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Gestãode SuprimentoseLogística Professorconteudista:RodolphoA.M.Wilmers GestãodeSuprimentoseLogística UnidadeI 1ADMINISTRAÇÃODOSSUPRIMENTOSEAGESTÃODEESTOQUES................................................8 1.1Administraçãodosrecursos................................................................................................................8 1.2Gestãodeestoques............................................................................................................................. 29 UnidadeII 2MRPEAGESTÃODACADEIADESUPRIMENTOS............................................................................... 44 2.1MRPeMRPII.......................................................................................................................................... 44 2.2Gestãonacadeiadesuprimentos................................................................................................. 68 UnidadeIII 3AMEDIÇÃODODESEMPENHONACADEIADESUPRIMENTOSJITECOMPRAS................... 77 3.1Mediçãododesempenhonacadeiadesuprimentos............................................................ 77 3.2Planejamentoecontrolejustintime.......................................................................................... 89 3.3Aatividadedecompras...................................................................................................................100 UnidadeIV 4LOGÍSTICA.........................................................................................................................................................107 4.1Aestratégiadamovimentaçãodemateriais..........................................................................107 4.2Movimentaçãodemateriaisnacadeiadesuprimentos.................................................... 116 Sumário GESTÃODESUPRIMENTOSELOGÍSTICA 1 Re vis ão 20 09 :A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 Graduação-4sem-2mod 5 10 15 20 Apresentaçãodadisciplina Prezadoaluno, Acredito que poucos têm experiência em engenharia civil ouemconstruçãodeedifícios.Mastodosvemosquandouma casa, um edifício ou uma ponte começa a ser construída. E intuitivamentesabemosquenãoépossívelcomeçaraconstrução pelotelhado,massimpelosalicerces. Durante a construção, acontecem diferentes etapas, que exigem do mestre de obras ou da empresa de engenharia responsávelportalaatençãonecessáriaparaqueoscomponentes necessáriosparacadaestágioestejamládisponíveisnomomento em que se fizerem necessários, nem antes (pois podem ser danificadosporoutrasatividadesdaobra),nemdepois(poisa obrapodeparar). Muitossãooscomponentesutilizadosemumaconstrução civil:vergalhõesdeaço,areia,pedra,cimento,concreto,tijolos, materiais cerâmicos, tubos, conexões, torneiras, válvulas, fios, conectores,interruptores,etc.e...mãodeobra! No Brasil e nomundo, passamos por diferentes instantes econômicos, que variam devido a razões explicáveis ou não. Nunca saberemos com exatidão quando tais momentos vão acontecer, e, quando ocorrem, vemo-nos perante distintas situações: Unidade I UnidadeI 2R ev isã o2 00 9: A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 •seaeconomiacomeçaacrescermuitorápido,osprodutos comoquedesaparecem,vistoqueademanda(oconsumo) ésuperioràoferta(àprodução); •seaeconomiadesacelera,osprodutoscomeçamasobrar, vistoqueademandaéinferioràoferta. Nosdoiscasosacima,existeumcomplicadormuitogrande paraagestãodeumaobracivil: • se os materiais começam a desaparecer devido a um desabastecimento, o administrador da obra precisa encontrar outras fontes de fornecimento, substituir marcas ou até qualidade, programar entregas futuras, pagaracimadoquehaviasidoprojetado,aumentandoo custodoprojeto;ou • se os materiais começam a sobrar no mercado, e o administrador da obra tinha feito um planejamento prevendo escassez, começará a ficar com estoque de materiais antes da real necessidade da obra, sendo obrigado a pagar por armazenagem, protegendo os produtosedesembolsandoodinheirodascomprasantes doprevisto,devidoàofertaexcessivanomercado. Temos,assim,nessaintrodução,umarápidaideiadoqueé aadministraçãodesuprimentos:aatividadedecuidarparaque osinsumos(materiaisemãodeobra)nãofaltemnomomento certo,evitandoparadasdeproduçãoouexcessosdeestoques. Antes da década de 1980, a grande preocupação das organizações era produzir, vender e faturar, sem nenhuma preocupação com estoques: os estoques eram a base para garantirasvendas. Poressaépoca,oJapãocomeçouafazerfrenteaosEstados Unidos da América em termos industriais; rapidamente, tal 5 10 15 20 25 30 GESTÃODESUPRIMENTOSELOGÍSTICA 3 Re vis ão 20 09 :A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 Graduação-4sem-2mod “enfrentamento”alcançouaEuropae,logoemseguida,ospaíses doterceiromundo,incluindooBrasil:oJapãoiniciouaoferta deprodutoscomexcelentequalidade,combaixopreçoecom muitarapideznaentrega.Nenhumaindústriaocidentalestava preparadaparatalembate.Estoquesvolumososseconfrontavam com“zero”estoqueporpartedosjaponeses.Prazosdeentrega longos,devidoaoestilodeadministraçãodasempresas,eram pulverizados pelas indústrias japonesas, que atendiam a seus pedidosdeformaquaseimediata. Sem dúvida, o objetivo principal de uma organização é a maximizaçãodolucrosobreocapitalinvestido,eosjaponeses conseguiram juntar distintos conceitos na busca do lucro: investimentodecapitalemfábricasmodernas,funcionandoem célulasdemanufatura,equipamentosmodernoseautomatizados, financiandovendas,reduzindoestoques,entreoutrasações. Pensandodeformamaisampla,vemosquepaísescomoo Brasilpassarammuitosanossendoconhecidoscomo“celeiros domundo”,pelavastidãodeterrasaráveisecultiváveis.Depois foramdescobertasjazidasdeminériosimportantes,quetornaram opaís,entreoutros,exportadordecommodities(coisascomuns, extraídasecomercializadassemprocessamentosqueenvolvem grande tecnologia). Assim, o Produto Interno Bruto (PIB) de paísescomooBrasil semprefoipequeno, tendoemvistaque duranteanosnãoproduzíamosbensnemprestávamosserviços. Éramospotencialmenteumagrandenação,esó. Afunçãoproduçãoéoeloquefaltaparatransformarrecursos (commodities)emprodutosúteis,eelaocorreemtodosostipos detransformação,desdeaextraçãodosminerais,apesca,etc., mas, principalmente, na adição de valor a esses recursos, ao transformarmososmesmosemprodutosúteis. Assim, desde a extração dos recursos naturais até a manufaturadoprodutode consumofinal, teremosdiferentes estágios de desenvolvimento, cada um deles acrescentando 5 10 15 20 25 30 UnidadeI 4R ev isã o2 00 9: A na - Di ag ra ma ção: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 valor,criando-se,assim,maisriqueza.Extrairevenderminério deferropodeserumbomnegócio.Masaquelesquedetêma tecnologia para vender derivados do aço manufaturados e adaptados a necessidades específicas vão obter uma riqueza adicionale,emgeral,muitomaisvolumosa. Os “atores” nesse cenário são os diferentes governos, a economia, a concorrência, os clientes, a qualidade, os qualificadores e os conquistadores de encomendas. Muitos parâmetros para uma administração simplista, voltada para mercadosregionaisefechadosporbarreirasalfandegárias. Quando Fernando Collor, então Presidente do Brasil, “abriu os portos”, permitindo a entrada e a competição de produtos importados, os industriais brasileiros fizeram uma “grita” geral, referindo-se à falta de competitividade local. Passadas quase duas décadas, temos hoje empresas brasileirasquefazemfrenteamultinacionais,competindono exteriordeigualparaigualeconquistandonovosmercados eoportunidades. Oqueasempresasbrasileirasaprenderaméquedevemficar altamente focalizadas no mercado global, buscando atingir ou superar as expectativas dos clientes e as características conquistadoras de encomendas. Atualmente, uma empresa