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Material de Estudo para Prova 2

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Varas da Infância e da Juventude 
Adoção
Psicologia Jurídica
1.2017
Estatuto da Criança e do Adolescente
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.
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Adoção
Trata-se de um ato jurídico bilateral, constituído em benefício essencialmente do adotando, irretratável e perpétuo depois de consumado, que cria laços de paternidade e filiação, com todos os direitos e obrigações daí decorrentes, entre pessoas para as quais tal relação inexiste naturalmente. 
Art. 227 – CF/88
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
Possíveis formas de solicitação de adoção
Os pretendentes formulam inscrição no Banco de Adoção da Vara da Infância e da Juventude da Comarca onde residem. 
Após a apresentação da documentação solicitada, os pretendentes são submetidos às avaliações (social e psicológica) que fornecerão elementos para a sentença judicial quanto à inclusão ou não dos candidatos no cadastro do Banco de Adoção. 
Possíveis formas de solicitação de adoção
Os pretendentes estão com a criança e comparecem à Vara para legalização da condição já existente. São comuns casos de pretendentes que chegam acompanhados pelos pais biológicos querendo apenas formalizar o acordo estabelecido entre eles (a chamada “adoção à brasileira”).
“Adoção à brasileira”
Criança passa a ser registrada como filho natural do casal.
Crime previsto no art. 242 do Código Penal.
A decisão dos juízes de considerar legais e válidas as consequências de um ato ilícito baseiam-se na prevalência da relação socioafetiva, construída durante longo período de tempo entre pai e menor adotado. 
Possíveis formas de solicitação de adoção
O(A) cônjuge ou companheiro(a) do(a) genitor(a) biológico(a) pode solicitar a adoção. 
Estes casos também são sujeitos às avaliações.
São cada vez mais comuns tendo em vista o aumento crescente de famílias reconstituídas.
Possíveis formas de solicitação de adoção
Candidatos estrangeiros não residentes no Brasil são avaliados no país em que residem. 
Realizam-se alguns contatos com estes antes de promover o encontro entre eles e a crianças e/ou adolescentes. 
Durante o período de convivência avalia-se a interação e a adaptação entre os membros da nova família. 
Formas da criança ser colocada para adoção
Abandono.
Pais ou responsáveis legais dão o consentimento perante o juiz para que seja colocada em outra família.
Desaparecimento ou falecimento dos pais.
Pais acusados de negligência, privação, abusos e maus-tratos para com as crianças ou adolescentes (culminando no processo que sentencia a destituição do poder familiar). 
Avaliação Psicológica
Não deve ser pautada apenas nos aspectos da personalidade dos indivíduos envolvidos, mas na dinâmica relacional e nos elementos contextuais que circunscrevem a cultura e a realidade social dos pretendentes. 
A importância da intervenção do profissional psicólogo vem determinada por uma dupla necessidade
Prognosticar o êxito
Prevenir possíveis disfunções
Avaliação Psicológica
Deve avaliar e acompanhar os casais e pessoas interessadas na adoção, com um enfoque preventivo, com foco em questões afetivo-emocionais que envolvem uma adoção.
O objetivo é favorecer uma relação familiar satisfatória, preparando os pais para enfrentar a realidade de que a criança já sofreu uma situação de abandono ou rejeição inicial, e que só conseguirão fazê-lo quando puderem lidar com o seu próprio histórico (principalmente se houver casos de infertilidade ou esterilidade). 
Alguns experts na questão da adoção indicam casos em que a adoção não seria indicada como, por exemplo:
Perda recente de um bebê.
Famílias que possam ter filhos genéticos, porém, optam pela adoção.
 
Por outro lado, também existem experts neste assunto que defendem que ninguém deveria ser excluído a priori, antes de ter passado pelo processo de preparação para a adoção, pelo qual se poderia conhecer mais amplamente os motivos e as expectativas dos postulantes.
Fonte: https://www.senado.gov.br/noticias/Jornal/emdiscussao/adocao/realidade-brasileira-sobre-adocao/perfil-das-criancas-disponiveis-para-adocao.aspx
Dos mais de 44 mil meninos e meninas que, por diversas razões, acabaram em abrigos, 5.465 estavam, em março do ano de 2013, aptas a serem recebidas por novas famílias. Os dados oficiais indicam que 68% dessas crianças deixam os abrigos para serem acolhidos em lares dentro ou fora do país.
Número de crianças em abrigos
As políticas públicas voltadas para a promoção da adoção encobrem um problema social grave: a ausência de recursos para habilitar as famílias a permanecerem com seus filhos, sem que precisem deixa-los em instituições ou em famílias substitutas. 
Não atacam as verdadeiras causas do problema: violência doméstica, insuficiência de redes sociais de apoio, ausência de recursos para reabilitação dessas famílias, causando exclusão social e comunitária. 
Ocorre com frequência que os processos de adoção, que deveriam facilitar a profilaxia do desenvolvimento psicológico da criança, bem como do grave problema social das crianças privadas de lar, acabam se tronando excessivamente lentos e burocráticos. 
Embora a lei determine que haja cuidados e providências para que se concretize o processo, o seu prolongamento demasiado pode trazer sérios comprometimentos da presença dessa criança na dinâmica familiar. 
Fonte: https://www.senado.gov.br/noticias/Jornal/emdiscussao/adocao/realidade-brasileira-sobre-adocao/pefil-dos-candidatos-a-pais-adotivos.aspx
Contar ou Não Contar
A maioria dos candidatos expõe, no discurso verbal, o reconhecimento da importância da revelação da origem à criança, assim como “garantem” que mais tarde farão essa revelação. 
Contudo, muitos desses candidatos não agem na prática em conformidade com seus discursos. 
Adiam por anos este momento e deslocam para este fator muitos de seus conflitos com relação à adoção e ao filho adotado. 
Contar ou Não Contar
Uma adoção “mal” formalizada pode trazer como consequências: crianças hiperativas e agressivas, problemas de aprendizagem, enurese noturna, dificuldades afetivas e comportamentais, baixa autoestima, problemas de aprendizagem.
Uma adoção “bem” formalizada pode acarretar um bom desenvolvimento na criança, tornando-se um adulto que saberá enfrentar as dificuldades de maneira madura e equilibrada, e os pais adotivos poderão encontrar alto valor afetivo para promover um bom desenvolvimento das relações interpessoais e da saúde física e mental da criança. 
É preciso considerar que a adoção nem sempre é uma relação difícil e problemática. Também pode ser um momento de encontro, de aproximação, de crescimento. 
