspectos da realidade humana não podem ser compreendidos isoladamente. 
LEIS DA DIALÉTICA: 
1. Lei da conexão entre fenômenos: Compreende-se a natureza não como uma acumulação acidental de objetos, de fenômenos separados, isolados e independentes uns dos outros, mas como um todo unido, coerente, em que os objetos, os fenômenos estão ligados organicamente entre eles, dependem uns dos outros e condicionam-se reciprocamente (Stalin, conforme citado por Haguette, 1990).
2. Lei do movimento universal e do desenvolvimento incessante: Em uma concepção que se contrapõe ao pensamento aristotélico, a dialética olha a natureza não como um estado de repouso e de imobilidade, de estagnação e de imutabilidade, mas como um estado de movimento e transformação contínuos, de renovação e desenvolvimento incessantes, em que sempre nasce e desenvolve-se qualquer coisa, desagrega-se e desaparece qualquer coisa.
3. Lei da passagem de quantidade à qualidade. O processo de desenvolvimento é resultado da passagem de mudanças quantitativas latentes e graduais a mudanças qualitativas evidentes, que se verificam por saltos.
4. Lei da interpenetração dos contrários: Os objetos e fenômenos da natureza encerram contradições internas. Todos eles têm um lado positivo e um lado negativo, um passado e um futuro. A luta desses contrários, entre o velho e o novo, o que morre e o que nasce, é o conteúdo interno do processo de desenvolvimento da conversão de mudanças quantitativas em mudanças qualitativas.
Para este trabalho, em consonância com o esquema conceitual, referencial e operativo de Pichon-Rivière, é importante ressaltar que o termo dialética se refere tanto à natureza do ser humano quanto ao seu pensar. Traz, portanto, uma ambiguidade fundamental do humano: transcendência X contingência. A primeira consiste neste sistema aberto da condição humana, de sua característica de inacabamento dinâmico e transformação contínua. Tal transformação projeta-se na contingência, na mediação. O homem é sempre um sujeito histórico, socialmente datado e marcado. Assim, o homem transcende a si mesmo, vivenciando a transformação do sujeito humano na história e da história humana do sujeito. Ressalta-se que a dialética é o diálogo das coisas entre si, das coisas com o Homem, do Homem consigo mesmo e do Homem com o outro.
Pichon é considerado um dos fundadores da Psicologia Social, construiu todo o seu pensamento e sua teoriaa partir de uma visão dialética da realidade. Assim, seus construtos, conceitos e reflexões são permeados pela ideia de movimento e transformação contínua dos sujeitos, de seus vínculos e de seu modo de operar na realidade. O autor traz suas contribuições em relação ao processo de psicanálise e ao vínculo analista-analisando.
Sua maior contribuição, situa-se no âmbito dos processos grupais, onde propõe um modo de compreender a estrutura e o funcionamento dos grupos, como também modos de intervenção objetivando instrumentalizá-los para a aprendizagem e para a transformação.
A teoria pichoniana é bastante rica e complexa, podendo ser abordada em diversos aspectos e dimensões. Para os propósitos deste trabalho, porém, optou-se por um recorte das ideias do autor no que se refere à sua compreensão dialética da realidade, ou seja, da dialética como sistema de conhecimento filosófico e científico, que além de ser pano de fundo, traduz-se em construtos de sua teoria. Pichon-Rivière fala, então, da dialética do sujeito e dos grupos.
Entre tais construtos encontram-se as contradições que Pichon-Rivière considera inerentes a todo grupo, resumindo-as em cinco pares contraditórios universais: 
Velho X Novo; 
Necessidade X Satisfação;
Explícito X Implícito;
Sujeito X Grupo;
Projeto X Resistência à mudança. 
Para o autor, todo grupo possui uma tarefa, sendo que a tarefa central do grupo é analisar sistematicamente as contradições, e para isto, analisa-se o aqui-e-agora no grupo, os fenômenos e interações, os processos de assunção e atribuição de papéis (Gayotto, 2002).
