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trab resenha de agrário

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FACULDADE DE JUSSARA-FAJ
SARA MOISÉS SILVA
STHEFANIE SOUZA OLIVEIRA
THUANY THÁBATTA PIRES GONÇALVES
A JUSTA INDENIZAÇÃO NA DESAPROPRIAÇÃO AGRÁRIA – Como se forma as superindenizações
JUSSARA-GO 
2017
A JUSTA INDENIZAÇÃO NA DESAPROPRIAÇÃO AGRÁRIA – 
Como se forma as superindenizações
Desde o princípio o ser humano utiliza o espaço a seu interesse próprio, seja para adquirir a sua própria subsistência, alimentando se ou se protegendo das adversidades que o meio proporciona. Ao decorrer de décadas a terra modifica seu real sentido devido ao uso humano, recebe uma visão econômica onde além de ser o meio de subsistência é a garantia econômica de um povo, gerando capital e impulsionando altas produções. As coletas de alimento primitivas perdem espaço para a grande produção de safras de grãos e outros alimentos, a criação de animais de pequeno, médio e grande porte e outros produtos essenciais ao desenvolvimento e manutenção humana. 
	De fato, a conceituação de terra é denominada de modos diversos, na perspectiva tratada no livro “A justa indenização nas desapropriações agrárias” do autor Junior Divino Fideles, aponta definições diversas, mas que se entendem no aspecto de que a terra é de interesse coletivo no âmbito econômico e de sobrevivência. Embasando alguns conceitos, denomina se a terra como um espaço em que um determinado grupo se habitua e cria suas cresças, costumes, meio de exploração para consumo e sobrevivência, criando uma identidade própria que caracteriza o grupo, distinguindo o dos demais existentes. Por meio de uma visão contemporânea, a terra é um dos maiores meios econômicos, cabendo produção de diversos produtos importantes à subsistência, além de ser sujeito a alienações, onde a sociedade é capaz de sugar todos os meios existentes de consumo da terra.
	Perante uma análise constitucional, segundo os preceitos de nosso ordenamento jurídico, é de principal garantia o direito a propriedade, de modo que se garanta uma porção territorial para a sobrevivência humana. O direito a propriedade é cabível a sociedade como meio de construção de residências, local especifico para que cada um resida de maneira digna e protegida, estendida a áreas urbanas e rurais como moradia, de maneira que a extensão de propriedade destinada a grandes produções agrícolas, relativas a grandes empresas ou excesso de propriedades são de aspectos privados e sofrem desapropriações. 
	O uso da terra determinada como a função social da propriedade, abrange o aspecto de que na utilização da terra deva existir a interligação do trabalho humano seguindo para fins econômicos, entendendo se que a propriedade deve contar com uma função especifica em sua existência para que sejam conservados a uso residencial ou relacionados à produção agrícola. Na preservação do uso da terra, mostrando se ausente à efetivação da função social, cabe ao Estado o direito a sua retenção e sujeição à reforma agrária e ao seu usuário caberá uma devida indenização pelo respectivo imóvel que perderá, de acordo com a avaliação econômica que o imóvel receber.
	Através das discuções e analises na conceituação do real sentido de função social, pode ser compreendido que apesar das transformações sociais o uso da terra é destinado a sobrevivência, mas que a evolução humana instaurou a individualização de cada porção territorial a cada individuo. 
Nota-se que a questão agrária é um termo multidisciplinar que busca retratar a realidade encontrável no meio rural, com foco nas relações desapropriação e o uso das terras. O termo reforma agrária sempre teve associado ao processo de alteração da estrutura agrária mediante ações patrocinadas e dirigidas pelo Estado.
No contexto constitucional um dos institutos da desapropriação sanção, por descumprimento da função social, no caso de imóveis rurais, é coagir o proprietário rural a dar destinação à terra em compatibilidade com os preceitos da função social. O outro propósito é promover reforma agrária nos imóveis descumpridores da função social, proporcionando acesso dos trabalhadores rurais a esse meio de produção.
Ao longo da história as terras estiveram voltadas prioritariamente para a monocultura de produtos agrícolas destinados à exportação, com pouco ou nenhum valor agregado, utilizando e reproduzindo relações sociais e conservadoras ou até mesmo atrasadas.
Essa ideia central de reforma agrária como promotora de justiça social, gerando trabalho, sendo instrumento de combate à pobreza e distribuição de renda, norteou os debates sobre o tema após a Constituição de 1988, até os dias atuais. A reforma agrária era defendida como solução para muitos dos problemas urbanos do Brasil nos de 1990 e 2000, como o desemprego, a falta de moradia, a violência, dentre outros, por ter o potencial de retirar das cidades o excesso populacional empregando-o no campo.
A despeito dessa qualificação constitucional do rito de desapropriação agrária, como forma de coibir reprimir o descumprimento da função social do imóvel rural, o judiciário brasileiro, a partir de interpretações liberais que privilegiam o interesse individual proprietário, vem esvaziando essa perspectiva valorativa, deixando de conferir preferencialidade e prejudicialidade às ações desapropriatórias e de imitir o desapropriando na posse do imóvel rural no início do processo.
Vale ressaltar também que há outra perspectiva de reforma agrária que vai além do objetivo histórico de desconcentração fundiária e de tornar as terras produtivas. A atualidade exige uma reforma agrária que estabeleça um novo modelo produtivo sustentável sob a ótica econômica, ambiental e social, capaz de proporcionar a produção de alimentos com variedades, quantidade e qualidade suficientes a assegurar soberania e segurança alimentar ao povo brasileiro, com respeito ao meio ambiente e com aproveitamento, mas sem exaurimento dos recursos naturais.
Assim a transformação da função da terra de teoria secular e preceito constitucional, para realidade concreta em campo, avançado para a construção de uma territorialidade específica nas áreas destinada à reforma agrária, parece ser a chave para construção de um modelo produtivo que aproxime e harmonize as temáticas econômicas, social e econômica, atribuindo um novo significado, o de formação territorial, ao termo reforma agrária.
Dentro dessa perspectiva dogmática da regulamentação constitucional de recomposição patrimonial, além da fixação do valor principal da indenização no correspondente ao preço de mercado, ao ente desapropriante, em regra, é imposta a obrigação de promover o pagamento de outras verbas consideradas de caráter acessório, como juros e honorários sucumbenciais.
Por isso, a discussão quanto à constitucionalidade desses pagamentos ante o princípio da justa indenização, mesmo frente à coisa julgada existente em especial em razão dela, permanece relevante.
Portanto, é possível notar, a título de síntese que a discussão dos juros moratórios, da cobertura florística, dos expurgos inflacionários e dos honorários sucumbenciais encontra-se equacionada nas desapropriações ajuizadas que buscaram corrigir as distorções indenizatórias que essas verbas representam, não sendo mais causas potenciais de superindenizações. 
Se considerado o resultado conjunto dessas verbas indenizatórias segundo o autor nesta questão há evidente inconstitucionalidade do modelo indenizatório por violar a justa indenização, por elevá-la um patamar muito superior ao valor de mercado do imóvel desapropriado. Contudo, se tomadas isoladamente às verbas que dão origem às superindenizações podem ou não ser constitucionais, o que demanda uma análise individual de cada uma delas, a partir do seu conteúdo e os valores constitucionais que representam ou afrontam.

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