Essa estrutura saudável de relações pode ocorrer quando os pais conseguem admitir a realidade, livrando-se da fantasia de que geraram aquela criança. 
É preciso que essa família veja que não é possível encaixar-se em modelos preestabelecidos de que a “boa” família seja apenas a família concebida biologicamente, mas que busquem modelos próprios e estimulem formas de convivência através de um processo de adoção, a fim de que os vínculos sejam saudáveis. 
Varas da Infância e da Juventude
Guarda e Tutela, Família Substituta, Poder Familiar, Abrigamento, Queixas de Comportamento, Vitimização
Psicologia Jurídica
1.2017
Guarda
A pessoa é designada judicialmente a realizar atos de assistência, educação, criação, cuidados básicos
(alimentação, higiene) a menores que não são filhos próprios, naturais ou adotivos, e sim de terceiros – parentes, amigos ou desconhecidos. 
A guarda pode ser exercida sem o poder familiar.
O poder familiar pode ser exercido sem a guarda.
Exemplo: no caso de um casal que se separa e a guarda do filho fica com a mãe, o fato de não deter a guarda do filho não tira do pai o poder familiar sobre este.
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Guarda
Psicologicamente, pode-se equiparar o pedido de guarda a uma adoção, pois em ambos os casos, a criança ou o adolescente estão fora do núcleo familiar, e sujeito aos papéis e expectativas desempenhados pelos membros da nova família. 
A diferença está em que a adoção rompe definitivamente o vínculo do menor com sua família de origem, e é irrevogável, enquanto que a guarda pode ou não vir acompanhada do poder familiar, e pode ser revogada a qualquer tempo, ouvido o Ministério Público.
Os pedidos de guarda devem ser analisados quanto à amplitude e significado que isso representa na dinâmica familiar, e o espaço e o papel que a criança ou o adolescente ocupam e como estão as relações familiares. 
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Guarda
Dentre as principais causas que leva à transferência da guarda de menor para outras pessoas podemos destacar:
Miséria econômica e cultural enfrentada pelos pais, que não tem condições financeiras para cuidar de seus filhos.
Morte ou abandono por parte do pai, deixando toda a responsabilidade sobre a mãe, que já lida com condições de miséria.
Maternidade precoce, não desejada ou acidental, relações fortuitas ou extraconjugais.
Guarda
A decisão a respeito da guarda de menor não transita em julgado, isto é, mesmo depois de concedida ainda é passível de revogação ou recurso, podendo ser revista a qualquer momento, desde que, comprovadamente, as circunstâncias de fato ou de direito tenham se modificado e que uma nova solução passa a atender mais adequadamente os interesses do menor.
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Tutela
A tutela pode ser conceituada como o poder conferido a uma pessoa capaz, pra reger a pessoa incapaz de administrar os seus bens, sendo que o tutor substitui os pais na sua falta, por qualquer motivo – morte ou ausência – com o objetivo de proteger o menor até que se torne capaz de manter-se sozinho e praticar todos os atos da vida em sociedade.
 A tutela se remete à lei civil que determina a incapacidade até os 21 anos incompletos.
Diversamente do que ocorre na adoção, no caso da tutela é preservada a identidade originária da criança, seu nome e o de sua família.
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Guarda e Tutela
 
Quando um pedido de guarda ou tutela chega à Vara da Infância, o psicólogo judiciário deverá avaliar a motivação da família ou do requerente que leva a tais solicitações, e a sua adequação. 
Portanto, o psicólogo judiciário deverá analisar as condições materiais e emocionais da(s) pessoa(s) que requerem a guarda ou tutela, bem como observar a convivência da criança nesse ambiente familiar.
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Guarda e Tutela
 Especificamente no caso da tutela, o psicólogo deverá analisar a estrutura de personalidade do tutor, para saber quais são seus valores morais e éticos, e se não há indícios de intenção obscura de prejudicar o menor.
 O contexto de eventual rompimento da tutela:
Acompanhado e analisado pelo psicólogo jurídico - considerar os efeitos desta situação para o equilíbrio emocional da criança, tais como questões referente ao vínculo afetivo e da companhia, ruptura de confiança depositada no tutor que não administrou adequadamente os bens do tutelado, ou por processo de substituição do tutor.
Família Substituta
Aquela que propõe a trazer para o convívio doméstico uma criança ou adolescente que por qualquer circunstância foi desprovido da família de origem, acolhendo-a como se fosse um membro dessa nova família e dispensando-lhe os cuidados materiais e afetivos de que necessita. 
Tutela, guarda e adoção.
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Família Substituta
O psicólogo deverá:
Avaliar as condições materiais e emocionais dos membros da família substituta.
Acompanhar a convivência da criança neste ambiente, com o objetivo de verificar se as condições são propícias ao seu desenvolvimento pessoal, afetivo e psicológico. 
Suspensão ou destituição do poder familiar por violência ou negligência de ambos os genitores
Violência doméstica
Ainda existe a mentalidade vigente de que os pais possuem um poder “quase” irrestrito para exercer a autoridade sob quaisquer meios, mesmo que à margem das limitações legais. 
É essa mentalidade equivocada que acaba por conduzir à destituição do poder familiar de ambos os genitores agressores. 
Suspensão ou destituição do poder familiar por violência ou negligência de ambos os genitores
Negligência Infantil
Modalidade de maus-tratos que inclui tanto eventos isolados quanto um padrão de cuidado estável no tempo por parte dos pais e/ou outros membros da família, pelos quais esses deixam de promover o desenvolvimento e o bem-estar da criança/adolescente (considerando que poderiam fazer isso) em uma das seguintes áreas: saúde, educação, desenvolvimento emocional, nutrição, abrigo e condições seguras. 
Suspensão ou destituição do poder familiar por violência ou negligência de ambos os genitores
Estudos indicam que (Bazon et al., 2010):
Famílias onde ocorre negligência infantil são mais numerosas, com maior número de filhos decorrentes de gravidez não planejada, e com isso as mães têm pouca disponibilidade para interagir com os filhos, pode haver incidência de uso de álcool e/ou outra drogas, e pouco apoio social. 
 Cuidadores considerados negligentes viviam em condições materiais adversas, e se sentiam mais estresse decorrente do papel parental, devido à percepção negativa de si mesmos como cuidadores, e não recebiam apoio necessário ou suficiente da rede social e da família extensa. 
Suspensão ou destituição do poder familiar por violência ou negligência de ambos os genitores
Art. 244 – C. Penal – Deixar de prover a subsistência do filho menor de 18 anos. 
Detenção, de 1 a 4 anos, e multa, de 1 a 10 vezes o maior salário mínimo vigente no País.
