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Teoria e Prática Cambial Unidade II

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Unidade II
Unidade II
Após conhecermos os conceitos básicos que norteiam o comércio exterior como o sistema financeiro 
nacional, o mercado de câmbio, a taxa cambial e as formas relativas de proteção do balanço de 
pagamentos aplicadas pelo governo, iremos nos atentar aos regimes cambiais existentes, aos tipos de 
taxas de câmbio e à forma de administrá‑los em favor da política econômica do país.
Vamos analisar as taxas de juros internacionais e seus impactos nas decisões dos importadores e 
exportadores, haja vista que, ao buscarmos financiamentos internacionais, a taxa de juros é baseada no 
que o mercado estrangeiro oferece.
Outro ponto a ser salientado a partir desta unidade diz respeito às políticas adotadas pelos bancos. Elas 
auxiliam os entes do comércio exterior em sua programação para executar vendas e compras no exterior. 
Obviamente, essa dinâmica depende da política determinada pelo governo e se os bancos as adotarão.
Os estudos na área de Comércio Exterior nos apontam outros aspectos igualmente importantes, 
como é o caso dos contratos de câmbio: compreender como eles são e funcionam; qual a relevância 
destes documentos; e, principalmente, as regras impostas a eles.
3 TAXAS INTERNACIONAIS DE JUROS
O profissional que atua no comércio exterior necessita apreender os conceitos que regem as taxas de 
juros no mercado internacional, por isso descataremos como o conceito dessas taxas e suas subdivisões 
pode ser analisado e influenciar na tomada de decisões em relação ao financiamento das importações 
e exportações.
3.1 Conceito
Para iniciarmos nossa conceituação acerca do tema, devemos observar como os juros intervêm no 
mercado interno.
É possível definir a taxa de juros como o valor monetário (preço) a ser pago pelo uso do dinheiro, 
ou ainda considerá‑la como uma remuneração visando à aplicação financeira, como é caso de um 
investidor. No caso dos tomadores de empréstimo, ela é um custo, visto que deverão pagar pelo uso do 
dinheiro de terceiros.
[...] toda a operação que envolva remuneração de juros identifica a participação 
de dois agentes econômicos: poupador – que deseja adir seu consumo para o 
futuro – e outro que, ao tomar os recursos disponíveis, decide, inversamente, 
antecipar seu consumo para o presente (ASSAF NETO, 2009, p. 109).
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TEORIA E PRÁTICA CAMBIAL
No mercado brasileiro, a taxa básica de juros é a do Selic (Sistema Especial de Liquidação e de 
Custódia). Ela é chamada de taxa básica, pois serve como balizador para os demais juros do mercado. É 
calculada através da média ponderada dos juros praticados no mercado interbancário por instituições 
financeiras nas operações de curto prazo, com garantia em títulos federais. O Selic atua diretamente 
com os títulos públicos. Como o risco numa operação com os títulos do governo é baixo, a taxa de sua 
remuneração também é menor.
 Observação
Os títulos federais são liquidados via Selic, já os privados pela Central 
de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos Privados (Cetip). Devido ao 
risco, a taxa de juros dos títulos privados é ligeiramente mais elevada que 
a de títulos federais.
Para a definição da taxa básica de juros na economia brasileira, pelo Selic, o Comitê de Política 
Monetária (Copom) se reúne e faz a análise dos dados macroeconômicos. Com base nessas avaliações, é 
lançada a taxa de juros referência para todo o sistema. Na tabela a seguir, reproduzimos o histórico das 
taxas de juros básicas da economia definido para o período de janeiro de 2014 a janeiro de 2017.
Tabela 1 – Histórico de taxas de juros (jan. 2014 a jan. 2017)
Data Taxa % aa
11/01/2017 13
30/11/2016 13,75
19/10/2016 14
31/08/2016 14,25
20/07/2016 14,25
08/06/2016 14,25
27/04/2016 14,25
02/03/2016 14,25
20/01/2015 14,25
25/11/2015 14,25
21/10/2015 14,25
02/09/2015 14,25
29/07/2015 14,25
03/06/2015 13,75
29/04/2015 13,25
04/03/2015 12,75
21/01/2015 12,25
03/12/2014 11,75
29/10/2014 11,25
03/09/2014 11
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Unidade II
16/07/2014 11
28/05/2014 11
02/04/2014 11
26/02/2014 10,75
15/01/2014 10,5
Adaptado de: Bacen (2017).
 Saiba mais
A taxa básica de juros da economia brasileira é uma das mais elevadas 
do mundo. Apesar dos esforços do Copom para que ela seja reduzida, há 
o inconveniente de não atrair investidor externo em virtude dos juros 
mais baixos.
Para acompanhar a série histórica das taxas de juros no Brasil, acesse o 
site do Banco Central do Brasil.
<www.bcb.gov.br>.
Além da Selic, existem diversas outras taxas de juros na economia brasileira. Entre elas podemos destacar:
• Taxa Referencial (TR): corrige, principalmente, a caderneta de poupança, os saldos do Fundo de 
Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e alguns financiamentos imobiliários. É calculada através 
da remuneração média das taxas dos Certificados de Depósitos Bancários (CDB) e do Recibo de 
Depósito Bancário (RDB) dos bancos.
• Taxa Financeira Básica (TBF): considerada como uma taxa de juros futura, pois reflete a expectativa 
dos juros nos próximos 30 dias, é calculada baseando‑se nos rendimentos médios mensais dos 
CDB de 30 dias.
• Taxa do Banco Central (TBC): formada livremente pelo mercado – oferta e demanda – busca 
definir qual é a taxa de juros nas operações de open market.
• Taxa de Assistência do Banco Central (Tban): taxa semelhante à TBC, porém não definida pelo 
mercado, mas sim pelo Copom. Ela também remunera as operações de open market. Tanto a TBC 
quanto a Tban servem de referência às operações de redesconto.
• Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP): aplica‑se a operações de longo prazo, como os financiamentos 
do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), recursos do Fundo de Amparo 
ao Trabalhador (FAT) e PIS/Pasep. Ela é determinada por três fatores: meta de inflação brasileira; taxa 
de juro real internacional; e prêmio pelo risco Brasil. A validade da TJLP é de três meses.
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TEORIA E PRÁTICA CAMBIAL
 Lembrete
Foram citados dois instrumentos de política monetária nas 
definições de taxas de juros, a saber: open market: compra e venda de 
títulos do governo com o intuito de controlar a liquidez do sistema; e 
redesconto: momento em que os bancos privados buscam a ajuda do 
Banco Central e são utilizadas taxas de juros diferenciadas e garantias, 
como duplicatas descontadas.
Após a conceituação da taxa de juros no ambiente nacional, vamos observar esses mesmos conceitos 
aplicados ao mercado internacional. A taxa de juros internacional sinaliza o custo do dinheiro no mercado 
externo, ou seja, ela define qual será o dispêndio ao captar recursos no exterior.
Para chegar a uma taxa de juros, é necessário verificar três quesitos básicos:
• Taxa básica: fixar a taxa de referência dos juros de uma nação.
• Risco‑país: estipulado por algumas agências específicas, expressa as condições econômicas e 
políticas do país e se este é confiável para os investidores estrangeiros.
• Spread do agente captador: diferença entre o valor captado e o valor a ser pago pela captação.
Desse modo, é possível compreender o processo de formação da taxa de juros no mercado 
internacional.
3.2 Subdivisões
Algumas taxas de juros são mais aceitas e conhecidas no mercado internacional, entre elas podemos 
destacar: Libor, Prime rate, CIRR e Euripor. Vamos conceituá‑las a seguir.Libor (London Interbank Offered Bank): é a taxa de juros de venda do mercado londrino. Praticada 
no mercado interbancário, caracteriza‑se como a taxa de juros mais famosa, importante e utilizada 
no mercado internacional. Ela é calculada em cinco moedas diferentes: dólar americano, iene, libra 
esterlina, franco suíço e euro. É divulgada diariamente e seu valor dependerá do prazo da operação.
Prime rate: é a menor taxa norte‑americana cobrada de clientes preferenciais, ou seja, com menor 
risco de calote. Ela serve como forma de iniciar os custos dos empréstimos. É usada com clientes 
especiais. Contudo, para cliente com alto risco de não pagamento, essa taxa é alterada e seu valor 
tende a aumentar.
CIRR (Commercial Interest Reference Rate): taxa de juros empregada para projetos de longo prazo para 
países desenvolvidos e membros da OCDE (Organização par Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
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Euribor (Euro Interbank Offered Rate): os países europeus possuem sua própria taxa de juros, a 
Euribor, portanto, as nações membros da comunidade europeia se baseiam nela. Para calculá‑la, são 
consideradas as 32 taxas dos principais bancos europeus, excluindo‑se as taxas de juros extremas, ou 
seja, a mais alta e a mais baixa.
É importante ressaltar que as taxas apresentadas são extremamente atraentes se comparadas à taxa 
de juros brasileira: as taxas internacionais giram em torno de 1% a 3% ao ano, as brasileiras podem ser 
observadas na tabela anterior.
4 POLÍTICA OPERACIONAL ADOTADA PELOS BANCOS
Nos limites das fronteiras do Brasil, é possível adquirir mercadorias usando a moeda nacional para 
pagamentos sem que seja necessário enfrentar qualquer entrave. Por isso, não encontramos a dificuldade 
do poder liberatório, dado que a moeda adotada tem livre circulação.
Valem lembrar que a moeda possui a seguintes funções: intermediário de trocas; unidade de conta; 
medida de valor; reserva de valor; padrão de pagamento diferido; poder liberatório; e instrumento de poder.
 Saiba mais
Para compreender um pouco mais as questões acerca da moeda, 
recomenda‑se a leitura do texto A questão da complementaridade da 
moeda: aspectos teóricos e a realidade das hiperinflações. Disponível em: 
<http://revistas.fee.tche.br/index.php/ensaios/article/view/1602/1970>. 
Acesso em: 24 mar. 2017.
Entretanto, resta‑nos a pergunta: como tratar a questão do pagamento se adquirirmos uma 
mercadoria no exterior? Esse é um tema relacionado aos pagamentos internacionais, pois nenhum 
comerciante é obrigado a aceitar a moeda de outro país como meio de pagamento.
Como vimos na primeira unidade, o câmbio é a forma de converter o valor de uma determinada 
moeda ao de outra, e a equivalência entre elas é a taxa de câmbio. É uma lógica bastante aceitável: se 
compramos no Brasil, pagamos em real. Todavia, nos Estados Unidos as compras devem ser realizadas 
em dólar americano; na Suíça, em francos suíços; na Alemanha, em euro, e assim por diante.
No Brasil é proibido qualquer negociação em outras moedas. Não é permitido, por exemplo, pagar 
qualquer boleto bancário expresso em dólares ou euros.
4.1 Conceitos
Existe a falsa percepção de que os pagamentos internacionais são feitos através de remessas de 
dinheiro, mas isso não é uma verdade. Não existe tal política hoje, nem nunca houve em outras épocas. 
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Na realidade tudo o que existe são compensações de créditos e débitos, logo, há somente escrituração 
dos valores. Exemplificaremos o esquema de pagamentos ao exterior.
Um exportador norte‑americano vende para a Inglaterra o equivalente em dólares igual a US$ 
10.000,00. Sabe‑se que a taxa de câmbio é US$ 1,00 = £ 2,00. Ao efetuar o câmbio, o comprador 
inglês possui uma dívida de £ 5.000,00 com o vendedor dos Estados Unidos. Nesse caso, é possível 
observar que o comerciante americano possui as chamadas letras de câmbio. Elas correspondem a 
títulos que são emitidos por exportadores, os quais definem que alguém (importador) deve certo valor 
a eles (RATTI, 2011).
