Buscar

Apostila de Contabilidade Social - PUC

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 45 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 45 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 45 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO
Departamento de Economia
Rua Marquês de São Vicente, 225
22453-900 - Rio de Janeiro
Brasil
APOSTILA DE
CONTABILIDADE SOCIAL
Professor Eduardo Pereira Nunes
Agosto de 2004
2
2
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 3
CONCEITOS BÁSICOS 5
EQUAÇÕES MACROECONÔMICAS FUNDAMENTAIS 9
Definição dos agregados das contas nacionais 14
BALANÇO DE PAGAMENTOS 15
Contas nacionais da economia brasileira em 2000: 16
Significado Macroeconômico do Saldo do Balanço de Pagamentos em Conta Corrente 20
a) Ótica da Absorção 20
b) Ótica Financeira 23
Poupança externa 24
MONTAGEM DO SISTEMA DE CONTAS NACIONAIS DE KEYNES 26
Montagem das Contas do Exercício 9 33
CONTAS ECONÔMICAS INTEGRADAS 34
BIBLIOGRAFIA 45
3
3
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO
Departamento de Economia
Rua Marquês de São Vicente, 225
22453-900 - Rio de Janeiro
Brasil
ECO 1212 – CONTABILIDADE SOCIAL
Horário das Aulas: Quartas (sala F310) e Sextas (sala L238), de 7h às 9h
Professor: Eduardo Pereira Nunes (epnunes@ibge.gov.br)
Monitoras: Ana Luiza Mussoi e Bianca Berenguer
2004.2
Apostila de Contabilidade Social – 1ª Parte
11 de agosto de 2004
INTRODUÇÃO
Os conceitos das Contas Nacionais são categorias econômicas cada vez mais
conhecidas pelo público em geral, em função da constante divulgação de informações na mídia
sobre produção, renda, emprego, desemprego, salários, preços e outros indicadores. Todos que
utilizam essas estatísticas concordam que um bom sistema de Contas Nacionais deve produzir
informações atualizadas e compreensíveis.
A apresentação dos dados da economia de um país sobre produção, renda, emprego,
investimento, consumo, poupança e outros agregados macroeconômicos envolve a utilização de
uma gama de informações que, para serem consistentes e comparáveis, são organizadas de
acordo com os conceitos das Contas Nacionais.
As Contas Nacionais possibilitam a integração dos dados estatísticos com os conceitos
macroeconômicos, pois compreendem um conjunto de conceitos, equações e contas que
retratam as diversas etapas e transações realizadas pelos agentes econômicos.
O interesse pela utilização de estatísticas atualizadas como instrumento de planejamento
já vem de longa data. Os métodos de registro das Contas Nacionais são definidos pelas Nações
Unidas, desde a primeira edição em 1953 do Sistema de Contas Nacionais.
Para compreender a gênese e estrutura das contas nacionais modernas é preciso que se
analise o momento histórico em que ocorreu a transformação na forma de se estudar os próprios
fenômenos macroeconômicos, ocorrida nos anos 30 e 40, quando a Grande Depressão e a
Segunda Guerra Mundial tornaram obsoletos alguns dos conhecimentos teóricos e instrumentos
de política econômica até então vigentes.
A análise da história e do pensamento econômico dos anos trinta remete-nos ao estudo
da obra de John Maynard Keynes, economista responsável pelo desenvolvimento de uma nova
abordagem macroeconômica para os problemas causados pela depressão e guerra. A análise da
obra deste autor permite entender porque a gênese das contas nacionais modernas está
relacionada com a nova teoria econômica de Keynes.
A contabilidade nacional moderna é um sistema integrado de equações e contas
construídas a partir de registros contábeis organizados para revelar como os agentes econômicos
se relacionam, desde a etapa inicial da vida econômica, quando as empresas constituem os
fundos, próprios ou de terceiros, necessários para a aquisição ou contratação dos fatores de
4
4
produção (capital, trabalho e recursos naturais) utilizados no processo produtivo. Em seguida,
analisa a forma como o produto e a renda são gerados, passando pelos mecanismos de
apropriação e distribuição da renda nacional, para identificar os fluxos relativos ao uso da renda
nacional em consumo e poupança e à desagregação da poupança em poupança privada e
pública. Esta etapa da montagem das contas nacionais ajuda a compreender as fontes de
acumulação de capital e financeira de cada economia.
Keynes contribuiu para que as contas nacionais deixassem de ser apenas uma
metodologia de cálculo da renda nacional para se transformar num sistema de contas integradas
à macroeconomia. Para montar esse sistema inédito, Keynes utilizou, em 1939-40, as estimativas
das Contas Nacionais da Inglaterra para a apresentação das suas propostas de política
econômica para a Inglaterra durante os anos difíceis da II Guerra Mundial.
De fato, Keynes construiu o sistema de contas nacionais para desenvolver sua teoria
macroeconômica. No livro “Teoria Geral do Emprego, Juro e Moeda1”, publicado em 1936,
Keynes lançou a semente do sistema de contas nacionais, ao optar por trabalhar com categorias
econômicas expressas em “unidades quantitativas em valor”.
Mais tarde, em 1940, Keynes escreveu o livro “Como Pagar a Guerra2” para mostrar a
necessidade de criação de uma novo imposto (denominado “poupança compulsória”) para
financiar os gastos com a guerra, sem causar inflação ou dívida externa. Keynes queria
demonstrar que o déficit público inglês, previsto para o ano fiscal de 1939/1940, proveniente do
aumentos dos gastos militares, deveria, necessariamente, ser financiado pelo setor privado, para
que o país não precisasse emitir moeda, nem consumir suas reservas internacionais, nem
contrair dívida externa.
Nesta obra, Keynes recorreu à montagem de um sistema de contas que articularia, pela
primeira vez, a análise das finanças públicas com a das contas nacionais, valendo-se para isso
do princípio contábil das partidas dobradas. Este método original contribuiu para a transformação
das contas nacionais num sistema de contas articuladas, utilizadas como instrumento de
planejamento das ações do governo no sistema econômico, as quais deveriam,
necessariamente, levar em consideração o momento histórico e as diversas fases do ciclo
econômico.
Em 1953, as Nações Unidas (ONU) adotaram o modelo proposto por Keynes, publicando
a primeira versão do atual Sistema de Contas Nacionais. Em 1968 e em 1993, a ONU publicou
novas versões e está previto para o ano de 2007 a divulgação da quarta versão do Manual de
Contas Nacionais da ONU.
Ao longo dos últimos 50 anos, a ONU incorporou a Matriz de Insumo – Produto,
desenvolvida por Leontief3, ao corpo central do Sistema de Contas Nacionais. A utilização pela
ONU dos sistemas de Keynes e Leontief permite que o atual Sistema de Contas Nacionais retrate
o funcionamento da economia capitalista, a partir da análise dos setores institucionais (empresas,
famílias e governos), responsáveis pelas decisões de investimento, produção, consumo e outras,
e a partir da análise das unidades produtivas, responsáveis pela organização do processo
produtivo.
 
1 John Maynar Keynes. Teoria Geral do Emprego, Juro e Moeda. Coleção "Os Economistas", São Paulo:
Abril Cultural, 1983. (Livro Segundo, Capítulo 4).
2 John Maynar Keynes. How to Pay for the War - A Radical Plan for the Chancellor of the Exchequer.
New York: Harcourt, 1940.
3 Wassily Leontief. A Economia do Insumo-Produto. Coleção "Os Economistas", São Paulo: Abril
Cultural, 1983.
5
5
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO
Departamento de Economia
Rua Marquês de São Vicente, 225
22453-900 - Rio de Janeiro
Brasil
ECO 1212 – CONTABILIDADE SOCIAL
Horário das Aulas: Quartas (sala F310) e Sextas (sala L238), de 7h às 9h
Professor: Eduardo Pereira Nunes (epnunes@ibge.gov.br)
Monitoras: Ana Luiza Mussoi e Bianca Berenguer
2004.2
Apostila de Contabilidade Social – 2ª Parte
11 de agosto de 2004
Conceitos Básicos
A economia capitalista funciona a partir das unidades produtivas que são responsáveis
pela organização do processo produtivo. Para produzir, as empresas precisam utilizar os fatores
de produção (capital, trabalho e recursos naturais) que pertencemàs famílias proprietárias
desses fatores de produção.
Numa economia de mercado, os bens e serviços necessários à satisfação das
necessidades dos indivíduos são adquiridos no mercado. Para isso, os indivíduos (famílias)
precisam de dinheiro para comprá-los. As famílias proprietárias dos fatores de produção cedem
esses fatores às empresas para que sejam utilizados no processo produtivo. Em troca, as
famílias recebem uma renda correspondente à remuneração de cada um dos fatores de
produção empregados.
Assim, em troca da cessão do fator de produção trabalho, as famílias recebem uma
renda equivalente ao salário; pela cessão do fator capital, recebem os lucros, e pela cessão de
terras e outros recursos naturais, recebem a renda da terra e outras rendas provenientes da
exploração do direito de propriedade dos recursos naturais.
A partir desse processo, são gerados na economia, simultaneamente, dois fluxos:
- fluxo monetário, ou nominal, ou de renda, representado pela remuneração dos fatores
de produção; e,
- fluxo real, ou de bens e serviços, ou produtivo, representado pela produção resultante
da utilização dos fatores de produção no processo produtivo.
O funcionamento da economia pode ser representado por meio da noção do fluxo circular
dos fatores de produção e dos produtos, apresentado a seguir.
