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Poderes do Juiz - Impedimento e Suspeição

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Dos poderes, dos deveres e da responsabilidade do juiz�
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:
I - assegurar às partes igualdade de tratamento;
O Inciso I, decorrência natural do princípio constitucional da isonomia, prevê que o juiz deva assegurar que, ao longo de todo o procedimento, as partes sejam tratadas com igualdade. A norma, evidentemente, se dirige à conduta do próprio juiz, mas não só a ela. Quanto ao juiz, exige equidistância das partes e de seus interesses expostos no processo. A imparcialidade, comportamento que exterioriza a equidistância, é conduta que se deve exigir do magistrado, em contrapartida às garantias que a Constituição Federal a ele confere expressamente e que tem o potencial de torná-lo imune a todo o tipo de influência que possa desviá-lo dessa linha de conduta: vitaliciedade, irredutibilidade de vencimentos e inamovibilidade. Trata-se de garantias do juiz que são, em última análise, garantias da sociedade.
Mas esse inciso também quer dizer que o juiz deve evitar e reprimir qualquer desvio de conduta de todo o aparelho judiciário envolvido no processo e de seus auxiliares. Assegurar, portanto, tanto significa manter tratamento igualitário, quanto garantir que as partes sejam igualmente tratadas por outros partícipes do processo.
II - velar pela duração razoável do processo;
Do mesmo modo se dá com o inciso II, que diz caber ao juiz “velar pela razoável duração do processo”. Às partes, o CPC assegura, no art. 4º, o direito à obtenção da solução do mérito, em sua totalidade, incluída a atividade satisfativa, em prazo razoável. Trata-se de explicitações da garantia constitucional da razoável duração do processo. O juiz deve cumprir o mandamento constitucional e, para tanto, deverá envidar todos os seus esforços. Mais uma vez, não se trata apenas da conduta pessoal do magistrado diante das partes e de todos os envolvidos no processo, mas da utilização de mecanismos de observação e de gestão que lhe permitam conduzir eficazmente o procedimento, de modo que a razoável duração do processo seja alcançada, assim como de reprimir quaisquer atitudes procrastinatórias, inclusive aquelas que tenham como autores as próprias partes, terceiros, seus representantes ou o Ministério Público, quando atuar como fiscal da lei.
III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e indeferir postulações meramente protelatórias;
Assegurar às partes igualdade de tratamento, velar pela duração razoável, prevenir ou reprimir atos contrários à dignidade da justiça e indeferir postulações meramente protelatórios são deveres tradicionais do juiz. Ao determinar que ao juiz compete prevenir ou reprimir qualquer espécie de ato que seja ofensivo à dignidade da justiça, o inciso III do art. 139 do NCPC deixa em aberto uma série de condutas possíveis que devem ser afastadas pelo diretor do processo. Na parte final desse inciso, todavia, o legislador reforça a conduta que se espera do juiz, no sentido de prestigiar a regra da razoável duração do processo, dizendo incumbir-lhe o indeferimento de requerimentos tão só protelatórios. Esses dois incisos são absolutamente harmônicos com as regras que tratam dos deveres das partes, dos procuradores e de todos quantos tenham qualquer tipo de participação no processo. Esses deveres são previstos fundamentalmente no art. 77 do NCPC. Esse artigo, após enumerar todos os deveres, prevê que a violação dos deveres de cumprir com exatidão as decisões judiciais e não criar empecilhos à sua efetivação e de não inovar ilegalmente no estado de fato do bem ou no direito sob litígio, constitui ato atentatório à dignidade da justiça, sujeitando a parte à advertência e, subsequentemente, à multa, em valor que pode chegar a vinte por cento do valor da causa, ou, se se tratar de causa de valor irrisório ou inestimável, de até dez vezes o valor do salário mínimo.
IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária;
Determinar medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial são expressões que, parece, abrangem qualquer ato juridicamente possível; da referencia às ações que tenham por objeto prestação pecuniária decorre que o juiz pode aplicar astreintes mesmo em se tratando de obrigação de pagamento de quantia em dinheiro.