E se houver uma mesma operação de compra e venda, agora entre um negociador inglês (exportador) 
e um norte‑americano (importador)? Se elas foram do mesmo valor, conforme o exemplo apontado, 
haverá facilidade em liquidar as letras de câmbio, uma contra a outra, sem envio de numerários aos 
países. Todavia, isso é impraticável, pois localizar uma letra de câmbio de igual valor e vencimento em 
diferentes operações é quase impossível.
Em vista disso, tanto importadores quanto exportadores recorrem aos bancos. Esses agentes são 
parte integrante do sistema financeiro e cambial, haja vista que no Brasil, e em outros países, não se 
pode operar com moeda estrangeira sem a intermediação bancária.
4.2 Elementos a serem considerados
Para executar as transações solicitadas pelos seus clientes, os bancos mantêm uma pequena 
quantidade de moeda estrangeira guardada. Não obstante, como os bancos atuam quando as quantidades 
de moedas são vultosas?
Um banco nacional pode manter uma conta em um banco no exterior e, assim, guardar volumes 
maiores de moeda estrangeira. Esse tipo de conta é conhecido como nostro accounts, e o banco 
responsável pode realizar transações nela quando for necessário.
Os outros bancos localizados em outros países atuam de forma idêntica, mantêm contas com 
volumes de dinheiro estrangeiro em outros países. Esse tipo de conta chama‑se vostro account.
No caso de mais de dois envolvidos numa determinada operação, um terceiro banco manterá valores, 
tanto em moeda estrangeira quanto em moeda nacional, depositados em outros dois bancos, numa 
conta denominada loro account.
É assim que ocorre a movimentação monetária entre os países, não sendo obrigatório o envio de 
moeda em sua forma física. Salientamos, ainda, que a movimentação existente em termos financeiros ao 
redor do mundo não necessita, propriamente, do papel‑moeda para que as operações sejam liquidadas, 
apenas de ordens de débito e crédito.
Usando o exemplo de Ratti (2011) – com algumas adaptações –, tentaremos compreender o processo 
de exportação entre dois países, no caso Brasil e Alemanha.
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Um dado exportador brasileiro e um importador alemão se comunicam e acertam as devidas 
condições para a conclusão da compra e venda de uma mercadoria. O brasileiro a prepara de acordo 
com a formalização do pedido do importador. Essa encomenda deve ser no valor acertado. Para fins de 
exemplo, fixaremos um valor de $ 5.000.
Após o preparo da mercadoria, ela é encaminhada ao local do embarque. Em seguida, seu despacho é 
feito para o país de destino. Aqui no Brasil, o exportador recebe a documentação de embarque da referida 
compra. O exportador brasileiro, por sua vez, entrega esse registro e uma letra de câmbio a um banco 
no Brasil. O banco brasileiro envia o arquivo a outro ente bancário na praça do importador alemão para 
que seja feita a cobrança. Uma vez na Alemanha, o banco correspondente informa ao importador de que 
existe tal cobrança contra ele e solicita o pagamento no valor equivalente a $ 5.000 com base na taxa 
de câmbio do dia. Ao amortizar o valor, a instituição financeira correspondente entrega a documentação 
ao importador para as devidas providências.
De posse dos instrumentos legais, o importador alemão retira a mercadoria e o banco correspondente 
informa que o pagamento foi efetuado à instituição bancária de origem da cobrança. À vista disso, 
essa mesma instituição no Brasil efetua opagamento ao exportador brasileiro e, dessa forma, a 
operação é encerrada.
Por meio dessas informações, é possível compreender – ainda que de forma resumida – o processo 
que ocorre nas operações de exportação e importação. Esse tema será retomado adiante com mais rigor.
É importante destacar que não são todos os agentes econômicos que podem manter contas em 
moeda estrangeira no país. Essas contas devem ser mantidas em bancos autorizados em operações com 
câmbio.
Os agentes autorizados, de acordo com o Regulamento do Mercado de Câmbio e Capitais 
Internacionais (RMCCI), em seu título 1.º, são:
• Agentes de turismo e prestadores de serviços turísticos.
• Embaixadas, legações estrangeiras e organismos internacionais.
• Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos.
• Empresas administradoras de cartões de crédito de uso internacional.
• Sociedades encarregadas de implementação e desenvolvimento de projetos do setor energético.
• Estrangeiros transitoriamente no país e brasileiros residentes ou domiciliados no exterior.
• Sociedades seguradoras, resseguradoras e corretoras de resseguros.
• Transportadores residentes, domiciliados ou com sede no exterior.
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• Agentes autorizados a operar no mercado de câmbio.
• Subsidiárias e controladas de instituições financeiras brasileiras no exterior.
Nesses casos, as contas devem ser mantidas em bancos autorizados a operar com câmbio.
4.3 Transferências ao exterior
O comércio internacional, conforme destacado anteriormente, é a forma de ampliar as fronteiras de 
um país. No entanto, ao adquirirmos uma mercadoria no exterior, deparamo‑nos com um embaraço: 
efetuar o pagamento. O câmbio auxilia na conversão de uma moeda para outra e, assim, é possível fazer 
a contabilização em moeda nacional de quanto é devido a outro país.
Após fazer a conversão cambial, é necessário realizar a transação do pagamento ao respectivo país. 
Para tal, algumas modalidades de transferência foram instituídas, as quais são utilizadas ao redor do 
mundo. Passemos a elucidar algumas delas.
Cheques: são similares aos cheques emitidos em território nacional. A regra para emissão deles é 
que ele seja feita em moeda conversível. Eles são nominais, porém endossáveis a terceiros. Existe um 
código secreto denominado “chave” ou test key. Trata‑se de uma sequência numérica reconhecida por 
bancos, os quais a autenticam. Para evitar falsificações, os cheques poderão ser emitidos num valor 
máximo de US$ 5.000,00.