manufatureiraébem-sucedidanaproporçãodesuahabilidade de rapidamente reunir, transmitir e interpretar todas as informaçõesquedescrevemsuasatividades. Na gestão de materiais, a logística passa a ter um enorme valor. Deve-se adotar um sistema logístico muito eficiente, que utilize sem desperdícios todas as etapas da cadeia de suprimentos. Logística é a parte do processo da cadeia de suprimentos (também conhecida como supply chain) que planeja, implementa e controla com eficiência, a armazenagem, o fluxo de distribuição, o fluxo reverso, serviços e as informações entre o ponto de origem até o 5 10 15 20 25 30 GESTÃODESUPRIMENTOSELOGÍSTICA 5 Re vis ão 20 09 :A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 Graduação-4sem-2mod pontodeconsumono sentidodeatingironívelde serviço desejadopeloconsumidor. A concorrência global levou a função de gerenciamento da cadeia de suprimentos de uma atividade de suporte para umasituaçãodehabilidadeessencial,considerandoaempresa como um todo. Um sistema demateriais ou de suprimentos deve estabeleceruma integraçãodesde aprevisãode vendas, passandopeloplanejamentodoprograma-mestredeprodução, até a produção e a entrega do produto final, devendo estar envolvidonaalocaçãoecontroledafabricação,equipamentos, mãodeobraemateriais. Assim, administração de suprimentos e logística deve ser entendida como uma função coordenadora responsável pelo planejamento e controle do fluxo de materiais, tendo como principaisobjetivos: •maximizarautilizaçãodosrecursosdaempresa; •forneceronívelrequeridodeserviçosaoconsumidor; •garantirofluxodeinformaçõesedemercadoriasdentro dacadeia; •estabelecermeioscomunsdeavaliaçãododesempenho. Visãogeraldoconteúdo Unidade1–Administraçãodossuprimentoseagestão deestoques A gestão dos recursosmateriais, ou,maismodernamente, a gestão de suprimentos, apresenta desafios muito grandes para as organizações, visto que é responsável pela gestão de estoques que, em certos instantes, podem ser estratégicos e, em outros, podem se tornar uma carga para as finanças da empresa.Entenderoquedeveser feitonaempresaouoque 5 10 15 20 25 UnidadeI 6R ev isã o2 00 9: A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 devesercompradodeterceiroséhojeumaatitudeestratégica dasorganizações.Bemcompreenderas funçõesdosestoques, comoplanejá-lose identificaros itens importantesauxiliana gestãodosrecursos. Unidade2–Gestãodacadeiadesuprimentos Veremos como ferramentas eletrônicas podem ajudar a definir os corretos níveis dos estoques; como a gestão de suprimentosnãosomenteinternaàorganização,mascomavisão de todaa cadeiade suprimentos, pode trazer benefíciospara o desenvolvimentodas organizações. Entender os desafios de fornecimentoseconcorrênciasglobaistorna-sehojeimperativo paraasobrevivênciadosnegóciosemtodosospaísesdomundo. Garantirofluxodemateriaiseinformaçõesaolongodacadeia de suprimentos, assim como entender a demanda dentro da cadeia,tornaaatividadeestratégica. Unidade3–Amediçãododesempenhonacadeiade suprimentoseoJIT Os administradores devem ser generalistas a ponto de conhecer,mesmo que de forma não profunda, características de operações que não são discutidas em determinados ambientes.Assimsendo,paraagestãodacadeiadesuprimentos de determinada organização, será necessário conhecer e compreendercomoéfeitaagestãodesuprimentosdasdemais organizações que compõem a cadeia na qual está inserida, permitindo,assim,estabelecerparâmetrosdedesempenhoque sirvamparatodososcomponentes.Veremoscomoobalanced score card pode ser utilizado como uma ferramenta útil no estabelecimentodetaisparâmetros.Aadministração“apenasa tempo”,maisconhecidacomojustintime,éumadasmodernas formas de gestão de estoques, e é apresentada aqui como complementoaabordagensjáavaliadas. 5 10 15 20 25 30 GESTÃODESUPRIMENTOSELOGÍSTICA 7 Re vis ão 20 09 :A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 Graduação-4sem-2mod Unidade4–Logística Compreenderoqueélogísticaesuaimportânciaparaagestão dascadeiasdesuprimentoséfundamental,poisoentendimento damovimentaçãodemateriaisedalogísticadentrodacadeia desuprimentostorna-seabaseparaseconseguirumresultado grandioso na gestão de suprimentos. A compreensão das redes logísticas e o conhecimento dos recursos utilizados na movimentaçãodemateriaisaumentamaeficiêncianagestão dascadeiasdesuprimentos Finalizandoessaintrodução,umamensagem: Pordetrásdecadarealizaçãoexisteamotivaçãoqueéseu fundamento e que, por sua vez, é fortalecida e alimentada pela própria realização do empreendimento. A motivação mais importante no trabalho, na escola e na vida é o prazer noprópriotrabalho,prazeremseuresultadoeoconhecimento dovalordesseresultadoparaacomunidade.Nodespertareno fortalecer dessas forças psicológicas no jovem, vejo a tarefa maisimportantefornecidapelaescola. (AlbertEinstein) Nãoéfácilestudarapósotrabalho,aindamaisemuma nova forma que exige de cada um o surgimento de uma força interior que justifique o tempo dedicado ao estudo. Esperamos que nossa interpretação para um assunto tão árduo como este, suprimentos e logística, contribuapara transformá-losemgrandesgestoresnasorganizaçõesdeque vieremaparticipar. Bonsestudosesucesso! 5 10 15 20 25 UnidadeI 8R ev isã o2 00 9: A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 1ADMINISTRAÇÃODOSSUPRIMENTOSEA GESTÃODEESTOQUES Objetivosdaunidade A gestão dos recursos materiais e patrimoniais, ou, mais modernamente, a gestão de suprimentos, apresenta grandes desafios para as organizações, pois é responsável pela gestão deestoques,que,emcertos instantes,podemserestratégicos e, em outros, podem se tornar uma carga para as finanças da empresa. O objetivo é o de otimizar o investimento em estoques, aumentando o uso eficiente dosmeios internos da empresa,minimizandoasnecessidadesdecapitalinvestidoem estoque. Portanto, pretendemosmostrar que a administração desuprimentosdeveconciliardamelhormaneiraosobjetivos de compras, produção, vendas e finanças, sem prejudicar a operacionalidadedaempresa. 1.1Administraçãodosrecursos Objetivos A administração de materiais é uma antiga atividade, realizadanasempresasdesdeosprimórdiosdaadministração. Cresceu muito a partir do entendimento de que a logística ultrapassouasfronteirasdasempresas,buscandoaeficácia,ou seja,atenderàsnecessidadeseexpectativasdosclientes. No formatomais conhecido, aadministraçãodemateriais procuraconciliaranecessidadedesuprimentoscomaotimização dosrecursosfinanceiroseoperacionaisdaempresa. Figura1:Esquemasimplificadodeumacadeiadesuprimentos: damatéria-primaaoconsumidorfinal 5 10 15 20 GESTÃODESUPRIMENTOSELOGÍSTICA 9 Re vis ão 20 09 :A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 Graduação-4sem-2mod Observando-se a cadeia de suprimentos das empresas, vemos que a mesma começa no fornecedor das matérias- primas, passando pelo fluxo de transformação dessa mesma matéria-prima,chegandofinalmenteàpontadeconsumo,com osclientesfinais. Pode-se imaginar então que, uma vez bem otimizados os investimentos em estoques, e a partir de então bem administrá-los, tantoem termosdenegociaçõese estratégias de aquisição quanto em termos de dimensionamento dos estoques e projeto de sistemas de distribuição, resultará em umasignificativareduçãodosníveisdeestoques,comelevados ganhosparaasempresas. Oobjetivodeveserodamaximizaçãodolucrosobreoque foiinvestidoemrecursosdetransformaçãoerecursosaserem transformados,aomesmotempoquegaranteaeficácia(atende às necessidades dos clientes), como apresentado no modelo propostoporNigelSlack(2007): Input Recursosaserem transformados •Materiais •Informações •Consumidores Input Recursosde transformação •Instalações •Pessoal Estratégiade produção Projeto Planejamento econtrole Objetivosestratégicos daprodução Papele posiçãocompetitiva daprodução