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Ano VI - Abril/Maio/Junho 2011 ISSN 1808-7051 Número 33 A b ril/M a io /Ju n h o 2 0 1 1 Uma publicação do Grupo Racine N u trição P ro fissio n al 3 3 • P lan ejam en to D ietético e Tab elas d e C o m p o sição d e A lim en to s Seção em Destaque Planejamento Dietético e Tabelas de Composição de Alimentos Alimentação Coletiva Perfil Elaine Martins Bento Mosquera Nutricionista por Vocação Efeitos Gastrointestinais do Tratamento Quimioterápico em Pacientes Oncológicos Terapia Nutricional em Gestantes Após Cirurgia Bariátrica Ficha Técnica de Preparação: Estratégia para a Qualidade Nutricional em Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) História e Evolução da Gastronomia Hospitalar Análise da Rotulagem e da Composição Nutricional de Repositores Hidroeletrolíticos Avaliação do Percentual de Gordura Corporal em Estudantes Eutróficos por Meio da Bioimpedância Elétrica (BIA) Nutrição Clínica Nutrição Clínica UAN Gastronomia Nutrição no Esporte Saúde Coletiva Em junho de 2011, dando continuidade à sua campanha contra a obesidade e por uma melhor alimentação para os americanos, a primeira dama dos Estados Unidos da América (EUA), Michele Oba- ma, apresentou, durante um ato no Departamento de Agricultura, novas recomendações nutricionais que substituem a tradicional pirâmide alimentar por um prato. Chamada de My Plate, a nova representação divide um prato em quatro porções iguais, contem- plando as frutas, os legumes, as proteínas e os cereais. Ao desenho foi acrescentado um copo, representando os laticínios. Esta nova maneira de tentar deixar claro o que se deve comer e em que quantidade vem complementar uma das questões mais destacadas nos dias atuais: ter uma dieta equilibrada para que se tenha saúde e uma vida com mais qualidade. Por isso, nesta 33ª edição da revista Nutrição Profissional, trazemos como destaque a seção Alimentação Coletiva, cujo artigo aborda o planejamento dietético e as tabelas de composição dos alimentos. O estudo da composição dos alimentos vem sendo desenhado há muitas décadas e essas informações são importantes para a avaliação dos nutrientes que estão sendo ingeridos pelos indivíduos e pelas populações como um todo. Assim, é possível que sejam de- senvolvidas políticas públicas de alimentação e de nutrição mais adequadas, bem como projetos de educação nutricional. Além disso, uma tabela de composição dos alimentos auxilia no estudo da relação entre dietas e doenças e funciona como suporte para os profissionais que atuam no cuidado do paciente. A seção Nutrição Clínica desta edição aborda dois temas bastante em voga na área da saúde: câncer e cirurgia bariátrica. O primeiro artigo analisa os efeitos gastrointestinais causados pelo uso dos medicamentos quimioterápicos no tratamento de pacientes onco- lógicos. Apesar de serem eficazes, estes medicamentos apresen- tam efeitos colaterais e reações adversas que podem ser contro- ladas ou minimizadas com um adequado suporte nutricional. O segundo tema faz considerações acerca da terapia nutricional em gestantes submetidas à cirurgia bariátrica. Sabe-se que o estado nutricional da gestante influencia diretamente no feto e um dado importante é que 75 a 80% dos pacientes que se submetem à cirurgia bariátrica são mulheres em idade fértil e após a cirurgia há melhora na fertilidade, favorecendo a gravidez. Por esta razão, mais uma vez, a orientação nutricional é imprescindível para minimizar os riscos associados a uma gestação após a cirurgia bariátrica. Ficha Técnica de Preparação (FTP) é o tema central da seção UAN. Este procedimento auxilia os nutricionistas a estabelecerem os aspectos quantitativos e qualitativos dos ingredientes das pre- parações, realizando a análise nutricional de um cardápio, e bene- ficia as Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN), que poderão oferecer cardápios mais adequados à sua clientela. Na seção Gastronomia desta edição, o leitor conhecerá um pou- co mais da história da Gastronomia Hospitalar, cuja finalidade primordial é “melhorar as características sensoriais das prepara- ções em todos os seus aspectos, promovendo nutrição e saúde, humanização e respeito ao paciente”. Em Nutrição no Esporte, o artigo traz uma interessante análise so- bre a rotulagem e a composição nutricional dos repositores hidro- eletrolíticos, utilizados principalmente por quem freqüenta acade- mias esportivas. O estudo identificou as soluções mais consumidas por praticantes de atividade física com a finalidade de hidratação, avaliou a conformidade de rotulagem das bebidas e verificou se a composição nutricional em relação a carboidratos e sódio condiz com a composição nutricional obrigatória dos produtos. Ainda nesta edição, o leitor poderá acompanhar, na seção Saúde Coletiva, um estudo realizado com estudantes eutró- ficos para avaliar o percentual de gordura corporal por meio da bioimpedância elétrica. A obesidade está relacionada ao percentual de gordura corporal, a qual tem sido um grande alvo de pesquisas nos últimos anos. A avaliação do Índice de Massa Corporal (IMC) é uma técnica que apresenta baixo custo e alta fidedignidade, portanto tem sido recomendada pela Organiza- ção Mundial da Saúde (OMS). Finalizando esta edição da revista Nutrição Profissional, o leitor conhecerá detalhes sobre a vida e carreira da nutricionista Elaine Martins Bento Mosquera, cujo Perfil nos revela sua total vocação para a área da nutrição. Nilce Barbosa Presidente do Grupo Racine e Coordenadora Técnico-Editorial da Revista Nutrição Profissional Novos Padrões Alimentares: Nutrição em Evolução A revista Nutrição Profissional é uma publicação técnico-científica aberta à colaboração de interessados em publicar artigos relacionados às seções, com enfoque na área de alimentação e nutrição. Artigos assinados devem ser enviados para o e-mail revista@racine.com.br. Todas as colaborações são avaliadas. 33 Ano VI Abril/Maio/Junho de 2011 Editorial Ano VI Abril/Maio/Junho de 2011 A revista Nutrição Profissional (ISSN 1808-7051) é uma publicação trimestral da RCN Comercial e Editora Ltda., dirigida a empresas e profissionais na área da nutrição. Presidente Nilce Barbosa Diretores Executivos Arnivaldo Dias Marco Quintão Renato Cintra Sérgio Slan Coordenação Técnico-Editorial Nilce Barbosa Editor André Policastro - MTb 42.774 Editora-Assistente e Jornalista Responsável Kelly Monteiro - MTb 06.447 Conselho Editorial Daniela Fagioli, Glaucia Figueiredo Braggion, Jose Peralta, Lísia de Melo Pires Kiehl, Marcia Nacif, Maria Carolina Gonçalves Dias, Nicole Cihlar Valente, Nilce Barbosa, Rita Maria Monteiro Goulart, Roselaine Maria Coelho de Oliveira, Sonia Tucunduva Philippi, Welliton Donizeti Popolim Colaboraram nesta edição Ana Carolina Almada Colucci Paternez, Elaine M. Bento Mosquera, Edeli Simioni de Abreu, Fernanda Seves, Isabela Rosier Olímpio Pereira, Larissa Lins, Marcia Nacif, Maria Carolina Gonçalves Dias, Natália Lopes Ladivez, Renata Maria Padovani, Rosana Farah Simony, Rose M. Feliciano Dias, Simone Valvassori, Tânia Maria Marsulo Franciozi, Viviane Oliveira Gimenez, Weruska Barrios e Yasmin Scaciotti Direção de Arte/ Projeto Gráfico Percepção Design Assinaturas e Correspondências Rua Padre Chico, 93, Pompéia CEP 05008-010 - São Paulo - SP Tel/Fax: (11) 3670-3499 E-mail: revista@racine.com.br Para Anunciar Tel./Fax: (11) 3670-3499 E-mail: revista@racine.com.br Artigos e matérias assinadas não refletem necessariamente a opinião da RCNComercial Editora Ltda. Crédito de foto: Arquivo Racine e divulgação. 