Traveller´s checks: ao viajar, os turistas precisam levar uma quantidade de moeda do país para onde 
se destinam. A depender da quantia, isso pode gerar alguns inconvenientes, o mais comum são os furtos. 
Na tentativa de facilitar tal situação, pode‑se usar os cheques de viagem. Eles são similares aos cheques 
comuns, mas são emitidos em papel mais nobre (gramatura diferenciada) e possuem valores de face. 
Eles são disponibilizados, em sua maioria, em dólar, porém podem ser encontrados em outras moedas. 
Para garantir a segurança e evitar falsificações, o portador deve assiná‑lo duas vezes, uma no momento 
em que os adquire e outra na transação, garantindo a veracidade da assinatura. Eles costumam ser 
aceitos em praticamente todas as operações e têm um custo muito menor que outras modalidades de 
pagamentos.
Cartão de débito: pode ser considerado uma novidade na forma de pagamentos no exterior. 
Trata‑se de um cartão como o que já conhecemos, e o viajante o carrega com o saldo que achar 
oportuno. Ele é aceito em quase todos os estabelecimentos que trabalham com cartão de crédito e de 
débito. Se durante o uso o saldo zerar, basta o cliente entrar em contato com a operadora de câmbio 
no país de origem e recarregá‑lo.
Ordem de pagamento via aérea: espécie de uma carta que o banco remetente encaminha a um 
banco beneficiário, determinando valor, beneficiário, nome do remetente, entre outras informações 
que forem necessárias. A garantia de legitimidade é dada através da assinatura dos membros do banco 
emissor. Essa modalidade de pagamento já foi muito empregada, porém está caindo em desuso e sendo 
substituída pelo Swift.
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Ordem de pagamento via telex: é similar às de via aérea, uma vez que são exigidas as mesmas 
informações. Como, neste caso, não é necessário a assinatura, exige‑se uma chave de segurança da 
operação. Vale lembrar que, ao enviar tal ordem, é preciso registrar a data em que a transação deverá 
ser finalizada, conhecida como data de valorização. Essa operação ainda é utilizada por bancos que não 
participam do sistema Swift.
Swift: a Sociedade de Telecomunicações Interbancárias Internacionais (Society for Worldwide 
Interbank Financial Telecomunication) tem sua sede na Bélgica e foi fundada em 1973 com o objetivo 
de facilitar as transações financeiras ao redor do mundo. As operações feitas por esse sistema não se 
limitam a ordens de pagamentos, efetuando outras operações financeiras como a emissão de cartões 
de crédito, cobranças, entre outras. Todos os membros devem se manter conectados ao sistema ao 
menos sete horas por dia, entre as 8 e as 18 horas local. Ele fica disponível 24 horas por dia, sete dias 
por semana. O Brasil ingressou neste sistema em 1982, porém se conectou em 1984. Todas as operações 
executadas por ele são estabelecidas por códigos especiais, o que faz com que seja muito mais seguro.
 Saiba mais
O sistema Swift é muito interessante. Para conhecer melhor como 
ele atua, sugerimos uma visita ao próprio site da organização. Apesar de 
não possuir versão em português, vale a pena investigá‑lo. Disponível em: 
<https://www.swift.com/>. Acesso em: 27 mar. 2017.
Vale postal internacional: os órgãos dos Correios de alguns países estão autorizadas a enviar 
numerários para outras nações. Para contratar este serviço, o remetente deve comparecer à agência 
dos Correios com o valor que deseja enviar em moeda estrangeira e os dados do favorecido. Tal sistema 
é interessante para quem deseja enviar pequenos valores, porém é necessário apresentar documento 
comprobatório que justifique o envio.
4.4 Modalidades de pagamentos no comércio internacional
Ao realizar compras ou vendas ao exterior, é preciso planejar de que forma essa operação será paga. 
Existem diversos meios de pagamentos. Para escolher uma delas, é essencial que haja confiança entre 
as partes envolvidas.
Como destaca Vieira (2011, p. 103): “a escolha da modalidade de pagamento é condição vital para 
assegurar o sucesso desejado na transação comercial, pois ela indica o risco da operação e a forma pela 
qual será efetuado o pagamento [...]”.
Dessa maneira, vamos analisar cada uma das modalidades de pagamentos internacionais existentes, 
bem como observar os riscos implicados.
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4.4.1 Remessa antecipada
Nesta modalidade de pagamento, o importador de uma mercadoria deve enviar o valor da transação 
ao exportador antes de receber a mercadoria. Ao receber o numerário, o exportador prepara o que foi 
comprado e a documentação, e os encaminha ao importador.
Essa é uma operação na qual o risco incide apenas sobre o importador, pois ao enviar o valor acordado, 
pode eventualmente não receber a mercadoria. Por ser uma modalidade de risco elevado, ela não é 
muito empregada, porém em algumas circunstâncias poderá servir como meio de negociação. Citamos 
alguns exemplos. Na compra de máquinas ou equipamentos que necessitam de matéria‑prima para a 
produção. Neste caso, é feitaa remessa antecipada de valores, mas sob cláusulas contratuais. É usada nas 
compras encomendadas pela internet (livros, acessórios etc.), pois, geralmente, são mercadorias de valor 
não muito alto. Aplicada se o importador é desconhecido no meio comercial, o que gera desconfiança. 
Efetuada, ainda, quando a situação política no país do importador está instável.
4.4.2 Remessa sem saque
Essa modalidade de pagamento está baseada na confiança mútua entre exportador e importador. O 
exportador encaminha toda a documentação e a mercadoria para o importador. Com a documentação, 
o comprador efetua o desembaraço. Após esse processo, o importador preparará o pagamento. Os riscos 
inerentes a esta operação recairão sobre o exportador, enquanto o importador estará livre de todos 
eles. Por ser uma modalidade que exige credibilidade entre as partes, ela nem sempre é utilizada por 
empresas de grupos diferentes, mas organizações que possuem filiais em outros países fazem uso dela. 