Art. 246 – C. Penal – Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em idade escolar. 
Detenção, de 15 dias a 1 mês, ou multa.
Art. 249 – ECA. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres inerentes ao poder familiar ou decorrentes de tutela ou guarda, bem assim determinação da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar.
Condenados a pagar multa de 3 a 20 salários mínimos, pagando o dobro em caso de reincidência. 
Suspensão ou destituição do poder familiar por violência ou negligência de ambos os genitores
Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à mãe condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de prisão.
Art. 1.638 – C. Civil - Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:
I - castigar imoderadamente o filho;
II - deixar o filho em abandono;
III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;
IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente.
Suspensão ou destituição do poder familiar por violência ou negligência de ambos os genitores
O psicólogo deverá avaliar os motivos e fatores da estrutura de personalidade dos pais que ocasionaram a destituição do poder familiar, seja por maus-tratos à criança, abuso sexual, negligência de cuidados básicos, sugerindo qual(is) a(s) medida(s) cabível(is) aplicada(s) aos pais. 
O psicólogo não deve esquecer que o foco a ser investigado é competência parental quanto à relação com a criança e nunca uma característica pessoal individual (patologia psíquica). 
O déficit nas funções parentais pode ser decorrente de vários fatores alheios à característica individual, mas que, de uma forma ou outra, terão repercussões diferenciadas na definição da perda do poder familiar. 
Então, o psicólogo deve observar as relações causais da conduta que poderiam causar a incompetência parental, de forma a compreender seu significado
(Rovinski, 2007). 
Suspensão ou destituição do poder familiar por violência ou negligência de ambos os genitores
Tanto os pais como a criança devem ser entrevistados individualmente e, sempre que possível, devem ser observados juntos e de preferência em ambiente natural. 
Abranger também aspectos sociais, recursos da família extensa, questões financeiras e a própria comunidade. 
Suspensão ou destituição do poder familiar por violência ou negligência de ambos os genitores
No momento da elaboração e redação do laudo psicológico pericial, o psicólogo deve considerar que a decisão da retirada do poder familiar implica o prejuízo que a criança possa sofrer na companhia desses pais (violentos, negligentes etc.) justifica a intervenção estatal. 
Tal tarefa excede a área técnica do psicólogo, pois envolve o julgamento social e moral da maior gravidade.
Cabe o psicólogo jurídico apresentar evidências empíricas do bem-estar da criança, deixando o julgamento final para o juiz. 
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Suspensão ou destituição do poder familiar por violência ou negligência de ambos os genitores
O psicólogo deve ter em mente que avaliar o “melhor interesse para criança” não é só considerar o momento traumático atual que a criança está vivenciando na companhia desses pais, mas também fazer previsões acerca do efeito da extinção do poder familiar na vida futura dessa criança, quando a relação dela com esses pais já estará irreversivelmente prejudicada.
Suspensão ou destituição do poder familiar por violência ou negligência de ambos os genitores
Ocorrendo a destituição do poder familiar
O psicólogo deverá observar a convivência da criança no novo ambiente familiar ou no local onde a criança se encontra, a fim de determinar o grau de influência de possíveis sequelas das relações parentais no desenvolvimento de sua personalidade, bem como sugerir medidas para que a criança se desenvolva plenamente. 
Abrigamento
Motivos
Genitores podem solicitar o abrigamento por falta de condições de cuidar de seus filhos.
Por determinação da Justiça em situações de risco para a criança ou adolescente. 
Abrigamento
As políticas públicas de atendimento a crianças abrigadas dever ter como prioridade absoluta a reaproximação da criança com sua família de origem.
Porém, se as condições familiares forem adversas e extremamente graves (como drogadição, agressão ou abuso sexual), isso seria um fator de risco extremo para a criança, e por isso os pais devem concordar com o processo da extinção do poder familiar. 
Abrigamento
“O abrigo é melhor local par criança/adolescente viver”. 
Crença equivocada. 
Segundo Bowlby (1984)
A criança estrutura vínculos afetivos com os pais (na função de cuidadora), que satisfazem as necessidades básicas psicológicas da criança, e desenvolvendo o apego a essa figura.
A separação e a perda dessa figura são fatores determinantes dos sentimentos de medo e angústia na criança: esta se apresenta aflita, com reações agressivas, de afastamento, desconfiança e desamparo, sentindo-se desprezada não apenas pelos pais, mas por todas as pessoas. 
Abrigamento
Segundo o ECA – abrigamento é uma medida provisória e excepcional, e não pode ser utilizado como recurso para tentar a solução conflitos familiares.
O psicólogo judiciário deve esclarecer à família que o abrigamento é prejudicial à criança, e sugerir ao juiz o acompanhamento do caso por aproximadamente 120 dias, para que a família se reestruture, e possa reassumir a criança em seu convívio. 
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Abrigamento
O psicólogo deverá fazer uma avaliação da situação familiar, através de entrevistas, para saber se o abrigamento é cabível ou não.
Por um lado se tem uma criança em risco no contexto familiar, por outro o afastamento de seu lar pode ser prejudicial ao desenvolvimento da criança. 
É preciso fazer um acompanhamento do caso. 
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Abrigamento
Montes (2006)
As crianças abrigadas expressam que o abrigo não era o lugar ideal, mas era melhor do que nas suas casas de origem. 
 Entendiam que as regras e limites eram necessários, mas sentiam como invasão de privacidade. 
Parreira e Justo (2005)
Muitas crianças abrigadas dizer ter vergonha de serem identificadas publicamente na condição de abrigamento – traz a ideia que são alguém sem família. 
Queixa de Comportamento
Frequentes nos Conselhos Tutelares. 
Práticas de delitos por crianças. 
Furtos, fugas de casa, agressão a irmãos ou colegas, vandalismo:
Importante pesquisar se não é um sintoma que se manifesta por graves problemas familiares, ou é uma forma da criança se defender ou pedir socorro. 
Reflete à degradação dos valores familiares e sociais, e a própria banalização da violência – a violência virou rotina das pessoas, especialmente nos grandes centros urbanos, e ainda há a impunidade e a inexistência de medidas socioeducativas eficazes. 
Vitimização 
Qualquer tipo de violência praticada contra a criança, podendo ser física, sexual e/ou psicológica. 
O ato violento é conceituado como aquele que preenche os seguintes requisitos: causar um dano, fazer uso da força (física ou psíquica); ser intencional; ir contra a livre e espontânea vontade de quem é objeto do dano. 
Vitimização
Coleta de dados – entrevistas individuais com todas as pessoas envolvidas, e posteriormente com a família reunida.