Input Melhoria Output Bens e/ou serviços Ambiente Ambiente Figura2:Modelodetransformação. ExtraídadeSlack(2007). Os administradores têm, a respeito dos estoques, atitudes diversas, uma vez que os recursos a serem transformados 5 10 15 UnidadeI 10R ev isã o2 00 9: A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 (materiais principalmente) ou bens produzidos, quando estocados,exigemumgrandeinvestimentodecapital,alémde existir o risco de atingir a “vida” ou o tempo de validade do produto,ouumacoleçãoquesobraaotérminodeumaestação climática,eprecisandodearmazénsadequadosecontrolados paraevitarperdas.Poroutrolado,determinadasoperaçõesnão podemexistirsemosestoques,quepermitemasobrevivência emambientescomplicadosemutantes. Assim sendo, deve-se entender os estoques como um elementofundamentalparaequilibrararelaçãoentrecapacidade de fornecimento e demanda, uma vez que fornecimento e demanda não ocorrem, certamente, conforme o desejo dos administradores. ConformeGonçalves(2004),aadministraçãodesuprimentos podeserabordadasobtrêsóticasigualmenteimportantes: • gestão de compras: tem como meta garantir a disponibilidade dos recursos a serem transformados (materiais)edosrecursosdetransformação(ferramentas, óleos lubrificantes, etc. dentro de instalações), para todas as áreas da organização. Tem a responsabilidade dedesenvolverfornecedoresqueatendamaosrequisitos dequalidade e às especificações exigidas pela empresa, dentrodotempoexigidoparaentregaecomcapacidade derepetição; • gestão de estoques: área muito importante por gerir (gerenciar) a garantia da disponibilidade dos itens necessários no processo produtivo, cuidando para que nada falte, o que gera paradas de máquinas, fazendo com que sejam atendidas as necessidades dos clientes, garantindoaeficácia; • gestão da distribuição: antigamente, os centros de distribuição eram simplesmente denominados de estoque. 5 10 15 20 25 30 GESTÃODESUPRIMENTOSELOGÍSTICA 11 Re vis ão 20 09 :A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 Graduação-4sem-2mod Hoje,peranteanecessidadecadavezmaiordeotimização dostempos(cadainstanteperdidoemesperaéprejuízo), aatividadedegestãodadistribuiçãoadquireumaenorme importância, uma vez que tem a responsabilidade pelo recebimento, pela guarda e pela distribuição dos itens comprados, entregando internamente as quantidades necessárias no momento exato, além de cuidarem da guarda e da distribuição dos bens produzidos pela organização,fazendocomqueelessejamdespachadosde formaadequadaeseguraparaseusdestinosfinais. E, além disso, precisa ser entendida com respeito a sua relaçãocomoutrasáreasdaempresa,taiscomo: • área financeira: responsável pela gestão dos recursos financeiros necessários para garantir a possibilidade de compra dos recursos a serem transformados ou de transformação,exigidospeloprocessoprodutivo; •áreadeprodução:éaáreaqueagregavalor,realizandoa transformação dos recursos a serem transformados nos bens ou serviços que a empresa se propõe a fornecer, dentrodosprazossolicitadospelosclientes; •áreademarketing:fundamentaldentrodaestruturadas organizações,comaresponsabilidadededefinirovolume aserproduzidodecadaitem,oquelevaàdefiniçãodos volumesquedevemsercompradosnagestãodecompras eestoques; •áreaderecursoshumanos:cadavezmais,asorganizações têmdificuldadeemencontrarpessoalqualificadoparaas funçõesorganizacionais,tendoemvistaacompetiçãoentre asorganizaçõespelosmelhorestalentos,principalmente emperíodosdecrescimentoeconômico; • área de TI (informática): é a áreadas organizações que assumiuaresponsabilidadepelaformaderegistroepela 5 10 15 20 25 30 UnidadeI 12R ev isã o2 00 9: A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 guarda das informações empresariais. Faz com que os estudosdemarketingpossamsertratadosetransformados pelagestãodecompras,dividindoprodutosfinaisemseus componentesepermitindoadefiniçãodasnecessidades de cada um, sem a necessidade de cálculos manuais complexosepropensosaerros; •áreadelogísticadedistribuição:trabalhandodiretamente com a gestão de distribuição, administra a forma de despacharosprodutosacabados,maisumavezbuscando aeficácia,istoé,atendendoàsexpectativasdosclientes. A evolução das organizações industriais a partir da Revolução Industrial do século XVIII levou as empresas a compraremmateriaisqueoriginalmenteeramfabricadospor elamesma(aissosedáonomedeterceirização,queveremos depois). A produção passou a se especializar, considerando a complexidadedasnovastecnologiaseanecessidadedeseobter economiadeescala (produzirmuitoparareduziroscustosde produção)nosprocessosprodutivos.Talprocessocresceuaponto degeraranecessidadedaáreadecomprasdeseorganizarem umaatividadeseparadadadeprodução. Hojesabemosqueaadministraçãobemfeitadesuprimentos resulta em vantagens significativas, uma vez que permite a reduçãodosinvestimentosdecapital. Faz-se necessário o conhecimento do comportamento dademanda (comoomercado consumidor se comporta) e, a partirdesseconhecimento,definirummodelodeprevisão,que permitirádefinirníveisdeestoquesqueestarãomaispróximosda realdemandafutura.Asnegociaçõescomfornecedoresdevem buscar a diminuição do tempo entre entregas, denominado tempo de ressuprimento, permitindo uma revisão dos níveis deestoquesparamenor.Tudoissoresultaemumadiminuição dos níveis de estoques, “sobrando” mais capital para outras atividades,oumesmoaplicações. 5 10 15 20 25 30 GESTÃODESUPRIMENTOSELOGÍSTICA 13 Re vis ão 20 09 :A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 Graduação-4sem-2mod A análise dos estoques segundo a análise de Pareto, conhecidacomocurvaABC,permiteàgestãodecomprasuma concentraçãodeesforçosnaquelesitensrealmenteimportantes para o desenvolvimento da empresa, permitindo substanciais reduçõesourenegociações. Orelacionamentoentreproduçãoefinançasincluiinteresses conflitantes,eaadministraçãodesuprimentosdeveatuarcomo intermediadora desse conflito, sempre buscando economia e poupança. Produção Produzirquantidades conformeoplanejadoe programado Vendas Oferecer,receberpedidos eentregarosprodutos vendidos Administraçãode suprimentos Administraçãofinanceira Controlederesultados Estoqueelevadopara100%deníveldeserviço noatendimentodospedidos. Desenvolvertécnicas deplanejamentoe programaçãopara garantirníveldeserviço de100%nolançamento dospedidos,sem,porém, manterestoqueselevados. Procuraimobilizarpoucos recursosfinanceiros, reconduzindoaocaixa dinheiroaplicadonos excessosdeestoques. Oferecimentodeprodutosacabadosde qualidadeelevada. Desenvolvertécnicas deabastecimentopara sempretermateriaisde elevadaqualidadeeapreço controlado. Sempreénecessário adquirirmateriaisde boaqualidade,porém, compreçobaixoecom facilidadesdepagamento. Prazosurgentesnoatendimentoeinformações precisasaosclientes. Desenvolvereimplementar sistemasdeinformações industriaisseguros,nos quaissepossacontrolara aplicaçãocorretadecada unidademonetáriaparase criarvalor. Todaaoperaçãodeverá somenteagregarvalorpara cadaunidademonetáriade custooudespesa. Figura3:Algunsdosinteressesconflitantesentreáreasdeumaempresa. ExtraídadeFrancischini;Gurgel(2004). 