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Patos de Minas 2017 INTRODUÇÃO O homem é um ser gregário. Vive em sociedade e com ela deve contribuir para uma coexistência pacífica. Em um sistema democrático os direitos são exercidos pelo povo e para o povo, devendo as ações de cada cidadão ser pautada na ética e na boa fé objetiva. Esta é a chamada sociedade ideal. Para que esta sociedade pudesse existir seria necessário que todos tivessem os mesmos direitos, o que em um primeiro momento, poderia ser interpretado que todos deveriam ser tratados de forma igual. Na prática, vários fatores interferem para que esta igualdade não seja real, entre elas o poder econô- mico e as diferenças sociais, o que significa que devem existir normas protetivas para os hipossuficientes, que possibilite a igualdade. No seu artigo 1º a Constituição Federal declara como fundamento, a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político. Para consolidar estes fundamentos declara no seu artigo 5º que todos são iguais perante a lei, sem distin- ção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à proprie- dade. Para viabilizar os direitos fundamentais, foram criadas proteções para o cidadão brasileiro em várias leis. Promulgou-se o Código de Defesa do Consumidor, O Estatuto da Criança e do Adolescente; a legislação previdenciária para assegurar os direitos à seguridade social; normas trabalhistas e normas sobre segurança no trabalho; normas sobre inclusão do deficiente para que o mesmo possa exercer a cidadania plena; normas de proteção à dignidade humana visando garantir o direito à igualdade, liberdade, saúde, educação, segurança e acesso à justiça. O objetivo deste trabalho é criar uma cartilha para orientar os cidadãos sobre os direitos do consumidor. Foi elaborada pelos alunos do primeiro período de Direito do UNIPAM, através da interpretação da legislação, doutrina e jurisprudência, pertinente ao conteúdo e com auxílio de diversos profissio- nais do direito que atuam na área específica. JUSTIFICATIVA O profissional do direito tem a obrigação de conhecer o direito e buscar a justiça. EduardoCouture disse em uma célebre frase dirigidaao operador do direito, que “Teu dever é lutar pelo Direito, mas se um dia encontrares o Direito em conflito com a Justiça, luta pela Justiça”. A conscientização da responsabilidade que tem o bacharel em direito junto à sociedade, deve se iniciar desde os primeiros anos da academia. Ele deve se aprofundar no conhecimento jurídico, principalmente na interpretação e compreen- são das normas sociais e ao mesmo tempo disseminar este conhecimento junto a sociedade. Ao estudar as normas que regulamentam algumas das principais áreas responsáveis pelos direitos sociais e transformar este conhecimento em uma linguagem simples e capaz de orientar o cidadão, o aluno do Curso de Direito do UNIPAM estará cumprindo a missão da instituição que é “Transformar pessoas e sociedade por meio da excelência na educação, criando oportunidades e desenvolvendo talentos”. Advém daí, a importância desta cartilha, que visa contribuir com a sociedade levando orientação de forma simples e objetiva, sobre os direitos do consumidor regulamentados pelo Código de Defesa do Consumidor. CARTILHA DO CONSUMIDOR Qual a finalidade do direito do consumidor? É proteger as relações de consumo, visando tutelar o consumidor. O consumidor é a parte mais fraca da relação de consumo daí a necessidade de se criar uma legislação específica para sua proteção. Qual que é o campo de aplicação do Código de defesa do consumidor? • Proteção ampla ao consumidor em relação à compra de produtos ou serviços colocados no mercado de consumo pelo fornecedor. • Defesa do fornecedor possibilitan- do a buscar do judiciário para ajuizar ação em desfavor do devedor-consumidor.Com o objetivo de cobrar o que lhe é devido resultante da relação de consumo. • Direito do consumidor e do fornecedor no sentido de obter consultoria jurídica visando à proteção de seus direitos. Qual o objetivo do código de defesa do consumidor? Regular a relação de consumo em todo o território brasileiro possibilitando a proteção e a defesa dos direitos de consumidor e estabelecer padrões de conduta, penalidades e prazos. Em quais princípios estão sedimentados os direitos do consumidor • Princípio da Vulnerabilidade: previsto no artigo 4°, I, do CDC, reconhece a existência de uma parte vulnerável ou debilitada nas relações de consumo. • Princípio de Intervenção Estatal: também chamado de governamental, está previsto nos artigos 5º, XXXII, e 170 da CF/88 e no artigo 4º, II, do CDC, determina que o estado deve proteger o consumidor, ou seja, deve entrar nas relações de consumo a fim de proteger a parte debilitada para garantir que haja o respeito e o cumprimento dos direitos desses. • Princípio da Harmonização nas Relações de Consumo: também conhecido como princípio da Harmonia, previsto no inciso III do artigo 4º do CDC, visa harmoni- zar as relações de consumo através da boa-fé e do equilíbrio entre os fornecedores e consumidores. • Princípio da Boa Fé Objetiva: considerado um dos princípios fundamentais nas relações de consumo e como cláusula geral para o controle de cláusulas abusivas, impõe de certa forma um padrão ético de comportamento, fazendo com que o cidadão atue com honestidade e probidade nas suas relações contratuais. • Princípio do Equilíbrio Contratual: este princípio tem como base estabelecer uma relação de equilíbrio entre os contratantes, de modo que; os mesmos não obtenham lucros em face do outro, vantagens excessivas ao ideal de justiça que permeia o ordena- mento jurídico. • Princípio da Educação e Informação: esse princípio é existente no CDC para coibir que as partes sejam levadas ao consumo pela ilusão e não pela realidade. Dessa forma a informação será o elemento regente na Lei 8.078/90 ao ter como resultado a educação. • Princípio de Qualidade e Segurança: este princípio rege o incentivo aos fornecedores para que criem meios eficientes de qualidade e segurança nos produtos e serviços por eles oferecidos, para que o produto tenha além de um funcionamento apropriado tenha duração e credibilidade. • Princípio da coibição e repressão de abusos no mercado de consumo: previsto no inc. VI, art. 4, é o princípio que complementa o princípio da vulnerabilidade e da harmonização, esse princípio visa combater os abusos no mercado, que são causados pelo abuso de poder econômico. Propagandas enganosas de produtos que visam iludir o consumidor sobre a qualidade do produto, utilização indevida de marcas ou cláusulas contratuais abusivas. • Princípio da Responsabilidade Solidária: prevista no art. 7º, parágrafo único do CDC, este princípio estabelece uma regra de responsabilidade solidária entre fornecedores de uma mesma rede de serviços. Assim, se o defeito de fabricação de um produto afetou no acidente de consumo, o consumidor lesado poderá acionar o fabricante do produto ou o fabricante da peça que ocasionou o produto. A renúncia à solidariedade é vedada no artigo 25 caput, ou seja; mesmo que vários consumidores estabeleçam cláusula contratual afastando a solidariedade, esta cláusula não prevalece em virtude do consumidor ou de uma das partes fornecedoras que devem ser acionadas pelos danos. • Princípio da Racionalização e Melhoria dos Serviços Públicos: neste princí- pio é estabelecido que o Estado tem o dever de bem servir sem distinção ou favorecer qualquer pessoa como um direito público subjetivo popular, atendendo com igualdade a população em geral e tomando medidas para agilizar a prestação de serviços e torná-los satisfatórios para toda a população. • Princípioda Continuidade dos Serviços Públicos: previsto no artigo 22 do CDC, na hipótese de incidência do art. 6º, § 3º, II, da Lei nº 8.987/95, que prevê a possibilidade de interrupção de serviços públicos essenciais como o fornecimento de água ou energia elétrica. Por se tratar de serviços essenciais à população, como água e energia elétrica, pensar na racionalização é bem difícil, gerando assim, discussões de diversos aspectos. Por outro lado, se levarmos em conta que os cidadãos que cumprem com as suas obrigações serão prejudicados por aqueles que são inadimplentes, não será justo. Portanto o princípio da continuidade do serviço público, apesar de ser primordial, pode ser condicionado de acordo com a situação, ou seja, cada caso será analisado e a Lei estabelecerá em quais casos serão permitidas a interrupção dos serviços. Quais são os direitos básicos do consumidor? • Proteção da vida, saúde e segurança em decorrência dos riscos provocados pelo fornecimento; • Informação adequada e clara sobe os diferentes produtos e serviços; • Proteção contra a publicidade enganosa e abusiva; • Efetiva prevenção e separação de danos; •Acesso aos órgãos judiciários e administrativos; Os itens citados são exemplifica- tivos. Existem vários outros previstos no Código de Defesa do Consumidor, artigo 6º. O que é uma relação de consumo É a relação entre o consumidor, que adquire um produto ou serviço como destinatá- rio final e o fornecedor, que fornece um produto ou serviço no mercado de consumo. O que é produto e o que é serviço na relação de consumo? • Produto é qualquer mercadoria colocada à venda no mercado. Os produtos podem ser móveis ou imóveis. Os móveis são aqueles passíveis de deslocamento, por exemplo, um veículo, televisão. Já os