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Fundamentos e Metodologia de Língua Portuguesa Autor: Mario L. N. Alves Tema 02 Os Campos da Linguística Tema 03 Influência dos Aspectos Fonológicos Índice Índice Tema 02: Os Campos da Linguística 4 Tema 03: Influência dos aspectos fonológicos. 20 seç ões Tema 02 Os Campos da Linguística Como citar este material: ALVES, Mario L. N. Fundamentos e Metodologia de Lingua Portuguesa: Os Campos da Linguística. Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2014. SeçõesSeções Tema 02 Os Campos da Linguística 7 Conteúdo Nessa aula você estudará: • O ensino de língua materna. • A aquisição da escrita. • As áreas da linguística. CONTEÚDOSEHABILIDADES Introdução ao Estudo da Disciplina Caro(a) aluno(a). Este Caderno de Atividades foi elaborado com base no livro Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa, da autora Maria Lúcia de Castro Gomes, editora Ibpex, 2011, PLT 493. Roteiro de Estudo: Mario L. N. Alves Fundamentos e Metodologia da Língua Portuguesa 8 CONTEÚDOSEHABILIDADES LEITURAOBRIGATÓRIA Habilidades Ao final, você deverá ser capaz de responder as seguintes questões: • O que é linguística? • Quais são as áreas da linguística? • Quais as diferenças na construção da linguagem oral e escrita? Os Campos da Linguística Você viu, ao longo da lição anterior, que a aquisição da língua materna tem permeado a investigação de teóricos por séculos, tratando-se de um tema de muita relevância no cenário psíquico e linguístico. Agora, você estudará o ensino da língua materna e a aquisição da escrita. O termo Linguística já foi explicado no tema anterior. Trata-se do estudo científico da linguagem e faz parte de outra ciência, chamada Semiótica. Por ser abrangente, seu estudo se divide em diversas áreas, todas contribuindo para a análise da linguagem. São elas: fonética; fonologia; morfologia; sintaxe; semântica; pragmática; linguística textual; análise do discurso; neurolinguística; psicolinguística; e sociolinguística. Conheça cada uma das áreas, na tabela abaixo, elaborada a partir de Gomes (2011, p. 39-42): 9 LEITURAOBRIGATÓRIA Fonética O que é? É o estudo dos sons da fala, que se preocupa com os mecanismos de produção e audição. Por meio da fonética, é possível identificar a fala em distintos contextos sociais, que vão desde regiões a faixa etária. Fonologia O que é? Assim como a fonética, a fonologia se preocupa com os sons da fala, mas do ponto de vista da estrutura sonora da língua. A fonologia descreve todos os segmentos da língua, como consonantais e vocálicos, além da estruturação silábica, acentuação, ritmo e entonação. É nesse estudo que abrange os fonemas, que são os segmentos da fonologia que identificam a estrutura do som emitido. Por exemplo: um /s/ é pronunciado como [s] pela maioria dos brasileiros no final das palavras, mas para os cariocas, que regionalmente tem um sotaque diferente, tal fonema é pronunciado como [ ʃ ]. Morfologia O que é? Trata-se do estudo da junção de morfemas que, juntos, formam unidades maiores, como a palavra e o sintagma. O morfema é a menor unidade de uma palavra. Basta ver no exemplo: casinhas (casa + inha + s). A palavra é formada por três morfemas, sendo eles: objeto (casa); sufixo de diminutivo (inha); plural (s). Sintaxe O que é? São as regras de combinação das palavras que formam sentenças na língua. Nesse estudo, você conhece como é estruturada uma oração – a ordem SVO (sujeito + verbo + objeto) –, sempre considerando a ordem correta em situações de inversão das palavras – que podem tirar o sentido do que se quer exprimir. Semântica O que é? Tem como pressuposto determinar o significado das palavras, além de abordar a relação das coisas do mundo com a linguagem. Neste estudo, são consideradas as relações de palavras com vários significados (polissemia); palavras de significados distintos (antonímia); e palavras com significados equivalentes (sinonímia). 