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Clostridioses - resumo completo

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As Clostridioses (conjunto de doenças) têm distribuição mundial é causada por bactérias do gênero Clostridium sp. Que acomete todos os mamíferos e aves de interesse veterinário. CLOSTRIDIOSES
GÊNERO CLOSTRIDIUM
Trata-se de bactérias gram positivas, anaeróbias obrigatórias, que portanto morrem na presença de oxigênio, isso porque não tem uma enzima chamada de superóxido dismutase, que pega os reativos de oxigênio e degrada.
São bactérias comensais do trato intestinal de homens e animais que tem capacidade de esporular (“hibernando”) sobrevivendo assim em condições adversas por longo tempo e como fator importante de virulência, são produtoras potentes de exotoxinas (Toxina botulínica, toxina tetânica, toxina épsilon do C. perfringens).
MIONECROSES - HISTOTÓXICAS
As Mionecroses estão dentro das Clostridioses histotóxicas e são divididas em Carbúnculo sintomático (C. chauvoei), que é também chamado de doença de mal de ano ou manqueira e Gangrena gasosa que é uma doença de multietiologia. 
São doenças de grande impacto na criação de animais domésticos e atingiu o homem fortemente na época de Segunda Guerra Mundial.
ETIOLOGIA - A etiologia do Carbúnculo Sintomático é exclusivamente o C. chauvoei e a da Gangrena Gasosa é multietiológica, podendo ser o C. chauvoei, C. septicum, C.novyi, c. sordellii, C perfringens. 
A diferença do Carbúnculo sintomático para a gangrena gasosa é basicamente etiologia.
O Carbúnculo sintomático recebeu esse nome, pois durante muito tempo se confundiu Carbúnculo sintomático (tem sintomas do hemático mas não leva hemorragia) com Carbúnculo hemático (bacilos antrácidos e leva hemorragia) 
CARBÚNCULO SINTOMÁTICO
PATOGENIA CARBÚNCULO SINTOMÁTICO – Infecção endógena
Tem esporos de C. chauvoei no meio em que no animal vive (doença quase exclusiva dos ruminantes), no ato da alimentação, ele acaba adquirindo esporos de C. chauvoei e, este, chega ao intestino dos animais JOVENS (0-24 meses); acredita-se também que os esporos podem parar na circulação devido à uma erosão de dentes que levam a uma ferida propícia para a proliferação de bactérias. 
Após a ingestão do agente ou presença do agente na erosão dentária, esses esporos vão ser fagocitados pelos macrófagos internalizando os esporos sem conseguir mata-lo. O macrófago sai da região de entrada do agente e vai entrar no corpo do animal e eventualmente vai parar na musculatura (estriada cardíaca ou estriada esquelética), o macrófago acaba morrendo, mas o esporo não.
O esporo então fica latente, não faz nada, mas também não morre por antibióticos e também não e destruído pelas células de defesa. Ele fica latente até a concentração de oxigênio do músculo o tecido abaixarem (hipertrofia muscular não acompanhada de neovascularização imediata), tornando o tecido ou músculo com uma condição mais anaeróbia, tendo a condição assim de germinar. No caso do músculo estriado cardíaco é que os animais não conseguem regular muito bem a quantidade de catecolaminas, a produção é aumentada, o que pode levar a um défic nutricional, diminuição do oxigênio, diminuindo o aporte sangüíneo criando a condição ideal.
O esporo então vai para a forma vegetativa por um processo chamado de germinação, essa forma vegetativa se multiplica e produz toxinas. Essas toxinas vão causar um quadro de mionecrose e toxemia, evoluído rapidamente para o óbito do animal.
Em uma necropsia vamos observar no tecido muscular, congestão, hemorragia, necrose, edema, presença de gás (bolhas no tecido) deixando os feixes de fibras separados deixando o tecido com aspecto crepitante.