imóveis são bens incorporados naturalmente ou artificialmente ao solo, por exemplo, uma fazenda, uma casa etc. • Serviço é toda atividade física ou mental prestada no mercado de consumo mediante remuneração, como por exemplo, um corte de cabelo no salão de beleza ou a limpeza de um carro no lava jato. O que é produto durável e não durável? •Os produtos duráveis são todas as mercadorias que não se acabam de forma rápida. Como por exemplo, Carro, televisão, roupas. •Os produtos não duráveis possuem uso que se extingue de forma mais rápida, como por exemplo, pasta de dente, extrato de tomate, caderno. Quem é o consumidor? Qualquer pessoa física ou jurídica que utiliza um produto ou serviço como destinatário final. Para que o emprego (pessoa jurídica) seja consideradaconsumidora, o produto deve ser utilizado por uso próprio, ou seja deve ser destinatário final do consumo. O produto adqui- rido para a revenda, não qualifica a pessoa jurídi- ca como consumidora. Quer ver como isto funciona na prática? Por exemplo, se uma loja de roupas compra peças com a intenção de revendê-las, ela não é considerada como consumidora. Mas, aquelas pessoas que vão nesta mesma loja e compram a roupa para uso próprio, estas sim, são consideradas consumidoras. O que significa consumidor por equiparação? São todas as pessoas que, diretamente ou indiretamente, participaram da relação de consu- mo e que sofreram ou estiveram expostos a algum tipo de dano. Um exemplo seria se uma pessoa comprasse carne para um churrasco com os amigos. Mas por um descuido por parte do fornecedor do alimento, a carne estava estragada e todos que a ingeriram passaram mal. Logo, os amigos que comeram a carne são consumidores por equiparação, pois foram atingidos pelo defeito do produto. Quem é o fornecedor? O conceito de fornecedor está definido no artigo 3º do Código de Defesa do Consumidor. Fornecedor é toda pessoa ou empresa que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. Esse termo deriva do verbo fornecer, que faz referência a prover ou providenciar o necessário para determinado fim. Quem é o fornecedor denominado "fornecedor real"? Usamos a expressão ''fornecedor real'' quando nos referimos a pessoa ou empresa que sob sua responsabilidade participa do processo de fabricação ou produção do produto acabado. Quem é o fornecedor denominado "fornecedor aparente"? Fornecedor aparente é aquele que engloba, sobretudo, os grandes distribuido- res, as cadeias comerciais e as empresas de venda por correspondência que sob o próprio nome, firma ou marca, oferecem e lançam no mercado produtos, fabricados a mais das vezes, segundo as suas instruções, por terceiros que permaneceram anônimos perante o público. Quem é o fornecedor denominado "fornecedor presumido"? O fornecedor presumido é aquele que importou os produtos, ou ainda vende esses produtos sem identificação clara do seu fabricante, produtos importados ou construtores. Se você vende seu carro, você é considerado fornecedor? Não, pois a venda de um carro de uma pessoa física não se caracteriza como relação de consumo, porque os particulares não vendem mercadorias nem oferecem serviços com frequência. Só existirá relação de consumo, caso esse carro seja financiado, pois existirá uma relaçãoentre o cliente e a institui- ção financeira, mesmo que o bem tenha sido comprado de pessoa física. Então nesse caso,aplicam-se as regras gerais previstas no Código Civil e não as regras do CDC. O poder público é um fornece- dor? Sim, pois fornecedor é quem atua no mercado de consumo, oferecendo produtos e serviços com habitualidade e profissionalismo. Na definição do Código de Defesa do Consu- midor, o poder público enquadra-se no concei- to de fornecedor. Então o poder público, nas suas atribuições legais presta serviços aos cidadãos, nas mais variadas modalidades. Isso ocorre, porque nem todas as necessidades destes podem ser supridas pela iniciativa privada. O dentista com quem você trata de dentes é fornecedor? O fornecedor é toda pessoa física ou jurídica que fornece produtos e presta serviços a terceiros, ou seja, o dentista é considerado fornecedor pois presta serviços que se destinam a satisfação de uma necessidade pessoal, no caso, a do consumidor. O banco onde você tem conta é considerado fornecedor? Considerando-se fornecedor como sendo toda pessoa física ou jurídica que desen- volve atividades de distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços, e que define serviço incluindo as operações de natureza bancária, financeira, de crédito, temos que os bancos são realmente fornecedores, não restando a menor dúvida. Qual o tipo de responsabilidade possui o fornecedor em face do consumidor? O fornecedor de produtos e serviços deve ser responsável pelos produtos e serviços que são objetos de sua atividade nas relações de consumo. Estes deverão responder pela reparação dos danos causados aos consumidores pelos defeitos de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondi- cionamento de seus produtos e pelas informações insuficientes ou inadequadas sobre a utilização e riscos, independente de culpa. O que signifi- ca responsabilidade pelo vício ou defeito do produto e do serviço? A responsabilida- de pelo vício nada mais é do que uma falha de adequação de qualidade/- quantidade. Os defeitos aqui são internos dos produtos e não se cuida dos danos causados por eles, são as características de qualidade ou quantidade que tornem os produtos ou serviços impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam e também que lhes diminuam o valor. Da mesma forma são considerados vícios os decorrentes da divergên- cia em relação às indicações constantes do recipiente, embalagem, rotulagem, oferta ou mensagempublicitária. A responsabilidade por vício do produto e do serviço está estabelecida nos arts. 18 a 20 do Código de Defesa do Consumidor (CDC). Exemplo de responsabilidade pelo vício do produto: * A televisão sem imagem, o automóvel que “morre” toda hora. Exemplo de responsabilidade pelo vício do serviço: * o serviço de desentupimento que no dia seguinte faz com que o banheiro alague; o carpete que descola rapidamente; a parede mal pintada. O que significa responsabilidade pelo fato do produto e do serviço? Na responsabilidade pelo fato do produto (alimentos, automóveis, imóveis, etc.) e do serviço prestado (concertos, cabelereiro, alimentação, etc.), o defeito atinge o consumidor fisicamente ou moralmente, gerando danos materiais ou psíquicos, que podem e devem ser reparados pelo fornecedor. Que prazo tem o consumidor para reclamar os seus direitos? • Bens duráveis: prazo é de 90 dias; • Bens não duráveis: prazo é de 30 dias. O que significa desconsiderar a personalidade jurídica do fornecedor no CDC? As sociedades empresárias são os entes que possuem responsabilidade sobre os atos empresariais, inclusive, os referentes aos danos causados ao consumidor. Eles é que possuem a responsabilidade jurídica. Desconsiderar a personalidade jurídica do fornecedor signifi- ca responsabilizar os sócios com seu património particular pelos danos causados ao consumidor. Em princípio os danos são suportados pelos bens da sociedade empresária, mas quando os sócios (pessoas naturais) se aproveitam da personalidade jurídica para cometerem atos ilícitos e obterem vantagens em benefício próprio, o juiz pode determi- nar que o patrimônio dos sócios passe a responder pelas obrigações. A oferta feita pelo fornecedor gera responsabilidade em face do consu- midor? A oferta enquanto elemento de apresentação do produto gera uma responsabili- dade do fornecedor para com o consumidor, visto que ela pode ou não lhe causar danos tanto materiais como morais. O Art.30 da Lei nº 8.078/90 preceitua que toda informa- ção ou publicidade veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos, obriga o fornecedor a cumprir a oferta nos termos do anúncio, ou seja, se uma oferta é feita ela deve ser mantida, o fornecedor terá o compro- misso e a responsabilidade de mantê-la. O que significa publicidade enganosa e publicidade abusiva no CDC? A publicidade enganosa é aquela de qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitária, inteira ou parcialmente falsa, ou, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito: • Da natureza; • Características; • Qualidade; • Quantidade; • Propriedades; • Origem; • Preço; • E quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. • A publicidade abusiva, dentre outras é a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que: • Incite à violência; • Explore o medo ou a superstição; • Se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança; • Desrespeita valores ambientais; • Seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança. Que práticas do fornecedor são consideradas abusivas? O Código de Defesa do Consumidor, no seu artigo 39, apresenta algumas práticas abusivas como: • A venda casada que consiste em condicionar o fornecimento de serviço ou produto a outro; • Recusar atendimento às demandas dos consumidores; • Enviar produtos ao consumidor sem solicitação prévia; • Gerar vantagem excessiva apoiada na fragilidade do consumidor; • Executar serviços sem a elaboração de orçamento e autorização do consumi- dor; • Fornecer produtos e serviços sem especificação legal expedida pelos órgãos competentes; • Recusar a venda de produtos e serviços ao consumidor que disponha a adqui- ri-los mediante pronto