10 Pragmática O que é? É o estudo da linguagem que traz a finalidade como entendimento do contexto de uma palavra ou sentença. Dessa forma, visa abranger quais são as situações que estão por trás de uma frase e/ou oração para que ela faça sentido em determinado contexto. Logo, trata-se da intenção do falante quando profere determinada frase. Linguística textual O que é? É o estudo que tem como objeto o texto e seus elementos de análise. Tais elementos são: coesão, coerência, intertextualidade. Seu surgimento está ligado ao aprofundamento do estudo sintáxico e semântico, pois sua abrangência não se limita somente à análise de sentenças separadamente. Análise do discurso O que é? A análise do discurso é, como o próprio nome diz, a compreensão da linguagem dentro de um contexto oral, textual e escrito, que tem como cenário abordagens histórico-ideológicas. Neurolinguística O que é? Trata-se de um estudo que já foi mencionado no tema anterior: a relação entre a linguagem e o cérebro, mesclando, assim, duas áreas de conhecimento. Psicolinguística O que é? Assim como a neurolinguística, é o encontro de duas áreas do conhecimento, porém, relacionadas à psicologia e a linguagem. Seu estudo está ambientado na compreensão dos processos mentais no que diz respeito à produção da linguagem. Sociolinguística O que é? É o estudo que abrange as mudanças sociológicas da linguagem, isto é, o contexto social influenciando nas variedades linguísticas, o uso da norma culta e a avaliação da linguagem de forma a julgar o que é certo e o que é errado. O ensino da língua é um desafio para o professor, pois a Linguística apresenta diversas formas de estudo, cada qual com sua característica e especificidade de análise. É importante destacar que, como um docente da Língua Portuguesa, é imprescindível que algumas destas formas não estejam de fora do currículo escolar, como sintaxe, semântica, morfologia, fonologia e fonética (GOMES, 2011, p. 43). Tais desafios não estão ligados somente à fala, mas, também, à aquisição da escrita. LEITURAOBRIGATÓRIA 11 LEITURAOBRIGATÓRIA Considerando que a criança chega à escola já sabendo falar, o professor tem de lidar com as experiências anteriores de vocabulário e o dialeto da comunidade em que ela está inserida. Para o professor universitário atuante no campo da Linguística Luiz Carlos Cagliari (2002), O objetivo mais geral do ensino do português para todas as séries da escola é mostrar como funciona a linguagem humana, e de modo particular, o português: quais os usos que tem e como os alunos devem fazer para estenderem ao máximo, ou abrangendo metas especificas, esses usos na modalidade escrita e oral, em diferentes situações de vida. Dessa forma, o professor deve mostrar qual a diferença entre a fala e a escrita, como você pode ver na tabela elaborada por Gomes (2011, p.43) a seguir. Fala Escrita 1. Como acontece sempre em um determinado contexto, as referências são claras (Isto aqui, aquela lá). 1. Deve ser bem especificada para criar um contexto próprio. 2. O falante e o ouvinte estão em contato direto, e a interação acontece por troca de turnos. 2. O leitor não está presente quando se escreve e não há interação, exceto na conversa via internet ou telefone celular, embora não imediata quanto a oral. 3. O interlocutor é, geralmente, alguém específico. 3. Muitas vezes, o leitor não é conhecido pelo leitor. 4. Como existe interação, as reações são, normalmente, imediatas e podem ser: • Verbais: perguntas, comentários, murmúrios, resmungos. • Não verbais: expressões faciais ou corporais. 4. Não é possível o escritor conhecer a reação imediata do leitor. Ele pode, no entanto, antecipar as reações e comentar no texto. Nas interações eletrônicas, existemos emoticons (). 5. A fala é transitória. Se o interlocutor não compreende alguma coisa, pode interagir. 5. A escrita é permanente e pode ser lida e relida quantas vezes for necessário para a compreensão. 6. Há hesitações, frases incompletas, pausas e redundâncias. 6. Espera-se maior estruturação da linguagem, organizada em forma de texto e construída com maior cuidado. 7. Existe uma série de recursos para a transmissão do significado: tonicidade, ritmo e entonação. As expressões faciais e os gestos servem a esse propósito. 7. Os recursos são gráficos como: pontuação, letras maiúsculas, aspas, tipos de letras. Agora, também os emoticons. 