5 UnidadeI 14R ev isã o2 00 9: A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 Asoluçãodosconflitosapresentadosnafigura1exigeuma finacoordenaçãoentrefornecer/produzir/distribuir,devendo existir um balanceamento entre os objetivos conflitantes, reduzindocustoseaumentandoaeficácia,nabuscaporatingir osobjetivosdaorganização. Aevoluçãodaadministraçãodesuprimentosveiodeuma atividadeexercidadiretamentepeloproprietáriodaempresa,até omodeloatualdelogísticadaqualfazparteaadministraçãode suprimentos. Percepção empresarial Situação inicial Processode evolução Estágioavançado Situaçãoatual Oadministrador demateriais Pessoade recados Funcionário aserviçoda produção Executivo conhecedor domercadode abastecimento Executivoque administra60% doscustosedas despesas Perfilprofissional Pessoabemconsiderada Burocrataeficiente Conhecedorde administração comercialede mercados Executivocom preparotécnico, econômicoe legal Progressodo profissional Sem possibilidades Comprador Planejamentode negócios Diretorexecutivo Atividadesda administraçãode materiais Fazdespesas Evitafaltase desmobiliza estoques excedentes Planejamento estratégico Concentração emumavisão demelhoriados resultados Tabela1:Evoluçãodaadministraçãodemateriais. ExtraídadeFrancischini;Gurgel(2004). Assim sendo, a administração de materiais ou suprimentos pode ser definida como a atividade que planeja,executaecontrola,nascondiçõesmaiseficientes e econômicas, o fluxo de material, das especificações técnicas dos artigos a adquirir até a entregadoproduto terminadoaocliente. Aadministraçãodesuprimentosincluihojeumsemnúmero detarefas,comoobjetivodeatingirasmelhorescondiçõesno fluxodosmateriais: 5 10 15 GESTÃODESUPRIMENTOSELOGÍSTICA 15 Re vis ão 20 09 :A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 Graduação-4sem-2mod Controleda produção Controlede estoque Compras Tráfegodefora Distribuição Recepção Administraçãodemateriais Tráfegopara fora Inspeçãodas entradas Inspeçãode saída Armazenagem externa Movimentação demateriais Armazenamento nafábrica Figura4:Atividadesdaadministraçãodesuprimentos. ExtraídadeFrancischini;Gurgel(2004). Aadministraçãode suprimentos bem-estruturada permite a obtenção de vantagens competitivas por meio da redução de custos, da redução dos investimentos em estoques, das melhorias nas condições de compras mediante negociações com fornecedores e da satisfaçãode clientes e consumidores emrelaçãoaosprodutosoferecidospelaempresa. Administraçãodesuprimentos Produto Interno Bruto, ou PIB, representa a riqueza de um país, soma dos bens (objetos físicos, tangíveis) e serviços (executadosporalgumasfunções,sempreintangíveis)produzidosemdeterminadoperíododetempo.PaísescomooBrasil,com riquezaderecursosnaturais,tiveramporanossomentefontes de recursos potenciais, pois nãohavia tecnologia aplicadana transformaçãodetaisrecursos. Afunçãoproduçãoéaquetransformaosrecursosnaturais em produtos úteis, e para que seja eficaz, deve acrescentar valoraoprodutoouserviçooferecidoapósatransformação.O acréscimodevalorcriamaisriqueza,gerandomaiorPIB.Vejam ocasodaChina,que,em2008,ultrapassouaAlemanhacomo terceira potência econômicamundial, e basicamente por sua enormecapacidadedeproduzir,transformandoecriandovalor, aumentando,assim,suariqueza. 5 10 15 20 UnidadeI 16R ev isã o2 00 9: A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 Empresas fabricantes são as que transformam matéria- prima em algo de valor para os clientes finais: madeira em mesas e cadeiras, ferro em aço, aço em chapas, chapas em carros,refrigeradores,etc.Talprocessogerariqueza,finalmente (Arnold,1998). Otimizar o valor dos recursos exige processos produtivos quemaximizemaeficiênciadosprodutos.Taisprocessos,uma vez implementados, devem ser administrados para produzir economicamente. Administraroperaçõesexigeplanejarecontrolarosrecursos utilizadosnoprocesso–trabalho,material,capital.Entretodas, a melhor forma de planejar e controlar é através do fluxo de materiais, pois este controla o desempenho do processo. O material certo, na quantidade certa, no momento certo, garante que o processo produza eficientemente, utilizando adequadamenteasmáquinaseproduzindooprogramado. Emempresasvoltadasparaomercado,abuscaéporsuperar asexpectativasdosclientes.Todasasfunçõesprecisamcontribuir para executar as estratégias organizacionais. Desse modo, as operaçõesdevemterestratégiasquesatisfaçamasnecessidades domercado,assimcomorealizarentregasrápidasedentrodo prazo. Para a operação, o tempo que decorre desde a chegada de um pedido até a entrega do produto encomendado chama-se lead time. Esse mesmo tempo, sob a expectativa do consumidor, pode incluir o tempo para a preparação e transporte da encomenda: o cliente espera um lead time o maiscurtopossível. Existem quatro estratégias básicas para atender aos pedidos dosclientes,tentandodiminuiroleadtime;eenvolverocliente em cada etapa resulta nas diferentes características dessas estratégias. 5 10 15 20 25 30 GESTÃODESUPRIMENTOSELOGÍSTICA 17 Re vis ão 20 09 :A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 Graduação-4sem-2mod Leadtimedeentrega Projeto Compra Fabricação Montagem Envio Projetoparapedido Leadtimedeentrega Estoque Fabricação Montagem Envio Fazerparapedido Leadtimedeentrega Fabricação Estoque Montagem Envio Montarparapedido Leadtimedeentrega Fabricação Montagem Estoque Envio Fazerparaestoque Figura5:Estratégiasdefabricaçãoeleadtime. ExtraídadeArnold(1998). • Projeto para pedido: o pedido do cliente é único, exigindoumprojetoespecífico,personalizado, comalto envolvimentodoclienteduranteafasedesteprojeto.Não existeestoquedematerial,quesóseráadquiridoquando realmentenecessário.O leadtimeé longo,poisengloba otempodeprojeto,decompraemanufatura.Construir umacasadecampo,porexemplo; •fazerparapedido:aproduçãosomenteseiniciaquando opedidodoclientechega.Aproduçãoéfeitacomitens padronizados,ealguns,eventualmente,feitossobmedida. Oestoqueétratadocomomatéria-prima,eo leadtime, emgeral,épequeno.UmarmárioembutidodaTodeschini, porexemplo; • montar para pedido: o produto é montado com componentes totalmente padronizados, estocados pelofabricanteemontadoconformeanecessidadedo cliente.O leadtimeéreduzidomaisainda,poistodos oscomponentesestãoemestoqueesãopadronizados. O projeto limita-se à seleção dos componentes necessários. A Evolukit é um excelente exemplo para essemodelo; 5 10 15 20 UnidadeI 18R ev isã o2 00 9: A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 • fazer para estoque: o fornecedor produz os bens e os vendecombaseemumestoquedeprodutosacabados. Resultanomenorleadtimedetodos,poisoprodutoestá prontoparaentrega.UmaBrastempnasCasasBahia,por exemplo. Chegar ao máximo lucro exige que as organizações tenhampelomenosquatroobjetivosprincipais,pensandoem administraçãodesuprimentos: •proveromelhorserviçoaocliente; •proverosmaisbaixoscustosdeprodução; •proveromenorcustoemestoques; •proverosmenorescustosdedistribuição. Tais objetivos são conflitantes comos objetivos de outras áreas,comomarketing,produçãoefinanças,vistoquecadauma possuiresponsabilidadesdiferentes: Marketing Finanças Produção Manteraltos estoques,garantindo disponibilidade. Interromperaprodução paraaproduçãodeitens faltantes. Ofereceruma distribuiçãointensiva ecustosa,pararápido enviodasordens. Reduzirestoquespara omínimo. Diminuironúmerode fábricasedepósitos. Produzirgrandes quantidadesparareduzir custosdeprodução. Fabricarsóquando necessário. Produziremgrandes lotescompoucos produtos,reduzindoo custodefabricação. Manteraltosvolumes dematéria-primaede estoquesemprocesso, paraprotegera produçãoquantoauma faltadematerial. Tabela2:Conflitosentremarketing,finançaseprodução. ExtraídadeArnold(1998). Ograndeproblemaéjustamenteconseguirobalanceamento entre os objetivos conflitantes, chegando aminimizar o total decustosenvolvidos,aomesmotempoemqueseconseguea 5 10 15 GESTÃODESUPRIMENTOSELOGÍSTICA 19 Re vis ão 20 09 :A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 Graduação-4sem-2mod maximização do serviço aos clientes, de forma integrada aos objetivosdaorganização. Parececlaroqueparaseatingirtalobjetivofaz-senecessária uma integração dos interesses das três áreas envolvidas, chegando-se a uma administração integrada de suprimentos ou, mais modernamente, a uma organização logística. O planejamentoeocontroledessafunçãodevemocorreremuma únicaáreaderesponsabilidade,enãodivididapordiferentese conflitantesfunções. Tal conceito de administrar o fluxo de materiais desde o fornecedor, através da produção, chegando ao consumidor, é relativamente atual. O nome da função é administração de materiais, ou administração de suprimentos, ou, ainda, adicionados de planejamento e controle da distribuição ou administraçãodalogística. Administrar suprimentos é uma função de coordenação responsávelpeloplanejamentoepelofluxodemateriais,com oobjetivodemaximizarautilizaçãodosrecursosdaempresaeforneceroníveladequadodeserviçosaoconsumidor. Administração de suprimentos e administração da produção Comojáfoivistoemadministraçãodasoperaçõesprodutivas, produziréalgocomplexo,tendoemvistaosrecursosdeentrada necessáriosparaaoperaçãodeprodução. Recursosaseremtransformados Recursosdetransformação Materiais Informações Consumidores Instalações Pessoas Tabela3:Recursostransformadosedetransformação. ExtraídadeSlack(2007). 