Aspectos abordados:
História da vitimização: idade da vítima, extensão e frequência da vitimização.
Composição familiar.
Histórico e personalidade de cada um.
Vitimização
Planejamento da atuação do psicólogo ocorre em dois níveis:
Imediato – local seguro para proteger a vítima, medidas urgentes a serem tomadas (ex.: tratamento médico), possibilidade do agressor sair de casa.
Mediato: aprofundamento dos estudos, análise do caso. 
Vitimização
Técnicas utilizadas: entrevistas (individual e familiar), anamnese psicológica, hora lúdica, testes, ...
Pode ter como resultado encaminhamento para tratamentos psicológico, com outros profissionais (ex.: psiquiatra), ou instituições (ex.: abrigamento). 
Vitimização
Na anamnese, observar os seguintes aspectos (Berno, s.d.):
História inverossímil relatada pelos pais.
Traumatismo inexplicável.
Histórias discrepantes: a cada momento, um relato diferente.
Demora na assistência médica.
Desenvolvimento da criança insuficiente.
Relação de “cumplicidade” entre os pais.
Os maus-tratos podem ser leves, mas constantes.
Os pais podem duvidar quanto à paternidade.
O nascimento da criança provocou o casamento ou a separação dos pais.
A gestão ou nascimento da criança está associado a um acontecimento desagradável ou doloroso. 
Vitimização
Na entrevista com os pais e observações com as crianças, o psicólogo deve ficar atento aos seguintes aspectos que podem ser apresentados pelos pais:
Mostram evidência de perda de controle ou medo da perda de controle.
Relatam uma história contraditória.
Responsabilizam pela agressão a própria vítima ou outra pessoa.
Mostram desinteresse pela situação.
Revelam inapropriada compreensão da seriedade da situação.
Recusam-se a consentir estudos diagnósticos posteriores.
Vitimização
Na entrevista com os pais e observações com as crianças, o psicólogo deve ficar atento aos seguintes aspectos que podem ser apresentados pelos pais (continuação):
Quando admitem o estudo, são resistentes e controladores.
São frequentadores assíduos de hospitais.
São psicóticos ou psicopatas.
Não apresentam interesse maternal pela criança.
Tem expectativas irreais sobre o estado da criança.
Relatam fatos irrelevantes ou sem relação com o ferimento.
Vitimização
Na entrevista com os pais e observações com as crianças, o psicólogo deve ficar atento aos seguintes aspectos que podem ser apresentados pelos pais (continuação):
Têm algum tipo de personalidade que leva a abusar de drogas ou álcool.
Causam, por razões desconhecidas, desagrado aos médicos.
Relatam histórias de ferimentos repetidos.
Não se responsabilizam quando a criança está em apuros.
São relutantes em dar informações.
Vitimização
A criança pode apresentar algum ou vários aspectos a seguir, também observáveis:
a) tem ferimentos inexplicáveis;
b) mostra evidência de desidratação e/ou má nutrição sem causa aparente;
c) recebeu alimentação inapropriada, bebida e/ou droga (ex.: calmantes para dormir)
d) mostra evidências de maus cuidados generalizados;
e) é excessivamente medrosa;
Vitimização
A criança pode apresentar algum ou vários aspectos a seguir, também observáveis (continuação):
f) mostra evidências de ferimentos repetidos;
g) responsabiliza-se e começa a se preocupar com a preocupação dos pais;
h) apresenta aspecto e/ou emocional pouco apropriado;
i) foi castigada inapropriadamente pelo tipo de ferimento que apresenta;
j) mostra evidências de abuso sexual, repetidas lesões na pele e/ou fraturas repetidas.
Vitimização
Uma avaliação mais completa e adequada deve ser mediante trabalho em equipe interdisciplinar e tem que considerar os seguintes aspectos:
Entrevista com o cliente, a famílias e as pessoas diretamente envolvidas com o cliente.
Visita à residência, à escola ou instituição educacional que o cliente frequente.
Contato com outros profissionais que atenderam o cliente.
Observação informal do cliente e sua família.
Testagem, item adicional que deve levar em conta aspectos qualitativos e quantitativos, priorizando os acertos (e não somente as falhas) do cliente.
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Vitimização
Em geral, são apontadas as seguintes consequências da vitimização, em qualquer de suas formas, isolada ou conjuntamente:
consequências físicas: variando de pequenas cicatrizes até danos cerebrais, permanentes e morte;
consequências psicológicas: desde baixa autoestima até desordens psíquicas severas;
cognitivas: desde deficiência de atenção e distúrbios de aprendizado, até distúrbios orgânicos cerebrais graves;
comportamentais: variando de dificuldade de relacionamento com colegas, até comportamentos suicidas criminosos. 
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Psicologia e as Varas de Família
Casamento, separação e divórcio, Guarda dos filhos, Regulamentação de visitas
Psicologia Jurídica 
1.2017
Nas Varas de Família
Os casos envolvem separação ou divórcio (consensual ou litigiosa) com ou sem disputa de guarda de filhos menores, regulamentação de visitas, modificação de guarda, pensão alimentícia, investigação de paternidade.
O trabalho do psicólogo se restringe à avaliação e elaboração do laudo, para determinar qual é o genitor “mais adequado” para cuidar da criança e do adolescente, e qual a melhor maneira de se instituir visitas sem prejudicar ainda mais os já deteriorados laços familiares.
Mudança da guarda: o processo no qual ambos os genitores estão em litígio, brigando pelo direito de residir com a criança ou adolescente. 
Regulamentação de visitas: o processo proposto por aqueles que não detém a guarda da criança, para assegurar o direito e o desejo de visitar a criança. 
Ambos visam o bem-estar da criança, mas revelam conflitos familiares, muitas vezes anteriores à própria ação pretendida. 
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Quando há crianças envolvidas em litígio...
Nos cabe perguntar: 
Qual é o lugar que essa criança ocupa nessa disputa? 
Será que ela é realmente o foco central desse processo? 
Cerveny (2006)
Filhos como depositários dos conflitos parentais ou familiares.
Metáfora Mala, Bala ou Cola – funções dos filhos no processo de separação dos pais. 
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Cerveny (2006)
Mala: Os pais utilizam os filhos para enviar e receber recados entre o par parental.
Antônia: Ela [filha] passou dois meses sem ir na casa deles [do pai e avó paterna], do tanto que eles perguntavam coisa da minha vida, aí ela foi e parou de ir. (Juras & Costa, 2016) 
Cerveny (2006)
Bala: Os pais utilizam os filhos para atingir o outro genitor. 
