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1 Conheça-se Através da Programação Neurolinguistica 2 P R E F ÁC I O O que é a PNL ? Como se pode em algumas palavras ou uma frase, definir o que essas três letras hoje compreendem ? Quando algumas pessoas ouvem esse termo pela primeira vez, pensam em informática, medicina, ou estudo da linguagem. Estão com razão, porque a PNL, efetivamente remete a cada um desses domínios, sem todavia fazer parte deles. O que quer dizer Programação Neurolingüistica ? Programação : Essa palavra provém da informática e remete analogicamente ao funcionamento do cérebro. Um programa de informática funciona segundo sequências que foram registradas, da mesma forma que nosso cérebro funciona segundo sequências que foram aprendidas. Podemos conceber a vida como uma aprendizagem, e temos programas mais eficazes ou menos eficazes como, dirigir um carro, aprender uma outra língua, etc ..... Neuro : Este termo remete à neurologia, mais especialmente à atividade dos neurônios. As últimas pesquisas sobre o funcionamento do cérebro demonstram com efeito que quando pensamos e agimos, há uma intensa atividade cerebral notadamente no nível das conexões neurológicas. Nossos programas são realizados por percursos detectados, hoje, pelo eletroencefalograma. Lingüistica : Esse conjunto de dados passa pela lingüistica, que é o código do pensamento. De fato a linguagem nos dá ao mesmo tempo a estrutura do pensamento e seu modo de expressão. O estudo da linguagem, a lingüistica, permite-nos então estudar como se instalam e se desenvolvem nossos programas. Podemos definir, Programação Neurolingüistica, como um conjunto de atitudes de comunicação, através das quais o indivíduo aprende a viver melhor e a atuar de uma maneira eficiente nas situações que o cercam. Chama-se Programação, porque podemos 3 programar o que queremos fazer para nos livrar de comportamentos indesejados, que nos incomodam, bem como podemos reforçar comportamentos ótimos que nos interessam; Neuro, porque a base de nossas ações começa no cérebro e ... Lingüistica, porque toda a nossa comunicação, seja em pensamento, seja com os outros, é feita através da linguagem verbal e não-verbal. A PNL, é simplesmente mudança orientada para metas objetivos, para resultados aplicáveis para qualquer sistema humano: família, grupos, empresa, etc...,e principalmente consigo mesmo. O termo “neuro-lingüistico” vem de Semântica Geral. Semântica geral foi criada como uma disciplina que explica e treina como usar nossos sistemas nervosos eficazmente. A PNL constitui-se numa nova abordagem de crescimento pessoal, com muitas técnicas e ferramentas capazes de produzir resultados positivos no menor tempo possível. Ela nos mostra, dentre outras coisas, que pessoas bem-sucedidas não são aquelas que não têm problemas, mas sim aquelas que possuem muitas ferramentas e recursos para resolver seus problemas. A PNL nos possibilita isto, à medida em que nos ensina a pensar criativamente nas situações, analisando-as sob vários ângulos e buscando vários caminhos que nos levem aos resultados que desejamos obter. Mas uma coisa é importante para você ter em mente, é que a transformação e renovação é um processo, em que trabalham duas pessoas: Você e o Espírito Santo de Deus. O Espírito Santo vai mostrar o caminho, vai curar as feridas, e você vai se dispor a rever atitudes, conceitos, preconceitos, valores, a perdoar (a si próprio, Deus, os outros), enfim a cooperar no que depender de você para a sua transformação. É possível ? É difícil ? Veja o que Deus está dizendo em Deuteronômio 30:11 à 14, “Porque este mandamento, que hoje te ordeno, não é demasiadamente difícil, nem está longe de ti. Não está nos céus, para dizeres: Quem subirá por nós aos céus, que no-lo traga, e no- lo faça ouvir, para que cumpramos ? Pois esta palavra está mui 4 perto de ti, na tua boca e no teu coração, para o cumprires”. É possível, não é difícil, só depende de você ! Deus, além de nos incentivar a irmos atrás da nossa restauração, mostra e torce pelo nosso bem, quando diz em Deuteronômio 30:19, “Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra ti que te propus a vida e a morte, a benção e a maldição, escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência”. Podemos resumir, em uma frase: “O querer é do homem e o transformar é de Deus” Que a Paz esteja com todos, Luiz Carlos S. Filho Nota: Grande parte dos estudos aqui contidos, foram escritos por Nelly Beatriz M.P. Penteado – Psicóloga e Máster PNL, complementados e revisados por Luiz Carlos S. Filho – Técnico Operação e Máster PNL. 5 1 – Histórico da PNL A Programação Neurolingüística (PNL) consiste num modelo que nos permite entender a estrutura da experiência subjetiva humana com a finalidade de definir, modificar ou reproduzir qualquer objetivo comportamental. Foi criada nos EUA na década de 70 por Richard Bandler e por John Grinder. Bandler estudou matemática, ciência da computação e psicologia. Grinder é lingüista e especialista em Gramática Transformacional. Juntos criaram a PNL a partir de um processo chamado modelagem. A modelagem baseia-se na observação criteriosa de um determinado comportamento ou habilidade com o objetivo de codificá-los e torná-los disponíveis a qualquer pessoa. Em outras palavras, Bandler e Grinder descobriram que nossa experiência é o resultado da forma como vemos, ouvimos e sentimos as coisas, o que freqüentemente é chamado de "pensamento". Se aprendermos a pensar como outra pessoa, teremos adquirido as mesmas habilidades e obteremos os mesmos resultados que ela obtém. Bandler e Grinder modelaram grandes "magos" em terapia, cujos resultados eram considerados brilhantes. Foi assim que estudaram Fritz Perls, criador da terapia da Gestalt, Virginia Satir, terapeuta familiar, e Milton Erickson, psicanalista e hipnólogo, criador de formas originais de indução hipnótica. Neste sentido, nada do que a PNL diz ou faz é novo, pois muitas de suas técnicas já existiam antes de sua criação. Seu grande mérito foi o de ter estudado, codificado e ensinado o COMO , o processo das técnicas bem sucedidas em terapia, muito mais do que o PORQUÊ, demonstrando que se um comportamento é possível a uma pessoa, então ele é possível a qualquer pessoa. A PNL nos indica, portanto, como reproduzir a competência humana. Desde sua criação, a PNL vem estudando e codificando várias estratégias de pessoas que se destacam em suas áreas de atuação. São estratégias de auto-estima, de comunicação, de criatividade, de flexibilidade e muitas outras que vêm sendo aplicadas com sucesso em pessoas que desejam possuí-las. 6 Atualmente a PNL vem sendo utilizada em praticamente todas as áreas da experiência humana: em terapia, na educação, nas artes, esportes, em organizações, vendas, no tratamento de doenças psicossomáticas, AIDS, câncer (havendo inclusive relatos de experiências bem sucedidas com estas doenças), no tratamento de compulsões (comer em excesso, fumar, etc.) e as pesquisas continuam. 2 - O termo PNL e a utilização ética de suas Técnicas e Pressupostos O termo "Programação" vem da computação e diz respeito à instalação de um plano ou estratégia, de um programa em nossosistema neurológico. Isto significa que nós condicionamos nosso cérebro, nós o programamos para obter um resultado específico. Por exemplo, para aprender a dirigir um automóvel, inicialmente praticamos por partes e depois, com o tempo e com a prática, a habilidade toda se torna automática. Portanto, um programa fornece um caminho ao nosso sistema neurológico, indicando-lhe a direção a seguir, e este caminho é fortalecido pela prática e enfraquecido pela ausência desta. Vale ressaltar que nós possuímos programas para tudo, inclusive para nos sentirmos felizes ou tristes. Um exemplo extremo de um programa é a fobia (medos intensos, incontroláveis, geralmente desproporcionais aos elementos que os causam, como o medo de baratas, ratos, medo de altura). Uma fobia também acontece através de um condicionamento, em que uma emoção intensa é associada a um objeto, animal ou situação, o qual, a partir de então, terá o poder de causar aquela emoção. O termo "Neuro" refere-se ao sistema nervoso, através do qual recebemos e processamos informações que nos chegam pelos cinco sentidos: visual, auditivo, táctil-proprioceptivo, olfativo e gustativo. O termo "Lingüística" diz respeito à linguagem verbal e não verbal, através das quais as informações recebidas são codificadas, organizadas e recebem significado. Inclui imagens, sons/palavras, sensações/sentimentos, sabores e odores. Simplificando muito, 7 poderíamos dizer que é o que nos permite "traduzir" as informações recebidas. O termo "Lingüística" está relacionado também ao modelo de linguagem que um indivíduo possui, e que lhe permite interagir com o mundo exterior. Este modelo amplia ou reduz a compreensão do indivíduo com relação à realidade externa. Quando muito empobrecido, dificultará o contato com o mundo e o indivíduo representará a si mesmo como tendo poucas opções para enfrentar as mais diversas situações. Isto porque nós não reagimos à realidade, mas sim à representação que fazemos dela. Para compreender, ampliar ou modificar o modelo de alguém, a PNL conta com o Meta Modelo de Linguagem. Exemplificando o termo todo, tomemos novamente a habilidade de dirigir automóveis. Um programa nos permite fazê-lo automaticamente. Neuro: nós vemos (placas