12 Apesar das diferenças apresentadas, é importante que o professor compreenda que se trata de duas formas complementares. Quando a escola forma leitores, deve, também, formar escritores, capazes de criarem textos com coerência e com coesão. Dessa forma, o papel do professor é importante na identificação de aspectos fônicos da Língua Portuguesa, pois, assim, ajudará a criança a refletir sobre sua fala e, consequentemente, com a escrita. LEITURAOBRIGATÓRIA LINKSIMPORTANTES Quer saber mais sobre o assunto? Então: Sites Leia o artigo “Introdução à linguística aplicada e sua utilidade para as pesquisas em sala de aula de língua estrangeira” da Revista PHILOLOGUS, Ano 14, n° 40 Suplemento, da professora Doris de Almeida Soares que faz uma introdução à Linguística Aplicada e sua utilidade para as pesquisas em sala de aula. Apesar de seu foco ser, em especial, a língua estrangeira, sua contextualização é pertinente para conhecer mais sobre a Linguística aplicada. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/revista/40suple/introdao_a_linguistica%20.pdf>. Acesso em: 9 dez. 2013. O livro “Introdução a Linguística”, organizado por José Luiz Fiorin é uma obra fundamental para aprender mais sobre Linguística (fundamentos teóricos, linhas de pesquisas, contribuições). O livro está disponível para aluguel na biblioteca da Anhanguera. Disponível em: <http://acervo.unianhanguera.edu.br/F/CCELF82AKFTEGHT9897BNQTN U2TX51KPMHQIAL5GLSD77SGCNC-50705?func=full-set-selected>. Acesso em: 9 dez. 2013. 13 Leia a Revista de Linguística Alfa, publicada pela Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho (Unesp) de São José do Rio Preto. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=1981- 579420120001&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 9 dez. 2013. Leia a Revista Trabalhos em Linguística Aplicada, publicada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=0103- 1813&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 9 dez. 2013. Leia a Revista Linguagem e Discurso, publicada pela Universidade do Sul de Santa Catarina sobre questões relativas ao campo textual-discursivo. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=1518- 7632&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 9 dez. 2013. Vídeos An Overview of Applied Linguistics. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=T7dbWW83a74&feature=related>. Acesso em: 9 dez. 2013. Esse vídeo traz uma aula proferida por Philip Shaw, na Universidade de Stockholm, sobre o que é Linguística Aplicada. O vídeo está em Inglês, mas é possível acessar a legenda em português, clicando no botão inferior do vídeo, chamado “turn on caption” e, em seguida “translate caption” e, por fim, escolhendo “portuguese - Português”. LINKSIMPORTANTES 14 Instruções: Chegou a hora de você exercitar seu aprendizado por meio das resoluções das questões deste Caderno de Atividades. Essas atividades auxiliarão você no preparo para a avaliação desta disciplina. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido e para o modo de resolução de cada questão. Lembre-se: você pode consultar o Livro-Texto e fazer outras pesquisas relacionadas ao tema. Questão 1: Durante seu período escolar, quais os con- teúdos mais marcantes das aulas de portu- guês que você se lembra de ter aprendido e a quais áreas trabalhadas nesse tema (fonética; fonologia; morfologia; sintaxe; semântica; pragmática; linguística textual; análise do discurso; neurolinguística; psi- colinguística; e sociolinguística) esses con- teúdos pertencem? Questão 2: Das afirmações a seguir sobre a linguísti- ca, todas estão corretas, exceto: a) A linguística pode ser compreendida como parte de outra ciência, a semiótica. b) Uma de suas áreas, a morfologia, tem por finalidade compreender os contextos em que determinada frase/oração foi criada. c) A área de neurolinguística busca compreender as relações entre linguagem e cérebro. d) A sociolinguística abrange os contextos sociais que influenciam as variedades linguísticas. e) Pertence a semântica o estudo das relações de polissemia, antonímia e sinonímia. AGORAÉASUAVEZ 15 Questão 3: Sobre a escrita, é correto afirmar que: a) Deve ser bem especificada para criar um contexto próprio. b) É possível conhecer a reação imediata do receptor. c) Sua construção sempre traz hesitações, redundâncias e pausas. d) A estruturação da linguagem é construída as pressas, sem cuidados. e) Não há formas de se expressar sentimentos além do que está escrito. Questão 4: Sobre a fala, é incorreto afirmar que: a) Os envolvidos estão em contato direto b) A interação acontece normalmente por troca de turnos. c) É possível definir o interlocutor. d) Se o interlocutor não compreende alguma coisa, pode interagir. e) Toda a comunicação se dá exclusiva- mente por palavras, verbalmente. Questão 