Dalva: Às vezes eu xingava assim, falava assim “Ah, seu pai num presta, seu pai não faz isso, não faz aquilo”. (Juras & Costa, 2016)
Cerveny (2006)
Cola: Os filhos podem participar da relação para manter “colado” o par parental, representando o desejo compartilhado em manter unida a família idealizada.
 Fátima: A gente já estava quase separado, mas a gente disse: “Não, o menino é pequeno, vamos demorar mais um tempo.” (Juras & Costa, 2016)
E as consequências?
Essas funções demonstram ser fontes de sofrimento para os filhos, em especial aos filhos pequenos (menores de 12 anos), por ainda não terem desenvolvido habilidades para lidar com esses conflitos e lealdades. 
A triangulação (pai-mãe-filho) mantem as crianças em funções que ultrapassam suas responsabilidades, prejudica seu desenvolvimento infantil. 										(Juras & Costa, 2016)
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Um dos grande desafios da parentalidade nos divórcios é:
Se não posso ser o pai ou mãe naquela família idealizada que sonhei, se o casamento ou a união não deu certo, que pai ou mãe posso ser para meus filhos? (Cerveny, 2006)
É importante, portanto,...
Procurar uma solução que proteja a criança, observando-se também a maneira como ela interage com as figuras parentais e qual o significado, para ela, da separação dos pais.
O contato com a criança deve ser, então, cauteloso, pois ela sente-se, na maioria das vezes, muito só, carente e insegura, culpando-se pela separação dos pais.
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O trabalho do psicólogo judiciário
Função primordial:
Elaboração de laudo que fornecerá subsídios à decisão do juiz. 
Entretanto, vários profissionais lutam para conseguir um espaço em que possam ampliar seu campo de atuação, transcendendo a mera função estrita de perito para buscar uma intervenção que, além do diagnóstico, traga algum retorno ou implicação terapêutica.
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Guarda Compartilhada (Lei nº 11.698, de 13.06.2008 e 13.058, de 22.12.2014)
A Guarda Compartilhada consiste em uma modalidade de guarda dos filhos menores de 18 anos não emancipados e também aos filhos que não possam exercer atos da vida civil, enquanto perdurar tal condição, que estabelece uma corresponsabilização igualitária e conjunta de ambos os pais nas decisões importantes acerca dos filhos comuns. 
Guarda Compartilhada
A legislação atual estabelece que 
“Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer o poder familiar, será aplicada a guarda, salvo se um dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor. ” 
Guarda Compartilhada
Na guarda compartilhada, um dos pais pode manter a guarda física do filho, enquanto ambos compartilham equitativamente sua guarda jurídica.
Na Guarda Compartilhada o que se compartilha não é a posse, mas sim, a responsabilidade pela educação, saúde, formação e bem-estar da criança. 
Na Guarda Compartilhada 
Não há a figura de um guardião único e o não guardião secundário e periférico; 
Não há divisões rígidas de papéis, mas sim, o compartilhamento das tarefas referentes à manutenção e cuidados com os filhos menores;
Nenhuma atitude poderá ser tomada sem o conhecimento e o consentimento do outro pai/mãe; 
Ambos se tornam cientes dos acontecimentos escolares, médicos e sociais dos filhos comuns, e têm períodos de convivência igualitários e não mais restritos e meras visitas periódicas, em horários rigidamente estipulados por sentenças judiciais.
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Guarda Compartilhada
“Este modelo, priorizando o melhor interesse dos filhos e a igualdade dos gêneros no exercício da parentalidade, é uma resposta mais eficaz à continuidade das relações da criança com seus dois pais na família dissociada, semelhantemente a uma família intacta. É um chamamento dos pais que vivem separados para exercerem conjuntamente a autoridade parental, como faziam na constância da união conjugal, ou de fato.” 
Grisard Filho (advogado) 
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Guarda Compartilhada
Ainda existe resistência nas Varas de Família em relação a esse tipo de guarda, havendo uma preferência pela guarda exclusiva, predominantemente para a mãe.
A manutenção da guarda materna como opção natural deriva da Teoria do Apego, John Bolwby (anos 1950), que afirmava que a mãe era
a figura central de apego da criança, e os demais, inclusive o pai, seriam secundários.
 
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Guarda Compartilhada
No entanto, estudos atuais apontam que a criança necessita de um cuidador, preferencialmente pai e mãe juntos, casados ou não; se não for possível, a mãe ou o pai, na ausência do outro; e não necessariamente a mãe, quando existe o pai.
Os cuidados parentais devem atender a três grandes áreas de necessidades da criança:
Necessidades de caráter biológicos – alimentação, higiene, sono, atividade física, integridade física e proteção frente a riscos reais.
Necessidades cognitivas – estimulação sensorial, exploração e compreensão da realidade física e social, aquisição de um sistema de valores e normas.
Necessidades emocionais e sociais relacionadas ao contexto: segurança emocional, identidade pessoal e autoestima, rede de relações sociais, atividades lúdicas, estabelecimento de limites de comportamento.
A questão da guarda dos filhos na dissolução do vínculo conjugal
Nos processos de divórcio podem surgir questões para se definir qual dos ex-cônjuges deterá a guarda de menores; do mesmo modo, podem surgir, em casos mais graves, disputas judiciais pela guarda em que aquele genitor que não detém a guarda pode requerê-la para si, denegrindo a imagem do outro.
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A questão da guarda dos filhos na dissolução do vínculo conjugal
Os advogados deveriam também estar aptos a reconhecer a necessidade de auxílio profissional especializado – psicólogo – quando o conflito emocional do casal ultrapassar os limites da atuação jurídica. 
O psicólogo, seja como perito ou assistente técnico, deverá estar presente na orientação técnica ao legislador, ou na assessoria aos advogados e clientes. 
A perícia psicológica torna-se necessária e admissível quando se reconhece a existência de razões que nem sempre estão claras para as pessoas envolvidas no litígio. 
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É preciso avaliar:
O nível de relação que há entre a criança e os pais, 
A existência, ou não, de diálogo honesto entre pais e filhos, 
A idade cronológica da criança em função de sua maturidade, 
A maneira como transcorre a separação,
A estrutura pessoal de cada indivíduo.
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É preciso considerar que o pedido de guarda exclusiva de um dos genitores revela a pretensão de tentar preencher sozinho a função de pai ou mãe, oriunda do ressentimento e desejo de retaliação contra o outro, desrespeitando-se a necessidade da criança de buscar afeto e segurança material em ambos os genitores. 
