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AGENDA 21 LOCAL PARA DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA COMUNIDADE DE DEUS (TANCREDO NEVES) KATRIN LUDWIG SOARES¹*, VANDERLEIA DE DEUS MATEUS2*, REGINA YANAKO MORIYA3* 1, 2 Graduanda de Engenharia Química, 3 Profa. Dra.*Universidade do Estado do Amazonas O presente estudo teve como objeto a aplicação da Agenda 21 Local à Comunidade de Deus, localizada no Bairro Tancredo Neves da cidade de Manaus, Amazonas. A Agenda 21 Local é um instrumento de planejamento de políticas públicas que envolve a sociedade civil local em um processo amplo e participativo de consulta sobre os problemas ambientais, sociais e econômicos da Comunidade, abrangendo o debate sobre soluções para esses problemas juntamente ao poder público, visando a implementação de ações concretas que atendam às demandas do público alvo a fim de propiciar o desenvolvimento sustentável local (MMA, 2016). O público alvo, ou seja, a Comunidade de Deus, surgiu durante a elaboração do Plano Diretor da Cidade ocorrido no ano de 2002, quando a área do bairro Tancredo Neves foi subdividida em diversas comunidades (conjunto Nova Floresta, São Lucas, Nova Conquista, Novo Reino e Comunidade de Deus). O bairro Tancredo Neves está localizado na Zona Leste de Manaus, em uma área de 363 hectares, fazendo fronteira com os bairros da Cidade Nova, Jorge Teixeira, Distrito Industrial e São José Operário. O objetivo do presente trabalho foi promover, por meio da pesquisa e argumentação, as condições necessárias para a discussão dos aspectos sociais, econômicos e ambientais locais, além de analisar possíveis soluções e construir propostas para as demandas levantadas através de ações concretas para viabilizar o desenvolvimento sustentável local. Para que o objetivo do trabalho fosse alcançado, foram realizadas 6 etapas: 1. Sensibilização e Mobilização; 2. Pesquisa de Campo; 3. Diagnóstico Socioambiental Comunitário; 4. Reuniões Temáticas; 5. Fórum da Agenda 21 Local Comunitária e 6. Implementação de Fórum Permanente. A 1ª Etapa, Sensibilização e Mobilização (Figura 1), teve seu início com a apresentação do projeto à Liderança Comunitária e, posteriormente, com a abertura do projeto em reunião com a Comunidade alvo (Figura 2). A 2ª Etapa da metodologia aplicada na Agenda 21 Local, Pesquisa de Campo, foi realizada através de um questionário abordando questões socioeconômico-ambientais, que foi 2 respondido por cerca de 100 pessoas que frequentavam o atendimento médico realizado na Associação de Moradores da Comunidade de Deus. Figuras 1 e 2. À esquerda, Etapa de Sensibilização e Mobilização da Comunidade de Deus. À direita, Abertura da Agenda 21 Local na Comunidade. A partir dos dados obtidos pelos questionários (2ª Etapa), foi levantado o Diagnóstico Socioambiental Comunitário (3ª Etapa), realizado de acordo com uma abordagem estatística. A partir do Diagnóstico Socioambiental, foram selecionados os temas que seriam debatidos na etapa seguinte (Reuniões Temáticas, 4ª Etapa). Os temas debatidos foram 5: 1. Educação, 2. Saúde, 3. Segurança, 4. Infra Estrutura e Serviços e 5. Qualidade de vida na Comunidade. Nas Reuniões Temáticas (4ª Etapa), dentro de cada tema, os comunitários levantaram os problemas na Comunidade, suas possíveis soluções e parceiros que poderiam auxiliar na resolução das dificuldades encontradas. Ainda nessa etapa, foram eleitos dois comunitários por tema, que representariam a Comunidade na etapa seguinte (Realização de Fórum Comunitário, 5ª Etapa). Para a realização dos Fóruns (5ª Etapa), foram convidados o poder público estadual e municipal, e a comunidade seria representada pelos representantes de cada tema. Após a realização dos Fóruns, deu-se a última etapa: Implementação do Fórum Permanente (6ª Etapa), no qual se elegem um presidente, um vice-presidente e uma comissão para que as ações na comunidade sejam contínuas e dinâmicas. Como resultados, primeiramente, tem-se o Diagnóstico Socioeconômico Ambiental da Comunidade de Deus, em que se constatou que 92% das ruas são pavimentadas, 82% das moradias são servidas por água encanada, 11% pela rede comunitária e 6 % de poço artesiano. Quanto à energia elétrica, 79% são beneficiados pela rede pública. A pesquisa também constatou que 84% dos moradores possuem casas de alvenaria com títulos de propriedade, enquanto 15% habitam casas de madeiras e 1% mistas, alvenaria e madeira. Considerando a taxa de desemprego e o emprego informal, observou-se que apenas 1/3 dos moradores geram 3 renda familiar. Além disso, 35% dos moradores trabalham como autônomos. Outro dado alarmante sobre as condições dos moradores da Comunidade de Deus é que, em 63% das moradias, apenas 1 indivíduo trabalha. Quanto à escolaridade, entre jovens e adultos, 62% se declararam analfabetos. 