5 10 15 20 UnidadeI 20R ev isã o2 00 9: A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 Nos recursos de transformação, encontraremos diferentes processos, máquinas, equipamentos, habilidades e materiais. Para ser lucrativa,umaempresaprecisaorganizar todosestes fatores: •fabricarosprodutoscertos(oque); •notempocerto(quando); •naqualidadecerta(como); •naquantidadesolicitada(quanto); •daformamaiseconômicapossível. Observandoosfatoresacima,ébastantefácilconcluirque umbomsistemadeplanejamentodeveresponderàsseguintes questões: 1.Oquesepretendefabricar? 2.Oqueénecessárioparafabricaroquesepretende? 3.Oqueaempresapossui? 4.Doqueaempresaprecisa? Tais questões são características de prioridade e de capacidade: • prioridade: quais produtos, quantos e quando serão necessários; • capacidade: possuir a competência necessária para produzirbenseserviços. Capacidade (Recursos) Prioridade (Demanda) Figura6:Relacionamentoprioridade-capacidade:semprequepossível,balanceado ouequilibrado,comoemumabalança. ExtraídadeArnold(1998). 5 10 15 20 GESTÃODESUPRIMENTOSELOGÍSTICA 21 Re vis ão 20 09 :A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 Graduação-4sem-2mod Assim sendo, para que se obtenha uma visão razoável das necessidades futuras, que permita a adoção de ações imediatas para atender a tais necessidades, deve-se iniciar o estudo nas organizações com a análise de um sistema de planejamento e controle da produção (o antigo, mas ainda existente, PCP de muitas empresas manufatureiras). A atividade de PCP bem-elaborada apresenta cinco níveis, comomostraafiguraabaixo: Controleda atividade decompras eprodução Materialrequirementsplan Planejamentodasnecessidadesdemateriais Masterproductionschedule Programa-mestredeprodução Plano deprodução Planoestratégico denegócios Evoluçãodo detalhamento Ní ve ld ed et alh am en to Curtoprazo Médioprazo Longoprazo Horizontedeplanejamento(tempo) Figura7:NíveldedetalhamentoxHorizontedeplanejamento. ExtraídadeArnold(1998). Planoestratégicodenegócios Declaração dos principais objetivos e metas a atingir num períododedois adez anos. Serve comoumdirecionamento amploemostraotipodenegócio (produtos,mercados,etc.) em que a empresa pretende atuar no futuro. Normalmente, mostradeformageralcomoseráapreparaçãoparaatingirtais metas–aestratégia. 5 10 15 UnidadeI 22R ev isã o2 00 9: A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 Envolvediretamenteumprofundotrabalhodeanálise de marketing (que mercados atender, que produtos oferecer, preços, promoções, etc.), de finanças (quais vão ser as fontes e aplicações disponíveis no mercado, fluxo de caixa, lucro, retorno sobre investimento, etc.), da produção (necessidades de novas fábricas, máquinas, mãodeobraemateriais)edaengenharia(responsávelpor pesquisaedesenvolvimento,projetodenovosprodutosou modificaçãodeexistentes). Planosestratégicossãoderesponsabilidadedaaltadireção dasempresas,egeralmentesãorevisadosacadaseismesesou anualmente. Planodeprodução Partindodoplanoestratégico,aadministraçãodaprodução deveavaliar: •quantidadesporfamíliadeprodutosaproduziremcada período; •níveisdeestoquedesejados; • recursos (equipamentos, mão de obra e materiais) necessáriosporperíodo; •disponibilidadedosrecursosnecessários. Nesse ponto, não existe muito detalhamento, com o planodeproduçãoapresentandosoluçõesoucaminhospara cada família de produtos. O plano deve procurar satisfazer a demanda do mercado dentro dos limites de recursos de que a empresa dispõe. Ou seja, o plano de produção deve balancear necessidades com disponibilidades. O horizonte de planejamento varia entre 6 e 24 meses, sendo revisado mensalmenteparaqueasmetassejamatingidas. 5 10 15 20 25 GESTÃODESUPRIMENTOSELOGÍSTICA 23 Re vis ão 20 09 :A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 Graduação-4sem-2mod Programa-mestre de produção – Master Production Schedule(MPS) Uma vez definido o plano de produção, que visualiza asfamíliasdepeçasaproduzir,temosprontooconjunto de informaçõespara executaroMPS–programa-mestre de produção – que trata dos componentes individuais finais.Oplanodeproduçãoédivididoporperíodos,epara cadaperíodoémostradaaquantidadeaproduzirdecada item. Para uma excelente elaboração doMPS, deve-se informar os dados do plano de produção, a previsão de consumo dos itens individuais finais, os pedidos de vendas, os estoques e a capacidade existente. Em geral, os MPS são revisados semanalmenteoumensalmente. Planejamentodasnecessidadesdemateriais–Material RequirementPlan(MRP) Esse planejamento mostra as quantidades necessárias demateriais e quando a produção pretende utilizá-las. É um planejamentoparafabricaçãoecomprasdecomponentes. A atividade de compras baseia-se fortemente no MRP para decidir pela compra ou fabricação de componentes. O níveldedetalhamentoéalto,poisoMRPmostraquandoos componenteseaspeças serãonecessáriosparaa fabricação doitemfinal.Ohorizontedeplanejamentoéconsequênciado leadtimecombinadoentrecomprasefabricação,estendendo- sedetrêsadezoitomeses. Controledaatividadedecompraseprodução Essa atividade é a realmente operacional; implementa e controlaosistemadeplanejamentodaprodução. 5 10 15 20 25 UnidadeI 24R ev isã o2 00 9: A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 Compras responde por estabelecer e controlar o fluxo de matérias-primas para a fábrica. O controle da atividade produtivarespondepeloplanejamentoepelocontroledofluxo detrabalhonafábrica. O horizonte de planejamento é curto, entre umdia e um mês,comaltoníveldedetalhamento,considerandocadaitem, estações de trabalho e encomendas. Os planos precisam ser revisadosdiariamente. Ficaclaro que o plano estratégico de negócios busca integrarosplanosindividualizadosdetodososdepartamentos naorganização,equesuaatualizaçãodeveserconstante,tendo emvistaasmudançasnoambientedemercado. Essa constante atualização envolve as áreas demarketing e vendas, que comparam a demanda real com o plano de vendas, considerandopotencialidadesdomercadoeprevisões de demanda. Uma vez atualizado, é apresentado à produção, à engenharia e a finanças, que ajustam seus planos para o novoapresentado.Casoalgumaáreanãoconsigaacompanhar onovoplanodemarketing,estedeveráserajustado.Assimse consegue uma atualização dos planos ao longo dos anos, de formacoordenadaentreasdiferentesáreasdaorganização. EsseplanejamentoconstanterecebeonomedePlanejamento devendaseoperações,egeraalgunsbenefícios,taiscomo: • meios de atualizar o plano estratégico de negócios ao mesmotempoemqueascondiçõessemodificam; •ajudaaadministrarmudanças; •asseguraqueosplanosdasdiferentesáreassejamrealísticos, coordenadoseapoiemoplanodenegócios; • o plano gerado pode levar a alcançar os objetivos da empresa; 5 10 15 20 25 30 GESTÃODESUPRIMENTOSELOGÍSTICA 25 Re vis ão 20 09 :A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 Graduação-4sem-2mod •resultaemmelhorplanejamentodaprodução,estoquese registrodeencomendas. Planoestratégicodenegócios Planodevendaseoperações Planodemarketing Planodeprodução Anual Mensal Semanal oudiárioPrograma-mestredeproduçãoMPSPlanodevendasdetalhado Figura8:Planejamentodevendaseoperações. ExtraídadeArnold(1998). Chega-seassimaomodeloatualimplementadoportodas asorganizaçõesdemanufatura,vistoqueagrandequantidade dedadosgerados e tratados aomesmo tempoeo enorme númerode cálculos exigemum sistemadeplanejamento e controle de produção computadorizado. A não utilização de sistemas eletrônicos pode resultar na necessidade de aumentaro leadtime,gerandoestoques,paracompensara inabilidadedeprogramaroqueparaquando. O sistema atual é pensado para ser um sistema de planejamentoecontroletotalmenteintegrado,trabalhandode cimaparabaixoecom feedbackdebaixoparacima.Oplano estratégico de negócios incorpora os planos de marketing, finançaseprodução: • marketing deve certificar-se de que seus planos são realistasepossíveisderealizar; •finançasdeveapresentarplanosdesejáveisfinanceiramente; • produção deve certificar-se de que pode alcançar a demandarequerida. Ou seja, da forma comentada acima, temos um plano coordenadoparatodaaempresa,eessesistemadeplanejamento 5 10 15 20 UnidadeI 26R ev isã o2 00 9: A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 e controle integrado recebe o nome de Planejamento dos recursos de manufatura – Manufacturing Resource Planning(MRPII). Lembre: MRP=Planejamentodasnecessidadesdemateriais MRPII=Planejamentodosrecursosdemanufatura O MRPII fornece o mecanismo para a coordenação dos esforços demarketing, produção, finanças e outras áreas na empresa,sendomuitoeficazemempresasprodutorasdebens. Esseassuntoserátratadoadiante. Terceirização:compraroufabricar A indústria mundial passou por diferentes momentos ao longodesuaevolução,começandocomosartesãos,mudando paraasprimeirasfábricas,depoisdainvençãodamáquinaavapor, e assimnascendo afigura dos empreendedores,muitas vezes inventores,quefizeramdesuasideiasabaseparaonascimento degrandesconglomeradosindustriais,queseespalharampelo mundonaprimeirafasedoséculoXX. ComaSegundaGuerraMundial,houveumdeslocamento do equilíbrio, uma vezque coma Europa e aÁsia destruídas pelaguerra,asindústriasamericanasforammuitorapidamente alçadasafornecedorasglobais,porseremasúnicasqueficaram inteirasapósaguerra.Talesforçovaleuatéoiníciodadécadade 1960,quandoumamericano,Deming,convenceuosjaponeses quecopiarnãolevavaàgeraçãodevaloreque,comosconceitos dequalidade,asindústriasjaponesaspoderiamcrescer. Já no início da década de 1970, algumas indústrias japonesascomeçavamadespontarcomoprodutorasdebens 5 10 15 20 25 GESTÃODESUPRIMENTOSELOGÍSTICA 27 Re vis ão 20 09 :A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 Graduação-4sem-2mod dequalidade,surgindonomeshojemundialmenteconhecidos como Sony, Sharp, Mitsubishi, entre outros tantos. E em seguida começaramaaparecer carros comnomes estranhos (Toyota, Honda, etc.), que tinham uma enorme qualidade e durabilidade, por preços incomparavelmente menores que osdosmodelosamericanoseeuropeus.Estava implantadoo problema. Maisoumenosnosfinsdadécadade1970,noBrasilsurgiu o Instituto de Movimentação e Armazenagem de Materiais (IMAM),formadoporumgrupodeengenheirosetécnicosque observaramomovimentodoJapãoesepropuseramamostrar paraosindustriaisbrasileirosoqueestavaacontecendoporlá. Asideiaseramsimples: •zerodefeito; •justintime; •célulasdemanufatura; •PokaYoke; •Kanban. Entre tantos outros nomes que indicam, na realidade, diferentes técnicas aplicadas pelas indústrias japonesas, que levaramaosucessomundialqueconhecemosatéhoje. Umdos ensinamentosdos japonesesdiziaqueas fábricas deviam se concentrar naquilo que elas mais sabiam fazer e deviamdeixarparaoutrospartesdasatividadesquedelasnão faziam parte. Com isso, a alta administração podia olhar o que interessava realmente, esquecendo se faltou tomatepara oalmoço,porexemplo.Nasciaoquehojeconhecemoscomo terceirização. No Brasil, essa ideia acabou por ser extremamente bem difundida,emfunçãodeumaexperiênciareal,adaSEMCO. 5 10 15 20 25 30 UnidadeI 28R ev isã o2 00 9: A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 A SEMCO era um fabricante de bens de capital muito famosonoBrasil,quetinhaemsuafábricacondiçõesdefazer praticamentetudooquenecessitavaparaatenderaospedidos deseusclientes.Umaempresagrande,pujante.Poisbem... Emcertoinstante,ofilhodoempreendedororiginal,quejá estavaàfrentedaempresa,viuqueacompetiçãonoBrasilse acirrava,equedotamanhoqueaempresaestavanãoteriacomo fazerfrenteaisso.Iniciouentãoumprocessodeterceirização: partesdaempresaquesededicavamaserviçosparalelos(porém necessários)nãoprecisavamexatamentepertenceràempresa, maspodiamconstituirumaempresaàparte,quepassariaaser prestadoradeserviçoaSEMCO. Da mesma forma, serviços como segurança patrimonial, refeitórios, limpeza, confecção de folha de pagamento, entre tantos outros, tambémpodiam ser contratados de terceiros, ficandomaiseconômicosdoqueseadministradospelaprópria empresa. Essefoioinícioemaisbemexplicadocasodeterceirização queocorreunoBrasil,nadécadade1980(aliás,valeapenaler olivroVirandoaprópriamesa,deRicardoSemler). Esse processo torna a empresamais horizontal, ou seja, a empresadeixadefazerumsemnúmerodeatividades,passando a subcontratá-las de empresas de fora, terceiros, daí vindo o nomedeterceirização. A versão mais moderna da terceirização é demonstrada pelasmontadorasdeautomóveisesuasmaismodernasfábricas, que,narealidade,sãoumaglomeradodediferentesempresas emummesmoterreno,comoobjetivode...montarumcarro. EsseprocessocomeçounoBrasilcomafábricadaVolkswagen Caminhões,emResende,edepois foiaplicadapela fábricada Peugeot/Citroën em Porto Real, GM em Gravataí (fábrica do Celta),FordemCamaçari,entreoutras. 5 10 15 20 25 30 GESTÃODESUPRIMENTOSELOGÍSTICA 29 Re vis ão 20 09 :A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 Graduação-4sem-2mod Ouseja:amontadorasepreocupacomoprojetodocarroe comaqualidadedomesmo,edelegaaterceirosafabricaçãoe montagemdessescomponentesnoscarros,dentrodalinhade montagem.Puraterceirização. Mas as decisões sobre o que terceirizar devem ser fundamentadas em experiências da organização, e uma boa maneira de se conseguir identificar o que fazer chama-se reengenharia–repensartodososprocessosedepoisidentificar quaissãoasatividadesprincipaisdaorganização(corebusiness), quaisasestratégicaseterceirizarasdemais. SenospaísesdaEuropaedaÁsiaaterceirizaçãofuncionou, senoBrasiltemosmuitosexemplosdequefunciona,semdúvida aadoçãodaterceirizaçãopassaaserumatécnicaqueauxiliaa organizaçãoatermelhoresresultadosnabuscapelosucesso. 1.2Gestãodeestoques Segundo Nigel Slack (2007), estoque é definido como a acumulaçãoarmazenadaderecursosmateriaisemumsistema detransformação.Otermoestoquetambémpodeserusadopara descreverqualquerrecursoarmazenado,comoacapacidadede atendimento de um call center (que nem sempre estará com utilização máxima, mas precisa ter uma “reserva”, que pode serentendidacomoumestoque).Pretendemos,porém,utilizar o termo estoque para fazer referência a recursos de entrada transformados: •umaindústriamantémestoquedemateriais; •umescritóriocontábilmantémestoquedeinformações; • um parque temático (Hopi Hari, por exemplo) mantém estoques de consumidores – as filas de espera para as atrações oferecidas, apesar de o termo “fila” ter outra interpretaçãonaanálisedeplanejamento. 