5: A sintaxe tem por objetivo: a) Estudar as regras que compõe a junção dos morfemas para criar os sintagmas. b) Estudar as regras de combinação de palavras que formam uma sentença. c) Estudar o significado das palavras e suas relações com as coisas do mundo. d) Estudar o texto e seus elementos, tais como coerência, coesão e intertextualidade. e) Estudar as questões relacionadas à linguagem e a psicologia. Questão 6: As interações eletrônicas síncronas (via co- municadores de mensagens instantâneas) apesar se acontecer por meio da escrita, apresenta inúmeras características da fala. Aponte 3 características da fala, segundo o texto, que podem estar presentes nessas interações. Questão 7: Você percebeu que, em sua turma, há um grande número de alunos que está com di- ficuldades para compreender como as pala- vras são formadas (por exemplo: conjugações verbais e plurais). Em qual campo da linguísti- ca você pode buscar subsídios e por quê? AGORAÉASUAVEZ 16 AGORAÉASUAVEZ Questão 8: Quais áreas da linguística podem oferecer o maior número de subsídios para as dis- ciplinas que envolvem a produção de reda- ções para o vestibular, do ponto de vista do aluno e sua produção? Questão 9: A linha que separa as características da fala e da escrita nem sempre são tão cla- ras, dependendo do contexto de interação. Um exemplo de prática escrita cujas carac- terísticas da fala estão muito presentes é a comunicação via chat ou outros comu- nicadores instantâneos. Em contrapartida, há práticas cuja prática da fala traz consigo muitas características da escrita. Aponte 3 contextos em que isso pode acon- tecer. Questão 10: Se a maioria dos alunos já chegam à es- cola sabendo português – pois, a não ser que esse aluno seja estrangeiro, ele prova- velmente se comunica cotidianamente em português –, qual é a necessidade de se ensinar Língua Portuguesa? Neste tema, você pôde ver as áreas que compõe a Linguística e as diferenças básicas entre fala e língua no aprendizado. Caro aluno, agora que o conteúdo dessa aula foi concluído, não se esqueça de acessar sua ATPS e verificar a etapa quedeverá ser realizada. Bons estudos! FINALIZANDO 17 CAGLIARI, L. C. Alfabetizaçao e linguística. 10 ed. São Paulo: Scipione, 2002. GOMES, M. L. C. Metodologia do ensino de Língua Portuguesa. Curitiba: Ibpex, 2011. REFERÊNCIAS Interlocutor: pessoa que participa de uma conversa ou diálogo. Polissemia: quando uma palavra ou locução possui diversos sentidos. Antonímia: quando duas palavras ou termos possuem sentidos opostos. Sinonímia: quando duas palavras ou termos possuem significações muito próximas. Intertextualidade: é quanto um texto faz alusões ou toma outro texto como ponto de partida ou modelo em sua produção. GLOSSÁRIO 18 Questão 1 Resposta: Essa pergunta visa resgatar os conhecimentos dos alunos acerca do aprendizado que teve em língua portuguesa e confrontar com o tema estudado. Questão 2 Resposta: Alternativa B. A morfologia tem por finalidade estudar a junção de morfemas que, juntos, formam unidades maiores, como a palavra e o sintagma. Questão 3 Resposta: Alternativa A. A escrita deve ser bem especificada para criar um contexto próprio, uma vez que não há interação e os pressupostos devem ser apresentados. Questão 4 Resposta: Alternativa E. Toda a comunicação se dá não apenas por palavras, mas por linguagem corporal, prosódia, tonicidade, ritmo, entonação. Questão 5 Resposta: Alternativa B. A sintaxe tem por objetivo Estudar as regras de combinação de palavras que formam uma sentença. Questão 6 Resposta: O falante e o ouvinte estão em contato direto, e a interação acontece por troca de turnos. O interlocutor é, geralmente, alguém específico. Se o interlocutor não compreende alguma coisa, pode interagir. Como existe interação, as reações são, normalmente, imediatas e podem ser verbais (perguntas, comentários) ou não verbais (por meio de emoticons representando expressões faciais ou corporais). GABARITO 19 Questão 7 Resposta: No Campo da morfologia, responsável pelos estudos da formação de palavra e sintagmas a partir dos morfemas da língua. Questão 8 Resposta: Todas as áreas podem contribuir em maior ou menor grau, mas as áreas com maior influência da perspectiva do aluno seriam: linguística textual, semântica, sintaxe, morfologia e pragmática. Questão 9 Resposta: Espera-se uma resposta em que o aluno reconheça e