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Um bom critério para se avaliar a capacidade para o exercício da guarda é aquele que se prende ao respeito das relações afetivas estabelecidas entre a criança e ambos os pais. 
Tem melhores condições de exercer a guarda o genitor que incentiva e favorece o convívio do filho com o outro genitor, da forma mais ampla possível. 
A questão da competência parental deve ser muito bem analisada pelos psicólogos jurídicos, porque esse será o argumento-chave de acusações ofensivas recíprocas, no momento da disputa de guarda ou até mesmo na tentativa de se reivindicar a Guarda Compartilhada.
Psicologia e as Varas de Família
Paternidade e reconhecimento dos filhos, Pensão Alimentícia, Síndrome da Alienação Parental, Acusações de abuso sexual de crianças 
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Acusações de abuso sexual de crianças
Abuso Sexual de Crianças
Conceitua-se abuso sexual de criança como a exploração de uma criança pra a gratificação ou benefício de um adulto, podendo variar desde a exibição de genitais e afagos até o relacionamento sexual ou uso da criança para a produção de material pornográfico, envolvendo, portanto, uma ação criminosa caracterizada pela atividade sexual com menores.
Os abusadores, normalmente, utilizam-se de seis tipos de negação para não admitir a responsabilidade pelo abuso:
1) Negação primária de qualquer abuso. 
2) Negação da severidade dos fatos.
3) Negação do conhecimento do abuso.
4) Negação da natureza abusiva do abuso. 
5) Negação dos efeitos prejudiciais do abuso. 
6) Negação da responsabilidade.
Os abusadores, normalmente, utilizam-se de seis tipos de negação para não admitir a responsabilidade pelo abuso:
1) Negação primária de qualquer abuso. O abusador nega ter ocorrido qualquer abuso.
2) Negação da severidade dos fatos. Os abusadores descrevem atos menos graves do que aqueles que realmente aconteceram.
Os abusadores, normalmente, utilizam-se de seis tipos de negação para não admitir a responsabilidade pelo abuso:
3) Negação do conhecimento do abuso. Os abusadores dizem que o abuso aconteceu quando estavam bêbados ou quando estavam dormindo e negam ser responsáveis pelo que aconteceu.
4) Negação da natureza abusiva do abuso. Os abusadores argumentam que aquilo que fizeram não foi abuso, mas algo normal.
Os abusadores, normalmente, utilizam-se de seis tipos de negação para não admitir a responsabilidade pelo abuso:
5) Negação dos efeitos prejudiciais do abuso. Os abusadores afirmam que aquilo que fizeram não foi abuso, pois não machucou a criança.
6) Negação da responsabilidade. Os abusadores tornam as crianças responsáveis pelo abuso, dizendo que elas desencadearam o abuso pelo seu comportamento. 
Com fundamento nessas argumentações, o abusador real busca desacreditar a palavra da criança com afirmações como a de que elas fantasiam e mentem.
Relatar a Situação Repetidas Vezes - Reviver a Dor 
Um dos fatos que contribui para o descrédito da palavra das crianças é a necessidade de repetição da situação vivenciada perante diversos profissionais que atuam no caso, sendo que esta repetição às vezes se torna mais grave do que o próprio abuso, pois faz com que a vítima tenha que reviver a situação dezenas de vezes, perante pessoas diversas.
Ameaças para Silenciar-se
Em muitos casos, o abusador passa a cobrar o silêncio e a cumplicidade da vítima, colocando em suas mãos a manutenção da estrutura da família e a sua própria liberdade.
Muitas vezes, a vítima se sujeita em virtude da ameaça do abusador.
Ex. Ele passará a manter relações incestuosas com as outras filhas menores, o que inibe a denúncia.
Abusador se Passa como Bom e Honesto
Não são raros os casos em que o agressor é alguém que a vítima quer bem, que todos querem bem, que a mãe e a família amam e respeitam, pois geralmente é um homem tido como honesto e trabalhador, sustenta a família, é benquisto e respeitado na sociedade.
Dificuldade de Denúncia
 
Em diversas situações, a denúncia é muito difícil, pois o crime não é praticado com uso de violência e, quando a vítima se dá conta de que se trata de uma prática erótica, simplesmente o crime já se consumou.
Dificuldade de Denúncia
Quando o crime é denunciado, o Juiz pede provas e testemunhas...
Porém, na maioria dos casos, não se tem sequer vestígios do crime, o que justifica o grande percentual de acusados que não são condenados.
Contexto Hostil durante Depoimento
A pressão psicológica do contexto do depoimento policial ou judicial também são fatores que influenciam os relatos infantis de abuso sexual e, às vezes, ao ser interrogada por pessoas influentes ou por autoridades, a criança dá a primeira resposta que lhe vem à cabeça, seja realidade ou ficção, apenas para dar uma resposta e esta atitude colide com a eficácia de seu testemunho. 
Ocorrem então alterações em seu desenvolvimento:
Na área afetiva:
Depressão infantil, 
Angústia, 
Sentimento de culpa, 
Rigidez e inflexibilidade, 
Insegurança, 
Medos e fobias, 
Choro compulsivo sem motivo aparente.
Ocorrem então alterações em seu desenvolvimento:
Na área interpessoal:
Dificuldade em fazer amigos e confiar nas pessoas, 
Apego ao genitor acusador, 
Dificuldades em relacionar-se com pessoas mais velhas. 
Ocorrem então alterações em seu desenvolvimento:
Na área corporal e sexual:
Vergonha de seu corpo ou de certas partes do corpo,
Recusar-se a tomar banho com outras crianças ou colegas, 
Recusa em colaborar em exames médicos ou ginecológicos.
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Quando
a acusação é falsa... Também tem sofrimento
No caso de uma falsa alegação de abuso sexual, o que era fantasia passa a ser realidade, exacerbando os sentimentos de culpa e traição, pois a criança sentir-se-á culpada não apenas pela interferência na relação pai-mãe, como também pela falsa acusação, ainda mais se essa acusação foi fruto de um pacto de lealdade com o outro genitor.
Quando a acusação é falsa... Também tem sofrimento
A criança pode sentir-se perseguida pelo receio de que sua mentira seja descoberta, e a situação de abuso que não viveu pode fazer parte de sua vida, tornando sua falta permanente e repetitiva, como para convencer a si mesma e aos outros da necessidade de que acreditem nela.
Situação sem saída
Ao mesmo tempo em que a criança tenta se desfazer das falsas acusações, nega-las significa trair o genitor acusador, com o qual tem, muitas vezes, uma relação de dependência. 
