Buscar

Dir Civ I N Aula nº 2 Unid II Pess Nat Personalid Capac

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

�PAGE \* MERGEFORMAT�4�
DIREITO CIVIL I
NOTA DE AULA Nº 2 
UNIDADE II - A PESSOA NATURAL
PERSONALIDADE E CAPACIDADE
1. A PERSONALIDADE JURÍDICA: CONCEITO E AQUISIÇÃO
 1.1. Pessoa Natural
 Pessoa natural é o nome que o Direito Civil atribui ao ser da espécie humana, considerado enquanto sujeito de direito e obrigações.
 Ser humano é todo ser nascido de mulher (definição do Direito Romano ainda válida).
As expressões pessoa física e pessoa natural são sinônimas, apenas com a ressalva que a pessoa natural foi o termo adotado pelo Código Civil brasileiro, enquanto que pessoa física foi adotada pelas legislações tributárias.
* “Art. 1o, CC, Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”.
 1.2. A Personalidade Jurídica – Conceito e Aquisição
 Personalidade Civil ou Jurídica é a aptidão que as pessoas têm de serem titulares de direitos e obrigações. O início da personalidade civil ocorre a partir do momento em que a pessoa nasce com vida, encerrando-se quando de sua morte.
Personalidade não é um atributo natural, não estando necessariamente vinculado ao ser humano, pois a pessoa jurídica também tem personalidade. Por isso se diz que a personalidade é um atributo jurídico.
* “Art. 2o, CC, A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”.
Contudo, o ser humano concebido, ainda que não nascido, mas concebido, vivo e aguardando nascimento no ventre materno, tem a garantia do Estado à proteção de direitos, pela qualidade de nascituro.
2. TUTELA JURÍDICA DO NASCITURO
O nascituro é o ser já concebido, aquele que está por nascer. 
Como dispõe o art. 2º, CC, o fato da concepção também é relevante ao direito. Em torno da questão quanto à personalidade jurídica do nascituro, a doutrina desenvolveu três teorias principais:
a) Teoria Natalista ou Nativista
Defende que o ser humano adquire personalidade civil ou jurídica somente a partir do seu nascimento com vida; antes disso o que se tem é mera expectativa de direito. Para os natalistas o feto enquanto não nascido é apenas uma extensão do corpo de sua mãe.
Esta teoria está incorporada ao Direito Civil brasileiro (art. 2º, CC) e também foi adotada pelo STF na ADI 3.510.
Para os natalistas, a lei apenas protege os direitos que o nascituro adquirirá quando nascer com vida, sendo estes descritos de modo restrito (direito à vida, direito à herança, entre outros).
b) Teoria Concepcionista
Para os concepcionistas, é possível o ser humano adquirir a personalidade civil ou jurídica desde a concepção, ou seja, antes de nascer.
Existem diversas situações que demonstram conceder direitos da personalidade ao nascituro enquanto concepto, os quais passaremos a elencar alguns: 
1) o direito ao reconhecimento de paternidade (art. 1.609, § ún, CC); 
2) o direito à curatela (art. 1.779, CC); 
3) ser donatário (art. 542, CC); 
4) ter o direito à herança (art. 1.798, CC); 
5) direito à vocação hereditária por indicação em testamento (prole eventual) (art. 1.799, CC);
7) direito aos alimentos (Lei de Alimentos Gravídicos – L. 11.804/2008, art. 6º); 
8) proteção criminal quanto à vida (art. 124, CP).
São inúmeros os casos concretos em que se pode notar que o posicionamento da lei e da jurisprudência dão o sentido de que o nascituro tem o direito da personalidade jurídica ou civil reconhecido pelo simples fato de ter sido concebido. E ainda que não fosse nascituro, se estivesse morto no útero materno (natimorto), ainda assim possuiria o resguardo de alguns direitos da personalidade (nome, imagem e sepultura).
* “I Jornada de Direito Civil - Enunciado n. 1 - Art. 2.º: a proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como nome, imagem e sepultura”.
O STJ, no julgamento do REsp 1415727/SC, em 2014, adotou esta teoria, afirmando que a teoria natalista e a da personalidade condicional estariam superadas em razão do reconhecimento dos direitos do nascituro.