de trânsito, cruzamentos, outros carros), ouvimos (sons do motor, buzinas), sentimos (uma trepidação no volante, o contato do pé com a embreagem, etc.). Lingüística: os sons, as imagens e as sensações/sentimentos são traduzidos para que tenham significado para nós. Desta forma, um som estridente é automaticamente reconhecido como o som de uma buzina e nos lembramos de que buzinas são usadas para alertar alguém. Estas associações ocorrem rapidamente e em geral não as percebemos da forma seqüencial como a que estamos utilizando neste exemplo. Atualmente podemos observar um crescimento na utilização da PNL e uma certa popularização de suas técnicas e pressupostos. Algumas pessoas associam à literatura de auto-ajuda e àquela que prega o poder do pensamento positivo. PNL não é auto-ajuda e não se relaciona ao "pensamento positivo". Alertamos o leitor para que desconfie da velha fórmula, sempre reciclada, segundo a qual o poder do pensamento positivo é capaz de criar sozinho qualquer resultado que se deseje. A PNL nos mostra que é preciso muito mais do que isto - são necessárias estratégias, que são processos internos de pensamento, e também um planejamento, que inclua onde você está está, aonde quer chegar e quais os recursos que vai utilizar para obter aquilo que deseja. Vemos, portanto, que não existe substituto para o trabalho real, 8 objetivo, e que se os resultados da PNL são espantosos, todavia não são mágicos, posto que seguem um caminho, uma seqüência, que podem ser descritos, aprendidos e repetidos por outras pessoas. Quando afirmamos que a PNL estuda a estrutura da experiência subjetiva humana (que inclui nossos processos internos de pensamento, sentimento, sensação, etc.) isto quer dizer que é possível abordá-la de forma objetiva, pois apesar de ser subjetiva ela possui estrutura (uma seqüência que pode ser descrita, observada, modificada). É exatamente por ser prática, demonstrável, lógica, que a PNL produz bons resultados - e geralmente em tempos menores que os usados por outras abordagens. Àquelas pessoas que acusam a PNL de ser simplista, de resolver problemas graves com "fórmulas" prontas, lembramos que quando um cientista descobre uma fórmula de uma substância ou processo que poderá ajudar a humanidade, ele a anota num papel (ou num computador), possivelmente como uma fórmula matemática. Todavia, posteriormente alguém precisará produzir concretamente aqueles passos anotados na fórmula - da mesma forma que quando você vai ao restaurante você não come o cardápio e sim os alimentos que posteriormente lhe são servidos. Assim é a PNL: um conjunto de notações que descrevem processos, estratégias. Infelizmente algumas pessoas ainda não perceberam este fato e acabam comendo o cardápio (ou engolindo o papel que contém as fórmulas...) 3 - O Meta Modelo de Linguagem Todos nós possuímos um modelo de linguagem que nos permite interagir com o mundo. Linguagem aqui quer dizer tudo o que utilizamos para representar nossa experiência: imagens, sons, palavras, sensações, sentimentos. Não há como pensar em algo sem usar pelo menos um dos elementos acima. Por exemplo, se tomarmos a palavra "pipoca", veremos que ela nos traz a imagem que fazemos de uma ou várias pipocas, talvez a lembrança do sabor e até do som ao mastigá-las. 9 Todavia, a linguagem não é a experiência, mas uma representação da experiência, assim como um mapa não é o território que representa. Como seres humanos, sempre vivenciaremos somente o mapa, e não o território. Isto quer dizer que nós não reagimos às coisas em si, mas às representações que fazemos delas. Para exemplificar o que dissemos acima, citaremos os esquimós, que têm cerca de doze palavras para designar neve: neve que cai, neve no chão, neve que serve para construir casas, etc. Para outras pessoas, a neve será sempre a mesma. Mas para os esquimós, o fato de possuírem palavras diferentes para a neve significa que eles são capazes de fazer distinções muito sutis entre os tipos de neve, o que lhes permite agir com maior número de escolhas em seu mundo. Um outro exemplo seria o de duas pessoas recusadas para uma vaga numa empresa. A primeira representou o fato como decorrente de sua incapacidade, de sua falta de experiência e de sua inadequação ao cargo. A segunda representou o mesmo fato como algo corriqueiro, podendo até ter achado que não foi escolhida por estar super-qualificada para o cargo. Nenhuma das duas sabe o real motivo pelo qual foi recusada, mas cada uma delas representou a recusa a seu modo, de acordo com o seu "mapa", que é produto de experiências, emoções e aprendizagens passadas. Como pudemos constatar nos dois exemplos, um mapa amplia ou reduz as possibilidades de alguém. As pessoas formam seus mapas a partir de suas experiências, tanto internas como externas. Sendo assim, se não é possível mudar os fatos, a PNL nos ensina como mudar a experiência subjetiva, a representação que as pessoas têm do mundo e de si mesmas. Isto é possível através do Meta Modelo de Linguagem, que vai reconectar a linguagem à experiência, vai buscar a mensagem oculta, as crenças que existem por trás de palavras e frases. Retomando o exemplo da recusa para um emprego, imaginemos que a primeira pessoa disse: "Eu fui rejeitada porque sempre fico com medo nessas situações". Alguém experiente no uso do Meta Modelo de Linguagem perceberia as lacunas existentes na frase, ou seja, há omissões,generalizações e distorções nela que o emissor provavelmente não percebe conscientemente. Para ele, as coisas são da maneira como afirmou e ele talvez não veja como poderiam 10 ser diferentes. As informações suprimidas poderiam ser recuperadas com perguntas como: "Você tem medo do quê ?" "Você sempre fica com medo ?" "Em algumas dessas ocasiões você não sentiu medo ?" "Então você acredita que se não sentisse medo, não seria recusado ?" e assim por diante. À medida em que se vai questionando, vai-se modificando o mapa da outra pessoa, que é obrigada a completá-lo, a preencher suas lacunas, a atualizá-lo. Como conseqüência, ela passará a ter um outro tipo de representação, que por sua vez a levará a um resultado comportamental diferente. O Meta Modelo compreende um conjunto de instrumentos com os quais se pode construir uma comunicação melhor. Ele pergunta o que, como e quem, em resposta à comunicação do emissor. Ao utilizar o Meta Modelo é necessário estar atento às próprias representações internas. Assim, se alguém nos diz: "Meus filhos me aborrecem", não é possível formar um quadro completo da situação. É necessário perguntar "como": "Como especificamente seus filhos o aborrecem ?" Por outro lado, se assumirmos que conhecemos o significado preciso de "aborrecem", com base apenas em nossa experiência, então na verdade estaremos encaixando tal pessoa em nosso modelo de mundo, em nosso mapa, esquecendo-nos do mapa dela. Lembramos que o objetivo do Meta Modelo é reconectar a representação à experiência, o que equivale a dar nome às coisas e fatos. Ao questionarmos, por exemplo, a palavra "medo", procuraremos reconectar a palavra (representação) à experiência real de sentir medo. Imaginando que as palavras são como pastas de um imenso arquivo, há pessoas que arquivam na pasta "medo" experiências que seriam melhor arquivadas em outras pastas . Não se trata de abordar teoricamente e dissociadamente as situações e sensações, como em algumas abordagens terapêuticas, mas sim de um instrumento que nos permite modificar as representações internas de uma pessoa, nos permite clarear pontos, completar mapas. 11 4 – Como processamos Informações Recebemos informações do mundo através dos cinco sentidos: visual, auditivo, gustativo, olfativo, táctil-proprioceptivo. Ocorre que a informação recebida precisa ser processada internamente, precisa ser representada, e este processo é individual, personalizado, o que equivale a dizer que dois indivíduos representarão um mesmo fato de formas diferentes. Isto acontece porque há três processos envolvidos na representação de informações: omissão, distorção e generalização. A omissão ocorre quando omitimos parte da informação recebida. É ela que, por exemplo, nos permite prestar atenção no que uma pessoa está dizendo e ignorar todos os demais sons existentes num local de muitos ruídos. Ou então, quando estamos bem humorados e não prestamos atenção às pequenas contrariedades de nossa experiência, como por exemplo os semáforos que estavam todos fechados, o trânsito lento. A distorção é freqüente nos casos de mal-entendidos, em que uma pessoa disse ou fez uma coisa e a outra pessoa percebeu algo completamente diferente. Ou também nas chamadas "fofocas", em que um fato é aumentado ou deturpado. A generalização consiste no fato de que ao recebermos uma informação, temos a tendência de generalizá-la para outros contextos. É ela que nos permite aprender, por exemplo, a andar de bicicleta e a partir desta aprendizagem generalizar para outros tipos de bicicleta. A generalização também acontece nos casos de preconceito. Por exemplo, se uma pessoa teve uma experiência negativa com um indivíduo de determinada raça, religião ou nacionalidade, poderá generalizar achando que todos os indivíduos semelhantes no aspecto que está sendo considerado (raça, religião, etc.) são iguais. Após analisarmos os três processos através dos quais as informações são representadas, podemos entender melhor por que dois indivíduos representam um mesmo fato de formas diferentes. Nós sempre reagiremos às representações que fazemos das coisas (aos mapas) e nunca às coisas propriamente ditas. 