No inciso IV, o legislador trouxe uma expressiva novidade, dentre as incumbências do juiz. Trata-se da possibilidade de que o magistrado determine medidas voltadas a assegurar que a ordem judicial seja efetivamente cumprida, inclusive nas ações que envolvam pagamento em dinheiro. É como se o legislador dissesse que ações condenatórias e ações executivas lato sensu passariam a receber o mesmo tratamento. 
Há uma reflexão necessária: o legislador disciplinou separadamente as formas de cumprimento das obrigações de pagar quantia, de fazer, não fazer e entregar coisa. À primeira destinou o procedimento do cumprimento de sentença: para as demais modalidades de obrigações, disciplinou as formas de tutela específica ou substitutiva, típicas das ações executivas lato sensu, nos mesmos termos do que o CPC/73 fez com o art. 461 e com o art. 461-A. Então, se há disciplina específica para a prestação da tutela jurisdicional em cada conjunto de espécies de obrigações, é necessário que se interprete este dispositivo (inciso IV do art. 139) com grande cuidado, sob pena de, se se entender que em todos os tipos de obrigações, inclusive na de pagar quantia em dinheiro, pode o juiz lançar mão de medidas típicas das ações executivas lato sensu, ocorrer completa desconfiguração do sistema engendrado pelo próprio legislador para as ações de natureza condenatória. A resistência ao cumprimento de ordens judiciais é um fenômeno cultural muito comum e, de certo modo, ligado à indisciplina que, em alguma medida, caracteriza o povo latino e, muito especialmente, o povo brasileiro. Resistimos às ordens. A regra do art. 461 do CPC/73 representou uma quebra de paradigma bastante expressiva, ao autorizar o juiz a determinar medidas que este inciso agora repete e reforça, isto é, medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias, que devem ser aplicáveis às obrigações de fazer, não fazer e entregar coisa.
V - promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliadores e mediadores judiciais;
O Código não se contenta com impor ao juiz o dever de promover, a qualquer tempo, a autocomposição, acrescentando que deve fazê-lo preferencialmente com o auxílio de conciliadores e mediadores judiciais.
O inciso V diz incumbir ao juiz procurar obter a autocomposição dos interesses em conflito, isto é, deve o juiz promover a aproximação das partes, por meio de conciliadores e mediadores judiciais, a fim de que cheguem a bom termo e ponham fim ao litígio. É interessante observar que o dispositivo prevê que “preferencialmente” deve o juiz contar com o auxílio de profissionais habilitados à conciliação ou à mediação. Isso significa que também pode o próprio magistrado promover essa aproximação das partes. Há, todavia, limites a essa atividade quando exercida pelo próprio magistrado.
A busca de solução através dos métodos de autocomposição dos interesses em litígio deve ser, portanto, incentivada pelo magistrado, inclusive mediante a instituição de programas como, por exemplo, os “mutirões de acordos” ou as “semanas da conciliação”. O parágrafo único do art. 221 dispõe que haverá a suspensão dos prazos nos processos submetidos a programas destinados à promoção da autocomposição.
VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito;
Constitui novidade do Código o poder do juiz de  alterar a ordem de produção dos meios deprova e o de dilatar os prazos processuais, mas somente antes de encerrados (parágrafo 1o); do contrário, estaria a afastar preclusão já consumada, em detrimento da parte por ela favorecida.
Prazo extinto pode ser reaberto por justo motivo, nos termos do artigo 223, em que se lê:
Art. 223. Decorrido o prazo, extingue-se o direito de praticar ou de emendar o ato processual, independentemente de declaração judicial, ficando assegurado, porém, à parte provar que não o realizou por justa causa.
§ 1o Considera-se justa causa o evento alheio à vontade da parte e que a impediu de praticar o ato por si ou por mandatário.
§ 2o Verificada a justa causa, o juiz permitirá à parte a prática do ato no prazo que lhe assinar.