O processo grupal, bem como o processo de aprendizagem, se dá por meio de um permanente movimento de estruturação, desestruturação e reestruturação, que pode ser representado por um cone invertido, sendo este um esquema de vetores (direção e sentido) que verifica a operatividade no grupo, constituído pôr vários vetores na base dos quais se fundamenta a operação no interior do grupo. A partir da análise inter-relacionadas destes vetores se chega a uma avaliação da tarefa que o grupo realiza.
Dentro deste cone pode-se representar o movimento que acontece entre o desejo de mudança, de entrar em contato com o novo e os medos e ansiedades que levam à resistência.
Na figura abaixo, se destaca de forma simplificada o CONE INVERTIDO.	
Pertenência: sentimento de fazer parte do grupo, sentir-se importante na realização da tarefa;
Pertinência: centrado nas tarefas, objetivos, a realização das ações;
Cooperação: contribuição para o desenvolvimento do grupo (um realiza pelo outro);
Aprendizagem: conscientização da natureza real da tarefa;
Comunicação: intercâmbio de informações entre os membros de um grupo; 
Tele: empatia entre os participantes;
Latente: o que está oculto, não se manifesta.
Tal movimento acontece em idas e voltas no que Pichon-Rivière denominou espiral dialética.
É importante destacar que, por centrar-se na aprendizagem e na transformação, lidando com a dialética dos processos humanos e grupais, com resistências à mudança, rumo ao novo e ao projeto, a teoria e a técnica do Grupo Operativo tornam-se uma valiosa ferramenta conceitual e operacional para o trabalho com grupos nos mais variados contextos, como na área educacional, organizacional, da saúde e na pesquisa.
O Grupo Operativo de Pichon-Rivière como técnica de intervenção e estratégia de pesquisa. A técnica do Grupo Operativo é uma técnica não-diretiva, que transforma uma situação de grupo em um campo de investigação-ativa (Pichon-Rivière, 2000a). Para isso, o coordenador tem a função de facilitar a comunicação entre os integrantes, a fim de que o grupo seja operativo, isto é, que ultrapasse os obstáculos na resolução da tarefa. Segundo Van Acker (2008) e Esbrogeo (2008) a técnica do grupo operativo se pauta na dimensão psicossocial do sujeito e de suas possibilidades de aprendizagem, sendo utilizado como uma tecnologia no sentido de desenvolver no grupo a gestão do conhecimento, do pensamento crítico e de ações transformadoras.
Como técnica de intervenção, afina-se com os paradigmas atuais em saúde e educação, que colocam o sujeito no centro de seu processo de aprendizagem, como sujeito ativo e protagonista na produção de sua saúde, na construção do conhecimento e dos sentidos que dão significado à sua experiência humana.
A utilização de grupos como estratégia metodológica de pesquisa sempre faz parte de uma investigação ativa, podendo ter diversos objetivos, como o estudo do processo grupal, das transformações ocorridas nos vínculos do grupo ou na construção do conhecimento do grupo sobre determinado tema.
 3.2 - APOIO MATRICIAL EM SAÚDE MENTAL ENTRE CAPS E SAÚDE DA FAMÍLIA: TRILHANDO CAMINHOS POSSÍVEIS
 
A ideia central deste artigo é discutir a implantação do apoio matricial em saúde mental dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) às equipes de Saúde da Família (SF). O apoio matricial objetiva aumentar a resolubilidade da SF e produzir maior responsabilização pela saúde mental na Atenção Primária à Saúde (APS). Busca, com isso, romper com a lógica dos encaminhamentos indiscriminados, ampliar a clínica e auxiliar as equipes a trabalhar a dimensão do sofrimento psíquico.
O apoio matricial é um arranjo formulado por Campos (1999), configurando-se como um suporte técnico especializado ofertado às equipes de APS a fim de ampliar seu campo de atuação e qualificar suas ações, podendo ser realizado por profissionais de diversas áreas especializadas. No caso deste artigo, aborda-se o apoio matricial em saúde mental, oferecido pelos profissionais dos CAPS. Tal prática é consoante à Política Nacional de Saúde Mental, que prioriza a implantação de serviços e ações de saúde mental de base comunitária, capazes de atender com resolubilidade os pacientes que necessitem de atenção (Brasil, 2005). Os CAPS e o fortalecimento da APS em ações de saúde mental são fundamentais na atenção psicossocial.