33 Correspondências Filiada Errata O artigo Nutricionista e Fitoterapia Clínica, de autoria da nutricionista Sula de Camargo, publicado na seção Nutrição Clínica, na 32ª edição da Revista Nutrição Profissional, foi publicado com alguns erros de informação. O trecho a seguir traz as informações corretas fornecidas pela autora antes da publica- ção do artigo e no Portal Racine (www.racine.com.br) o leitor encontra o artigo, corrigido, na íntegra. “A partir da capacitação para prescrição o nutricionista poderá prescrever drogas vegetais, chás e fitoterápicos que não exijam prescrição médica. Em julho de 2010 o CRN3 havia emitido um Parecer orientando os profissionais a prescreverem drogas vegetais, desde que devidamente capacitados, que estivessem incluídas na relação de drogas vegetais para o preparo de infusões, decocções e mace- rações, notificadas junto a ANVISA e listadas no Anexo I da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 10 de 09 de março de 2010, que apresenta informações sobre o nome botânico, nome popular, parte utilizada, forma de utilização, posologia e modo de usar, via, uso, alegações, contra indicações, efeitos adversos, informações adicionais em embalagens e referências. E prescrever fitoterápicos desde que estivessem incluídos na Lista de Medicamentos de Registro Simplificado que consta no Anexo da Ins- trução Normativa (IN) n° 5 de 11 de dezembro de 2008, observando-se as características de utilização e vias de administração definidas e necessidade de prescrição médica. As Tabelas 1 e 2 apresentam as drogas vegetais e os fitoterápicos, entretanto, este Parecer foi suspenso recentemente e está sendo revisto pelo Conselho.” A autora acrescenta, ainda, que: “Há necessidade do conhecimento ampliado sobre as formas farma- cêuticas para melhor indicação de uso”. E que “A atuação do nutricionista não se resume à prescrição fitoterápica, vale relembrar que a prescrição é apenas uma ferramenta e não deve substituir todas as outras desenvolvidas e trabalhadas durante a graduação, pós-graduação e vivência profissional.” Envie-nos sua opinião sobre a revista Nutrição Profissional Envie suas críticas, sugestões e elogios sobre a revista Nutrição Profissional para o e-mail revista@racine.com.br Agradecemos as manifestações enviadas de: Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Alegre (ES) Centro Universitário Vila Velha (UVV), Vila Velha (ES) Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN), Dourados (MS) No artigo intitulado Cozinha da Nova Era: Técnica e Tecnologia, publicado na seção UAN, na 32ª edição da revista Nutrição Profissional, há um dado errado no Quadro 1 - Cook chill e sous vide. No quadro em que está escrito Resfriamento (<90°/+15°C), o correto é (<90°C /+3°C). Simone Valvassori é graduada em nutrição pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-CAMP) e especialista em liderança e gestão de pessoas pela K. Mind Liderança & Gestão, modelo organizacional Leadership Strategic Management (LSM). Possui 20 anos de experiência em diversos segmentos na área de alimentos, como controle de qualidade, desenvolvimento de produtos e processos de inovações tec- nológicas como sistemas cook chill e sous vide. Atualmente é consultora na gestão de negócios em alimentação e tecnologia. “Posso descrever a revista Nutrição Profissional, como um ingrediente que percorre os caminhos da nutrição, sempre abordando, em cada área, temas atuais que contribuem para o aperfeiçoamento profissional. A minha área de atuação está voltada para gestão de pro- cessos produtivos, novas técnicas e tecnologias, e gastrono- mia. Os profissionais da área da saúde devem estar sempre informados sobre o que acontece em outros segmentos, inclusive na área da nutrição e, por isso, parabenizo a revista por seguir as tendências do mercado e trazer informações importantes e atuais.” 08 Efeitos Gastrointestinais do Tratamento Quimioterápico em Pacientes Oncológicos 16 Terapia Nutricional em Gestantes Após Cirurgia Bariátrica 26 Planejamento Dietético e Tabelas de Composição de Alimentos 36 Ficha Técnica de Preparação: Estratégia para a Qualidade Nutricional em Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) 42 História e Evolução da Gastronomia Hospitalar 47 Análise da Rotulagem e da Composição Nutricional de Repositores Hidroeletrolíticos 54 Avaliação do Percentual de Gordura Corporal em Estudantes Eutróficos por Meio da Bioimpedância Elétrica (BIA) 60 64 Supra Soy e Previna® 65 Elaine Martins Bento Mosquera: Nutricionista por Vocação 66 Nutrição Clínica Nutrição Clínica Alimentação Coletiva UAN Gastronomia Nutrição no Esporte Saúde Coletiva Painel ASBRAN Produtos em Destaque Perfil Agenda Ín d ic e Eu L ei o a N P N u tr iç ão P ro fis si o n al 3 3 - A b ri l/ M ai o /J u n h o d e 20 11 Natália Lopes Ladivez e Ana Carolina Almada Colucci Paternez Efeitos Gastrointestinais do Tratamento Quimioterápico em Pacientes Oncológicos N u tr iç ão C lín ic a 8 N u tr iç ão P ro fis si o n al 3 3 - A b ri l/ M ai o /J u n h o d e 20 11 N u tr iç ão P ro fis si o n al 3 3 - A b ri l/ M ai o /J u n h o d e 20 11 N u tr iç ão C lín ic a 9 Introdução As neoplasias são um problema de saúde pública em todo mundo e atingem países desenvolvidos e países em desenvolvimento. Em 2009, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) publicou dados da estimativa da incidência de câncer no Brasil no ano de 2011, segundo a qual poderá haver aproxi- madamente 500 mil novos casos de câncer entre homens e mulheres. Após o diagnóstico, inicia-se o tratamento que consiste, na maioria dos casos, em remoção cirúr- gica associada à radioterapia e à quimioterapia. Dentre as terapêuticas utilizadas no combate ao câncer destaca-se a quimioterapia antineoplásica, terapia que utiliza substâncias químicas isoladas ou combinadas que afetam, em sua maioria, as cé- lulas em divisão celular, ou seja, trata-se de agentes antiproliferativos, não exercendo efeito inibitório específico algum sobre a perda da diferenciação celular, a capacidade de invasão e de metástase das células modificadas. Apesar da sua eficácia, os quimioterápicos apre- sentam diversos efeitos colaterais e embora esses efeitos estejam diretamente relacionados à substância específica utilizada e à via de adminis- tração, há reações adversas comuns na maioria dos agentes citotóxicos, destacando no aspecto nutricional a toxicidade hematológica e no trato gastrointestinal. Efeitos gastrointestinais e nutrição Segundo Pollock (2006), entre os efeitos cola- terais apresentados, apenas as mielotoxicidades (toxicidade no sistema hematológico) e as reações gastrointestinais estão diretamente relacionada ao tratamento do câncer, além de comprometerem o estado nutricional do paciente submetido ao tratamento. Ulsenheimer e col. (2007) destacam que um fator relevante na avaliação nutricional dos pacientes com neoplasias malignas é o relato de efeitos que podem alterar e prejudicar a ingestão alimentar. No estudo de Dias e col. (2006) foram identi- ficados 70% dos pacientes com algum sintoma gastrointestinal, assemelhando-se aos resultados encontrados por Ulsenheimer e col. (2007) que verificaram o perfil nutricional dos pacientes oncológicos durante o tratamento com antineo- plásicos e identificaram que 78% dos indivíduos avaliados apresentaram alterações gastrointesti- nais, sendo que 50% perderam peso durante o tratamento.Diversos estudos avaliam os efeitos colaterais gastrointestinais do tratamento antineoplásico, entre eles o estudo de Ferreira e col. (2008), que identificou a náusea como o sintoma mais freqüente entre os pacientes