Jessy
Realce
Jessy
Realce
6
6
Fluxo Circular da Renda
TERRA
CAPITAL
TRABALHO
E
M
P
R
E
S
A
S
Mercado de Fatores
Mercado de Produtos
RENDA DOS FATORES
Renda da Terra,
Lucro e Salário
FLUXOS MONETÁRIOS
MAXIMIZAÇÃO
DAS
UTILIDADES
MAXIMIZAÇÃO
DOS
LUCROS
DEMANDA OFERTA
OFERTA DEMANDA
Compra de Bens de Consumo
7
7
A representação do funcionamento do sistema econômico foi adotada pelo economista
Léon Walras4 para mostrar que a transformação dos fatores de produção em produtos ocorria de
acordo com os princípios da maximização das utilidades das famílias (consumidores) e da
maximização dos lucros das empresas (produtores).
Para maximizarem suas utilidades, as famílias precisam de renda para comprar os bens
de consumo no mercado. Para tanto, vendem no mercado de fatores os serviços dos fatores
(terra, capital e trabalho) para as empresas, em troca do recebimento das rendas provenientes do
uso desses fatores (renda da terra, lucro e salário).
Já as empresas, para maximizarem seus lucros, transformam os fatores de produção em
produtos (a partir de uma função de produção) para vendê-los no mercado de bens. Com o
dinheiro da venda desses produtos, as empresas remuneram as famílias proprietárias dos fatores
de produção.
E, assim, completa-se o raciocínio sobre o funcionamento da economia a partir da noção
de fluxo circular.
A noção de fluxo circular foi empregada por Walras para demonstrar a forma pela qual o
capitalismo caminhava para um estágio de equilíbrio com pleno emprego, no qual produtores e
consumidores (capital e trabalho) maximizam seus lucros e utilidades.
De acordo com Walras, o que une os dois mercados (de fatores e de produtos) é a
moeda, entendida como meio de troca. Segundo Walras5,
“... apesar de distintos, os dois mercados [de fatores e produtos] não deixam de ser
estreitamente vinculados um ao outro; porque é com a moeda que receberam no primeiro, devido
a seus serviços produtivos, que os proprietários fundiários, trabalhadores e capitalistas
consumidores vão ao segundo para comprar produtos; e é com a moeda que receberam no
segundo, devido a seus produtos, que os empresários produtores vão ao primeiro para comprar
serviços produtivos [fatores de produção]”.
Como se observa, toda renda das famílias que está associada à remuneração dos
fatores de produção é definida como rendimento de fator. Entretanto, é preciso ressaltar que:
a) nem toda renda gerada na economia é apropriada pelas famílias. Por exemplo, a
parcela do lucro que a empresa não distribui para seus proprietários e acionistas faz parte da
renda do fator de produção capital, mas não é, de fato, apropriada pelas famílias, uma vez que as
empresas podem reter parte dos lucros de um ano para financiar investimentos futuros; e,
b) nem toda renda apropriada pelas famílias é proveniente de rendimentos dos fatores de
produção. Neste caso, estão incluídas as transações realizadas entre os agentes que não estão
relacionadas com atividades de produção (ou geração da renda), mas com a repartição dessa
mesma renda. Neste caso, enquadram-se as operações de transferência, ou de repartição ou
distribuição da renda, como pagamento de impostos sobre a renda e propriedade (IPVA, IPTU);
remessa de renda para o exterior para o sustento de estudos ou tratamento médico de familiares,
remessa de divisas ao exterior sob a forma de donativos, e várias outras transferências.
O saldo da renda apropriada pelas famílias, já deduzidas as transferências de renda,
representa o valor da renda que as famílias têm, de fato, disponível para a compra dos bens e
serviços ofertados pelas empresas.
O encontro desses dois fluxos - oferta e demanda - ocorre no mercado de bens e
serviços onde parte da renda apropriada pelas famílias é usada (consumida) na compra dos
produtos (bens e serviços de consumo) que são ofertados pelas empresas.
 
4 Léon Walras (1874). “Élements d’Économie Politique Pure”.
5 Léon Walras (1983). “Compêndio dos Elementos de Economia Pura”. Coleção "Os Economistas", São
Paulo: Abril Cultural, p. 118.
8
8
A parcela da renda pertencente às famílias que não é utilizada na compra de bens de
consumo é, portanto, poupada pelas famílias.
Governo
Quanto aos impostos que as famílias (e demais agentes econômicos) pagam ao governo,
estes se devem à necessidade de se financiar as atividades realizadas pelo governo que não são
remuneradas (vendidas) pelo mercado.
Da mesma forma que uma empresa privada, o governo, para prestar serviços à
coletividade, também emprega e remunera os fatores de produção (trabalho, capital e recursos
naturais) que adquire no mercado. Ademais, o governo incorre em despesas com a compra de
insumos (materiais de consumo corrente) para o exercício de sua atividade de prestação de
serviços coletivos (gratuitos, ou não mercantis).
Como não financia seus custos através da venda desses serviços no mercado, o governo
utiliza-se do poder de cobrança de impostos sobre produtos (IPI, ICMS, ISS), sobre a atividade
(PIS, Cofins), sobre a renda (IRPF, IRPJ) e sobre a propriedade (IPVA, IPTU, ITR) para financiar
seus gastos. Ou seja, embora não participe diretamente do processo de geração de renda, uma
vez que não tem a propriedade dos fatores de produção, o governo se apropria de parte da renda
gerada na economia por intermédio de operações distributivas (de repartição).
De posse da renda obtida com a arrecadação dos impostos, o governo financia os seus
gastos. E, assim como os demais agentes econômicos, as contas do governo (ou finanças
públicas) podem ser superavitárias, deficitárias ou equilibradas. O déficit do governo indica a
necessidade de financiamento do setor público que é financiada através dos seguintes
mecanismos:
- empréstimos em moeda junto às instituições financeiras;
- venda de títulos da dívida pública;
- venda de ativos (privatização de empresas); e,
- emissão de moeda.
Já o superávit do governo indica a capacidade de poupança do setor que será aplicada
no mercado financeiro, ou utilizada para resgatar títulos públicos (que consistem na sua dívida)
emitidos em anos anteriores.
Numa economia de mercado na qual o sistema financeiro é desenvolvido, a poupança
dos agentes econômicos - famílias, empresas e governo - é aplicada em ativos financeiros,
emitidos pelos bancos.
A poupança interna de uma economia é obtida através dos seguintes componentes:
a) poupança das famílias: renda pessoal disponível (-) consumo das famílias;
b) poupançadas empresas: lucro retido pelas empresas (+) reserva para depreciação; e,
c) poupança do governo: impostos (-) gastos correntes.
Intermediários financeiros
Os bancos são empresas que exercem a função de intermediários financeiros, ao
captarem as poupanças dos agentes econômicos superavitários (cuja renda é maior do que o
seu uso) e as emprestarem aos agentes deficitários (cuja renda é inferior aos gastos). Esses
últimos, por sua vez, precisam desses recursos para financiar seus gastos adicionais (em relação
às suas rendas) de consumo e investimento.
Para atrair essas poupanças para o mercado financeiro, as instituições financeiras
oferecem aos poupadores uma remuneração, representada pela taxa de juros pagos aos agentes
superavitários. Por outro lado, essas instituições também cobram dos agentes deficitários juros
pelo empréstimo desses recursos.
A remuneração dos intermediários financeiros é, portanto, obtida pelo diferencial (spread
bancário) de juros recebidos pelo empréstimo destes recursos financeiros aos agentes
Jessy
Realce
Jessy
Realce
9
9
deficitários e pelos juros pagos aos agentes superavitários. Nas Contas Nacionais, esse
diferencial (spread) de juros representa o valor da produção do sistema financeiro.
Investimento
Os recursos gerados na economia sob a forma de poupança são destinados ao
financiamento dos investimentos em infraestrutura; terrenos, prédios, equipamentos, tecnologia, e
outras formas de acumulação de capital.
O saldo entre a poupança interna bruta da economia e o investimento bruto indica a
capacidade ou a necessidade de financiamento da economia. Se a poupança interna é inferior ao
investimento, então a economia apresenta uma necessidade de financiamento que deverá ser
atendida pelo Resto do Mundo.
Tal necessidade reflete-se no déficit da Balança de Pagamentos em Transações
Correntes que deverá ser financiado através de operações financeiras, ou por intermédio da
utilização das Reservas Internacionais do país.
Por outro lado, o excesso de poupança interna em relação ao investimento corresponde
ao superávit da Balança de Pagamentos em Transações Correntes. Neste caso, na
Contabilidade Social, a economia dispõe de recursos excedentes que serão utilizados para
financiar o Resto do Mundo, por meio de empréstimos em moeda estrangeira, investimento direto
no exterior ou aplicação do superávit em instituições financeiras internacionais, elevando, assim,
o nível das reservas internacionais do país.
É preciso também notar que nem toda renda gerada no país é apropriada por agentes
econômicos residentes no próprio país. Durante o processo produtivo, as empresas podem
utilizar fatores de produção pertencentes a agentes econômicos residentes no exterior. Logo,
parte da renda gerada no interior do país pode ser remetida para o exterior de forma a remunerar
os seus proprietários estrangeiros. Assim, pela mesma razão, os agentes econômicos residentes
também podem receber rendas provenientes do exterior.
As transações entre agentes econômicos residentes e não residentes são contabilizadas
nas Contas Nacionais a partir de informações extraídas do Balanço de Pagamentos do país.