A atenção psicossocial é uma expressão que indica a necessidade de se construírem oportunidades para as pessoas em sofrimento psíquico, para que possam exercer sua cidadania e atingir seu potencial de autonomia no território em que vivem. A atenção psicossocial tem como objeto de trabalho a existência de sofrimento em relação ao corpo social, e como objetivo, a emancipação social do sujeito (Brasil, 2010; Costa-Rosa, 2000).
Os CAPS são considerados serviços estratégicos da Reforma Psiquiátrica brasileira, apontando para a possibilidade de organização de uma rede substitutiva ao hospital psiquiátrico no país. Existem diferentes tipos de CAPS, diferenciados de acordo com o porte, capacidade de atendimento, clientela atendida e perfil populacional dos municípios brasileiros. Os CAPS III, em foco neste estudo, são serviços de maior complexidade, com funcionamento 24 horas, durante todos os dias, inclusive feriados e finais de semana. Na rede de saúde mental, os CAPS III são importantes pela possibilidade de acolher à crise, oferecer acolhimento noturno, proporcionar atenção integral e evitar internações psiquiátricas (Brasil, 2004).
Já os serviços de APS se constituem na porta de entrada preferencial do Sistema Único de Saúde (SUS), local onde são identificadas e coordenadas as respostas para as necessidades de saúde das pessoas, suas famílias e comunidades. Starfield (1994) aponta que, em sua forma mais altamente desenvolvida, a APS é responsável pela resolução de cerca de 85% dos problemas de saúde da população.
No que se refere à saúde mental, identifica-se que é necessário investir em estratégias que incluam ações voltadas a tal área no cotidiano da ESF. Para tal, o apoio matricial em saúde mental é considerado uma prática fundamental, pois auxilia na condução de casos e situações complexas, bem como apoia o planejamento de ações e a educação permanente das equipes.
Este artigo aborda resultados de pesquisa que teve como objetivo analisar o processo de implantação do apoio matricial em saúde mental de um CAPS III às equipes de SF, em uma comunidade, no município do Riode Janeiro, Brasil. Para tal, tomou como objetivos específicos: 
investigar o processo de implantação do apoio matricial em saúde mental do CAPS III às equipes de SF;
identificar as principais facilidades e dificuldades no processo de implantação do apoio matricial em saúde mental;
promover aos participantes da pesquisa a reflexão sobre o apoio matricial em saúde mental; e 
identificar as principais ações de apoio matricial viáveis de realização ou qualificação.
 A fim de sistematizar a discussão dos resultados, serão apresentados os principais achados em cada grupo pesquisado.
A voz da Saúde da Família.
Este grupo foi composto pelos profissionais da ESF que participaram do estudo nos três primeiros encontros dos grupos operativos de reflexão e responderam aos questionários desta pesquisa. Destacaram-se duas categorias analíticas: 
Saúde Mental na ESF; e 
Apoio Matricial em Saúde Mental: perspectiva da SF.
A categoria Saúde Mental na Estratégia Saúde da Família obteve setenta e três menções, evidencia as dificuldades referidas pelos profissionais da SF na atenção em saúde mental e a coexistência dos dois modelos, asilar e clínica ampliada, nas ideias e práticas de cuidado da SF no que se refere à saúde mental.
Já a categoria Apoio Matricial em Saúde Mental: perspectiva da SF, com sessenta e seis unidades de registro, sinaliza a concepção das equipes de SF sobre apoio matricial, as expectativas dos participantes em relação ao tema e o estado de arte dessa prática nas equipes de SF pesquisadas.
O que dizem os profissionais do CAPS III?
Este grupo foi composto pelos profissionais do CAPS III que participaram dos três primeiros encontros da pesquisa. Identificaram-se as seguintes categorias: 
Trabalho em Equipe
Apoio Matricial em Saúde Mental: perspectiva do CAPS.
O trabalho em equipe é considerado determinante para o rompimento das práticas asilares, atuando como uma das formas de enfrentar a fragmentação do trabalho e do sujeito, rumo à integralidade do cuidado. Nesse sentido, a construção do novo modelo de atenção em saúde mental pressupõe uma atuação mais plural e integral por parte dos profissionais e uma multiplicidade de enfoques. Dessa forma, "a equipe é um dos atores principais dessa configuração" (Guljor, 2003, p. 85).
