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Disciplina Comunicação Empresarial Professor Dr. Marcio da Graça São Paulo Março - 2004 Comunicação Empresarial - UVB Faculdade On-line UVB2 Apresentação O ano de 2004 inicia com o olhar promissor para o País. Você também faz parte desse progresso, afinal fez uma opção por este curso inovador que demarca o início de uma nova modalidade de graduação. Problemas? São desafios, e penso que nós devemos superá-los, não são eles que nos vencem. Então, escolha o seu assento, preferencialmente perto da janelinha (o que eu escolheria) e preste atenção na paisagem da janela, pois o cenário da sua viagem é de negócios (Projeto Interdisciplinar) e a primeira “grande parada” será a certificação no final deste semestre: Análise de Informação em Negócios, embora durante este percurso façamos algumas “paradinhas”, só para conferir o destino. Sejam bem-vindos e boa viagem. Comunicação Empresarial - UVB Faculdade On-line UVB3 Ementário Oficinas de gênero: Gênero de discurso. Gênero, texto e contexto. Contexto de produção e linguagem. Elementos do contexto de produção. Os diferentes segmentos de um texto: descrição, narração, explicação, justificativa, argumentação. Oficinas Temáticas: Leitura de clássicos nas diferentes áreas de conhecimento. Contexto social da obra. Posição do texto na obra do autor. Posição da obra na área de conhecimento. Gêneros e tipos da obra. Organização interna da obra. Leituras do mundo dos negócios, dentro do contexto do curso. Leituras interdisciplinares, dentro do contexto do curso. Comunicação Empresarial - UVB Faculdade On-line UVB4 1. Comparar diferentes estruturas textuais. 2. Diferenciar características da linguagem escrita e da oral. 3. Identificar diferentes estratégias de leitura e prática-las sistematicamente. 4. Interpretar idéias, fatos, expectativas e cenários para a produção de diferentes estratégias de comunicação. 5. Sintetizar idéias e redigir resumos e relatórios. 6. Planejar estratégia de comunicação, produzindo textos e utilizando regras gramaticais. 7. Criar e produzir diferentes estruturas de linguagem para uso em comunicação oral e escrita. 8. Criticar temas e situações do cotidiano a partir da leitura de textos. 9. Interpretar dados dos temas relacionados ao mundo dos negócios. 10. Correlacionar informações de textos interdisciplinares, identificando estruturas, interpretando textos e idéias. 11. Desenvolver terminologia empresarial, criar e produzir diferentes estruturas de linguagem, aplicando ao mundo dos negócios. 12. Criar e produzir estruturas de documentos técnicos. 13. Planejar estratégia de comunicação negocial. Habilidades e Competências Comunicação Empresarial - UVB Faculdade On-line UVB5 Sumário Aula 01. O Processo Comunicativo Aula 02 - Os Códigos da Comunicação Aula 03. Gênero, Texto e contexto do Mundo dos Negócios Aula 04. Gênero do Discurso I Aula 05. Gênero do Discurso II Aula 06. Oralidade e Letramento Aula 07. Comunicação Oral e Escrita II Aula 08. Identificação dos Segmentos de um Texto Aula 09. Narração - Prática e Indicadores de Qualidade Aula 10. Fundamentação do Mundo Produtivo Aula 11. Argumentação: Estrutura, Programação e Estilo Aula 12. Interdisciplinariedade e Qualidade na Comunicação Empresarial Aula 13. Leituras Interdisciplinares no Mundo dos Negócios Aula 14. Relações e Deslocamentos na Estrutura da Língua I Aula 15. Figuras da Linguagem: Figuras da Palavra, de Pensamento e de Construção Comunicação Empresarial - UVB Faculdade On-line UVB6 Aula 1 O Processo Comunicativo Modelos de comunicação Podemos descrever o processo de comunicação com a utilização de modelos. Eles servem como recurso, sobretudo gráfico, de apresentar uma situação comunicativa. As partes do processo, num simples golpe de vista, são. 1 - O modelo linear Esse modelo se apresenta como se fosse uma linha, ligando a fonte emissora e/ou emissor ao receptor, por meio de mensagem codificada pelo emissor/codificador