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9 Efeito Stroop

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Efeito Stroop
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Definição
Em psicologia, o Efeito Stroop é uma demonstração de interferência no tempo de reação de uma tarefa. Por exemplo, quando uma palavra como azul, verde, vermelho, etc, é impressa numa cor que difere da cor expressa pelo significado semântico (exemplo: a palavra vermelho impressa com tinta azul), ocorre um atraso no processamento da cor da palavra, causando tempos de reação mais lentos e um aumento de erros. O efeito leva o nome do seu descobridor, John Ridley Stroop, e foi originalmente difundido em um artigo publicado na revista Journal of Experimental Psychology em 1935.
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Stroop concluiu que mesmo quando tentamos ignorar o significado de cada estímulo, o cérebro registra automaticamente os seus significados.
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Metodologia
Para avaliar este efeito, eram apresentadas ao sujeito listas de palavras impressas em várias cores, sobre as quais se pretendia observar se os sujeitos tentariam fazer algo mais do que apenas ler a palavra.
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Conclusão
Verificou-se então que a leitura é feita através de um processo automático, e por isso houve mais interferência na leitura das listas em que o nome da cor ou uma palavra semelhante estava escrito de cor diferente (por exemplo, VERMELHO,VERDADE).
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Antecedentes
Wilhelm Wundt investigou quanto tempo às pessoas demoravam para nomear objetos e as características dos mesmos, assim como o tempo que demoravam a ler as palavras correspondentes. Concluiu que ler as palavras demorava menos tempo do que dizer o nome dos objetos ou as suas características.
Embora tivessem sido feitos inúmeros estudos sobre esta matéria, só o artigo de Stroop combinava as dimensões da palavra e do objeto/características, criando a famosa situação de resposta e conflito
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Objetivos
São vários os objetivos do Teste de Stroop, pretende, entre outras coisas, avaliar o processo de automatização de leitura, ou seja, verificar até que ponto é possível nomear a cor da palavra sem, no entanto, a ler. De um modo geral, as palavras exercem uma forte interferência entre as diferentes informações (o que está escrito e a cor da palavra) que são simultaneamente processadas pelo cérebro, causam um conflito. Existem duas teorias que tentam explicar o “Efeito Stroop”.
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Teorias que tentam explicar o “Efeito Stroop”.
1 – Teoria da Velocidade do Processamento - A interferência ocorre porque as palavras são lidas mais rapidamente do que as cores são nomeadas.
2 – Teoria da Atenção Seletiva - A interferência ocorre porque a nomeação de cores requer mais atenção do que ler palavras.
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Descobriu-se mais tarde, que este teste poderia indicar a presença de comprometimentos pré-frontais, sempre que o indivíduo apresentasse uma dificuldade em inibir respostas previamente aprendidas, o chamado “Efeito Stroop”.
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	Exemplo de um Experimento utilizando o Efeito Stroop
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Participantes:
Participaram neste estudo, 96 sujeitos, todos estudantes da Universidade do Algarve, em sua maioria jovens adultos. Nenhum dos participantes apresentava distúrbios na percepção das cores.
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Material
Cronômetro
Tabela de registro dos tempos de nomeação de cores das listas apresentadas
Foram utilizadas cinco listas diferentes:
Lista 0-utilizada como preparação para as seguintes apresentava várias linhas de Xs, cada uma delas escrita a vermelho, verde, azul, preto ou amarelo.
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Lista 1-apresentava as palavras coincidentes com a cor a que estavam escritas (por exemplo,VERDE,AZUL).
Lista 2-as palavras eram foneticamente semelhantes à cor a que estavam escritas (por exemplo, VERME,VERDADE).
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Lista 3–as palavras eram as mesmas que na lista anterior, mas escritas a cores díspares foneticamente (por exemplo,VERME,VERDADE).
Lista 4 – as palavras apresentadas designavam cores que não lhe eram correspondentes (por exemplo, VERMELHO, AMARELO).
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Procedimento
Foi apresentada a cada um dos sujeitos uma 1ª lista como controle. A lista 0, consistia numa série de “XXX” impressos em várias cores (amarelo, azul, vermelho e verde). Foi pedido aos sujeitos que nomeassem as cores o mais rapidamente possível e caso cometessem algum erro deveriam corrigi-lo e continuar sem interrupções.
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Em seguida foi apresentada uma segunda lista, lista 1, na qual as palavras (nomes de cores) estavam escritas na cor correspondente(por exemplo,VERMELHO), pedindo-se novamente aos sujeitos que nomeassem as cores rapidamente e sem interrupções.
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Na terceira lista, lista 2, as palavras apresentadas designavam cores que não lhe eram correspondentes (por exemplo, VERDE). Foi pedido aos sujeitos que nomeassem as cores o mais rapidamente possível e caso cometessem algum erro deveriam corrigi-lo e continuar, sem interrupções.