Na histologia observa-se a presença de gás, células separadas pela presença de gás (bolhas), perda da arquitetura tecidual (degeneração e necrose), presença de inflamação do músculo com necrose e hemorragia (miosite necrohemorrágica associada a presença de bastonetes). 
Carbúnculo sintomático em órgãos e vísceras é chamado de carbúnculo visceral, quando se tem no músculo esquelético é chamado de carbúnculo sintomático clássico.
GANGRENA GASOSA
PATOGENIA GANGRENA GASOSA – Infecção exógena
Pode ser causada por 1 dos 5 agentes ou pela associação deles. Parece bastante com o carbúnculo sintomático, já que os esporos das patologias estão no ambiente e também são comensais do TGI de homens e animais. Estando no ambiente os esporos, podem infectar animais de qualquer idade. 
Não é uma infecção endógena como no carbúnculo, não tem esporos latentes. Tem uma inoculação ativa dos esporos, contaminando feridas (castração, descorna, parto distócicos, inoculação sem cuidado asséptico). As feridas já têm o oxigênio reduzido, com isso, os esporos germinam, produzindo toxinas que vão causar alterações clinico patológicas. 
Indistinguível carbúnculo sintomático clássico da gangrena gasosa vai ter aumento de volume, edema, Claudicação, músculo crepitante a palpação, ausência de sensibilidade e calor. Os sinais vão estar associados às vísceras. 
Os sinais clínicos vão estar associados a aumento de volume, edema, músculo creptante
DIAGNÓSTICO
Coleta-se o músculo, preferencialmente uma área de transição (com lesão e sem lesão). 
As técnicas mais empregadas são imunofluorescência direta (padrão ouro), imunohistoquímica e PCR depois de ter feito isolamento.
A imunofluorescência direta tem o resultado em 2 a 3 horas, pega-se o musculo preferencialmente fresco ou refrigerado ou congelado, faz-se um imprinting na lâmina e coloca-se anticorpos marcados por fluoresceína chegando no diagnostico etiológico. 
A imunohistoquimica tem resultado em 24 a 48 horas, através dela consegue-se visualizar lesão e agente (miosite necrohemorrágica identificando o agente) isso com tecido enviado em formol.
O Cultivo bacteriológico demora pelo menos 48horas e é seguido do PCR (+48horas) e também define-se a lesão e o agente bacteriológico. 
TRATAMENTO, CONTROLE E PREVENÇÃO
É baseado em altas doses de penicilina endovenosa ou de tetraciclina, ter cuidados de manejo fazendo assepsia correta, uso de agulhas estéreis, evitar locais com acúmulo de MO, fazer a eliminação correta da carcaça e realizar a vacinação (1º dose – 3 a 4 meses; 2º dose – 6 a 8 meses; 3º dose – 12 meses).
A primeira e segunda dose da vacina é dada junto a vacina de Brucelose e a terceira dose da vacina pode ser dada junto a vacina da Raiva.
BOTULISMO – NEUROTÓXICA
É um agente gram positivo bastonete, ele que produz a toxina botulínica utilizada no botox, o que causa uma paralisia flácida. O agente que produz a toxina botulínica é um bacteriófago (vírus que infecta bactérias), esse bacteriófago que tem o gene da toxina botulínica C ou D pode deixar o C. botulinum e infectar um C. acetobutírico (não patogênico a não ser que seja infectado pelo bacteriófago), quando isso ocorre esse C. acetobutirico recebe o gene da toxina e passa a produzi-la.
É utilizada em processos estéticos, estrabismo, uso para enxaquecas crônicas, é uma doença relatada em alimentos enlatados, consumo de mel por crianças de menos de 6 meses.
A principal forma de contaminação em humanos é por alimentos cárneos e alimentos enlatados estufados ou que tenham a presença de bactérias.
