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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES - Cristiano Chaves - Caderno para a 3a Prova

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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
Aluno: Joao Felipe Cabral Fagundes Pereira 
INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – No direito romano, os autores do direito retratavam as obrigações através da história dos devedores, que corriam com seus pertences para fugir dos seus credores que, ao alcançá-los, tiravam seus pertences e sua vida, descontando a dívida através da própria personalidade do devedor. Por termos base cultural em Roma (que venceu o outro berço da civilização ocidental, a Grécia), uma sociedade muito mais bélica e patrimonialista, nosso Direito é extremamente patrimonialista e pouco humanista.
 A Lei Poeteria Papiria, editada no Baixo Império Romano, foi a primeira lei que teve uma percepção humanista de obrigação. Antigamente, o devedor respondia sua dívida com sua personalidade (Ex: Lei de Talião) e, após esta Lei, o devedor passava a responder com seu patrimônio. Hoje, o Brasil não adota mais o sistema da Responsabilidade Pessoal e sim a da Responsabilidade Patrimonial (pois as obrigações não devem ferir a dignidade da pessoa humana, de acordo com as garantias constitucionais).
CONCEITO CLÁSSICO DE OBRIGACAO – Obrigação é uma relação jurídica pela qual se confere a um sujeito ativo (credor, uso genérico) o direito de exigir de outro sujeito (devedor, uso também genérico) o cumprimento de uma prestação, economicamente apreciada. 
 O descumprimento das obrigações resulta em uma responsabilidade, sendo esta uma diferenciação entre a (i) obrigação/schuld e a (ii) responsabilidade/haftung feita pelos alemães.
Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor.
Art. 789.  O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei.
 No mundo contemporâneo, não basta cumprir as obrigações, mas sim cumpri-las e respeitar os interesses de terceiros e a coletividade. A relação obrigacional estabelece deveres que deverão ser reciprocamente jurídicos e estão explícitos e outras que são decorrentes de valores éticos e morais (Função Social do Contrato/Artigo 421, CC e Boa Fé Objetiva/Artigo 422, CC. Eficácia Horizontal dos Direitos Fundamentais, consiste na ideia de que nenhuma relação privada pode violar ou atentar contra os Direitos Fundamentais).
POSIÇÃO DAS RELAÇÕES OBRIGACIONAIS NO DIREITO CIVIL – No direito civil, as relações serão patrimoniais ou existenciais.
RELAÇÕES EXISTENCIAIS - Existenciais são as relações jurídicas personalíssimas, que dizem respeito a pessoa em sua essência (relações ontológicas, estudam a essência do ser). Um exemplo são os direitos da personalidade.
RELAÇÕES PATRIMONIAIS - Já as relações patrimoniais tem como âmago a economia, sendo as relações obrigacionais, juntamente com as relações reais (contratos, propriedade) inclusas como categorias no campo das relações patrimoniais. 
-Relação Real: A relação real tem como sujeitos o titular do direito e, os sujeitos passivos (propriedade, por exemplo) são a coletividade, que deve se abster de violar a propriedade alheia (Obrigação Pacífica Universal), portanto, é indeterminável. A relação real é erga omnes. O objeto da relação real é uma coisa/objeto, ou seja, a ação real é dirigida a uma coisa. Já as relações reais se perpetuam, como uma casa que passa de geração em geração de uma família. Os Direitos Reais dependem de previsão legal expressa.
Art. 1.225. São direitos reais:
I - a propriedade;
II - a superfície;
III - as servidões;
IV - o usufruto;
V - o uso;
VI - a habitação;
VII - o direito do promitente comprador do imóvel;
VIII - o penhor;
IX - a hipoteca;
X - a anticrese.
XI - a concessão de uso especial para fins de moradia;           (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)
XII - a concessão de direito real de uso; e         (Redação dada pela Lei nº 13.465, de 2017)
XIII - a laje.         (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)
-Relação Obrigacional: Os sujeitos da relação obrigacional são determinados ou, no mínimo, determináveis. A relação obrigacional é inter partes, onde o objeto da relação obrigacional é uma prestação, sendo uma relação humana. A ação obrigacional é dirigida para a pessoa (ação pessoal). Nunca existirá uma relação obrigacional perpétua, pois a mesma sempre será transitória/efêmera ,podendo acabar com o cumprimento da prestação pelo devedor; e pelo credor, que pode encerrar a obrigação através da responsabilidade e, caso o mesmo não faca nada, haverá a prescrição.
CATEGORIAS HÍBRIDAS- Obrigações estas que combinam direitos obrigacionais e direitos reais.
-Obrigações Propter Rem: As obrigações propter rem também são chamadas de obrigações ambulatórias, sendo obrigações aderentes a uma coisa. Ou seja, são prestações impostas ao titular (proprietário) de uma coisa. Um exemplo é a taxa de condomínio. Apesar de terem características de uma relação real, a mesma é uma relação obrigacional, pois nosso Codex determina que deve estar expressa na lei os tipos de relações que serão reais (tipicidade é uma característica para que a relação seja real), não sendo o caso da propter rem. As obrigações Propter Rem são prestações impostas ao titular de determinado direito real, pelo simples fato de assumir tal condição. É uma obrigação imposta, em atenção a certa coisa, a quem for titular desta.
-Obrigações com Eficácia Real: Direitos obrigacionais de eficácia real são aqueles que, sem perderem o caráter essencial de direitos obrigacionais, geram efeitos reais, já que se transmitem ou são oponíveis a terceiros que se adquiram direitos sobre determinada coisa. Não poderão ser considerados como direitos reais, pois, pelo princípio da tipicidade a eles inerente, toda limitação ao direito de propriedade que não esteja prevista em lei como direito real tem natureza obrigacional.
Art. 1.417. Mediante promessa de compra e venda, em que se não pactuou arrependimento, celebrada por instrumento público ou particular, e registrada no Cartório de Registro de Imóveis, adquire o promitente comprador direito real à aquisição do imóvel.
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA RELAÇÃO OBRIGACIONAL – São os mesmos elementos constitutivos de qualquer relação jurídica, que são (i) sujeito, (ii) objeto e (iii) vínculo, ou seja, as pessoas, bens e fatos. 
SUJEITO DA RELAÇÃO OBRIGACIONAL – O sujeito da relação obrigacional pode ser toda e qualquer pessoa, Física e/ou Jurídica, individualmente ou coletivamente, singular ou plural além dos entes despersonalizados. Até os incapazes e nascituros podem figurar como sujeito das relações obrigacionais, como prevê o Artigo 542 do Codex.
Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal.
-Instituto da Confusão (Artigo 381): Confusão é a extinção de obrigação por perda da diversidade de sujeitos. Ou seja, é quando o credor e devedor se confundem na mesma pessoa, não havendo como um exigir algo do outro, pois são a mesma pessoa. Haverá confusão, portanto, quando o credor e devedor não tiverem mais diferenciação, pois fundiram-se na mesma pessoa as suas qualidades. Um exemplo de confusão inter vivos é quando uma empresa deve a outra e a empresa credora compra a devedora. Um exemplo de confusão causa-mortis é quando o filho devedor do pai falecido herda sua herança, confundindo então o seu patrimônio com o do pai, havendo a extinção da relação.
Art. 381. Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as qualidades de credor e devedor. 
-Entes Despersonalizados: É um grupo de pessoas ou uma coisa/conjunto de bens que não se enquadram como pessoa jurídica, ou porque (i) poderiam ser PJ mas não foram constituídos em forma da lei, como as sociedades irregulares ou de fato, ou (ii) porque não exercem atividades típicas da PJ, como o espólio, massa falida, condomínio, etc. Entes despersonalizados não sofrem dano moral, pois não possuem Personalidade Jurídica mas podem sofrer danos materiais.
OBS: O Brasil é um dos únicos países do mundoem que o condomínio, mesmo possuindo CNPJ, é considerado um ente despersonalizado.
-Sujeitos Especiais: O sistema jurídico confere proteção diferenciada para o sujeito, pois alguns sujeitos recebem tratamentos diferenciados e regras diferenciadas, saindo do CC e indo para alguma Lei Especial/Extraordinária, tendo como exemplo o consumidor e o empregado. A própria lei especial (tanto o CDC como a CLT) cria regras para o enquadramento desse sujeito especial (quem for capaz de cumprir os requisitos, como subordinação jurídica para relação empregatícia, por exemplo). 