Produto Interno Bruto (PIB) e Produto Nacional Bruto (PNB)
Quando a Contabilidade Social prioriza a análise do processo de geração da renda no
interior de um determinado país, o agregado econômico utilizado para medir essa renda é a
Renda Interna Bruta, ou Produto Interno Bruto (PIB). Quando o interesse é estudar a apropriação
da renda pelo país, então a unidade de medida empregada passa a ser a Renda Nacional Bruta,
ou Produto Nacional Bruto (PNB).
Renda Disponível
Levando-se em consideração os fluxos de transferência corrente de renda entre os
agentes econômicos residentes (empresas, famílias e governos) e os agentes não residentes,
pode-se calcular a Renda Nacional Disponível Bruta, equivalente ao montante de recursos que a
economia nacional dispõe para financiar seus gastos correntes de consumo e de capital.
Este conjunto de transações pode ser representado pelas seguintes equações;
Equações macroeconômicas fundamentais
Produção - Consumo de insumos = Valor Adicionado = Renda Gerada = PIB
Valor Adicionado = Renda dos Fatores de produção: trabalho, capital, terra e impostos do
governo
Renda Gerada + (Renda dos Fatores Recebida do Exterior – Renda dos Fatores Enviada
ao Exterior) = Renda Nacional = PNB
Jessy
Realce
10
10
Renda Nacional + Rendas Distribuídas (Renda Transferida do Exterior – Renda
Transferida para o Exterior) = Renda Disponível do país
Renda Disponível - Consumo = Poupança
Poupança financia o Investimento
Se a Poupança > Investimento, então, a economia tem Capacidade de Financiamento
Se a Poupança < Investimento, então a economia tem Necessidade de Financiamento
Contrapartida dos resultados da economia nacional < = = > Saldo do Balanço de
Pagamentos em Transações Correntes.
As equações macroeconômicas apresentadas acima podem ser construídas a partir dos
dados referentes às Contas Nacionais do Brasil, de 2000, construídas pelo IBGE. Estas
equações compreendem as operações não financeiras que as unidades econômicas residentes
no país (empresas, famílias e governo) realizam entre si e com o exterior.
As três tabelas apresentadas, a seguir, permitem observar como as equações são
construídas.
11
11
Tabela 1 - Economia Nacional - Conta de bens e serviços - 2000
Recursos (R$ milhões) Operações e saldos Usos (R$ milhões)
2000
 1 979 057 Produção 
 134 951 Importação de bens e serviços 
 119 394 Impostos sobre produtos 
 8 430 Imposto de importação 
 110 964 Demais impostos sobre produtos 
 Consumo intermediário 1 011 751 
 Consumo final 868 061 
 Formação bruta de capital fixo 211 225 
 Variação de estoque 24 944 
 Exportação de bens e serviços 117 422 
 2 233 402 Total 2 233 402 
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Departamento de Contas Nacionais.
Contas Nacionais do Brasil: 1998 - 2000.
12
12
(conclusão)
Usos (R$ milhões) Operações e saldos Recursos (R$ milhões)
2000
Conta 1 - Conta de produção
 Produção 1 979 057 
 1 011 751 Consumo intermediário 
 Impostos sobre produtos 119 394 
 Imposto de importação 8 430 
 Demais impostos sobre produtos 110 964 
 1 086 700 Produto interno bruto 
Conta 2 - Conta da renda
2.1 - Conta de distribuição primária da renda
2.1.1 - Conta de geração da renda
 Produto interno bruto 1 086 700 
 411 637 Remuneração dos empregados 
 411 348 Residentes 
 289 Não-residentes 
 183 077 Impostos sobre a produção e de importação 
(-) 3 822 Subsídios à produção ( - ) 
 495 807 Excedente operacional bruto inclusive rendimento de au 
 55 321 Rendimento de autônomos (rendimento misto) 
 440 486 Excedente operacional Bruto 
 2.1.2 - Conta de alocação da renda
 Excedente operacional bruto inclusive rendimento de au 495 807 
 Rendimento de autônomos (rendimento misto) 55 321Excedente operacional bruto 440 486 
 Remuneração dos empregados 411 783 
 Residentes 411 348 
 Não-residentes 435 
 Impostos sobre a produção e de importação 183 077 
 Subsídios à produção ( - ) (-) 3 822 
 40 750 Rendas de propriedade enviadas e recebidas do resto do 6 177 
 1 052 273 Renda nacional bruta 
2.2 - Conta de distribuição secundária da renda
 Renda nacional bruta 1 052 273 
 577 Transferências correntes enviadas e recebidas do resto d 3 376 
 1 055 072 Renda disponível bruta 
2.3 - Conta de uso da renda
 Renda disponível bruta 1 055 072 
 868 061 Consumo final 
 187 011 Poupança bruta 
Conta 3 - Conta de acumulação
3.1 - Conta de capital
 Poupança bruta 187 011 
 211 225 Formação bruta de capital fixo 
 24 944 Variação de estoque 
 34 Transferências de capital enviadas e recebidas do resto d 26 
(-) 49 166 Capacidade ( + ) ou Necessidade ( - ) de Financiamento 
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Departamento de Contas Nacionais.
Contas Nacionais do Brasil: 1998 - 2000.
Tabela 2 - Economia Nacional - Contas de produção, renda e capital - 2000
13
13
(conclusão)
Usos (R$ milhões) Operações e saldos Recursos (R$ milhões)
2000
Conta 1 - Conta de bens e serviços do resto do mundo com a economia nacional
 117 422 Exportação de bens e serviços 
 100 773 Exportação de bens 
 16 649 Exportação de serviços 
 Importação de bens e serviços 134 951 
 Importação de bens 102 224 
 Importação de serviços 32 727 
 17 529 Saldo externo de bens e serviços 
Conta 2 - Conta de distribuição primária da renda e transferências correntes do resto do mundo com a economia nacional
 Saldo externo de bens e serviços 17 529 
 435 Remuneração dos empregados 289 
 6 177 Rendas de propriedade 40 750 
 4 472 Juros 31 411 
 1 704 Dividendos 9 338 
 3 376 Outras transferências correntes enviadas e recebidas do resto do 577 
 4 Prêmios líquidos de seguros não-vida 46 
 46 Indenizações de seguros não-vida 4 
 3 325 Transferências correntes diversas 527 
 49 158 Saldo externo corrente 
Conta 3 - Conta de acumulação do resto do mundo com a economia nacional
3.1 - Conta de capital 
 Saldo externo corrente 49 158 
 26 Transferências de capital enviadas e recebidas do resto do mund 34 
 Variações do patrimônio líquido resultantes de poupança e de transferências 
 de capital 49 166 
 49 166 Capacidade ( + ) ou Necessidade ( - ) líquida de financiamento 
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Departamento de Contas Nacionais.
Contas Nacionais do Brasil: 1998 - 2000.
do resto do mundo com a economia nacional - 2000
Tabela 3 - Economia Nacional - Conta das transações
14
14
Definição dos agregados das contas nacionais
1. Medida do Produto (ou PIB) pela Ótica da Produção
Valor Adicionado Bruto = VBP - CI = Produto Interno Bruto (PIB)
Valor Adicionado = Produção (VBP) - Consumo de matérias-primas (CI)
2. Medida do Produto (ou PIB) pela Ótica da Renda
PIB = Renda dos Fatores + Depreciação
PIB = Salários + Aluguéis + Excedente Operacional Bruto
Excedente Operacional Bruto = Juros + Lucros + Depreciação
3. Medida do Produto (ou PIB) pela Ótica da Despesa (ou Demanda)
PIB = Demanda Final (DF) - Importação de Bens e Serviços (M) =
= CF + FBKF + VE + CG + (X - M) = Despesa Interna Bruta (DIB)
Componentes da Demanda Final (DF) = Consumo das Famílias (CF) + Formação Bruta
de Capital Fixo (FBKF) + Variação de Estoques (VE) + Consumo do Governo (CG) + Exportação
de Bens e Serviços (X)
a) Numa economia fechada e sem governo, DF = CF + FBKF + VE
b) Numa economia fechada e com governo, DF = CF + FBKF + VE + CG
c) Numa economia aberta e com governo, DF = CF + FBKF + VE + CG + (X - M)
4. Relação entre Balanço de Pagamentos e Contas Nacionais
Para incorporar as transações realizadas entre agentes residentes e não-residentes, as
Contas Nacionais utilizam as informações do Balanço de Pagamento do país.
O Balanço de Pagamentos registra todas as transações realizadas pelos agentes
econômicos residentes com o exterior (denominado Resto do Mundo nas Contas Nacionais).
As transações registradas no Balanço de Pagamentos que interferem nas Contas
Nacionais de um país são as transações correntes que estão relacionadas com os fluxos de
geração e distribuição da renda nacional.
Portanto, para incorporar os dados do Balanço de Pagamentos às estimativas das
Contas Nacionais referentes ao nível de produção e renda da economia devemos utilizar apenas
as informações sobre as transações correntes.
Além dessas transações, encontramos também no Balanço de Pagamentos algumas
transações relacionadas com operações financeiras, ou movimento de capitais, entre residentes
e não-residentes. Estas transações são computadas nas Contas Financeiras do sistema de
Contas Nacionais do país.
De acordo com a natureza das operações, o Balanço de Pagamentos é dividido em três
grupos de Contas, a saber:
Contas Correntes
Conta de Capital
Conta Financeira
15
15
A Balança de Transações Correntes, ou Contas Correntes, registra as operações com
bens e serviços; as operações realizadas entre residentes e não residentes, relacionadas com a
remuneração dos fatores de produção pertencentes a agentes residentes e as transferências
unilaterais de bens e moeda para uso corrente.
As Contas Correntes destacam claramente as transações com Bens, Serviços, Rendas e
Transferências Correntes, compatibilizando-as com o Sistema de Contas Nacionais do país.