40% dos comunitários consideram a comunidade violenta e sem segurança, e 19% declararam a necessidade da existência de uma área para lazer e cultura. Foram realizados dois Fóruns, o primeiro, na Escola Estadual Jorge Karam Neto (Figura 3), na qual estiveram presentes somente representantes de órgãos estaduais - o Sr. Delegado do 14º CICOM Cristiano Castilho, o tenente da polícia militar Michell, a Sra. Ana Paula da Secretaria de Assistência Social (SEAS), a Sra. Vanderlete do Fundo de Promoção Social e a Sra. Maria Edilene da Secretaria do Meio Ambiente (SEMA), embora o poder público municipal também tenha sido convidado. Figuras 3 e 4. À esquerda, Primeiro Fórum da Agenda 21 Local. À direita, Segundo Fórum da Agenda 21 Local. Uma vez que somente representantes do poder público estadual estiveram presentes no Primeiro Fórum, questões que dizem respeito ao poder público municipal ficaram sem respostas para a Comunidade de Deus, portanto a Comunidade solicitou aos professores coordenadores do projeto Agenda 21 que fosse feito um segundo Fórum. O Segundo Fórum da Agenda 21 foi realizado na Reitoria da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), com a presença do Pró-Reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da UEA, o Prof. Dr. André Tannus Dutra, os representantes comunitários de cada tema e os representantes das secretarias municipais: Secretaria Municipal de Educação (SEMED), Sra. Ivaneide Pinto de Andrade; Fundação Municipal de Cultura (MANAUSCULT), Jose Augusto Cardoso; Secretaria Municipal de Infraestrutura (SEMIF), Sr. Antonio Peixoto; Secretaria Municipal de Saúde (SEMSA), Sras. Graça Costa Disa Leste e Aldeniza Araújo de Souza; Ouvidoria Municipal e Representante do Prefeito Sr. Afonso Lins; Casa Militar, Tenente Darcelo Gomes (Figura 4). 4 A Agenda 21 Local, por meio de muitas ações de mobilização e sensibilização, beneficiou o compartilhamento e disseminação acerca das condições da Comunidade. As Reuniões Temáticas propiciaram aos comunitários explorarem temas como educação, saúde, segurança, infraestrutura e serviços, meio ambiente e qualidade de vida, e elaborassem propostas para melhorias na Comunidade. Os Fóruns possibilitaram à Comunidade e ao poder público a discussão das circunstâncias locais e de propostas de solução visando o progresso da Comunidade. Foram relatadas pelos comunitários melhorias como na iluminação pública, asfaltamento e policiamento local. A Comunidade de Deus espelhou um quadro social geral de dificuldade de mobilização social, aspecto característico de comunidades carentes, ressaltando-se a necessidade de assistência pública e social. Propiciou-se aos comunitários desenvolverem mais confiança e empenho para assegurarem seus direitos e sua qualidade de vida, sustentando uma conjuntura mais favorável. Conclui-se que a vulnerabilidade de uma comunidade carente, especificamente a Comunidadede Deus, a afeta e interfere de tal forma comprometendo a dignidade e a esperança de seus moradores, principalmente crianças, adolescentes e jovens. A Agenda 21 Local proporcionou a análise e discussão acerca das demandas, fragilidades e potencialidades da Comunidade em diversos âmbitos, bem como suporte e estímulo aos comunitários para a conquista de seus direitos. As ações efetivadas sugerem a composição de um cenário mais sustentável e promissor. REFERÊNCIAS: MMA, 2016. Ministério do Meio Ambiente. Agenda 21 Local. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/agenda-21/agenda-21-local>. Acesso em 19 de agosto de 2016.
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