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Aula 1 Distinção entre o texto argumentativo e o texto narrativo (1)

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A distinção entre o texto argumentativo e o texto narrativo 
Aula 1
Disciplina Teoria e Prática da Argumentação Jurídica
Profa Nodja Holanda
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	O menino tinha dez anos. Quase meia hora andando. No começo pensou num bonde. Mas lembrou-se do embrulhinho branco e bem feito que trazia, afastou a idéia como se estivesse fazendo uma coisa errada. (Nos bondes, àquela hora da noite, poderiam roubá-lo, sem que percebesse; e depois ...? Que é que diria a Paraná?) 
	Andando. Paraná mandara-lhe não ficar observando as vitrinas, os prédios, as coisas. Como fazia nos dias comuns. Ia firme e esforçando-se para não pensar em nada, nem olhar muito para nada. 
	- Olho vivo – como dizia Paraná. 
	Devagar, muita atenção nos autos, na travessia das ruas. Ele ia pelas beiradas. Quando em quando, assomava um guarda nas esquinas. O seu coraçãozinho se apertava. 
	Na estação da Sorocabana perguntou as horas a uma mulher. Sempre ficam mulheres vagabundeando por ali, à noite. Pelo jardim, pelos escuros da Alameda Cleveland. Ela lhe deu, ele seguiu. Ignorava a exatidão de seus cálculos, mas provavelmente faltava mais ou menos uma hora para chegar. Os bondes passavam. 
 
João Antônio. Meninão do caixote. São Paulo: Atual, 1983. (Fragmento)
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Os pobres da Índia
A Índia é o segundo país que mais cresce no mundo – depois da China –, com média anual de 6% desde 1990. Dentro de dez anos, prevê um estudo americano, o produto interno bruto indiano será maior que o da Itália e em quinze anos ultrapassará o da Inglaterra. O esplendor do crescimento contém um paradoxo: mais de 300 milhões de indianos, uma vez e meia a população brasileira, vivem com menos de 1 dólar por dia, abaixo da linha que separa a pobreza da miséria. Não há fórmula conhecida que seja capaz de tirar toda essa gente da miséria em curto espaço de tempo – mas o governo indiano tem algumas idéias novas. Na semana passada, Nova Délhi anunciou aquele que, a julgar pelas dimensões territoriais e pelo número de pessoas beneficiadas no primeiro ano (137 milhões), será o maior programa de combate à miséria já lançado no mundo.
Veja, São Paulo, 8 mar. 2006. (Fragmento)
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O código da burrice
	Entre as besteiras que circulam por aí sobre "O Código Da Vinci", a mais arrepiante é que a história do casamento de Jesus com Maria Madalena derruba um "dogma" da Igreja Católica. [...]
	Jesus casou, e daí? Sugerir que, ao longo dos séculos, a Igreja Católica boicotou esse casamento é uma besteira que nem merece o nome de folclore religioso. E procurar descendentes do casal ao longo da história equivale à procura da mula-sem-cabeça e do saci-pererê.
	Umberto Eco, que além de romancista é um ensaísta de peso, disse tudo quando foi questionado sobre "O Código da Vinci": uma burrice. Casado ou solteiro, Jesus, para seus crentes, será sempre a alegria dos homens. [...]
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Texto Narrativo
Narrar consiste em evidenciar fatos experienciados e desenvolvidos em um determinado tempo e espaço. São elementos dos texto narrativo:
Fato;
Personagem;
Lugar;
Tempo;
Enredo; 
Causa;
Consequência;
Modo.
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Texto Dissertativo
Forma encontrada pelo indivíduo para sustentar opiniões, posicionar-se em relação aos acontecimentos que ocorrem à sua volta.
Distingue-se em: dissertação expositiva e dissertação argumentativa.
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Tipos de dissertação
Dissertação expositiva: é o modo de expressar ideias sobre determinado tema, sem a preocupação, porém, de persuadir o auditório acerca da tese defendida.
Dissertação argumentativa: implica na defesa de uma tese com a finalidade de tentar persuadir alguém de que este é o ponto de vista mais adequado a adotar em determinada circunstância.
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Função argumentativa da Narração
	A autora matriculou sua filha na instituição de ensino da ré, em 1999, para cursar o Jardim I. Desde então, a jovem permanece estudando na mesma Instituição, onde cursa, atualmente com 7 anos, a primeira série do Ensino Fundamental.
	No início do ano letivo de 2003, a escola contratou os serviços de uma empresa particular especializada que ministra aulas de informática e de inglês para seus alunos nas dependências da instituição, durante o horário regular de aulas, conforme parágrafo primeiro da cláusula quinta do contrato de prestação de serviços educacionais firmado entre a autora e a ré para o ano letivo de 2003.
	Alegando que, no início do segundo semestre de 2003, passou a haver muita inadimplência no pagamento das mensalidades, a Diretora da Instituição, Neide Ana P. Ramos, e a Coordenadora pedagógica, Raquel Lessa, passaram a adotar como estratégia, meses depois, reiteradas visitas às salas de aula para cobrar das crianças que avisassem a seus pais que as aulas de informática e inglês seriam canceladas se a escola não conseguisse honrar o pagamento das empresas terceirizadas contratadas.