OBS: No CDC/90, havia uma grande discussão sobre o conceito de consumidor (apenas uma PF ou PF e PJ) e como se caracteriza uma relação de consumo (é a parte vulnerável, independentemente da sua hipossuficiência). Ou seja, o STJ fixou que o conceito finalística (teoria mitigada) de consumidor é o destinatário final, de acordo com os Artigos 2º e 3º do CDC, ampliando o conceito de consumidor (consumidor por equiparação e vítima consumerista, no Artigo 17 do CDC). 
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
        Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.
 
 Há uma questão relacionada ao fato de como interpretar normas gerais do Direito Civil e ramos especiais como Direito do Consumidor e Empresarial, pois existem zonas de interseção entre tais áreas (há a lógica de priorizar as normas especiais diante das gerais). (i) Diálogo das Fontes é uma técnica de interpretação das normas criada por Erik Jaime, que prega a ideia de que sempre que a norma geral contiver um dispositivo mais protetivo ao sujeito do que a norma especial, inverte-se a lógica, sendo aplicada a norma geral no lugar da norma especial. É o uso mais racional das normas visando ampliar a proteção do sujeito especial.
ELEMENTO OBJETIVO – O objeto da relação jurídica obrigacional é a prestação, uma prestação/conduta humana, que consiste em dar, fazer ou não fazer. Toda relação obrigacional é uma conduta humana. Todo objeto da obrigação precisa ser lícito, possível, determinado ou determinável.
OBS: A ilicitude é uma proibição, enquanto a impossibilidade é uma inviabilidade, ou seja veda transitoriamente. Apesar da diferença, o resultado prático é o mesmo, pois a obrigação é nula (Artigo 426/Pacta Corvina, CC/02).
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
-Objeto Imediato: É a conduta humana que é o objeto da obrigação (a entrega de um livro pela vendedora da biblioteca numa compra e venda). Vem da conduta humana de dar, fazer ou não fazer (Construir/fazer uma casa, e não fazer 3 quartos pois no contrato ficou estipulado apenas 2).
-Objeto Mediato: É o bem da vida consistente que é o objeto da prestação (o livro em si). Se trata da própria prestação em si.
OBS: A relação obrigacional admite substituição do sujeito ou substituição do objeto, que é chamada de Sub-rogação Pessoal (sujeito, cessão de crédito e débito) e Sub-rogação Real (objeto, recebi um bem com clausula de inalienabilidade, Artigo 1848, 1º) 
VÍNCULO DA RELAÇÃO OBRIGACIONAL - É a garantia de cumprimento da obrigação. Esta garantia de cumprimento da obrigação é chamada de vínculo jurídico. Todo vínculo jurídico é dotado de coercibilidade, ou seja, a capacidade de imposição. Esta coercibilidade se dá através de execução patrimonial (responsabilidade patrimonial relativa) pelo Poder Judiciário. Há situações em que o patrimônio do indivíduo não será passível de responsabilização, como o bem de família e os instrumentos do trabalhador.
Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor.
NCPC Art. 789.  O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei.
-Situações de Responsabilidade Pessoal do Devedor: Está na Constituição (Artigo 5º, LXVII) a possibilidade de responsabilização pessoal do devedor, admitindo a sua prisão civil, nos casos de infiel depositário e devedor de alimentos. A CF apenas autoriza a prisão civil. A prisão do devedor de alimentos está disciplinada nos Artigos 528-533 do NCPC (interpretação de forma restritiva, de que modo haverá a prisão). Já a prisão do infiel depositário está prevista no Artigo 652 do CC. 
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
NCPC Art. 528.  No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de prestação alimentícia ou de decisão interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a requerimento do exequente, mandará intimar o executado pessoalmente para, em 3 (três) dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo.
§ 3o Se o executado não pagar ou se a justificativa apresentada não for aceita, o juiz, além de mandar protestar o pronunciamento judicial na forma do § 1o, decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses.
Art. 652. Seja o depósito voluntário ou necessário, o depositário que não o restituir quando exigido será compelido a fazê-lo mediante prisão não excedente a um ano, e ressarcir os prejuízos.
OBS: A Tese da Supralegalidade, criada pelo STF , define que todo tratado internacional de direitos humanos no qual o Brasil é signatário que não forem aprovados em dois turnos por 3/5 das duas casas do Congresso estará abaixo da CF. Ou seja, apesar da constitucionalidade da prisão de depositário infiel, o Pacto de San José da Costa Rica (está acima do CC e NCPC) a proíbe, tornando-a ilícita, como está previsto na Súmula Vinculante 25 do STF. 
SÚMULA VINCULANTE 25 - É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de depósito.
-Efeito do Vínculo: Se estamos diante de sujeito, objeto e vínculo jurídico dotado de coercibilidade patrimonial, temos uma obrigação chamada de obrigação jurídica. O Direito não pode ignorar os diversos sentidos da palavra obrigação, pois existem mais duas categorias de obrigação, além da obrigação jurídica, caracterizadas pelo vínculo subjetivo.
OBS: O cumprimento de uma obrigação jurídica se chama adimplemento, também chamada de pagamento.
(i) As Obrigações Morais são aquelas nas quais está ausente o vínculo jurídico, mas existe um vínculo de ordem moral/não juridicizável (temos sujeito e objeto). O jurista não pode confundir direito com moral. O sistema juridico não considera as obrigações que estão no plano moral, não sendo executáveis pelo sistema jurídico. Todas as obrigações morais não terão coercibilidade. A doação é o cumprimento voluntário de uma obrigação moral, sendo que toda doação, em regra, é irrevogável (exceções nos Artigos 557 e 562 do CC/02).
 Um exemplo de obrigação moral é o dízimo pago pelos fiéis a Igreja. As relações familiares entre o pai e um filho maior de 18 anos (um filho menor de 18 anos pode sofrer castigos moderados) são outro exemplo de obrigação moral, não havendo a possibilidade de uma parte vir a juízo contra a outra pelo não cumprimento. A questão de fidelidade em todos os casos, menos o de casamento são obrigações morais e não jurídicas. 
OBS: Cumprida uma obrigação moral, não há a possibilidade de um retorno material ou financeiro. Sendo a doação um exemplo denegócio jurídico gratuito, de acordo o sistema brasileiro e alemão, enquanto no sistema francês, a doação é uma liberalidade
(ii) Obrigações Naturais tem sujeito, objeto e tem vínculo jurídico, porém, o próprio legislador adentrou no vínculo jurídico e, através da norma, retirou a prerrogativa da coercibilidade do PJ. Ou seja, o legislador entendeu que este vínculo jurídico não merecia a execução pelo poder judiciário. As obrigações naturais só existem em casos previstos em lei, pois apenas a norma pode retirar a coercibilidade das obrigações, tornando-as obrigações naturais.
 O cumprimento de uma obrigação natural se chama de pagamento, só que sem a possibilidade do indivíduo de ser coagido a cumprir a obrigação, tendo a natureza jurídica de pagamento. Não é uma questão de moralidade, mas sim de consciência individual. Dois exemplos de obrigações naturais são as (i) dívidas de jogo assumidas no Brasil (apostas entre amigos, por exemplo), exceto os jogos patrocinados pelo governo, e a (ii) dívida prescrita. 
OBS: Se a dívida de jogo for assumida no estrangeiro (sites de apostas, cassinos em Las Vegas/Montevideo, a dívida poderá ser exigida e executada no Brasil. Dívida de jogo assumida no estrangeiro espontaneamente pode ser executada no Brasil diretamente ou por meio de carta rogatória (a ordem de um juiz internacional para o juiz de outro país).
OBRIGAÇÃO COMPLEXA – Também chamada de obrigação comum pelo processo, de acordo com Clovis do Couto e Silva, que disse que o conceito de obrigação é um processo, não no sentido de ciência, mas de movimento. Ou seja, a obrigação não é estática, mas dinâmica, não podendo deixa-la encapsulada no modelo do Direito Romano (um sujeito credor pode exigir de um devedor uma prestação econômica), pois agora existem outros valores. 
OBS: O CC segue a operabilidade, socialidade e a eticidade. Operabilidade significa que o exercício do direito seja algo fácil para todos. Socialidade é a preocupação com a função social dos direitos civis, que colaborem com a sociedade. Eticidade é o comportamento probo, sendo a ética mínima da convivência jurídica.
RESPEITO AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS - O primeiro conteúdo é o respeito aos direitos fundamentais, não podendo exigir bem de família ou a prisão em situação sem ser a hipótese de devedor de pensão alimentícia. Isto se chama de Eficácia Horizontal dos Direito Fundamentais, que consiste na ideia de que nenhuma relação privada pode violar ou atentar contra os Direitos Fundamentais. Embora o fundamento da relação privada seja a autonomia do particular, a ideia de onipotência das partes é limitada pelos Direitos Fundamentais.