A Conta Capital registra as transferências unilaterais de patrimônios de imigrantes e as
transações com ativos não financeiros não-produzidos (cessão de marcas e patentes).
A Conta Financeira registra as operações ativas e passivas externas, segundo as
modalidades e prazos (Investimento Direto Estrangeiro; Empréstimos inter-empresas;
Investimento em carteira; derivativos).
O Balanço de Pagamentos é apresentado da seguinte forma:
BALANÇO DE PAGAMENTOS6
Contas Correntes
Mercadorias: Exportação e Importação de Bens
Serviços: Fretes de Transportes; Seguros; Viagens Internacionais; Turismo; Serviços
Governamentais; Serviços Financeiros; Computação e Informação; Royalties e Licenças; Aluguel
de Equipamentos; Comunicações; Serviços de Construção; Comissões e Corretagens
Comerciais; Serviços Empresariais e Profissionais; Serviços Pessoais, Culturais e Recreação; e
Serviços Diversos.
Rendas: Remuneração do trabalho assalariado, lucros, dividendos, juros de empréstimos
externos e rendas de investimentosem carteira.
Transferências unilaterais correntes: Transferências de bens e moeda para uso
corrente
Saldo das Transações Correntes: Superávit ou Déficit em Transações Correntes
Conta Capital: Transferências unilaterais de patrimônios de imigrantes e transações
com ativos não financeiros não-produzidos (cessão de marcas e patentes).
Conta Financeira: Amortizações de Dívidas, Empréstimos e Investimentos Diretos e
Investimentos em Carteira.
Saldo Total da Balança de Pagamentos: Superávit ou Déficit
Reservas internacionais
Dívida externa bruta
5. Relação entre PIB e PNB
É preciso fazer a diferenciação entre o Produto Interno e o Produto Nacional para se
saber qual a parcela da renda gerada no território do país em estudo que é, de fato, apropriada
pelos agentes econômicos residentes.
 
6 Fonte: Banco Central do Brasil. Notas Metodológicas do Balanço de Pagamentos. Notas Técnicas do
Banco Central, Número 1, Junho de 2001.
Jessy
Realce
16
16
Para produzirem, as unidades produtivas que operam em um determinado país utilizam
fatores de produção - capital, trabalho, recursos naturais e tecnologia - que pertencem a agentes
econômicos residentes no país e, também, no exterior. De posse destes fatores, as empresas
produzem seus bens ou serviços para vendê-los no mercado.
A receita proveniente da venda desses produtos deve ser suficiente para (a) cobrir os
gastos (consumo intermediário) com a compra de matérias-primas (insumos) e (b) remunerar os
fatores de produção utilizados no processo produtivo.
O pagamento da renda destes fatores (de produção) equivale ao valor adicionado e é
repartido entre os proprietários da força de trabalho (trabalho), das terras (recursos naturais) e do
capital, sob a forma de salário, renda da terra e lucro.
Como os proprietários dos fatores de produção podem ser residentes no território do país
onde é realizada a produção, ou no exterior, a parte da renda gerada no país que cabe aos não-
residentes deverá ser enviada para o exterior, sob a forma de pagamento de rendimentos dos
fatores pertencentes aos não-residentes. Sendo assim, uma parte da renda gerada no território
de um país pode ser apropriada por agentes não-residentes no mesmo país.
A contrapartida desse processo é representada pelo fato de que o rendimento dos
fatores apropriado pelos agentes residentes num país é determinado pelo:
- valor da renda gerada num país e apropriada pelos proprietários dos fatores residentes,
mais,
- o valor da renda recebida do exterior, proveniente da propriedade de fatores de
produção utilizados no exterior.
Dessa forma, devemos distinguir a renda gerada no país da renda apropriada pelos
residentes no próprio país. Para medir o valor da renda gerada no país, as Contas Nacionais
usam como unidade de medida o PIB ou a RIB. Essa medida indica o valor da renda que um país
produz num determinado ano, sem a preocupação de quantificar a parcela pertencente aos
agentes residentes e aos não-residentes. Com este cálculo, pretende-se saber o Produto Interno
Bruto (PIB) da economia.
Quando se pretende avaliar o montante da renda dos fatores efetivamente apropriada
pelos residentes no país, deve-se, então, deduzir do total da renda gerada (PIB ou RIB) o valor
correspondente à Renda dos fatores que é Enviada ao Exterior (REE) para remunerar os
proprietários dos fatores residentes no exterior, assim como deve-se incluir a Renda de fatores
Recebida do Exterior (RRE) pelos proprietários residentes no país. Agora, o objetivo passa a ser
o de medir a Renda Nacional, ou o PNB.
Assim, tem-se as seguintes equações:
PIB = RIB = DIB ==> Geração e uso da renda no território nacional
RIB - RLEE = Renda Nacional (RNB) ou Produto Nacional Bruto (PNB)
RLEE (Renda Líquida Enviada ao Exterior) = Renda Enviada ao Exterior (REE) - Renda
Recebida do Exterior (RRE)
Logo, a diferença entre Produto Interno e Produto Nacional é dada pela Renda Líquida
Enviada ao Exterior (RLEE).
Os dados do IBGE sobre as Contas Nacionais do Brasil permitem identificar os
elementos que determinam o cálculo do PIB e do PNB de 2000.
Contas nacionais da economia brasileira em 2000:
Jessy
Realce
17
17
Valor adicionado = R$ 967 306 milhões
Impostos sobre produtos e importação = R$ 119 394 milhões
Produto Interno Bruto = R$ 1 086 700 milhões.
Medida do Produto (ou PIB) pela Ótica da Produção:
Valor Adicionado Bruto = VBP - CI = R$ 1 979 057 milhões (-) = R$ 1 011 751 milhões =
R$ 967 306 milhões
Valor Adicionado + Impostos sobre produtos e importação = R$ 967 306 milhões + R$
119 394 milhões = Produto Interno Bruto (PIB) = R$ 1 086 700 milhões.
Medida do Produto (ou PIB) pela Ótica da Renda:
PIB = Renda dos Fatores + Depreciação
PIB = Salários + Aluguéis + Excedente Operacional Bruto
Excedente Operacional Bruto = Juros + Lucros + Depreciação
Remunerações do Trabalho = R$ 411 637 milhões
Impostos do Governo sobre as Atividades Econômicas = R$ 179 255 milhões
Excedente Econômico = R$ 495 807 milhões
PIB = R$ 1 086 700 milhões.
Medida do Produto (ou PIB) pela Ótica da Despesa (ou Demanda):
PIB = Demanda Final (DF) - Importação de Bens e Serviços (M) =
= CF + FBKF + VE + CG + (X - M) = Despesa Interna Bruta (DIB).
Componentes da Demanda Final (DF) = Consumo das Famílias (CF) + Formação Bruta
de Capital Fixo (FBKF) + Variação de Estoques (VE) + Consumo do Governo (CG) + Exportação
de Bens e Serviços (X).
Demanda final (R$ 1 221 652 milhões) [-] Importações (R$ 134 951 milhões) = PIB
( R$ 1 086 701 milhões).
Demanda final = Consumo das Famílias (R$ 658 727 milhões) + Formação Bruta de
Capital Fixo (R$ 211 225 milhões) + Variação de Estoques (R$ 24 944 milhões) + Consumo do
Governo (R$ 209 334 milhões) + Exportação de Bens e Serviços (R$ 117 422 milhões).
Observação: as diferenças entre as medidas do PIB de, aproximadamente, R$ 1 milhão
devem-se a arredondamentos.
Passagem do PIB para PNB ou Renda Nacional:
PIB = R$ 1 086 700 milhões.
Remunerações do Trabalho, Líquidas, Recebidas do Exterior = R$ 146 milhões.
Rendas da Propriedade, Líquidas, Enviadas ao Exterior = (-) R$ 34 573 milhões.
PNB = R$ 1 052 273 milhões.
PIB (R$ 1 086 700 milhões) + Remunerações do Trabalho, Líquidas, Recebidas do
Exterior (R$ 146 milhões) - Rendas da Propriedade, Líquidas, Enviadas ao Exterior (-) R$ 34 573
milhões.
RND = R$ 1 055 072 milhões
PNB (R$ 1 052 273 milhões) + Transferências Correntes de Renda, Líquidas, Recebidas
do Exterior (R$ 3 376 milhões – R$ 577 milhões)
Consumo Final = R$ 868 061 milhões
Consumo Final das famílias + Consumo Final do Governo
18
18
Poupança = R$ 187 011 milhões
RND (R$ 1 055 072 milhões) – Consumo Final (R$ 868 061 milhões)
Investimento = R$ 236 177 milhões
Formação Bruta de Capital Fixo (R$ 211 225 milhões) + Variação de Estoques (R$ 24
944 milhões) + Transferências de Capital, Líquidas, Enviadas do Exterior (R$ 34 milhões - R$ 26
milhões)
Capacidade ou Necessidade de Financiamento da Economia Nacional = ( - ) R$ 49 166
milhões
Poupança (R$ 187 011 milhões) - Investimento (R$ 236 177 milhões)
6. Relação entre Fluxos de Bens e Serviços e Fluxos de Rendas no Balanço de
Pagamentos
Os Fluxos de Bens e Serviços referem-se às exportações e importações de mercadorias
(tangíveis) e de serviços (intangíveis, ou invisíveis). Nestes fluxos incluem-se as transações
(operações de produção) com o exterior de compra e venda dos produtos (bens) agrícolas e
industriais registrados na Balança de Mercadorias e de Serviços, tais como: fretes, seguros,
royalties, viagens internacionais, turismo, despesas governamentais e outros.