submetidos ao tratamento (12%), seguido da anorexia e fadiga, atingindo aproximadamente 9% dos indivíduos. Kennedy e Diamond (1997) apontaram a mucosi- te oral como principal efeito colateral, associada à xerostomia. A xerostomia (secura na boca) é consequência da interferência dos antineoplásicos no ciclo ce- lular das células mucosas, alterando sua integri- dade, modificando sua microbiota oral protetora, quantidade e composição salivar e maturação epitelial. Esta condição contribui para o desen- volvimento de lesões na boca e na garganta e a produção de cáries dentárias. As toxicidades gastrointestinais do tratamento quimioterápico podem resultar em um quadro de anorexia-caquexia, apresentando uma incidência de 30% a 50% dos pacientes submetidos à terapêu- tica com agentes antineoplásicos. A anorexia-caquexia é uma síndrome que consis- te em perda de apetite, saciedade precoce ou a combinação de ambas, perda tecidual, atrofia da musculatura esquelética, miopatia, perda de tecido gorduroso e atrofia de órgãos viscerais. De acordo com Silva (2006), a desnutrição apre- sentada pelos pacientes em tratamento quimio- terápico está associada à insatisfação da resposta ao tratamento, ao aumento no tempo da hospita- lização e à pior qualidade de vida, aumentando o risco de complicações no quadro geral do indiví- duo portador das neoplasias malignas. N u tr iç ão C lín ic a 10 Os pacientes com câncer apresentam durante o tratamento uma menor ingestão de alimentos, destacando-se o consumo insuficiente de alimen- tos protéicos. Isso ocorre devido à alteração no paladar (disgeusia) ocasionada pela ação dos quimioterápicos nas papilas gustativas, criando uma aversão a alimentos protéicos. Essa alteração também pode manifestar-se por sabor metálico nos alimentos, principalmente nas carnes vermelhas. A alteração no paladar ou cegueira gustativa é definida como desinteresse e aversão pelos alimentos adquirida pelo efeito dos quimioterá- picos no funcionamento das células sensórias do paladar, em que o processo de renovação celular e sinapses entre essas células e fibras nervosas são diminuídos durante o período em que o fármaco permanece ativo no organismo. Ao analisar a interferência dos sintomas gastroin- testinais no estado nutricional, Dias e col. (2006) identificaram uma diminuição na ingestão alimentar em 50% dos indivíduos submetidos à quimioterapia sendo que, dentre esses pacientes, 60% apresentaram alteração no paladar. Ferreira e col. (2008) observaram a ocorrência da disgeusia em 61,5% dos pacientes em tratamento com medicamentos antineoplásicos, apresen- tando os sintomas nas primeiras 12 horas após a N u tr iç ão P ro fis si o n al 3 3 - A b ri l/ M ai o /J u n h o d e 20 11 N u tr iç ão C lín ic a 11 N u tr iç ão P ro fis si o n al 3 3 - A b ri l/ M ai o /J u n h o d e 20 11 administração dos fármacos, permanecendo em 50% deles até a terceira semana e os demais apresentavam esse sintoma mais que quatro semanas após a infusão dos medicamentos, havendo intolerância à carne bovina após o tratamento em 54% dos pacientes que apresen- taram disgeusia. Entretanto, alguns estudos apontam como causa da disgeusia a deficiência de zinco ocasio- nada pelo próprio efeito catabólico do câncer, pois o zinco é componente da gustina, uma proteína envolvida com o paladar e, durante sua deficiência, podem ocorrer alterações nas respostas do nervo corda do tímpano. Para verificar a eficiência do zinco em relação às sensações do paladar, Ripamonti e col. (1998) avaliaram os efeitos desse oligoelemento em um ensaio clínico randomizado com indivíduos portadores de disgeusia após efeito da quimio- terapia e radioterapia, e observaram melhor acuidade e recuperação mais rápida nos pacientes suplementados com o mineral em relação aos indivíduos submetidos ao mesmo tratamento, porém sem suplementação. As aversões alimentares adquiridas nos pacien- tes com câncer resultam da associação entre mal-estar, que ocorre como efeito do tratamen- to com antineoplásico, e o sabor do alimento simultaneamente consumido. Segundo Holmes (1993) ao avaliar a intolerân- cia alimentar após o início da quimioterapia em 72 pacientes, 82% desenvolveram aversão alimentar, sendo os alimentos mais frequente- mente citados o chá, o café, a carne bovina e o chocolate. A aversão à carne bovina também foi descrita no estudo de Mattes e col. (1992), que identificaram a aversão a esse alimento em 26,4% dos pacientes. Com o mesmo objetivo de identificar aversões alimentares em pacientes submetidos ao trata- mento quimioterápico, Grindel e col. (1993), não encontraram resultados significantes em relação à aversão alimentar da carne bovina apesar dos pacientes relatarem modificações em seu sabor. N u tr iç ão C lín ic a 12 N u tr iç ão P ro fis si o n al 3 3 - A b ri l/ M ai o /J u n h o d e 20 11 Smith e col (2008) identificaram que as aversões ali- mentares mais comuns na população estudada eram as carnes em geral, os peixes, as preparações fritas e os alimentos com sabor e aroma intensos, apon- tando também uma maior prevalência significativa de perda de peso nos pacientes que apresentaram aversões alimentares. Em trabalho realizado no ano de 2007 com o obje- tivo de avaliar o impacto do tratamento quimioterá- pico no estado nutricional e no comportamento ali- mentar de pacientes diagnosticados com neoplasia mamária e as consequências na qualidade de vida, Verde destacou que as aversões alimentares adqui- ridas durante a terapêutica das neoplasias apresen- tam uma significante implicação nutricional, e a ausência de alguns alimentos pode afetar o estado nutricional e a qualidade de vida dos pacientes. Considerando que a aversão a carnes, especialmen- te carne bovina, é muito frequente em pacientes oncológicos submetidos a tratamento quimioterá- pico, o aumento no consumo deste alimento pode impactar diretamente no estado nutricional do paciente, colaborando com a sua recuperação e a resposta ao tratamento. Hong e col. (2009) ao realizarem uma revisão com o objetivo de proporcionar mais adequada compre- ensão da alteração de paladar em pacientes onco- lógicos identificaram que a percepção do paladar é indispensável para motivar o consumo alimentar. Para uma melhora na ingestão de carnes, Silva e col. (2007) recomendam prepará-las no forno ou grelha- das, com molhos do tipo bechamel ou com queijos e temperá-las com suco de laranja ou limão. Escott- Stump (1999) sugere ainda que acentuar a cor e o aroma dos alimentos colabora para a sua aceitação, podendo-se utilizar molhos com hortelã e azeitona adicionados às carnes bovinas. A consistência dos alimentos também pode contri- buir para o aumento ou a diminuição do seu consu- mo, considerando-se outros efeitos gastrointestinais da quimioterapia como a xerostomia e a mucosite. Coelho e col. (2004) identificaram uma preferência de 25% na consistência branda das dietas. A abordagem inicial do paciente oncológico deve sem- pre incluir a via oral. O aconselhamento dietético deve ser individualizado e adaptado às necessidades nutri- cionais do paciente, as quais dependem da idade e do sexo do paciente, do estado nutricional, do tipo de câncer e da terapia antineoplásica prescrita. Deve-se, ainda, avaliar a necessidade de oferta de suplementosorais com o intuito de aumentar a ingestão energética e prevenir a perda de peso e a interrupção da terapia. Nos casos em que a ingestão dietética é menor que 60% das necessidades nutricionais por mais de dez dias, a terapia nutricional deve ser iniciada. Considerando os múltiplos efeitos colaterais de- correntes da terapia