aponte qualquer prática social formal, cuja fala tenha sido planejada previamente. Pode-se citar discursos políticos previamente escritos, apresentações de palestras, telejornal e outros programas que apresentem textos que se aproximam mais da escrita e da formalidade e que não permitam interação dialógica. Questão 10 Resposta: O professor deve trabalhar a linguagem a partir de suas inúmeras perspectivas, respeitando as diferenças linguísticas, ensinando a variante linguística padrão, inserindo o aluno em diferentes práticas letradas da norma culta, conduzindo à reflexão sobre a língua (metalinguagem) e a importância da linguagem nas práticas sociais e no posicionamento dos sujeitos enquanto ser social ativo. GABARITO seç ões Tema 03 Influência dos aspectos fonológicos Como citar este material: ALVES, Mario L. N. Fundamentos e Metodologia de Lingua Portuguesa: Influência dos aspectos fonológicos. Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2014. SeçõesSeções Tema 03 Influência dos aspectos fonológicos no aprendizado da escrita 23 Conteúdo Nessa aula você estudará: • O sistema sonoro da língua. • Os processos mais comuns da Língua Portuguesa. • Os processos que podem necessitar de acompanhamento especializado. CONTEÚDOSEHABILIDADES Introdução ao Estudo da Disciplina Caro(a) aluno(a). Este Caderno de Atividades foi elaborado com base no livro Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa, da autora Maria Lúcia de Castro Gomes, editora Ibpex, 2011, PLT 493. Roteiro de Estudo: Mario L. N. Alves Fundamentos e Metodologia da Língua Portuguesa 24 CONTEÚDOSEHABILIDADES Habilidades Ao final, você deverá ser capaz de responder as seguintes questões: • Quais são os processos sonoros da Língua Portuguesa? • Quais processos são naturais durante a aprendizagem da escrita? • Quais processos podem necessitar de acompanhamento durante o aprendizado fonológico da criança? CONTEÚDOSEHABILIDADES Influência dos aspectos fonológicos Você certamente já se pegou, alguma vez, tentando lembrar como escrever uma determinada palavra a partir do som que ela faz e tentando buscar na mente como ela deveria ser escrita, não foi? Dúvidas sobre se determinada palavra tem um “s” ou não antes do “c”, se é escrita com “z” ou com “s”, se termina com “l” ou com “u” e tantas outras surgem muito mais do que se é dado conta durante os incontáveis textos que são escritos durante a vida. Essas dúvidas sobre a grafia das palavras, que ocorrem na prática textual, são ainda mais recorrentes na fase de alfabetização. A criança, além de possuir um repertório lexical ainda ligado à prática oral (e, por sua vez, a estrutura fonológica da Língua Portuguesa), traz consigo inúmeros traços de sua variante linguística (forma de falar do grupo e contexto social em que vive e frequenta) que tornam as correlações entre os sons da fala e a forma padrão escrita ainda mais longe do que já são dentro da variante padrão. LEITURAOBRIGATÓRIA 25 LEITURAOBRIGATÓRIALEITURAOBRIGATÓRIA Esse processo de transição entre as referências sonoras da língua e a forma escrita é natural. E justamente por sua naturalidade e recorrência é que o professor precisa estar apto para reconhecer as possíveis interferências da fonologia na escrita e, principalmente, compreendê-las não como erro, mas como amadurecimento do aluno na prática letrada. Somente a compreensão desse processo permite ao professor adequar, guiar e orientar os alunos para se apropriem da norma culta da língua. Mas é importante saber que alguns desvios fonológicos podem afetar a aquisição da escrita, a ponto do aluno necessitar de uma intervenção especializada. Você poderá ver isso mais adiante, logo após uma breve discussão sobre o sistema sonoro da Língua Portuguesa. O Sistema sonoro da língua. Para se aprofundar nos estudos do sistema fonético, você precisaria estudar sobre as características da fonética sob os pontos de vista: articulatório (produção da fala em seu aspecto fisiológico e articulatório); auditivo (percepção da fala); acústico (propriedades físicas dos sons a partir do falante) e; instrumental (propriedades físicas da falava, considerando o apoio de instrumentos laboratoriais). No que diz respeito à articulação, todas as línguas naturais contêm vogais e consoantes. As vogais são produzidas por um fluxo de ar que passa livremente pelo aparelho fonador, sofrendo interferência