12 Convidamos o leitor a tomar qualquer experiência de que goste, como por exemplo saborear um determinado tipo de alimento. Analisando minuciosamente por que gosta deste alimento, verá que gosta dele porque faz imagens que são atraentes, enfatizando a cor, o brilho, incluindo talvez a sensação da consistência, do contato do alimento com a boca, o cheiro, e possivelmente associando tudo isso a emoções como felicidade, aconchego, alegria, festa, etc. Tudo isto (imagem, associações com alegria, etc.) é representação. É da representação que você gosta, e não propriamente do alimento. Você já deve ter observado que enquanto você adora um alimento, outras pessoas o detestam. A representação que elas têm do alimento em questão é bem diferente da sua. E se elas aprenderem a representá-lo da mesma maneira que você, passarão a gostar dele ! Não é por acaso que as propagandas exploram estes aspectos em larga escala. Em geral, elas contêm apelos aos cinco sentidos e uma ou mais associações a sentimentos de paz, sucesso, felicidade, etc. Nós aprendemos por repetição e rapidez. Portanto, uma associação feita rapidamente e repetidas vezes, como é o caso da propaganda, tende a se estabelecer em nosso sistema neurológico. Trata-se de um condicionamento. O que dissemos acima também se aplica a experiências marcantes em nossas vidas, capazes de influenciar nossa auto-imagem. Tomemos por exemplo o caso de duas crianças ridicularizadas na escola por terem errado um exercício na aula. A primeira associa à experiência uma grande carga de emoção (vergonha, humilhação, incapacidade), representando a situação à sua maneira (talvez com grandes imagens dos colegas rindo, com o som de suas gargalhadas mais alto do que o som ouvido na realidade, etc.) . Já uma outra criança talvez nem se lembre do fato depois de um certo tempo e não lhe atribua maior importância. O que faz a diferença aqui é a maneira através da qual cada criança representa a situação, o tipo de "etiqueta" que colocam ao organizarem seu arquivo de lembranças. Como já dissemos, é à representação que reagimos e não à situação, ao fato real, e na representação entram os processos de omissão, distorção e generalização. Portanto, é provável que a primeira criança tenha 13 omitido dados da experiência, tenha distorcido outros e que ela generalize o ocorrido a todas as situações que envolvam os mesmos elementos (situações em que se exponha à opinião alheia). As técnicas da PNL visam dar um outro significado (resignificar) ao ocorrido, já que não é possível alterar os fatos. Visa ainda desfazer o condicionamento, a associação, através da manipulação de aspectos específicos da representação da experiência (mudanças sutis nas características da imagem, som, sensação/sentimento, etc.). 5 - Fobias Uma fobia consiste basicamente num medo intenso, incontrolável e por vezes insuportável à pessoa que o experimenta, sendo desproporcional em relação aos elementos que o causam. Desta forma, há indivíduos com fobias de altura, escuridão, lugares fechados, lugares abertos, aviões, água, elevadores, etc. Uma reação fóbica ocorre de forma instantânea, automática, diante de um estímulo externo (o elemento causador da fobia). O indivíduo poderá experimentar taquicardia (coração batendo acelerado), falta de ar, transpiração excessiva ("suar frio"), dentre outros sintomas. O medo em geral não pode ser explicado pelo indivíduo, que conscientemente não entende porque o sente e talvez até o considere ilógico. Isto porque o medo está associado a experiências traumáticas passadas (ou, às vezes, a experiências traumáticas projetadas no futuro) que estão fora da consciência do indivíduo. Para compreender o aspecto aparentemente ilógico de uma fobia, imaginemos um homem forte, corajoso, um campeão de boxe por exemplo, que, todavia, se vê totalmente aniquilado quando entra num elevador. A um mero espectador, a cena seria incompreensível: como um homem tão forte pode ter medo de algo tão inofensivo ? Contudo, trata-se de uma reação intensa aprendida no passado, talvez na infância, quando o homem associou o medo ao elevador, ou por ter passado por uma experiência traumática envolvendo elevadores, ou mesmo por tê-la apenas imaginado. 14 Note-se que as fobias muitas vezes se formam na infância porque este é um período em que há poucos recursos, poucas vivências em relação à experiência traumática. A fobia também pode ter início em outros momentos da vida, nos quais o indivíduo está temporariamente sem recursos, fragilizado, experimentando uma emoção muito forte ( como por exemplo um assalto, a perda de alguém muito próximo). Da mesma forma que um determinado aroma ou uma música nos lembram uma pessoa, ou um momento de nossas vidas, uma fobia também é uma associação entre uma sensação e um estímulo. Na formação da fobia participam os processos de omissão, distorção e generalização (descritos em nosso artigo anterior). Omissão porque partes da experiência original (ou a experiência toda) são eliminadas da consciência. Distorção porque em geral a representação da experiência não corresponde ao que ocorreu na realidade. Por exemplo, um indivíduo com fobia de ratos pode ter um dia imaginado que muitos ratos o estavam devorando, quando na verdade um único rato apenas havia passado perto dele. Pode ainda formar imagens (geralmente inconscientes) imensas, aterrorizantes, muito coloridas e próximas de um ou mais ratos, e reviver a experiência traumática como se estivesse passando por ela novamente. A generalização acontece em virtude de que o indivíduo vai apresentar a reação fóbica sempre que estiver diante do objeto causador da fobia, em todas as situações e ambientes. As reações fóbicas em geral acontecem quando as pessoas formam imagens da situação que causou a fobia como se estivessem nelas, associadamente (ainda que não se dêem conta disso). Quando uma pessoa se recorda de um fato estando associada nele, seus sentimentos estão contidos no próprio fato. Porém quando as pessoas vêem a si mesmas passando pela experiência, dissociadamente, como se assistissem a um filme, têm sentimentos sobre o que vêem. Neste caso, há uma certa distância entre o indivíduo e o fato. A associação e a dissociação, conforme a descrição acima, são técnicas bastante úteis utilizadas pela PNL. Convidamos o leitor a 15 experimentá-las com suas próprias lembranças. Imagine, por exemplo, a experiência de estar andando numa montanha-russa - se já esteve numa antes - ou outra experiência pela qual já tenha passado. Passe um filme da situação de forma que possa se ver passando pela experiência. Agora, "entre" dentro do filme, associe- se, passe pela experiência como se ela estivesse acontecendo agora, e experimente a diferença. Você poderá usar estas técnicas em inúmeras situações de sua vida. A dissociação, quando se lembrar de fatos desagradáveis, evitando assim passar pela situação novamente e sentir-se mal em conseqüência disto. A associação para recuperar sensações agradáveis. Na cura da fobia, a PNL utiliza basicamente a dissociação no processo de desfazer a associação entre o estímulo e a sensação ( a resposta fóbica). Isto em geral é feito de forma simples, segura e rápida, lembrando que uma das formas através das quais aprendemos é a rapidez (a outra é a repetição). Ressaltamos que a PNL não se ocupa do conteúdo da fobia, mas da sua forma, seu processo. Por este motivo, não se perde em intermináveis interpretações e explicações sobre o porquê um indivíduo é fóbico. Todavia, o indivíduo é considerado como um todo, ou seja, são verificadas outras questões que podem estar influenciando a fobia. Como exemplo, citamos os ganhos secundários, que ocorrem quando o indivíduo obtém vantagens a partir de seu problema, como atenção e afeto. Enquanto não for resolvida esta questão, ele não será curado da fobia. Uma outra estratégia utilizada em alguns casos de fobia ( e no tratamento de sentimentos e comportamentos que o indivíduo não consegue alterar pelo simples esforço consciente e compreensão intelectual) é a reimpressão. 