No Brasil, só para ruminantes tem duas classificações para Botulismo; o Botulismo endêmico é aquele em que a doença acontece em determinadas regiões geográficas associadas com acentuada deficiência de fósforo (cerrado –sudeste) devido à escassez de nutrientes do solo. A deficiência nutricional gerada faz com que o animal tenha uma depravação do apetite (alotriofagia), fazendo osteofagia ou sarcofagia, para isso é importante complementar a alimentação com sal mineral para que ele não desenvolva essas alterações da alimentação. O Botulismo esporádico é associado ao fornecimento de suplementos alimentares contaminados com a toxina botulínica.
O botulismo é uma intoxicação alimentar pois o animal precisa fazer a ingestão de uma toxina pré-formada no ambiente. Nos mamíferos os principais C. Botulinum causando doenças são o tipo C e o tipo D, nas aves além do tipo C e D tem o tipo E também.
O C.botulinum é dividido de A a H (8 sorotipos), sendo antigenicamente diferentes (reconhecimento) mas são fisiologicamente iguais (mecanismo de ação). 
BOTULISMO EM AVES
O botulismo pode acometer também aves e está mais associado a morte de animais em uma lagoa. As aves são animais que tem muito mais C.botulinum no seu TGI, quando morrem em sua decomposição tem a presença de larvas e presença do C. botulinum que saiu da forma esporulada e germina produzindo toxina. As larvas elas vão acabar sendo contaminadas e vão concentrar a toxina no seu corpo e quando as aves fazem ingestão dessas larvas na carcaça de outros animais, elas estarão ingerindo muito mais toxina se estivessem comendo a carcaça e dessa forma acabam se contaminando com a toxina botulínica.
As aves podem se contaminar em qualquer fonte alimentar e os Clostridium para as aves são o tipo C, D e E. como sinal clinico vão apresentar sonolência e instabilidade no início da doença e posteriormente, como em todos os animais, vê-se uma paralisia flácida progressiva com psiquismo inalterado. 
BOTULISMO DE PEQUENOS ANIMAIS
É uma doença muito incomum em cães e raríssimo em gatos (pois são animais que apresentam certa resistência ou evolução genética em relação à sua alimentação).
PATOGENIA
Uma pessoa ou um animal ingere a toxina, chegando no sistema digestivo ela vai ser absorvida. Pelos vasos sanguíneos chega até a placa motora, na placa motora a toxina se liga nos receptores dos neurônios. A toxina é binária, tem uma cadeira elétrica e uma cadeia pesada; a sua ligação nos receptores da membrana promovem a internalização da toxina em uma vesícula, fazendo com que a toxina desagregue liberando a cadeia leve dentro do citoplasma do neurônio, com isso, vai bloquear a ação de acetilcolina clivando as proteínas do tipo snare (proteínas responsáveis pela fusão das vesículas de ACH na membrana plasmática do neurônio). Não havendo a liberação de ACh na placa motora não há contração muscular, gerando a paralisia flácida. 
Não é uma lesão permanente pois a proteína pode ser sintetizada novamente, caracterizando uma lesão temporária. O animal pode ter uma inervação colateral e o músculo pode voltar a funcionar, ou tem uma sintetização de proteínas do tipo snare e na região em que o neurônio foi afetado volta a se fundir e liberar ACh na placa motora.
SINAIS CLÍNICOS
No Botulismo leve o animal vai se apresentar sonolento e vai ter instabilidade. No Botulismo Grave o animal vai apresentar uma paralisia flácida progressiva, percebido pela perda de tônus lingual principalmente de bovinos, o animal tem o psiquismo inalterado (não tem alteração do comportamento, apenas n tem capacidade de realizar o comportamento desejado). 
DIAGNÓSTICO
Procura-se a toxina, então coleta-se o soro (cão), vômito (induzido ou na necropsia), conteúdo estomacal e conteúdo intestinal (bovinos). 
É possível identificar a toxina apenas no início da doença, se for tarde ela já vai estar toda ligada e vai ser difícil fazer o diagnóstico.