e decodificada pelo receptor/decodificador. Origem e destino constituem o ponto básico desta comunicação, pois ela sempre começa e termina em alguém. A mensagem pode ser codificada com signos verbais e não-verbais, sendo, portanto, estruturada em linguagens lingüísticas e/ou não-lingüísticas. Objetivos da Aula Oferecer subsídios para que o aluno interprete idéias, fatos, expectativas e cenários para a produção de diferentes estratégias de comunicação; criticar temas e situações do cotidiano, a partir da leitura de textos, interpretar dados dos temas relacionados dos mundos dos negócios; correlacionar informações de textos interdisciplinares, identificando estruturas, interpretando textos e idéias. Comunicação Empresarial - UVB Faculdade On-line UVB7 2 - Modelos contextualizados São aqueles que somam toda a situação ou ambiente do ato comunicativo. Mostram que o processo de comunicação se realiza de acordo com situações específicas e particulares, inseridas num determinado contexto físico e psicológico circundante. Somos envolvidos, porém, quando muitas coisas acontecem ao mesmo tempo. A nossa realidade é um processo, e a Teoria da Comunicação reflete esse ponto de vista, rejeitando que os fenômenos sejam constituídos de elementos separados, mas com inter-relações dinâmicas entre seus elementos e/ou componentes. A comunicação, como um iceberg, revela apenas um terço do mesmo, nível em que será acessível à manipulação, observação e mensuração de qualidade. Neste nível encontramos todas as classes de símbolos escritos ou falados, por intermédio dos quais os seres humanos se relacionam com seu ambiente. Porém, cerca de dois terços do acervo das comunicações animais estão abaixo do nível da consciência integral. É o mundo “não- verbal”, inexplorado, das linguagens estranhas e silenciosas, de sinais e símbolos, em grande parte desconhecidos e ainda não estudados. Pelo olhar, tato, postura, murmúrios e um sem-número de outras formas sutis, os animais e as pessoas se comunicam. Que mensagens não-verbais você envia a alguém quando põe o braço no seu ombro? Quando você não engraxa seus sapatos? Quando usa uma forte loção facial ou um delicado perfume? Quando lhe sorri? Há, provavelmente, classes inteiras de agentes portadores de informações ainda desconhecidas. Os estudos atuais sobre parapsicologia, percepção extra-sensorial e comunicação subliminar ? Comunicação Empresarial - UVB Faculdade On-line UVB8 apenas insinuam outras incríveis cadeias de comunicação, cuja existência não estamos, ainda, preparados para compreender. Todavia, onde quer que ocorra, a comunicação tem quatro componentes básicos, que podemos assim classificar: 1. Fonte/emissor / Codificador 2. Mensagem 3. Canal 4. Decodificador / Receptor Vejamos como esses quatro componentes operam em duas situações típicas de comunicação. Imagine um princípio de incêndio em sua empresa. O diretor do estabelecimento (fonte) toca o alarme de incêndio (canal). Os estudantes e o corpo de funcionários ouvem (receptores) e abandonam o prédio (mensagem). Outro exemplo: quando você (receptor) volta do trabalho para casa, seu nariz (canal) lhe diz que seu vizinho (fonte) está queimando folhas secas (mensagem). Em outras palavras, em troca de informações entre pessoas ou coisas haverá uma fonte emissora, um receptor, um canal de comunicação (veículo/meio) e uma mensagem. Imagine: • Um colega espirrando em sala de aula; • O diretor de sua faculdade anunciando que não haverá aula na próxima segunda-feira; • Um(a) garoto(a) simpático(a) sorrindo insinuantepara você; • O telefone tocando em seu quarto; • O locutor de rádio informando que o trânsito das marginais está parado; • O apresentador do Jornal Nacional comunicando a vitória da Comunicação Empresarial - UVB Faculdade On-line UVB9 seleção brasileira sobre a seleção italiana; • O guarda de trânsito rodoviário estendendo seu braço, apontando para você parar no acostamento; • Um forte cheiro de