6 - Reimpressão ( Reimprint ) Uma impressão (imprint) ocorre quando um indivíduo passa por uma experiência significativa, à qual associa forte emoção e a partir dela forma uma ou mais crenças. Para a PNL, o que importa não é o conteúdo da experiência, mas 16 sim a crença ou impressão gerada a partir da mesma. Dito de outra forma, importa o significado que o indivíduo atribuiu à experiência, as conclusões a que chegou. O conceito de impressão foi proposto por Konrad Lorenz, que estudou o comportamento dos patos no momento em que saíam do ovo. Neste momento, eles imprimiam a figura materna, de forma que o que quer que fosse que se movesse, e que estivesse perto no momento em que saíam do ovo, passava a ser seguido e "se tornava" a mãe dos patinhos. Lorenz verificou que os patinhos "imprimiram" as botas que ele usava no momento em que saíram do ovo e então passaram a segui-lo, como se as botas fossem a "mãe". Ele tentou apresentá- los à mãe-pata, mas eles a ignoravam e continuavam a segui-lo. Lorenz acreditava que as impressões ocorriam em momentos importantes do desenvolvimento neurológico e que não era possível alterá-las posteriormente. Timothy Leary estudou o fenômeno da impressão nos seres humanos e descobriu que estes possuem um sistema nervoso mais sofisticado que o dos patos, e por este motivo o conteúdo das impressões poderia ser acessado e reprogramado (reimpresso). Leary também identificou períodos críticos no desenvolvimento dos seres humanos. As impressões ocorridas nestes períodos geravam crenças básicas, que moldavam a personalidade e inteligência do indivíduo: crenças sobre ligações sentimentais, bem-estar, destreza intelectual, papel social, etc. As impressões podem ser experiências "positivas", que geram crenças úteis, ou experiências traumáticas, que conduzem a crenças limitantes. Na maioria das vezes, elas incluem pessoas significativas, que inconscientemente podem ter servido de modelo. A diferença entre uma impressão e uma lembrança ruim, tal como uma fobia, é que na impressão associa-se uma crença à lembrança, em geral uma crença de identidade ( do tipo "eu sou": fraco, forte, capaz, incapaz, etc.). A técnica da reimpressão (reimprint) utilizada pela PNL parte da crença e da sensação associada à impressão, como forma de guiar 17 o indivíduo de volta ao passado, até o momento em que passou pela experiência de impressão. Esta é uma forma de regressão que, ao contrário de certas intervenções feitas por outras abordagens terapêuticas, é feita conscientemente, com o indivíduo "acordado" e totalmente no controle da situação. De volta ao fato, ele pode descobrir que recursos ele e as demais pessoas envolvidas teriam precisado naquela época para que ele não se sentisse daquela maneira. A reimpressão é usada no tratamento de traumas, crenças limitantes, sentimentos e comportamentos persistentes na vida adulta (como timidez, insegurança, agressividade, etc.) e em alguns casos de fobia. Ela permite retroceder no tempoe descobrir a experiência geradora de tais crenças, sentimentos e comportamentos, os quais o indivíduo não consegue alterar pelo simples esforço consciente e compreensão intelectual. O indivíduo não poderá apagar os fatos que compõem a sua história, mas poderá mudar seu ponto de vista a respeito deles. Seria como reviver aquela experiência só que agora levando consigo toda a vivência e os recursos obtidos ao longo dos anos. 7 - Palavras Processuais Ao longo do tempo, só temos consciência de uma pequena parte de nossa experiência. Enquanto lê esta frase, você pode estar atento aos sons à sua volta, à temperatura ambiente, às letras do texto, ao gosto em sua boca, ou à qualidade do ar que respira. É provável que você tenha prestado atenção a cada aspecto que foi sendo sugerido aqui e que antes disto não estivesse atento a todos eles. Isto acontece porque nós não prestamos atenção a tudo e durante o tempo todo. A consciência humana é um fenômeno limitado. Nós selecionamos parte da experiência e omitimos o que resta. E esta seleção é determinada por nossas capacidades sensoriais, motivações atuais e por aprendizagens ocorridas na infância. Se estamos atentos a um programa de TV, é provável que não 18 prestemos atenção aos demais sons existentes no ambiente, mesmo quando alguém nos pergunta algo. Isto porque nossa motivação dirige e concentra nossa atenção. Se uma mãe diz a uma criança: "Amo você, meu filho", mas com uma expressão de desdém, cerrando os dentes e os punhos, em qual das duas mensagens a criança acredita? É bem provável que ela dê mais atenção à parte visual da experiência, ou seja, que confie no que vê, muito mais do que no que ouve, e leve consigo esta aprendizagem para toda a sua vida. É desta forma que as pessoas aprendem a privilegiar a parte visual, auditiva ou cinestésica da experiência. Como ouvintes, podemos discernir qual a parte da experiência de uma pessoa que está sendo representada em sua linguagem verbal prestando atenção às palavras processuais, aos predicados utilizados: adjetivos, verbos e advérbios. A tabela abaixo contém exemplos de palavras processuais. VISUAIS AUDITIVAS CINESTÉSICAS INESPECÍFICAS ver ouvir aconchegante acreditar imagem dizer confortável aprender claro falar sentir estimular ponto de vista perguntar sensação “sacar” brilhante explicar gosto estudar quadro estalo cheiro saber luz comentário pesado igualar aparência boato macio detalhe observar tom doce decidir obscuro barulho bloqueio pensar Tomemos o seguinte diálogo entre um vendedor e um cliente: - Eu quero comprar um carro que seja confortável, em que eu me sinta muito bem, e que seja macio para dirigir. - Pois não, senhor. Acabo de ter uma idéia brilhante. Eu imagino que o senhor gostaria muito de um carro de estilo jovem, como este 19 aqui. Veja que linda cor... É bastante provável que a venda não se efetue. É como se o cliente e o vendedor estivessem falando línguas diferentes. O cliente fala usando predicados que indicam que ele está num acesso cinestésico de sua experiência ("confortável", "sinta", "macio"), e também que ele privilegia critérios cinestésicos ao comprar um carro. Já o vendedor responde utilizando palavras processuais (predicados) visuais ("brilhante", "imagino", "estilo jovem" , "veja", "cor"). O cliente está pedindo uma coisa e o vendedor está lhe mostrando outra. Isto acontece também com casais. Se a mulher usa predominantemente o canal sensorial auditivo e o marido o visual, ela poderá se queixar: "Meu marido não me ama. Ele nunca diz que me ama". E neste caso, o marido não diz porque para ele não é importante dizer, mas mostrar, visualmente, que ama a esposa, talvez levando-a a passeios, trazendo-lhe flores. O marido poderá ter a mesma queixa em relação à esposa porque ela não demonstra (visualmente) que o ama. Para o marido, não é importante que ela diga, mas que ela mostre que o ama (talvez deixando a casa mais bonita, cuidando de sua própria aparência ou preparando-lhe pratos que sejam visualmente atraentes). Cada palavra processual usada (visual, auditiva, cinestésica) indica que a experiência interna daquele que fala está sendo representada num determinado sistema sensorial. O uso habitual de uma categoria de palavras processuais em detrimento de outra é indicativo de um sistema representacional primário. Este é o que é mais desenvolvido e usado com mais freqüência do que outros. Resultará no fato de que o indivíduo perceberá o mundo primordialmente através deste sistema. Predicativos que não apontam nenhuma das partes da experiência (visual, auditiva, cinestésica) são chamados de inespecíficos. Isto é, não indicam como o processo está sendo representado. E qual a utilidade em saber o sistema sensorial predominante de uma pessoa ? A utilidade está diretamente relacionada à capacidade de relacionar-se com alguém de modo eficaz. Significa saber "falar a mesma língua" que o outro. Significa saber compreender e se fazer compreendido. 20 O ideal seria que todos nós tivéssemos todos os canais sensoriais igualmente desenvolvidos. Isto poderia ser comprovado através do uso equilibrado das palavras processuais, sem que houvesse predomínio de uma classe sobre outra. Em geral, não é isto que acontece com a maioria das pessoas. Todavia, é uma habilidade que pode ser desenvolvida. Sugerimos para isto a seguinte experiência: reserve um dia da semana para treinar cada canal sensorial. Por exemplo, às segundas-feiras, proponha-se a treinar seu olfato. Neste dia, esteja disposto a ampliar sua capacidade olfativa e a sentir o maior número possível de odores. Faça o mesmo com o paladar e com os canais cinestésico (sensações: quente, frio, áspero), auditivo e visual. Sugerimos ainda ao leitor que treine a identificação de palavras processuais ouvindo programas de entrevistas. Observe o que acontece quando o entrevistado está usando palavras processuais auditivas e o entrevistador lhe pergunta algo usando palavras visuais. Muitas discussões acontecem pelo simples fato de que as pessoas não conseguem entender umas às outras porque estão utilizando canais sensoriais diferentes. E para saber qual é seu canal sensorial predominante, conte as palavras processuais que você utiliza ao escrever um texto neutro, ou seja, um texto que não se refira especificamente a experiências apenas visuais (um texto que falasse sobre fotografia, por exemplo), auditivas (um concerto) ou cinestésicas (a comida de seu restaurante favorito). Se em seu texto existirem mais palavras auditivas, isto quer dizer que seu canal auditivo é mais desenvolvido e utilizado em relação aos demais. Quer dizer que você dá preferência à parte auditiva das situações. E as palavras processuais menos utilizadas, aquelas que você usou em menor número em seu texto, correspondem ao canal menos utilizado e que poderia ser mais explorado. Há pessoas que são tão visuais que são capazes de falar durante meia hora sobre um almoço delicioso usando apenas palavras visuais (Falando sobre a beleza dos pratos, da louça, dos talheres, etc.). Já outras, são mais cinestésicas e estão sempre dizendo "Eu sinto...". Geralmente são pessoas que gostam de tocar nas demais, gostam de abraçar. 21 Pessoas predominantemente auditivas dizem muito "E então eu disse... Daí ele falou..." " Eu sempre falo que..." E você ? Já sabe qual é sua predominância ? Ou você é uma dessas raras pessoas que são equilibradas quanto ao uso dos canais sensoriais ? 8 - Pistas de Acesso A fim de que você compreenda as informaçõesque serão discutidas a seguir, sugerimos a seguinte experiência: 1 - Pense num momento muito especial de sua infância. 2 - Como era a voz de sua professora predileta ? 