apenas da vibração das cordas vocais. As consoantes, ou segmentos consonantais, são produzidas por algum tipo de obstrução, total ou parcial, da passagem de ar, podendo, inclusive, sofrer fricção em seu percurso. A classificação dos segmentos consonantais depende de diversos fatores, tais como posição e articulação dos lábios, a posição do véu palatino, o estado da glote, entre outros. Há ainda, elementos relevantes o Lugar de Articulação e o Modo ou Maneira de Articulação. Processos mais comuns da Língua Portuguesa Por ora, para que você possa compreender os impactos da produção oral na escrita, serão abordados os processos mais comuns das falas dos brasileiros e alguns processos que podem indicar problemas sérios, a serem acompanhados por especialistas. 26 Alguns processos comuns nas falas são oriundos de fatores como ritmo, entonação, ênfase, entre outros, que podem causar algumas dificuldades normais para a criança na fase de aquisição da escrita e que são superados pela orientação e ensino emsala, são: Processos de monotongação do ditongo “ou”, em que o falante diz “poco”, “oro”, “so” ou “ropa” em vez de “pouco”, “ouro”, “sou” ou “roupa”. Processo de monotongação do ditongo “ei” e “ai”, em que o falante diz “quejo”, “bejo”, “mantega” e “caxa” em vez de “queijo”, “beijo”, “manteiga” e “caixa. Para esses casos, ainda há os fatores de hipercorreção, em que o falante cria um ditongo em palavras que não o possuem, resultado em palavras como “bandeija” ou “carangueijo” em vez de “bandeja” e “caranguejo”. Supressão e assimilação da sílaba átona, em que o falante diz “chácra”, “fosfu”, “numro”, “falanu” ou “tamém” em vez de “chácara”, “fósforo”, “número”, “falando” e “também”. Substituição da vogal “o” pela vogal “u” em posições átonas, em que o falante diz “fósforu”, “lindu” ou “fotu” em vez de “fósforo”, “lindo” e “foto”. As crianças, no processo de aquisição da língua, também podem efetuar algumas substituições de um som por outro, também dentro de um processo normal, principalmente em sons dentro de uma mesma classificação fonética, tais como: Desvozeamento (exemplo: trocar “d” por “t” ou “z” por “s”), anteriorização (exemplo: trocar “ch” ou “x” por “s” ou “g” por “z”), substituição de líquida (exemplo: trocar “r” ou “rr” por “l”), semivolalização de líquida (exemplo: trocar “v” por “b” ou “s” por “t”), posteriorização (exemplo: trocar “d” por “g”, som de “z” por som de “s”, som de “s” por som de “x”), vozeamento pré-vocálico (exemplo: trocar “c” por “g”, “f” por “v” ou “t” por “d”). Processos que podem precisar de atenção Há, entretanto, processos que são considerados desvios fonológicos e a consulta ou acompanhamento por um profissional da área de fonoaudiologia pode ser necessário. Os casos mais comuns são: Nasalização de líquida (exemplo: dizer “pema” em vez de “beira”, “canafa”, em vez de “garrafa”, “emis”, em vez de “eles”), africação (exemplo: trocar som de “s” por som de “tch”), LEITURAOBRIGATÓRIA 27 LEITURAOBRIGATÓRIA desafricação (exemplo: trocar “t” pelo som de “x” ou “d” por “z”), plosivização de líquida (exemplo: trocar “lh” por “d”), semivocalização de nasal (exemplo: dizer “cãia”, em vez de “cama” ou “ãio”, em vez de “ano”) Vale lembrar que mesmo esses casos podem ser normais na fase de aquisição de linguagem, mas recomenda-se fortemente o encaminhamento adequado para evitar problemas subsequentes. Ler e escrever O adequado domínio das práticas de leitura e escrita é fundamental para a devida inserção da criança nas práticas sociais. Seus alunos, por vezes, chegam à escola sem o domínio da língua padrão e é muito comum que esses alunos dominem apenas uma variedade linguística estigmatizada pela sociedade ou que carreguem com eles muitos dos processos descritos anteriormente. Seu papel como educador, em situações como esta, é o de proporcionar a devida inserção dessas crianças nas práticas letradas da língua padrão. Isso significa ensinar a reconhecer que: há uma grande diversidade linguística dentro de sua própria língua; a variante padrão precisa ser aprendida, sem detrimento da sua variante de origem; o papel de leitor e produtor de textos deve ser crítico e ativo e; o sucesso nas interações sociais formais depende do adequado domínio das variedades de sua língua. 