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Produção de papel artesanal

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Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – UFES
DEPARTAMENTO DE ARTES VISUAIS – DAV
CENTRO DE ARTES – CAR
JOSUÉ NAZARENO FARIAS CLAUDIANO
OFICINA DE
FABRICAÇÃO DE PAPEL ARTESANAL
NEAAD
VITORIA 2011
OFICINA de PRODUÇÃO de PAPEL ARTESANAL
Introdução:
 Este texto ora apresentado foi compilado com base em trabalhos de pesquisas acadêmicas sobre a(s) técnica(s) de produção artesanal de papel, como material de apoio nos trabalhos práticos da supra referida oficina. Entretanto, algumas informações e procedimentos estão aqui relatadas, apenas para suporte técnico, sendo assim, podem ser modificados, substituídos ou até mesmo dispensados, conforme se faça necessário. 
O papel artesanal reciclado pode ser produzido de diversas formas: por reciclagem de fibras secundárias (papel de papel); mistura de aparas com fibras vegetais; com trapos de tecidos de fibras naturais e também com o uso somente de fibras vegetais, gerando assim uma reutilização de resíduos industriais (jornais e tecidos) e agrícolas (papel com fibras vegetais de cana-de-açúcar, sisal, bananeira, folha de côco, grama, bambu, etc).
O preparo do papel artesanal obedece à seguinte ordem: seleção, separação, picotamento de fibras secundarias e vegetais, desinfecção com hipoclorito de sódio (alvejante e purificador de água), cozimento da fibra com hidróxido de sódio (soda cáustica), lavagem para retirar a soda, mistura das aparas beneficiadas com água, imersão de bastidores para dar forma ao produto final, secagem e prensagem. A polpa celulósica utilizada no processo de produção é feita a partir da hidratação de aparas de papel velho sob agitação. A celulose com as fibras vegetais são beneficiadas através de trituração em liquidificador industrial utilizando soda cáustica 50%. Em ambas as formas de polpa são utilizadas na imersão de um bastidor de madeira com tela que dá forma as folhas de papel em vários tamanhos e gramatura. Tanto o efluente, quanto a polpa tem controle sistemático de pH que fica em torno de 5,8 a 6,0. Cuidados com o pH da polpa celulósica são essenciais, pois o produto final com um pH baixo, em torno de 3 unidades, resulta-se em um papel com aparência amarelada e uma rápida degradação do mesmo. Os fatores que determinam uma boa qualidade do papel reciclado artesanal e padronização do produto dão-se em torno de variáveis como: profundidade de imersão da tela do bastidor, velocidade de descida da tela e seu ângulo de imersão, volume de fibras em suspensão, tempo de espera para escoamento de água, metodologia de secagem e processo de prensagem da folha.
Processo de Produção de Papel Artesanal
O papel artesanal pode ser obtido de três formas: papel somente com aparas, papel de aparas com fibras vegetais e papel de fibras vegetais.
O papel somente com aparas tem como primeira fase a separação de acordo com sua classificação. Os materiais (aparas) que podem ser reciclados são papéis provenientes de materiais de escritório que não estejam com alto teor de tinta impressa. As aparas devem estar desprovidas de qualquer mancha como mofo, sujeira ou gordura.
Após a separação, faz-se o picote de fibras utilizando o procedimento manual, rasgando o papel a mão em pedaços em tiras no comprimento da folha.
As aparas de papel devem ser picotadas dessa maneira, para que as moléculas de celulose (C6H10O5) se mantenham no formato original sem ruptura das ligações de hidrogênio presentes. Em seguida o papel é deixado submerso em água em um balde ou bacia por volta de 24 horas.
Para a preparação da polpa, o papel é retirado do molho e triturado em liquidificador por 3 a 5 minutos, o importante é que não fiquem pedaços maiores, pois criariam irregularidades na superfície do papel produzido. Sua consistência deve ser levemente cremosa.
A polpa pronta é vertida em um tanque de cimento, ou bacia. Para dar forma ao papel é usado um bastidor que é feita de um quadro de madeira e uma tela tipo mosquiteiro, ou de serigrafia, o tamanho do bastidor é o tamanho que desejar a folha de papel pronta. O quadro com a tela é introduzido no recipiente onde está a polpa, e este irá pegá-la. Para tanto o bastidor deve ser retirado do tanque em posição perfeitamente horizontal, para evitar o acúmulo de polpa em alguma parte. Deixa-se, então escorrer a água e secar ao sol. A folha depois de seca deve ser retirada do bastidor com cuidado para não danificá-la.
Para a produção de papel a partir de fibras vegetais, as fibrilas são separadas de acordo com a sua textura e com seu estado, sendo que os materiais com manchas químicas são descartados. Após a separação, é feita a maceração das fibras vegetais usando uma moenda de massa. Já a picotagem é feita por procedimento mecânico utilizando uma moinha de cana adaptada, ou de forma manual com a utilização de facão.