Entrevista – cuidado com perguntas diretivas
Entrevistas com a criança, em caso de suspeita da ocorrência de abuso sexual, devem ser conduzidas em particular, sendo que as perguntas devem ser formuladas com muito cuidado para que não sejam indutoras de respostas, que poderiam contaminar as informações que a criança quer dar, deturpando o sentido de suas verbalizações. 
Alguns aspectos que podem contribuir para identificação se o abuso sexual é verdadeiro ou não:
Uma situação de litígio judicial entre os pais, especialmente iniciada antes da acusação de abuso, com complicações e graves divergências referentes à regulamentação de visitas, pensões alimentícias, sendo que o genitor acusador utiliza vários recursos para afastar o outro genitor da vida da criança, e então, repentinamente a acusação de abuso sexual vem como último recurso de quem tem interesse em dar a cartada final para afastar definitivamente o acusado do convívio com a criança. 
Neste caso há pelo menos indícios de a acusação ser falsa, requerendo acurado cuidado nas análises.
Alguns aspectos que podem contribuir para identificação se o abuso sexual é verdadeiro ou não:
Na acusação real, a vítima quer esquecer o ocorrido e as falhas de memória se referem ao choque emocional e trauma.
Na acusação falsa, a ‘vítima’ acredita que, quanto mais denunciar, estará contribuindo para a punição do suposto agressor e, neste caso, as falhas de memória se referem às mentiras, fantasias e contradições e ênfases exageradas e desnecessárias em aspectos do relato, para obter o endosso de profissionais para legitimar o afastamento.  
Alguns aspectos que podem contribuir para identificação se o abuso sexual é verdadeiro ou não:
A criança verdadeiramente abusada sabe o que ocorreu, não precisa de nenhum estímulo para lembrar os fatos e, se houver outras crianças envolvidas, os relatos apresentam credibilidade, coletiva ou individualmente.
A criança falsamente abusada apresenta relatos inconsistentes e, no caso de serem várias crianças envolvidas, frequentemente os relatos são contraditórios entre si.
Alguns aspectos que podem contribuir para identificação se o abuso sexual é verdadeiro ou não:
Quando há abuso real, os pais das crianças vítimas não desejam acreditar que seus filhos foram feridos e preferem estar enganados em suas suspeitas e percepções, mesmo quando possuem dados concretos, e ficam aliviados quando há comprovação de que seus filhos não foram atingidos.
 
No abuso falso, em que há acometimento de SAP, tanto os pais quanto as próprias crianças ficam obcecadas pela busca da oportunidade de falar do abuso com terceiros, têm certeza do ocorrido e os pais ficam decepcionados quanto constatam que as crianças não foram atingidas, indo, inclusive, buscar outros profissionais quanto necessários para que ‘atestem’ suas alegações.
Dentre as falhas apontada nas avaliações psicológicas de abuso sexual vale destacar:
Concentrar-se exclusivamente no relato ou sintomas da criança, descontextualizando a acusação dentro do litígio dos pais, inclusive por aspectos não ligados diretamente à criança como, por exemplo, partilha de bens, mas também pelas diversas divergências quanto às visitas e ou guarda. 
O psicólogo deve fazer uma cronologia dos fatos, e incluir dados processuais.
Dentre as falhas apontada nas avaliações psicológicas de abuso sexual vale destacar:
A criança deve ser ouvida e observada, mas sem embasar o diagnóstico exclusivamente nessas informações.
O psicólogo deve realizar um diagnóstico diferencial:
abuso x não abuso, e patologias psiquiátricas.
Conseguir identificar sinais de que a criança esteja sendo influenciada por alguém.
Reconhecer se há um genitor alienador.
Quais os ganhos que o alienador teria com a acusação?
Qual a relação entre a criança e cada um dos seus pais?
Dentre as falhas apontada nas avaliações psicológicas de abuso sexual vale destacar:
Se não é do depoimento da criança, nem das sessões lúdicas que se extrai a verdade, o melhor caminho é o exame do acusado. 
Se ele tiver traços de pedofilia, ele apresentará, na maioria das vezes, desde a infância, condutas peculiares e suas anormalidades. 
Se ele for inocente, quando diante da denúncia partirá para o ataque, se mostrará ansioso, revoltado, inconformado.
Se for culpado, tentará se esquivar, imputando ao outro a culpa pelo fato, e falará o mínimo possível sobre o tema.
Dentre as falhas apontada nas avaliações psicológicas de abuso sexual vale destacar:
Também será necessário conhecer antecedentes pessoais e familiares, realizar exames complementares, e entrevistar pessoas que possam fornecer informações acerca da vida do acusado.
Direito do Trabalho e Psicologia Jurídica
Psicologia Jurídica 1.2017
Doenças que acometem trabalhadores
Existe alta prevalência de Transtornos Mentais e Comportamentais relacionados ao Trabalho (TMC&T).
Incidência estimada:
Transtornos mentais menores (ex. depressão, de leve a moderada)
30% da população mundial trabalhadora
Psicopatologias graves (depressão grave e transtornos psicóticos)
Entre 5% a 10% 
Burnout é apontado como uma das doenças ocupacionais mais importantes do mundo contemporâneo.
Organização Mundial da Saúde
124
Síndrome de Burnout
Sua principal característica é o estado de tensão emocional e estresse crônicos provocado por condições de trabalho físicas, emocionais e psicológicas desgastantes. 
É um estado que se desenvolve gradualmente com altos níveis de estresse e, neste caso, a pessoa toma muitas obrigações, perdendo perspectivas de suas limitações e como surgem mais complicações, tenta ser mais produtiva, esperando o eventual reconhecimento da sociedade.
Caráter depressivo, precedido de esgotamento físico e mental intenso.
125
Fatores que contribuem para o desenvolvimento da Síndrome
Insatisfação e incapacidade de satisfazer suas necessidades. 
Contato reiterado com pessoas problemáticas ou aborrecidas.
Recepção estendida de reclamações de clientes ou de terceiros.
Alto nível de responsabilidade.
Preocupações sobre decisões críticas.
Longas horas de trabalho.
Trabalho muito exigente ou muito monótono.
Condições de trabalho inadequadas – ruídos, áreas insalubres etc.
Consequências da Síndrome de Burnout:
Irritabiliade*.
Fadiga crônica.
Ineficiência.
Deterioração no desempenho.
Falta de motivação.
Negação de certos fatos.
Vício como, por exemplo, o alcoolismo.
Alterações do sono.
Doenças frequentes em decorrência de baixo nível de defesa do organismo.
Dores musculares, etc.