Os Fluxos de Rendas compreendem as operações de repartição da renda apropriada
pelos fatores de produção e redistribuída entre os agentes residentes e não-residentes no
território nacional. Nestes fluxos somente são incluídasas transações de remessa de renda para
o exterior e recebimento de renda do exterior que estão associadas aos rendimentos dos fatores
(ou serviços de fatores), a saber: salários, rendas da propriedade e aluguéis, juros de
empréstimos, assistência técnica, pagamento de royalties e licença pelo uso de tecnologias,
direitos autorais e remessa de lucros e dividendos.
7. Conceito de Renda Nacional Disponível (RND) Bruta
A Renda Nacional Disponível Bruta compreende a renda que o país dispõe para
consumir e investir. A RND é obtida agregando-se à Renda Nacional o valor das transações de
transferências unilaterais de renda entre agentes residentes e não-residentes, isto é, transações
que não têm contrapartida em termos de recebimento de bens e serviços, nem são provenientes
de pagamentos aos fatores de produção.
Nessas transações estão incluídos os donativos e ajudas ao exterior, reparações de
guerra e outras transferências que representam uma fonte de divisas para os países receptores
dessas rendas e um dispêndio de divisas para os doadores.
Assim, se do fluxo da Renda Interna Bruta que compreende as transações relacionadas
com a geração interna da renda (RIB), deduzirmos o valor relativo à sua repartição entre agentes
residentes e não-residentes, medido pela renda de fatores enviada ao exterior (REE), e
acrescentarmos o valor dessa mesma renda recebida do exterior (RRE), chegamos ao valor da
Renda Nacional Bruta (RNB).
Para se chegar ao valor da Renda Nacional Disponível Bruta é preciso acrescentar o
valor das transferências unilaterais recebidas do exterior e deduzir o valor dessas mesmas
transferências feitas para o exterior.
Então,
PIB = RIB = Renda Gerada pelos fatores de produção + depreciação = PIB cf
PNB = RNB = RIB - RLEE
RLEE = REE - RRE
RND = RNB - Transferências Unilaterais Líquidas
19
19
8. Renda Nacional Disponível (RND) e Renda Pessoal Disponível
A Renda Pessoal Disponível (RPD) compreende a parcela da Renda Nacional Disponível
que é apropriada pelas famílias. Para as famílias, calcula-se a RPD, deduzindo-se da Renda
Nacional Disponível os valores:
a) da renda dos fatores retida pelas empresas, sob a forma de lucros retidos, e,
b) dos impostos diretos (sobre renda e propriedade) pagos pelas famílias ao governo,
para que este obtenha os recursos que necessita para financiar seus gastos com a prestação de
serviços públicos (Não-Mercantis) à coletividade.
Pode-se também calcular o valor da Renda Pessoal Disponível da seguinte forma:
a) calcula-se o valor da renda apropriada pelas famílias, a partir da soma das rendas
provenientes:
- da remuneração dos fatores de que são proprietárias, a saber: salários, rendas de
propriedade de terras e dividendos distribuídos pelas empresas;
- do recebimento de rendas transferidas para as famílias pelo governo, sob a forma de
pensões e aposentadorias, e,
- do recebimento de rendas transferidas às famílias residentes por agentes não-
residentes, medido pelo valor das rendas (serviços de fatores) recebidas do exterior e pelo valor
das transferências unilaterais destinadas às famílias residentes, como roupas, alimentos,
medicamentos e outros donativos.
b) do valor da renda apropriadas pelas famílias, deduz-se a parcela referente:
- ao valor dos impostos diretos (sobre a renda e propriedade e de seguridade social)
pagos ao governo pelas famílias; e,
- ao valor da renda enviada ao exterior.
A Renda Pessoal Disponível indica o volume de recursos que as famílias dispõem para
realizarem seus gastos de consumo. Consequentemente, o saldo entre a renda pessoal
disponível e os gastos de consumo das famílias representa o valor da poupança das famílias.
Para o conjunto da economia, calcula-se a Renda Disponível Bruta, deduzindo-se da
renda nacional o valor das transferências unilaterais recebidas e enviadas ao exterior, registradas
na Conta de Transferências Unilaterais Correntes, correspondente às Transferências de bens e
moeda para uso corrente
9. Conceito de Poupança Interna Bruta
A Poupança Interna Bruta da economia corresponde à parcela da Renda Nacional
Disponível Bruta que não é utilizada no consumo final (famílias e governo). Logo, compreende o
valor da poupança interna da economia que pode ser usada para financiar o investimento. Esse
valor é composto por:
- poupança das famílias
- poupança do governo
- poupança das empresas (lucros retidos e reserva para depreciação do capital).
A Poupança Interna Líquida eqüivale à Poupança Bruta, menos a depreciação.
10. Relação entre Poupança e Investimento na Conta de Capital (Acumulação)
Na Contabilidade Social, as operações relacionadas com o processo de acumulação de
capital e seu financiamento são registradas na Conta de Capital (ou Conta de Acumulação). O
saldo entre o total da poupança interna bruta e o total da formação de capital (formação bruta de
capital fixo, mais a variação dos estoques: investimento bruto) indica a capacidade ou
necessidade de financiamento da economia.
20
20
Se o valor da poupança interna superar o valor da formação de capital, a economia
apresentará um saldo positivo que eqüivale à sua capacidade de financiamento. Entretanto, se o
valor da poupança interna for inferior ao valor da formação de capital, então haverá um saldo
negativo equivalente à sua necessidade de financiamento.
A necessidade de financiamento da economia nacional deverá ser atendida por recursos
provenientes do exterior. Por isso, as Contas Nacionais de um país que tem necessidade de
financiamento revelam um déficit correspondente na sua Balança de Transações Correntes (ou
superávit na Balança de Transações Correntes do Resto do Mundo).
Essa necessidade de financiamento externo para viabilizar o investimento realizado na
economia indica que a utilização da Renda Nacional Disponível Bruta em consumo e
investimento, num dado ano, é superior à capacidade dessa mesma economia de gerar renda.
Ou seja, há um excesso de dispêndios em relação à renda nacional disponível bruta.
Assim, para atender a essa demanda interna excedente, a economia precisa recorrer à
Poupança Externa medida pelo valor do déficit do Balanço de Transações Correntes desse país
(ou pelo superávit do Resto do Mundo).
Significado Macroeconômico do Saldo do Balanço de Pagamentos em Conta
Corrente
A interpretação do Saldo do Balanço de Pagamentos em conta corrente pode ser
realizada por meio de duas linhas de raciocínio:
Ótica da absorção
Ótica Financeira
a) Ótica da Absorção
Como foi visto anteriormente, por ocasião da definição dos agregados da contas
nacionais, numa
a.1) Economia Fechada Sem Governo
A Renda Gerada (Y) é apropriada apenas pelo Setor Privado.
Consequentemente, a Renda Total (Y) é igual à Renda Privada Disponível (RPrD) que
também corresponde à Renda Pessoal Disponível (RPD) (+) Lucros Retidos pelas Empresas
Privadas.
A Renda Privada Disponível pode ser utilizada em Consumo (C) ou Poupança (S), ou
seja:
RPrD = C + S (equação 1)
Pela ótica da despesa (utilização da renda), na economia fechada sem governo, tem-se a
seguinte equação:
Renda = Renda Privada Disponível = Consumo + Investimento
Y = RPrD = C + I (equação 2)
A partir das equações (1) e (2), conclui-se que:
C + S = C + I (equação 3).
Logo, S = I (equação 4).
21
21
A identidade contábil expressa pela equação 4 revela que, numa economia fechada sem
governo, o investimento é integralmente financiado pela poupança privada.
a.2) Economia Fechada Com Governo
Numa Economia Fechada Com Governo, a
Renda Privada Disponível = Renda - Impostos Pagos ao Governo + Transferências
Recebidas do Governo, ou
RPrD = Renda dos fatores - ( Receitas - Despesas Correntes do Governo).
Definindo o Saldo (equilíbrio, déficit ou superávit) entre Receitas e Despesas Correntes
do Governo como T, pode-se escrever a equaçãoanterior da seguinte forma:
RPrD = Y - T (equação 5).
Assim, pela ótica da renda, pode-se dizer que:
Y = RPrD + T (equação 6).
A partir das equações (1) e (6), conclui-se que, numa economia fechada com governo, a
renda é composta pelos seguintes elementos:
Y = C + S + T (equação 7), onde
S = Poupança Privada e
T = Poupança Pública.
Pela ótica da despesa,
Y = C + I + G (equação 8), onde
G = Gastos Correntes do Governo.
Neste caso, a partir das equações (7) e (8), tem-se:
C + S + T = C + I + G.
Logo, S + T = I + G (equação 9).
Agora, a identidade contábil expressa pela equação 9 revela que, numa economia
fechada com governo, os investimentos privados e públicos e os gastos correntes do governo
são financiados pela poupança privada e pelas receitas do governo.
E, se S = I, então, necessariamente, T = G.
Caso haja um déficit público, isto é, se T < G, então, a poupança privada terá que
financiar o Investimento e, também, o déficit público.
Logo, verifica-se através da equação 9 que,
se T < G, então S > I, ou seja,
S - I = G - T (equação 10).
22
22
a.3) Economia Aberta
No caso de uma Economia Aberta, a
Renda Privada Disponível = Renda - Impostos Pagos ao Governo + Transferências
Recebidas do Governo - Renda dos Fatores, Líquida, Enviada ao Exterior - Transferências
Unilaterais Líquidas para o Exterior.