Este estudo sinaliza a necessidade de fortalecer o trabalho em equipe no CAPS, potencializando espaços como o da reunião de equipe, para que a palavra possa circular entre todos os integrantes, a fim de que haja reflexão sobre o trabalho coletivo e para que os conflitos existentes possam emergir e ser trabalhados. Entende-se que o trabalho em equipe é fundamental para que o apoio matricial se efetive na lógica da atenção psicossocial.
A categoria Apoio Matricial: perspectiva do CAPS, com cinquenta e uma menções, demonstrou, de forma semelhante ao grupo da ESF, que muitos participantes no início do estudo desconheciam o conceito de apoio matricial. No primeiro encontro da investigação, sete dos quinze participantes referiram não saber o que é apoio matricial, situação modificada no último encontro da pesquisa, em que o conceito estava mais claro entre todos os participantes.
Assim, na perspectiva do CAPS, a implantação do apoio matricial às equipes estudadas está em processo inicial, corroborando os dados encontrados no grupo da ESF. Os participantes identificaram a necessidade de estreitar os laços entre si, como equipe, e com a ESF fomentando a integração entre os serviços. Da mesma forma que na ESF, acredita-se que os encontros da pesquisa possibilitaram maior apropriação do conceito de apoio matricial e fomentaram o início de alguns encontros de matriciamento.
A integração Saúde da Família e CAPS
A análise apresentada a seguir diz respeito aos resultados produzidos nos três encontros de integração entre os dois serviços, CAPS III e ESF, formando um grupo misto. Identificaram-se as seguintes categorias:
Inserção do apoio matricial no processo de trabalho da ESF: um desafio;
Apoio matricial em saúde mental: trilhando caminhos possíveis.
A categoria "Apoio matricial em saúde mental: trilhando caminhos possíveis", com sessenta e cinco unidades de registro, apresenta temas relacionados à organização das agendas de matriciamento e aos encaminhamentos dos casos de saúde mental da ESF para o CAPS. Contempla, ainda, a identificação das ações de apoio matricial possíveis de serem realizadas.
Foi discutido o papel e a importância do CAPS III no acolhimento da crise. Porém, este estudo identificou a necessidade de aprofundar o debate sobre o papel da ESF no atendimento à crise, elucidando critérios de avaliação de risco, vulnerabilidade e urgência em saúde mental, a fim de que a APS avalie, acolha e aborde os pacientes, antes de encaminhá-los.
Sendo assim, identifica-se que os encontros do grupo misto permitiram a reflexão sobre a necessidade da responsabilização da ESF pela saúde mental e a importância da redução dos encaminhamentos indiscriminados. É fundamental que o apoio matricial seja colocado em pauta como uma ação estratégica na atenção em saúde mental, em ambos os serviços.
Dentre os caminhos possíveis para a realização do apoio matricial em saúde mental, destacaram-se a coordenação conjunta de grupos e das visitas domiciliares. Outras ações sinalizadas foram as discussões de casos clínicos complexos e as atividades de capacitação em serviço.
Conclui-se que ambos os serviços investigados estão organizando atividades e implantando ações e, nesse contexto, o apoio matricial encontra-se em processo inicial, ocorre esporadicamente, quando alguma situação demandar.
Levando-se em consideração que a saúde mental não é contemplada na Política Nacional de Atenção Básica como uma das áreas estratégicas de atuação no Brasil, que há escassos indicadores de saúde mental no sistema da informação nacional, a saúde mental ainda é uma área a ser fortalecida do processo de trabalho das equipes de APS. Assim, ao se investigar a implantação do apoio matricial em saúde mental, esse fato se fez presente nas equipes de SF pesquisadas.
Neste contexto, acredita-se que as equipes de SF e os gestores se preocupam primeiramente em organizar e implantar outras ações, deixando a saúde mental para momento posterior. Dessa forma, percebe-se que há carências na compreensão de que a saúde mental é um tema transversal, presente em todas as áreas, ou seja, de que a saúde mental está contemplada, por exemplo, na saúde da mulher, na saúde da criança, do homem.