Fazer diagnostico diferencial para Raiva, BSE e doenças que tenham alteração neurológica. O diagnóstico é realizado a partir de soroneutralização em camundongos (teste ouro – pega-se a amostra clínica, pega-se uma alíquota e inocula no camundongo, pega-se outra alíquota da amostra e mistura com antitoxina botulínica tipo C e outra com tipo D, esperando a neutralização) ou pelo ELISA.
O animal que foi inoculado com a antitoxina tipo D morreu pois a antitoxina tipo D não é capaz de neutralizar a toxina do tipo C, pois são antigenicamente diferentes.
TRATAMENTO E CONTROLE
O tratamento é feito com soroterapia (impedir a progressão da doença), mas é importante avaliar se é viável, pois o animal fica imóvel então pode ter risco de morrer de estase ou timpanismo. Em pequenos animais é feito a lavagem gástrica, enema (lavagem intestinal do reto), utilização de laxantes (aumentar do transito intestinal) e ventilação do animal.
O controle é feito a partir de vacinação de grandes animais que tem múltiplos antígenos (polistar), é um toxóide que inativa a toxina. Fazer o descarte correto da carcaça, enterrar ou incinerar.
TÉTANO – NEUROTÓXICO
É uma neuroclostridiose, se parece com gangrena gasosa e botulismo, mas é uma infecção seguida de produção de toxina. Os genes que controlam a toxina tetânica estão no plasmídeo, é um elemento móvel, circular que fica fora do cromossomo da bactéria. AVES NÃO TEM TÉTANO (C°)
PATOGENIA
Para que a doença ocorra o animal precisa ter uma ferida perfuro cortante, profunda, por vacinação, extração de dentre, castração, tosquia entre outras, com isso, a ferida pode ser contaminada com os esporos do Clostridium tetani. A ferida normalmente já tem redução de oxigênio, então o C.tetani vai germinar e produzir toxina. A toxina vai causar uma lesão tecidual mínima e vai levar a uma paralisia espástica. 
As toxinas produzidas pelo C. tetani são a Tetanolisina (criar um ambiente com maior anaerobiose, com destruição branda de celulas) e a Tetanopasmina (vai agir nas ligações nervosas dos neurônios motores levando a inibição da secreção de neutransmissores inibitórios como a Acetilcolinesterase, não tendo a quebra de ACh impedindo o relaxamento muscular – paralisia espástica). 
O equino é o mais sensível a esse patógeno, ele fica hiperreflexivo, hiperexitado pois toda contração não é seguida de relaxamento. 
“Mal dos 7 dias” – as mulheres principalmente quando tinham os bebês, como era muito “sujo” o parto, tinha-se a expectativa de contrair ou não tétano, sendo que seu período de incubação era de 7 dias. 
O C.tetani só tem um tipo antigênico, no modo de ação ela é pré-sináptica, os genes que regulam a produção de toxinas são plasmidiais e a infeção ocorre a partir de uma ferida contaminada com o agente causando uma paralisia espástica (espasmo muscular). No caso do C. botulinum tem 8 tipo antigênicos (A, B, C, D, E, F, G, H), os genes que regulam aprodução de toxinas estão no bacteriófago que pode carregar o tipo C ou D, a infecção ocorre devido a ingestão da toxina pré-formada no ambiente, o que vai causar a inibição da transmissão neuromuscular (placa motora) gerando uma paralisia flácida.
SINAIS CLÍNICOS
A incubação do tétano demora de 1 a 3 semanas e vai depender da espécie do animal e do local da ferida. O animal vai apresentar sinais clínicos como contrações musculares espástica, hiperexcitabilidade, prolapso da terceira pálpebra, expressão facial alterada e cauda em bandeira.
Todos os sinais estão associados a uma contração muscular e a falta do relaxamento muscular.