28 Quer saber mais sobre o assunto? Então: Sites Acesse o site Fonética e Fonologia para conhecer o quadro fonético sonoro. Disponível em: <http://www.fonologia.org/quadro_fonetico.php>. Acesso em: 9 dez. 2013. Para aprofundar seus conhecimentos sobre o tema, acesse o site Fonética e Fonologia. Disponível em: <http://www.fonologia.org>. Acesso em: 9 dez. 2013. Para ter acesso a diversos artigos sobre fonética, veja a página Laboratório de Fonética da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (Labfon – UFMG). Disponível em: <http://www.letras.ufmg.br/CMS/index.asp?pasta=labfon>. Acesso em: 9 dez. 2013. Leia o artigo “Medidas objetivas de fluência de leitura e o processo de compreensão” de Alves, Pinheiro, Reis & Capellini. Disponível em: <http://www.letras.ufmg.br/labfon/data1/arquivos/Medidas%20objetivas%20 de%20flu%C3%AAncia%20de%20lei tura%20e%20o%20processo%20de%20 compreens%C3%A3o.pdf>. Acesso em: 9 dez. 2013. Conheça o site da Associação Fonética Internacional (International Phonetic Association). Disponível em: <http://www.langsci.ucl.ac.uk/ipa/>. Acesso em: 9 dez. 2013. LINKSIMPORTANTES 29 LINKSIMPORTANTES Vídeos Entrevista no programa ”Your voice”, com Cheryl Jackson da rede TVO Parents (tvoparents. tvo.org), sobre aprendizagem de língua e segunda língua na infância. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=hW_qpta6zb4&feature=related>. Acesso em: 9 dez. 2013. Instruções: Chegou a hora de você exercitar seu aprendizado por meio das resoluções das questões deste Caderno de Atividades. Essas atividades auxiliarão você no preparo para a avaliação desta disciplina. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido e para o modo de resolução de cada questão. Lembre-se: você pode consultar o Livro-Texto e fazer outras pesquisas relacionadas ao tema. AGORAÉASUAVEZ Questão 1: Sobre a relação entre linguagem oral e es- crita, é possível afirmar que: a) A oralidade não influencia o aprendizado da escrita. b) A escrita é a representação gráfica fiel da língua falada. c) Há processos na fala que influenciam permanente e negativamente a aquisição da escrita. d) Há processos na fala que são naturais na Língua Portuguesa e que, transpostos para a escrita na fase de alfabetização, causam erros irreparáveis. e) Há processos na fala que são naturais na Língua Portuguesa e que, transpostos para a escrita na fase de alfabetização, precisam ser orientados para sua adequação. 30 Questão 2: A supressão e assimilação de uma sílaba átona, como na frase “o passarinho saiu vuanu”, escrita por uma criança na fase ini- cial de alfabetização, pode ser considerada: a) Um erro grave de grafia, resultado de falta de estudos. b) Um erro preocupante, por demonstrar problemas de fala da criança. c) Um processo normal, que ocorre por influência da falta de letramento das pessoas do grupo em que convive. d) Um processo normal, mas que se for mantido, deve ser acompanhado por um profissional adequado. e) Um processo normal, que ocorre por um processo natural da língua e é superado com orientação adequada em sala de aula. Questão 3: Desvios fonológicos, tais como a desafrica- ção (troca de um som de “d” por “z”, por exemplo), pode ser considerado: a) Um erro grave de grafia, resultado de falta de estudos. b) Um erro preocupante, por demonstrar problemas de fala da criança. c) Um processo normal, que ocorre por influência da falta de letramento das pessoas do grupo em que convive. d) Um processo normal, mas que se for mantido, deve ser acompanhado por um profissional adequado. e) Um processo normal, que ocorre por um processo natural da língua e é superado com orientação adequada em sala de aula. Questão 4: Qual o procedimento a ser adotado pelo professor ao notar que seus alunos apre- sentam escrita inadequada por influência de processos fonológicos naturais: a) Demonstrar que esses erros não devem ser cometidos e encaminhá-los ao acompanhamento adequado. b) Realizar exercícios de repetição das palavras e termos errados. c) Orientá-los sobre a norma culta, as variantes linguísticas e as diferenças entre fala e escrita e oferecer oportunidades para praticarem o que aprenderam. d) Orientá-los sobre a norma culta, as variantes linguísticas e as diferenças entre fala e escrita e indicá-los para acompanhamento adequado. e) Não tomar atitude alguma, pois o aprendizado ocorre naturalmente. AGORAÉASUAVEZ31 AGORAÉASUAVEZ Questão 5: Leia as afirmações a seguir: 1. O domínio das práticas de leitura e escri- ta é importante para a inserção da criança nas práticas sociais. 