No que se refere ao CAPS, a articulação com o território e a integração com outros serviços da rede são considerados fundamentais para a atenção psicossocial. Mas este estudo identificou um serviço com questões internas a serem debatidas, como, por exemplo, a necessidade de fortalecer o trabalho em equipe interdisciplinar, o que favorecerá o trabalho com o território.
Ressalta-se que o apoio matricial é uma diretriz nova para a saúde mental no Brasil, tendo cerca de uma década de existência, o que demanda investimentos em formação que fortaleça a interdisciplinaridade, como é o caso dos Programas de Educação pelo Trabalho Saúde/Saúde Mental e os Programas de Residência Multiprofissionais ou Médicas. O apoio matricial exige habilidades por parte dos profissionais no que se refere à abertura para a troca de saberes e para a construção conjunta de condutas clínicas, investimentos necessários para cursos de graduação, pós-graduação e aperfeiçoamento.
O apoio matricial busca romper com o modelo centrado nos especialismo, fortalecendo a atenção psicossocial, inclusive para as situações de crises. Este estudo evidenciou a necessidade de se pautar a discussão sobre o acolhimento e atendimento da crise na APS.
Espera-se que este trabalho contribua, em especial, para a reflexão sobre a implantação de ações de apoio matricial e possa subsidiar gestores e equipes na efetivação dessa prática.
3.3 - TÉCNICA DOS GRUPOS OPERATIVOS 
	 Em colaboração com os doutores José Bleger, David Liberman e Edgardo Rolla
A investigaçãosocial vem adquirindo grande importância nos últimos tempos, devido à multiplicidade de fatos incorporados a seu campo de estudo, assim como ao progresso de seus métodos e técnicas.
O psicólogo social, para operar com eficácia, necessita de uma ampla aprendizagem de seu ofício. É considerado, em seu meio, de duas maneiras bem opostas. Por um lado, é desvalorizado, enquanto por outro é supervalorizado em sua tarefa, com a mesma intensidade. Essa situação condiciona tensões nele e entre ele e os grupos, já que a negação e a onisciência formam um conjunto difícil de ser manejado.
O psicólogo social aborda questões fundamentais e, ao investigar em profundidade tanto indivíduos como grupos, deve evitar tanto condutas de fuga como Se deixar influenciar pelas opiniões correntes em seu meio imediato. Por outro lado, deve saber que está incluído, comprometido, no próprio terreno de suas investigações e que, ao operar, produz de qualquer maneira um impacto determinado. A possibilidade de realizar seu trabalho depende em grande parte de um clima particular, que pode ser preparado ou condicionado por meio de técnicas de planejamento, transformando essa situação num campo propício à investigação ativa*, por meio de técnicas que Kurt Lewin chama de laboratório social. 
A teoria dos grupos operativos fundamenta-se seguindo as ideias de Pichon- Rivière. O esquema ou quadro conceitual (referencial e operativo) inclui além da concepção geral dos grupos restritos, ideias sobre a teoria do campo, a tarefa o esclarecimento, a aprendizagem, a investigação operativa, a ambiguidade, a decisão, a vocação, as técnicas interdisciplinares e acumulativas, a comunicação e os desenvolvimentos dialéticos em espiral.
O ponto de partida de nossas investigações sobre os grupos operativos, tal como os concebemos hoje, provém do que denominamos Experiência Rosário (realizada em 1958). Essa experiência esteve a cargo do Instituto Argentino de Estudios Sociales (IADES) e foi planejada e dirigida por seu diretor, o doutor Enrique Pichon-Riviêre. Contou-se com a colaboração da Faculdade de Ciências Econômicas, do Instituto de Estatística, da Faculdade de Filosofia e seu Departamento de Psicologia, da Faculdade de Medicina, etc. 
Essa experiência de laboratório social, ou de trabalho em uma comunidade, efetivou-se mediante o emprego de certas técnicas e teve como propósito a aplicação de uma didática interdisciplinar, de caráter acumulativo, que utiliza métodos de investigação da ação ou investigação operativa. 