DIAGNOSTICO
O diagnóstico é clínico (toxina tetânica muito potente difícil de ser detectada já que está quase toda ligada) e também pode ser realizada soroneutralização em camundongos. 
TRATAMENTO
Aplica-se doses elevadas de antitoxina tetânica: IV ou espaço subaracnóideo, toxóides (vacinas para ativar a imunidade ativa), antibióticoterapia (tem uma infecção), ferida: Debridamento e peróxido de oxigênio (oxigenação da ferida) e fazer essencialmente o tratamento suporte: colocar o animal em um local calmo, fazer uso de sedativos para n responder aos estímulos ambientais e relaxantes musculares já que o animal perdeu a capacidade de relaxarpor si só.
CONTROLE
Realizar medidas adequadas de manejo (não permitir acesso à terra, fazer procedimentos cirúrgicos com alto controle antisséptico) e vacinação do animal anual devido a exposição que o animal tem aos fatores causadores da doença.
ENTEROTOXEMIAS
As Enterotoxemias são Toxi-infecções em que os animais ingerem os agentes Clostridium perfringens tipos A, B, C, D, e E, e ocasionalmente Clostridium sordellii e Clostridium septicum e estes se multiplicam no trato intestinal dos animais produzindo toxinas, que são responsáveis pelo quadro patológico.
A toxina se forma durante o processo de infecção. 
A enterotoxemia é quando o C. perfringens se multiplica no TGI produziu toxina e essa toxina foi absorvida no sangue causando alterações sistêmicas, alterações extra intestinais.
As outrasinfecções Clostridiais em que a toxina tem ação somente no Intestino alterando suas funções, são chamadas de enterites clostridiais, sendo exclusivamente intestinais.
Os Clostridium perfringens, os maiores causadores de enterotoxemia e enterites, são divididos em 5 tipos A, B, C, D, E, e são classificados de acordo com conjuntos de toxinas que eles produzem.
Tipo A – produz toxina ALFA e BETA-2 
Tipo B – produz toxina ALFA, BETA, EPSILON 
Tipo C – produz toxina ALFA, BETA e BETA-2
Tipo D – produz toxina ALFA E EPSILON
Tipo E – produz toxina ALFA E IOTA.
A toxina ALFA leva a lise, a BETA leva a uma hemorragia, a toxina EPSILON leva a alteração da permeabilidade causando edema e a toxina IOTA
PATOGENIA 
Os animais albergam de maneira comensal o C.perfringens contaminando os alimentos e o ambiente com esses Clostridium. Se eles tiverem alterações no intestino ele vão desenvolver as enterotoxemias e enterites. O animal pode ter um desequilíbrio da microbiota intestinal, pode ter uma infecção por coccídeos que vão levar a espoliação do epitélio intestinal, podem ter uma redução do transito intestinal, infecções concomitantes ou dietas ricas em carboidratos (fermentação no intestino diminuindo o oxigênio, pode ter feito o flushing nutricional). Essas alterações levam a uma intensa multiplicação do agente com produção de toxinas que vão causar alterações clinico patológicas que vão levar a morte do animal dependendo do Clostridium envolvido.
DOENÇAS CAUSADAS POR C. PERFRINGENS TIPO A
Nessa categoria tem a síndrome do jejuno hemorrágico, que ocorre em bovinos, enterite neonatal em suínos, enterite em necrótica em aves, principalmente de corte e enterite hemorrágica em cães. A formação da toxina alfa envolve a formação de poros causando um desequilíbrio osmótico levando a lide celular e edema. Isso pode provocar necrose das vilosidades e secreção de fluidos para o lúmen intestinal.