2. A variante padrão deve suplantar a va- riante linguística da criança, para que esta possa se apropriar das práticas escritas. 3. O professor deve sempre evitar o encami- nhamento de crianças a profissionais de fo- noaudiologia, exceto se elas sofrerem diver- sos desvios fonológicos ao mesmo tempo. 4. A hipercorreção acontece quando a criança realiza uma substituição de líquida, ou seja, troca a “l” no lugar da letra “r”. Dessas, tem-se: a) V, V, V, V. b) V, V, F, V. c) V, V, F, F. d) V, F, F, F. e) V, F, V, F. Questão 6: Qual o objeto de estudo da fonética? Questão 7: Qual o objeto de estudo da fonologia? Questão 8: Cite um motivo para que o falante de Lín- gua Portuguesa cometa hipercorreções? Questão 9: Qual o procedimento mais adequado a se tomar com um aluno que, mesmo após orientações, mantém processos fonológi- cos de substituição de “lh” por “d” ou que usa semivocalização de nasais, dizendo “laia”, em vez de “lama”. Questão 10: Analise um texto escrito por uma criança entre seis e nove anos. Há processos fo- nológicos interferindo a escrita? Quais pro- cessos são notórios? 32 Neste tema, você pôde ver o sistema sonoro da língua, os processos mais comuns da Língua Portuguesa e os processos que são naturais no aprendizado das crianças ou que podem necessitar de acompanhamento por parte de especialistas. Caro aluno, agora que o conteúdo dessa aula foi concluído, não se esqueça de acessar sua ATPS e verificar a etapa que deverá ser realizada. Bons estudos! GOMES, M. L. C. Metodologia do ensino de Língua Portuguesa. Curitiba: Ibpex, 2011. SILVA, T. C. Fonética e Fonologia do Português. Roteiro de estudos e guia de exercícios. 7. Ed. São Paulo: Contexto, 2003. FINALIZANDO REFERÊNCIAS 33 GLOSSÁRIO GABARITO Fonética: ciência que apresenta os métodos para a descrição, classificação e transcrição dos sons da fala, principalmente aqueles sons utilizados na linguagem humana (SILVA, 2001). Fonologia: ramo da Linguística que estuda o sistema sonoro e a função desses sons dentro de uma determinada língua. Léxico: repertório de palavras que existem em uma determinada língua. Hipercorreção: quando um falante busca excessivamente a correção de sua fala/escrita e acaba trocando a palavra correta por uma incorreta, por lhe considerar mais culta. Exemplo: “rúbrica”, em vez de “rubrica” ou “por hora” em vez de “por ora”. Estigmatizar: condenar, tachar, marcar algo ou alguém negativamente. Questão 1 Resposta: Alternativa E. Entre linguagem oral e escrita, há processos na fala que são naturais na língua portuguesa e que, transpostos para a escrita na fase de alfabetização, precisam ser orientados para sua adequação e aprendizado. 34 Questão 2 Resposta: Alternativa E. Supressões e assimilações de uma sílaba átona são processos normais, que ocorrem por um processo natural da língua, e são superados com orientação adequada em sala de aula. Questão 3 Resposta: Alternativa D. Outro processo normal na aquisição da oralidade são os desvios fonológicos, tais como a desafricação. Entretanto, processos como estes, se forem mantidos, devem ser acompanhados por um profissional adequado. Questão 4 Resposta: Alternativa C. A escrita inadequada por influência de processos fonológicos naturais é corrigida no curso natural das aulas, orientando os alunos sobre a norma culta, as variantes linguísticas e as diferenças entre fala e escrita e oferecer oportunidades para praticarem o que aprenderam. Questão 5 Resposta: Alternativa D. A única afirmação que faz jus a teoria vista é que reafirma a importância do domínio das práticas de leitura e escrita para a inserção da criança nas práticas sociais. Questão 6 Resposta: Os sons da fala, principalmente na linguagem humana, a partir da descrição, classificação e transcrição desses sons. Questão 7 Resposta: O sistema sonoro e a função desses sons dentro de uma determinada língua. Questão 8 Resposta: Busca excessiva por correção da fala/escrita e tentativa de enquadrar palavras dentro do que considera uma forma mais culta, a partir da comparação com palavras semelhantes. GABARITO 35 GABARITO Questão 9 Resposta: Indicar o aluno ao acompanhamento por profissionais especializados. Questão 10 Resposta: Essa questão depende da busca e do resultado encontrado pelo aluno.
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