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EXCELENTÍSSIMO MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL Nome, nacionalidade, estado civil, Deputado Federal, portador do documento de identidade nº xxxx, inscrito no CPF nº xxxx, com endereço à xxxx, por seu advogado que assina in fine, conforme procuração anexa, com endereço no rodapé, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, nos termos do art. 5º, LXIX, da CRFB/1988 e da Lei 12.016/2009, impetrar MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO LIMINAR contra ato coator praticado pelo PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, vinculado à CÂMARA DOS DEPUTADOS, com sede à xxxx, pelas razões de fato e de direito a seguir alinhadas. I – DOS FATOS O impetrante, Deputado Federal, se deparou com uma situação teratológica que feriu gravemente o seu direito, como parlamentar de ter um processo legislativo legal, plural e justo. Ocorre que o projeto de lei submetido a Plenário não atende os requisitos formais necessários, uma vez que não foram observados os procedimentos legais previstos no art. 59 da CRFB/1988 no que tange às leis ordinárias. Diante de tal desrespeito ao texto constitucional é que se configura o direito do deputado a um processo legislativo dentro dos parâmetros constitucionais, justo, plural e acima de tudo, não viciado, para que haja proteção ao Estado brasileiro e à democracia como um todo. II – DA LEGITIMIDADE ATIVA O deputado federal, como deflagrador do processo legislativo e como parte ativa da arte legiferante, é o legitimado ativo para a propositura da presente peça mandamental, uma vez que é o seu direito a um processo justo, legal, constitucional, que obedeça à lei maior e aos regimentos internos da Câmara de Deputados e do Senado Federal, que estão sendo violados. Ainda que representante do povo, é ele, o deputado federal – quando a lesão vier de processo viciado na Câmara dos Deputados –, quem é parte ativa no processo de elaboração e votação das leis; é a pessoa a quem outorgamos tal prerrogativa e, por isso, em nome próprio tem o direito de recorrer ao mandamus quando aquela casa de leis fere o seu direito a um processo legislativo justo e constitucionalmente coadunado. III – DA LEGITIMIDADE PASSIVA Bom afirmar que “apesar de conhecida a controvérsia”, os arts. 6º e 7º, I e II, da Lei 12.016/1999, pacificou o tema, sendo importante elencar não só a autoridade coatora, mas também a pessoa jurídica à qual ele se vincula, uma vez que suportará os efeitos do ato ou inércia. Assim, como o projeto de lei foi submetido a Plenário e não foi observada a sua inconstitucionalidade, não restam dúvidas sobre a legitimidade passiva ser da própria Câmara dos Deputados e do Presidente Câmara dos Deputados. IV – DO DIREITO LÍQUIDO E CERTO A Constituição Federal de 1988 em seu art. 5º, inciso LXIX prevê o cabimento do mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública. Consoante a Lei 12.016/09, o mandado de segurança tem como finalidade combater a ilegalidade ou abuso de poder perpetrado por uma autoridade pública ou no exercício de funções públicas, dada a cominação da inafastabilidade do Poder Judiciário em tais casos e seu prazo para impetração é de 120 (cento e vinte) dias contados da ilegalidade praticada. Conforme o art.6º da lei supramencionada, o direito líquido e certo é o direito que pode ser comprovado de plano, ou seja, é documentalmente exposto já na petição inicial. Significa que não cabe dilação probatória em sede de mandado de segurança, dada a celeridade própria do rito do mandamus: Art. 6º A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual, será apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições. Na presente ação direito líquido e certo se configura, como a documentação anexa, pelo direito constitucional do parlamentar de ter um processo legislativo que respeite a ordem democrática e a Constituição acima de qualquer coisa. O processo legislativo de leis ordinárias significa a soma de etapas e procedimentos que culminarão na produção de normas. São consideradas primárias as espécies normativas previstas no art. 59 da CRFB/88: Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: I - emendas à Constituição; II - leis complementares; III - leis ordinárias; IV - leis delegadas; V - medidas provisórias; VI - decretos legislativos; VII - resoluções. Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis. Vale destacar que o processo legislativo ordinário será utilizado para a elaboração de leis ordinárias e contará com as seguintes fases: iniciativa (é a faculdade que se atribui a alguém ou a algum órgão de apresentar projeto de lei ao Poder Legislativo e marca o início do processo legislativo ordinário), constitutiva (abrange desde as discussões, deliberações legislativas até a sanção ou veto do Presidente da República) e complementar (abrange a fase de publicação da lei ordinária que será o ato determinante no ingresso da norma no ordenamento jurídico). No tocante à tramitação do processo legislativo ordinário, os arts. 59 a 61 da CRFB/88 determinam que Câmara dos Deputados normalmente fará o papel de Casa iniciadora no processo legislativo e o Senado exercerá o papel de Casa revisora. Porém, caso o Senado atue como Casa iniciadora, essa ordem se inverterá. Após essa fase de apresentação, o projeto de lei ordinária será apreciado pela Mesa da Casa legislativa, lido em Plenário, receberá um número de ordem e será publicado no Diário Oficial. Assim, caberá ao Presidente da casa legislativa, nesse momento, fazer a análise de admissibilidade do projeto, sob as perspectivas: competência da Casa para análise da proposição; aspecto formal do projeto de lei ordinária; atendimento do regimento da Casa; análise da constitucionalidade do projeto. Caberá, também, ao Presidente da Casa definir o regime de tramitação do projeto: se tradicional ou terminativo. No regime tradicional, o projeto de lei ordinária estará sujeito à deliberação em plenário, ao passo que no regime terminativo ele será apreciado apenas no seio das comissões. Relevante destacar que caberá sempre à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC) analisar a constitucionalidade dos projetos de lei em tramitação. Poderão ser apresentadas “emendas” ao projeto de lei, que podem adicionar, retirar, fundir conteúdos de outra(s) emenda(s), modificar, substituir ou alterar a redação do projeto de lei original. Sobre as emendas, importante ressaltar que a sua deliberação é feita em blocos, ficando restrito o trabalho da Casa iniciadora ao conteúdo das emendas e não à revisitação do projeto de lei ordinária como um todo. Rejeitadas as emendas pela Casa iniciadora, o projeto seguirá para autógrafo (formalização) e, após, para sanção ou veto do Presidente da República sem as emendas. Se aprovadas as emendas, elas serão incorporadas ao projeto e seguirão o mesmo caminho. Ainda são vedadas subemendas ou “emendas das emendas”. V – DO PEDIDO LIMINAR O art. 7º, inciso III, da Lei 12.016/2009, dispõe que a liminar será concedida, suspendendo-se o ato que deu motivo ao pedido, quando for relevante o fundamento do pedido e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida. Assim sendo, a plausibilidade do direito invocado reside no binômio de expressão latina, fumus boni iuris e periculum in mora. Diante de todos os fatos e fundamentos apresentados até o presente momento, o fumus boni iuris está mais que configurado, quando da possibilidade real de votação e aprovação de uma lei formalmente inconstitucional. O periculum in mora se dá na medida em que com o decorrer do prazo para votação do aludido projeto de lei complementar poderá ser votado um projeto de lei que se encontra eivado de inconstitucionalidade formal, levando à frente este processo legislativo viciado. VI – DO PEDIDO Ante o exposto, requer: a) seja concedida liminarmente a segurança perseguida, com a expedição de ofício à autoridade coatora determinando que se suspenda o ato lesivo e cumpra as determinações legais nos moldes do art. 9º da Lei 12.016/2009, assegurando ao impetrante a nulidade do presente processo legislativo; b) seja notificada a autoridade coatora para, ora Presidente da Câmara dos Deputados, para em recebendo cópia da petição e dos documentos anexados, prestar informações, no prazo de dez dias, na forma do art. 7º, I, da Lei 12.016/2009; c) que, por obediência ao art. 7º, II, da Lei 12.016/2009, se dê ciência ao órgão à qual se vincula a autoridade coatora, ora a CÂMARA DOS DEPUTADOS para, querendo, prestar informações; d) a intimação do ilustre representante do Ministério Público, para que opine e se manifeste nos atos e termos do presente mandamus; e) a concessão da segurança em caráter definitivo, para fins de invalidar o ato coator atacado, reconhecendo sua ilegalidade/abuso de poder e assim protegendo o direito invocado; f) Diante da inconstitucionalidade da medida, seja concedida a ordem no mérito para declarar a nulidade do processo legislativo após a votação e declarar o projeto de lei complementar não aprovado, exigindo-se, assim, o seu arquivamento; g) A condenação do impetrado nas custas processuais. Dá-se a presente causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais). Nesses termos, pede deferimento. Brasília, 05 de junho de 2017. Adv xxxx/ OAB xxxx Rol de documentos: - Procuração ad judicia et extra; - RG; - CPF; - Comprovante de renda; - Projeto de lei
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