3 - Sinta o gosto do sorvete de morango. Para cumprir estas tarefas foi preciso conseguir acesso a certas classes distintas de experiências passadas. Chamamos o processo de obtenção da informação (o processo de conseguir a informação subjetiva: as imagens, os sons, as palavras e sensações que fazem parte das memórias e fantasias) de acesso. Pistas de acesso são os comportamentos não verbais que indicam como a informação foi colocada à disposição da mente consciente. Pistas de acesso são os movimentos dos olhos que indicam como uma pessoa pensa - se através de imagens, palavras ou sensações. Quando se observa uma pessoa e seus olhos estão voltados para cima e à direita (dela), isto significa que ela está criando imagens (acesso visual construído), como por exemplo, a imagem de como ela ficaria se usasse determinado tipo de roupa. Todos provavelmente já passaram pela experiência de fazer uma pergunta a alguém que desviou o olhar, mexeu os olhos para cima e para a esquerda e disse: "Huuummm, deixe-me ver...". E viu. Buscou em suas imagens visuais recordadas. Portanto, as pistas de acesso podem ser detectadas pela simples observação dos movimentos oculares. 22 Vl - Visual lembrado (olhos voltados para cima e à esquerda): ver imagens de coisas vistas antes. Exemplos de perguntas que eliciam este tipo de acesso incluem: "Qual a cor dos olhos de sua mãe ?" "Como era a primeira casa em que você morou ?" Vc - Visual construído (olhos para cima e à direita): Ver imagens de coisas nunca vistas antes. Exemplos: "Como seria um elefante azul de bolinhas amarelas ?" "Como você seria se tivesse cabelos verdes e olhos vermelhos ?" Al - Auditivo lembrado (olhos na linha média e à esquerda): Lembrar de sons ouvidos antes. Exemplos: "Como é o alarme do seu despertador ?" "Como é o som de uma cachoeira ?" "Qual a primeira palavra que você disse hoje ?" Ac - Auditivo construído (olhos na linha média e à direita): Ouvir palavras nunca ouvidas realmente dessa maneira antes. Pôr palavras e sons juntos numa nova forma. Exemplo: "Se você fosse criar uma música agora, como ela seria ?" "Se você pudesse fazer uma pergunta ao presidente Fernando Henrique, o que diria ?" Ai - Auditivo interno - ou Auditivo digital (olhos voltados para baixo e à esquerda): Falar para si mesmo, diálogo interno. Exemplo: "Diga algo a você mesmo, algo que você se diz freqüentemente" "Recite um verso mentalmente". C - Cinestésico (olhos para baixo e à direita): sentir emoções e sensações. Exemplo: "Como é a sensação de correr ?" "Como você se sentiu hoje pela manhã, logo que acordou ?" Para pessoas "canhotas", geralmente, os padrões são invertidos: o acesso visual construído é observado do lado esquerdo, o visual lembrado do lado direito, e assim por diante. Quando afirmamos que os movimentos oculares são padrões, queremos dizer que eles são observados em todas as pessoas dotadas de uma organização neurológica normal. Algumas pessoas apresentam algumas diferenças em relação a este padrão, como olhos voltados sempre para cima, à direita ou esquerda, a qualquer pergunta que se faça, indicando que elas necessitam primeiro ter a imagem do que quer que seja para depois poderem ter acesso à experiência sugerida. Por exemplo, para se lembrarem do gosto do sorvete de morango, primeiro necessitam da 23 imagem do sorvete para depois se lembrarem do sabor (acesso cinestésico). Outras pessoas apresentam olhos voltados para cima, no centro, como se fixassem um ponto, com pupilas dilatadas. Isto indica acesso visual e concentração. Pessoas que privilegiam por exemplo a visão para perceber o mundo, certamente estão perdendo muitas informações auditivas e cinestésicas. O mesmo acontece com aquelas que privilegiam os canais auditivo e cinestésico. O ideal seria que nós tivéssemos todos os canais sensoriais igualmente desenvolvidos, o que nos possibilitaria uma experiência mais completa da realidade. Há também outros indicativos que nos informam o tipo de acesso de uma pessoa, tais como os movimentos respiratórios (por exemplo, respiração rápida indica acesso visual), o ritmo da voz, etc. O conhecimento e a prática em relação às pistas de acesso permitem-nos: 1 - Fazer com que uma pessoa tenha acesso ao tipo de experiência que é necessário para que compreenda o que lhe estamos comunicando. 2 - Saber quando uma pessoa está conscientemente ouvindo, vendo, sentindo e quando ela está "longe", abstraída em seus processos subjetivos. 3 - Estabelecer um bom contato (rapport) com qualquer pessoa, de forma suave, eficaz e elegante. 4 - Lembrar com mais facilidade de experiências, como por exemplo se quisermos nos lembrar do caminho que percorremos para chegar a um determinado local (ou onde guardamos um objeto que não conseguimos encontrar), basta que voltemos os olhos para cima e à esquerda (visual lembrado). Portanto, lembramos aos professores que uma criança que está olhando para cima durante a aula pode não estar "no mundo da 24 lua", mas visualizando, lembrando-se da grafia de uma palavra ou construindo palavras e frases. 9 - Estados Internos Você já passou pela experiência de estar em "maré alta" ? Aquele dia ou período em que tudo é bonito, as pessoas são gentis e você é feliz ? Você já passou por um dia em que nada dá certo ? Aquele dia em que você acordou com o pé esquerdo ? Você é a mesma pessoa nas duas situações. A diferença está no estado neurofisiológico em questão - o estado interno. A maioria de nossos estados internos acontece de forma automática - sem controle consciente - porque estamos "acostumados" (programados) a reagir daquela maneira. Você já percebeu como muda o seu estado interno quando você vê uma pessoa de quem não gosta ? Se você estava alegre, imediatamente aquela alegria é temporariamente interrompida para dar lugar a um outro tipo de estado interno. Uma outra experiência comum é estarem várias pessoas num domingo à noite, conversando animadamente, quando então ouvem pela T.V. a música de abertura do Fantástico. É o anúncio do final do domingo e do início de uma nova semana. Imediatamente alguns param de conversar, ficam pensativos, outros desanimados. Este é um exemplo de como um estímulo externo (a música) é capaz de alterar um estado interno. Um estado interno é criado a partir da nossa representação interna e das condições e uso de nossa fisiologia. Imaginemos uma mulher numa festa. Ela se divertiu muito durante quatro horas. No último minuto da festa, ela derruba um copo de vinho em sua roupa e sai arrasada. Quando lhe perguntam se a festa estava agradável, ela responde que não, que foi horrível. Um minuto foi suficiente para acabar com a representação interna formada em quatro horas. E por este motivo, esta mulher mudou seu estado interno de alguém que estava se divertindo para alguém 25 que saiu arrasado. Imaginemos agora uma esposa esperando pelo marido à noite. Ele está atrasado. Mas a esposa está num estado interno tranqüilo, despreocupado, e por isso o atraso do marido não a preocupa. Em suas representações internas, ela o imagina trabalhando. Agora, se ela estivesse num estado interno de preocupação ou desconfiança, sua representação interna do atraso do marido talvez incluísse um caso extraconjugal. Ela poderia então imaginá-lo com outra mulher, o que a deixaria ainda mais desconfiada. Quando o marido chegasse, ela provavelmente discutiria com elee lhe perguntaria quem é a "outra"... Portanto, nossa representação interna dos fatos determina o estado em que nos colocamos. A maior utilidade para este conhecimento está relacionada a estados de capacidade e de incapacidade (estados de recursos e estados limitantes). Quando vamos realizar algo e acreditamos que somos incapazes, nós entramos no estado de ser incapaz e nossa fisiologia responde prontamente como se fôssemos incapazes. Nosso cérebro envia um comando às partes de nosso corpo envolvidas na ação. Imaginemos um jogador de futebol cobrando um pênalti. Se ele se considera incapaz, naquele momento seu cérebro obedece a esta ordem e envia um comando para seus músculos, que executam a cobrança como se ele fosse de fato um incapaz, ou seja, ele não faz o gol. É o mesmo que andar numa corda-bamba. Descobriu-se que para um equilibrista ter sucesso nesta ação, é necessário que ele tenha apenas uma imagem: a imagem de si mesmo andando com sucesso. Se ele tiver duas imagens, uma de sucesso, outra de fracasso, uma ao lado da outra, ele provavelmente cairá porque seu cérebro não sabe qual a representação interna que deverá realizar. Conclui-se que a dúvida nos atrapalha com relação aos nossos objetivos porque é como se ela nos colocasse diante de dois caminhos. A PNL adotou uma frase que resume bem isto: "Quer você acredite que pode (realizar algo), quer acredite que não pode, 26 de qualquer forma você está certo". Nossa fisiologia também influencia nossas representações internas. Se estamos tensos, se nos alimentamos mal, se dormimos mal, se estamos sentindo dor, tudo isto influencia diretamente nossas representações internas. Por este motivo, não é recomendável fazer compras no supermercado quando se está com fome. A fome, que é um estado interno causado por condições fisiológicas, faz com que representemos todos os alimentos encontrados como muito mais saborosos do que na verdade são. Percebe-se, portanto, que representação interna e fisiologia são interdependentes: alterando-se uma, a outra também muda. Para ilustrar, citaremos o que ocorre com as pessoas