antineoplásica, torna-se in- dispensável a atuação do nutricionista no sentido de identificar precocemente a presença de efeitos colaterais relacionados ao trato digestório e, sobre- tudo, orientar adequadamente os pacientes. Tal conduta visa favorecer a adequada aceitação da dieta contribuindo para a manutenção e a recuperação do estado nutricional destes indivíduos. O Quadro 1 apresenta, resumidamente, sugestões de conduta nutricional para minimizar os efeitos colate- rais mais comuns da terapia antineoplásica. NP 13 Quadro 1 - Conduta nutricional para minimizar os efeitos colaterais mais comuns da terapia antineoplásica Efeito colateral Conduta nutricional Disgeusia Acentuar a cor, o aroma e a textura dos alimentos, utilizando molhos e ervas; Evitar alimentos muito frios ou muito quentes; Substituir alimentos pouco tolerados por outros de maior preferência; Oferecer alimentos úmidos e de consistência branda. Anorexia Aumentar o fracionamento das refeições; Proporcionar ocasiões agradáveis de refeição (propor mudanças no horário e ambiente de realização das refeições); Aumentar a densidade energética das preparações; Variar o cardápio, inserindo preparações coloridas, de diferentes sabores e texturas. Odinofagia, mucosite, estomatite Evitar alimentos irritantes, tais como: frutas cítricas (laranja, mexerica, limão), alimentos condimentados ou salgados, alimentos duros, ásperos ou secos (torradas, biscoitos); Evitar alimentos muito frios ou muito quentes; Encaminhar à consulta de enfermagem ou odontológica para orientação de técnicas de higiene oral. Xerostomia Aumentar a quantidade e a frequência de ingestão de líquidos; Estimular o consumo de balas, gomas de mascar ou picolés sem açúcar; Avaliar a necessidade de uso de saliva artificial; Aumentar a oferta de molhos, caldos e sopas de vários tipos para umedecer os alimentos e facilitar a deglutição. Náuseas e vômitos Aumentar o fracionamento das refeições; Evitar o consumo de líquidos durante as refeições; Evitar alimentos gordurosos, excessivamente doces, condimentados ou picantes e com odores acentuados. Diarréia Aumentar a ingestão de líquidos para evitar a desidratação; Utilizar com moderação o leite e seus derivados de acordo com a tolerância individual; Aumentar a oferta de alimentos ricos em fibra solúvel. Constipação intestinal Aumentar a ingestão de líquidos, dando preferência aos sucos laxativos; Aumentar a ingestão de alimentos ricos em fibras, principalmente insolúveis. Fonte: Adaptado de Darbinian e Coulstom, 1990; Arends e col., 2006; Alves e col., 2009. N u tr iç ão C lín ic a N u tr iç ão P ro fis si o n al 3 3 - A b ri l/ M ai o /J u n h o d e 20 11 14 N u tr iç ão C lín ic a Currículos Natália Lopes Ladivez é graduada em nutrição pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). Ana Carolina Almada Colucci Paternez é graduada em nutrição, mestre e doutora em saúde pública pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP). Atualmente é docente do curso de nutrição da USCS e da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM). N u tr iç ão P ro fis si o n al 3 3 - A b ri l/ M ai o /J u n h o d e 20 11 Referências Bibliográficas Alves CC, Waitzberg DL, Sala PC, Rodrigues LSR. Terapia nutricional no câncer. In: Waitzberg DL. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. 4ª ed. São Paulo: Editora Atheneu; 2009. p. 1805-34 Arends J, Bodoky G, Bozzetti F, Fearon K, Muscaritoli M, Selga G e col. ESPEN Guidelines on Enteral Nutrition: Non surgical oncology. Clin Nutr 2006; 25 (2): 245-59. Beteretche MV, Dalix AM, Cesar d’Onaro AM, Bellisle F, Khayat D, Faurion A. Decreased taste sensitivity in cancer patients under chemotherapy. Support Care Cancer. 2004; 12: 571-576. Coelho SC, Novaes ACA, França MFF, Santos AF, Lamas MM. Avalia- ção da Ingestão Energética e Protéica de Pacientes Oncológicos. Rev Bras Nutr Clin. 2004; 19: 165-169. Darbinian JA, Coulston AM. Impact of radiation therapy on the nutrition status of the cancer patient: acute and chronic compli- cations. In: Bloch AS. 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Impacto do tratamento quimioterápico no estado nutricional e no comportamento alimentar de pacientes com neoplasia mamária e suas consequências na qualidade de vida [dissertação de mestrado]. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da USP; 2007.N u tr iç ão C lín ic a Maria Carolina Gonçalves Dias Terapia Nutricional em Gestantes Após Cirurgia Bariátrica N u tr iç ão P ro fis si o n al 3 3 - A b ri l/ M ai o /J u n h o d e 20 11 16 N u tr iç ão C lín ic a Introdução O impacto do estado nutricional materno no desenvolvimento da gestação é a chave para influenciar a saúde materna e do concepto, sendo que as diversas alterações que ocorrem durante a gestação, dentre elas as modificações anatô- micas, o desenvolvimento da pla- centa, as modificações fisiológicas e metabólicas requerem um adequa- do estado nutricional, com terapia nutricional especializada. A glicose é o principal substrato energético para o feto, e, com o avanço da gravidez, um modesto estado de resistência à insulina se desenvolve mantendo concentra- ções plasmáticas que favoreçam a difusão na placenta. No jejum, os depósitos de glicogênio hepático materno são mobilizados, aumen- tando a oferta de glicose pelo fíga- do. Após a alimentação, os níveis glicêmicos permanecem elevados por períodos mais prolongados, caracterizando relativa intolerân- cia à glicose. O metabolismo das gorduras apre- senta ajustes maiores no final da gravidez no sentido de permitir ao organismo materno utilizar lipí- dios armazenados na manutenção das necessidades energéticas no estado pós-absortivo. Isso minimiza o catabolismo protéico e preserva a glicose e os aminoácidos para o feto. A mobilização dos depósitos de gordura do tecido adiposo é estimulada, aumentando os níveis plasmáticos de ácidos graxos livres e de glicerol. No fígado, os ácidos graxos livres são convertidos em triglicérides e retornam à circula- ção na forma de lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDLs). O glicerol é o principal substrato para a gliconeogênese, conservando aminoácidos para o feto. Ocorre leve redução (cerca de 10%) na oxidação dos aminoá- cidos durante a gestação. Como resultado da redução na oxidação dos aminoácidos, a síntese de uréia encontra-se reduzida, e os níveis plasmáticos e urinários da uréia nitrogenada declinam, con- tribuindo para o balanço positivo de nitrogênio mensurado no final da gravidez. Da maioria dos pacientes que se submetem à cirurgia bariátrica, 75 a 80% são mulheres em idade fértil e, após a cirurgia verifica-se melho- ra significativa na fertilidade, favo- recendo a ocorrência da gravidez. Risco materno e obesidade Estudos de corte sugerem que a obesidade pré-gestacional aumenta significativamente o risco de morte neonatal, entretanto, reduz risco de neonatos pequenos para idade ges- tacional (PIG), sendo que ambos os resultados não sofreram influên- cia quando analisado o ganho de peso gestacional. O risco de parto prematuro possui associação com a obesidade em gestantes nulípa- ras, enquanto que entre gestantes multíparas, este risco está associado com o baixo peso pré-gestacional (2B). Também se encontrou que a obesidade materna aumenta em duas vezes o risco natimorto e morte neonatal, em três vezes o risco de pré-eclâmpsia em gestantes obesas e em sete vezes em gestantes com obesidade mórbida (2B). O risco de pré-eclampsia dobra a cada aumento de 5 a 7 kg/m² no IMC pré-gestacional (2A). Esta relação persiste quando excluídas gestantes com hipertensão crônica, diabetes