queimado durante a sessão das vinte horas no cinema; • Você passando um telegrama confirmando sua aprovação no teste de seleção da Folha de S.Paulo. Fonte/Emissor A fonte é a nascente de mensagens e iniciadora do ciclo de comunicação. No caso de animais, ela tem para cada operação um repertório arquivado de respostas potencial, que foi ampliado e desenvolvido por meio de comunicações anteriores. A mensagem que formula e transmite são produtos de seus anteriores com o seu meio. Por exemplo, você tem hoje uma soma total de todas as espécies de informações que vem adquirindo e as quais, consciente ou inconscientemente, convoca para ajudá-lo a tomar decisões. Se você é homem, desde o momento de sua concepção está sintonizado para receber apenas certas espécies de informação, ao passo que é improvável ter acesso às mesmas informações que recebe uma mulher. Estas limitações de “sintonia” influenciam as espécies de informação à sua disposição após o seu nascimento. Hoje você possui um conjunto exclusivamente seu de informação; não há outra coleção igual em todo o mundo. Quando você formula e envia uma mensagem, utiliza apenas o estoque pessoal de informações que possui. As fontes não-animais, tais como os computadores ou relés automáticos, comportam-se de uma maneira diferente. Não podem evoluir; isto é, não por si mesmo, aumentar ou modificar seus Comunicação Empresarial - UVB Faculdade On-line UVB10 reservatórios de informações, além das especificações originais. Seu limite de comportamento é, por conseguinte, rigorosamente restrito à execução predeterminada de simples operações. Sendo assim, os computadores têm acesso a um vasto reservatório de informações que lhes dão muitas alternativas, mas, numa análise final, não são capazes de agir além de um nível rigorosamente restrito e predeterminado. É possível que futuros computadores sejam capazes de rever e modificar seus próprios circuitos enquanto atuam. Quando e se tais sofisticados engenhos se tornarem uma realidade, uma nova classificação, mais ou menos entre o animal e a máquina, poderá ser criada. Mas, embora seja importante esta distinção entre animal-fonte e uma máquina-fonte, a qualidade básica de todos os transmissores continua a mesma. A natureza da fonte, em outras palavras, não afeta sua função. Penetrando num barco de memórias de dados disponíveis, sintonizados e adquiridos, qualquer fonte estrutura e transmite uma mensagem intentada para mudar e controlar a forma ou o ritmo de acontecimentos ambientais. Comunicamos de forma a controlar, influenciar ou mudar o nosso meio e até certo ponto ser mudados por ele. Este é o fim de toda comunicação. Receptor O receptor é o intérprete de mensagens. Os tipos de decisão escolhidos pelo receptor e sua maneira de mudar de atitude são medidas da eficiência da comunicação. Por exemplo, consideremos mais uma vez a escola durante o princípio de incêndio. Momentos antes da campainha de alarme ter tocada, um número infinito de situações ocorriam. Mas, tão logo foi ouvida, a escola inteira cessou suas atividades para realizar uma outra ação específica – a evacuação do prédio. A decisão de fazer isso e a maneira de agir foram medidas da eficiência daquela comunicação. Se ninguém tomasse conhecimento Comunicação Empresarial - UVB Faculdade On-line UVB11 da campainha ou se os estudantes saltassem pelas janelas em lugar de deixarem o prédio ordenadamente, a comunicação teria sido ineficiente. Ao fazer tocar o alarme, em outras palavras, o diretor reduziu todas as possibilidades de comportamentos variados a praticamente um específico. Foi este o valor daquela comunicação. Desde que o propósito da operação seja influenciar e reduzir a variabilidade de comportamento do receptor, ele é o ponto central, o pivô no qual a mensagem é refletida de volta à fonte. Sua eficiência como transmissor precisa, conseqüentemente, ser medida pelo comportamento do receptor que recebe sua mensagem. Tudo isto nos leva a um princípio