A síndrome do jejuno hemorrágico é caracterizada pelo C. perfringens tipo A como em todos as outras, a diferença é que o C.perfringens tipo A secreta mais a toxina Alfa comparado com os outros tipos que também secretam a Alfa. É uma infecção que acomete principalmente vacas leiteiras de alta produção, que recebem um alto aporte de nutrientes (CHO) o que que pode chegar não digerido no lúmen intestinal, propiciando a fermentação bacteriana, gerando um ambiente anaerobiótico favorecendo a multiplicação do C.perfringens, produzindo a toxina tipo A que é uma fosfolipase causando a destruição de fosfolípedes da membrana, com isso tem uma ruptura celular, determinando a síndrome do jejuno hemorrágico. A síndrome do jejuno hemorrágico vai apresentar como sinais clínicos a ausência de fezes, já que a presença de sangue no intestino pode coagular obstruindo a passagem de conteúdo alimentar ou pode apresentar fezes com conteúdo sanguinolento, ou pode ter apenar o sangue digerido e distensão abdominal com produção de gás e retenção do bolo alimentar.
Esta responsável também por provocar enterite neonatal em suínos, determinada por uma inflamação do intestino de neonatos, associados com animais da primeira semana de vida. Vão acometer granjas grandes com mais de 400 matrizes com manejo muito intensificado. Os suínos neonatos acabam submetidos a mães de leite, que não tem os mesmos anticorpos da mãe biológica, e se estiver infectada com o C. perfringens, acabam por se infectar com a bactéria e não tem a microbiota muito bem desenvolvida (15dias de idade se estabelece), com o estresse do manejo, na hora da ingestão de leite que tem muitos CHO, chegam ao intestino, levando um ambiente propício para enterite neonatal causada pelo C. perfringens. No suíno, além da toxina alfa, para causar a enterite neonatal ele tem que produzir a toxina beta-2 e juntas vão determinar a ocorrência de uma diarreia secretória. A enterite neonatal vai ter como sinais clínicos animais refugos na terminação devido a alteração na conversão alimentar com desempenho alterado nessa fase, diarreia e baixa mortalidade.
Tem também a enterite necrótica que vão acometer aves de corte devido a alimentação com grande quantidade de carboidrato para aumento de ganho de peso e também devido a presença da cama com contaminação tornando o desafio grande. É uma doença de alta mortalidade causada pela toxina alfa em conjunto com a toxina NetB. A enterite necrótica tem como sinais clínicos diarreia secretória e depois passa para uma enterite necrohemorrágica, mortalidade, morte aguda e alta mortalidade na produção.
Nos cães a doença é chamada de enterite hemorrágica, caracterizada pela toxina alfa (dano intestinal), tornando condição adversa para o C.perfringens, então ele esporula e com isso tem a liberação de enterotoxina, determinando a hemorragia. Normalmente no cão a doença está associada com coccidiose, infecções verminoticas (giárgia – espoliação do TGI com lesão intestinal que evolui para enterite). Na enterite hemorrágica o sinal clinico apresentado vai ser diarreia secretória. 
DOENÇAS CAUSADAS POR C. PERFRINGENS TIPO B
É chamada de disenteria dos cordeiros, nela estão envolvidas as toxinas beta e épsilon, que são toxinas que agem alterando a permeabilidade vascular, a toxina épsilon tende a causar edema, e a toxina beta tende a causar hemorragia. 
Tem-se então uma grave alteração da permeabilidade vascular com perda de liquido e hemorragia. Os animais acometidos são animais lactentes, que ingerem o leite/colostro que tem fatores antitripsinicos; a tripsina é uma protease (degrada proteínas), degradando especialmente imunoglobulinas. 
A toxina beta na presença de tripsina é inativada, como o animal normalmente já produz pouco e está fazendo a ingestão dos fatores antitripsinicos inativando a tripsina do colostro, gera uma condição em que pequenas quantidades de toxina produzida levem a um quadro hemorrágico nos cordeiros. 
A toxina épsilon é produzida de duas formas pelo Clostridium, a forma ativa e a forma inativa. Nos animais adultos a toxina pronta/ativa atua e a toxina que está inativada se torna ativa pela tripsina e neste animal precisa que toda a toxina inativada se torne ativa para se ter a doença. Nos animais lactentes as poucas alterações já causadas pela hemorragia em conjunto com um pouco da toxina épsilon já e fator para causar as lesões que observamos no quadro de disenteria nos cordeiros.