pagamento; • Ausência de prazo para cumprimento da obrigação do fornecedor; • Reajuste e aumento de preço sem justa causa. A relação de consumo é um contrato. Quais são os princípios da prote- ção contratual no CDC? Os contratos de consumo possuem princípios específicos de toda a relação envolvendo a contratação no mercado. São esses: Princípio do rompimento com a tradição privatista no Código Civil: • Neste princípio ocorre o fim da pacta sunt servanda, o que significa que as partes não são obrigadas a cumprir cláusulas abusivas.Assim, qualquer cláusula abusiva, ainda que não esteja no CDC, gera nulidade absoluta (e o contrato não será cumprido). • O segundo exemplo deste princípio é a oferta, que antes vinculativa; agora consiste em um mero convite a oferta, que passa a poder ser revogado em alguns casos. • Cláusulas contratuais passam a serem elaboradas por ambas as partes em condições de igualdade. Princípio da preservação (explícita) dos contratos de consumo: • Neste princípio, o art. 51, § 2º, do CDC diz que a “nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes”. Sendo assim demonstra a intenção de preservar o contrato ainda que necessário o reconhecimento de uma cláusula abusiva Princípio da transparência contratual: • Presente no art. 46 da Lei n. 8.078/90, segundo o qual os contratos das relações de consumo não obrigarão os consumidores, sem os mesmos ter o prévio conhecimento de seu conteúdo ou se o presente contrato for redigido de uma forma que atrapalhe e dificulte o entendimento do consumidor. Desta forma; para que a parte vulnerável possa cumprir com suas obrigações é necessário que o presente contrato seja redigido de uma forma clara e transparente para a compreensão do consu- midor. Princípio da Interpretação mais Favorável ao Consumidor: Presente no art. 423, in verbis: “Quando houver no contrato de adesão cláusu- las ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente.” • O intérprete, diante de um contrato de consumo, deverá atribuir às suas cláusulas conexões de sentido que atendam, de modo equilibrado e efetivo, aos interes- ses do consumidor, parte vulnerável da relação. Trata-se do mesmo princípio, visto por outro ângulo, que proclama a interpretação contra a parte mais forte, aquela que redigiu o conteúdo do pacto contratual, como ocorre nos contratos de adesão. Princípio da vinculação pré-contratual: Este princípio, não opera somente sobre a oferta e a publicidade. Abrange também: • Os escritos particulares; • Os recibos; • Os pré-contratos. A figura do contrato preliminar é de extrema importância na ordem dos contra- tos, seja vinculando as partes ao salvaguardar o objeto do acordo para um futuro contrato permanente; quanto assegurar as partes que os pactos e as responsabilidades serão mantidas, antevendo fatos que apenas solidificariam quando da celebração do contrato final, que por circunstâncias apenas futuras poderia vir a ser celebrado.Um exemplo deste princípio é o compromisso de compra e venda e a transferência obrigatória de um bem móvel ou imóvel, ou seja; quando nesse compromisso há a compra com pagamento parcelado, onde ambas as partes se comprometem após a quitação do débito, passar a escritura definitiva. Que cláusulas contratuais são consideradas abusivas no CDC? Entende por cláusulas contratuais abusivas aquelas que geram desvantagem para o consumidor, beneficiando o fornecedor. O consumidor pode requerer ao juiz que cancele essas cláusulas do contrato. Consumidor! Não assine um contrato que contenha cláusulas abusivas, a saber, aquelas que apresentem as seguintes características: (Art. 51 do Código de Defesa do Consumidor) • Diminuam a responsabilidade do fornecedor, no caso de dano ao consumi- dor; • Proíbam o consumidor de devolvero produto ou receber o dinheiro de volta quando o produto ou o serviço não forem de boa qualidade; • Transmitem a responsabilidade a terceiros além do fornecedor ou consumi- dor, uma vez que o contrato é só entre o fornecedor e o consumidor coloquem o consu- midor em desvantagem exagerada; • Obriguem somente o consumidor a apresentar prova, no caso de um processo Judicial; • Proíbam o consumidor de recorrer diretamente à Justiça sem antes recorrer aoFornecedor; • Autorizem o fornecedor a alterar o preço; • Permitam ao fornecedor modificar o contrato sem a autorização do consumi- dor; • Façam o consumidor perder as prestações já pagas, no caso de não obedecer ao contrato e quando já estiver prevista a retomada do produto; • Que infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais; • Apresentem desacordo com o sistema de proteção ao consumidor; • Possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias Quais penalidades podem ser aplicadas ao fornecedor que descumpre as normas consumeristas? Encontra-se no artigo 56 do CDC as normas e penalidades que podem vim os fornecedores dos produtos sofrer. Sanções que incidem na atividade do fornecedor: • Suspensão temporária da atividade, revogação de concessão ou permissão de uso. • Cassação de licença do estabelecimento, obra ou atividade. • Intervenção administrativa, imposição de contrapropaganda. (Se o produto for prejudicial é obrigatório que haja a propaganda dizendo os seus malefícios. Ex: cigarro). • Recolhimento de multa. Sendo as sanções aplicadas pela autoridade administrativa. Além da responsabi- lidade administrativa o fornecedor pode responder civil e penalmente por seus atos e podem ser aplicadas cumulativamente. (Podendo sofrer as sanções de uma vez só). Qual o papel dos promotores na defesa do consumidor? O Promotor além de representar a sociedade, deve defender os interesses de maior importância para o cidadão. O Promotor defende os chamados interesses difusos e coletivos. Os Direitos do Consumidor são considerados direitos difusos e coletivos e através da Ação Civil Pública os promotores podem ingressar com pedido de indenização contra os fornecedo- res que tiverem causado prejuízos aos consumi- dores, ainda que estes sejam pessoas indetermi- nadas. INTRODUÇÃO O homem é um ser gregário. Vive em sociedade e com ela deve contribuir para uma coexistência pacífica. Em um sistema democrático os direitos são exercidos pelo povo e para o povo, devendo as ações de cada cidadão ser pautada na ética e na boa fé objetiva. Esta é a chamada sociedade ideal. Para que esta sociedade pudesse existir seria necessário que todos tivessem os mesmos direitos, o que em um primeiro momento, poderia ser interpretado que todos deveriam ser tratados de forma igual. Na prática, vários fatores interferem para que esta igualdade não seja real, entre elas o poder econô- mico e as diferenças sociais, o que significa que devem existir normas protetivas para os hipossuficientes, que possibilite a igualdade. No seu artigo 1º a Constituição Federal declara como fundamento, a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político. Para consolidar estes fundamentos declara no seu artigo 5º que todos são iguais perante a lei, sem distin- ção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à proprie- dade. Para viabilizar os direitos fundamentais, foram criadas proteções para o cidadão brasileiro em várias leis. Promulgou-se o Código de Defesa do Consumidor, O Estatuto da Criança e do Adolescente; a legislação previdenciária para assegurar os direitos à seguridade social; normas trabalhistas e normas sobre segurança no trabalho; normas sobre inclusão do deficiente para que o mesmo possa exercer a cidadania plena; normas de proteção à dignidade humana visando garantir o direito à igualdade, liberdade, saúde, educação, segurança e acesso à justiça. O objetivo deste trabalho é criar uma cartilha para orientar os cidadãos sobre os direitos do consumidor. Foi elaborada pelos alunos do primeiro período de Direito do UNIPAM, através da interpretação da legislação, doutrina e jurisprudência, pertinente ao conteúdo e com auxílio de diversos profissio- nais do direito que atuam na área específica. JUSTIFICATIVA O profissional do direito tem a obrigação de conhecer o direito e buscar a justiça. EduardoCouture disse em uma célebre frase dirigidaao operador do direito, que “Teu dever é lutar pelo Direito, mas se um dia encontrares o Direito em conflito com a Justiça, luta pela Justiça”. A conscientização da responsabilidade que tem o bacharel em direito junto à sociedade, deve se iniciar desde os primeiros anos da academia. Ele deve se aprofundar no conhecimento jurídico, principalmente na interpretação e compreen- são das normas sociais e ao mesmo tempo disseminar este conhecimento junto a sociedade. Ao estudar as normas que regulamentam algumas das principais áreas responsáveis pelos direitos sociais e transformar este conhecimento em uma linguagem simples e capaz de orientar o cidadão, o aluno do Curso de Direito do UNIPAM estará cumprindo a missão da instituição que é “Transformar pessoas e sociedade por meio da excelência na educação, criando oportunidades e desenvolvendo talentos”. Advém daí, a importância desta cartilha, que visa contribuir com a sociedade levando orientação de forma simples e objetiva, sobre os direitos do consumidor regulamentados pelo Código de Defesa do Consumidor. CARTILHA DO CONSUMIDOR Qual a finalidade do direito do consumidor? É proteger as relações de consumo, visando tutelar o consumidor. O consumidor é a parte mais fraca da relação de consumo daí a necessidade de se criar uma legislação