básico da comunicação. Os significados não estão na mensagem, mas nos receptores. Como a fonte é o nascedouro da mensagem, o receptor é, naturalmente, a fonte dos significados. Se os estudantes e professores não tivessem previamente “arquivado” o significado de “princípio de incêndio”, “alarme de incêndio”, “saída ordenada do prédio” e uma série de outros conceitos, a fonte não poderia esperar conseguir nada deles, independentemente da forma da mensagem. Os significados residem assim, definitivamente, na pessoa – não em palavras, gestos ou expressões. Não só um receptor interpreta uma mensagem com base em seus arquivos próprios de conhecimento, mas atribui também significação a fatos, de modo que tendam a perpetuar a estrutura existente de sua organização informativa. Por exemplo, você levou toda a vida para adquirir os conhecimentos que tem e estabelecer relações entre cada uma de suas partes e peças. E você dispôs tudo de forma ordenada, de maneira a “ter sentido” para si próprio. Pode não ter sentido para ninguém , mas isso não vem ao caso. Seu sistema de classificação, da mesma forma que sua informação, é somente seu, e você realmente ordenará e atribuirá significados às mensagens que for recebendo, de modo que se ajustem à idéia que já tem. Alguns receptores humanos fazem isto, expondo-se seletivamente Comunicação Empresarial - UVB Faculdade On-line UVB12 à informação, quando a escolha é possível. Porém, geralmente, focalizam sua atenção somente naquelas fontes de mensagem e partes que tendem a reforçar seu presente equilíbrio. Um exemplo: o homem conservador tenderá a se expor quase exclusivamente a informações ordinárias de fontes conservadoras. Seus jornais, revistas, livros e mesmo seus amigos serão selecionados cuidadosamente em apoio à sua interpretação particular dos fatos. Podemos dizer o mesmo de professores, dentistas, acrobatas, profissionais liberais, ou de um modo geral, de todos aqueles com determinadas opiniões sobre alguma coisa. Somente uma personalidade doentia se exporia repetidamente a informações que iriam inevitavelmente destruí- la. Sobreviver como uma organização lógica e finalista parece ser o comportamento de todos os organismos. Quando a exposição de informação desfavorável a pontos de vista atuais é inevitável, o receptor pode distorcê-la, selecionando e interpretando a mesma de modo a manter intactas as estruturas de seus dados existentes. Um estudante que teve algumas experiências desagradáveis com a poesia iria às aulas de literatura já predisposto a não gostar, faça o que fizer o professor para tornar a aula interessante e informativa. Receptores não-humanos, tais como máquinas e alguns animais não dotados de meios para realizar eles mesmos a seleção de dados a serem recebidos num grau significativo podem, amiúde, destruir a si próprio, numa espécie de busca de equilíbrio, quando confrontados com dados incompatíveis. A picada suicida do escorpião, quando em perigo ou a explosão de uma caldeira a vapor são exemplos disto. Uma caldeira, construída para suportar certa pressão por polegada quadrada, pode, por exemplo, explodir quando seu limite de tolerância é excedido. Esta é a única maneira de poder acomodar uma tensãoincompatível com sua estrutura. Da mesma forma, os chamados colapsos nervosos entre os humanos podem ter sua origem em excessiva informação de tensão e ansiedade que inunda os mecanismos humanos manuseadores da informação. Comunicação Empresarial - UVB Faculdade On-line UVB13 O estudante que não consegue o nível de informação para uma aula de Física, mas é forçado a freqüentar as aulas, confronta-se com a mesma espécie de situação ameaçadora. Ela pode torcer e mascarar os estímulos recebidos, de forma a reduzir a situação à proporção que possa manejar ou então poderá se defrontar com futuras e intoleráveis conseqüências. Aparentemente, então, as pessoas são feitas para resistir a mudanças radicais no rumo em que elas estruturaram e