O inciso VI diz incumbir ao juiz a promoção de alterações nos prazos processuais e na ordem de produção da prova, de forma a melhor adequá-los às necessidades do caso concreto, sempre com o objetivo de buscar maior efetividade. Essa regra está em perfeita consonância com a que permite às partes pactuar alterações no procedimento comum, de modo a torná-lo mais apropriado para a espécie de questão de direito material de que trate o contrato ou, em juízo, o litígio. A ideia é obter do processo o maior rendimento possível, para as partes e para todo o enorme espectro de interesses mediatos envolvidos em cada processo, sejam do próprio Judiciário, de ver solucionado mais um caso, seja da sociedade, que daquela solução poderá extrair parâmetros de conduta.
O negócio jurídico processual, previsto no art. 190, efetivamente permite às partes contratar alterações no procedimento ou alterá-lo ao longo de seu curso, de modo que sejam melhor atendidas as necessidades do caso em discussão, no plano do direito material e de sua efetividade. A dilação de prazo, todavia, não pode acontecer depois do encerramento do prazo regular, conforme determina o parágrafo único desse artigo.
Se não se tratar de negócio processual e, portanto, de pacto de vontades livremente manifestadas, a alteração que venha a ser promovida estará sujeita a recurso.
VII - exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário, força policial, além da segurança interna dos fóruns e tribunais;
O poder de polícia é tradicionalmente assegurado ao juiz.
Já o inciso VII trata de atividades judiciais voltadas à necessidade de conferir segurança ao ambiente físico em que se realizam alguns tipos de atos processuais, como as audiências, por exemplo.
O poder de polícia a que se refere este inciso integra o conjunto de poderes de direção do processo, que a lei confere ao juiz. Neste inciso, o legislador permite ao juiz que promova medidas de segurança extraordinárias, mediante requisição de força policial, além daquelas ordinariamente adotadas, tanto nos fóruns quanto nos tribunais, como, por exemplo, determinar que alguém saia da sala de audiências.
VIII - determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inquiri-las sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso;
O Código permite que o juiz determine, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para esclarecimento a respeito das alegações e dos fatos da causa, mas sem que da recusa resulte confissão.
Conforme Guilherme Rizzo Amaral (2.015, p. 224), as partes comparecerão acompanhadas de seus advogados que, para isso, deverão ser intimados
O inciso VIII diz que incumbe ao juiz, sempre que entender necessário, determinar que as partes compareçam à sua presença, pessoalmente, para inquiri-las a respeito dos fatos da causa. Trata-se de instituto que não se confunde com o depoimento pessoal. É meio de prova cuja iniciativa é do próprio juiz. O interrogatório da parte, tomado em momento que não o da audiência de instrução, é medida que pode contribuir para o esclarecimento do magistrado sobre determinados fatos, e para cuja compreensão da leitura da petição inicial ou da contestação, ou dos depoimentos tomados em audiência, se revelem insuficientes.
A lei, ao permitir essa audiência informal, determina que, nesse caso, não incida a pena de confissão. Assim como já se assentou na doutrina, ao longo dos últimos anos, o interrogatório da parte é diferente, do ponto de vista de seus efeitos, inclusive, do depoimento pessoal, que se dá na audiência de instrução e julgamento. Não há, todavia, como no CPC/73, artigo especificamente destinado a regular o interrogatório. 
IX - determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios processuais;
Determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios processuais e dever que não é novo.
O inciso IX é mais uma demonstração de que o legislador de 2015, em boa hora, decidiu fixar regras capazes de dar o máximo aproveitamento possível ao processo, com ampla possibilidade de correção de rumos e sanação de vícios, de modo que a apreciação do direito material ao processo subjacente seja efetiva prioridade. (Vejam-se nossos comentários sobre os artigos que tratam das nulidades, arts. 276 e ss.).
X - quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar o Ministério Público, a Defensoria Pública e, na medida do possível, outros legitimados a que se referem o art. 5o da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985, e o art. 82 da Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, para, se for o caso, promover a propositura da ação coletiva respectiva. Parágrafo único. A dilação de prazos prevista no inciso VI somente pode ser determinada antes de encerrado o prazo regular.
O Código impõe ao juiz o dever de noticiar ao Ministério Público, à Defensoria Pública e a outros legitimados, hipótese de possível ação coletiva relativa a direitos individuais homogêneos.