específica para sua proteção. Qual que é o campo de aplicação do Código de defesa do consumidor? • Proteção ampla ao consumidor em relação à compra de produtos ou serviços colocados no mercado de consumo pelo fornecedor. • Defesa do fornecedor possibilitan- do a buscar do judiciário para ajuizar ação em desfavor do devedor-consumidor.Com o objetivo de cobrar o que lhe é devido resultante da relação de consumo. • Direito do consumidor e do fornecedor no sentido de obter consultoria jurídica visando à proteção de seus direitos. Qual o objetivo do código de defesa do consumidor? Regular a relação de consumo em todo o território brasileiro possibilitando a proteção e a defesa dos direitos de consumidor e estabelecer padrões de conduta, penalidades e prazos. Em quais princípios estão sedimentados os direitos do consumidor • Princípio da Vulnerabilidade: previsto no artigo 4°, I, do CDC, reconhece a existência de uma parte vulnerável ou debilitada nas relações de consumo. • Princípio de Intervenção Estatal: também chamado de governamental, está previsto nos artigos 5º, XXXII, e 170 da CF/88 e no artigo 4º, II, do CDC, determina que o estado deve proteger o consumidor, ou seja, deve entrar nas relações de consumo a fim de proteger a parte debilitada para garantir que haja o respeito e o cumprimento dos direitos desses. • Princípio da Harmonização nas Relações de Consumo: também conhecido como princípio da Harmonia, previsto no inciso III do artigo 4º do CDC, visa harmoni- zar as relações de consumo através da boa-fé e do equilíbrio entre os fornecedores e consumidores. • Princípio da Boa Fé Objetiva: considerado um dos princípios fundamentais nas relações de consumo e como cláusula geral para o controle de cláusulas abusivas, impõe de certa forma um padrão ético de comportamento, fazendo com que o cidadão atue com honestidade e probidade nas suas relações contratuais. • Princípiodo Equilíbrio Contratual: este princípio tem como base estabelecer uma relação de equilíbrio entre os contratantes, de modo que; os mesmos não obtenham lucros em face do outro, vantagens excessivas ao ideal de justiça que permeia o ordena- mento jurídico. • Princípio da Educação e Informação: esse princípio é existente no CDC para coibir que as partes sejam levadas ao consumo pela ilusão e não pela realidade. Dessa forma a informação será o elemento regente na Lei 8.078/90 ao ter como resultado a educação. • Princípio de Qualidade e Segurança: este princípio rege o incentivo aos fornecedores para que criem meios eficientes de qualidade e segurança nos produtos e serviços por eles oferecidos, para que o produto tenha além de um funcionamento apropriado tenha duração e credibilidade. • Princípio da coibição e repressão de abusos no mercado de consumo: previsto no inc. VI, art. 4, é o princípio que complementa o princípio da vulnerabilidade e da harmonização, esse princípio visa combater os abusos no mercado, que são causados pelo abuso de poder econômico. Propagandas enganosas de produtos que visam iludir o consumidor sobre a qualidade do produto, utilização indevida de marcas ou cláusulas contratuais abusivas. • Princípio da Responsabilidade Solidária: prevista no art. 7º, parágrafo único do CDC, este princípio estabelece uma regra de responsabilidade solidária entre fornecedores de uma mesma rede de serviços. Assim, se o defeito de fabricação de um produto afetou no acidente de consumo, o consumidor lesado poderá acionar o fabricante do produto ou o fabricante da peça que ocasionou o produto. A renúncia à solidariedade é vedada no artigo 25 caput, ou seja; mesmo que vários consumidores estabeleçam cláusula contratual afastando a solidariedade, esta cláusula não prevalece em virtude do consumidor ou de uma das partes fornecedoras que devem ser acionadas pelos danos. • Princípio da Racionalização e Melhoria dos Serviços Públicos: neste princí- pio é estabelecido que o Estado tem o dever de bem servir sem distinção ou favorecer qualquer pessoa como um direito público subjetivo popular, atendendo com igualdade a população em geral e tomando medidas para agilizar a prestação de serviços e torná-los satisfatórios para toda a população. • Princípio da Continuidade dos Serviços Públicos: previsto no artigo 22 do CDC, na hipótese de incidência do art. 6º, § 3º, II, da Lei nº 8.987/95, que prevê a possibilidade de interrupção de serviços públicos essenciais como o fornecimento de água ou energia elétrica. Por se tratar de serviços essenciais à população, como água e energia elétrica, pensar na racionalização é bem difícil, gerando assim, discussões de diversos aspectos. Por outro lado, se levarmos em conta que os cidadãos que cumprem com as suas obrigações serão prejudicados por aqueles que são inadimplentes, não será justo. Portanto o princípio da continuidade do serviço público, apesar de ser primordial, pode ser condicionado de acordo com a situação, ou seja, cada caso será analisado e a Lei estabelecerá em quais casos serão permitidas a interrupção dos serviços. Quais são os direitos básicos do consumidor? • Proteção da vida, saúde e segurança em decorrência dos riscos provocados pelo fornecimento; • Informação adequada e clara sobe os diferentes produtos e serviços; • Proteção contra a publicidade enganosa e abusiva; • Efetiva prevenção e separação de danos; •Acesso aos órgãos judiciários e administrativos; Os itens citados são exemplifica- tivos. Existem vários outros previstos no Código de Defesa do Consumidor, artigo 6º. O que é uma relação de consumo É a relação entre o consumidor, que adquire um produto ou serviço como destinatá- rio final e o fornecedor, que fornece um produto ou serviço no mercado de consumo. O que é produto e o que é serviço na relação de consumo? • Produto é qualquer mercadoria colocada à venda no mercado. Os produtos podem ser móveis ou imóveis. Os móveis são aqueles passíveis de deslocamento, por exemplo, um veículo, televisão. Já os imóveis são bens incorporados naturalmente ou artificialmente ao solo, por exemplo, uma fazenda, uma casa etc. • Serviço é toda atividade física ou mental prestada no mercado de consumo mediante remuneração, como por exemplo, um corte de cabelo no salão de beleza ou a limpeza de um carro no lava jato. O que é produto durável e não durável? •Os produtos duráveis são todas as mercadorias que não se acabam de forma rápida. Como por exemplo, Carro, televisão, roupas. •Os produtos não duráveis possuem uso que se extingue de forma mais rápida, como por exemplo, pasta de dente, extrato de tomate, caderno. Quem é o consumidor? Qualquer pessoa física ou jurídica que utiliza um produto ou serviço como destinatário final. Para que o emprego (pessoa jurídica) seja consideradaconsumidora, o produto deve ser utilizado por uso próprio, ou seja deve ser destinatário final do consumo. O produto adqui- rido para a revenda, não qualifica a pessoa jurídi- ca como consumidora. Quer ver como isto funciona na prática? Por exemplo, se uma loja de roupas compra peças com a intenção de revendê-las, ela não é considerada como consumidora. Mas, aquelas pessoas que vão nesta mesma loja e compram a roupa para uso próprio, estas sim, são consideradas consumidoras. O que significa consumidor por equiparação? São todas as pessoas que, diretamente ou indiretamente, participaram da relação de consu- mo e que sofreram ou estiveram expostos a algum tipo de dano. Um exemplo seria se uma pessoa comprasse carne para um churrasco com os amigos. Mas por um descuido por parte do fornecedor do alimento, a carne estava estragada e todos que a ingeriram passaram mal. Logo, os amigos que comeram a carne são consumidores por equiparação, pois foram atingidos pelo defeito do produto. Quem é o fornecedor? O conceito de fornecedor está definido no artigo 3º do Código de Defesa do Consumidor. Fornecedor é toda pessoa ou empresa que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. Esse termo deriva do verbo fornecer, que faz referência a prover ou providenciar o necessário para determinado fim. Quem é o fornecedor denominado "fornecedor real"? Usamos a expressão ''fornecedor real'' quando nos referimos a pessoa ou empresa que sob sua responsabilidade participa do processo de fabricação ou produção do produto acabado. Quem é o fornecedor denominado "fornecedor aparente"? Fornecedor aparente é aquele que engloba, sobretudo, os grandes distribuido- res, as cadeias comerciais e as empresas de venda por correspondência que sob o próprio nome, firma ou marca, oferecem e lançam no mercado produtos, fabricados a mais das vezes, segundo as suas instruções, por terceiros que permaneceram anônimos perante o público. Quem é o fornecedor denominado "fornecedor presumido"? O fornecedor presumido é aquele que importou os produtos, ou ainda vende esses produtos sem identificação clara do seu fabricante, produtos importados ou construtores. Se você vende seu carro, você é considerado fornecedor? Não, pois a venda de um carro de uma pessoa física não se caracteriza como relação de consumo, porque os particulares não vendem mercadorias nem oferecem serviços com frequência. Só existirá relação de consumo, caso esse carro seja financiado, pois existirá uma relaçãoentre o cliente e a institui- ção financeira, mesmo que o bem tenha sido comprado de pessoa física. Então nesse caso,aplicam-se as regras gerais previstas no Código Civil e não as regras do CDC. O poder público é um