relacionam a informação. Quem não pode se modificar, não aprende. E sabemos que as pessoas aprendem. Como poderemos concorrer para isso? E como, na qualidade de comunicadores, poderemos aumentar no mais alto grau as condições que contribuam para a recepção de novas espécies de informação? No caso exposto, parece ser superar a inibição da mudança; uma nova estrutura é freqüentemente aceitável. “Recompensa”, nesse sentido, refere-se àquela espécie de informação que aumenta o equilíbrio ou o conduzem a estágios mais estáveis! Isto significa que, embora o organismo humano tenha tendência nata para resistir às mudanças, parece também ter a capacidade de realizar transformações quando tais alterações conduzem a uma organização mais estável dos dados existentes. Uma interessante generalização surge em conexão com a boa vontade dos receptores humanos de mudar e modificar comportamentos na base de uma nova informação. Poderia ser chamada de a “lei do menor esforço” do comunicador. Em poucas palavras, ela estabelece que, na ausência de recompensa conveniente, o organismo humano tenderá a entender apenas aquelas mensagens que requeiram menor esforço, em termos de mudança estrutural. Isto significa que, a menos que a recompensa seja bastante grande, o receptor humano só se voltará para aquelas fontes de informação que demandem a menor mudança de sua estrutura informativa. Podemos seguramente concluir, portanto, que toda aprendizagem é uma espécie de crise de credibilidade do estudante. O aprendizado pode ser difícil e pode requerer um grande dispêndio de energia. Comunicação Empresarial - UVB Faculdade On-line UVB14 A recompensa, podemos relembrar, é determinada não pela fonte, mas pelo receptor. De acordo com alguns emissores-fontes, seu desempenho pessoal é a sua própria recompensa. Mensagem Observamos que os significados residem nos receptores e não nas mensagens. Conseqüentemente, não podemos falar de uma mensagem exceto em termos de receptores individuais. Uma simples mensagem, em dado momento, contém tantas outras dentro de si, da qual cada receptor seleciona aquela, ou parte dela, que mantenha e realce sua própria estrutura organizacional. Assim, o apresentador de TV pode pensar que está transmitindo uma mensagem sobre a situação econômica da Inglaterra quando, naquele momento, um telespectador pode observar a cor da sua gravata; outro, o movimento de sua boca; um outro, ainda, o tom “desagradável” de sua voz. Para alguns estudantes, o alarme de incêndio pode significar a evacuação da escola; para outros, ocasião para diversão, e para outros, ainda, um sem-número de coisas diferentes. Mas é a mensagem que concretiza o objetivo da fonte e/ou emissor, pois ela existe em forma física por meio de palavras, sons, desenhos, gráficos, sinais, gestos, etc., que traduzem as idéias, intenções e objetivos de um código ou sistema convencionalizado de signos. Esse sistema é baseado em regras e convenções trocadas e compartilhadas por aqueles que se utilizam desse código. Para influenciar o procedimento de receptor, a fonte precisa primeiramente codificar, selecionar e ordenar um conjunto de símbolos (ou códigos) significando alguma coisa para ambos – a fonte e o receptor. Se, por exemplo, você deseja mudar o estado do filamento de tungstênio de uma lâmpada para produzir luz, precisará codificar sua mensagem de uma maneira específica. Você não pode Comunicação Empresarial - UVB Faculdade On-line UVB15 esperar que a luz entenda gritos ou reclamações, sacudir de mãos, ou outras formas de código. Mas, ao apertar o interruptor da luz, acionando uma série específica de processos mecânicos e elétricos, você terá codificado sua mensagem numa forma em que o filamento da lâmpada pode receber. Do mesmo modo, se um jornalista espera que os leitores entendam sua mensagem, precisará codificá-la de forma apropriada. Será necessário selecionar e organizar um sistema de símbolos comuns a ele e aos ouvintes. Não poderá escrever