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	Por várias vezes, as filhas da autora chegaram à sua casa dizendo que as aulas seriam canceladas se os pais não efetuassem em dia o pagamento das mensalidades, o que passou a preocupar a autora pelo comportamento inadequado de fazer comunicados, considerando que tal recurso era dirigido a crianças de apenas quatro e sete anos, sem condições, portanto, de discernir se seus pais estavam entre os inadimplentes ou não.
	Reitera-se que tais comunicados não foram feitos por circulares como se espera de uma instituição de ensino, mas verbalmente para as crianças que deveriam transmitir o recado para seus pais. A filha mais nova da autora perguntou-lhe por várias vezes se não poderia mais assistir às aulas, porque ela não havia pago a mensalidade, quando a autora explicou à filha de apenas quatro anos que a mãe havia pago sim a mensalidade do colégio (...).
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Assim,
	A argumentação jurídica caracteriza-se, especialmente, por servir de instrumento para expressar a interpretação sobre uma questão do Direito, que se desenvolve em um determinado contexto espacial e temporal. Ao operar a interpretação, impõe-se considerar esses contextos, ater-se aos fatos, às provas e aos indícios extraídos do caso concreto e sustentá-la nos limites impostos pelas fontes do Direito. 
	Parece claro que nenhum juiz pode apreciar um pedido sem conhecer os fatos que lhe servem de fundamento. Conforme ressalta Fetzner, a narração ganha status de maior relevância, porque serve de requisito essencial à produção de uma argumentação eficiente. É por essa razão que se costuma dizer que a narração está a serviço da argumentação. 
	Resumidamente, um profissional do Direito deve recorrer ao texto argumentativo para defender seu ponto de vista, mas para o sucesso dessa tarefa, precisa ter, antes, uma boa narração, na qual foram expostos os fatos de maior relevância sobre o conflito debatido. 
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Exercícios
São apresentados dois textos adiante. Em primeiro lugar, identifique se esses textos são narrativos ou argumentativos. Em seguida, procure justificar sua resposta por meio da cópia de alguns fragmentos pontuais. Você pode usar como parâmetro a tabela explicativa anterior. 
Texto 1
	Não é de hoje que eu defendo que o advogado e qualquer cidadão podem gravar as conversas travadas em mesa de audiência, sem a necessidade de avisar aos presentes, entre eles a pessoa do Magistrado que a preside. Antigamente, isso era impossível de ocorrer por conta do tamanho dos gravadores e da necessidade de estarem próximos de quem falava para obtenção nítida da voz. Com o desenvolvimento de novas tecnologias, são inúmeras as traquitanas que gravam voz a distância e com excelente resultado em termos de qualidade de audição. Não vejo e nem nunca vi nenhuma ilicitude nisso. As audiências são públicas, quem as grava busca o registro de tudo para sua posterior orientação e também, em eventuais casos, para o exercício pleno da sua defesa (art.5, LV da CRFB). Filmar recai na mesmíssima hipótese. Hoje já existe projeto em curso de implantação nas Varas que contam com processos eletrônicos
de se gravar a voz e filmar a imagem de todos, criando um melhor registro ao processo e alcance de uma maior transparência e publicidade. 
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O saldo positivo de se gravar é proporcionar a todos os que participam daquele momento de embate jurídico o respeito, a cordialidade, o tratamento polido, evitar ironias, críticas pessoais, assédio processual/judicial, etc. Enfim, não faz mal algum gravar tudo, pois quem não deve não teme. (...)
Texto 2
	O autor, de reputação ilibada, dirigiu-se à empresa-ré a fim de adquirir automóvel novo, para comemorar o dia dos pais vindouro, com sua esposa e filha, assinando declaração como instrumento comprobatório do termo de responsabilidade assumido (documento nº 137/12). Nestes termos, as partes combinaram, de comum acordo, que o automóvel novo estaria disponível para o autor cinco dias depois. No entanto, para absoluta surpresa do autor, no dia combinado o automóvel sequer havia chegado à concessionária. Ressalta-se que o autor já havia, nesta data, entregue seu veículo à empresa-ré, encontrando-se em situação de completo desamparo. A esposa do autor, neste ínterim, foi acometida de mal súbito, tendo sido o seu atendimento prejudicado devido à demora para chegar ao hospital, já que teve de ir de táxi. A entrada na seção do pronto-socorro do hospital foi registrada às 21 horas do dia17 de junho de 2012, conforme documento em anexo (documento nº ___) e, até a consumação do atendimento e respectiva medicação, suportou intensas dores, não podendo sequer se locomover sem auxílio de terceiros.
Disponível em: <http://www.trabalhismoemdebate.com.br/2012/06/advogado-pode-gravar-a-audiencia-sem-avisar-ao- juiz/>. Acesso em: 20 jun. 2012.
 Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/16842/indenizacao-em-relacao-de-consumo-juizado-especial>. Acesso em: 20 jun. 2012.
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