mellitus, e gestações múltiplas e após ajuste para outras variáveis. Demonstrou-se também que mulheres que excedem a recomen- dação de ganho de peso do IOM apresentaram três vezes mais risco de macrossomia e 1,5 vezes mais risco de hipoglicemia ou hiper- bilirrubimenia neonatal, além de aumentar significativamente o risco de parto cesárea e outras complica- ções para mãe e para o neonato. O ganho de peso excessivo também pode aumentar o risco de obesi- dade infantil, independente do IMC dos pais, tolerância materna à glicose, duração do aleitamento materno, crescimentos fetal e in- fantil e comportamento da criança (como consumo de fast-foods, açúca- res e sedentarismo) (2B). Devido às complicações associadas à obesidade materna é desejável que a mulher programe a gesta- N u tr iç ão P ro fis si o n al 3 3 - A b ri l/ M ai o /J u n h o d e 20 11 17 18 N u tr iç ão C lín ic a N u tr iç ão P ro fis si o n al 3 3 - A b ri l/ M ai o /J u n h o d e 20 11 ção, sendo desejável que seu IMC esteja na faixa recomendada para se obter um adequado resultado materno e perinatal. A orienta- ção nutricional é de fundamen- tal importância para minimizar riscos associados. Dias et.al. 2006, em estudo que acompanhou por um ano 40 mulheres pós gastroplastia com anastomose gastrojejunal em Y de Roux mostrou que o risco para desnutrição pós-operatória ficou demonstrado até um ano e a me- lhora espontânea da ingestão de alimentos revelou-se lenta e inefi- ciente indicando que protocolos específicos deveriam ser elabora- dos visando melhorar a nutrição e a saúde na fase pós-operatória, até que se verifique uma adaptação dietética satisfatória. Estudo de Gasteyger et.al. mostrou que neste tipo de cirurgia as deficiências nutricionais são muito comuns e ocorrem apesar da suplementação com esquema padrão de micro- nutrientes, indicando seguimento no pós-operatório para identificar e tratar estas deficiências. Guelin- ckx et.al. coloca sobre o desafio de desenvolver guias para promo- ção de ganho de peso adequado e estilo de vida saudável em gestan- tes com sobrepeso e obesidade, pois o ganho de peso geralmente é superior a recomendação do Instituto de Medicina, o que pode ser explicado por seguimento de dieta desequilibrada aliada a falta de atividade física. Dados da literatura apontam que, comparando-se gestações de pacientes obesas mórbidas antes da gastroplastia e após a perda de peso induzida pela cirurgia, encontra-se redução significativa na necessidade de cesárea, inci- dência de macrossomia e diabete gestacional. Para combater as complicações reprodutivas da obesidade, o Co- légio Americano de Ginecologia e Obstetrícia (ACOG) defende prioridade para perda de peso anterior a gravidez e relaciona a cirurgia bariátrica como promessa preliminar no tratamento da obe- sidade no período pré-gestacional. O planejamento da gravidez é particularmente importante para pacientes previamente submetidas a gastroplastia. Não se recomenda gravidez no período inferior a 12 meses subseqüentes à cirurgia, pois neste período a perda de peso é mais intensa e não houve adaptação do organismo à nova situação. Abodeely et al. coloca que a maioria dos estudos mostra gestações bem sucedidas após um ano de pós-operatório, entretanto ainda não está claro quanto ao período ideal. Efeitos da cirurgia bariátrica na gravidez e alterações nutricionais A preocupação com a mulher em idade fértil submetida à cirur- gia bariátrica deve preceder ou coincidir com a concepção. Ao primeiro sinal de atraso menstru- al, deve ser iniciada a interven- ção nutricional apropriada. A deficiência na ingestão de micronutrientes pode ocorrer, pois o jejuno proximal é o local em que estes são habitualmente absorvidos, sendo comum a de- ficiência de ferro, vitamina B12, folatos e cálcio. A absorção do ferro é prejudica- da tanto pelas alterações anatô- micas que dificultam a ingestão de carne como pela redução na acidez gástrica. É recomendada a reposição de ferro (50 a 100 mg de ferro elementar por dia) após qualquer cirurgia bariátrica, principalmente nas disabsorti- vas. Na gravidezrecomenda-se a suplementação de 60 mg/dia de ferro elementar desde o início da gestação. Quando diagnosticada a anemia, está indicado o uso terapêutico do ferro. Estudo de Dias et.al. acompa- nhou 14 gestantes que realiza- ram gastroplastia vertical com bandagem e derivação gástrica em Y de Roux (Fobi-Capella) e engravidaram entre um a 57 me- ses após procedimento cirúrgi- co, sendo duas delas gemelares. Quanto ao procedimento cirúr- gico obstétrico, 64% realizaram parto cesárea. A redução do IMC após gastroplastia foi de 28,3%, entretanto ainda se mantiveram na faixa de obesidade e obesida- de mórbida. Houve baixa inges- tão protéica, mas não mostrou interferência no ganho ponderal adequado dos recém-nascidos e a suplementação de vitaminas e minerais foi um adjuvante para o adequado peso dos mesmos. Em relação às complicações neonatais e obstétricas após gastroplastia com anastomose gastrojejunal em Y de Roux demonstraram ser similares à população geral obstétrica. Faintuch et. al. 2009 mostraram neste mesmo grupo que a in- gestão de cálcio e vitamina B12 não atingiram a recomendação, somente o ácido fólico, sendo 19 N u tr iç ão C lín ic a N u tr iç ão P ro fis si o n al 3 3 - A b ri l/ M ai o /J u n h o d e 20 11 que a anemia não foi totalmente eliminada apesar da orientação dietética e suplementação da mesma. Maggard et.al. relatam que as deficiências nutricio- nais são atribuídas a não adesão à suplementação de vitaminas e minerais. A deficiência de B12 (cianocobalamina) é menos comum que a de ferro e ocorre com mais freqüên- cia após cirurgias disabsortivas. Recomenda-se que seja realizada a reposição de vitamina B12 (ciano- cobalamina 1000 microgramas) por via intramuscu- lar, a cada três meses. Para pacientes que demons- tram não aderência à reposição de vitaminas após a gastroplastia, principalmente no período prévio à gestação, a dosagem dos níveis séricos da vitamina B12 pode confirmar a deficiência, sendo indicado o tratamento terapêutico específico. Alimentos fontes de ácido fólico incluem: feijão, lentilha, grão de bico e espinafre. Entretanto, pelas dificuldades na ingestão desses alimentos após a cirurgia, recomenda-se a suplementação pré-con- cepcional e pré-natal de ácido fólico, na dose de pelo menos 1 mg por dia, suficiente para a manu- tenção dos níveis séricos na prevenção dos defeitos do tubo neural. A deficiência de cálcio é comum no pós-operatório das cirurgias disabsortivas, pois a absorção deste mineral é realizada principalmente no duodeno. A prevenção da deficiência de cálcio é realizada pela suplementação diária deste mineral na dose de 1000 a 1500 mg/dia. Complicações da cirurgia bariátrica durante a gestação Os vômitos podem ser causados pela ingestão excessiva de alimentos ou pela mastigação ina- dequada, o que fornece um volume que o novo estômago não suporta, podendo haver diminuição dos níveis séricos de potássio e magnésio, sendo necessária a reposição dos mesmos. Vômitos persistentes podem provocar desequilíbrio de eletrólitos e desnutrição. Gestantes com a banda gástrica ajustável e hiperêmese gravídica podem necessitar de reajustes na banda para a redução na freqüência dos episódios de vômitos. N u tr iç ão C lín ic a 20 N u tr iç ão P ro fis si o n al 3 3 - A b ri l/ M ai o /J u n h o d e 20 11 A gestante, como outros pacientes operados, podem apresentar vômitos devido a suboclusão do tubo digestivo causadas por aderência, hérnia interna ou deslocamento do anel. Apesar de haver somente nove