Contudo, o Código Penal (art. 128) permite o aborto nas situações de gravidez produto de estupro e de gravidez que põe em risco a vida da mulher. Além disso, o STF também admitiu a possibilidade de aborto se o feto for anencefálico. Ora, se o feto tem personalidade jurídica e direito à vida, como se admitir tais exceções?
c) Teoria da Personalidade Condicional
Embora concorde que a personalidade jurídica do nascituro se inicie a partir da concepção, a teoria da personalidade condicional, conhecida como teoria mista, apresentada pela jurista Maria Helena Diniz, entende que a personalidade do nascituro assume uma condição suspensiva.
Tal condição suspensiva ficaria condicionada ao nascimento com vida do nascituro para sua implementação, e, nascendo este com vida, retroagiriam os efeitos da personalidade jurídica desde a concepção.
Para esta teoria, o nascituro é uma “pessoa condicional”, e por este motivo a lei lhe garante expectativas de direitos, que dependem do seu nascimento com vida para que se convalidem.
Deste modo, os direitos patrimoniais do nascituro na teoria da personalidade condicional devem ficar resguardados por seu curador até o seu nascimento com vida, enquanto os direitos da personalidade são tutelados desde a concepção.
3. A CAPACIDADE CIVIL E SUAS CLASSIFICAÇÕES
Para que o sujeito de direitos possa exercer os poderes inerentes à personalidade jurídica ou civil, necessita do que o direito chama de capacidade civil.
A capacidade civil é a medida do exercício da personalidade jurídica. Ela confere o limite da personalidade. A capacidade civil garante à pessoa o exercício de direitos e obrigações, podendo ser classificada em:
Capacidade de Direito confunde-se com a própria personalidade jurídica. É a ela que se refere o caput do art. 1º. Toda pessoa tem.
Capacidade de Fato ou de Exercício é a aptidão para exercer pessoalmente os direitos e deveres adquiridos/contraídos em decorrência da personalidade. Essa nem todas as pessoas têm. É aquela que se adquire quando atingida a maioridade civil, aos dezoito anos de idade completos, ou por emancipação.
Capacidade Plena - quando a pessoa possui tanto a capacidade de direito quanto a de fato ao mesmo tempo.
Capacidade Limitada - quando uma pessoa possui a capacidade de direito, mas a sua capacidade de fato está mitigada. Quem tem a capacidade limitada necessita de outra pessoa, isto é, de outra vontade que substitua ou complete a sua própria vontade no campo jurídico.
Assim, é possível concluir, afirmando: Todo ser humano é pessoa, tem personalidade civil, é sujeito de direitos e tem capacidade de direito.
4. A INCAPACIDADE. AS RESTRIÇÕES DE DIREITO
A incapacidade está ligada à capacidade limitada. Incapaz, portanto, é aquele que sofre restrições ao exercício pessoal de direitos e obrigações. A incapacidade pode ser absoluta ou relativa.
a) Incapacidade absoluta - a prática de um ato por pessoa absolutamente incapaz acarreta a sua nulidade, pois se trata de proibição total. Desse modo, para que o absolutamente incapaz possa praticar algum ato civil, ele deverá ser representado por outra pessoa capaz. São absolutamente incapazes aqueles descritos no Art. 3.º do Código Civil.
* “Art. 3o, CC, São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos”.
* A Lei nº 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência) alterou o art. 3º, CC, de modo a considerar absolutamente incapaz apenas o menor de 16 anos. Assim, as pessoas que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil (antigo inciso II do art. 3º, CC) não são mais consideradas incapazes. Os que, mesmo por causa transitória não puderem exprimir a sua vontade (antigo inciso III do art. 3º, CC) não são mais considerados absolutamente incapazes e, sim, relativamente incapazes.
* Obs: Embora, no plano civil, a regra passe a ser a capacidade do deficiente mental (a ser avaliadacaso a caso), para o Direito Penal, continuam a ser inimputáveis (art. 26, Código Penal)
b) Incapacidade relativa – a lei permite aos relativamente capazes que pratiquem os atos da vida civil, desde que assistidos; se praticarem atos sozinhos, o ato será anulável. São relativamente incapazes aqueles elencados no Art. 4.º do Código Civil (modificado pela Lei nº 13.146/2015).
* “Art. 4o, CC, São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; 
IV - os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial”.
No caso dos ébrios habituais e dos viciados em tóxico e também daqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade, caberá ao juiz avaliar o caso concreto, com auxílio da perícia médica, para definir o grau de limitação. Se o discernimento não for afetado, a pessoa será considerada capaz.