Pela ótica da renda, representada pela equação 7, pode-se dizer que a
Renda Nacional Disponível (RND) equivale ao Consumo + Poupança Privada +
Poupança Pública.
Ou seja,
RND = C + S + T.
Pela ótica da despesa, numa economia aberta, tem-se:
RND = C + I + G + (X - M) (equação 11).
Absorção e Poupança Externa
Se considerarmos (X – M) como sendo o Saldo do Balanço de Pagamentos (SBP) em
Transações Correntes, isto é, Saldo da Conta de Mercadorias, Serviços, Rendas e
Transferências Correntes, podemos dizer que:
A absorção corresponde à despesa final interna realizada pelas famílias (C); empresas (I)
e governo (G).
Se RND = C + I + G + (X - M) (equação 11), e se,
Absorção doméstica = despesa final interna realizada pelas famílias (C); empresas (I) e
governo (G).
Então, o SBP em Transações Correntes = RND – Absorção.
Vale dizer, o Saldo do Balanço de Pagamentos em Transações Correntes equivale ao
saldo entre a renda nacional e a absorção interna.
Esta equação indica que o consumo total da economia (privado e público) e o
investimento são financiados pela renda nacional disponível e pelo saldo do balanço de
pagamentos em transações correntes.
Se as transações correntes do Balanço de Pagamentos apresentam déficits, significa
dizer que a economia nacional precisa recorrer à poupança externa para financiar aquele déficit.
Logo, o resto do mundo transfere recursos (poupança externa) para financiar os gastos finais
(consumo e investimento) da economia nacional.
Neste caso, observa-se que a economia absorve mais recursos do que é capaz de gerar
internamente. Se a demanda interna de consumo e investimento excede a renda nacional
disponível, ocorre uma necessidade adicional de poupança que deverá ser atendida pelo resto do
mundo. Dais surge a noção de poupança externa, associada ao déficit do Balanço de
Pagamentos em Transações Correntes.
A partir das equações 7 e 11, conclui-se que
C + S + T = C + I + G (X - M) (equação 12).
Essa expressão revela que a despesa agregada equivale à Renda Privada Disponível
(C+S), mais a Receita do Governo, Líquida das Transferências efetuadas, ou, então, combinando
as expressões (10) e (12), tem-se:
23
23
S - I = (G - T) + (X - M) (equação 13).
A equação 13 revela que, numa economia aberta,
S - I = Excesso de Poupança Privada em relação aos Investimentos (privados e
públicos);
G - T = Poupança Corrente do Governo (equilíbrio, superávit ou déficit fiscal; e,
X - M = Saldo das Transações Correntes com Bens e Serviços do país.
A equação 13 está escrita de forma a demonstrar que a Poupança Privada, além de
financiar os Investimentos, deve financiar eventuais déficits públicos e déficits em transações
correntes com o exterior.
Pode-se rescrever a equação 13 da seguinte forma:
I = S + (T - G) + (X - M).
Essa expressão indica que o Investimento Total (I) é financiado pela Poupança Privada
(S), pela Poupança Pública (T - G), ou pela Poupança Externa (X - M).
Analisando a equação 13, de acordo com a perspectiva do Balanço de Pagamentos,
nota-se que
(X – M) = (S – I) + (T – G)
A interpretação dessas equações pode ser feita a partir do Sistema de Contas Nacionais
construído por Keynes, em 1940, no livro “Como Pagar a Guerra”, para revelar, através do
registro contábil das partidas dobradas, que a poupança privada deveria financiar o déficit público
inglês durante a II Guerra Mundial.
Todas as formas anteriores de representação da equação 13, revelam a preocupação em
identificar a relação existente entre os agregados macroeconômicos representativos da demanda
agregada numa Economia Aberta.
Explorando os resultados da equação 13, nota-se que:
Quando há Equilíbrio Fiscal (T = G), o Saldo do Balanço de Pagamentos em
Transações Correntes é, por definição, idêntico ao saldo verificado entre a Poupança Privada e o
Investimento (X – M) = (S – I).
Se T = G, então, (X – M) = (S – I).
2. Quando há Déficit Fiscal (T < G), então, (X – M) e (S – I) devem financiar aquele
déficit.
Assim, se T < G, então X + M > M + I
b) Ótica Financeira
24
24
O saldo do Balanço de Pagamentos em conta corrente representa uma variação
patrimonial do país em relação ao resto do mundo. O resultado positivo (superávit) desta conta
indica que o país pode aplicar os recursos excedente na aquisição de ativos financeiros, ou na
redução de passivos contraídos em anos anteriores. Já o déficit desta conta indica que o país
deverá captar recursos externos por meio da redução de ativos financeiros, ou na assunção de
novos passivos no exterior, os quais deverão ser pagos em anos posteriores.
O saldo do Balanço de Pagamentos em conta corrente constitui-se na linha que demarca
a fronteira entre as transações não financeiras e as financeiras do Balanço de Pagamentos.
A aquisição de ativos e a assunção de passivos no exterior são realizadas por intermédio
de várias operações financeiras, ou instrumentos financeiros, tais como:
1 – Ouro Monetário e Direitos Especiais de Saque
2 - Numerário e Depósitos
3 – Títulos, exceto Ações
3.1 – Curto prazo
3.2 – Longo prazo
4 – Empréstimos e Financiamentos
4.1 – Curto prazo
4.2 – Longo prazo
5 – Ações e Outras Participações de Capital
6 - Reservas Técnicas de Seguros
7 – Outros Créditos e Débitos
7.1 – Créditos comerciais e antecipações
7.2 – Outros créditos e débitos
Poupança externa
Do ponto de vista contábil, há uma identidade entre os resultados apresentados pela
economia nacional, frente ao resto do mundo, cujo valor corresponde a uma transferência de
poupança do resto do mundo para a economia deficitária, ou uma aplicação financeira da
economia nacional no exterior.
Dessa forma, a necessidade de financiamento da economia pode ser atendida pelo
Resto do Mundo, através de:
- atração de investimento direto estrangeiro, ou investimento em títulos;
- captação de empréstimos e financiamentos no exterior, com o conseqüente aumento do
nível de endividamento externo do país; ou,
- redução das reservas internacionais pertencentes ao país.
As duas primeiras opções (empréstimo externo e investimento estrangeiro) representam
formas de financiamento do déficit em transações correntes através da Conta Financeira do
Balanço de pagamentos (movimentos de capitais).
Já a utilização das reservas internacionais (que representa o estoque de divisas
acumuladas ao longo dos anos)pode indicar que o país não tem como atrair capitais suficientes
para financiar o seu déficit em transações correntes e, portanto, recorre às suas próprias reservas
internacionais para financiar o déficit global do Balanço de Pagamentos. Esse déficit revela que a
entrada líquida de capitais é inferior ao déficit em transações correntes, tornando o Balanço de
Pagamentos como um todo desequilibrado.
Caso o país não disponha de reservas suficientes para financiar o déficit global do
Balanço de Pagamentos, esse déficit será registrado sob a rubrica “Atrasados Comerciais”, ou
“default”.
25
25
Por outro lado, a capacidade de financiamento do país corresponde ao superávit na sua
Balança de Transações Correntes (ou déficit na Balança de Transações Correntes do Resto do
Mundo). Essa capacidade, ou superávit na Balança de Transações Correntes, servirá para
atender à necessidade de recursos do Resto do Mundo. O financiamento do Resto do Mundo
pela economia superavitária será realizado através de:
- realização de investimentos diretos no exterior , ou investimento em títulos;
- concessão de empréstimos e financiamentos às economias deficitárias;
- pagamento do principal de dívidas contraídas em anos anteriores; ou,
- aumento das reservas internacionais do país.
11. Produto Per Capita ou Renda Per Capita
O Produto per capita de uma economia é calculado através da divisão do valor do PIB
pelo número de habitantes do país.
26
26
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO
Departamento de Economia
Rua Marquês de São Vicente, 225
22453-900 - Rio de Janeiro
Brasil
ECO 1212 – CONTABILIDADE SOCIAL
Horário das Aulas: Quartas (sala F310) e Sextas (sala L238), de 7h às 9h
Professor: Eduardo Pereira Nunes (epnunes@ibge.gov.br)
Monitoras: Ana Luiza Mussoi e Bianca Berenguer
2004.2
Apostila de Contabilidade Social – 3ª Parte
11 de agosto de 2004
Montagem do Sistema de Contas Nacionais de Keynes
Exercício 9
A compreensão da estrutura do sistema de contas nacionais desenvolvido por Keynes
em 1940 no livro How to Pay for the War requer a observação de alguns requisitos básicos:
É preciso respeitar duas regras básicas da contabilidade de empresa que Keynes
incorporou em seu modelo de contas nacionais: a primeira regra diz que todo crédito corresponde
a um débito de igual valor. Assim, para manter a coerência contábil dos registros econômicos,
toda operação deverá, sem exceção, ser lançada como um crédito em uma conta e como débito
em outra conta. A segunda regra da contabilidade diz que o total dos débitos de uma conta deve
ser, necessariamente, igual ao total dos créditos registrados nesta mesma conta. Esta regra
assegura o equilíbrio contábil das contas e permite identificar os saldos que mostram a
articulação existente entre as contas do sistema.
Este segundo princípio contábil foi adotado por Keynes para identificar no livro How to
Pay for the War (1940: 79-82) a forma pela qual a poupança privada financiaria o déficit do setor
público inglês durante a II Guerra Mundial. Mais tarde, as Nações Unidas mantiveram esta regra
quando editaram, em 1953, a primeira versão dos Sistemas de Contas Nacionais.