127
Danos Morais
Decorrem de lesão a interesses não patrimoniais, tais como vida, integridade corporal, psíquica, personalidade, liberdade, honra, intimidade, afetos, provocadas por evento lesivo.
Dentre os danos psicológicos passíveis de gerarem indenização trabalhista se destacam, por exemplo: depressão, burnout e alcoolismo e/ou de sofrimentos e desesperança, como comportamentos suicidas. 
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Direito a Indenização por Danos Morais
Os fundamentos legais que amparam o direito à indenização por dano moral são os artigos 5º, incisos V e X, da
Constituição Federal de 1988 e os artigos 186, 187 e 927 do Código Civil de 2002.
Em caso de o sofrimento ser apontado como TMC&T, poderá ser solicitada uma perícia psicológica.
Objetivo: constatar ou não o nexo entre o dano sofrido e a ocupação. 
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Alguns pontos relevantes para o psicólogo na elaboração do laudo de nexos causais de TMC&T
Realização de entrevista semiestruturada com o trabalhador, com um roteiro flexível de coleta minuciosa da história de vida, clínica e ocupacional, condições de vida e de trabalho e situação atual de trabalho.
 Utilização de checklist relativo à história clínica, além de os trabalhadores poderem consignar livremente as queixas.
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Alguns pontos relevantes para o psicólogo na elaboração do laudo de nexos causais de TMC&T
Com relação às condições de vida, investigar aspectos atinentes à família e suas interações, ao uso de drogas, às condições de moradia, alimentação e trajeto para o trabalho.
 Sobre o espaço de trabalho, atentar para a necessidade de observar características do ambiente e equipamentos de trabalho, dando enfoque à sua organização, além das condições físicas, químicas e biológicas do referido espaço de trabalho.
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Alguns pontos relevantes para o psicólogo na elaboração do laudo de nexos causais de TMC&T
Em relação ao posto de trabalho, atentar para a importância de examinar móveis, equipamentos, instrumentos, materiais etc.
 No que diz respeito à organização do trabalho, é necessário verificar horário de trabalho, turnos, escalas, pausas, horas-extra, ritmo, políticas de pessoal, tipo de vínculo, treinamento recebido etc.
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Alguns pontos relevantes para o psicólogo na elaboração do laudo de nexos causais de TMC&T
Necessidade de conhecer os locais de trabalho e realizar estudos ergonômicos, investigando suas efetivas atribuições no trabalho para entender como os profissionais executam suas atividades.
Conhecer a história do trabalhador e como ele se percebe neste trabalho, além da busca eventual de informações de exames médicos e psicológicos e da relação de pertencimento do trabalhador a alguma associação.
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Alguns pontos relevantes para o psicólogo na elaboração do laudo de nexos causais de TMC&T
Determinar associações entre o estado atual do trabalhador (afetos, características, habilidades e aptidões modificadas) e o evento lesivo, ou seja, as condições de trabalho.
Caracterizar a existência de TMC prévios por meio da história pregressa (diagnóstico longitudinal).
134
Alguns pontos relevantes para o psicólogo na elaboração do laudo de nexos causais de TMC&T
Identificar o dano por meio da CID, de forma clara e objetiva.
 Atestar a transitoriedade ou permanência dos transtornos psicológicos diagnosticados, referindo quais as possibilidades desses transtornos passarem a ser crônicos ou permanentes. 
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Alguns pontos relevantes para o psicólogo na elaboração do laudo de nexos causais de TMC&T
 Identificar os mediadores que permitam compreender concretamente como se dá a passagem entre a experiência vivida pelos sujeitos e o seu adoecimento. 
 É recomendável que essa tarefa de estabelecer nexos entre os transtornos mentais e o trabalho deve, preferencialmente, ser conduzida por uma equipe multiprofissional composta por médicos, psicólogos e ergonomistas, entre outros.
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Conhecimento Necessário
Avaliação psicológica,
Psicodiagnóstico,
Psicopatologia.
Deve estar ciente da possibilidade de haver distorções conscientes e intencionais dos fatos por parte dos participantes, devendo o perito procurar diferentes fontes de dados para sua avaliação.
Portanto, os peritos devem fazer uso de testes psicológicos que auxiliam a rastrear exagero.
137
Assédio Moral no Trabalho
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Assédio Moral no Trabalho 
É um tipo de violência psicológica, caracterizado pela intencionalidade de prejudicar, pela repetição de comportamentos hostis e pela duração ao longo de um determinado tempo entre pessoas que trabalham em um mesmo contexto.
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Comportamentos Hostis do Assediador
Deterioração proposital das condições de trabalho – privar o acesso aos instrumentos de trabalho (telefone, comutador etc.), não transmitir informações necessárias para a realização de tarefas, atribuir serviços inferiores ou superiores às competências dos trabalhadores, ou incompatíveis com sua saúde e induzir ao erro.
Isolamento e recusa de comunicação –ignorar a vítima, separá-la dos outros e recusar todo tipo de contato com ela.
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Comportamentos Hostis do Assediador
Atentado contra a dignidade – insinuações padra desqualificar a vítima, espalhar rumores, fazer gestos de desprezo, desacreditá-la diante dos demais, zombar de suas qualidades físicas, origens ou nacionalidade, criticar sua vida privada etc.
Violência verbal, física e sexual – ameaças de violência física ou mesmo se agride a vítima fisicamente, fala-se com ela aos gritos, invade-se a sua privacidade, assedia-se sexualmente, e não se leva em conta seus problemas de saúde etc. 
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As vítimas
Não são, necessariamente, pessoas doentes ou frágeis.
Muitas delas tornam-se alvo do assédio justamente por não se deixarem dominar por seus superiores, tendo como característica o questionamento das ordens. 
Assédio Moral no Trabalho e Questões Legais 
 O fenômeno do assédio moral tornou-se um tema de grande interesse jurídico, em razão dos grandes transtornos que tem provocado na atual organização do trabalho. 
143
Assédio Moral no Trabalho e Questões Legais
Não há no ordenamento jurídico brasileiro uma legislação específica sobre assédio moral.
Tem-se utilizado a Constituição Federal e a Consolidação das Leis Trabalhistas como fundamento da reparação dos danos causados por esse tipo de assédio. 
144
Assédio Moral no Trabalho e Indenizações 
O assédio moral constitui grave violação do dever contratual do empregador - o empregado vítima de tal prática poderá buscar indenizações pelos danos sofridos. 
Dificuldades de apresentar Provas
Invisibilidade e sutileza do fenômeno.
Difícil conseguir testemunhas.  
146
Violência contra a Mulher
Texto trabalhado em sala de aula sobre Violência contra Mulher

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