5 10 15 20 25 UnidadeI 30R ev isã o2 00 9: A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 Ao entrarmos em qualquer indústria de transformação, vemosmuitostiposdemateriaisarmazenados: Tipodeoperação Exemplosdeestoquesmantidosemoperações Hotel Alimentos,materialdelimpeza,itensdetoalete Hospital Gaze,instrumentos,sangue,remédios,alimentos Lojadevarejo Itensaseremvendidos,materialdeembrulho Armazém Itensarmazenados,materialdeembalagem Lojadeautopeças Autopeçasemdepósito Fábricadetelevisores Componentes,matéria-prima,televisores Metaispreciosos Materiais(ouro,prata)esperandoprocessamento Suacasa Papelhigiênico,sabonete,pastadedente Tabela4:Exemplosdeestoques. ExtraídadeSlack(2007). Na tabela acima, é quase evidente que existe grande diferençanovalormantidoemestoqueporcadaoperação.Pode ser pequeno para algumas organizações, quando comparado comoscustosdosinsumostotaisdaoperação. Podesermuitoalto,porexemplo,emorganizaçõesquetêm pornegócioaarmazenagem,emqueomontanteemestoque ultrapassa emmuito os custos commão de obra, aluguéis e custosoperacionais. Funçõesdoestoque Porquesefazestoque? Resposta: não importa o que está armazenado como estoque,ouondeficaráposicionadonaoperação–oestoque sempre existirá porque sempre vai existir uma diferença de ritmooudetaxaentrefornecimentoedemanda.Seademanda acontecesse no mesmo instante do pedido, os itens nunca seriamestocados. 5 10 15 GESTÃODESUPRIMENTOSELOGÍSTICA 31 Re vis ão 20 09 :A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 Graduação-4sem-2mod Taxadefornecimentodo processodeentrada Taxadefornecimentodo processodesaídaEstoque Processo de entrada Estoque Processo de saída Figura9:Diferençasentrefornecimentoedemanda,compensadas pelosestoques. ExtraídadeSlack(2007). Asváriasrazõesquegeramodesequilíbrioentrequantidade fornecida e quantidade consumida em diferentes estágios do processoprodutivolevaaobservarmosquatrotiposdiferentes deestoques: •estoqueisoladoroudesegurança:serveparacompensar asincertezascomunsafornecimentoedemanda; •estoquedecicloouemprocesso:ocorreporqueosdiferentes estágios ou processos de fabricação na operação não conseguemproduzirtodosositenssimultaneamente; •estoquedeantecipação:ocorrequandoexiste,porexemplo, aproduçãoparaprodutossazonais(ovosdepáscoa,por exemplo),emqueasfábricasproduzemchocolateaolongo doano,aoinvésdefazeremsomentequandonecessário; •estoquesnocanaldedistribuição:obviamente,osmateriais não podem ser transportados instantaneamente entre o pontode fornecimentoeodedemandae, dessa forma, e paraevitarodesabastecimento,osprodutossãoenviadosaos componentesdaredededistribuição,afimdegarantirentrega maisimediataqueosdemaisconcorrentes.Domomentoda reservadoestoquenofornecedoratéaentregadomesmoao varejista,temosoestoquenocanaldedistribuição. Além das diversas razões para o desequilíbrio entre fornecimento e demanda, existe a possibilidadedehaver diversos 5 10 15 20 UnidadeI 32R ev isã o2 00 9: A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 pontosnosquaistaldesequilíbriopodeacontecer.Porexemplo, emumafábricadetelevisoresqueutilizaitenspadronizados,há trêstiposdeestoque: •estoquedecomponentesematéria-prima; •duranteaprodução,entreosestágiosdoprocesso,temoso estoquedemateriaisemprocesso(WorkinProgress –WIP); •estoquedeprodutosacabados. Sistemadeestoquedeestágiosimples. Ex.:lojadevarejolocal Sistemadeestoquededoisestágios. Ex.:distribuidordeautopeças Fornecedores Estoque Operaçõesdevenda Fornecedores Operações devendas Depósito central Distribuição Pontode distribuição local Sistemadeestoquemultiescalonado Produtoresdefios Produtoresdetecidos Produtoresderoupas Armazénsregionais Lojasdevarejo Fornecedores Sistemadeestoquemultiestágios Ex.:manufaturadetelevisoresEstoque de entrada Estágio1 Estoque emprocesso WIP Estágio2 Estágio3Estoque emprocesso WIP Estoquede bens acabados Figura10:Sistemasdeestoque. ExtraídadeSlack(2007). 5 GESTÃODESUPRIMENTOSELOGÍSTICA 33 Re vis ão 20 09 :A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 Graduação-4sem-2mod Pode-se entender que, em cada ponto no sistema de estoque(dequalquertipoacima),osgerentesdeprodução precisamgerirastarefasdodiaadiadossistemas.Pedidos serão recebidos de consumidores internos e externos, itens serão despachados e a demanda, pouco a pouco, vai diminuir os estoques. É necessário colocar pedidos de reposiçãodeestoques,entregasvãochegareprecisamser armazenadas. Modelosdeplanejamento Osgerentesdeproduçãosãoenvolvidosemtrêsprincipais tiposdedecisões: •quantopedir:cadavezqueumpedidodereabastecimento é colocado, de que tamanho ele deve ser –decisão de volumederessuprimento; •quandopedir: emquemomentoouquandooestoque chegaraquenívelopedidodereabastecimentodeveser colocado–decisãodomomentodereposição; •comocontrolarosistema:queprocedimentoserotinas devemserimplementadosparaajudaratomarasdecisões? Diferentesprioridadesdevemserdadasadiferentesitens doestoque?Comoainformaçãosobreestoquedeveser armazenada? As decisões de volume de ressuprimento – quanto pedir – podem ser bem explicadas com as situações que vivemosemnossascasas,comnossosestoquesdecomida e provisões. No gerenciamento desse estoque doméstico, automaticamentetomamosdecisõesdequantidadeapedir, ouseja,quantocompraremcadamomento.Para tomara decisão,sãoconsideradosdoisconjuntosdecustos:ocusto associado com sair para comprar os itens de comida e os custosassociadoscomamanutençãodoestoque. 5 10 15 20 25 30 UnidadeI 34R ev isã o2 00 9: A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 Umaopçãoéademanterpoucoounãomanterestoquede comidaecomprarcadaitemsóquandonecessário.Avantagem é não gastar grande quantidade de dinheiro para fazer as principais compras, gastando somente quando necessário. Porém,aopçãoresultaemsairtrêsouquatrovezesaodiapara fazercompras.Oscustos,emtermosdenossotempo,alémda inconveniência geral, provavelmente resultam emuma opção poucoatraente. No extremo oposto podemos fazer uma ida ao supermercado a cada três meses e comprar todas as provisõesnecessáriasatéapróximacompra.Avantagemé queostemposecustosparafazercomprasocorrempoucas vezes. A principal desvantagem é que gastaríamos muito dinheiro em cada compra, dinheiro que poderia estar no banco rendendo juros. Outra desvantagem é o custo de armazenar essas grandes quantidades de comida, pois se fazem necessários armários extras e um freezer muito grande. Em algum lugar entre os dois extremos acima estará a estratégiadepedidosquereduziráoscustostotaiseoesforço envolvidonacompra. Osmesmosprincípiosda situaçãoquevivemosemnossas casasaplicam-seàsdecisõesdepedidoscomerciais.Aotomar decisões, os gerentes de produção devem conhecer os custos queserãoafetadosporsuadecisão,taiscomo: • custo de colocação de pedido: a preparação do pedido formal,osdocumentostécnicosenvolvidos,oarranjopara aentrega,oprocedimentodepagamentoeamanutenção detodasasinformações; • custos de desconto de preços: grandes quantidades resultam,emgeral,emdescontosdepreços,assimcomo pequenasquantidadespodemtercustosextras; 5 10 15 20 25 30 GESTÃODESUPRIMENTOSELOGÍSTICA 35 Re vis ão 20 09 :A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 Graduação-4sem-2mod • custo de falta de estoque: uma decisão errada de quantidade de pedido acaba em falta de estoque, resultandoemfalhanofornecimento; • custo de capital de giro: quando compramos, nossos fornecedoressolicitamopagamento.Quandofaturamos a nossos clientes, vamos nós, dessa vez, solicitar o pagamento.Porém,entreopagamentodofornecedoreo recebimentodenossoclienteháumespaçodetempo,e duranteessetempoprecisamosdedinheiroparaoscustos demanterosestoqueseproduzir.Essedinheirorecebeo nomedecapitaldegiro.Oscustosassociadosaelesão os jurospagosabancosporempréstimos,oucustosde oportunidadepornãoreinvestirmosemoutroslugares; • custodearmazenagem: sãoos custosdaarmazenagem físicadosestoques.Localização,climatizaçãoeiluminação doarmazémpodemsercaros,principalmentenoscasos emqueseexigebaixatemperaturaoualtasegurança; •custosdeobsolescência:pedidosdegrandesquantidades, quepodemficararmazenadosporlongoperíodo,geram oriscodequeositensvenhamasetornarobsoletosou perderemoprazodevalidade; •custosdeineficiênciadeprodução:altosníveisdeestoques em geral escondem as ineficiências na produção, que deixadesereficiente. Pontoparareflexão Umagranderededelojas,tipoCasasBahiaouMagazine Luiza,precisa tercapitaldegiroparapagar fornecedores, capital para manter estoques (mesmo considerando que parte dos estoques é consignado – será pago se for vendido), entre outros custos. Como é administrado o estoqueobsoleto,quepodeser identificado,porexemplo, noscomputadoresetelevisores? 