e/ou expor um assunto em outra língua, pois, certamente, ninguém o entenderia. Um professor de Matemática pode empregar um sistema de símbolos estranho e fantástico – e não saber por que os estudantes não o entenderam. Lembre-se de que este é o significado. A codificação efetiva da informação é uma das etapas mais difíceis na tarefa do comunicador, pois exige dele objetividade, clareza, coesão e coerência na elaboração de mensagens. Como os símbolos são meras representações de acontecimentos, não podem evocar a espécie e o número de reações do receptor que o acontecimento irá produzir. Se, por exemplo, um professor de História deseja transmitir aos estudantes alguma coisa sobre o período colonial e sobre as idéias existentes que provocaram a Revolução Americana, a seleção de um código eficaz torna-se crucial. Suponhamos que um publicitário deseja informar a fregueses em potencial que sua pasta de dente deixa a boca fresca e hálito agradável, que espécie de código deveria usar? A seleção de códigos é freqüentemente a chave mais importante para provocar o comportamento desejado. Quando a mensagem é codificada, a fonte está longe de terminar a tarefa de enviá-la, pois ela precisa competir com uma infinidade de outras mensagens do próprio meio para atrair a atenção. Não só o receptor se torna receptáculo de um fluxo de mensagens da fonte, mas, simultaneamente, recebe um número infinito de estímulos do Comunicação Empresarial - UVB Faculdade On-line UVB16 ambiente em geral. A mensagem do radialista, por exemplo, compete pela atenção dos ouvintes com mensagens originárias em vários lugares, tanto dentro como fora de casa: tráfego na rua, temperatura do ambiente, murmúrios de outras pessoas e, principalmente, as necessidades materiais e psicológicas. Havendo um objetivo a comunicar e uma resposta a obter, o emissor espera que a sua comunicação seja a mais fiel possível. Por fidelidade queremos dizer que ele obterá o que quer. Um codificador de alta fidelidade é o que traduz a mensagem que o receptor com total exatidão. Ruído e Redundância Claude Shannon e Warren Weaver, em seu livro The Mathematical Theory of Communication, de 1949, analisando a questão da fidelidade eletrônica, introduziram o conceito de ruído como qualquer fator que distorce a qualidade de um sinal. É denominado ruído ou interferência tudo que afeta a transmissão da mensagem. São fatores (barreiras ou filtros) que surgem ou que se colocam entre o emissor e o receptor no processo de comunicação. Por exemplo, falar em voz muito baixa, erros de codificação, nervosismo, falta de atenção, falta de energia elétrica, mancha no papel, são alguns fatores que podem ser ruídos num contexto de comunicação. Os ruídos podem vir dos canais de comunicação, do código ou da percepção do emissor e receptor. Geralmente, os problemas na comunicação estão relacionados com esses filtros,pois é na mente que se codifica e decodifica a mensagem e os diferentes aspectos da comunicação. Por isso, são importantes as informações que temos sobre a fonte e/ou emissor que estamos vendo e ouvindo, pois filtramos antes de dizer alguma coisa ou depois de ter ouvido algo. Comunicação Empresarial - UVB Faculdade On-line UVB17 As bases desse filtro partem das presunções e interpretações que fazemos das mensagens e situações de comunicação. Muitas vezes colocamos filtros em relação a uma mensagem falada num sotaque regional cuja credibilidade e autoridade estejam diminuídas. A própria BBC de Londres já demonstrou a existência desses filtros entre os ouvintes de locutores, apresentadores e correspondentes com sotaque. Isto nos sugere, também, que os veículos de comunicação (mídia), em parte, constroem nossas crenças e valores. Elas nos chegam por meio de filtros e por meio deles percebemos o mundo. A comunicação pode, portanto, ser bloqueada ou filtrada por fatores físicos, semânticos ou psicológicos: a) Barreiras mecânicas – um problema físico, como surdez ou algo na