O inciso X permite ao juiz que oficie aos legitimados para o processo coletivo, preferencialmente Ministério Público e Defensoria Pública, para que, se for o caso, proponham ação coletiva a respeito de tema que esteja sendo tratado em sucessivas demandas individuais repetitivas. A observação do magistrado deverá levar em conta a pretensão de direito material veiculada nessas múltiplas ações. Deverá, ainda, o juiz oficiar aos legitimados para que avaliem a oportunidade e a conveniência da propositura de ação coletiva.
Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico.
Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.
O juiz deve julgar a causa conforme o Direito objetivo, ainda que este se apresente lacunoso ou obscuro. Julgamento por equidade é permitido apenas nos casos expressos em lei, como, por exemplo, nos procedimentos de jurisdição voluntária.
O NCPC contém regra que representa verdadeiro poder/dever do juiz brasileiro. De acordo com esse dispositivo, o juiz, investido do poder jurisdicional, tem o dever de julgar, não podendo deixar de fazê-lo sob qualquer pretexto, nem mesmo o da eventual existência de lacuna ou obscuridade no ordenamento jurídico. É a chamada vedação do non liquet, decorrente do princípio da indeclinabilidade da jurisdição. À luz do princípio da legalidade, o que se espera é que o juiz encontre no direito a solução a ser aplicada ao caso sob seu julgamento. No sentido de direito é que o legislador usou a expressão ordenamento jurídico. Hoje, se entende que o juiz está vinculado ao direito, e, não, ao texto da lei. Assim deve ser compreendido o princípio da legalidade, contemporaneamente. A atividade jurisdicional – especialmente no que diz respeito à interpretação – tinha um âmbito estrito, pois o juiz era tido como um ser inanimado e não deveria ser nada além da boca da lei. Atualmente, tão só e exclusivamente a velocidade com que caminham os fatos sociais e o inevitável descompasso entre a lei escrita e a realidade já seriam razão suficiente para que, em muitos casos, não possa o intérprete contentar-se com a letra da lei. Não se trata, em absoluto, de desprezar a lei ou o texto da lei. Mesmo inseridos na realidade atual, pode-se afirmar que o direito, e especialmenteo direito positivo, se tem revelado cada vez mais imprescindível à vida social, permeando-a de forma mais e mais abrangente. A soberania da lei é a forma encontrada pelo homem, até hoje a mais perfeita, para evitar abusos do Poder. Desde, é claro, que se trate de lei socialmente legitimada, ou seja, lei que possa ser considerada como resultado da vontade majoritária. Tem-se entendido que isto só é possível numa estrutura política em que se tripartam as funções do Poder. De fato, esta tripartição tem sido considerada como sendo o instrumento mais adequado para a construção de um Estado de Direito. O direito legal deixou de ser visto como uma entidade dotada de plenitude ou completitude lógica, tendo o juiz deixado de ser visto como um “aparelho de subsunção”. Passou a admitir que o juiz decidisse de acordo com a lei e com as peculiaridades de cada caso, com base no ordenamento jurídico, ou seja, no direito. Este artigo reconhece e limita: reconhece que o juiz deve decidir com base no direito: no ordenamento jurídico. Mas limita: há de ser só com base no ordenamento jurídico.
Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte.
Embora tendo amplos poderes na condução do processo, são as partes que definem o seu objeto. É o que decorre do art. 141.Há limites dentro dos quais deve exercer o poder de decidir a respeito dos pedidos formulados pelas partes, isto é, pelo autor, na petição inicial, pelo réu-reconvinte, na reconvenção, ou pelo denunciante.
Esses limites são fixados pelas próprias partes, e a lei proíbe ao juiz de conhecer de questões que não tenham sido suscitadas por estas, a cujo respeito a própria lei exija iniciativa do interessado.