depressivas. É sabido que elas permanecem todo o tempo num acesso cinestésico, sentindo-se mal. Elas em geral não constróem imagens, não têm sonhos, não utilizam o acesso visual construído. Como conseqüência, sua postura é a de uma pessoa cabisbaixa, olhos voltados para baixo, como se estivessem sempre olhando para o chão (acesso cinestésico). A conhecida expressão "Levante a cabeça, olhe para cima" tem fundamento e costuma ajudar os depressivos, pois o que eles precisam é sair do acesso cinestésico e começar a fazer planos para o futuro (usar o acesso visual construído). Ressaltamos que esse é apenas um começo e que o tratamento da depressão não consiste nisto somente. O oposto também é verdadeiro. Se adotarmos a fisiologia (a postura) de uma pessoa deprimida, é bem provável que fiquemos deprimidos. Nada é bom ou mau intrinsecamente. Tudo depende da forma como representamos uma situação. Podemos representar os fatos de uma forma que fiquemos num estado de recursos ou podemos fazer o oposto. Como já afirmamos numa outra ocasião, "O mapa não é o território". Nossas representações a respeito dos fatos jamais corresponderão exatamente a eles. Desta forma, uma pessoa pode representar a si mesma como 27 alguém insignificante e incapaz, e esta representação vai colocá-la num estado de poucos recursos - um estado limitante. Na verdade, esta pessoa pode não ser nada disso - pode até ser alguém com muitas capacidades - mas ela se tornou naquele momento exatamente aquilo que julgou ser. A diferença entre as pessoas que falham em realizar suas metas e aquelas que são bem sucedidas é que estas conseguem se colocar num estado de apoio e segurança (um estado de recursos). Isto é muito diferente de entrar e sair de estados automaticamente, sem controle consciente, sendo controlado por outras pessoas, pela mídia, etc. Imagine que seu cérebro é um veículo que, se você não dirigir, se você não estiver ao volante, será guiado por outros ou pelas situações - como um barco ao sabor do vento. Quando formamos uma imagem interna de que seremos capazes de realizar algo, criamos os recursos internos de que precisamos para conseguir o estado que nos apoiará. Para alcançar seus objetivos, é necessário que você focalize o que você quer - e não o que não quer. Há inúmeras pessoas que afirmam que não querem ser pobres, não querem ser depressivas, não querem ser inseguras, etc. Com este tipo de afirmação, fornecem ao cérebro a imagem do que não querem ( e é isso que acabam conquistando em suas vidas). Para que nosso cérebro possa entender e processar uma informação como "Eu não quero fracassar", ele primeiro necessita de uma imagem do que não se quer (fracassar) para então negá-la. É como quando se diz a uma criança "Não deixe cair este copo" e então ela o derruba, pois para que ela entendesse a mensagem, precisou representar internamente aquilo que não deveria fazer. Portanto, é melhor nos dirigirmos às coisas que queremos (Por exemplo: "Eu quero ser feliz, seguro, etc." e, no caso da criança, "Segure o copo com cuidado"). A cada estado interno corresponde uma fisiologia externa observável. As mães conhecem bem este fato: uma criança não consegue mentir, pois sua fisiologia (sua postura, expressão facial, respiração, voz, cor da pele, etc.) a denuncia. 28 Temos fisiologias correspondentes a cada estado interno que experimentamos. Provavelmente, as pessoas que nos conhecem bem sabem disso melhor que nós, pois conseguem identificar nosso estado interno pela simples observação de alguns aspectos de nossa fisiologia. Um empregado pode adiar um pedido de promoção pela observação da fisiologia de seu chefe: "Humm ! Hoje o chefe está ..." Se nos treinarmos nesse tipo de observação, seremos capazes de verificar como a linguagem não verbal (os gestos, a postura, o tom e ritmo da voz, a respiração, etc.) nos informa muito mais do que a linguagem verbal (o que uma pessoa diz). Como quando alguém nos fala "Eu estou muito feliz", todavia com uma expressão melancólica, ombros para frente, olhos para baixo, etc. Neste caso, há uma incongruência entre as duas linguagens (verbal e não verbal) e em geral se dá muito mais importância e significado à linguagem não verbal. Quando alguém nos diz algo mas seu corpo revela mensagens opostas, o resultado será que esta pessoa não nos convencerá, pois suscita dúvidas em nós com relação a qual das duas mensagens é verdadeira. Há maneiras de provocar estados internos em outras pessoas. Uma delas é muito usada por pessoas que costumam ser bastante desagradáveis e inadequadas: "O que você tem ? Você está passando mal ?" "Está nervoso ?" ou "Você está preocupada porque seu marido está demorando ?", etc. Nestes casos, para que se possa responder à pergunta, é necessário primeiro entrar no estado sugerido para então saber se ele se aplica ou não a nós. Às vezes as pessoas acabam entrando de fato no estado em virtude do poder da sugestão. Daí acabam se sentindo mal, ficando nervosas, preocupadas, etc. Melhor seria se as pessoas colocassem umas às outras em estados de recursos, estados agradáveis. Por exemplo, ao se perguntar a alguém doente "Você melhorou ?", coloca-se a pessoa numa outra direção - em direção à saúde, à recuperação. Ou a alguém que está : "Você está mais calmo ?" Com a certeza de que não esgotamos o assunto, citaremos uma 29 história que ilustra o que são representações internas e como estas causam estados internos. Um homem andava por uma estrada deserta quandoo pneu de seu carro furou. Como ele não tinha macaco para trocar o pneu, pôs-se a caminhar pela estrada a fim de procurar alguém que pudesse ajudá-lo. Avistou uma casa e para lá se dirigiu. Enquanto caminhava, começou a pensar: "E se o dono da casa não me atender ?" "E se ele achar que eu sou um assaltante ?" "E se ele for grosseiro comigo ?". Quando ele finalmente chegou lá, um senhor abriu a porta e, com um amável sorriso, disse-lhe: "Pois não, em que posso ajudá-lo ?" O homem então respondeu, visivelmente transtornado: "Pode ficar com a porcaria deste macaco porque eu não o quero mais". E foi embora. Inúmeras vezes nos comportamos como se nossas representações internas fossem reais. E na maioria das vezes elas não são. 10 - Rapport Imaginemos a seguinte cena: um casal conversando à mesa de um restaurante, parecendo absolutamente absortos no diálogo, como se houvessem se desligado de tudo. Eles adotam inclusive a mesma postura corporal (a mesma fisiologia): ambos estão inclinados à frente, braços apoiados sobre a mesa, apresentam a mesma expressão fisionômica. Se fosse possível ouvi-los, provavelmente estariam usando até o mesmo tom de voz, o mesmo ritmo, etc. Há tanta sincronia entre eles que se um muda (sua postura, sua voz), o outro também muda, como que por reflexo. É como se eles estivessem sendo o espelho um do outro. Todos nós passamos por experiências semelhantes a esta, em que nos sentimos em perfeita harmonia com o outro a ponto de nos esquecermos, naquele momento, de onde estamos, do horário, de tudo. A este tipo de experiência dá-se o nome de rapport, palavra de origem francesa que significa concordância, afinidade, analogia. 30 A habilidade de entrar em rapport pode ser aprendida e aperfeiçoada, havendo inúmeras técnicas para isto. Estas técnicas já existiam muito antes do surgimento da PNL, pois são muito utilizadas também por várias abordagens terapêuticas (Psicanálise, Abordagem Centrada na Pessoa, entre outras). O grande mérito da PNL foi o de ter ido além das descrições existentes sobre estas técnicas, feitas pelas pessoas que eram peritas em rapport. A PNL observou estas pessoas atuando, verificando se a descrição feita por elas correspondia à sua prática. Em seguida detalhou as etapas do processo, tornando assim possível a qualquer pessoa chegar aos mesmos resultados (Este processo de observar e descrever uma habilidade passo a passo é chamado de Modelagem). Um rapport consiste inicialmente num espelhamento, em refletir o outro em seus vários aspectos, como postura, gestos, voz, etc. Não é uma imitação. Temos restrições culturais muito fortes quanto a imitar alguém. As imitações em geral são interpretadas como deboche, pois costumam exagerar um traço do comportamento, promovendo uma espécie de caricatura. Já o espelhamento é o reflexo sutil daquelas comunicações inconscientes verbais e não verbais. O leitor talvez se lembre de como nossos gestos, expressões, voz, etc., comunicam mensagens, às vezes muito mais do que as palavras, e até mesmo mensagens que desejaríamos ocultar. Outros exemplos de espelhamento e rapport incluem vestir-se adequadamente para uma ocasião, lugar, ou ainda para estar com determinado grupo de pessoas, e também comportar-se de acordo com o lugar em que se está: ser formal num tribunal, ser informal numa praia. Muito mais do que regras de boas-maneiras, estes exemplos nos sugerem que se quisermos estar integrados ao lugar e às pessoas, é necessário que nos igualemos a eles, que os espelhemos. Geralmente nos sentimos mais à vontade quando a pessoa que nos fala é igual a nós. O espelhamento possibilita esta experiência na medida em que uma pessoa se esforça para equiparar seu 31 comportamento ao da pessoa com quem fala. Esta, provavelmente, terá a sensação de ser aceita, considerada, compreendida. É desta forma que se conquistam a confiança, o respeito e a simpatia de alguém. Conta-se que uma pessoa estava sentada num banco de uma