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2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A HISTÓRIA E O PERCURSO DA PSICANÁLISE
Iniciada por Sigmund Freud, a psicanálise é entendida como um campo de investigação da mente humana, que consiste na interpretação, por um analista, do conteúdo falado pelo paciente, através de associações livres. A psicanálise é o nome: 1. de um procedimento para a investigação de processos mentais mais ou menos inacessíveis de outro modo; 2. de um método fundado nessa investigação para o tratamento das desordens neuróticas; 3. de uma série de concepções psicológicas adquiridas por esse meio e que se desenvolvem juntas para formar progressivamente uma nova disciplina científica. (FREUD, 1923 [1922] p. 247)
Freud, em 1918, declara: “Chamamos de psicanálise o processo pelo qual trazemos o material mental reprimido para a consciência do paciente”. Conforme definição de Roudinesco (1998, p.603), a psicanálise é o nome criado por Freud, em 1896, para o método de tratamento pela fala, oriundo do recurso catártico de Breuer e fundamentando na investigação do inconsciente, com a colaboração da associação livre por parte do paciente e da interpretação por parte do analista.
É também o método terapêutico fundamentado na transferência que envolve uma determinada técnica e teoria. Ainda de acordo com Roudinesco (ibidem), este termo é aplicado ao movimento psicanalítico, uma escola de pensamento que abrange todas as correntes do freudismo, além de ser uma disciplina fundada por Freud, na medida em que abrange um método terapêutico, uma organização clínica, uma teoria do pensamento e uma peculiaridade de transmissão do saber, por meio da análise pessoal, supervisão e estudo contínuo.
Sobre o início da psicanálise, Landman ressalta que: No início havia a hipnose e a sugestão. A psicanálise adveio, enquanto técnica, da hipnose; alguns chegaram a afirmar que a hipnose continua a ser o impensado da psicanálise, lembrando assim que a relação entre psicanálise e hipnose jamais foi verdadeiramente elucidada (LANDMAN, 2007, p.79).
Ao investigar a causa das neuroses, Freud descobriu que a maioria dos pensamentos e desejos reprimidos referiam-se a conflitos de ordem sexual, localizados ainda na vida infantil. Este é um aspecto muito importante da teoria psicanalítica, já que os pacientes relatavam frequentemente sobre experiências sexuais traumáticas na infância, inclusive envolvendo membros da família.
A função sexual, conforme verifiquei, encontra-se em existência desde o próprio início da vida do indivíduo, embora no começo esteja ligada a outras funções vitais e não se torne independente delas senão depois; ela tem que passar por um longo e complicado processo de desenvolvimento antes de tornar-se aquilo com que estamos familiarizados como sendo a vida sexual normal do adulto. (FREUD, 1925, p.40)
Um dos processos imprescindíveis na criação da psicanálise é o da sexualidade infantil. Naquela época a infância era sinônimo de pureza e ingenuidade, mas Freud apontou um novo olhar para esta fase da vida. Em Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905), o pai da psicanálise apresenta ao mundo uma criança dotada de um corpo erotizado, capaz de produzir satisfação.
Utilizando a amamentação do bebê como exemplo, Freud ressaltou as características da sexualidade infantil. Landman (2007, p.73) define a obra como inovadora e que “inflige uma ferida em todos os que querem, sob o efeito da amnésia, guardar a imagem da criança inocente a partir da qual fundam um ideal moral e social”.
A psicanálise explica que o sexual infantil era distinto da sexualidade genital, ou seja, era pré-genital, nada tinha a ver com o ato sexual, mas sim com a vinculação do prazer que a criança pode obter com seu próprio corpo.
A partir de 1896, Freud passa a empregar o método da associação livre. Ele pede que os pacientes falem livremente tudo o que lhes ocorrer à mente, sem qualquer tipo de censura, mesmo que as ideias pareçam sem sentido. No fundo, ele acreditava que as associações livres não aconteciam por acaso, ao contrário, havia um determinismo psíquico.
Com a psicanálise, Freud quebrou os tabus ligados à sexualidade e contribuiu com a emancipação das mulheres. Suas ideias eram inovadoras, contestavam crenças religiosas e propagavam certo declínio do habitual patriarcado familiar.
A psicanálise trazia ao mundo uma fascinante utopia, a novidade de uma ciência do inconsciente. Em uma palavra, Freud e seus primeiros discípulos, os famosos pioneiros da Sociedade Psicológica das Quartas-feiras, buscavam mudar o homem não por meio de uma revolução social, mas sim por um despertar da consciência: o despertar de uma consciência capaz de admitir que sua liberdade estivesse ligada ao destino do sonho, do sexo e do desejo, ao destino de uma razão vacilante. (ROUDINESCO, 2003, p.19).
Roudinesco (2003, p.24) afirma, ainda, que a psicanálise sofreu ataques incessantes ao longo de sua constituição, isso por que a acusavam de corromper os costumes, produzir degradação moral e sodomia, chegaram a acusá-la também de promover a rebeldia e destruir famílias. Tudo isso por que esta técnica acolhe os desejos, os sonhos e reconhece o papel da sexualidade desde a infância.
Segundo Landman (2007, p.11), a psicanálise é muito extensa e nunca ditas humanas; da filosofia à antropologia; da história à sociologia; da pedagogia deixou de evoluir ao longo da história. Para o autor “não existe campo das ciências à literatura, no qual seu pensamento não tenha penetrado em algum momento”, através do legado de conceitos de Freud. A esse respeito vale ressaltar que as descobertas freudianas evoluíram em etapas, não só em relação ao aperfeiçoamento da técnica, mas também em função de critérios mais pessoais, ligados ao seu próprio criador.
Hoje, a psicanálise está difundida em mais de 40 países. A América do Sul ocupa um lugar de destaque, em particular o Brasil, onde existem mais de cem instituições representando as correntes freudianas. O médico Juliano Moreira, um dos mais famosos psiquiatras brasileiros, é considerado pioneiro na divulgação da psicanálise no Brasil.
De fato, os historiadores do movimento psicanalítico são unânimes em afirmar que Juliano Moreira, já em 1899, refere-se às ideias de Freud em sua cátedra da Faculdade de Medicina da Bahia. Outro importante marco inaugural é a comunicação feita por Moreira à Sociedade Brasileira de Neurologia sobre o método freudiano em 1914. (VILELA, 2014, p.469)
Independentemente de onde a psicanálise seja aplicada, o psicanalista precisa seguir as recomendações de Freud no que tange a formação. Entre essas recomendações existem três fundamentais: análise pessoal, conhecimentos teóricos (leituras) e supervisão.
É verdade que na psicanálise não há prática sem teoria que, por sua vez, advém da prática. Em função disso, esta teoria tem um histórico de difíceis e longas batalhas para a construção de seu espaço teórico e prático, em busca do reconhecimento e consolidação. O que realmente importa é continuar atuando com uma psicanálise estrita e não tendenciosa, independente do local em que esteja sendo aplicada.
Atualmente, percebe-se que o futuro vislumbrado por Freud já é o nosso presente, uma vez que os psicanalistas são chamados a trabalhar em diferentes campos, e a psicanálise torna-se cada vez mais objeto de trabalho de muitos pesquisadores.

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