Autor e réu-reconvinte fixam os limites das respetivas lides (= mérito da causa), por meio dos respectivos pedidos e causas de pedir, não cabendo ao juiz decidir além ou fora desses limites, sob pena de a sentença padecer de grave vício. São excluídos dessa vedação temas que o juiz deva conhecer de ofício, como os de ordem pública. Deve-se, todavia, em qualquer caso, e seja qual for o grau de jurisdição em que o processo esteja, dar às partes a oportunidade de se manifestar. Excepcionalmente, prevê o NCPC, pode o juiz de ofício conhecer de fatos supervenientes, capazes de influir na decisão (art. 933). Tem de haver correlação entre o objeto da ação e o objeto da sentença. Esta regra é fruto do dúplice dever do juiz, de se pronunciar sobre tudo o que foi pedido e só sobre o que foi pedido. 
O princípio da congruência ou da correspondência entre ação e sentença funda-se, também, em outro princípio, segundo o qual a intervenção do Estado, para realizar os interesses individuais tutelados pelo direito material, depende da vontade do particular, que é titular do interesse; e, evidentemente, só cabe à parte provocar (ou não) o exercício da função jurisdicional para realizar um interesse seu, tutelado; cabe a ela, também, invocar, ou não invocar, na petição inicial ou na contestação, um fato jurídico de que crê decorrer seu direito, preparando os elementos aptos a convencer o juiz. É a regra iudex iudicare debet secundum alligata probata. É tradicional a ligação que a doutrina faz entre princípio da congruência – petitum/ decisum – e princípio dispositivo. Pode-se acrescentar a este fundamento a garantia da ampla defesa e a do contraditório, ambas tão intimamente ligadas que quase se confundem. Trata-se de garantias previstas pela própria Constituição Federal (art. 5.º, LV). Sententia debet esse conformis libello é a máxima tradicional que traça os limites da sentença, devendo conter-se nos pedidos mediato e imediato. O juiz pode decidir a causa baseando-se em outro texto legal que não o invocado pela parte, mas não lhe é dado escolher, dos fatos provados, qual deve ser o fundamento de sua decisão, se o fato eleito for diferente daquele alegado pela parte, como fundamento de sua pretensão. As causae petendi têm a função de identificar o pedido, exatamente da mesma forma que os fundamentos do decisório delimitam o seu sentido. Assim, deve entender-se que a identidade entre objeto do pedido e objeto da sentença envolve também a identidade de causa de pedir (da petição inicial) e de fundamento (da sentença). Por isso é que se tem decidido que também será extra petita a sentença que aprecie e conceda o pedido, mas por outro fundamento que não a causa de pedir invocada pela parte. Note-se que alterar-se o fundamento jurídico da inicial (qualificação jurídica da causa de pedir, e não a sua versão fática) na sentença não a torna extra petita. A “subsunção”. do fato à norma é dever do juiz: pode a sentença, ao julgar ação em que se deu equivocada denominação jurídica ao fato, promover a correta interpretação do direito, o que não gera nulidade de tal ato processual. Trata-se, aliás, de um dever do juiz que deve, todavia, ser antecedido de contraditório.
NOTA: Em direito privado andam juntas a possibilidade de emenda do vício e a sua natureza, de nulidade relativa. O mesmo não se dá, no entanto, na esfera do direito público, em que, como se viu, na medida do possível, tudo deve emendar-se, em nome de diversos princípios conaturais aos ramos do direito público, como, por exemplo, o princípio da economia processual. Tanto não se transmuda o vício em nulidade de natureza relativa, que continua podendo ser decretada de ofício, em segundo grau.
Art. 142. Convencendo-se, pelas circunstâncias, de que autor e réu se serviram do processo para praticar ato simulado ou conseguir fim vedado por lei, o juiz proferirá decisão que impeça os objetivos das partes, aplicando, de ofício, as penalidades da litigância de má-fé.
Esse artigo repete disposição do Código anterior, com o mesmo sentido.