fornece- dor? Sim, pois fornecedor é quem atuano mercado de consumo, oferecendo produtos e serviços com habitualidade e profissionalismo. Na definição do Código de Defesa do Consu- midor, o poder público enquadra-se no concei- to de fornecedor. Então o poder público, nas suas atribuições legais presta serviços aos cidadãos, nas mais variadas modalidades. Isso ocorre, porque nem todas as necessidades destes podem ser supridas pela iniciativa privada. O dentista com quem você trata de dentes é fornecedor? O fornecedor é toda pessoa física ou jurídica que fornece produtos e presta serviços a terceiros, ou seja, o dentista é considerado fornecedor pois presta serviços que se destinam a satisfação de uma necessidade pessoal, no caso, a do consumidor. O banco onde você tem conta é considerado fornecedor? Considerando-se fornecedor como sendo toda pessoa física ou jurídica que desen- volve atividades de distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços, e que define serviço incluindo as operações de natureza bancária, financeira, de crédito, temos que os bancos são realmente fornecedores, não restando a menor dúvida. Qual o tipo de responsabilidade possui o fornecedor em face do consumidor? O fornecedor de produtos e serviços deve ser responsável pelos produtos e serviços que são objetos de sua atividade nas relações de consumo. Estes deverão responder pela reparação dos danos causados aos consumidores pelos defeitos de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondi- cionamento de seus produtos e pelas informações insuficientes ou inadequadas sobre a utilização e riscos, independente de culpa. O que signifi- ca responsabilidade pelo vício ou defeito do produto e do serviço? A responsabilida- de pelo vício nada mais é do que uma falha de adequação de qualidade/- quantidade. Os defeitos aqui são internos dos produtos e não se cuida dos danos causados por eles, são as características de qualidade ou quantidade que tornem os produtos ou serviços impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam e também que lhes diminuam o valor. Da mesma forma são considerados vícios os decorrentes da divergên- cia em relação às indicações constantes do recipiente, embalagem, rotulagem, oferta ou mensagem publicitária. A responsabilidade por vício do produto e do serviço está estabelecida nos arts. 18 a 20 do Código de Defesa do Consumidor (CDC). Exemplo de responsabilidade pelo vício do produto: * A televisão sem imagem, o automóvel que “morre” toda hora. Exemplo de responsabilidade pelo vício do serviço: * o serviço de desentupimento que no dia seguinte faz com que o banheiro alague; o carpete que descola rapidamente; a parede mal pintada. O que significa responsabilidade pelo fato do produto e do serviço? Na responsabilidade pelo fato do produto (alimentos, automóveis, imóveis, etc.) e do serviço prestado (concertos, cabelereiro, alimentação, etc.), o defeito atinge o consumidor fisicamente ou moralmente, gerando danos materiais ou psíquicos, que podem e devem ser reparados pelo fornecedor. Que prazo tem o consumidor para reclamar os seus direitos? • Bens duráveis: prazo é de 90 dias; • Bens não duráveis: prazo é de 30 dias. O que significa desconsiderar a personalidade jurídica do fornecedor no CDC? As sociedades empresárias são os entes que possuem responsabilidade sobre os atos empresariais, inclusive, os referentes aos danos causados ao consumidor. Eles é que possuem a responsabilidade jurídica. Desconsiderar a personalidade jurídica do fornecedor signifi- ca responsabilizar os sócios com seu património particular pelos danos causados ao consumidor. Em princípio os danos são suportados pelos bens da sociedade empresária, mas quando os sócios (pessoas naturais) se aproveitam da personalidade jurídica para cometerem atos ilícitos e obterem vantagens em benefício próprio, o juiz pode determi- nar que o patrimônio dos sócios passe a responder pelas obrigações. A oferta feita pelo fornecedor gera responsabilidade em face do consu- midor? A oferta enquanto elemento de apresentação do produto gera uma responsabili- dade do fornecedor para com o consumidor, visto que ela pode ou não lhe causar danos tanto materiais como morais. O Art.30 da Lei nº 8.078/90 preceitua que toda informa- ção ou publicidade veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos, obriga o fornecedor a cumprir a oferta nos termos do anúncio, ou seja, se uma oferta é feita ela deve ser mantida, o fornecedor terá o compro- misso e a responsabilidade de mantê-la. O que significa publicidade enganosa e publicidade abusiva no CDC? A publicidade enganosa é aquela de qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitária, inteira ou parcialmente falsa, ou, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito: • Da natureza; • Características; • Qualidade; • Quantidade; • Propriedades; • Origem; • Preço; • E quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. • A publicidade abusiva, dentre outras é a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que: • Incite à violência; • Explore o medo ou a superstição; • Se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança; • Desrespeita valores ambientais; • Seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança. Que práticas do fornecedor são consideradas abusivas? O Código de Defesa do Consumidor, no seu artigo 39, apresenta algumas práticas abusivas como: • A venda casada que consiste em condicionar o fornecimento de serviço ou produto a outro; • Recusar atendimento às demandas dos consumidores; • Enviar produtos ao consumidor sem solicitação prévia; • Gerar vantagem excessiva apoiada na fragilidade do consumidor; • Executar serviços sem a elaboração de orçamento e autorização do consumi- dor; • Fornecer produtos e serviços sem especificação legal expedida pelos órgãos competentes; • Recusar a venda de produtos e serviços ao consumidor que disponha a adqui- ri-los mediante pronto pagamento; • Ausência de prazo para cumprimento da obrigação do fornecedor; • Reajuste e aumento de preço sem justa causa. A relação de consumo é um contrato. Quais são os princípios da prote- ção contratual no CDC? Os contratos de consumo possuem princípios específicos de toda a relação envolvendo a contratação no mercado. São esses: Princípio do rompimento com a tradição privatista no Código Civil: • Neste princípio ocorre o fim da pacta sunt servanda, o que significa que as partes não são obrigadas a cumprir cláusulas abusivas.Assim, qualquer cláusula abusiva, ainda que não esteja no CDC, gera nulidade absoluta (e o contrato não será cumprido). • O segundo exemplo deste princípio é a oferta, que antes vinculativa; agora consiste em um mero convite a oferta, que passa a poder ser revogado em alguns casos. • Cláusulas contratuais passam a serem elaboradas por ambas as partes em condições de igualdade. Princípio da preservação (explícita) dos contratos de consumo: • Neste princípio, o art. 51, § 2º, do CDC diz que a “nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes”. Sendo assim demonstra a intenção de preservar o contrato ainda que necessário o reconhecimento de uma cláusula abusiva Princípio da transparência contratual: • Presente no art. 46 da Lei n. 8.078/90, segundo o qual os contratos das relações de consumo não obrigarão os consumidores, sem os mesmos ter o prévio conhecimento de seu conteúdo ou se o presente contrato for redigido de uma forma que atrapalhe e dificulte o entendimentodo consumidor. Desta forma; para que a parte vulnerável possa cumprir com suas obrigações é necessário que o presente contrato seja redigido de uma forma clara e transparente para a compreensão do consu- midor. Princípio da Interpretação mais Favorável ao Consumidor: Presente no art. 423, in verbis: “Quando houver no contrato de adesão cláusu- las ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente.” • O intérprete, diante de um contrato de consumo, deverá atribuir às suas cláusulas conexões de sentido que atendam, de modo equilibrado e efetivo, aos interes- ses do consumidor, parte vulnerável da relação. Trata-se do mesmo princípio, visto por outro ângulo, que proclama a interpretação contra a parte mais forte, aquela que redigiu o conteúdo do pacto contratual, como ocorre nos contratos de adesão. Princípio da vinculação pré-contratual: Este princípio, não opera somente sobre a oferta e a publicidade. Abrange também: • Os escritos particulares; • Os recibos; • Os pré-contratos. A figura do contrato preliminar é de extrema importância na ordem dos contra- tos, seja vinculando as partes ao salvaguardar o objeto do acordo para um futuro contrato permanente; quanto assegurar as partes que os pactos e as responsabilidades serão mantidas, antevendo fatos que apenas solidificariam quando da celebração do contrato final, que por circunstâncias apenas futuras poderia vir a ser celebrado.Um exemplo deste princípio é o compromisso de compra e venda e a transferência obrigatória de um bem móvel ou imóvel, ou seja; quando nesse compromisso há a compra com pagamento parcelado, onde ambas as partes se comprometem após a quitação do débito, passar a escritura definitiva. Que cláusulas contratuais são consideradas abusivas no CDC? Entende por cláusulas contratuais abusivas aquelas que geram desvantagem para o consumidor, beneficiando o fornecedor. O consumidor pode requerer ao juiz que cancele essas cláusulas do contrato. Consumidor! Não