A montagem do sistema de contas nacionais também deve levar em consideração a
forma como a economia se organiza para produzir os bens e serviços destinados à venda no
mercado. Por isso, o sistema de contas nacionais compreende contas que retratam operações
realizadas pelos agentes econômicos (empresas, famílias, governo e o resto do mundo) durante
as seguintes etapas:
produção dos bens e serviços (conta de produção);
apropriação, repartição e uso da renda nacional (contas de apropriação do setor privado
e do governo); e
acumulação de capital (conta de capital, onde são calculados os agregados referentes à
poupança e investimento da economia nacional).
Com a montagem deste sistema, as contas nacionais revelam os setores (privado e
governo) que têm capacidade (ou necessidade) de financiamento de seus gastos correntes e de
capital.
27
27
De acordo com as contas nacionais, o saldo das operações correntes de cada agente
constitui a capacidade de formação de poupança própria. Este saldo contábil é calculado a partir
da diferença entre o total das receitas e despesas correntes registradas nas contas de
apropriação do setor privado e do governo. A poupança, pública ou privada, positiva consiste na
capacidade de financiamento do setor superavitário e a poupança negativa representa a
necessidade de financiamento do setor deficitário. Segundo Keynes, esta poupança pode ser
utilizada para financiar o déficit corrente de um determinado setor, ou financiar o investimento.
Os fluxos relacionados com o volume de poupança e de investimento da economia são
registrados na conta de capital da economia.
Uma vez registradas as operações correntes e de capital da economia nacional, deve-se
registrar as operações realizadas entre os agentes econômicos residentes e os não residentes no
território da economia em estudo. Estas operações são contabilizadas na conta do resto do
mundo.
A seguir, será apresentada uma lista de operações realizadas em uma economia fictícia,
a fim de se descrever os passos que devem ser dados para a montagem do sistema de contas
nacionais proposto por Keynes em 1940.
Considere uma economia que tenha realizado apenas operações dentro do território
nacional. Observe que o exercício proposto foi elaborado de acordo com a estrutura do sistema
de contas nacionais apresentado por Keynes no livro How to Pay for the War, cuja versão de
1940 não continha informações sobre operações com o exterior. Consequentemente, esta
questão consistirá na montagem de um sistema semelhante ao das contas preparadas por
Keynes com os dados da Inglaterra, relativos ao ano fiscal de 1938/39.
Para construir o sistema de contas nacionais é preciso observar que, em cada conta, o
total dos créditos eqüivale ao total dos débitos. A observação deste princípio contábil permitirá
calcular alguns saldos contábeis (por exemplo: poupança) que não constam da lista de
operações proposta a seguir.
a) Aposentadorias e pensões pagas pelo governo às famílias = R$ 5.775.
b) Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) pago pelas famílias = R$ 2.000.
c) Investimento feito pelo governo com a construção de escolas e hospitais = R$ 3.150.
d) Estoque de mercadorias em 31.12.1997 = R$ 2.050.
e) Estoque de mercadorias em 1.1.1997 = R$ 1.000.
f) Lucro retido pelas empresas = R$ 4.200.
g) Dividendo pago pelas empresas às famílias acionistas = R$ 9.825.
h) Subsídios à produção recebidos pelas empresas = R$ 525.
i) Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) recebidos pelo governo = R$ 10.500.
j) Reserva para depreciação constituída pelas empresas = R$ 1.050.
l) Salários pagos por empresas públicas e privadas = R$ 76.650.
m) Renda recebida pelas famílias proveniente do aluguel de terras agrícolas = R$ 4.875.
n) Gastos correntes do governo com a prestação de serviços à coletividade = R$ 13.860.
o) Investimento feito pelas empresas com a compra de equipamentos = R$ 10.815.
p) Imposto de Renda pago pelas famílias = R$ 7.350.
q) Venda de bens de consumo para as famílias = R$ 77.700.
A primeira etapa na montagem das contas nacionais consiste na classificação das
operações. Neste momento, é preciso identificar os agentes que interferem em cada operação e
verificar se a operação é credora ou devedora.
A segunda etapa consiste na definição de um critério para a montagem de cada conta.
Neste momento, o critério de registro contábil das operações deve obedecer a uma lógica que
faça sentido economicamente.
28
28
Neste caso, sugere-se que a montagem das contas seja feita de forma a reproduzir as
diversas fases do funcionamento da economia de mercado. Para tanto, o fluxo circular da renda
de Walras pode servir de referência para definir a articulação entre as operações. Segundo
Walras,os agentes econômicos empresas e famílias estabelecem relações mútuas tanto no
mercado de fatores, quanto no de produtos. No mercado de fatores, empresas demandam terra,
capital e trabalho para serem utilizados no processo produtivo, com o intuito de vender os bens e
serviços no mercado de produtos. É a transformação da produção em vendas que assegura o
lucro das empresas.
Já as famílias oferecem os serviços destes fatores com o objetivo de auferirem as rendas
que precisam para a compra daqueles bens e serviços. Numa economia de mercado, as famílias
satisfazem suas necessidades através da compra de bens e serviços de consumo.
Como se observa, na economia capitalista, empresas (unidades produtoras) e famílias
(unidades consumidoras) são regidas pelas regras de uma economia monetária de produção,
segundo a qual os agentes se dirigem ao mercado para alcançarem seus objetivos de lucro (por
meio da venda), ou satisfazerem suas necessidades de consumo (por meio da compra). Ambas
as operações (compra e venda) são intermediadas pela moeda que, neste caso, exerce a função
de unidade de medida do valor e de meio de troca entre compradores e vendedores.
No sistema de contas nacionais desenvolvido por Keynes, os valores das operações
realizadas pelos agentes econômicos (empresas, famílias, governo e resto do mundo) são
medidos em unidades monetárias (p. ex.: Real, Dólar, Libra, etc.) e representam créditos para os
agentes que os recebem e débitos para aqueles que os pagam.
Desta forma, a etapa de montagem do sistema de contas nacionais começa pela
classificação de cada operação registrada, identificando-se a conta onde a transação
corresponde a um débito e a sua contrapartida credora. Em seguida, tem-se a etapa de
construção do equilíbrio contábil entre débitos e créditos de cada conta, para, então, estabelecer
a articulação entre as contas do sistema.
No sistema de quatro contas proposto no exercício 1, estas etapas podem ser descritas
da seguinte maneira:
Etapas de montagem das contas nacionais
Definição dos agentes econômicos ou setores institucionais
Os agentes que atuam dentro do sistema econômico podem ser ordenados nas
seguintes categorias de setores institucionais: empresas, famílias, governo e resto do mundo.
Setor institucional empresa
As empresas desempenham o papel de produtoras de bens e serviços destinados à
venda no mercado e utilizam os fatores de produção para transformarem as matérias-primas em
novos produtos. Estes produtos são vendidos por um preço que deve cobrir os custos (mão de
obra, insumos e consumo de capital fixo) e gerar o lucro.
Para Keynes, o processo de formação do preço das mercadorias produzidas pelas
empresas compreende dois grupos distintos de variáveis: despesas efetivas com a produção
(custos) e expectativas (de lucro).
Em relação às expectativas, Keynes observa que o capitalismo é uma forma de
organização social da produção que depende das expectativas dos agentes acerca do futuro
para a tomada de decisão sobre produção e emprego (no curto prazo) e sobre investimento (no
longo prazo).
Ainda segundo Keynes, as decisões que afetam a performance do capitalismo, no curto e
longo prazos, são geralmente tomadas em um ambiente de incerteza. E, de acordo com a teoria
da demanda efetiva de Keynes (1983, cap. 3, 5 e 12), o empresário, no momento em que decide
quanto vai produzir no próximo período de produção, não dispõe de informações suficientes para
antecipar quanto vai lucrar, posto que não tem como prever se sua produção será efetivamente
absorvida pelo mercado.
Essa incerteza decorre do fato de que as decisões sobre a demanda são tomadas por
outros agentes (famílias, empresas, governo e resto do mundo) sobre os quais os empresários
não têm influência suficiente para induzi-los a comprar toda a sua produção. Além disso, Keynes
(1983: cap. 3), ao refutar a lei de Say, afirma que nada garante que os agentes utilizem toda a
renda disponível na compra dos bens e serviços produzidos. Ao contrário, podem optar por reter
29
29
parte da renda corrente, em virtude de mudanças nas suas expectativas quanto ao futuro, as
quais os levam a reter moeda por motivos de precaução ou especulação.
Como se nota, as decisões dos empresários sobre produção (e emprego) são tomadas a
partir de expectativas que podem falhar e, quando isto ocorre, a demanda esperada (ex-ante) não
corresponde à demanda efetiva (ex-post). Neste momento, verifica-se uma situação na qual a
empresa incorre em despesas (pagamento de salários e consumo de matérias-primas) que não
se transformam em vendas, acarretando, assim, em frustrações nas expectativas de lucro, ou
prejuízos.
Entretanto, são as decisões de produção que, de fato, determinam o volume de emprego
e de gastos (custos) associados à produção. Sendo assim, na teoria keyensiana, o preço de
oferta do produto é sempre composto por elementos conhecidos (salários e matérias-primas) e
por elementos desconhecidos, ou expectacionais (lucros).
A combinação de elementos conhecidos ex-ante com elementos somente conhecidos ex-
post representa para Keynes a fonte geradora da instabilidade do sistema capitalista, a qual,
quando não é devidamente controlada, pode levar a situações de crises e depressões, como a
ocorrida nos anos 30. Por outro lado, esta mesma instabilidade pode induzir os agentes a se
precaverem contra possíveis perdas provenientes de erros em suas expectativas, levando-os a
recorrer a convenções, contratos e outras institucionalidades.