Esta regra se insere no conjunto de dispositivos legais que permitem ao juiz o exercício de poder de controle sobre a atividade das partes no processo, de forma a se manter a dignidade (e a verdadeira destinação) da atividade jurisdicional desenvolvida no processo. Diz a lei que o juiz decidirá de modo a impedir a produção de efeitos do processo, se se convencer que autor e réu se serviram do processo para praticar simulação ou para alcançar finalidade proibida por lei. Na hipótese de lide simulada, frustra-se o objetivo da atividade judicial, que consiste, grosso modo, em prestar a jurisdição aos dela necessitados para fazer valer o direito em determinada situação concreta em que tenha havido ameaça ou violação. Pouco importa a inocorrência de prejuízo a terceiros. Não se exige, para caracterizar a simulação, a prova de dano a outrem, mas apenas e tão somente, por indícios (a lei se refere a circunstâncias), a prática de ato simulado. O juiz deverá, nessa hipótese, aplicar as penalidades previstas no Código para a litigância de má-fé e proferir sentença que obste os efeitos pretendidos pelas partes. Esta decisão, obviamente, só pode ser uma sentença em que o juiz extingue o processo sem julgamento do mérito, por falta de interesse de agir, com base no art. 485, VI. De fato, sendo o interesse de agir a necessidade ou a utilidade de que a parte pleiteie a atuação do Poder Judiciário, percebe-se, com clareza, que, num caso como esse, a parte é carente de ação: não há necessidade nem utilidade de usar o Judiciário para praticar fraudes. Se, todavia, o juiz não se aperceber de que as partes estão usando o processo para praticar ato simulado ou conseguir fim vedado por lei, chegando a sentenciar, decidindo o mérito, será caso de ação rescisória, com base no art. 966, III. Provavelmente essa rescisória seria intentada pelo Ministério Público ou por terceiro prejudicado. Se, entretanto, dessa sentença de mérito (não se tendo apercebido o juiz da má-fé das partes) houvesse apelação – que provavelmente não seria das partes – o juiz não poderia retratar-se, embora haja no Código muitas hipóteses em que se abre ao juiz a possibilidade de voltar atrás, inclusive de sentença de mérito(arts. 332, § 4º, 1021, § 2º, 1041, § 1º). Esta, entretanto, não é uma delas.
Art. 143. O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos quando:
I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude;
II - recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício ou a requerimento da parte.
Parágrafo único. As hipóteses previstas no inciso II somente serão verificadas depois que a parte requerer ao juiz que determine a providência e o requerimento não for apreciado no prazo de 10 (dez) dias.
O juiz responde por perdas e danos se, no exercício de suas funções, procede com dolo ou fraude.
Também responde por perdas e danos, no caso de recusa, omissão ou retardamento de ato devido se, instado pela parte a praticá-lo no prazo de dez dias, ainda assim não o pratica.
A responsabilidade do juiz é regressiva, a significar que a ação de indenização deverá ser proposta contra a União ou o Estado, conforme o caso, que denunciará a lide ao juiz. Observe-se que, nesse caso, a denunciação à lide não introduz fundamento novo.
Impedimento e Suspeição. 
Um fato interessante foi a forma de se visualizar a exceção - o modo de se requerer o impedimento - como um incidente qualquer e não mais como uma das respostas do réu, justamente pelo fato do impedimento ter a possibilidade do autor também alegar, por isso, um incidente, não mais uma resposta do réu. As mesmas regras valem, de igual forma, para suspeição do juízo.
Portanto, as partes poderão alegar os vícios por meio de uma simples petição dirigida ao juiz da causa, no prazo de 15 dias. Vale lembrar, que o vício da suspeição não poderá ser alegado após a ocorrência do trânsito em julgado, somente o vício do impedimento, desde que ajuizada Ação Rescisória para tal intento, conforme artigo 966, inciso II.
Art. 146.  No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conhecimento do fato, a parte alegará o impedimento ou a suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do processo, na qual indicará o fundamento da recusa, podendo instruí-la com documentos em que se fundar a alegação e com rol de testemunhas
As hipóteses de impedimento foram amplificadas no novo ordenamento. 
Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo: 
I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha; 
II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão; 
III - quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; 
IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; 
V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no processo; 
VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes; VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços; 
VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório; 
IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado.