5 10 15 20 UnidadeI 36R ev isã o2 00 9: A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 O gerente de produção pode desenvolver um perfil do estoque,queéumarepresentaçãovisualdoníveldeestoqueao longodotempo: Quantidade depedido Q Demandafixae previsível D Declividadeouinclinaçãoda reta=taxadedemanda Estoque médio=Q/2 EntregasinstantâneasàtaxadeD/Qporperíodo Q/D Nív eis de es toq ue Figura11:Perfisdeestoqueilustramavariaçãonosníveisdeestoque. ExtraídadeSlack(2007). Aformamaiscomumparadecidirquantodeumparticular itempedir,quandooestoqueprecisaserreabastecido,échamada deabordagemdoloteeconômico,queéoquebuscaencontraro melhorequilíbrioentreasvantagensedesvantagensdemanter estoque.Analisandoafiguraabaixo,podemosvisualizaralgumas alternativasdedecisão: PlanoA Q=400 DemandaD=1.000 itens/ano Estoquemédioplano A=Q/2=200 Nív eis de es toq ue PlanoB Q=100 100 Estoque médioplano B=Q/2=50 400 Figura12:Doisplanosalternativosdeestoquecomdiferentes quantidadesdepedido. ExtraídadeSlack(2007). 5 GESTÃODESUPRIMENTOSELOGÍSTICA 37 Re vis ão 20 09 :A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C orre çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 Graduação-4sem-2mod Para descobrir se um dos dois planos ou se algum outro minimizaoscustos totaisdeestocagemdo item, faltammais duasinformações: •custototaldemanutençãodeumaunidadeemestoque porperíododetempo=Ce; •custototaldecolocaçãodeumpedido=Cp. Emgeral,oscustosdemanutençãodeestoquesconsideram queestãoincluídos: •custosdecapitalempatado; •custosdearmazenamento; •custosdoriscodeobsolescência. Custodemanutenção=Custodemanutençãoporunidade xEstoquemédio Custodemanutenção=CexQ/2 Oscustosdepedidolevamemconta: •custodecolocaçãodopedido; •custodedescontonopreço. Custosdepedido=CustodepedidoxNúmerodepedidos porperíodo Custosdepedido=CpxD/Q Pontoparareflexão Analise se em uma empresa que utiliza diferentes insumos (caso da indústria automobilística, que precisa desde o motor até o manual de instrução para entregar umcarro),oscustosdospedidospodemserconsiderados uniformeseconstantes. 5 10 15 UnidadeI 38R ev isã o2 00 9: A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 Podemos então lançar os valores em uma tabela que irá variar em função da quantidade de pedidoQ. Para efeito de exercício,adotaremos: DemandaD=1.000unidadesporano. CustosdemanutençãoCe=R$1,00poritemporano. CustosdepedidoCp=R$20,00porpedido. Quantidade depedidos Q Custosde manutenção= CexQ/2 Custosdepedidos= CpxD/Q Custototal=Custo demanutenção+ Custodepedidos 50 25 20x1000/50=400 425 100 50 20x1000/100=200 250 150 75 20x1000/150=134 209 200 100 20x1000/200=100 200 250 125 20x1000/250=80 205 300 150 20x1000/300=66 216 350 175 20x1000/350=58 233 400 200 20x1000/400=50 250 Tabela5:Custosdeadoçãodeplanoscomdiferentesquantidadesdepedidos. Observandoatabela,vemosqueocustototalcomeçaem R$425,00paraumaquantidadedepedidosde50,vaicaindo atéumvalormínimodeR$200,00para200pedidos,quando voltaasubir.Portanto,aquantidadedepedidosQqueminimiza a soma dos custos de manutenção e de pedido é 200. Essa quantidade de pedidos “ótima” é denominada de quantidade econômicadepedido(ouloteeconômicodecompra).Paraque nãosejanecessárioacadavezfazerumatabelaenelalocalizar ocustototalmaisbaixo,podemosutilizaroseguinterecurso: Loteeconômicodecompra=LEC=Qp=2xCpxD/Ce Custototalparaoloteeconômicodecompra=(CexQp/2) +(CpxD/Qp) Tempoentrepedidos=Qp/D Frequênciadepedidos=D/Qp 5 10 15 GESTÃODESUPRIMENTOSELOGÍSTICA 39 Re vis ão 20 09 :A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 Graduação-4sem-2mod Afigura13mostra a representaçãográficadeuma curva decustototal.Lembramosqueessacurvapodefacilmenteser construídacomosrecursosdoMicrosoftOffice–Excel. Custos Custoé sempre maiorantes oudepois desseponto Custostotais Custosdemanutenção Custosdepedidos Tamanhodolote Quantidadeeconômicadepedido (loteeconômicodecompra) Figura13:Representaçãográficadaquantidadeeconômicadepedido. Ao adotar omodelo do lote econômico, deve-se tomar o cuidadode lembrarquesãoadotadasalgumaspressuposições que não necessariamente ocorrem no mundo real, e são, portanto,sujeitasacríticasquedevemserconsideradas: •estabilidadedademanda,quenãoacontecenasituação realdemercado; • custo de pedido fixo e bem identificado, quando, na realidade, temosdiferentes produtos, cadaumcomum tipodenegociaçãoemodelodepedido; •custodemanutençãodeestoqueexpressoporumafunção linear,quando,emverdade,existemdiferentesprodutos comdiferentescustosdemanutençãoemestoque. Assim,ousodetaispressuposiçõespodeauxiliarachegar próximoda realidade,masdeve-se tomar cuidadonaanálise, pois muitos produtos têm características especiais, que impedemtotalmenteousodomodelo,devendoseobservarse ousodoloteeconômiconãoexcedeoslimitesdeaplicaçãodas pressuposiçõesdecustosdaoperação. 5 10 15 20 UnidadeI 40R ev isã o2 00 9: A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 Por outro lado, hà as modernas técnicas japonesas de administraçãodaprodução,quetrouxeram,entreoutras,aideia dojustintime,ouseja,entregasapenasatempodanecessidade, que é tipicamente uma abordagem que tende a diminuir os níveisdeestoque,gerandoaçãocasoacaso,ordemaordem, enquantoqueousodoloteeconômicoétipicamentereativo, comoscustostomadoscomofixos. Assumindo,assim,queospedidoschegaminstantaneamente equeademandaéconstanteeprevisível,adecisãodequando colocarumpedidodereabastecimentoéevidente,comopedido sendocolocadonoinstanteemqueoestoquechegasseazero. Opedidocheganomesmoinstanteenãoháfaltadeestoque. Porém,maisumaveznarealidade,existeumtempoentre acolocaçãodeumpedidoeachegadadesteaoestoque,que éfunçãodoleadtime,otempodecorridoentreacolocaçãode umpedido,suafabricaçãoeposteriorentrega.Seutilizarmoso modelodoloteeconômico,comdemandaconstante,torna-se possíveldefiniroinstantedacolocaçãodopedido: DemandaD=100itensporsemana Nívelde ressuprimento Pontode ressuprimento 400 200 Tempo Leadtimedepedido Nív eis de es toq ue Figura14:Identificaçãodopontoenívelderessuprimentoemfunçãodo leadtimeedataxadedemanda. 5 10 15 GESTÃODESUPRIMENTOSELOGÍSTICA 41 Re vis ão 20 09 :A na - Di ag ra ma çã o: Fa bio - 28 /0 7/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na M ar ia /C or re çã o: M ár cio - 15 /0 8/ 09 Graduação-4sem-2mod A identificação do ponto de ressuprimento é dada pelo ponto emqueo estoque chegará a zeromenoso lead time do pedido. E considerando demanda constante, calcula-se também o nível de estoque que, quando atingido, exige a colocaçãodeumnovopedidodereposição. Todavia, como demanda e lead time não são constantes, háanecessidadedesecolocarospedidosumpoucoantesdo queseriaasituaçãoconstante.Comisso,nachegadadosnovos pedidos,deveremostersempreaindaalgumacoisaemestoque. Esseestoquerecebeonomedeestoqueisoladorouestoquede segurança. LT1 LT2 Tempo s 200 400 Nívelde ressuprimento DemandaD=100itensporsemana Nív eis de es toq ue Figura15:EstoquedesegurançaSdevidoàdemandaouleadtimeincertos. Pontoparareflexão Oestoquedesegurançaéformadonosentidodegarantir osuprimentodedeterminadocomponente,atéachegadade umnovolote.Existemsituaçõesemqueolotedesegurança éabsolutamentenecessário,mesmoconsiderandooprocesso justintime.Qualseriaarazãodisso? 5 10 UnidadeI 42R ev isã o2
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