rodoviária, onde deveria aguardar por um longo tempo. Resolveu então verificar o que aconteceria se espelhasse uma outra pessoa à distancia. Sentou-se exatamente como um senhor que estava mais adiante e assumiu uma postura parecida com a dele. Quando ele mudava de posição, discretamente esta pessoa também mudava. Após um certo tempo, o senhor se aproximou da pessoa que o espelhava dizendo ter a impressão de conhecê-la. Pediu-lhe licença para sentar-se ao seu lado e conversar um pouco. Minutos depois, ele disse que não esperava sentir-se tão à vontade na presença de um estranho e que poucas vezes em sua vida tinha tido a experiência de encontrar alguém que o compreendesse tão bem. Entre os aspectos do comportamento de uma pessoa que podemos espelhar, estão a postura corporal, os gestos, o ritmo respiratório, expressões faciais, padrões de entonação, cadência e ritmo da voz e palavras mais usadas. Além destes aspectos, podemos espelhar as palavras processuais (visuais, auditivas e cinestésicas) e o estado-de-espiríto (feliz, triste, preocupado). Considerando que são muitos os aspectos possíveis de serem espelhados, sugerimos ao leitor interessado em melhorar suas habilidades de comunicação que pratique espelhando um aspecto de cada vez e, à medida que adquire prática, acrescente outros, de forma que o espelhamento seja uma habilidade automática e quase inconsciente (dizemos quase porque sempre poderemos acioná-la conscientemente quando precisarmos dela). Em qualquer ocasião em que estiver com pessoas que interajam entre si, será útil notar quantos espelhamentos estão acontecendo e também o que acontece com a qualidade da interação quando não 32 há espelhamento. Alertamos para que o espelhamento aqui sugerido seja feito sempre de forma natural, discreta, elegante. Não é preciso falar errado e adquirir um tique para estabelecer rapport com uma pessoa que possua estas características. Ela poderia interpretar isto como uma ofensa ou gozação. Neste caso, pode-se espelhar outros aspectos menos óbvios, tais como o ritmo respiratório, o ritmo da voz, o estado-de-espírito. Se na primeira parte do rapport estivemos acompanhando uma pessoa através do espelhamento, na segunda parte poderemos conduzi-la: a concordar conosco, a aceitar um novo ponto de vista sobre determinado assunto, a mudar seu estado interno (por exemplo, de alguém desinteressado para alguém que agora está interessado; de preocupado para tranqüilo, etc.). De nada adianta tentar conduzir alguém sem antes acompanhá-lo. Um exemplo disto é quando uma pessoa está triste e chega alguém com o firme propósito de animá-la, falando alto e irradiando alegria. O resultado será péssimo e, na melhor das hipóteses, a pessoa que estava triste sentir-se-á agredida com tanta animação, e dirá a si mesma: "Ninguém me entende..." Mais adequado seria estabelecer rapport com esta pessoa espelhando talvez até o seu estado interno, além de outras características dela. Ou seja, espelhar sua postura, seu tom de voz, sua expressão, etc. Desta forma, é como se lhe demonstrássemos que reconhecemos e respeitamos o que ela sente. Só isto às vezes já é suficiente para que esta pessoa se sinta melhor. Depois de estabelecido o rapport, poderemos então começar a conduzi-la, suavemente, para outro estado interno, para assuntos mais alegres. 11 - PNL e Crianças Uma situação comum: uma criança bate em outra porque esta pegou seu brinquedo. Na situação acima, o primeiro impulso (ou a alternativa freqüentemente mais usada pelos adultos) é repreender a criança, dizer a ela que empreste o brinquedo - ou até mesmo obrigá-la a emprestá-lo.Do ponto de vista da criança, isto é uma violência, Do ponto de vista 33 do adulto, as crianças precisam ser educadas para se ajustarem satisfatoriamente ao mundo. Ambos têm intenções positivas embutidas em seu comportamento. Só que as da criança geralmente são desconsideradas. Um dos pressupostos da PNL afirma que todo comportamento tem uma intenção positiva. Portanto, a criança que bate em outra tem uma intenção positiva. Talvez queira mostrar que algo a desagrada, ou para proteger o que é seu, ou para livrar-se da dor de perder algo precioso para ela. Uma das estratégias propostas pela PNL para casos como este será exemplificada com um diálogo, em que o adulto estará representado pela letra "A" e a criança pela letra "C". A - Emerson, você bateu no Fabrício. Posso ver que você está bravo com ele. O que aconteceu ? (O adulto constata os fatos o mais objetivamente possível, evitando interpretações) C - Ele pegou meu brinquedo. A - Entendo. Você não quer que ele pegue seu brinquedo. (Esta é a intenção positiva do comportamento da criança). É mesmo muito ruim quando pegam nossas coisas. (O adulto está dizendo à criança que ele reconhece a intenção positiva de seu comportamento e que ela é importante). Você não quer que ele pegue suas coisas. E você conhece um outro jeito, além de bater, para mostrar a ele que você não quer que ele pegue seu brinquedo ? (O adulto está verificando se a criança possui alternativas de comportamento, pois muitas crianças se comportam de forma socialmente inadequada porque não possuem alternativas - não as conhecem ou não as experimentaram). C - Eu poderia dar um empurrão nele. Mas se ele cair, daí a professora vai ficar brava comigo (a criança criou uma alternativa e imediatamente verificou sua ineficiência). Eu poderia dizer para ele não pegar meu brinquedo e também eu não deixaria meu brinquedo jogado por aí, assim ele não o pegaria. E se isso não adiantar, daí eu chamo a professora e conto para ela ( a criança criou alternativas e fez os ajustes e previsões necessários. Caso fosse preciso, o adulto poderia ajudá-la neste processo fazendo-lhe perguntas que antecipassem possíveis dificuldades com as alternativas escolhidas). 34 A - Então, se ele voltar a pegar seu brinquedo, o que você vai fazer daqui para frente ? (O adulto está fazendo uma ponte-ao-futuro, ou seja, está levando a criança a imaginar-se no futuro agindo com as novas alternativas. Esta é uma forma de condicionamento feito através da imaginação - visualização - para que uma resposta comportamental se automatize no futuro). C - (A criança repete as alternativas escolhidas e se imagina no futuro - seus olhos estarão voltados para cima e à direita, no acesso visual construído, conforme explicado num artigo anterior - e verifica novamente se as alternativas lhe parecem boas tendo em vista a intenção positiva de seu comportamento). O mesmo processo seria feito com a outra criança, a que tomou o brinquedo. Seria desejável que o processo fosse feito com as duas crianças simultaneamente. O exemplo apresentado é esquemático e não inclui todas as possíveis respostas de uma criança e todas as intervenções possíveis por parte do adulto. Neste exemplo, reconhece-se a legitimidade dos sentimentos da criança. Todavia, no dia-a-dia, há inúmeras situações em que isto não acontece. Por exemplo, quando uma criança cai e se machuca, o que normalmente estamos habituados e condicionados a lhe dizer ? "Não é nada, é só um cortinho" (enquanto o corte sangra e a criança sente dor). Ou "Antes de casar sara". Assim, a criança cresce aprendendo a não confiar no que sente, a fazer de conta que o que sente não é real. Se ela fizer isto muitas vezes, poderá se "aperfeiçoar" tanto a ponto de se ferir e nem perceber, além de deixar de sentir também inúmeras outras sensações, desligando-se delas e de seu corpo. Ou ainda, quando a criança não tolera o sabor de um alimento e é obrigada a comê-lo. Para se defender do desprazer de comer algo desagradável ao seu paladar, ela tenderá a se desligar da sensação do alimento em sua boca e poderá generalizar esta aprendizagem para todos os tipos de alimento, resultando num total desinteresse em relação à alimentação - ou talvez num consumo exagerado, uma vez que não sente quando está saciada. Em geral, temos grande facilidade para generalizar nossas aprendizagens. 35 A criança que não reclama de dor quando toma injeção ou quando se fere deve ser melhor observada, porque a dor é um importante sinal de alerta do organismo. É bom também observar a criança sempre boazinha, que não reclama de nada e nunca desobedece ninguém, pois é possível que ela tenha aprendido a desconsiderar seus sentimentos e a substituí- los pelos desejos dos adultos. O ideal seria que ensinássemos a criança a confiar em seu julgamento interno, em seus sentidos (no que vê, ouve, cheira, saboreia, em suas sensações) e sentimentos. Imagine uma criança que diz à mãe que não quer mais tomar o leite porque ele está com um gosto ruim. Quando a mãe vai finalmente verificar, depois de ter obrigado a criança a beber mais da metade do copo, constata que o leite realmente estava azedo. O mesmo é válido em relação aos medos da criança. Se uma criança diz que tem medo do monstro do seu sonho, precisamos nos lembrar que para ela o monstro é real e reconhecer seu medo, mostrar a ela que nós o compreendemos, para então podermos conversar sobre ele. Fazemos isto para que ela aprenda a conviver com suas emoções, aprenda a expressá-las, ao invés de negá-las. É preciso respeitar o direito que a criança tem de sentir e de fazer escolhas. Nós nem sempre podemos decidir por ela porque às vezes somente ela sabe o que é melhor para si mesma. Neste sentido, existe dentro dela uma sabedoria auto-reguladora que jamais poderia ser desperdiçada e desaprendida. Um