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Na quarta lista, lista 3, estavam escritas palavras semelhantes à cor em que estavam impressas (por exemplo:VERME). Mais uma vez foi pedido aos sujeitos que nomeassem as cores o mais rapidamente possível e caso cometessem algum erro deveriam corrigi-lo e continuar, sem interrupções.
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Finalmente a última lista apresentada, lista 4, em que as palavras eram as mesmas da lista anterior, estas estavam impressas com cores díspares foneticamente (por exemplo: AMANHÃ). Também para esta lista foi pedido aos sujeitos que nomeassem as cores rapidamente e sem interrupções.
A lista 0 foi sempre apresentada em 1º lugar, sendo as restantes apresentadas aleatoriamente.
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Resultados
Foi contabilizado o tempo médio de leitura em cada uma das listas. Observou-se que os sujeitos demoraram em média 11,63 segundos a nomear as cores na Lista 0, esta lista é constituída por “XXX” coloridos. Na Lista 1, constituída por nomes de cores impressos nas respectivas cores, verificou-se que os sujeitos, demoraram menos tempo do que na Lista 0 (10,39 segundos). 
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Constatou-se que foi na Lista 2, formada por nomes de cores escritos em cores diferente, que os sujeitos apresentaram mais dificuldades na nomeação de cores, demorando 19,12 segundos. Na Lista 3, que consistia numa lista de palavras semelhantes ao nome das cores a que estavam escritas, o tempo de resposta foi de 12,85 segundos. Por fim, na Lista 4, que consistia numa lista de palavras semelhantes a nomes de cores, impressas de cores diferentes, foi de 14,42 segundos.
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Verificou-se assim que a Lista 2, foi aquela em que os sujeitos demoraram mais tempo a nomear as cores, enquanto que na Lista 1 os sujeitos demoraram menos tempo. Entre as listas 3 e 4, não foi verificada grande discrepância entre os resultados 
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Discussão dos Resultados
No decorrer da experiência, constatou-se que na lista de controle, a lista 0 (formada por séries de “XXX” coloridos), os sujeitos não apresentavam dificuldade em nomear as cores, visto que este é um processo automático e involuntário que não requer atenção, sendo por isso rápida a nomeação. Isto pode ser explicado pelo fato de desde muito cedo os indivíduos estarem familiarizados com as cores e porque “XXX” não tem qualquer significado, a nomeação das cores vai ser automática.
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Quanto à lista 1, a lista congruente (VERMELHO, AZUL), verificou-se que foi onde os sujeitos da experiência nomearam mais rapidamente as cores. Isto é justificado pelo fato de que apesar de estarem expostos a duas tarefas diferentes (nomeação de cores e leitura), a leitura funciona como uma vantagem na medida em que é um processo adquirido através do treino e de muita importância no nosso dia-a-dia. Assim, como as palavras estão de acordo com as cores, os sujeitos não apresentam qualquer dificuldade na nomeação das cores.
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A lista 2, constituída por nomes de cores impressos em cores diferentes, foi aquela em que os indivíduos da experiência demoraram mais tempo a fazer a nomeação. Foi um processo mais lento, porque a leitura automática interfere com a nomeação das cores, que é um processo controlado, consciente e
voluntário, que requer atenção focada.
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Relativamente à terceira lista, composta por palavras semelhantes ao nome da cor a que estão impressas, o tempo de nomeação das cores não foi muito elevado, visto que, como já foi referido, a leitura é um processo automático e a nomeação das cores era facilitada pela semelhança entre o nome das cores e as palavras apresentadas na lista.
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Por fim, a quarta lista, formada pelas mesmas palavras que a terceira, mas com as cores invertidas, tem uma média de nomeação das cores um pouco mais elevada, devido à ausência de semelhança fonética que se verificava na lista anterior e que, portanto dificultou a nomeação de cores nesta lista.
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Em relação à lista três, comparada com a lista de controlo, verifica-se que a nomeação das cores foi um pouco mais demorada que na lista 0, pois o fato das palavras apresentadas começarem da mesma forma que o nome das cores a que estão impressas, ajuda à sua nomeação.
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Finalmente, no que toca à lista quatro, comparativamente à lista de controle, constata-se uma diferença um pouco maior do que a verificada na lista três. Isto se deve ao fato de a lista ser constituída pelas mesmas palavras que a lista anterior, mas impressas em cores diferentes.
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Através desta experiência, podemos constatar que as expectativas iniciais se confirmaram: foi assim provado que a leitura é um processo automático enquanto que a nomeação das características dos estímulos, neste caso, a cor, é um processo controlado.

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