assine um contrato que contenha cláusulas abusivas, a saber, aquelas que apresentem as seguintes características: (Art. 51 do Código de Defesa do Consumidor) • Diminuam a responsabilidade do fornecedor, no caso de dano ao consumi- dor; • Proíbam o consumidor de devolver o produto ou receber o dinheiro de volta quando o produto ou o serviço não forem de boa qualidade; • Transmitem a responsabilidade a terceiros além do fornecedor ou consumi- dor, uma vez que o contrato é só entre o fornecedor e o consumidor coloquem o consu- midor em desvantagem exagerada; • Obriguem somente o consumidor a apresentar prova, no caso de um processo Judicial; • Proíbam o consumidor de recorrer diretamente à Justiça sem antes recorrer aoFornecedor; • Autorizem o fornecedor a alterar o preço; • Permitam ao fornecedor modificar o contrato sem a autorização do consumi- dor; • Façam o consumidor perder as prestações já pagas, no caso de não obedecer ao contrato e quando já estiver prevista a retomada do produto; • Que infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais; • Apresentem desacordo com o sistema de proteção ao consumidor; • Possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias Quais penalidades podem ser aplicadas ao fornecedor que descumpre as normas consumeristas? Encontra-se no artigo 56 do CDC as normas e penalidades que podem vim os fornecedores dos produtos sofrer. Sanções que incidem na atividade do fornecedor: • Suspensão temporária da atividade, revogação de concessão ou permissão de uso. • Cassação de licença do estabelecimento, obra ou atividade. • Intervenção administrativa, imposição de contrapropaganda. (Se o produto for prejudicial é obrigatório que haja a propaganda dizendo os seus malefícios. Ex: cigarro). • Recolhimento de multa. Sendo as sanções aplicadas pela autoridade administrativa. Além da responsabi- lidade administrativa o fornecedor pode responder civil e penalmente por seus atos e podem ser aplicadas cumulativamente. (Podendo sofrer as sanções de uma vez só). Qual o papel dos promotores na defesa do consumidor? O Promotor além de representar a sociedade, deve defender os interesses de maior importância para o cidadão. O Promotor defende os chamados interesses difusos e coletivos. Os Direitos do Consumidor são considerados direitos difusos e coletivos e através da Ação Civil Pública os promotores podem ingressar com pedido de indenização contra os fornecedo- res que tiverem causado prejuízos aos consumi- dores, ainda que estes sejam pessoas indetermi- nadas. INTRODUÇÃO O homem é um ser gregário. Vive em sociedade e com ela deve contribuir para uma coexistência pacífica. Em um sistema democrático os direitos são exercidos pelo povo e para o povo, devendo as ações de cada cidadão ser pautada na ética e na boa fé objetiva. Esta é a chamada sociedade ideal. Para que esta sociedade pudesse existir seria necessário que todos tivessem os mesmos direitos, o que em um primeiro momento, poderia ser interpretado que todos deveriam ser tratados de forma igual. Na prática, vários fatores interferem para que esta igualdade não seja real, entre elas o poder econô- mico e as diferenças sociais, o que significa que devem existir normas protetivas para os hipossuficientes, que possibilite a igualdade. No seu artigo 1º a Constituição Federal declara como fundamento, a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político. Para consolidar estes fundamentos declara no seu artigo 5º que todos são iguais perante a lei, sem distin- ção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à proprie- dade. Para viabilizar os direitos fundamentais, foram criadas proteções para o cidadão brasileiro em várias leis. Promulgou-se o Código de Defesa do Consumidor, O Estatuto da Criança e do Adolescente; a legislação previdenciária para assegurar os direitos à seguridade social; normas trabalhistas e normas sobre segurança no trabalho; normas sobre inclusão do deficiente para que o mesmo possa exercer a cidadania plena; normas de proteção à dignidade humana visando garantir o direito à igualdade, liberdade, saúde, educação, segurança e acesso à justiça. O objetivo deste trabalho é criar uma cartilha para orientar os cidadãos sobre os direitos do consumidor. Foi elaborada pelos alunos do primeiro período de Direito do UNIPAM, através da interpretação da legislação, doutrina e jurisprudência, pertinente ao conteúdo e com auxílio de diversos profissio- nais do direito que atuam na área específica. JUSTIFICATIVA O profissional do direito tem a obrigação de conhecer o direito e buscar a justiça. EduardoCouture disse em uma célebre frase dirigidaao operador do direito, que “Teu dever é lutar pelo Direito, mas se um dia encontrares o Direito em conflito com a Justiça, luta pela Justiça”. A conscientização da responsabilidade que tem o bacharel em direito junto à sociedade, deve se iniciar desde os primeiros anos da academia. Ele deve se aprofundar no conhecimento jurídico, principalmente na interpretação e compreen- são das normas sociais e ao mesmo tempo disseminar este conhecimento junto a sociedade. Ao estudar as normas que regulamentam algumas das principais áreas responsáveis pelos direitos sociais e transformar este conhecimento em uma linguagem simples e capaz de orientar o cidadão, o aluno do Curso de Direito do UNIPAM estará cumprindo a missão da instituição que é “Transformar pessoas e sociedade por meio da excelência na educação, criando oportunidades e desenvolvendo talentos”. Advém daí, a importância desta cartilha, que visa contribuir com a sociedade levando orientação deforma simples e objetiva, sobre os direitos do consumidor regulamentados pelo Código de Defesa do Consumidor. CARTILHA DO CONSUMIDOR Qual a finalidade do direito do consumidor? É proteger as relações de consumo, visando tutelar o consumidor. O consumidor é a parte mais fraca da relação de consumo daí a necessidade de se criar uma legislação específica para sua proteção. Qual que é o campo de aplicação do Código de defesa do consumidor? • Proteção ampla ao consumidor em relação à compra de produtos ou serviços colocados no mercado de consumo pelo fornecedor. • Defesa do fornecedor possibilitan- do a buscar do judiciário para ajuizar ação em desfavor do devedor-consumidor.Com o objetivo de cobrar o que lhe é devido resultante da relação de consumo. • Direito do consumidor e do fornecedor no sentido de obter consultoria jurídica visando à proteção de seus direitos. Qual o objetivo do código de defesa do consumidor? Regular a relação de consumo em todo o território brasileiro possibilitando a proteção e a defesa dos direitos de consumidor e estabelecer padrões de conduta, penalidades e prazos. Em quais princípios estão sedimentados os direitos do consumidor • Princípio da Vulnerabilidade: previsto no artigo 4°, I, do CDC, reconhece a existência de uma parte vulnerável ou debilitada nas relações de consumo. • Princípio de Intervenção Estatal: também chamado de governamental, está previsto nos artigos 5º, XXXII, e 170 da CF/88 e no artigo 4º, II, do CDC, determina que o estado deve proteger o consumidor, ou seja, deve entrar nas relações de consumo a fim de proteger a parte debilitada para garantir que haja o respeito e o cumprimento dos direitos desses. • Princípio da Harmonização nas Relações de Consumo: também conhecido como princípio da Harmonia, previsto no inciso III do artigo 4º do CDC, visa harmoni- zar as relações de consumo através da boa-fé e do equilíbrio entre os fornecedores e consumidores. • Princípio da Boa Fé Objetiva: considerado um dos princípios fundamentais nas relações de consumo e como cláusula geral para o controle de cláusulas abusivas, impõe de certa forma um padrão ético de comportamento, fazendo com que o cidadão atue com honestidade e probidade nas suas relações contratuais. • Princípio do Equilíbrio Contratual: este princípio tem como base estabelecer uma relação de equilíbrio entre os contratantes, de modo que; os mesmos não obtenham lucros em face do outro, vantagens excessivas ao ideal de justiça que permeia o ordena- mento jurídico. • Princípio da Educação e Informação: esse princípio é existente no CDC para coibir que as partes sejam levadas ao consumo pela ilusão e não pela realidade. Dessa forma a informação será o elemento regente na Lei 8.078/90 ao ter como resultado a educação. • Princípio de Qualidade e Segurança: este princípio rege o incentivo aos fornecedores para que criem meios eficientes de qualidade e segurança nos produtos e serviços por eles oferecidos, para que o produto tenha além de um funcionamento apropriado tenha duração e credibilidade. • Princípio da coibição e repressão de abusos no mercado de consumo: previsto no inc. VI, art. 4, é o princípio que complementa o princípio da vulnerabilidade e da harmonização, esse princípio visa combater os abusos no mercado, que são causados pelo abuso de poder econômico. Propagandas enganosas de produtos que visam iludir o consumidor sobre a qualidade do produto, utilização indevida de marcas ou cláusulas contratuais abusivas. • Princípio da Responsabilidade Solidária: prevista no art. 7º, parágrafo único do CDC, este princípio estabelece uma regra de responsabilidade solidária entre fornecedores de uma mesma rede de serviços. Assim, se o defeito de fabricação de um produto afetou no acidente de consumo, o consumidor lesado poderá acionar o fabricante do