Se houver tal confiança, esse processo gera dois grandes benefícios:
Agilidade: não é necessário um intermediário para a operação (banco, por exemplo), pois toda a 
documentação é encaminhada diretamente ao exportador.
Redução de despesas: por não ser exigido um banco auxiliando na cobrança, as taxas por ele cobradas 
não precisam ser contabilizadas. Conforme destacado por Ratti (2011, p. 79): “em alguns casos, os bancos 
nem cobram comissões, porque o lucro auferido com a venda da moeda estrangeira já é satisfatório”.
4.4.3 Cobrança
As cobranças internacionais seguem as regras da URC (Uniform Rules for Collections). Tais regras são 
conhecidas, atualmente, como URC 522, devido à sua última atualização.
Segundo a URC 522, as partes intervenientes no processo de cobrança são:
• Cedente (principal): quem irá determinar a cobrança a um banco.
• Banco remetente (remitting bank): o banco ao qual o cedente entregou a cobrança.
• Banco cobrador (collecting bank): banco envolvido na cobrança, que não seja o remetente.
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• Banco apresentador (presenting bank): banco cobrador que fará a apresentação da cobrança ao sacado.
• Sacado (drawee): a quem a cobrança será mostrada.
Por meio das normativas internacionais, podemos compreender a importância dada a tal processo 
de cobrança. É possível perceber que os riscos, tanto ao exportador quanto ao importador, tendem a ser 
minimizados nesse processo. Existem basicamente dois tipos de cobrança: à vista e a prazo.
A cobrança à vista, igualmente conhecida como cobrança documentária, exige um conjunto de 
documentos como fatura, conhecimento de embarque, apólice de seguro etc.
Ao embarcar a mercadoria, o exportador entregará a um banco de sua preferência o conjunto de 
documentos necessário à cobrança, juntamente com um saque contra o importador.
O banco, de posse de todos os documentos, emite ao seu correspondente no exterior a solicitação de 
cobrança contra o importador. Essa cobrança é denominada contra apresentação, ou seja, o importador, 
ao receber a notificação, deverá pagar por ela e retirar a mercadoria.
Assim, é possível compreender os riscos limitados, tanto para o exportador como para o importador, 
pois a mercadoria só poderá ser retirada mediante comprovação do pagamento.
A cobrança à vista permite, ainda, outra modalidade, a de saque limpo (clean draft). Ela funciona 
quando o exportador remete a documentação de embarque diretamente ao importador. É encaminhado 
em cobrança apenas um saque com vencimento à vista.
A explicação para o envio de um saque limpo é que alguns produtos podem necessitar de retirada 
imediata, a exemplo dos produtos perecíveis (RATTI, 2011).
A cobrança a prazo, por sua vez, é semelhante à cobrança à vista. A principal diferença corresponde 
ao aceite que deve ser feito no instante do saque. Desse modo, o exportador entrega a documentação de 
embarque ao banco de sua escolha. Este remete ao seu correspondente e orienta que a documentação 
deverá ser entregue contra aceite. A assinatura por parte do importador garante a ele a documentação 
e o conseguinte processo de desembaraço da mercadoria.
Na cobrança a prazo, o importador retira a mercadoria antes de efetuar o pagamento, porém o 
aceite no saque demonstra a sua concordância com relação ao valor a pagar.
O vencimento de um saque a prazo será caracterizado da seguinte forma:
• Dias de vista: o prazo é contado a partir da data do aceite do saque.
• Dias de data: o prazo começa a ser contado a partir da data de emissão do saque.
• Dias do embarque: o prazo tem seu início a partir da data do conhecimento de embarque.
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Percebemos que no caso da cobrança a prazo, o exportador é financiador do importador, pois envia 
a mercadoria e fica à espera do pagamento. Existem, ainda, duas situações a serem observadas.
Ao determinar que o vencimento é a prazo e que será em dias de vista, o importador poderá demorar 
para assinar o saque, postergando, consequentemente, o pagamento. Caso o importador deseje efetuar 
o pagamento antecipado, ele poderá fazê‑lo, porém se solicitar um desconto para realizar a transação, 
o exportador, ao aprovar a operação, deverá comunicar aos órgãos responsáveis sobre tal alteração no 
preço, no caso do Brasil via Siscomex.
 Observação
O saque se assemelha à duplicata emitida no Brasil para cobranças internas. 
Caso o pagamento não seja efetuado, o sacado poderá ser protestado.
Segundo Ratti (2011, p. 83), podemos descrever um roteiro para a cobrança, tanto à vista quanto a 
prazo, no qual estariam envolvidas as seguintes etapas: contato preliminar entre importador e exportador; 
entrega da mercadoria para embarque pelo exportador; embarque da mercadoria; encaminhamento da 
documentação de embarque ao exportador; escolha por parte do exportador do banco de sua preferência 
e entrega dos referidos documentos (conhecimento de embarque, fatura comercial, apólice de seguro, 
saque etc.); envio dos arquivos de embarque pelo banco remetente ao seu correspondente na localidade 
do importador e informação a respeito da cobrança, se deverá ser feita à vista ou a prazo. Em seguida, o 
importador é avisado pelo seu banco da existência de tal documentação e as condições. Se a cobrança 
for à vista, o importador paga e a retira. Se for a prazo, ela é retirada após o aceite do importador, que 
se compromete a pagar o valor no vencimento do saque. Por fim, a mercadoria é retirada da alfândega 
pelo importador; o banco do importador remete a ordem de pagamento ao banco do exportador e o 
exportador recebe de seu banqueiro o valor correspondente à operação.
4.4.4 Carta de crédito (letter of credit)
As cartas de crédito podem ser definidas como “[...] crédito documentário que o importador abre em 
favor do exportador em um banco no seu país” (FORTUNA, 2002, p. 330).