BOA-FÉ OBJETIVA - A Boa-Fé Objetiva, conceituada pelos alemães (“Treu Und Glauben”/Lealdade e Confiança) é o sentimento ético que se espera das partes, ou seja, é estabelecido um padrão mínimo de conduta esperado entre as partes, sendo uma boa-fé principiológica. Boa-Fé é o valor jurídico dúplice, podendo ser objetiva ou subjetiva. A (i) Boa-Fé Subjetiva é psicológica, se prendendo ao conhecimento, sendo o casamento putativo um exemplo de boa-fé subjetiva, que é uma norma regra. A boa-fé objetiva se relaciona com a eticidade do CC/02. Cada contrato possui um nível de boa-fé diferente, tendo como exemplo uma relação entre o farmacêutico e o comprador, que pediu um remédio X e o farmacêutico não ofereceu a opção do mesmo remédio X em sua versão genérica e o contrato entre duas gigantes empresas (McDonalds e Coca-Cola), sendo o nível de boa-fé objetiva do contrato entre duas empresas muito maior, pois não é possível alegar a falta de conhecimento de uma das partes envolvidas.
 A boa fé objetiva não é um instrumento para retirar vantagens licitamente obtidas ou para apoiar e proteger os hipossuficientes, mas algo que se aplica em ambas as partes da relação, sendo um instrumento para a construção de uma relação ética. A boa-fé objetiva possui a Tríplice Função do Princípio da Boa-Fé Objetiva, que se divide em:
-Função Interpretativa: Presente no Artigo 113 do CC, significa que toda e qualquer obrigação contratual deve ser interpretada pelo seu sentido ético. 
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.
-Função Integrativa: É diferente de interpretar (buscar o sentido), pois estabelece deveres anexos/de conteúdo ético à boa-fé objetiva. Tais deveres são chamados de deveres implícitos ou laterais, sendo deveres éticos ali presentes independentemente da vontade das partes. Ou seja, podemos concluir que a boa-fé objetiva é fonte autônoma de obrigações, além do (i) negócio jurídico, (ii) responsabilidade civil e a (iii) proibição de enriquecimento sem causa (884 e 885 do CC, pois estabelecem deveres anexos, ou seja, a boa-fé objetiva é nascedouro das obrigações.
OBS: Violação Positiva de Contrato é quando uma parte cumpre todas as obrigações contratuais mas acaba não cumprindo um dever anexo, havendo inadimplemento. Um exemplo é quando uma empresa de publicidade estabelece no contrato que serão construídos 20 outdoors de um produto de Classe A, mas acaba construindo os 20 outdoors em zonas de periferia e da Classe C, havendo inadimplemento por violarem a boa-fé objetiva.
Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários.
Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a recebeu é obrigado a restituí-la, e, se a coisa não mais subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem na época em que foi exigido.
Art. 885. A restituição é devida, não só quando não tenha havido causa que justifique o enriquecimento, mas também se esta deixou de existir.
Súmula 377 STF - No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento.
-Função Limitadora/Restritiva/De Controle: É a antítese da função integrativa, pois limita os direitos reconhecidos às partes que se mostram abusivos. Um exemplo é quando o indivíduo aceita voluntariamente pagar uma taxa abusiva do banco, sendo possível que o mesmo indivíduo entre em juízo para pedir o cancelamento da taxa. Esta função possui uma íntima conexão com o abuso do direito, buscando justamente evitar o abuso do direito.
-Função Social do Contrato: Relatividade dos efeitos da obrigação quer dizer que a relação obrigacional só gera efeitos para as partes. Porém, há situações em que os efeitos da relação podem afetar a sociedade além das partes, e de forma negativa. Ou seja, Função Social do Contrato é a preocupação com os impactos do cumprimento de uma obrigação sobre a coletividade e terceiros. A Função Social do Contrato incorpora a socialidade do CC/02. Da função social nascem dois novos conceitos:
(i) Terceiro Ofensor ou Terceiro Lesante/Cúmplice é aquele que atrapalhou a obrigação entre as duas partes, tendo como exemplo a Brahma no caso Zeca Pagodinho.
(ii) Terceiro Ofendido ou Terceiro Lesado é quando uma relação entre dois sujeitos acaba prejudicando terceiros, podendo ser qualquer pessoa. Um exemplo foi quando o Hospital Aliança recusou os clientes da Sulamerica (maior plano de saúde na Bahia), extinguindo o contrato devido a questões sobre o valor recebido, fazendo com que a extinção da relação particular entre ambos gerasse imenso prejuízo a terceiros (os clientes da Sulamerica, que não integram a obrigação). O MP requereu a permanência do contrato entre a Sulamerica e o Hospital Aliança.
OBS: O terceiro tem legitimidade para ajuizar uma ação contra a relação de partes que estão o prejudicando.
OBRIGAÇÃO, DEVER, SUJEIÇÃO E ÔNUS – São situações jurídicas subjetivas passivas que podem ser conceituadas como qualquer situação de desvantagem titularizada por um sujeito, por efeito da concretização de uma norma. São quatro ideias distintas com alguns pontos de contato.
-Dever Jurídico: É a contrapartida de todo direito subjetivo, sendo um dever genérico que recai sobre toda a coletividade (dever de jurídico de nãomatar, de não invadir propriedade alheia, etc).
-Obrigação Strictu Sensu: É um dever jurídico especifico e individualizado que recai sobre pessoas determinadas ou determináveis, decorrente de uma relação jurídica obrigacional. É o dever jurídico de prestação, derivado da lei ou autonomia privada.
-Sujeição: São poderes jurídicos que produzem livremente efeitos sobre a contraparte, estando uma parte na posição de poder e a outra na de submissão. Ou seja, se A deseja anular um negocio jurídico, B não poderá evitar o exercício do direito potestativo.
-Ônus: É a necessidade de adoção de uma conduta, não pela imposição da norma, mas para a defesa de um interesse próprio. O seu inadimplemento não gera sanção e seu cumprimento não satisfaz um direito subjetivo alheio, simplesmente proporcionando uma vantagem ou evitando uma desvantagem para o seu titular (A tem o ônus de recorrer sobre sentença desfavorável).
CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES – O Codex utiliza diferentes critérios para classificar as obrigações, se utilizando de diferentes tipos de classificações e crismas. Os diferentes critérios classificatórios resultaram em diferentes espécies e modalidades obrigacionais. Orlando Gomes dizia que a percepção de que os critérios não são excludentes mas combinantes é fundamental para a compreensão do assunto, ou seja, uma classificação não elimina a outra, fazendo com que as modalidades tenham relações entre si.
QUANTO AO CONTEÚDO DA OBRIGAÇÃO – Se classifica em três diferentes possibilidades:
-Obrigações de Meio: O meio não se vincula ao fim. Ou seja, nas obrigações de meio, o devedor se compromete apenas a um comportamento eficiente, probo, comprometido, porém não assume o dever de produzir um resultado, partindo da premissa de que deve assumir uma conduta mas não deve consumar o resultado. Só haverá responsabilidade ao devedor caso o mesmo atue de forma desidiosa e displicente. A obrigação do advogado e a do médico são dois exemplos típicos da obrigação de meio, não podendo ser responsabilizados por não salvarem a vida ou não ganharem o caso. Caberá ao credor provar que o devedor foi desidioso.
-Obrigação de Resultado: A obrigação de resultado é aquela na qual o devedor se vincula à obtenção de algo previamente ajustado, havendo uma “vinculatividade”. Toda obrigação de resultado é vinculativa, ou seja, o devedor se compromete a alcançar determinado resultado. Um exemplo de obrigação de resultado é a obrigação do transportador, que tem a obrigação de levar o passageiro ao local previamente estabelecido. Se o resultado não for obtido, presume-se a culpa do devedor, que deve provar que não é culpado. Ou seja, o devedor assume uma responsabilidade subjetiva com presunção de culpa. 
OBS: A atividade do odontólogo de acordo com o STJ, é uma obrigação de resultado, pois enquanto o tratamento do médico é atuar para obter a melhoria, a do dentista é para garantir a melhoria. 
OBS: O grande debate foi sobre o cirurgião plástico estético (cirurgião plástico reparativo é obrigação de meio), cuja primeira posição do STJ foi de que a mesma é uma obrigação de resultado, pois o mesmo, antes da cirurgia, pode informar que tal operação não será possível de satisfazer o indivíduo, ou seja, quando o cirurgião se compromete com a cirurgia, ele deverá cumprir o resultado desejado pelo paciente/cliente.