casos documentados na literatura de oclusão intestinal na gestação após cirurgia bariá- trica, esta é uma complicação de alta morbidade. Mulheres gestantes possuem risco aumentando de obstrução intestinal secundária ao aumento da pressão abdominal associada à gravidez. As complicações na bandagem gástrica são menos comuns por ser uma cirurgia puramente restritiva e regulável, com menor índice de deficiência de vitaminas e de minerais, entretanto pode ocorrer migração de banda para dentro do estômago ou dificuldades no mecanismo de ajuste. A Diabetes Melittus Gestacional (DMG) é comum em gestantes obesas, porém seu rastreamento deve ser realizado com cautela nas gestantes. A utilização do teste de tolerância à glicose oral (100g) nessas gestantes após cirurgia bariátrica pode trazer com- plicações quando a paciente apresenta antecedente da Síndrome de Dumping. No caso de história prévia de intolerância à ingestão de alimentos concentrados em açúcar, não se reco- menda a utilização do TTGO 100g na investigação de diabetes gestacional. Recomenda-se o seguimen- to mensal da glicemia materna, bem como o perfil glicêmico com glicemias pós-prandiais. Orientações nutricionais A gravidez em relação aos indicadores antropo- métricos é única em diversos aspectos, pois o período de observação é relativamente breve e os índices antropométricos mudam rapidamen- te, além de refletir, simultaneamente, o estado nutricional da mulher, a maneira como ela está respondendo às demandas fisiológicas da ges- tação e do feto determinando indiretamente o crescimento fetal. Em 2005, foi recomendado pelo Ministério da Saúde (Pré-Natal e Puerpério - Manual Técnico) a utilização do método do IMC por idade gestacional segundo Atalah conforme descrito no Gráfico 1. Gráfico 1 - Curva de Índice de Massa Corporal de acordo com a semana de gestação - Curva de Atalah (1997) Fonte: Institute of medicine. Nutrition during pregnancy. Washington DC. National Academy Press, 1990. World health organization. Infants and children. 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As orientações nutricionais visam a compreen- são das dificuldades pela redução do volume gástrico, bem como a necessidade de ingerir alimentos de elevado teor nutritivo. A dieta deve ser fracionada, de alto teor protéico, res- peitando o horário das refeições. Recomenda-se que a alimentação seja realizada devagar, com duração aproximada de 40 minutos, promoven- do adequada mastigação dos alimentos, sem a ingestão de líquidos com a refeição. Deve-se reduzir o uso de óleo e de temperos industriali- zados no preparo dos alimentos. Dias et.al. em estudo com 14 gestantes pós cirurgia bariátrica, utilizou a recomendação de 15 a 25 kcal/kg/peso com objetivo de ganho ponderal de até 7 a 9,1 kg para gestantes adultas com IMC maior que 29 kg/m2 segundo o IOM conforme descrito na Tabela 1. Deve-se atentar para a inclusão mínima de 60 g proteína/dia. A oferta energética também pode ser ajustada baseada no monitoramento freqüente de parâ- metros metabólicos maternos, no ganho de peso e no desenvolvimento fetal avaliado por exames de ultra-sonografia. As refeiçõesprincipais devem conter proteína animal em maior quantidade (principalmente carne vermelha por possuir maior concentração de ferro). A ingestão de carne moída é mais fácil e pode ser aumentada junto com legumes ou verduras. A amamentação é estimulada, entretanto é possí- vel que o recém-nascido apresente alguma defici- N u tr iç ão C lín ic a 23 N u tr iç ão P ro fis si o n al 3 3 - A b ri l/ M ai o /J u n h o d e 20 11 Tabela 1 - Valores de IMC pré-gestacional em Kg/m2, estado nutricional, ganho ponderal gestacional no 2° e 3° trimestres, ganho ponderal gestacional total IMC Em Kg/m2 Estado nutricional Ganho de peso semanal, (Kg/semana) no 2º e 3º trimestre Ganho ponderal total (Kg) < 18,5 Baixo peso 0,5 12,5 - 18 18,5 - 24,9 Eutrofia 0,4 11,5 - 16 25 29,9 Sobrepeso 0,3 7 - 11,5 > 30 Obesidade (inclui todas as classes) 0,2 5 - 9 Fonte: Institute of Medicine (IOM). Weight Gain During Pregnancy: Reexamining the Guidelines, 2009. ência nutricional, principalmente em relação à vitamina B12, mesmo em pacientes assintomáticas. O acompanhamento da gestação deve ser mais freqüente e cuida- doso, com atenção especial para o estado nutricional da mãe. A suplementação de ferro, de vitami- nas e de proteínas via oral é impres- cindível, sendo acompanhada, por exemplo, de exame de sangue. Em alguns casos a nutrição parenteral é necessária, assim como o ferro parenteral. Considerações finais O acompanhamento nutricional em equipe multiprofissional pode prevenir os riscos de complicações por deficiências de nutrientes. A suplementação de vitaminas e de minerais, em especial ferro, cálcio, vitamina B12 e ácido fólico devem ser monitoradas. O aleitamento materno não é contra indicado, devendo ser estimulado, entre- tanto especial atenção deve ser oferecida a deficiência de vitamina B12 materna. NP Currículo Maria Carolina Gonçalves Dias é graduada em nutrição pela Universidade do Sagrado Coração de Jesus (USC), especialista em nutrição parenteral e enteral pela Sociedade Brasileira de Nutrição Enteral e Parenteral (SBNPE), especialista em nutrição clínica pela Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN), especialista em administração hospitalar pelo Instituto de Pesquisas Hospitalares (IPH), e mestre em nutrição humana pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente é nutricionista chefe da Divisão de Nutrição e Dietética do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IC-HCFMUSP) e coordenadora administrativa da equipe multi- profissional de Terapia Nutricional do Hospital das Clínicas (EMTN-HC). Referências Bibliográficas Dias MCG & Catalani LA. Gravidez não complicada. In: Waitzberg DL.Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica..Ed. Atheneu: 1129-1150 . 4° ed 2009 Dias MCG, Catalani LA, Nomura RMY, Zugaib M. 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N u tr iç ão C lín ic a 24 N u tr iç ão P ro fis si o n al 3 3 - A b ri l/ M ai o /J u n h o d e 20 11 Renata Maria Padovani Planejamento Dietético e Tabelas de Composição de Alimentos A lim en ta çã o C o le ti va 26 N u tr iç ão P ro fis si o n al 3 3 - A b ri l/ M ai o /J u n h o d e 20 11 A lim en ta çã o C o le ti va 27 N u tr iç ão P ro fis si o n al 3 3 - A b ri l/ M ai o /J u n h o d e 20 11 disponibilidade de informações sobre a com- posição de alimentos é determinante para a avaliação da ingestão de nutrientes de indi- víduos e populações, para o desenvolvimento de políticas de alimentação e de nutrição, educação nutricional e elaboração de guias alimentares que levem à prática de consumo de uma alimentação saudável. Uma tabela de composição de alimentos é um valioso instrumento para os epidemiologis- tas que estudam a relação entre dietas e riscos de doenças e para profissionais que desenvolvem o cuidado nutricional para indivíduos enfermos. A grande diversidade de alimentos consumidos nas diferentes regiões do Brasil torna imperativo o estudo da sua composição para assegurar ações de orientação nutricional baseadas em princípios de desenvolvimento local que garantam a diversidade da alimentação ¹. A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) e a Universidade das Nações Unidas (UNU) apontam a necessidade de se contar com informações sobre a composição de alimentos atualizada, confiável e adequada para os países da América Latina ². O estudo da composição de alimentos começou a se desenhar há séculos. Embora a origem da quí- mica dos alimentos se encontre na