exemplo disto é a criança que deixa de comer algo que é oferecido pela mãe porque não sente fome. Em geral, as mães insistem, ameaçam, propõem trocas ("Se você comer tudo, eu lhe darei aquele brinquedo que você quer"). A menos que a criança esteja doente, ou esteja chantageando a mãe, ou tenha desaprendido, em geral ela sabe quando precisa ingerir alimentos e não deveria ser forçada a comer quando não sente fome pois, dentre outras coisas, isto poderá gerar obesidade no futuro. Certa vez uma criança me confidenciou, entre lágrimas e soluços, que era muito má. Questionada sobre o porquê desta crença, ela me contou que a cada vez que a mãe encontrava algo fora do lugar, 36 ela dizia: "Diabo de menino ! Qualquer dia eu morro de tanto trabalhar". Uma criança se torna aquilo que fazem dela. E as declarações que ela ouve a seu respeito vão formando sua identidade, seu auto- conceito. É necessário separar o comportamento da criança de sua identidade. Se uma criança deixa seu quarto desarrumado, a mãe poderia fazer comentários como "Seu quarto está bagunçado" e nunca "Você é bagunceiro". Se a criança ouve comentários como este repetidas vezes, passa a acreditar que ela é isto que dizem dela e a se comportar de acordo com esta identidade. Como regra geral, quando uma criança comete um erro, melhor seria se, ao invés de julgá-la, comentássemos objetivamente os fatos e em seguida preveníssemos para que eles não voltassem a ocorrer no futuro. Por exemplo, à criança que deixou cair algo no chão, ao invés de lhe dizer "Parece que você tem a mão furada, derruba tudo o que pega", melhor seria "Caiu porque você estava correndo e não segurou firme". E também. "Da próxima vez, segure com cuidado". Lembramos que uma criança jamais deveria ser comparada a outra, nem para lhe dizer queela é melhor, nem que é pior que a outra. A criança deve ser comparada apenas com ela mesma. Se a mãe está comentando com o filho sobre sua letra no caderno da escola, poderia dizer "Hoje sua letra está mais bonita que ontem porque você usou a borracha, apontou bem o lápis e separou bem as palavras". Utilizando-se esta estratégia, a criança terá uma informação acerca de seus resultados (um feedback) e seu auto- conceito será preservado, uma vez que ela não foi diminuída ou humilhada pela letra do dia anterior. É preciso ainda que os pais tenham muito cuidado com os programas que instalam em seus filhos. Poderíamos comparar estes programas com óculos de lentes coloridas. Se colocarmos óculos de lentes azuis, o mundo será visto como tendo esta cor. Há pais que dão aos filhos óculos com os quais eles poderão enxergar como as pessoas são más, perigosas ou falsas. Os filhos 37 então passarão a enxergar estas características nas pessoas, pois para isto foram programados. E encontrarão muitas pessoas assim, porque é fato que quando passamos a procurar algo, fatalmente encontraremos. Portanto, se nós programarmos uma criança para que ela veja no mundo e nas pessoas somente coisas negativas, estaremos dando a ela óculos de lentes cinzas, e então tudo o que ela vir terá esta cor. Recorreremos a uma metáfora para ilustrar o que acabamos de afirmar. Conta-se que três ministros foram enviados a um reino distante. Ao primeiro ministro foi dito que tivesse muito cuidado porque o rei era muito violento. O primeiro ministro partiu e dias depois chegaram notícias de que ele havia sido jogado aos leões porque despertara a ira do rei. Ao segundo ministro foi dito que tivesse muito cuidado porque o rei era traiçoeiro. Passados alguns dias, um viajante contou que o ministro fora envenenado num banquete que o rei lhe ofereceu. Partiu então o terceiro ministro, ao qual foi dito que o rei era muito bondoso e amigável. O terceiro ministro partiu e também não voltou. Comenta-se que até hoje ele está lá com o rei, de quem é amigo pessoal e inseparável. É muito comum encontrarmos mães e pais que ainda guardam as coisas que os filhos deixam jogadas, que colocam a comida no prato para eles, que escolhem a roupa que os filhos vão vestir e até dão banho no filho que já está em idade de fazê-lo sozinho. O que recomendamos para casos como este é: NÃO FAÇA O QUE SEU FILHO É CAPAZ DE FAZER SOZINHO. Autonomia e segurança são programas que instalamos ou não desde cedo nas crianças . Tomando como exemplo uma excursão escolar, em geral as crianças que não possuem autonomia são as que dão mais trabalho ao professor, pois não conseguem cuidar de si mesmas. Melhor seria para os filhos se seus pais os preparassem para toda e qualquer situação da vida, desde como preparar uma refeição 38 simples até como proceder estando perdido num lugar estranho. A divisão de tarefas em casa educa para a autonomia, é democrática e justa. A criança que possui obrigações em casa aprende a se organizar, a cooperar e a ser responsável. Mesmo nas famílias que possuem empregados as crianças poderiam ter suas obrigações, tais como arrumar a própria cama, buscar o jornal ou o pão. As crianças generalizam o que aprendem. Se em casa os pais não colocam limites ao comportamento da criança, e se ela tem permissão para mexer à vontade nas coisas dos pais ou irmãos, é provável que ela o faça também na casa dos amigos. E este será um motivo mais do que suficiente para que eles deixem de convidá- la, excluindo-as de programas ou da "turma". Na escola, se não há conseqüências quando a criança transgride as normas (ou, o que e pior, se a escola não possui normas) é provável que ela generalize esta ausência de limites, sendo no futuro um adulto desajustado. Vale ressaltar que as escolas alternativas, que popularizaram o estilo liberal (que valoriza mais a liberdade em todos os aspectos, a criatividade) estão revendo suas práticas, pois o tempo revelou que muitas delas não surtiram o efeito que se esperava. Conforme matéria publicada no jornal Folha de São Paulo em 26/03/95 (pg. 1-16), "O culto à auto-estima e a indulgência com os filhos criaram nos E.U.A. gerações de crianças mal-educadas, apáticas e amorais." Portanto, disciplina é indispensável à vida em sociedade e à realização de qualquer objetivo na vida. Principalmente a auto- disciplina, aquela que tem a ver com uma certa organização interna, uma capacidade de programar a si próprio para atingir resultados desejados. Ousamos dizer que disciplina é a diferença entre as pessoas que têm sucesso na vida e aquelas que falham em realizar suas metas. Um teste para saber se uma criança possui auto-disciplina consiste em sugerir-lhe uma tarefa um tanto extensa, como por exemplo arrumar todo o seu armário. 39 A criança que possui disciplina saberá que a melhor forma de realizar uma tarefa extensa é dividi-la em partes menores e em seguida estabelecer uma ordem de realização. Além disto, ela deverá demonstrar certos critérios de classificação dos objetos ao invés de amontoá-los, sem um critério que explique por que estão juntos. Ela deverá ainda calcular o tempo a ser utilizado (por exemplo, "Até a hora do jantar já terei terminado"), motivar-se pelo resultado que espera e avaliar se ele foi conseguido. O que fazer se uma criança não passar no teste ? Realizar a tarefa com ela, conforme os passos sugeridos acima, até que ela internalize as estratégias que lhe estamos ensinando. Propor tarefas diferentes e repeti-las até que a criança as domine. E acima de tudo, ensiná-la a ser perseverante, a não desistir quando surgirem as dificuldades. 12 - Como formular Objetivos Objetivos são muito mais do que meros desejos. Como reconhecer um objetivo ? Se alguém afirma "Seria tão bom se eu fosse magro", com a expressão sonhadora de quem fala de algo tão distante quanto ganhar na loteria, expressa apenas um desejo. Pessoas que vivem "tentando" realizar um objetivo (como emagrecer, parar de fumar, modificar um comportamento, etc.) em geral falham porque a finalidade do objetivo é pouco importante ou foi mal especificada. Pode-se descobrir a finalidade de um objetivo respondendo à pergunta "PARA QUÊ ?" "Para que você quer isto ?" O que você ganhará quando realizar este objetivo ?" "Valerá a pena ?" Além de perguntar o que se ganha ao atingir um objetivo, é fundamental pesquisar o que se perde, porque a conquista de um objetivo sempre envolve ganhos e perdas: "O que você poderia perder ao conquistar este objetivo ?" "Isto é algo que você está disposto a perder ?" "Este objetivo poderia trazer prejuízos a você ou às pessoas que lhe são caras ?" 40 Para que um objetivo seja alcançado, é preciso que exista um motivo mais forte do que a vontade de não realizá-lo. A alguém que quer parar de fumar, pode-se perguntar: "O que poderia ser mais forte do que a vontade de continuar fumando ?" Objetivos mal formulados incluem também fantasias e expectativas irreais. A pessoa que quer emagrecer para que consiga aprovação social está duplamente equivocada: o que ela quer é aprovação e não emagrecer, e o fato de ser magra, por si só, não lhe garante esta aprovação. Aqui é preciso, antes de tudo, cuidar de sua auto- estima. Também o tamanho do objetivo pode estar mal especificado. Quando uma pessoa afirma que gostaria de aumentar seus rendimentos (ou aprender um idioma, um esporte, ampliar o número de clientes, emagrecer, etc.) é preciso que dimensione QUANTO quer ganhar e EM QUANTO TEMPO. Em geral, nós não nos motivamos em relação a tarefas que nos pareçam intermináveis. Por este
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