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Dos Delitos e das Penas - Uma análise

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DOS DELITOS E DAS PENAS[1: Trabalho realizado para a Disciplina de Direito Penal I, ministrado pela Professor Sergio Luiz Fernandes Pires.]
Jocemar Da Rosa Dos Reis[2: Acadêmico do Curso de Direito da Unijuí. jocemarreis@hotmail.com]
	O presente texto visa apresentar algumas ideias contidas na Obra “Dos delitos e das Penas”, clássico do Italiano Cesare Beccaria, publicado em 1764 e que provocou profundas discussões acerca da Justiça criminal exercendo grande influência na reformulação desta, sendo a obra considerada a base do direito Penal Moderno.
Importante situar historicamente o contexto em que a Obra veio à tona e como o autor, vivendo em meados do século 18 na Itália, chegou a formulação de suas ideias. Eram tempos de despotismo, onde a população estava submetida aos desmandos da igreja e dos monarcas, porém o século XVIII ensejava novos ideais libertários que contestavam a ordem social vigente, e assim, Beccaria, insurgia-se (de forma moderada) contra as desigualdades no trato das leis e propunha novos caminhos para garantir a igualdade e a justiça.
O autor apropria-se da teoria do Contrato Social de Rousseau, no qual cada indivíduo cede parte de sua liberdade ao estado para ter a proteção deste, assim surgindo as penas para aqueles que infligirem as normas estabelecidas, penas delimitadas de acordo com a gravidade do delito, abominando-se as às penas cruéis, odiosas, inúteis e que contrariam os fins propagados pelo contrato social. 
Uma coisa que me chamou a atenção é que segundo Beccaria o intuito de cometer um crime diminui à medida em que se conhece a pena, ou seja, se o pretenso homicida souber que, ao matar uma pessoa, ele pode amargar por no mínimo seis anos de prisão (conforme o CP art. 121) pensará bem antes de cometer o crime e mesmo acabará declinando da ideia, isto em nossa realidade se configura naquela situação de conflito entre duas pessoas onde uma diz -em grau máximo de tensão- “ só te não te mato porque não quero ir pra cadeia.”, um exemplo bem vulgar do amplo fundamento que isto tem na vida pratica das pessoas.
Beccaria discorre sobre as formas de condução do processo penal, da imparcialidade e isenção do magistrado que está a julgar (Sergio moro por sinal ignora estas lições), cita a suspeição do juiz como justa em certos casos, e enfatiza a questão da importância das provas perfeitas para se condenar o acusado e mensurar-lhe a pena com todos os princípios e preceitos legais. Pode -se afirmar, neste ponto, que a obra se dirige especificamente às injustiças nos atos de quem aplicava a lei. 
Define critérios para os testemunhos focando na testemunha e suas intenções, que devem ser analisadas para reconhecer tal testemunho como verdadeiro. As acusações secretas devem ser recusadas, segundo o autor. Também os interrogatórios sugestivos, que visam forçar e direcionar a resposta do interrogado devem ser proibidos.
Beccaria faz duras críticas a tortura, julgando a ineficiente, afirmando que nenhuma confissão que se consiga através desse método é válida.
Para ele a pena de morte é desnecessária, a menos que essa venha a frear a pratica de novos crimes, entretanto se a lei condena o homicídio e o considera hediondo, não seria coerente ao estado tirar a vida de um cidadão. Assim Beccaria expõe as contradições da pena de morte e também considera que essa pena não se sustenta em nenhum tipo de direito.
Beccaria aponta o banimento como pena e a confiscação dos bens como uma pena maior ainda, sendo o confisco é uma pena excessiva, pois o indivíduo teria que recomeçar toda sua vida, sem ajuda, sem moeda de troca, dificultando sua sobrevivência, portanto, o autor desaprova as confiscações.
Beccaria sustenta que a pena deve ser aplicada somente ao culpado, não deve, pois, incidir sobre terceiro, nem sobre sua família, só a ele, o único autor do crime. É defensável a posição de Beccaria, pois só é justa a prisão do acusado antes da sentença quando há possibilidade de fuga ou de ocultar alguma prova, porque não se tem a certeza de sua culpa, privar sua liberdade em outro caso seria injustiça. Atenta-se ao princípio da presunção da inocência, senso considerado culpado de fato após a sentença, podendo-se então prendê-lo. 
De acordo com o pensamento do autor, as boas leis são elaboradas para prevenir crimes, pois a punição é consequência de leis que não se preocupam com a população e a deixa à própria sorte, se prepara somente para punir. Ao prevenir os crimes diminui-se o sofrimento de toda sociedade e os gastos após os crimes; ao proporcionar-lhe melhor educação, saúde e condições financeiras terá a prosperidade da nação. Enfim, para Beccaria, a pena só seria justa se pública, proporcional ao crime e prevista em lei, isto se pode observar na legislação atual, contribuição pura de Beccaria aos sistemas penais contemporâneos.
Ao fim da leitura e estudo desse aclamado livro, viemos a concordar com o célebre autor que a pena deve ser justa, necessária, razoável e proporcional ao delito, estando definida pela lei e aplicada somente pelo estado.

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