De acordo com Keynes, se a utilização dos recursos (alocação dos fatores) não conduz,
necessariamente, a economia para um quadro de equilíbrio, então, pode-se dizer que situações
de desequilíbrio são possibilidades concretas, e não apenas "desvios" de situações ideais
(equilíbrio com pleno emprego). É por isso que se pode dizer que Keynes desenvolveu uma
teoria da instabilidade, ao contrário das teorias de equilíbrio, até então, vigentes.
A partir deste marco teórico, Keynes procurou desenvolver sua teoria acerca das
medidas de política econômica que deveriam ser adotadas para reduzir a instabilidade inerente
ao capitalismo, mas nunca para conduzir a economia a novos pontos de equilíbrio. Vale dizer, se
para Keynes o mercado não resolve, por si só, o problema da alocação e da coordenação do
funcionamento da economia, então é preciso criar instrumentos de ação, ou de intervenção do
Estado na economia, para reduzir a instabilidade e impedir que ela se transforme em crises.
E é neste sentido que a contas nacionais modernas devem ser entendidas: como um
instrumento de registro das informações para fins de definição de políticas econômicas. Daí
decorre a importância da análise do setor institucional empresa, entendida como unidade
produtora de bens e serviços mercantis; geradora de emprego; e entidade responsável pelas
decisões sobre o investimento na economia.
Na contabilidade social, as operações das empresas relacionadas com o processo de
produção são registradas na conta de produção, cujos débitos correspondem aos recursos
utilizados (usos) pelas empresas ao longo do processo produtivo. Estes débitos consistem em (1)
despesas com o pagamento de fornecedores (consumo intermediário); (2) despesas com a
remuneração (salários, lucros e renda da terra) dos proprietários dos fatores de produção
(trabalho, capital e recursos naturais) utilizados no processo produtivo; (3) constituição de um
fundo de reserva para reposição do capital fixo (depreciação) e (4) pagamento de impostos que
incidem sobre a produção e sobre os produtos vendidos.
Já as receitas obtidas com a venda dos bens e serviços (intermediários e bens finais)
compreendem os créditos (recursos) da conta de produção. Os créditos equivalem ao valor das
receitas obtidas com a venda de matérias-primas (bens intermediários) para outras empresas;
venda de bens e prestação de serviços para as famílias (consumo final); venda debens de
capital para empresas e governo (formação bruta de capital fixo); venda de bens e serviços
produzidos para o exterior (exportação).
Setor institucional família
As famílias desempenham na economia a função de entidades consumidoras de bens e
serviços, os quais são adquiridos no mercado. Estes produtos são comprados (consumo final das
famílias) para satisfazerem suas necessidades. Estas compras são realizadas com a renda
obtida pela cessão dos fatores de produção às unidades produtoras (renda primária) e com a
renda recebida de outros agentes econômicos (transferências de renda feitas pelo governo e pelo
resto do mundo).
O montante da renda recebida (renda primária e transferência) é utilizado pelas famílias
para o pagamento de impostos ao governo (impostos sobre a renda e propriedade) e para a
transferência de renda a terceiros (p. e.: donativos feitos ao exterior).
30
30
A diferença entre a renda total apropriada pelas famílias e as transferências efetuadas
compreende a renda disponível das famílias. Este agregado expressa o valor que as famílias
dispõem para a compra dos produtos de que precisam para satisfazerem suas necessidades.
Já a diferença entre a renda disponível e o consumo final representa a poupança das
famílias. Este saldo pode ser positivo, negativo, ou nulo.
Sabendo-se que o sistema de contas nacionais de Keynes foi elaborado com o intuito de
mostrar a relação existente a poupança do setor privado e do setor público, compreende-se
porque há naquele sistema uma conta para o setor público (conta de apropriação e uso da renda
do governo) e outra para o setor privado (conta de apropriação e uso da renda das famílias).
Setor institucional governo
O governo desempenha o papel de prestador de serviços de natureza não-mercantil à
sociedade e de promotor de ações voltadas ao alcance do bem-estar social. No sistema
econômico, a função social do governo traduz-se na prestação de serviços à coletividade, os
quais não têm, como contrapartida, o pagamento pelo serviço prestado. Por isso, estes serviços
são denominados na Contabilidade Social de “serviços não-mercantis”, pois são serviços que não
têm preço de mercado.
Se os serviços são gratuitos, significa dizer que o governo não é remunerado, no
mercado, pelo fornecimento de serviços à sociedade. Embora seja prestador de serviços cujo
preço de mercado é igual a zero, o governo precisa de recursos para custear os gastos que
realiza com pessoal e00 material de consumo utilizados na produção daqueles serviços.
Desta forma, observa-se que os serviços prestados pelo governo não geram receitas de
venda para o governo, mas compreendem despesas para o mesmo governo.
Consequentemente, este deverá encontrar fontes alternativas (fora do mercado) de recursos para
financiar seus gastos. Estas fontes são os impostos cobrados pelo governo junto às famílias e
empresas. Verifica-se assim que o governo se caracteriza por prestar serviços gratuitos à
coletividade e por dispor de mecanismos extra - mercado (impostos) para financiar suas
despesas.
Se as receitas correntes do governo forem iguais aos gastos correntes, haverá um
equilíbrio fiscal do setor público.
Se as receitas correntes do governo ultrapassarem seus gastos correntes, haverá um
superávit do setor público, o qual nas contas nacionais corresponde à poupança do governo.
Se os gastos correntes do governo forem maiores que as receitas correntes, haverá um
déficit público que poderá ser financiado pelos demais agentes econômicos, através das
seguintes fontes (Keynes, 1940: 129, Moggridge, 1992: 633 e 1993: 133-134):
 poupança voluntária do setor privado, que poderá ser canalizada para o financiamento
do déficit público através da compra de títulos públicos no mercado financeiro;
 impostos adicionais sobre a produção, renda ou propriedade; ou,
 emissão de moeda.
Tendo em vista a importância do papel do Estado dentro da economia, Keynes (1940,
Harrod, 1958: 565, Moggridge, 1992: 645-647) optou por construir uma conta de apropriação e
uso da renda do setor público separada da conta do setor privado. Assim, poderia mostrar mais
claramente a relação existente entre o setor público e privado. Esta mesma separação será
adotada para montar as contas nacionais do exercício proposto.
Em virtude da especificidade do setor institucional governo de produzir serviços não-
mercantis e de arcar com as despesas com a prestação destes serviços à coletividade, as contas
nacionais adotaram algumas convenções no tratamento do setor governo. Em primeiro lugar, a
sua produção deve ser medida por meio da soma dos gastos com materiais de consumo e dos
gastos com pessoal (salários e encargos sociais incidentes sobre a folha de pagamento dos
servidores públicos). Em segundo lugar, convencionou-se denominar os custos de produção do
setor público, absorvidos pelo próprio governo, como consumo final do governo, cujo valor é
debitado na conta do governo e creditado na conta de produção (produção de serviço não
mercantil).
Setor institucional resto do mundo
O resto do mundo compreende um setor fictício criado para registrar as transações
realizadas pelos agentes econômicos residentes (empresas, famílias e governo) com os agentes
não residentes no país. Como esta conta é construída na perspectiva do exterior, os créditos da
conta correspondem aos gastos efetuados pelos agentes residentes com importações,
pagamentos de fretes e seguros ao exterior; pagamento de juros e royalties; remessas de lucros;
31
31
envio de donativos ao exterior e demais pagamentos feitos ao exterior. Os débitos da conta do
resto do mundo consistem nos pagamentos efetuados por agentes residentes no exterior em
favor de agentes residentes no país em estudo. Estes débitos incluem as exportações; receitas
de fretes, seguros, juros, dividendos, donativos e demais receitas correntes.
As operações contabilizadas na conta do resto do mundo equivalem às operações
registradas no balanço de pagamentos em transações correntes, as quais abrangem a balança
comercial, balança de serviços e balança de transações unilaterais.
A conta do resto do mundo apresenta a peculiaridade de registrar como saldo o valor
simétrico do saldo do balanço de pagamentos da economia nacional e também ao valor simétrico
do saldo da conta de capital da economia nacional.
Uma vez descritas as contas da contabilidade social de Keynes, pode-se então iniciar a
montagem das contas nacionais referentes às operações do exercício proposto na 1a questão.
Classificação das operações
Aposentadorias e pensões pagas pelo governo às famílias.
As aposentadorias e pensões compreendem operações que envolvem os agentes
governo e famílias e ocorrem fora do processo de produção. O valor proposto no exercício
equivale a uma despesa (débito) corrente do governo, relativa à transferência de renda às
famílias, cuja contrapartida contábil é um crédito de igual valor na conta de apropriação das
famílias.
Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) pago pelas famílias.
Este imposto representa um pagamento (transferência de renda) que as famílias devem
fazer ao governo, decorrente da propriedade de imóveis e terrenos urbanos. Do lado das famílias,
o IPTU corresponde a um débito, cujo crédito é lançado na conta do governo.
Investimento feito pelo governo com a construção de escolas e hospitais.
Os gastos do governo com construção de escolas e hospitais correspondem a
investimentos do Estado na ampliação da sua capacidade de prestação de serviços à
coletividade. Em geral, a construção destas unidades é efetuada por empresas do ramo de
construção civil e encomendada por órgãos )secretarias e ministérios) dos governos municipal,
estadual e federal.
As contas nacionais registram os gastos de investimento como débitos na conta de
acumulação de capital e créditos na conta de produção.
Estoque de mercadorias em 31.12.1997.
Estoque de mercadorias

Outros materiais