 O STJ, posteriormente, passou a tratar este caso, especificamente, sob uma nova ótica, dizendo que a classificação histórica que vem do Direito Romano de obrigação de resultado envelheceu, pois as obrigações são dinâmicas, sendo desnecessária a diferenciação e classificação entre obrigações de meio e resultado, interessando apenas a boa-fé objetiva, ou seja, se o cirurgião plástico se incumbir da boa-fé objetiva (dever de informação ao paciente e os deveres anexos) e aconteça algum problema durante a operação, o mesmo não será responsabilizado.
-Obrigação de Garantia: Caracteriza-se obrigação de garantia quando o devedor assume o dever de eliminar riscos de terceiros, ou seja, o devedor se compromete a eliminar riscos de terceiro (eliminar riscos que outra pessoa proporcionaria). O contrato de seguro é um exemplo de obrigação de garantia, ou seja, a seguradora, caso haja um acidente com o seu automóvel, se compromete a assumir a obrigação de ressarcir o dano causado por um terceiro. A evicção e o vício redibitório são obrigações de garantia assumidas pelo vendedor numa relação de compra e venda. 
(i) Evicção é a obrigação de todo e qualquer devedor de responder civilmente (indenização) caso a coisa que ele está vendendo não lhe pertença. Evicção consiste na perda da coisa comprada por uma decisão. Um exemplo é quando A vende uma terra para B, que agora é propriedade de C, que a adquiriu de A por usucapião.
(ii) Vícios Redibitórios é quando compramos um produto defeituoso, cujo defeito impede sua utilização (celular que não atende ligações, ou compra de um touro reprodutor que é estéril). Ou seja, é um defeito que diminui o valor da coisa ou torna a coisa imprópria para o uso.
QUANTO À LIQUIDEZ – As obrigações podem ser líquidas ou ilíquidas. 
-Obrigações Líquidas: Líquidas são as obrigações que tem acertamento indiscutível. Ou seja, liquidas são aquelas obrigações cujo objeto já possui um acertamento. Já se sabe, de antemão, qual a sua extensão de qualidade e quantidade. Um exemplo de obrigação líquida é a obrigação de entregar R$10.000,00. A liquidez é importante para o direito processual, pois o processo civil diz que o juiz só pode determinar e autorizar uma execução obrigacional se a mesma for líquida, certa e exigida, que são pressupostos do direito de ação. A liquidez significa a certeza quanto a quantidade e qualidade, ou seja, quando houver a especificação da coisa.
-Obrigações Ilíquidas: São quando as obrigações são incertas, ou seja, o grau de certeza determina a liquidez. As obrigações ilíquidas exigem acertamento. O Novo CPC/15 apresenta três diferentes mecanismos para a liquidação das obrigações (CC 509, 510), ou seja, três diferentes formas de liquidação das obrigações, que é um procedimento de conhecimento/cognitivo (o juiz toma conhecimento para depois executar a ação).
Art. 509.  Quando a sentença condenar ao pagamento de quantia ilíquida, proceder-se-á à sua liquidação, a requerimento do credor ou do devedor:
I - por arbitramento, quando determinado pela sentença, convencionado pelas partes ou exigido pela natureza do objeto da liquidação;
II - pelo procedimento comum, quando houver necessidade de alegar e provar fato novo.
§ 1o Quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito promover simultaneamente a execução daquela e, em autos apartados, a liquidação desta.
§ 2o Quando a apuração do valor depender apenas de cálculo aritmético, o credor poderá promover, desde logo, o cumprimento da sentença.
§ 3o O Conselho Nacional de Justiça desenvolverá e colocará à disposição dos interessados programa de atualização financeira.
§ 4o Na liquidação é vedado discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a julgou.
Art. 510.  Na liquidação por arbitramento, o juiz intimará as partes para a apresentação de pareceres ou documentos elucidativos, no prazo que fixar, e, caso não possa decidir de plano, nomeará perito, observando-se, no que couber, o procedimento da prova pericial.
(i) Liquidação por Cálculos ocorre quando o próprio credor apresenta planilha contábil (conta feita e assinada por um contador), tornando líquida a obrigação. É muito utilizado para as obrigações de dar dinheiro, pois um simples cálculo resolve o problema, como nos empréstimos bancários atrasados, pois os cálculos deverão ser feitos para saber o valor do empréstimo a ser pago juntamente com os juros.
OBS: O Artigo 315 do CC consagra o Princípio do Nominalismo para as obrigações em dinheiro, ou seja, toda obrigação em dinheiro deve ser paga por seu valor nominal, porém, com o valor da moeda sendo alterado constantemente, o Princípio do Nominalismo carrega implicitamente a correçãomonetária, havendo liquidação por cálculos. Ou seja, o juiz sempre dará correção monetária, independentemente da parte ter pedido ou não. A exceção disso é na autonomia privada, onde as partes podem renunciar a correção monetária.
(ii) Liquidação por Arbitramento é quando algumas obrigações exigem mais do que cálculos para a sua liquidação, exigindo também conhecimento técnico/expertise. Ou seja, a liquidação por arbitramento é quando se exige o conhecimento específico/expertise em determinada área. Um exemplo é quando o juiz nomeia um corretor imobiliário para fazer o cálculo do preço médio de um aluguel em determinada época do ano, para que haja a liquidação.
(iii) Liquidação por Artigos são casos em que sempre se exige provas de fatos novos necessários para a liquidação. Um exemplo é o do taxista, pois quando A bate no carro do taxista, que vai para o conserto (para-choque, lanterna, etc), tais obrigações são líquidas. Porém, além disso, o taxista ficou 15 dias sem rodar, cabendo a A indenizar o taxista pelo tempo que o mesmo ficou sem rodar (lucros cessantes), necessitando de fatos provados para que haja uma quantificação do quanto deve ser pago.
OBS: Compensação, quando credor e devedor reciprocamente mantém relações distintas (ambos devem um ao outro) só é possível através de obrigações líquidas, pois é pressuposto da compensação a liquidez.
QUANTO À PLURALIDADE DE OBJETOS – O objeto da obrigação é a prestação, sendo o objeto da prestação um bem da vida, podendo ser qualquer coisa que tenha valor para alguém. As partes podem estabelecer o objeto da prestação, podendo ser simples ou plurais.
-Obrigações Simples: As partes podem acertar a entrega de uma única coisa. Ou seja, se a obrigação tem apenas um objeto na prestação, a mesma é uma obrigação simples. O pagamento é um direito tanto do credor quanto do devedor que, ao efetuar o pagamento, caso seja recusado, poderá entrar com ação de consignação e pagamento. Se houver perecimento do objeto sem culpa, extingue-se a obrigação, se for com culpa, haverá indenização por perdas e danos + valor da obrigação. 
-Obrigações Plurais: É quando há uma pluralidade dos objetos da prestação. Podendo ser cumulativa ou alternativa.
(i) Obrigação Cumulativa é quando há um cúmulo/adição, onde esta adição faz com que o devedor só se exonere da obrigação prestando todos os objetos conjuntamente, ou seja, caso falte um objeto, a obrigação será descumprida. É uma cumulação de prestações, mas não de obrigações. Ela possui a mesma estrutura interna de uma obrigação simples, mudando apenas a quantidade de prestações a serem feitas.
(ii) Obrigação Alternativa é quando não há uma conjunção (e), mas sim uma pluralidade de prestações e possibilidades que se eliminam entre si, não se acumulando (ou). Nas obrigações alternativas, se a prestação devida for uma, não será outra. 
 O momento chave da obrigação alternativa é o da escolha, que é chamada de (a) Concentração da Dívida, que compete a quem estiver indicado no contrato (autonomia privada) e, caso não esteja previsto no contrato, competirá a escolha ao devedor. Se a pessoa a quem couber a escolha não a fizer em prazo estabelecido pelo juiz(10 dias), a escolha será invertida. A escolha pode se dar por qualquer das hipóteses previstas no contrato, não precisando atender o valor médio. 
 Feita a Concentração da Dívida, segue-se as regras das obrigações simples, ou seja, dali em diante, a obrigação será simples e regida como tal, tendo como grande problema o perecimento/deterioração. As obrigações alternativas são dinâmicas, dependendo da boa-fé objetiva. Um exemplo é quando uma empresa de alimentos fecha um contrato com um agricultor, que se compromete e assume a obrigação de fornecer e produzir 1 tonelada de grãos, havendo a possibilidade do agricultor escolher quais grãos serão fornecidos, independentemente do preço.