antiguidade, as descobertas mais significativas começaram no final do século XVIII ³. Lavoisier, em 1780, demonstrou a natureza da combustão e entendeu o processo de produção de energia em relação ao alimento 4, 5 (apud Bistriche Giuntini, Lajolo, Menezes, 2006 6). O cientista baseou-se em estudos preliminares desenvol- vidos anteriormente, como o de Robert Hooke, em 1665, sobre a teoria da combustão, o da descoberta do oxigênio (Scheele, na Suécia e Priestley, na Ingla- terra), o de Cavendish que identificou o hidrogênio em 1766 e o de Black, da Universidade de Glasgow, que descobriu a formação de gás carbônico na respi- ração em 1757 6. Durante o período de 1780-1850, um número de cientistas famosos fez descobertas que se relacio- naram direta ou indiretamente com a química dos alimentos. Nos trabalhos de Scheele, de Lavoisier, de Saussure, de Gay-Lussac, de Thenard, de Davy, de Berzelius, de Thomson, de Beaumont e de Liebig observam-se as origens da química moderna dos alimentos ³. Os primeiros impulsos efetivos para a investigação sistemática da química de alimentos foram realiza- dos por Liebig na década de 1940 do século XIX. As primeiras análises de alimentos aconteceram na Eu- ropa, especificamente nos laboratórios alemães. No entanto, no final do século XIX, em 1896, Atwater e Woods publicaram a primeira tabela americana: The Chemical Composition of American Food, mate- rial do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos da América (United States Department of Agriculture - USDA). A tabela de 1896 incluiu o teor de água, proteína, gordura, carboidratos, cinzas e energia de 2572 itens alimentares 7. A versão mais recente da tabela americana contém até 146 componentes em 7.636 itens alimentares 8. Embora não haja informações sobre a origem dos dados, a FAO 9, em 1949, citou em uma publicação uma tabela de Alimentos Brasileiros do Serviço de Alimentação da Previdência Social que teria sido publicada em 1948. Assim, esta seria a primeira tabela brasileira. Em 1951, a tabela de composição química dos alimentos de Guilherme Franco 10 foi publicada e é, ainda hoje, utilizada. No entanto, nunca foi atualizada. Entre 1974 e 1975, o Instituto Brasileiro de Geogra- fia e Estatística (IBGE) realizou o Estudo Nacional da Despesa Familiar (ENDEF) que consistiu em um levantamento junto a 55 mil domicílios brasileiros, em todo o território nacional, sobre a despesa fami- liar e o consumo alimentar. Esta pesquisa revelou a enorme diversidade de alimentos consumidos pela população brasileira e a necessidade de se elaborar uma tabela de composição de alimentos que aten- desse a um dos objetivos do ENDEF: conhecer a ingestão de nutrientes da população. Consideran- do-se que os dados disponíveis na época a respeito da composição dos alimentos não viabilizavam tal conhecimento, elaborou-se a tabela do IBGE que, publicada em 1977, baseou-se em dados da literatura nacionais e internacionais 11. A tabela traz informa- ções nutricionais baseadas em publicações e meto- dologias das décadas de 1960 e 1970. A A lim en ta çã o C o le ti va 28 N u tr iç ão P ro fis si o n al 3 3 - A b ri l/ M ai o /J u n h o d e 20 11 Em 1995, Mendez et al. 12 publicaram uma tabela de composição de alimentos. Nesta tabela, editada pela Universidade Federal Fluminense (UFF), a fibra insolúvel foi obtida com solução detergente (ácido e neutro) e a fibra solúvel por método que determi- na parte da pectina, dessa forma, os dados de fibra podem estar subestimados 6. Em 1998, a Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF/USP) lançou a primeira tabela da América Latina a ser dispo- nibilizada pela internet. A tabela adota padrões do International Network of Food Data Systems (INFOODS) e é ligada à Universidade das Na- ções Unidas (UNU), à FAO e ao LATINFOODS. A Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TBCA-USP), pertence à Rede Brasileira de Dados de Composição de Alimentos (BRASILFOODS) 6. A alimentação do banco de dados ocorre, princi- palmente, por meio do levantamento de informa- ções sobre alimentos nacionais em publicações, teses, informações internas de laboratórios gover- namentais e privados, e indústrias de alimentos, para posterior avaliação e compilação. Simulta- neamente, os valores de determinados nutrientes têm sido produzidos no Departamento de Alimen- tos e Nutrição Experimental da USP e em outras unidades. Os dados sobre carotenóides foram produzidos na USP e na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) 13. A TBCA-USP traz dados de composição centesimal de 1205 alimentos, carboidratos por fração em 112 alimentos, fibras em 194 alimentos, teor de amido resistente em 128 alimentos, resposta glicêmica em 41 alimentos, vitamina A e carotenóides em 290 ali- mentos e ácidos graxos e colesterol em 119 alimen- tos. Importante ressaltar que a FCF/USP também trabalha na construção do banco de dados sobre o teor de fenilalanina dos alimentos 13. Em 2001, Phillippi 14 publicou a tabela de composi- ção de alimentos: suporte para decisão nutricional que traz dados nacionais e internacionais, além de dados de rótulos de produtos industrializados. Em 2004, o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação (NEPA) da UNICAMP publicou aprimeira versão da Tabela Brasileira de Composição de Alimentos 15 (TACO) com dados analíticos de 198 itens alimentares. O projeto TACO coordenado pelo NEPA/UNICAMP tem como objetivo gerar dados sobre a composição dos principais alimentos consumidos no Brasil, baseado em um plano de amostragem que garanta valores representativos, com análises realizadas por laboratórios com capaci- dade analítica comprovada por meio de estudos interlaboratoriais, com a finalidade de assegurar a confiabilidade dos resultados. A segunda versão da tabela TACO é constituída de 495 alimentos e foi publicada em 2006 1. A terceira versão, a ser publi- cada, totalizará 597 alimentos. Em relação às versões publicadas a tabela traz dados de 41 nutrientes em 495 itens alimentares in natura, preparados e processados. Os nutrientes analisados incluem: umidade, proteínas, lipídeos, carboidratos (por diferença), cinzas, fibra alimen- tar, minerais (Na, K, Ca, P, Fe, Cu, Mn, Mg, Zn), vitaminas (retinol, tiamina, riboflavina, piridoxi- na, niacina, ácido ascórbico), colesterol e ácidos graxos (inclusive os trans) 1, 15. Na terceira edição, além destes nutrientes, encontrar-se o teor de equivalente de retinol (RE), o equivalente de ativi- dade de retinol (RAE) e o teor de aminoácidos em alimentos selecionados. O projeto TACO foi financiado pelo Ministério da Saúde, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). Os avanços nas metodologias analíticas, o melhora- mento genético tradicional ou moderno de vegetais e animais, as modificações de hábito da população e os constantes lançamentos de novos produtos no mercado fazem com que a construção de um banco de dados seja um processo dinâmico e contínuo. As tabelas devem ser sempre ampliadas, tanto em nú- mero de alimentos quanto de nutrientes, e atualiza- das à luz dos conhecimentos mais recentes 1. O Brasil apresenta uma grande variedade de alimentos ricos em carotenoides. Pesquisadores da UNICAMP e da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) elaboraram a Tabela Brasileira de Composição de Carotenoides em Alimentos, que foi publicada pelo Ministério A lim en ta çã o C o le ti va 29 N u tr iç ão P ro fis si o n al 3 3 - A b ri l/ M ai o /J u n h o d e 20 11 do Meio Ambiente, em 2008. O livro apresenta o maior banco de dados sobre os carotenoides do mundo, superando o banco de dados dos