produto ou o fabricante da peça que ocasionou o produto. A renúncia à solidariedade é vedada no artigo 25 caput, ou seja; mesmo que vários consumidores estabeleçam cláusula contratual afastando a solidariedade, esta cláusula não prevalece em virtude do consumidor ou de uma das partes fornecedoras que devem ser acionadas pelos danos. • Princípio da Racionalização e Melhoria dos Serviços Públicos: neste princí- pio é estabelecido que o Estado tem o dever de bem servir sem distinção ou favorecer qualquer pessoa como um direito público subjetivo popular, atendendo com igualdade a população em geral e tomando medidas para agilizar a prestação de serviços e torná-los satisfatórios para toda a população. • Princípio da Continuidade dos Serviços Públicos: previsto no artigo 22 do CDC, na hipótese de incidência do art. 6º, § 3º, II, da Lei nº 8.987/95, que prevê a possibilidade de interrupção de serviços públicos essenciais como o fornecimento de água ou energia elétrica. Por se tratar de serviços essenciais à população, como água e energia elétrica, pensar na racionalização é bem difícil, gerando assim, discussões de diversos aspectos. Por outro lado, se levarmos em conta que os cidadãos que cumprem com as suas obrigações serão prejudicados por aqueles que são inadimplentes, não será justo. Portanto o princípio da continuidade do serviço público, apesar de ser primordial, pode ser condicionado de acordo com a situação, ou seja, cada caso será analisado e a Lei estabelecerá em quais casos serão permitidas a interrupção dos serviços. Quais são os direitos básicos do consumidor? • Proteção da vida, saúde e segurança em decorrência dos riscos provocados pelo fornecimento; • Informação adequada e clara sobe os diferentes produtos e serviços; • Proteção contra a publicidade enganosa e abusiva; • Efetiva prevenção e separação de danos; •Acesso aos órgãos judiciários e administrativos; Os itens citados são exemplifica- tivos. Existem vários outros previstos no Código de Defesa do Consumidor, artigo 6º. O que é uma relação de consumo É a relação entre o consumidor, que adquire um produto ou serviço como destinatá- rio final e o fornecedor, que fornece um produto ou serviço no mercado de consumo. O que é produto e o que é serviço na relação de consumo? • Produto é qualquer mercadoria colocada à venda no mercado. Os produtos podem ser móveis ou imóveis. Os móveis são aqueles passíveis de deslocamento, por exemplo, um veículo, televisão. Já os imóveis são bens incorporados naturalmente ou artificialmente ao solo, por exemplo, uma fazenda, uma casa etc. • Serviço é toda atividade física ou mental prestada no mercado de consumo mediante remuneração, como por exemplo, um corte de cabelo no salão de beleza ou a limpeza de um carro no lava jato. O que é produto durável e não durável? •Os produtos duráveis são todas as mercadorias que não se acabam de forma rápida. Como por exemplo, Carro, televisão, roupas. •Os produtos não duráveis possuem uso que se extingue de forma mais rápida, como por exemplo, pasta de dente, extrato de tomate, caderno. Quem é o consumidor? Qualquer pessoa física ou jurídica que utiliza um produto ou serviço como destinatário final. Para que o emprego (pessoa jurídica) seja consideradaconsumidora, o produto deve ser utilizado por uso próprio, ou seja deve ser destinatário final do consumo. O produto adqui- rido para a revenda, não qualifica a pessoa jurídi- ca como consumidora. Quer ver como isto funciona na prática? Por exemplo, se uma loja de roupas compra peças com a intenção de revendê-las, ela não é considerada como consumidora. Mas, aquelas pessoas que vão nesta mesma loja e compram a roupa para uso próprio, estas sim, são consideradas consumidoras. O que significa consumidor por equiparação? São todas as pessoas que, diretamente ou indiretamente, participaram da relação de consu- mo e que sofreram ou estiveramexpostos a algum tipo de dano. Um exemplo seria se uma pessoa comprasse carne para um churrasco com os amigos. Mas por um descuido por parte do fornecedor do alimento, a carne estava estragada e todos que a ingeriram passaram mal. Logo, os amigos que comeram a carne são consumidores por equiparação, pois foram atingidos pelo defeito do produto. Quem é o fornecedor? O conceito de fornecedor está definido no artigo 3º do Código de Defesa do Consumidor. Fornecedor é toda pessoa ou empresa que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. Esse termo deriva do verbo fornecer, que faz referência a prover ou providenciar o necessário para determinado fim. Quem é o fornecedor denominado "fornecedor real"? Usamos a expressão ''fornecedor real'' quando nos referimos a pessoa ou empresa que sob sua responsabilidade participa do processo de fabricação ou produção do produto acabado. Quem é o fornecedor denominado "fornecedor aparente"? Fornecedor aparente é aquele que engloba, sobretudo, os grandes distribuido- res, as cadeias comerciais e as empresas de venda por correspondência que sob o próprio nome, firma ou marca, oferecem e lançam no mercado produtos, fabricados a mais das vezes, segundo as suas instruções, por terceiros que permaneceram anônimos perante o público. Quem é o fornecedor denominado "fornecedor presumido"? O fornecedor presumido é aquele que importou os produtos, ou ainda vende esses produtos sem identificação clara do seu fabricante, produtos importados ou construtores. Se você vende seu carro, você é considerado fornecedor? Não, pois a venda de um carro de uma pessoa física não se caracteriza como relação de consumo, porque os particulares não vendem mercadorias nem oferecem serviços com frequência. Só existirá relação de consumo, caso esse carro seja financiado, pois existirá uma relaçãoentre o cliente e a institui- ção financeira, mesmo que o bem tenha sido comprado de pessoa física. Então nesse caso,aplicam-se as regras gerais previstas no Código Civil e não as regras do CDC. O poder público é um fornece- dor? Sim, pois fornecedor é quem atua no mercado de consumo, oferecendo produtos e serviços com habitualidade e profissionalismo. Na definição do Código de Defesa do Consu- midor, o poder público enquadra-se no concei- to de fornecedor. Então o poder público, nas suas atribuições legais presta serviços aos cidadãos, nas mais variadas modalidades. Isso ocorre, porque nem todas as necessidades destes podem ser supridas pela iniciativa privada. O dentista com quem você trata de dentes é fornecedor? O fornecedor é toda pessoa física ou jurídica que fornece produtos e presta serviços a terceiros, ou seja, o dentista é considerado fornecedor pois presta serviços que se destinam a satisfação de uma necessidade pessoal, no caso, a do consumidor. O banco onde você tem conta é considerado fornecedor? Considerando-se fornecedor como sendo toda pessoa física ou jurídica que desen- volve atividades de distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços, e que define serviço incluindo as operações de natureza bancária, financeira, de crédito, temos que os bancos são realmente fornecedores, não restando a menor dúvida. Qual o tipo de responsabilidade possui o fornecedor em face do consumidor? O fornecedor de produtos e serviços deve ser responsável pelos produtos e serviços que são objetos de sua atividade nas relações de consumo. Estes deverão responder pela reparação dos danos causados aos consumidores pelos defeitos de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondi- cionamento de seus produtos e pelas informações insuficientes ou inadequadas sobre a utilização e riscos, independente de culpa. O que signifi- ca responsabilidade pelo vício ou defeito do produto e do serviço? A responsabilida- de pelo vício nada mais é do que uma falha de adequação de qualidade/- quantidade. Os defeitos aqui são internos dos produtos e não se cuida dos danos causados por eles, são as características de qualidade ou quantidade que tornem os produtos ou serviços impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam e também que lhes diminuam o valor. Da mesma forma são considerados vícios os decorrentes da divergên- cia em relação às indicações constantes do recipiente, embalagem, rotulagem, oferta ou mensagem publicitária. A responsabilidade por vício do produto e do serviço está estabelecida nos arts. 18 a 20 do Código de Defesa do Consumidor (CDC). Exemplo de responsabilidade pelo vício do produto: * A televisão sem imagem, o automóvel que “morre” toda hora. Exemplo de responsabilidade pelo vício do serviço: * o serviço de desentupimento que no dia seguinte faz com que o banheiro alague; o carpete que descola rapidamente; a parede mal pintada. O que significa responsabilidade pelo fato do produto e do serviço? Na responsabilidade pelo fato do produto (alimentos, automóveis, imóveis, etc.) e do serviço prestado (concertos, cabelereiro, alimentação, etc.), o defeito atinge o consumidor fisicamente ou moralmente, gerando danos materiais ou psíquicos, que podem e devem ser reparados pelo fornecedor. Que prazo tem o consumidor para reclamar os seus direitos? • Bens duráveis: prazo é de 90 dias; • Bens não duráveis: prazo é de 30 dias. O que significa desconsiderar a personalidade jurídica do fornecedor no CDC? As sociedades empresárias são os entes que possuem responsabilidade sobre os atos empresariais, inclusive, os referentes aos danos causados ao consumidor. Eles é que possuem a responsabilidade jurídica. Desconsiderar