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Resenha do texto Tania Fiser administração pública

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“Administração Pública como área de conhecimento e ensino: a trajetória brasileira”, Tânia Fisher. – Roberta Rocha Bastianini 
O texto da autora Tânia Fisher: “Administração pública como área de conhecimento e ensino: a trajetória brasileira”, explica a formação histórica do campo da administração pública no Brasil. Ela procura fazer uma abordagem do panorama da administração pública como área de conhecimento e disciplina, explorando os conceitos de paradigmas e racionalidades envolvidos e também fazer uma breve retrospectiva histórica do ensino de administração pública no Brasil dentro dos princípios do desenvolvimentismo e das tentativas de reformas verificadas ao longo dos anos. 
A administração pública brasileira é questionada devido a sua semelhança de identidade com a administração de empresas. Em 1872 (Primeira República), um dos pioneiros a discutir a administração estatal no Brasil foi o autor José Soares de Souza -Visconde do Uruguai - que escreveu o livro: “Ensaio sobre o direito administrativo”, onde ele aborda as condições de centralização e responsabilidade da empresa pública, dando ênfase ao problema de competência brasileiro. Porém, como área de conhecimento e ação, a administração pública brasileira evoluiu cumulativamente e até certo ponto desordenadamente ao longo do século XIX. Até o final da Primeira República a administração pública no Brasil tinha um cunho patrimonialista e o administrador público era considerado como um mero executor de políticas dentro de princípios de eficiência, esses princípios eram considerados não apenas como o fim do sistema, mas também como medidas de eficácia do mesmo. 
À partir dos anos de 1930 (Segunda República) e da Primeira Grande Guerra, o aparato estatal ganhou força e se consolidou, gerando mudanças no conceito ad ministrador, pois já fora percebido como formulador de políticas, desse modo, os campos teóricos uniram à administração pública (elaboradora de políticas) com a teoria da mudança e a análise de custo benefício. Em 1936 é promulgada a Lei nº284 que previa normas de administração para a eleição de cargos por meio de um sistema de classificação, ou seja, a criação de concursos estatais que garantam a meritocracia na administração pública, pois esse é o instrumento principal da organização estatal e do aparato administrativo. Em 1938 foi cria-se o órgão do governo federal Dasp (Departamento Administrativo do Serviço público), responsável pela administração do racionalização do sistema administrativo estatal e fiscalização do serviço público e dos funcionários responsáveis pela administração da máquina pública. Nesse contexto a administração pública teve um enfoque teórico mecanicista e estabeleceu relações estreitas entre a organização pública e a privada. Todavia, a “dificuldade de percepção das falhas de modelo” (FISHER, p.281, 1986) a presença do autoritarismo e a centralização do poder resultaram no fechamento do mesmo. Em 1945 o DASP é reorganizado, porém as atividades de pessoal não são mais da sua competência. 
O final da década de 1940 e início de 1950 foi marcado pelo projeto desenvolvimentista e contou com o apoio financeiro e técnico norte-americano. Tal projeto pretendia acelerar o processo de industrialização brasileira, a fim de criar uma cooperação-mútua entre os países e acordos bilaterais. Os princípios desenvolvimentistas eram vinculados pelas missões militares, por programas de colaboração técnica entre os países. Em 1961 a empresa norte-americana responsável pela regulamentação da assistência técnica era a Foreign Assistance Act, seus objetivos consistiam em 1) aperfeiçoar o nível educacional, tecnológico e profissional; 2) aperfeiçoar e expandir as estruturas e práticas institucionais; 3) Avaliar recursos materiais e humanos; 4) formular planos para o desenvolvimento; 5) criar uma infraestrutura que permita o desenvolvimento econômico do país no âmbito administrativo do Estado. (FISHER, p.282, 1984.) Logo no final da década de 1960 e no início de 1970 emerge um novo conceito de administração pública, tendo como objetivo a responsabilidade social das organizações públicas, a fim de promover a equidade social e melhores níveis de qualidade de vida aos cidadãos. Consequentemente a nova administração pública promove uma mudança na concepção de gestão dos negócios públicos até o seu estágio de integração e diferenciação. O ciclo reformista brasileiro insere a modernização administrativa no Plano Nacional de Desenvolvimento. Em fevereiro de 1967 institui-se o Decreto-lei nº200 (Lei Básica de Reforma Administrativa) e entra em vigor interferindo diretamente na administração federal.
 O SEMOR (Secretária de Modernização e Reforma Administrativa) fica centralmente responsável pela execução da reforma, atuando através do ERA (Escritório da Reforma Administrativa), contando com a participação ativa do EPAP (Escola Brasileira de Administração Pública), do ISP (Instituto de Segurança Pública) e da FDRH (Fundação para o Desenvolvimento de Recursos Humanos) apenas nos estados sediados. Porém com ações em diferentes estancias (nacionalmente e regionalmente) afim de difundir os processos e princípios reformadores. Desse modo, fica previsto no Art.4º da LEI 200 de 1967, que a administração federal compreende-se de duas maneiras, pela administração direta e se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da Presidência e dos Ministérios; e pela administração indireta, que compreende as seguintes categorias de entidades, dotadas de personalidades jurídica própria: autarquias; empresas públicas; sociedades de economia Mista e fundações públicas. Ou seja, tais entidades estabelecem suas próprias normas administrativas e gerenciam seus recursos e pessoal autonomamente, mas seguindo a jurisdição nacional. 
Portanto, de acordo com a analogia freiriana, feita pela autora, não é possível separar a teoria da pratica e a ação da reflexão. Nesse sentido, a experiência da administração pública e seu paradigma racional não leva em conta os limites impostos pela realidade histórica, onde os processos educacionais formais e não formais e a consolidação do senso de comunidade dos indivíduos e o ambiente social multicêntrico caracterizam os padrões propriamente brasileiros. Todavia a formação de administradores públicos é necessária para que as problemáticas envoltas no conteúdo do sistema brasileiro sejam pensadas e reinventadas afim de reconstruir novas formas de aprender conceitos administrativos que façam justiça.

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