Em seguida, é feita a retirada de componentes químicos indesejáveis com o processo de desinfecção das fibrilas, adicionando água sanitária, hipoclorito de sódio (NaClO) para alvejá-la1, o que é feito somente se for realizado o tingimento das fibras.
1 A etapa de desinfecção com hipoclorito de sódio (NaClO) serve para a retirada de lignina presente em
 fibras vegetais. A lignina é uma macromolécula encontrada nas plantas terrestres associada à celulose, cuja
função é garantir rigidez e resistência a ataques biológicos. Papéis com alto teor de lignina degradam-se ficando
com aspecto envelhecido e cor amarelada, ao entrar em contato com o oxigênio presente no ar.
Após a desinfecção, adiciona-se uma carga de hidróxido de sódio
(NaOH), soda cáustica, em água fervente, para isolar (amolecer) as fibras de celulose. Logo, lavam-se as fibras após o cozimento várias vezes a fim de remover a soda presente. Posteriormente inicia-se a etapa de refino das fibrilas, utilizando um liquidificador industrial no qual são batidas as fibras com água. Em seguida a polpa é coada com ajuda de peneiras. A partir desta etapa segue-se o mesmo procedimento do papel somente com aparas. Se o papel for utilizado para impressão, depois de pronto, deve ser empilhado intercalando-o com um pano de algodão úmido de mesma medida em uma prensa manual de 15 toneladas de pressão, sendo protegido por uma placa rígida e uniforme. Para isso é feito o tingimento das fibras no momento do cozimento.
O papel reciclado artesanal pode ser produzido de diversas cores e tons, utilizando corantes para tecidos.
Vários autores se dedicaram a estudos acerca de propriedades químicas das fibras vegetais abaixo, utilizadas na fabricação de papel artesanal. Tais estudos foram importantes, pois evidenciaram características determinantes na aceleração do processo de produção.
Tabela 1: teores de celulose, lignina e hemi-celulose encontrados nas
Matérias-primas utilizadas de acordo com a literatura.
Matéria-prima: Celulose / Lignina / Hemi-Celulose
Cana-de-açucar 44% 27% 28%
Bambu 40% 28% 23%
Sisal 73% 11% 13%
Bananeira 63% 13% n.d*
Folha de coco 32% 40% 9%
*n.d – não determinado.
Tabela 2. Materiais usados.
Material: Fibras vegetais
 Exemplo: Bananeira / bagaço de cana
Massa de fibra vegetal (kg) 10 / 10
Soda cáustica (NaOH) (mL) 200 / 500
Hipoclorito de Sódio (NaClO) (mL) 1000 / 1000
Cozimento da fibra (minutos) 60 240
Equipamentos e materiais
Equipamentos: 
Liquidificador industrial e placas de madeira e sargentos. 
Materiais:
Ácido acético (vinagre),
Álcool absoluto
Avental,
Balde plástico,
Bastidor (es)
Bórax (Borato de Sódio),
Cloro, 	
CMC (Carbox metil Celulose) – pó usado para fazer sorvete,
Colher de medida,
Corante de tecido
Entretela sem cola n° 51.020,Fogão industrial (preferência), 
Pano de nylon (tnt),
Timol (fungicida)
2 O corante de tecido foi escolhido por ter um menor custo e por ser a substância que apresentou melhores resultados. Contudo, a existência de outras formas de corantes também eficazes e baratos não são descartadas, embora desconhecidos.
O PAPEL DE FIBRAS NATURAIS 	
Alguns tipos de fibras
- fibras de folhas: a indústria têxtil e a cordelaria usam os fios tirados das folhas de certos vegetais por raspagem manual ou mecânica. Exemplos de fibras de folhas: sisal, pita, yuca, gramíneas (trigo, arroz, aveia, centeio, cevada, etc.), caroá, espada de São Jorge e outras.
- fibras da bainha foliar: a bananeira — são usadas as fibras da bainha foliar (pseudo tronco). Usar somente as partes saudáveis. O palmito (o miolo da bananeira) não é bom. As fibras vão melhorando de dentro para fora. Cortar em pequenos pedaços e cozinhar numa solução de soda cáustica.
fibras liberianas: estas fibras são obtidas da parte externa ou do liber do talo das plantas dicotiledôneas. Raspar a parte verde e retirar a casca. Cozinhar na solução de soda. Exemplos: cânhamo, linho (o linho foi usado na idade média, na forma de trapos velho para a fabricação de papéis finos para a escrita, impressão e papel moeda), mamona, quiabo, papiro, etc. A amoreira do papel é um arbusto originário da Ásia Oriental, também chamado de Kozo no Japão, onde é usado para folhas especiais para impressão e desenho. 
fibras de fruto: o algodão — sua fibra é usada na maioria dos papéis de trapo. Seu fruto contém as sementes que produzem os pêlos. Os melhores papéis para desenho, etc, são feitos do trapo de algodão, por serem quase que celulose pura. 