a personalidade jurídica do fornecedor signifi- ca responsabilizar os sócios com seu património particular pelos danos causados ao consumidor. Em princípio os danos são suportados pelos bens da sociedade empresária, mas quando os sócios (pessoas naturais) se aproveitam da personalidade jurídica para cometerem atos ilícitos e obterem vantagens em benefício próprio, o juiz pode determi- nar que o patrimônio dos sócios passe a responder pelas obrigações. A oferta feita pelo fornecedor gera responsabilidade em face do consu- midor? A oferta enquanto elemento de apresentação do produto gera uma responsabili- dade do fornecedor para com o consumidor, visto que ela pode ou não lhe causar danos tanto materiais como morais. O Art.30 da Lei nº 8.078/90 preceitua que toda informa- ção ou publicidade veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos, obriga o fornecedor a cumprir a oferta nos termos do anúncio, ou seja, se uma oferta é feita ela deve ser mantida, o fornecedor terá o compro- misso e a responsabilidade de mantê-la. O que significa publicidade enganosa e publicidade abusiva no CDC? A publicidade enganosa é aquela de qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitária, inteira ou parcialmente falsa, ou, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito: • Da natureza; • Características; • Qualidade; • Quantidade; • Propriedades; • Origem; • Preço; • E quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. • A publicidade abusiva, dentre outras é a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que: • Incite à violência; • Explore o medo ou a superstição; • Se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança; • Desrespeita valores ambientais; • Seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança. Que práticas do fornecedor são consideradas abusivas? O Código de Defesa doConsumidor, no seu artigo 39, apresenta algumas práticas abusivas como: • A venda casada que consiste em condicionar o fornecimento de serviço ou produto a outro; • Recusar atendimento às demandas dos consumidores; • Enviar produtos ao consumidor sem solicitação prévia; • Gerar vantagem excessiva apoiada na fragilidade do consumidor; • Executar serviços sem a elaboração de orçamento e autorização do consumi- dor; • Fornecer produtos e serviços sem especificação legal expedida pelos órgãos competentes; • Recusar a venda de produtos e serviços ao consumidor que disponha a adqui- ri-los mediante pronto pagamento; • Ausência de prazo para cumprimento da obrigação do fornecedor; • Reajuste e aumento de preço sem justa causa. A relação de consumo é um contrato. Quais são os princípios da prote- ção contratual no CDC? Os contratos de consumo possuem princípios específicos de toda a relação envolvendo a contratação no mercado. São esses: Princípio do rompimento com a tradição privatista no Código Civil: • Neste princípio ocorre o fim da pacta sunt servanda, o que significa que as partes não são obrigadas a cumprir cláusulas abusivas.Assim, qualquer cláusula abusiva, ainda que não esteja no CDC, gera nulidade absoluta (e o contrato não será cumprido). • O segundo exemplo deste princípio é a oferta, que antes vinculativa; agora consiste em um mero convite a oferta, que passa a poder ser revogado em alguns casos. • Cláusulas contratuais passam a serem elaboradas por ambas as partes em condições de igualdade. Princípio da preservação (explícita) dos contratos de consumo: • Neste princípio, o art. 51, § 2º, do CDC diz que a “nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes”. Sendo assim demonstra a intenção de preservar o contrato ainda que necessário o reconhecimento de uma cláusula abusiva Princípio da transparência contratual: • Presente no art. 46 da Lei n. 8.078/90, segundo o qual os contratos das relações de consumo não obrigarão os consumidores, sem os mesmos ter o prévio conhecimento de seu conteúdo ou se o presente contrato for redigido de uma forma que atrapalhe e dificulte o entendimento do consumidor. Desta forma; para que a parte vulnerável possa cumprir com suas obrigações é necessário que o presente contrato seja redigido de uma forma clara e transparente para a compreensão do consu- midor. Princípio da Interpretação mais Favorável ao Consumidor: Presente no art. 423, in verbis: “Quando houver no contrato de adesão cláusu- las ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente.” • O intérprete, diante de um contrato de consumo, deverá atribuir às suas cláusulas conexões de sentido que atendam, de modo equilibrado e efetivo, aos interes- ses do consumidor, parte vulnerável da relação. Trata-se do mesmo princípio, visto por outro ângulo, que proclama a interpretação contra a parte mais forte, aquela que redigiu o conteúdo do pacto contratual, como ocorre nos contratos de adesão. Princípio da vinculação pré-contratual: Este princípio, não opera somente sobre a oferta e a publicidade. Abrange também: • Os escritos particulares; • Os recibos; • Os pré-contratos. A figura do contrato preliminar é de extrema importância na ordem dos contra- tos, seja vinculando as partes ao salvaguardar o objeto do acordo para um futuro contrato permanente; quanto assegurar as partes que os pactos e as responsabilidades serão mantidas, antevendo fatos que apenas solidificariam quando da celebração do contrato final, que por circunstâncias apenas futuras poderia vir a ser celebrado.Um exemplo deste princípio é o compromisso de compra e venda e a transferência obrigatória de um bem móvel ou imóvel, ou seja; quando nesse compromisso há a compra com pagamento parcelado, onde ambas as partes se comprometem após a quitação do débito, passar a escritura definitiva. Que cláusulas contratuais são consideradas abusivas no CDC? Entende por cláusulas contratuais abusivas aquelas que geram desvantagem para o consumidor, beneficiando o fornecedor. O consumidor pode requerer ao juiz que cancele essas cláusulas do contrato. Consumidor! Não assine um contrato que contenha cláusulas abusivas, a saber, aquelas que apresentem as seguintes características: (Art. 51 do Código de Defesa do Consumidor) • Diminuam a responsabilidade do fornecedor, no caso de dano ao consumi- dor; • Proíbam o consumidor de devolver o produto ou receber o dinheiro de volta quando o produto ou o serviço não forem de boa qualidade; • Transmitem a responsabilidade a terceiros além do fornecedor ou consumi- dor, uma vez que o contrato é só entre o fornecedor e o consumidor coloquem o consu- midor em desvantagem exagerada; • Obriguem somente o consumidor a apresentar prova, no caso de um processo Judicial; • Proíbam o consumidor de recorrer diretamente à Justiça sem antes recorrer aoFornecedor; • Autorizem o fornecedor a alterar o preço; • Permitam ao fornecedor modificar o contrato sem a autorização do consumi- dor; • Façam o consumidor perder as prestações já pagas, no caso de não obedecer ao contrato e quando já estiver prevista a retomada do produto; • Que infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais; • Apresentem desacordo com o sistema de proteção ao consumidor; • Possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias Quais penalidades podem ser aplicadas ao fornecedor que descumpre as normas consumeristas? Encontra-se no artigo 56 do CDC as normas e penalidades que podem vim os fornecedores dos produtos sofrer. Sanções que incidem na atividade do fornecedor: • Suspensão temporária da atividade, revogação de concessão ou permissão de uso. • Cassação de licença do estabelecimento, obra ou atividade. • Intervenção administrativa, imposição de contrapropaganda. (Se o produto for prejudicial é obrigatório que haja a propaganda dizendo os seus malefícios. Ex: cigarro). • Recolhimento de multa. Sendo as sanções aplicadas pela autoridade administrativa. Além da responsabi- lidade administrativa o fornecedor pode responder civil e penalmente por seus atos e podem ser aplicadas cumulativamente. (Podendo sofrer as sanções de uma vez só). Qual o papel dos promotores na defesa do consumidor? O Promotor além de representar a sociedade, deve defender os interesses de maior importância para o cidadão. O Promotor defende os chamados interesses difusos e coletivos. Os Direitos do Consumidor são considerados direitos difusos e coletivos e através da Ação Civil Pública os promotores podem ingressar com pedido de indenização contra os fornecedo- res que tiverem causado prejuízos aos consumi- dores, ainda que estes sejam pessoas indetermi- nadas. INTRODUÇÃO O homem é um ser gregário. Vive em sociedade e com ela deve contribuir para uma coexistência pacífica. Em um sistema democrático os direitos são exercidos pelo povo e para o povo, devendo as ações de cada cidadão ser pautada na ética e na boa fé objetiva. Esta é a chamada sociedade ideal. Para que esta sociedade pudesse existir seria necessário que todos tivessem os mesmos direitos, o que em um primeiro momento, poderia ser interpretado que todos deveriam ser tratados de forma igual. Na prática, vários fatores interferem para que esta igualdade não seja real, entre elas o poder econô- mico e as diferenças sociais, o que significa que devem existir normas protetivas para os hipossuficientes, que possibilite a igualdade. No seu artigo 1º a Constituição Federal declara como fundamento, a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político. Para
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