Os incisos I, II, III, IV e V do artigo 144, são praticamente a reedição do ordenamento anterior, somente com algumas modificações e acréscimos, como no II, houve uma pequena alteração na redação, mas com a manutenção de seu conteúdo, pois o legislador se referiu a “em outro grau de jurisdição”, enquanto o CPC/73, referia-se ao primeiro grau; no III, foram incluídos, os membros do MP e da Defensoria Pública, bem como estendido o grau de parentesco até o terceiro grau, mas já se utilizava a mesma espécie da regra para advogados e, também, no V, a complementação da palavra sócio, quando o juiz for sócio de empresa ou pessoa jurídica, não poderá julgá-la.
As novidades ficaram pela alteração do herdeiros presuntivo/donatário/empregador da categoria anterior de suspeição para impedimento (inciso VI), já que o critério era muito mais objetivo do que subjetivo. Lembremos que quando os critérios tem objetividade, o impedimento está configurado. 
Outro ponto foi a configuração de impedimento quando o juiz é professor de instituição de ensino, restando impedido por esta relação de julgar seu empregador (inciso VII).A inclusão de algo que a jurisprudência era reticente, como o juiz ter causas contra/versus a parte ou o advogado dessa, o que agora causa impedimento (inciso IX). 
E a alteração mais complexa, quando parente do juiz ou cônjuge, companheiro ou parente for advogado da parte - não naquele processo - mas em outro processo, ainda que naquele processo seja patrocinador por outro escritório (inciso VIII).
§ 1º Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quando o defensor público, o advogado ou o membro do Ministério Público já integrava o processo antes do início da atividade judicante do juiz. 
§ 2º É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracterizar impedimento do juiz.
§ 3º O impedimento previsto no inciso III também se verifica no caso de mandato conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus quadros advogado que individualmente ostente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha diretamente no processo.
Já sobre a suspeição, a inclusão no inciso I do artigo 145, a amizade ou inimizade com o advogado da parte e o juiz, fato que não causava suspeição no código anterior, um enorme avanço. 
Art. 145. Há suspeição do juiz: 
I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados; 
II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar meios para atender às despesas do litígio; III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive; IV - interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes 
A suspeição por motivo íntimo, deixa de exigir o fornecimento das razões em apartado. Assim, o magistrado poderá alegar razões de foro íntimo para deixar de atuar na relação jurídica processual, sem a necessidade de declinar os seus motivos. (§ 1º) 
As outras hipóteses não trazem grandes diferenças, somente a atualização das nomenclaturas, principalmente de "receber dádivas", para "receber presentes." 
No campo processual, houve uma delimitação maior do procedimento da exceção que suscita o impedimento e a suspeição, podendo inclusive atribuir efeito suspensivo ao processo para tal desiderato.
Art. 146 (…) 
§ 2o Distribuído o incidente, o relator deverá declarar os seus efeitos, sendo que, se o incidente for recebido:
I - sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr;
II - com efeito suspensivo, o processo permanecerá suspenso até o julgamento do incidente.
§ 3o Enquanto não for declarado o efeito em que é recebido o incidente ou quando este for recebido com efeito suspensivo, a tutela de urgência será requerida ao substituto legal.
O artigo 148, em seu parágrafo terceiro, afasta a suspensão do processo para as hipóteses de arguição dos vícios da parcialidade em desfavor dos membros do MP, auxiliares da justiça e demais sujeitos do processo.
Art. 148. Aplicam-se os motivos de impedimento e de suspeição: 
I - ao membro do Ministério Público; 
II - aos auxiliares da justiça; 
III - aos demais sujeitos imparciais do processo. 
§ 1º A parte interessada deverá arguir o impedimento ou a suspeição, em petição fundamentada e devidamente instruída, na primeira oportunidade em que lhe couber falarnos autos. 
§ 2º O juiz mandará processar o incidente em separado e sem suspensão do processo, ouvindo o arguido no prazo de 15 (quinze) dias e facultando a produção de prova, quando necessária. 
§ 3º Nos tribunais, a arguição a que se refere o § 1o será disciplinada pelo regimento interno. 
§ 4º O disposto nos §§ 1o e 2o não se aplica à arguição de impedimento ou de suspeição de testemunha. 
�	 AMARAL, Guilherme Rizzo. Comentários às alterações do novo CPC. São Paulo: Thompson Reuters, 2015.

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