Elas são ordens de pagamentos condicionadas, dado que o exportador somente irá receber se 
todas as exigências determinadas por ela forem atendidas. Elas são muito utilizadas nas negociações 
internacionais por serem extremamente seguras, o que representa risco limitado ao exportador, pois 
possui a garantia de um ou mais bancos.
As partes intervenientes em uma carta de crédito são:
• Banco emitente (issuing bank): banco que emite a carta de crédito por solicitação do importador.
• Banco avisador (advising bank): é o responsável por informar sobre a abertura de crédito ao 
exportador, mas não possui encargos pelo crédito. Deve estar localizado na praça do exportador.
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• Tomador de crédito (applicant): o importador que solicitou a abertura de crédito.
• Beneficiário (beneficiary): exportador que receberá o crédito.
• Banco negociador (negotianting bank): é o banco que efetuará o pagamento ao exportador.
• Banco confirmador (confirming bank): responsável por pagar o beneficiário da carta de crédito 
em qualquer situação.
As cartas de crédito podem ser divididas em modalidades ou tipos, de acordo com as necessidades 
ou especificidades do negócio. Podemos classificá‑las como:
Rotativas: alguns importadores podem necessitar constantemente de valores para adquirir uma 
mercadoria específica de um mesmo fornecedor. Neste caso, o banco emite uma carta de valor fixo 
para um certo período de tempo. Essas cartas podem ser: cumulativas – um valor que não foi usado em 
dado período pode ser usado em outro; não cumulativa – os valores não aplicados no período acordado 
são cancelados; restabelecimento automático – os valores empregados se tornam disponíveis até que o 
importador despenda o valor total da carta de crédito; e sem restabelecimento automático – os valores 
adotados somente se tornam disponíveis após o recebimento da parcela por parte do banco.
Back‑to‑back: não pode ser considerada como uma carta de crédito exatamente, mas sim como 
uma garantia. É uma operação entre duas cartas de crédito. O importador emite uma carta de crédito a 
favor do exportador para que ele tenha condições de solicitar outra em seu país.
Carta de crédito de viajante: é requerida por pessoas que estão em trânsito e necessitam de 
valores altos. Ela se assemelha aos traveller’s checks, porém com a vantagem de reduzir a quantidade 
de documentos a ser providenciada. A desvantagem é que para utilizá‑la é necessário comparecer ao 
banco correspondente do emissor.
Bid letter of credit: é um documento que concede direito de saque a um beneficiário, como 
qualquer carta de crédito. Mas, neste caso, ela serve como garantia num processo de concorrência 
para execução de algum tipo de serviço. Caso o emissor da bid letter seja o vencedor da concorrência, 
ela é automaticamente cancelada. Se ele perder o processo concorrencial, o cancelamento igualmente 
ocorrerá. Ela somente será executada se o vencedor desistir de executar o trabalho.
Performance letter of credit: uma empresa foi a vencedora da concorrência, portanto pode ser 
solicitada a ela uma performance letter para garantia do trabalho. Contudo, após a assinatura do 
contrato do serviço, se a vencedora desistir de realizá‑lo, a carta de crédito será executada, no intuito 
de ressarcir os prejuízos do contratante do serviço.
Standby letter of credit: espécie de carta de garantia emitida por bancos americanos a subsidiárias 
com o objetivo de viabilizar empréstimos.
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 Observação
A carta de crédito bid letter of credit também é conhecida como 
bid bond. Assim como a performance letter of credit, é denominada 
performance bond.
4.5 Contratos de câmbio
Ao se efetuar uma operação com o exterior, é necessário que alguns documentos sejam gerados a 
fim de que o débito ou crédito seja devidamente quitado. Vamos compreender adiante como trabalhar 
com esses documentos, os chamados contratos de câmbio.
4.5.1 Conceito e noções elementares de um contrato de câmbio
De acordo com o site do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o contrato 
de câmbio corresponde a um:
instrumento firmado entre vendedor e comprador de moedas estrangeiras, 
no qual se mencionam as características completas das operações de câmbio 
e as condições sob as quais se realizam. Ele tem por objeto a troca de divisas. 
Assim sendo, sempre teremos como contrapartida do valor em moeda 
estrangeira, apontada no contrato de câmbio, o valor correspondente àquela 
em moeda nacional, obtido em razão da conversão efetuada pela taxa de 
câmbio (MDIC, 2017).
À vista disso, o contrato de câmbio é um instrumento celebrado entre duas partes: um banco 
(obrigatório) e um importador ou exportador. Nele estarão descritas todas as informações e condições 
necessárias para que tenha validade, isto é, todos os deveres e direitos serão ali estipulados.
Quando o banco oferece o serviço de contrato de câmbio a um exportador, significa que será feita 
uma cobrança no exterior contra o importador. Já no caso de um importador, a operação é o repasse em 
moeda estrangeira para o fornecedor internacional. Para concretizar esses serviços a seus clientes, são 
cobradas taxas bancárias, o que onera o contrato de câmbio.
Esse documento, assim como qualquer outro contrato, é regido por normas e regras. O não 
cumprimento de alguma delas poderá gerar aplicação de penas às partes contratantes. Também é 
importante destacar que o risco dessa operação nunca recai sobre o banco, mas sim sobre o exportador.
A celebração do contrato de câmbio possui natureza jurídica, que é inerente a todo acordo desse 
cunho e pode ser classificado da seguinte forma: bilateral – existe um comprador e um vendedor, 
neste caso podemos chamar de importador e exportador; sinalagmático – as partes envolvidas possuem 
direitos e deveres que devem cumprir; consensual – as partes devem concordar com as cláusulas 
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previstas no contrato; cumulativo e incondicional – o que foi previsto no contrato deve ser cumprido 
independentemente de eventos futuros; oneroso – ambos, importador e exportador, devem fazer as 
operações de entrega de moeda; e solene – todas as regras e normas devem estar descritas no contrato.