EUA e da Europa 16. Os resultados da análise de die- tas podem resultar em conclu- sões diferentes, de acordo com a base de dados utilizada, como demonstrado em trabalhos reali- zados por pesquisadores brasilei- ros 17, 18. Este fato pode induzir a erro em prescrições dietéticas, bem como não permite traçar, com segurança, o perfil de risco nutricional de uma população. A aplicação das recomendações nu- tricionais apresenta igualmente fragilidade, pois não se conhece a composição dos alimentos 19. As tabelas de composição de alimentos possuem fontes poten- ciais de erros, as quais necessitam ser identificadas e controladas para obterem-se estimativas de ingestão tão próximas o possível do real consumo. As principais fontes de erros são: descrição in- correta de alimentos e/ou fontes de valores nutricionais, amostra- gem inadequada, utilização de métodos impróprios e inconsis- tência na terminologia utilizada para expressar certos nutrien- tes, variabilidade resultante de fatores genéticos (variedade ou cultivar produzida), ambientais (clima e solo), de preparo e pro- cessamento 20, 23. Ribeiro et al. 24 analisaram 11 alimentos em termos da compo- sição centesimal e comparando- os a três tabelas e dois softwares, verificaram diferenças estatisti- camente significantes entre os dados analisados em laboratório e os dados de tabelas e softwares. Duas tabelas mostraram tendên- A lim en ta çã o C o le ti va 30 N u tr iç ão P ro fis si o n al 3 3 - A b ri l/ M ai o /J u n h o d e 20 11 cia à superestimação dos teores de proteína e de carboidratos totais, enquanto outra superestima os teores de carboidratos totais; um dos softwares tendeu a superesti- mar os teores de lipídios e, conse- qüentemente, o valor energético total, e em outro software todos os nutrientes foram subestimados em relação aos valores obtidos em laboratório. Foram analisados 11 alimentos totalizando 701 amostras. As tabelas e os softwares de composi- ção de alimentos escolhidos para a comparação foram: Tabelas de Composição Química de Alimentos do ENDEF, Tabela de Composição Química dos Alimentos (Guilher- me Franco), Tabela Brasileira de Composição de Alimentos da FCF/ USP e os softwares Sistema de Apoio de Informações Nutricionais (Vir- tual Nutri) e Sistema de Apoio e Decisão em Nutrição (NUT). Observou-se que 64% dos dados de proteína foram superestimados pela tabela do ENDEF, enquanto em 64% dos dados de lipídios e 55% de carboidratos e energia, res- pectivamente, ocorreu subestima- ção. A tabela de Guilherme Franco tendeu a superestimar os valores de proteína em 72% e a subesti- mar 55% dos dados de lipídios e energia e 64% dos de carboidratos. O software Virtual Nutri tendeu a superestimar os valores de carboi- dratos e energia em 64% e 55%, respectivamente, e a subestimar os de proteínas e lipídios em 91% e 72% dos dados, respectivamente. O software NUT tendeu a subestimar A lim en ta çã o C o le ti va 32 N u tr iç ão P ro fis si o n al 3 3 - A b ri l/ M ai o /J u n h o d e 20 11 os teores de proteína e lipídios em 72% e de carboi- dratos e de energia em 64% dos dados. Na tabela da FCF/USP houve uma tendência à superestimação do conteúdo de lipídios e carboidratos (55% dos da- dos) e subestimação de proteínas (67% dos dados) e energia (78% dos dados) 24. Devido às dificuldades de financiamento, o alto custo e grande tempo requerido para a análise dos alimentos, os dados frequentemente utilizados por países em desenvolvimento são aqueles obtidos de tabelas de países desenvolvidos, especialmente os dados do USDA. A Tabela 1 mostra os resultados obtidos após o confronto de dados de 19 alimentos industrializados que são consumidos nos dois países (Brasil e EUA) utilizando-se as tabelas TACO e a do USDA no intuito de se avaliar a adequação da prática de se emprestar dados de tabelas estrangei- ras. Comparou-se a composição centesimal, o teor de vitaminas e de minerais. Os resultados indicaram que o empréstimo de dados da composição centesi- mal não comprometeria os resultados da análise de dietas que envolvesse os alimentos estudados, mas cuidados especiais devem ser tomados ao emprestar os dados sobre os micronutrientes 25. A composição dos alimentos de origem vegetal depende de vários fatores como a variedade, a maturidade à época da colheita, o clima, a compo- sição do solo, a técnica de produção etc. Por outro aspecto, a composição de alimentos de origem animal é influenciada pela raça e idade, técnica de criação, composição da alimentação do animal etc. Para os alimentos processados ou preparados, somam-se à variação da composição das matérias- primas, as diferenças na forma de preparo, a quan- tidade de ingredientes utilizados, e, especialmente para os componentes menos estáveis, as condi- ções do processamento ou cocção e a duração e condições do armazenamento. Assim, os dados analíticos obtidos com amostras de alimentos de um país, podem não ser adequados para outro. Ainda que semelhanças na composição centesimal fossemidentificadas nos alimentos comparados, constaram diferenças importantes na composição vitamínica e mineral em produtos industrializados comuns aos dois países. Além disto, a comparação é limitada devido à falta de equivalência nos ali- mentos consumidos nestes países 25. NP A lim en ta çã o C o le ti va 33 N u tr iç ão P ro fis si o n al 3 3 - A b ri l/ M ai o /J u n h o d e 20 11 Tabela1 - Porcentagem de produtos com diferenças apreciáveis e a diferença absoluta por analitos em 100g dos produtos confrontados nas tabelas TACO e USDA Analito % de produtos com diferenças apreciáveis Diferença absoluta por 100 g de porção comestível de produtos com diferenças apreciáveis Intervalo Média Água 37 0,24-3,86 % 1,86 % Proteína 63 0,29-3,04 g 1,69 g Gordura total 74 0,08-10,47 g 2,02 g Fibra 100 0,4-13,6 g 2,38 g Cinzas 58 0,10-0,94 g 0,40 g Ca 42 3-133 mg 33 mg Mg 42 8-58 mg 23 mg P 58 10-688 mg 180 mg Fe 53 0,06-26,67 mg 3,40 mg Na 63 1-443 mg 157 mg K 42 30-334 mg 100 mg Cu 74 0,009-0,200 mg 0,113 mg Zn 32 0,29-8,29 mg 1,96 mg Retinol 43 48-505 µg 321 µg Tiamina 63 0,030-2,580 mg 0,411 mg Riboflavina 79 0,028-1,08 mg 0,213 mg Vitamina B6 89 0,032-1,886 mg 0,394 mg Niacina 58 0,360-12,032 mg 3,562 mg Fonte: Padovani et al. 2007 A lim en ta çã o C o le ti va 34 N u tr iç ão P ro fis si o n al 3 3 - A b ri l/ M ai o /J u n h o d e 20 11 Currículo Renata Maria Padovani é graduada em nutrição pela Faculdade de Ciências da Saúde São Camilo, mestre e doutoranda em alimentos e nu- trição pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Atualmente é nutricionista responsável pelas estratégias do cuidado nutricional em agravos crônicos não transmissíveis na UNIMED Regional da Baixa Mogiana, professora titular e coordenadora do curso de graduação em nutrição na Instituição de Ensino São Francisco. É pesquisadora colaboradora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação da UNICAMP, e membro da equipe técnica que coordena, em âmbito nacional, a elaboração da Tabela Brasileira de Composição de Alimentos. Referências Bibliográficas 1. Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação. Universidade Es- tadual de Campinas. Tabela brasileira de composição de alimentos: versão 2, Campinas: Fórmula Editora, 2006. 2. Organización de Las Naciones Unidas para La Agricultura y La Alimentación (FAO). Tabla de Composición de Alimentos de Amé- rica Latina. 2002. Disponível em http://www.rlc.fao.org/es/bases/ alimento/intro.htm. Acesso em 05 de maio de 2011. 3. Fennema RO, Tannenbaum SR. Introduction to food chemistry. 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