OBS: A responsabilidade é subjetiva (depende de culpa, de acordo com o Artigo 927 do Codex), só sendo objetiva (responsabilidade sem culpa) nos casos previstos em lei e por decisão judicial, havendo exceções, como nos casos onde o empregador responde por dano causado pelo empregado (responsabilidade objetiva). Se o devedor, nas obrigações simples, não teve culpa, não haverá responsabilidade.
 Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
(b) Perecimento ou Deterioração é a perda da coisa. O Perecimento Acidental/Fortuito será excludente de responsabilidade do devedor. A perda da coisa nas obrigações alternativas dependerá a quem compete a escolha. 
 Se a escolha cabe ao devedor, a perda da coisa antes da escolha é irrelevante. Se o perecimento foi total e não culposo, extingue-se a obrigação e caso tenha sido culposo e total, haverá perdas e dano + valor da obrigação ao devedor. Se a perda ocorreu depois da escolha, a obrigação se tornou simples, e haverá a análise da culpa. Se for sem culpa, extingue-se a obrigação, se for com culpa, haverá indenização. 
 Se a escolha pertence ao credor, havendo perecimento antes da escolha, depende da culpa. Se não foi culposo, extingue-se a obrigação e, se for culposo e total, haverá a indenização + valor da obrigação. Se for culposo e parcial, tudo depende da vontade do credor, que pode escolher outra coisa, gerando a Concentração do Débito (se torna obrigação simples) ou pode gerar indenização por perdas e danos (indenização). Se houve perecimento depois da escolha, seguem-se as regras da obrigação simples.
Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou.
§ 1o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra.
§ 2o Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período.
§ 3o No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação.
§ 4o Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes.
Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra.
Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar.
Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexeqüíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos.
Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação.
-Obrigações Facultativas: Na Argentina e em certos países europeus existe uma outra categoria de obrigações, que não estão normatizadas no Brasil, mas podem estar estabelecidas no contrato pela autonomia privada, que são as Obrigações Facultativas, já que o Princípio da Tipicidade não se aplica no Direito Obrigacional (possibilidade de negócios jurídicos, contratos e obrigações atípicas). As obrigações facultativas podem servir como um mecanismo de facilitação das obrigações, sendo obrigações simples e singulares. Ao invés de chamarmos as mesmas de Obrigações Facultativas, podemos chamá-las de Obrigação com Facultatividade de Solução. Elas possuem apenas uma única possibilidade prestacional, ou seja, o devedor se vincula a apenas uma prestação que, caso pereça sem culpa, a mesma será extinta. 
 Nas Obrigações Facultaivas, com a intenção de facilitar a obrigação, o negócio jurídico prevê outra possibilidade de cumprimento da obrigação, possibilitando ao devedor a possibilidade de se exonerar da obrigação com outra prestação “em stand by”, sendoutilizada apenas de acordo com a vontade do devedor. Portanto, caso haja (i) perecimento sem culpa da prestação assumida, a prestação facultativa não poderá ser executada e extingue-se a obrigação. Se houve (ii) perecimento culposo da prestação originariamente assumida, o devedor delibera se cumpre a facultativa ou se indeniza o credor por perdas e danos + valor da obrigação.
OBS: Caso o devedor não cumpra uma obrigação assumida por perecimento sem culpa, o mesmo, ao cumprir a obrigação em stand by, pratica doação. Isto é comum em situações de seguro de residência, por força de contrato. Em caso de sinistro, a seguradora tem a obrigação assumida de indenizar o credor, podendo, entretanto, praticar uma obrigação facultativa/stand by deliberadamente.
QUANTO À PLURALIDADE DE SUJEITOS – Em linha de princípio, as obrigações são simples, ou seja, quando existe um sujeito no polo ativo e outro no polo passivo, havendo um credor, que exige, e um devedor, que irá pagar. A obrigação simples não carrega nenhum grau de dificuldade, pois não há como distribuir o crédito com ninguém. Portanto, o código civil nem alude às obrigações simples. O Codex protege as obrigações com pluralidade de sujeitos, que podem ser divisíveis, indivisíveis e solidárias. 
-Obrigações Divisíveis: A regra geral da divisibilidade é a possibilidade de fracionamento do cumprimento da obrigação em tantas partes quanto sejam os sujeitos. É oriundo do direito Romano, com a expressão Rateio Entre As Partes/Concursu Partes Fiunt. A divisibilidade é a regra geral. Portanto, se A e B devem R$100,00 ao banco, cada um deve R$50,00. Entretanto, se só houvesse essa possibilidade, os bancos teriam uma menor garantia de seus créditos, tendo que ampliar os juros. Uma obrigação pecuniária/de pagar dinheiro é um exemplo de obrigação divisível. O sistema jurídico cria mecanismos para ampliar as garantias creditícias. Dentre estes mecanismos estão a indivisibilidade e solidariedade, que são mecanismo jurídicos para maximizar a proteção do credito e fazer com que a obrigação seja mais facilmente cumprida.
-Obrigações Indivisíveis: As obrigações indivisíveis não se prendem ao critério natural e físico (quando não for possível, por questões físicas ou naturais, a divisibilidade do cumprimento da prestação, como na entrega de um bem, como um quadro, para um casal). Os antigos juristas diziam que o conceito de indivisibilidade é físico, mas pode decorrer da lei, da decisão do juiz ou da vontade das partes, podendo ser além de físico, intelectual. A indivisibilidade, na verdade, é resultante por razão de sua perda de essência econômica caso seja dividido, baseada no critério econômico (um touro reprodutor perde seu valor se for dividido, assim como um quadro). A indivisibilidade só existe quando há pluralidade de sujeitos.
Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico.
 Caso seja uma (i) Obrigação Indivisível Com Pluralidade De Devedores, significa que cada um deles pode ser compelido a entregar um todo, ou seja, cada um deles pode ser requisitado a prestar inteiramente a obrigação, já que a mesma é indivisível. Cada devedor se vincula ao todo. 
OBS: O cumprimento inteiro da obrigação por um codevedor é chamado de sub-rogação (sinônimo de substituição), passando a figurar como credor dos outros codevedores, havendo uma sub-rogação parcial, podendo exigir o que ele pagou, abatida a sua parte. 
 Caso haja (ii) Obrigação Indivisível com Pluralidade de Credores, as obrigações indivisíveis podem ser integralmente exigidas por cada um deles. Ou seja, cada um dos credores pode exigir integralmente a prestação. Cada um dos credores (cocredores) tem direito ao todo. O devedor se exonera apenas se cumprir a obrigação com todos os credores juntos, para não causar prejuízo aos cocredores (chance baixa de todos estarem juntos). O CC/02 prevê, no Artigo 260, II, com o intuito de facilitar a exoneração de obrigação do devedor, a caução de ratificação, que é a autorização dos outros cocredores a um credor que recebe integralmente a prestação e passa a ser devedor dos outros cocredores, devendo repassar igualmente, em dinheiro, abatida sua parte, o valor da prestação aos cocredores (sub-rogação parcial). 
Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando:
I - a todos conjuntamente;
II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores.
Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total.
OBS: Se o cocredor que recebeu a prestação sozinho não repassar aos demais, será transformado em devedor dos outros, que poderão lhe executar.
(iii) Existem duas dificuldades das obrigações indivisíveis com pluralidade de credores que é quando: 
(a) um dos cocredores concede remissão e a obrigação é indivisível, podendo os demais cocredores exigirem a obrigação inteira, só podendo exigir se depositarem em dinheiro a parte relativa ao perdão para o devedor, de acordo com o Artigo 262 do Codex (também se aplica por analogia caso haja um credor e vários codevedores). Caso todos os cocredores concedam a remissão, haverá a extinção da obrigação; 
Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente.
(b) há a perda do objeto. Se a prestação perecer com culpa, todos os devedores responderão pelo valor da prestação perdido e pelas perdas e danos. Se o perecimento resulta de perecimento culposo de um dos codevedores, o mesmo será integralmente cobrado pelas perdas e danos, enquanto todos respondem igualmente pelo valor da obrigação, sendo esta uma obrigação divisível, de dar dinheiro.