Os referidos contratos podem ser formalizados de três maneiras, de acordo com a necessidade dos 
envolvidos:
• Prévia: exportador contrata o câmbio com uma entidade bancária antes de embarcar a mercadoria 
e, assim, pode fixar a taxa de câmbio em um dado valor. Isso ocorre na tentativa de o exportador 
obter adiantamento de câmbio, ou seja, um ACC.
• Prévia parcial: o exportador contrata o câmbio, uma parte antes do embarque e outra após 
o embarque da mercadoria. Dessa forma, tenta garantir a melhor remuneração em moeda 
estrangeira.
• Pós‑embarque: o exportador não necessita de adiantamento para realizar a produção da 
mercadoria. O vendedor contrata o câmbio para até 180 dias após o embarque.
 Lembrete
O Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC) é uma forma de financiar 
a produção para algum exportador. Estudaremos com mais detalhes sobre 
os financiamentos para a exportação na próxima unidade.
Destacamos até o momento as operações comerciais, ou seja, compra e venda de mercadorias. 
Porém, existem contratos de câmbio para operações financeiras. Nelas, ocorre o envio de moeda entre 
residentes e não residentes do país.
A diferença entre um contrato de câmbio que trata de mercadorias e um financeiro está no prazo de 
liquidação de cada um deles, além, é claro, das mercadorias e dos numerários. A tabela seguinte indica 
os prazos limites para cada uma das operações.
Tabela 2 – Prazos limites para operações comerciais e financeiras
Pronta Futura
Exportação D + 2 D + 180
Importação D + 2 D + 360
Financeira D + 2 Não há
É importante salientar que o contrato de câmbio somente será liquidado após a comprovação do 
depósito efetuado.
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4.5.2 Modelos de contratos de câmbio
Os contratos de câmbio possuem modelos para cada tipo de operação a ser realizada. Eles são 
definidos da seguinte forma:
Quadro 3 – Modelos de operações
Compra VendaTipo 01 – Exportação Tipo 02 – Importação
Tipo 03 – Financeira Tipo 04 – Financeira
Tipo 05 – Interbancário Tipo 06 – Interbancário
Tipo 07 – Alteração de compra Tipo 08 – Alteração de venda
Tipo 09 – Cancelamento de compra Tipo 10 – Cancelamento de venda
Adaptado de: Bacen (2017).
A seguir veremos modelos de contratos de câmbio, os quais foram retirados do site do Banco Central 
do Brasil.
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Conforme o Regulamento do Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais (RMCCI) que o Banco 
Central do Brasil dispõe, algumas cláusulas denominadas ajustadas devem ser inseridas através da 
operação conhecida como PCAM900. Em vista disso, segundo a natureza da operação, devem ser 
inseridas as seguintes cláusulas:
Cláusula 1. O presente contrato subordina‑se às normas, condições e 
exigências legais e regulamentares aplicáveis à matéria.
Cláusula 2. O(s) registro(s) de exportação/importação constante(s) no 
Siscomex, quando vinculado à presente operação, passa(m) a constituir 
parte integrante do contrato de câmbio que ora se celebra (BACEN, 2005).
Para as operações de câmbio referentes à exportação de mercadorias, exceto câmbio simplificado:
Cláusula 3. O vendedor obriga‑se a entregar ao comprador os documentos 
referentes à exportação até a data estipulada para este fim no presente 
contrato ou, alternativamente, se dispensado pelo comprador mediante 
cláusula privada específica, declaração formal indicando o número no 
Siscomex do respectivo despacho de exportação averbado.
Cláusula 4. Em aditamento ao presente contrato, fica pactuado que 
os documentos de exportação poderão ser remetidos pelo vendedor, 
diretamente ao importador no exterior, situação em que o vendedor fica 
obrigado [a] entregar ao comprador cópia dos respectivos documentos no 
prazo regulamentar ou, alternativamente, se dispensado pelo comprador 
mediante cláusula privada específica, declaração formal indicando o número 
no Siscomex do respectivo despacho de exportação averbado (BACEN, 2005).
Se por acaso ocorrer a remessa direta de documentos de exportação, a cláusula 3 da citção anterior deve 
ser aditada.
Para as alterações contratuais, será adicionada a Cláusula 5, que dispõe:
Cláusula 5. A presente alteração subordina‑se às normas, condições e 
exigências legais e regulamentares aplicáveis à matéria, permanecendo 
inalterados os dados constantes do contrato de câmbio descrito acima, 
exceto no que expressamente modificado pelo presente instrumento de 
alteração (BACEN, 2005).
Já uma transferência para posição especial requer o aditamento da Cláusula 6: “Valor transferido 
para posição especial na forma da regulamentação em vigor” (BACEN, 2005).
Na hipótese de licenciamento automático de importação ou que esta esteja sujeita à Licença de Importação 
(LI) não exigível anteriormente ao embarque no exterior; se o pagamento da importação for efetuado sem a 
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concomitante vinculação à respectiva Declaração de Importação (pagamento antecipado ou à vista, ou nas 
situações em que o banco operador tenha dispensado a apresentação da DI), exige‑se a adição da cláusula 7:
Cláusula 7. A importação caracterizada na documentação que ampara 
esta operação de câmbio está enquadrada no regime de licenciamento 
automático ou não está sujeita à obtenção de Licença de Importação – LI 
anteriormente ao embarque das mercadorias no exterior (BACEN, 2005).
Em pagamentos de importação a prazo de até sessenta dias contados do embarque da mercadoria no 
exterior em que a DI ainda não esteja disponível, nos termos da seção 4 do capítulo 12, adita‑se a cláusula 8:
Cláusula 8. A liquidação deste contrato de câmbio está sendo processada 
com o atendimento das condições previstas na seção 4 do capítulo 12 do 
título 1 do Regulamento do Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais, e 
as partes comprometem‑se a realizar a sua vinculação com a respectiva DI 
no prazo máximo de sessenta dias contados da liquidação (BACEN, 2005).
As demais cláusulas existentes devem ser devidamente acordadas entre as partes, ou seja, entre 
compradores e vendedores.