No animal jovem tem necrose, edema mais hemorragia pois ele tem a produção de toxina beta e toxina épsilon, e no animal adulto como ele produz a tripsina ele não vai ter a produção de toxina beta, apenas da toxina épsilon caracterizando apenas uma doença com edema.
DOENÇAS CAUSADAS POR C. PERFRINGENS TIPO C
É uma doença que pode acometer todas as espécies mas é particularmente importante nos suínos. A bactéria vai produzir a toxina alfa, beta e beta-2 (enterite hemorrágica), acometendo animais jovens e lactentes, tendo uma alta taxa de mortalidade (como na disenteria dos cordeiros), onde os animais são infectados pela marrã. 
O agente presente na mãe é secretado pela mesma no ambiente, esse agente pode ser transferido para o neonato principalmente na primeira semana de vida, mas pode se estender durante toda a permanência na maternidade. Então, o neonato ingere a bactéria que multiplica no seu intestino (não tem microbiota definida) com isso, tem produção da toxina beta, ela atua pois o animal tem baixa produção de proteases e a ingestão de leite está associada a ingestão de fatores antripsínicos, por isso e mais comum na primeira semana de vida.
O animal vai apresentar alteração na permeabilidade vascular (edema), toxemia e hemorragia (necrose de endotélio vascular), normalmente vai morrer de 1 a 3 dias após o aparecimento dos sinais clínicos( fezes hemorrágicas, hemorragia nas alças intestinais, principalmente no segmento anterior do intestino, edema das alças intestinais e o animal vai se apresentar prostrado.
DOENÇAS CAUSADAS POR C. PERFRINGENS TIPO D
Produtor principal de toxina alfa e épsilon, causando uma enterite chamada de enterotoxemia(Clostridium produzindo toxina e causando alteração sistêmica), doença da super alimentação (envolvimento de CHO não digerido no intestino), doença do rim pomposo.
Acomete animais cordeiros maiores de 1 ano, caprinos de todas as idades e ocasionalmente bezerros. Os fatores predisponentes são o manejo alimentar incorreto, alta contaminação e baixa imunidade. É uma doença que apresenta curso agudo e é geralmente fatal (caprinos).
A toxina épsilon liga aos receptores de vasos sanguíneos causando uma mudança na permeabilidade vascular causando edema e necrose tecidual (cérebro – necrose simétrica sendo patognomônica para o tipo D causando uma encefalomalacia simétrica focal, pulmão, coração etc). Pode-se 
DIAGNÓSTICO DE C.PERFRINGENS
O ideal é fazer o diagnóstico de um animal que acabou de morrer pois a bactéria destrói a carcaça. O ideal é que o diagnóstico seja baseado na detecção de toxina, pois o agente é um comensal, ou seja pode estar no organismo sem causar a doença.
A presença do C.perfingens B, C D ou E podem ser sugestivo mais (provavelmente não era comensal, mas pode haver alguns casos em que não causam doença). Então fica sendo necessário a contagem de bactérias e a anamnese pois o tipo comensal é quase sempre o tipo A.
Para detecção de toxinas o ideal é que o material seja congelado, pois no intestino há proteases que clivam as toxinas se o material não for congelado. Caso seja só para cultura a amostra pode ser apenas refrigerada, pois a bactéria, mesmo com a autólise, esporula.
Coleta-se o cérebro, o conteúdo intestinal de dentro da alça e manda ele fora da alça, preferencialmente em um tubo estéril. Também pode ser coletado o edema. Então identifica a amostra a ser enviada com qual clostridiose é a suspeita, a espécie do animal e o histórico.