-Obrigações Solidárias: As obrigações solidarias constituem uma categoria especial de obrigações com pluralidade de sujeitos. A solidariedade cria uma massa/bloco único, ou seja, a solidariedade cria um grupo de pessoas em que todos passam a ser tratados igualmente (um por todos, todos por um). Solidariedade é uma criação jurídica para facilitar a circulação da riqueza e do crédito, sendo uma ficção normativa. A solidariedade decorre da lei ou da vontade das partes, de acordo com o Artigo 265 do Codex. A solidariedade não se presume, já a indivisibilidade pode ser presumida. Quando as partes tiverem interesse numa obrigação solidária, elas devem escrever tudo o que desejam, pois não podem ser presumidas. 
Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes. 
 A obrigação solidária pode ser simples para um sujeito ou condicional para outro, pois depende da vontade das partes, de acordo com o Artigo 266 do Codex. Ou seja, a obrigação pode ser cobrada para qualquer um. 
Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co-devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro. 
OBS: Caso um dos codevedores culposamente gere o perecimento do objeto, o mesmo irá se responsabilizar integralmente pelas perdas e danos, porém o valor da obrigação pode ser cobrada de qualquer forma para qualquer um dos codevedores.
 Na (i) Obrigação Solidária Ativa, cada um dos credores tem o direito de exigir o todo. Ou seja, se apareceu um cocredor solidário e o devedor cumpre sua obrigação apenas com ele, há a extinção da obrigação, independentemente da caução ou presença dos outros cocredores. A solidariedade ativa é raríssima, tendo como hipótese a conta corrente conjunta. 
Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro.
Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar.
Art. 269. O pagamentofeito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago.
Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível.
Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade.
Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba.
Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros.
Art. 274.  O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles.         (Redação dada pela Lei nº 13.105, de 2015)    (Vigência)
 OBS: A Coisa Julgada Secundum Eventum Litis está retratada no Artigo 274. A eventual vitória do credor beneficia os outros cocredores, enquanto a derrota só afeta o credor solidário que ingressou com a ação.
 A (ii) Solidariedade Passiva é corriqueira e comum, tanto pela vontade das partes quanto pela lei. Na solidariedade passiva todos os codevedores respondem pelo todo, independente de sua cota e de divisibilidade da coisa. (a) Jus Variandi (Direito de Variar) é um direito do credor de variar a escolha de quem vai lhe pagar, podendo escolher uns, alguns ou todos, de acordo com sua conveniência. 
 Logo, amplia-se a garantia da economia e o credor recebe a prestação do jeito que ele decidir (pode cobrar um quantia de R$100,00 para 3 credores, cobrando 50 de A, 30 de B e 20 de C, por exemplo). A obrigação se mantém solidária no valor da prestação, enquanto só há cobrança das perdas e danos para o codevedor que culposamente causou o perecimento do objeto.
OBS: O Artigo 130, III, CPC/15 permite que, no caso de obrigação solidária passiva, se um devedor solidário for demandado sozinho, ele tem o direito de chamar os demais para ficar com ele no processo (Chamamento ao Processo), comprometendo a grande vantagem do credor.
Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto.
Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores.
Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores.
Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada.
Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem consentimento destes.
Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado.
Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida.
Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro co-devedor.
Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores.
Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais.
Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores.
Art. 284. No caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente.
Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá este por toda ela para com aquele que pagar.
OBS: Pagamento ou perdão parcial são irrelevantes, mantendo-se a obrigação solidária. Os herdeiros do devedor solidário só se responsabilizam pela parte do devedor solidário. Porém, caso seja uma obrigação solidária e indivisível, os herdeiros do devedor solidário respondem pelo todo.
OBS: Solidariedade Imperfeita é a solidariedade de todos que participam da relação de consumo, prevista no Artigo 7º do CDC. Ou seja, a solidariedade em favor do consumidor ultrapassa os limites da relação, podendo atingir quem participou da prestação de serviços.
OBS: As obrigações com pluralidade de sujeitos e com pluralidade de objetos podem ser de dar, de fazer ou de não fazer. Assim, a um só tempo, uma obrigação pode ser plural quanto às prestações, aos sujeitos e com diferentes possibilidades de prestação.
QUANTO AO OBJETO – Podem ser obrigações de dar, fazer ou não fazer.
-Obrigação de Não Fazer: Obrigação de Não Fazer é a única obrigação negativa, sendo a única abstenção existente no sistema. É uma abstenção voluntária de uma conduta que seria lícita à parte, se não fosse a obrigação assumida. Logo, é algo que o devedor poderia fazer se quisesse, porém assume a obrigação de não praticar tal conduta. Só há obrigação de não fazer quando a conduta seria lícita à parte, mas a parte assumiu a obrigação de não fazer. 
 Um exemplo é quando um vizinho assume obrigação de não levantar muro até determinada altura. A obrigação de confidencialidade é outro exemplo, onde o prestador de serviço assume a obrigação de não prestar informações, sendo nesse caso obrigações de não fazer. Ou seja, é não utilizar para si o direito de comunicação e liberdade de expressão.
 A maioria dos autores dizem que a obrigação de não fazer é indivisível. Porém, a obrigação de não fazer pode ser divisível, quando a mesma corresponde a diferentes comportamentos de abstenção. Se A se compromete a não fazer duas condutas e cumpre apenas uma delas, ele responderá proporcionalmente.
 O Artigo 251 permite a (i) autotutela nas obrigações de não fazer. É a possibilidade do próprio credor de se autotutelar garantindo a abstenção. A autotutela se dá dentro do limite da razoabilidade, ou seja, caso o credor se exceda, haverá responsabilidade objetiva do credor por abuso de direito, não podendo ser discutida a culpa do credor. Um exemplo é quando o vizinho que assume a obrigação de não levantar um muro começa a levantar o muro, o credor tem o direito de realizar a autotutela, ou seja, derrubar o muro. 
Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido.
 O (ii) inadimplemento não culposo de uma obrigação de não fazer se dá quando a lei impõe tal conduta ao devedor. Já quando há o (iii) inadimplemento culposo, o devedor pode ser exigido a desfazer a conduta que se comprometeu a não fazer e deverá ressarcir o credor por perdas e danos.
Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar.
-Obrigação de Fazer: Obrigação de Fazer corresponde a uma atividade a ser realizada pelo devedor. Ou seja, a obrigação de fazer é uma conduta positiva, que consiste em preparar e entregar algo. Um exemplo é quando o alfaiate assume a obrigação de fazere entregar o terno. Outro exemplo é o compositor que recebe uma encomenda para elaborar e entregar uma música. 
 As obrigações de fazer podem ser fungíveis ou infungíveis a depender do seu grau de realização “intuito personae”/personalíssimo. Um pintor que assume a obrigação de pintar uma parede é uma obrigação fungível, podendo ser feita por qualquerum, enquanto um pintor que assume a obrigação de pintar um quadro é infungível, pois é uma obrigação personalíssima, podendo ser feita apenas pelo próprio pintor.
OBS: Se dizia que as obrigações de fazer infungíveis comportariam tutela específica, também chamada de obtenção do resultado pratico equivalente (pedir ao juiz uma providencia para que seja garantido o direito) ou perdas e danos, enquanto as obrigações de fungíveis comportariam perdas e danos. Com o Codex de 2002, tanto as obrigações de fazer fungíveis quanto as infungíveis permitem a tutela específica ou perdas e danos, cabendo tal escolha ao credor, seguindo a flexibilização da matéria pelo STF.
OBS: Tutela Específica, também chamada de Obtenção Do Resultado Pratico Equivalente significa pedir ao juiz uma providencia para que seja garantido o direito.
 O inadimplemento de uma obrigação de fazer é justamente a conduta negativa, ou seja, não fazer. O (i) inadimplemento não culposo de uma obrigação de fazer se dá quando a lei proíbe tal conduta assumida pelo devedor. O (ii) inadimplemento culposo de uma obrigação de fazer gerará ao credor a possibilidade de escolher entre perdas e danos ou tutela específica. 
Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível.
Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos.
 Assim como nas obrigações de não fazer, o ordenamento permitiu ao credor a possibilidade de (iii) autotutela nas obrigações de fazer, de acordo com o Artigo 249. Nesse caso, a autotutela nas obrigações de fazer é um ganho de velocidade/celeridade. Um exemplo é quando contratamos alguém para pintar uma parede e o devedor não a pinta. O credor pode mandar outra pessoa pintar e cobrar do devedor o prejuízo. 
 Se o (a) credor pratica a autotutela, ele pede um atividade de execução (não há necessidade de citação ou de conhecimento) limitado ao valor da obrigação assumida, enquanto caso o (b) credor deva decidir entre tutela específica ou perdas e danos, o mesmo pede uma atividade de conhecimento, podendo possuir um valor acima da obrigação assumida.
Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.
 Logo, a autotutela serve para assegurar ao credor maior efetividade no asseguramento do seu interesse.
OBS: O limite do Jus Variandi é a escolha. Logo, o credor não pode fazer a autotutela ou execução do Poder Judiciário. A autotutela não se dá em obrigações de dar dinheiro. Em linha de princípio, a autotutela só alcança as obrigações fungíveis.
-Obrigação de Dar: Obrigação de Dar consiste na entrega de algo que já está pronto. Na obrigação de dar o devedor entrega algo que já está pronto, possuindo como cerne a tradição (entregar). Já nas obrigações de fazer, o cerne não é a entrega, mas a elaboração, ou seja, o preparo para a entrega. Não cabe autotutela nas obrigações de dar, tendo como única possibilidade o Poder Judiciário, havendo hoje em dia tanto a tutela específica como perdas e danos em caso de inadimplemento.
 Um exemplo é a costureira que assume a obrigação de fazer e entregar um vestido, enquanto a vendedora de loja tem a obrigação de apenas dar o vestido. Uma construtora, ao vender a planta de um edifício, tem a obrigação de fazer. 
OBS: No Brasil, o cumprimento de uma obrigação de dar não é, por si só, o suficiente para aquisição de propriedade, Isso porque, em relação aos bens imóveis, além da entrega da coisa (tradição), exige-se o registro no cartório. Já nos bens móveis (livros, roupas, etc), a tradição da coisa/obrigação de dar, consiste na aquisição da propriedade. O registro dos bens móveis, quando exigido, é meramente administrativo (serve para o controle do poder público).
As obrigações de dar se subdividem em:
(i) Obrigação de Dar Coisa Certa é quando existe uma perfeita individualização da coisa, ou seja, o devedor sabe e conhece aquilo que deve entregar, tendo absoluta convicção pois o objeto está completamente individualizado. Um exemplo é quando A assume a obrigação de vender para B o seu apartamento ou um carro X com suas informações especificadas. Aplica-se nessas obrigações o (a) Princípio da Identidade Física da Prestação do Artigo 313, ou seja, o credor não é obrigado a aceitar coisa adversa ainda que de maior valor, assim como o devedor não é compelido a entregar coisa distinta, ainda de que menor valor. 
 Se o (b) credor aceitar do devedor coisa adversa, há o cumprimento indireto através de Dação Em Pagamento, extinguindo-se a obrigação. 
 Caso o (c) credor obrigue o devedor em uma obrigação de dar coisa certa a entregar algo adverso, o devedor não se obriga a isto, podendo entrar com a Ação De Consignação Em Pagamento para entregar a prestação originariamente assumida. 
 A (d) Consignação Em Pagamento ocorre quando há dúvida sobre quem é o credor e quando há dúvida sobre a prestação. Nesta ação, figura em polo ativo o devedor e no polo passivo o credor (ou credores), cabendo ao juiz decidir se a obrigação está quitada ou não, havendo a quitação e cumprimento da obrigação de forma indireta. 
OBS: A Ação de Consignação de Pagamento de dar dinheiro pode ser realizada tanto pelo Poder Judiciário quanto pelo Banco.
 Na obrigação de dar coisa certa, presume-se que a prestação abrange os acessórios (frutos, produtos, rendimentos, benfeitorias e acessão). O perecimento, no ponto de vista da obrigação de dar coisa certa, segue a máxima “Res Perit Domino”/A coisa perece para o dono. Logo, todos os riscos quanto à perda serão imputados ao alienante da coisa no momento (antes da entrega da coisa, o devedor responderá pelo perecimento, enquanto caso haja perecimento culposo após a entrega da coisa, o credor não poderá responsabilizar o devedor por fatos posteriores á tradição, com exceção dos casos de vício redibitório e evicção). 
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.
Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.
Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.
Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos.
Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.
Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes.
Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda.
Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos.
Art. 240. Se a coisa restituívelse deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239.
Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização.
Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé.
Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do mesmo modo, o disposto neste Código, acerca do possuidor de boa-fé ou de má-fé.
OBS: Obrigação de Restituir (dar de volta) é uma obrigação de devolução. Tanto na locação quanto no comodato haverá uma obrigação de restituir. Na obrigação de restituir o Res Perit Domino é invertido, ou seja, o proprietário da coisa não é o devedor (quem entrega), mas sim o credor (quem recebe). As Obrigações de Guardar é uma obrigação de guardar/depositar e depois de restituir. É um caso responsabilidade objetiva (caso um manobrista assuma a obrigação de guardar .
 (ii) Obrigação de Dar Coisa Incerta é quando há uma dívida de gênero, que significa uma dívida incerta. Sabe-se a quantidade e qualidade mas não sabe qual é a coisa individualizadamente. 
Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade.
 Um exemplo é quando A assume entregar um carro para B, pois não há a especificação do tipo do carro. Haverá, portanto, uma indeterminação transitória do objeto, tendo um momento de escolha, que é a Concentração do Débito. Nesse momento, a escolha cabe a quem estiver previsto no contrato e, no silêncio das partes, cabe ao devedor, invertendo-se a escolha no prazo de 10 dias. A partir do momento da escolha, a mesma se torna uma obrigação certa. 
Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.
Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente.
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 Nas obrigações de dar coisa incerta, quem escolhe não possui escolha livre, com o intuito de evitar o abuso de direito (critério objetivo), devendo se fazer pelo padrão médio. Enquanto não houver escolha, as obrigações de dar coisa certa não perecem (Genus Not Perit/Gênero Não Perece), ou seja, antes da escolha é irrelevante a constatação de culpa ou não do devedor. Após a escolha, segue-se as regras da obrigação de dar coisa certa. 
Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito
TEORIA DO PAGAMENTO/ADIMPLEMENTO – Pagamento é o cumprimento voluntário e integral da obrigação, que resulta na extinção do vínculo. Ou seja, o pagamento pode se dar por obrigações de dar, fazer e não fazer, não sendo restrito à obrigação de dar dinheiro. 
 Por isso, é melhor chamar o pagamento de adimplemento. Portanto, é necessário a espontaneidade (execução judicial não é pagamento), licitude e exatidão. Todo pagamento é direto (ou seja, dação em pagamento e ação de consignação não são pagamento).
 Karl Larenz diz que o pagamento tem natureza de execução real, ou seja, o adimplemento não é um negócio jurídico , mas um ato real de extinção do débito que libera o devedor e converte em realidade a prestação devida. 
 Se o credor cobrar uma dívida já paga, o mesmo é obrigado a devolver em dobro, conforme os Artigos 939 e 940 do CC. Para o STJ, o limite para apresentação da prova de pagamento é o momento da sentença. Ou seja, caso o devedor apresente prova que pagou após a sentença, ele terá que efetuar o pagamento, mesmo tendo sido cobrado duas vezes pelo credor.
Art. 939. O credor que demandar o devedor antes de vencida a dívida, fora dos casos em que a lei o permita, ficará obrigado a esperar o tempo que faltava para o vencimento, a descontar os juros correspondentes, embora estipulados, e a pagar as custas em dobro.
Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição.
SUJEITOS DO PAGAMENTO – Os sujeitos do pagamento se divides em quem deve pagar e a quem se deve pagar.
-Quem Deve Pagar: Do latim, “Solvens” significa quem deve pagar/solvente. Quem deve pagar, ordinariamente é o (i) devedor, responsável pela efetuação do pagamento. Além do devedor, que é, originariamente o “Solvens”, outras pessoas também podem realizar o pagamento, como os terceiros, que se dividem em terceiro interessado ou desinteressado. 
Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor.
 Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste.
(ii) Terceiro Interessado é aquele que tem interesse jurídico no pagamento porque ele pode ser atingido com os efeitos do inadimplemento, tendo como exemplo o fiador e o sublocatário O credor nunca pode recusar o pagamento de um terceiro interessado, sendo obrigado a receber o pagamento nos termos da Identidade Física da Prestação. Se o pagamento é realizado por terceiro interessado, haverá o chamado (a) Direito de Regresso (direito material) ou Ação de Regresso (direito processual), cujo efeito é a sub-rogação e, uma vez sub-rogado o crédito, o terceiro interessado passa a ser credor do devedor em lugar do credor original. Logo, o terceiro passa a titularizar a dívida do credor original, herdando também todos os direitos. O terceiro interessado pode herdar títulos de crédito como cheques e notas promissórias permitem a execução direta, sem precisar passar pela ação cognitiva. Ou seja, o pagamento por terceiro interessado gera sub-rogação com direito de regresso.