4- ANÁLISE
Os textos acima resumidos se relacionam mostrando como a relação em grupo é importante para a relação humana, o primeiro artigo reflete sobre a dialética, que é em resumo é o diálogo das coisas entre si, das coisas com o Homem, do Homem consigo mesmo e do Homem com o outro, ou seja que sempre precisamos do outro para haver diálogo, não pode haver transformação sem diálogo, sem interação, sem a troca, sem a palavra do outro construindo sentidos junto à minha, seja na mesma direção, seja em sentidos contraditórios, em um movimento permanente, dialético e em espiral. 
O segundo artigo mostra a importância do Apoio matricial que é a relação com o outro, configurando-se como um suporte técnico especializado ofertado às equipes de atenção primaria à saúde a fim de ampliar seu campo de atuação e qualificar suas ações, podendo ser realizado por profissionais de diversas áreas especializadas, ou seja, diferentes profissionais podendo ampliar seu campo de atuação, podendo, atender uma demanda maior de pessoas, onde os profissionais trabalham em equipes multidisciplinares (em grupos), onde um auxilia o outro no processo do atendimento ao paciente.
Relacionando os artigos com o texto de Pichon sobre processos grupais, percebe-se que eles se complementam, mostrando como a relação com o outro é importante, seja no contexto da saúde, na escola, nas organizações, etc., não podemos ser seres que agimos sozinhos, pois a relação com o outro é importante, as vezes a dialética, o apoio matricial, mostra que quando temos uma ajuda, um suporte, podemos superar limites, que na maioria das vezes sozinhos não iriamos conseguir.
O primeiro artigo aborda sobre o tema da dialética que é importante perceber como as relações se baseiam nesta ideia formando uma síntese de todas as formas de pensamento trazendo à luz o método operativo de aprendizagem. 
O segundo artigo nos mostra, na prática, como um grupo unido, motivados por uma mesma transformação de conhecimento, se sente realizada e modificada através de todas as técnicas utilizadas para se obter uma melhor forma de relação entre todos.
Podemos discorrer que o propósito dos grupos operativos está centrado na mobilização de estruturas estereotipadas por causa do montante de ansiedade despertada por toda mudança. No grupo operativo, o esclarecimento, a comunicação, a aprendizagem e a resolução de tarefas coincidem com a cura, criando-se assim um novo esquema referencial.
5– CONCLUSÃO
O grupo operativo é considerado como uma estrutura operativa que possibilita aos integrantes meios para que eles entendam como se relacionam com os outros.
Para o autor, o objeto de formação do profissional deve instrumentar o sujeito para uma prática de transformação de si, dos outros e do contexto em que estão inseridos, defendendo a ideia de que aprendizagem é sinônimo de mudança, na medida em que deve haver uma relação dialética entre sujeito e objeto e não uma visão unilateral, estereotipada e cristalizada.
A aprendizagem centrada nos processos grupais coloca em evidência a possibilidade de uma nova elaboração de conhecimento, de integração e de questionamentos acerca de si e dos outros. A aprendizagem é um processo contínuo em que comunicação e interação são indissociáveis, na medida em que aprendemos a partir da relação com os outros. 
A técnica de grupo operativo consiste em um trabalho com grupos, cujo objetivo é promover um processo de aprendizagem para os sujeitos envolvidos, através de uma leitura crítica da realidade, uma atitude investigadora, uma abertura para as dúvidas e para as novas inquietações.
Com os dois artigos pode-se perceber como esta técnica possibilita novas formas de aprendizagem, de investigação, de conhecimento e de interação sobre a forma de um conjunto de pessoas. 
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MINOZZO, Fabiane; COSTA, Ileno Izídio da. Apoio matricial em saúde mental entre CAPS e Saúde da Família: trilhando caminhos possíveis. 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-82712013000100016>. Acesso em: 23 abr. 2017.
PEREIRA, Thaís Thomé Seni Oliveira. Pichon-Rivière, a dialética e os grupos operativos: implicações para pesquisa e intervenção. 2013. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-29702013000100004>. Acesso em: 23 abr. 2017.
PICHON-RIVIÈRE, E. O processo grupal. São Paulo: Martins Fontes, 1994. (Capítulo 13)

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