produção da fala ( gagueira, murmúrio, rouquidão, defeitos de articulação) – podem bloquear a recepção, impedindo a comunicação. Qualquer defeito ou pane em aparelhos e equipamentos que envolvam transmissão podem ser considerados barreiras mecânicas. Ela está relacionada com a eficiência ou não dos canais de comunicação, influenciando, assim, no contexto e no processo de codificação. b) Barreiras semânticas – diz respeito ao significado das palavras. Vocábulos inarticulados ou usados inadequadamente, interpretações aleatórias, quebra de convenções e outros fatores, tais como o contexto no qual o código está sendo utilizado, podem provocar bloqueios em relação ao entendimento da mensagem. Esta barreira está relacionada ao uso adequado ou não do código que estrutura a mensagem. c) Barreiras psicológicas – relacionadas à seleção e interpretação das mensagens no processo comunicativo, de acordo com nossas presunções, crenças, valores e ideologias, inseridas no processo emocional que envolve as pessoas Comunicação Empresarial - UVB Faculdade On-line UVB18 no ato comunicativo. Ex.: preconceitos religiosos, raciais, sentimentos recalcados, etc. Assim, além de evitar as barreiras e/ou ruídos numa situação comunicativa, como pode uma fonte aumentar suas chances de conseguir a atenção de receptor visado? Um método comum é a utilização da redundância: quando o comunicador transmite uma qualidade limitada de informações repetindo-as, porém, freqüentemente, em vez de transmitir mais informações, menos vezes. Uma luz de aviso que pisca repetidamente ou a campainha persistente do telefone são exemplos de redundância. Um professor pode repetir certas palavras-chave, escrevê-las depois no quadro-negro, mandar que os alunos as copiem em seus cadernos, revendo-as freqüentemente. Tudo isto toma o tempo que o professor poderia usar para transmitir novas informações. A repetição aumenta as chances de atenção, mas quanto de redundância é eficiente? Alguns comerciais de televisão repetem o nome do produto umas dez vezes em trinta segundos. É este o melhor uso do tempo? Como usar efetivamente a repetição é um dos maiores desafios feitos ao comunicador. Pesquisas nos dizem que a nossa comunicação oral usa 50% de redundância: informações já dadas; redundâncias sintáticas (subir para cima); redundâncias gestuais (polegar para cima quando dizemos positivo); redundâncias tonais (quando exclamamos “Estou morto de fome!”) e outras. A redundância é necessária para inteligibilidade e clareza da mensagem, como também, para nos livrarmos de possíveis ruídos. No entanto, o excesso deste artifício pode, conseqüentemente, gerar ruído, pois a repetição exagerada compromete a clareza e objetividade da mensagem, prejudicando a comunicação. Comunicação Empresarial - UVB Faculdade On-line UVB19 Podemos definir mensagem como o produto físico real do codificador- fonte. As mensagens, redigidas por códigos, comunicam informações. Ex.: quando falamos, o nosso discurso é a mensagem; se escrevemos, a escrita é a mensagem; ao gesticularmos, os movimentos das mãos, braços e as expressões faciais são as mensagens; ao desenharmos, o desenho é a mensagem. Mas, pelo menos, ao criarmos mensagens num ato comunicativo, três fatores precisam ser considerados: 1. Código; 2. Conteúdo; 3. Tratamento. Comunicação Empresarial - UVB Faculdade On-line UVB20 Referências Bibliográficas CITELLI, Adilson. Linguagem e persuasão. São Paulo: Ática, 1991. FIORINI, José Luiz & Savioli, Francisco Platão. Lições de Textos: leitura e redação. São Paulo: Ática, 1996. OLIVEIRA, Elvira de. Help! Sistemas de consulta interativa – língua portuguesa, técnicas de redação e literatura. São Paulo: Klick Editora/O Estado de São Paulo, 1996. PEREIRA, Gil Carlos. A palavra: expressão e criatividades. São Paulo: Moderna, 1997. Sugestões Bibliográficas BORDENAVE, Juan E. Díaz. O que é comunicação. São Paulo: Brasiliense, 1982.
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