(iii) Terceiro Desinteressado é aquele que não pode ser atingido pelo inadimplemento pois, eventualmente, o inadimplemento não o atinge. Nesse caso, o terceiro não interessado paga por uma obrigação moral, tendo como exemplo os pais, irmãos e familiares, por exemplo. O credor também não pode recusar pagamento de terceiro não interessado, sendo obrigado a receber o pagamento nos termos da Identidade Física da Prestação. Se o pagamento é realizado pelo terceiro não interessado, não importará em direito de regresso. Isto porque o terceiro não interessado terá apenas o direito de reembolso ou ação de reembolso e não o de regresso. O (a) Direito De Reembolso ou Ação de Reembolso depende da prova do proveito gerado ao devedor. Não há sub-rogação, ou seja, o terceiro não interessado deve provar a vantagem propiciada ao devedor, podendo assim exigir seu direito, sendo necessária uma ação de conhecimento para que haja a execução. 
Art. 305. O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do credor. 
Parágrafo único. Se pagar antes de vencida a dívida, só terá direito ao reembolso no vencimento.
OBS: Se o terceiro não interessado paga em nome do devedor, não haverá direito de reembolso, pois foi uma doação/liberalidade. Pagamento feito pelo representante não é pagamento feito pelo terceiro, sendo o pagamento feito pelo devedor.
 O credor não pode ser compelido a receber, mas terá o direito de objetar as exceções pessoais que lhe caibam. Ou seja, tudo o que o credor puder exigir do devedor, ele poderá exigir do terceiro interessado ou desinteressado. Ao terceiro interessado e desinteressado o devedor pode opor todas as exceções que poderia opor ao credor em caso de dívida prescrita ou de compensação (um devedor original devia 100 para A, que devia 30 para o devedor. B é fiador do devedore quita sua dívida, havendo a Ação de Regresso, se tornando credor do devedor. Entretanto, o devedor pode passar a exigir de B também os 30).
Art. 306. O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou oposição do devedor, não obriga a reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha meios para ilidir a ação.
Art. 307. Só terá eficácia o pagamento que importar transmissão da propriedade, quando feito por quem possa alienar o objeto em que ele consistiu.
Parágrafo único. Se se der em pagamento coisa fungível, não se poderá mais reclamar do credor que, de boa-fé, a recebeu e consumiu, ainda que o solvente não tivesse o direito de aliená-la.
-A Quem Se Paga: Do latim, “Accipiens” é o nome da pessoa que vai receber em pagamento, ou seja, é a quem se paga. Logo, o accipiens será ordinariamente o credor. Porém pode ser também credor o seu representante legal, convencional (Artigo 308, CC) ou tácito (aquele que se apresenta ao devedor com título de crédito dado pelo representado, Artigo 311, CC). 
Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito.
Art. 311. Considera-se autorizado a receber o pagamento o portador da quitação, salvo se as circunstâncias contrariarem a presunção daí resultante.
 (i) Pagamento Feito Ao Credor Putativo é o pagamento feito ao terceiro (Artigo 309, CC) que tinha aparência de credor. Para que o mesmo seja válido, é necessária a prova de aparência de credor e de boa-fé. Logo, o pagamento feito pelo devedor ao terceiro de boa-fé é válido e eficaz, exonerando o devedor da obrigação, havendo o direito de regresso, onde o credor originário passa a se tornar credor do credor putativo. 
Art. 309. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois que não era credor.
 O pagamento que é feito pelo devedor ao cedente do crédito e não ao cessionário em uma cessão de crédito, sendo que o devedor não foi notificado (a notificação é uma requisito de eficácia da cessão de crédito) é um exemplo de pagamento ao credor putativo. (ii) Aparência é quando se juridiciza algo que não era jurídico em nome da boa-fé. Um exemplo disso é justamente o pagamento feito ao credor putativo.
OBS: Numa cessão de crédito, caso o devedor seja notificado e acabe pagando ao cedente e não ao cessionário, não houve eficácia no pagamento, devendo o devedor efetuar novamente o pagamento ao cessionário. 
Art. 310. Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor não provar que em benefício dele efetivamente reverteu.
Art. 312. Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora feita sobre o crédito, ou da impugnação a ele oposta por terceiros, o pagamento não valerá contra estes, que poderão constranger o devedor a pagar de novo, ficando-lhe ressalvado o regresso contra o credor.
OBJETO DO PAGAMENTO – O objeto do pagamento é a prestação devida, que pode ser de dar, fazer ou de não fazer, seguindo o Princípio da Identidade Física do Artigo 313. 
Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.
-Moratória Legal: O NCPC, em seu Artigo 916, comporta uma exceção ao Princípio da Identidade Física da Prestação, estabelecendo que na execução de título de crédito extrajudicial (cheques, notas promissórias, hipoteca, aval e afins que não sejam originadas por decisão judicial) seja admitida a Moratória Legal, ou seja, o credor pode ser obrigado a receber inicialmente 30% do pagamento e o restante em parcelas de até seis vezes acrescidas de reajuste monetário e correção de juros de 1% ao mês.
NCPC Art. 916.  No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e comprovando o depósito de trinta por cento do valor em execução, acrescido de custas e de honorários de advogado, o executado poderá requerer que lhe seja permitido pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e de juros de um por cento ao mês.
OBS: O Artigo 475 do CC estabelece que mesmo se a obrigação for descumprida minimamente, o credor terá o direito de extinguir o contrato. O STJ, no julgamento do REsp 272.739/MG, implementou a Teoria do “Substantial Performance” ou Adimplemento Substancial/Inadimplemento Mínimo significa que haverá apenas a execução das parcelas, mas não a resolução do contrato. Entretanto, não caberá Substancial Performance em casos de alienação fiduciária (contrato pelo qual é transferido ao credor a propriedade do que é seu como garantia de débito. Um exemplo é quando um banco compra um carro para o indivíduo na concessionária, onde até que o indivíduo pague ao banco o valor do carro, o mesmo será propriedade do banco mesmo sendo usado pelo indivíduo). 
Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos. 
 As duas modalidades mais comuns do objeto são pagamento em dinheiro e pagamento em moeda estrangeira.
-Pagamento em Dinheiro: O Artigo 315 consagra o Princípio do Nominalismo, ou seja, toda dívida em dinheiro deve ser paga em seu valor nominal, trazendo implicitamente a correção monetária. Isto faz com que toda dívida deva ser quitada pelo seu valor nominal. 
Art. 315. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos subseqüentes.
 Os juros não estão explícitos no Princípio do Nominalismo, dependendo de expressa disposição das partes ou da atividade exercida (atividade bancária, por exemplo), tendo como teto máximo de % de juros o que for estipulado no contrato, não havendo limites para a % de juros. Entretanto, o juiz pode controlar a abusividade dos juros onde, de acordo com o Artigo 406 do CC, podendo utilizar a Taxa SELIC (não pode o juiz cumular a correção monetária, pois a mesma já inclui a correção monetária, pois representaria Bis In Idem) ou a Taxa prevista no Artigo 161 do CTN, além de estabelecer de acordo com sua vontade.
Art. 406. Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional.
CTN Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária.
§ 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês.
OBS: No Brasil é vedado a cobrança do anatocismo, ou seja, do juros sobre juros/juros compostos (pagamento em parcelas com juros sobre as parcelas, por exemplo), salvo os empréstimos feitos pelos bancos. 
OBS: A Lei 13455/17 autorizou que todo e qualquer contrato de compra e venda pode estabelecer valores diferenciados para o prazo de pagamento (parcelas) e agora também formas de pagamento (crédito, espécie, etc).
-Pagamento em Moeda Estrangeira: O Artigo 318 do Codex proíbe, sob pena de nulidade, pagamento feito em ouro ou em moeda estrangeira. 
Art. 318. São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem como para compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuados os casos previstos na legislação especial.
 Entretanto, no Brasil, são encontradas 3 exceções, admitindo em caráter excepcional, o pagamento em moeda estrangeira. O Decreto Lei 857/69 prevê duas exceções, que são quando há: (i) Dívida Assumida no Exterior, com o valor equivalente ao do dia do pagamento e (ii) Dívida Oriunda de Importação. O STJ prevê a terceira exceção que é no caso de (iii)Qualquer Contrato Sem Ser De Consumo ou de Adesão (Doutrina de Cristiano Chaves), onde a cláusula contratual que prevê pagamento em moeda estrangeira

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