Resumo do processo de reciclagem do papel: 
1. Separar os papéis a serem reciclados por tipo, cor e gramatura
2. Rasgar o papel em pedaços pequenos;
3. Deixar de molho por 24 horas;
4. Bater no liquidificador;
5. Branquear ou tingir, conforme o desejado.
Branqueamento: para branquear a fibra, coloca-se 50 ml de hipoclorito de sódio ou 100 ml de cloro para 10 litros de pasta. Deixa-se a fibra até alcançar o tom desejado ou no máximo até duas horas. Para a neutralização, acrescenta-se 50 ml de ácido acético ou 250 ml de vinagre para 10l de polpa, deixa-se 20 minutos, e depois lava-se em água filtrada. 
Tingimento: utilizar 1 colher (sopa) de pigmento para cada litro de água. Prepara-se a tinta separadamente, mistura-se na pasta e deixa de ferver por uma hora. Depois é necessário um repouso de 12 horas. Lava-se bem a pasta, e faz-se a fixação: para 10l de água, coloca-se 50 ml de ácido acético ou 250 ml de vinagre, e deixa-se a pasta nessa solução por 30 minutos.
6. Químicos: 10l de pasta, adicioná-los na seguinte ordem:
Timol: fungicida, age enquanto o papel tem umidade.
Colocar 4 ml de timol (1 colher de chá ) em1l de álcool absoluto(dura 6 meses). Colocar 1 colher de café na pasta.
2. Borato de Sódio (Bórax): bactericida/inseticida tem ação permanente. Dissolver 8 g (1 colher chá) em água morna.
Colocar 1 colher de chá na pasta.
CMC (Carbox Metil Celulose): aglutinante. Dissolver Uma colher de sopa em 1l de água. Mexer e deixar por 8 horas em repouso (dura 3 dias). Colocar 1 litro coado na pasta.
7. Checar o pH utilizando a fita medidora de pH, que de estar perto do neutro. Deixar uma reserva alcalina, em torno de 8 ou 9, no máximo.
Feltragem: colocar a polpa numa banheira com bastante água, e "fazer a cama" na espessura desejada. Agitar bem, e introduzir a tela de baixo para cima, com movimentos suaves para que a nata fique o mais homogênea possível. Retirar a janela (quadro), colocar a entretela e retirar o excesso de água com o esponjex.
Secagem: o papel deve ser pendurado num varal, em local à sombra e sem muito vento.
Prensagem: a prensagem dá-se em dois níveis:
- prensagem do papel molhado — remove-se a água da polpa, transformando-a em papel, o que acelera o processo da secagem. Compacta suas fibras, forçando as fibras flexíveis a um contato íntimo uma com as outras, onde eles eventualmente vão fazer a ligação, tornando o papel mais resistente. A primeira prensagem deve ser leve e rápido.
- prensagem final (com o papel seco) — acerta-se o papel, tornando-o mais liso. O papel pode ser empilhado diretamente um sobre outro entre duas placas de polietileno, e prensado com mais pressão. O papel deve permanecer na prensa por 24 horas.
A prensagem pode ser manual ou hidráulica, com equipamentos comprados ou artesanais. Para a confecção do papel, ela deve ser segura, de fácil manuseio, e potente o suficiente para poder extrair grandes quantidades de água.
ALGUNS "EFEITOS" NO PAPEL:
Sanduíche: tirar a folha, e antes de retirar o excesso de água, colocar o que quiser sobre ele (pétalas, folhas, fios, etc.). Em seguida, colocar outra folha por cima. As fibras de baixo juntam-se às de cima e o papel passa a ser um só, com o material no meio. 
Relevo: prensar o papel com renda, folhas de árvores ou outro material que possa transferir sua forma a ele. 
Objetos esculturais: com papel úmido, ir cobrindo os espaços entre arames, ripas, tiras de papelão, galhos, tubos, etc. 
Flocagem: flocar é adicionar outros elementos à pasta, sem que tornem homogêneos, mudando aspecto do papel. Podem ser utilizados cascas de alho e cebola, que devem ser fervidas por meia hora, lavadas e feridas novamente, batidas no liquidificador e acrescentadas à pasta. 
TINTURA VEGETAL 
Os corantes vegetais são obtidos de partes das plantas: das folhas, flores, sementes, casca de caule, raízes. As plantas secas rendem o dobro das verdes. Os corantes mais simples são os amarelos, marrons, castanhos, avermelhados, sépias, laranjas, etc. Neste texto indicarei apenas alguns dos mais simples. Para a tintura vegetal é necessário o uso de mordentes.
*Textos compilados em fragmentos de:
Projeto Experimental Arte & Artesanato
Produção de Papel Artesanal em Cooperativas de Reciclagem com Aparas de Papel e Fibras Vegetais
Fibras vegetais da cana, do eucalipto, da yuca, do agave, da guariroba, da palha de milho e do abacaxi são aproveitadas para produção de papel, mas o destaque é para a fibra da bananeira. "É a mais versátil. Ela dá a liga e deixa o papel mais resistente. É ecologicamente correta porque a bananeira só dá cacho uma vez. O caule, que seria jogado fora, agora é aproveitado", explica Maria Helena Pires, que revela comercializar sete texturas de papéis com a celulose da bananeira em 33 cores.

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