Pródigo é o indivíduo que gasta desmedidamente, dissipando seus bens, sua fortuna. A prodigalidade não deixa de ser uma espécie de desvio mental, geralmente associado à prática do jogo ou a outros vícios (Venosa). Conforme o art. 1.782, CC, “a interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração”.
5. O SUPRIMENTO E A CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE CIVIL
Os absolutamente incapazes somente poderão praticar atos da vida civil mediante representação, enquanto os relativamente incapazes devem ser assistidos.
A incapacidade civil cessará de modo natural quando a pessoa adquirir a maioridade civil, completando dezoito anos, a partir de quando exercerá a capacidade civil de fato e de direito (capacidade civil plena).
O suprimento da incapacidade civil ocorrerá por meio da emancipação, que pode ser de três formas: 
a) Emancipação Voluntária (art. 5º, I, CC)
Esta emancipação ocorre quando os pais, por ato voluntário, reconhecem que o filho adquiriu maturidade suficiente para zelar por sua pessoa e suas posses. 
Esta emancipação exige que os pais sejam titulares do poder familiar e que seja lavrado obrigatoriamente por escritura pública, produzindo efeitos apenas após o registro (art. 9º, CC). Ambos os pais devem concordar. Se um dos pais discordar, deverá se buscar a outorga daquele que se nega por suprimento judicial (art. 1.631, CC).
Na falta de um dos pais, cabe ao outro proceder a outorga, e por “falta” se entende a morte, a incapacidade, a ausência ou o desconhecimento do paradeiro (caso em que pode ser necessária comprovação judicial).
A emancipação por iniciativa dos pais só é possível a partir dos 16 anos.
b) Emancipação Judicial (art. 5º, I, CC)
Se o menor estiver sob tutela e tenha 16 anos completos, torna-se possível a emancipação por sentença judicial, desde que ouvido o tutor.
Também condicionada a escritura pública e registro para produzir efeitos (art. 9º, CC).
c) Emancipação Legal (art. 5º, II, III, IV e V, CC)
A lei descreve determinados fatos em que a pessoa natural supre sua incapacidade civil: casamento; exercício de emprego público efetivo; colação de grau em curso de ensino superior; e abertura de estabelecimento civil ou comercial ou relação de emprego, desde que possua economia própria. 
Independe de escritura pública e registro, surtindo efeitos a partir do dia do fato jurídico.
Podem casar os menores com 16 anos, com autorização de ambos os pais (art.1.517, CC). Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou 16 anos, para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez (art. 1.520, CC).
Discute-se sobre a possibilidade de o menor empresário estar sujeito à falência, pois a emancipação não importa em antecipação da imputabilidade penal (crimes previstos na Lei 11.101/2005 – Falências).
* “Art. 5º, CC, A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria”.
A Lei nº 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência) inseriu o art. 1.783-A no CC, que introduziu a Tomada de Decisão Apoiada, consistente no "processo pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos duas pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre os atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e informações necessários para que possa exercer a sua capacidade". A Tomada de Decisão Apoiada prestigia, portanto, a autonomia da pessoa com deficiência.
CASO CONCRETO - Renata deu à luz sua filha Mariza, que, em razão de má formação na gestação, sobreviveu por algumas horas e veio a falecer pouco depois do parto. Considerando que o pai de Mariza faleceu dias antes do nascimento e em dúvida sobre as consequências dos fatos narrados, Renata procura um advogado que afirma que, com o nascimento, Mariza adquiriu personalidade e capacidade de direito, mas não titularizou direitos subjetivos e, ao morrer, não haveria potencial sucessão. Assiste razão ao advogado? E se Mariza fosse natimorta, quais seriam as consequências? 
QUESTÃO OBJETIVA 
(OAB - XVI EXAME UNIFICADO/2015) Os tutores de José consideram que o rapaz, aos 16 anos, tem maturidade e discernimento necessários para praticar os atos da vida civil. Por isso, decidem conferir ao rapaz a sua emancipação. Consultam, para tanto, um advogado, que lhes aconselha corretamente no seguinte sentido: 
a) José poderá ser emancipado em procedimento judicial, com a oitiva do tutor sobre as condições do tutelado. 
b) José poderá ser emancipado via instrumento público, sendo desnecessária a homologação judicial. 
c) José poderá ser emancipado via instrumento público ou particular, sendo necessário procedimento judicial. 
d) José poderá ser emancipado por instrumento público, com averbação no registro de pessoas naturais.

Outros materiais