O diagnóstico é baseado em soroneutralização em camundongo ou soroneutralização celular ou Elisa (não é padrão ouro). Deve-se sempre fazer diferencial para raiva, botulismo e BSE.
TIFLOCOLITE
É uma doença causada pelo C. dificille é muito exigente com a ausência de oxigênio (ceco e colón possuem menos oxigênio).
É uma doença emergente, com menos de 40 anos. A bactéria começou a criar resistência devido ao uso indiscriminado de microbicidas na suinocultura. Atualmente as bases que matam são o metronidazol e a vancomicina (+ p/ uso humano).
Os microbicidas matam as bactérias competidoras do Clostridium da microbiota do animal, mas não mata os esporos. Animais hospitalizados tomam antimicrobianos, adquirem a doença e transmitem os esporos para o ambiente, como a desinfecção é difícil esses esporos ficam no ambiente podendo contaminar outros animais. A doença também pode ocorrer em imunodeprimidos, como no caso de cavalos com Candidíase.
Então o Clostridium cresceu muito e há a toxina A e a B que agem sinergicamente. A toxina A se liga no ápice ou é internalizada e altera a expressão celular (age no núcleo) levando a apoptose. Quando uma célula entra em apoptose as junções ocludentes se desfazem e o tecido que era justaposto começa a ter lacunas e então a toxina B é internalizada. Na lâmina própria, as duas toxinas funcionam como fatores quimiotáticos para células inflamatórias, principalmente neutrófilo. Então ela mata o neutrófilo e o neutrófilo degranula e a lesão amplia devido aos grânulos citotóxicos. Esses neutrófilos morrem no lúmen e se associam a células entéricas formando uma camada pseudofibrinosa (conjunto de células mortas – colite pseudomembranosa). A toxina B também determina o arredondamento celular, ajudando no mecanismo de destruição da célula. Além disso, células que sofrem dano celular liberam fatores quimioatraentes do sistema inflamatório o DAMP (padrão molecular associado ao dano celular) que são proteínas que recrutam mais células de defesa que aumentam a lesão. Além disso, a toxina B age sistemicamente. Como equinos tem o segmento posterior mais ativo essa doença é de grande importância nesses animais e em suínos devido ao manejo.
Equinos: em potros normalmente está associado a antibioticoterapia aplicada nas primeiras semanas de vida, ou associada a alterações de microbiota pois são muito jovens. Em animais adultos hospitalizados o animal fica muito parado o que aumenta a estase do bolo fecal o que aumenta a produção de gases e redução de oxigênio o que propicia o crescimento desse agente.
Em aves com manejo coccidostático não é comum Clostridiose pois estão associadas assim como o cão com giárdia.
Nos suínos é extremamente importante, acomete animais de até 7 dias de idade juntamente com outras doenças como a salmonelose em granjas grandes (com mais de 600 matrizes pois há alto adensamento de animais – alta rotatividade), quando o neonato é contaminado ele não tem mecanismos para eliminar esse agente causando uma diarreia que pode levar o animal a morte. Essa diarreia tem grande morbidade maior ainda que mortalidade pois causa muitos refugos, há edema de mesocólon que na histologia é chamado de vulcão de neutrófilos (o epitélio está sendo destruído pela multiplicação das células e leva a um recrutamento de células inflamatórias quando destrói o ápice da vilosidade elas extravasam para o lúmen) e colite neutrofílica necrosante.
Não há métodos oficiais de prevenção, apenas há vacinas experimentais (1ª vertente: aplicam toxóide A e B que não tem bom efeito pois só age nas células de intestino – IgG não é boa protetora de mucosas; O dificille produz a toxina quando ele esporula então o IgG mataria a bactéria mas não mata o esporo que já foi produzido; 2ª vertente: Aplicações orais de cepas não toxigênicas de C. dificille – não produzem a toxina A e B). Prebióticos são ótimos, pois bactérias vivas competem com os patógenos. Associados a gentamicina e metronidazol.

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