 Observação
A Licença de Importação, ou simplesmente LI, é um documento que aprova 
ou não a importação de mercadorias para o Brasil. Existem dois tipos de LI: 
o automático e o não automático. O primeiro refere‑se quase à totalidade 
de operações executadas no País, ou seja, as mercadorias são liberadas via 
sistema, quando da entrada no Brasil, através da Declaração de Importação. 
No caso não automático, a autorização deve ser feita pré‑embarque.
4.5.3 Particularidades
O contrato de câmbio, conforme vimos, é um instrumento que dispõe todas as condições para a 
prática de uma operação de câmbio.
As importações e exportações devem utilizar esse documento no intuito de oficializar a operação 
de compra e venda. Porém, existem alguns casos que não necessitam da formalização de um contrato 
de câmbio, eles apenas são registrados no Sistema Câmbio do Banco Central. Alguns destes casos são:
I) as operações de câmbio relativas a arbitragens celebradas com banqueiros 
no exterior ou com o Banco Central do Brasil;
II) as operações de câmbio em que o próprio banco seja o comprador e o 
vendedor da moeda estrangeira;
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III) os cancelamentos de saldos de contratos de câmbio cujo valor seja igual 
ou inferior a US$ 5.000,00 (cinco mil dólares dos Estados Unidos) ou seu 
equivalente em outras moedas;
IV) as operações cursadas no mercado interbancário e com instituições 
financeiras do exterior; e
V) operações de compra e de venda de moeda estrangeira de até US$ 
3.000,00 (três mil dólares dos Estados Unidos) ou do seu equivalente em 
outras moedas (BACEN, 2013).
Ao tratarmos de qualquer operação de câmbio no Brasil, estaremos regulamentados pelas normativas 
do Banco Central do Brasil. Assim,o site da instituição nos orienta e traz inúmeras informações 
importantes a respeito das políticas cambiais e tudo o que concerne a este mercado.
 Resumo
Nesta unidade pudemos compreender quais são e como funcionam 
as taxas de juros internacionais. Analisar como elas influenciam os 
negócios de uma empresa é função primordial de um gestor da área 
de Comércio Exterior. É sempre importante lembrar que a principal 
taxa internacional é a londrina (Libor). Muito desse prestígio provém 
do período áureo da Inglaterra, que até o início da Primeira Guerra 
Mundial era a potência hegemônica financeira, monetária, comercial 
e bélica. Mesmo perdendo essa condição para os estadunidenses, a sua 
taxa de juros goza de respeito no mundo inteiro. Já as demais taxas, 
como a Prime – dos Estados Unidos, são importantes, mas ainda não 
alcançaram o mesmo nível de confiança da inglesa.
Não podemos deixar de destacar as taxas de juros brasileiras. Muitos 
contratos, além da taxa internacional, se baseiam na remuneração advinda 
da taxa de juros nacional. O Selic define as demais. Desse modo, pode‑se 
dizer que a taxa do Selic é considerada como a livre de risco, pois remunera 
os títulos públicos. A TJPL também gera impactos sobre as decisões e as 
negociações internacionais.
Ao negociar com o exterior, em uma exportação ou importação, 
encontraremos um grande impasse: as moedas não são únicas ao redor do 
mundo. Para solucionar esse entrave, precisamos de um intermediário que 
fará todo o processo de conversão cambial. Os bancos, de posse da moeda 
nacional, farão a transformação ao numerário exigido ao pagamento de 
uma importação. No caso da exportação, receberão moeda estrangeira e a 
converterão para a nacional.
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Para transferir valores ao exterior, existem inúmeras modalidades, como os 
cheques, traveller’s checks, ordens de pagamentos etc. No entanto, atualmente a 
mais segura para viajantes tem sido os cartões de débito. No caso das empresas, 
é adotado o Swift, sistema integrado entre bancos que realizam diversos tipos 
de transferência, aplicando, especialmente, chaves de segurança.
Tão importante quanto negociar com o exterior é saber qual é a 
modalidade de pagamento que será empregada. Tanto importadores 
quanto exportadores correm riscos ao ingressar no mercado internacional. 
A decisão da modalidade de pagamento poderá minimizar a ameaça 
para um dos agentes, mas o outro poderá se sentir fragilizado, por isso é 
necessário estipular condições favoráveis a ambos.
O tipo de mercadoria a ser negociada poderá influenciar na decisão. 
Podemos citar como exemplo a importação de um livro. Nela o pagamento 
que poderá ser aprovado é de um tipo, entretanto, ao negociar uma máquina 
de alto valor agregado, não se pode fazer um pagamento sem saque.
A legislação do país e seus aspectos políticos, além da reciprocidade 
entre importador e exportador, influenciarão na decisão a respeito de qual 
tipo de pagamento será contratado.
Um dos momentos mais importantes da negociação entre compradores 
e vendedores (importadores e exportadores) é a celebração de todas as 
regras determinadas para o processo mercantil. Essas operações devem ser 
formalizadas via contrato de câmbio. Esses estão estruturados de forma a 
atender às partes envolvidas nas mais diversas operações, ou seja, compra, 
venda, operações financeiras, alteração e cancelamento de contratos. Eles 
terão como objetivo a troca de divisas, existindo sempre a contrapartida 
entre moeda estrangeira e nacional.
A realização das transações descritas em um contrato de câmbio deve 
ser comprovada para que ele seja liquidado; caso não haja comprovação, 
ele se manterá em aberto até a finalização e comprovação de tal processo, 
ou seja, a efetiva transferência de divisas.
Os contratos de câmbio para operações financeiras são para liquidação 
pronta (D+2), já as operações comerciais são celebradas em uma data e 
negociadas em uma data futura.
Não obstante, em alguns casos não é obrigatório celebrar um contrato 
de câmbio, apenas o registro em sistema próprio do Banco Central já é 
suficiente. O RMCCI dispõe todas as regras que devem ser obedecidas no 
mercado de câmbio brasileiro.

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