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Fisiologia da Tireoide

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2
1 GLÂNDULA TIREOIDE
A glândula tireoide foi descrita pela primeira vez em 1656 por Wharton e recebeu essa denominação por apresentar um formato de escudo (em grego thyreós significa escudo e óides significa forma de). A glândula tireoide origina-se de um espessamento endodérmico no assoalho da faringe que surge ao 24º dia do desenvolvimento. Ela desce ventralmente mantendo uma ligação com a língua através do ducto tireoglosso. Na sétima semana do desenvolvimento, a glândula atinge sua posição final e esse ducto degenera, restando na língua um resquício proximal, que é o forame cego. Em alguns indivíduos permanece parte do ducto, o qual passa a ser chamado de lobo piramidal.
A glândula tireoide está localizada na região anterior do pescoço, abaixo a cartilagem cricóidea, encontrando-se aderida bilateralmente à traqueia. É ricamente vascularizada, daí sua cor avermelhada, sendo seu aporte sanguíneo proveniente das artérias tireóideas superiores e inferiores, que são ramos da carótida. Sua drenagem sanguínea é feita pelas veias tireóideas, que desembocam na veia jugular. Recebe inervação simpática e parassimpática.
Histologicamente, a tireoide se caracteriza por apresentar folículos, que são estruturas globulares revestidas por uma camada única de células cúbicas (epitélio cúbico simples). Estas aumentam em número e tornam-se cilíndricas, quando a tireoide apresenta-se hiperativa, ocorrendo o contrário (tornam-se pavimentosas) quando a atividade tireoidiana encontra-se reduzida. Os folículos tireoidianos são preenchidos por colóide, cujo principal componente é uma proteína, a tireoglobulina (TG). É nas células foliculares que se inicia o processo de biossíntese dos hormônios tireoidianos (intracelular) e no colóide é que ela é concluída (extracelular), de forma que o T3 e o T4, que são os principais HT elaborados, permanecem no interior da tireoglobulina até se iniciar o processo de secreção hormonal.
Entre os folículos encontram-se também células, de origem embriológica distintas das células tireoidianas, conhecidas como células C ou parafoliculares, que são responsáveis pela produção de calcitonina, hormônio relacionado ao metabolismo do cálcio.
1.1 Hormônios tireoidianos
Os hormônios da tireoide (HT) possuem efeitos de longo prazo no metabolismo, sendo essenciais para o crescimento e o desenvolvimento normais em crianças e bebês que nascem com deficiência na tireoide apresentam desenvolvimento atrasado. Devido à sua importância, países como Estados Unidos e Canadá fazem testes para dosar as concentrações dos HTs em todos os recém-nascidos. 
A glândula tireoide produz e secreta o hormônio triiodotironina (T3) e o pró-hormônio tetraiodotironina ou tiroxina (T4) e ambos hormônios induzem a transcrição, tradução e síntese de bombas, transportadores e enzimas celulares e elementos celulares que atuam na sustentação e contratilidade, bem como aumento da taxa metabólica dos tecidos periféricos. O produto primário da glândula tireoide é o hormônio T4, porém, a forma ativa do hormônio tireoidiano é o T3. O hormônio T4 corresponde a cerca de 90% da produção tireoidiana e tem meia vida mais longa do que o T3, no entanto, os hormônios T3 são biologicamente mais ativos e, devido a isso, o T4 precisa ser convertido em T3 nos tecidos-alvo através das enzimas denominadas deiodinases – que removem um iodo do T4. 
1.2 Síntese dos Hormônios tireoidianos
A síntese de HTs é regulada principalmente pelo eixo endócrino que segue o padrão hipotalâmico-hipofisário-glândula endócrina periférica. O hipotálamo libera tonicamente o hormônio liberador de tireotrofinas (TRH), que controla a secreção do hormônio da adeno-hipófise chamado de tireotrofina, também conhecido como hormônio estimulador da tireoide (TSH). O TSH atua na glândula tireoide para promover a síntese dos hormônios T3 e T4 e para evitar uma hiperprodução, estes hormônios sintetizados pela tireoide atuam como um sinal de retroalimentação negativa.
A síntese de hormônios tireoidianos necessita de dois precursores: iodeto e tireoglobulina. O iodeto é transportado através das células – do lado basal para o lado apical – do epitélio tireóideo. Durante a tradução, os aminoácidos ligam-se à tireoglobulina que é secretada num processo que envolve a endocitose mediada por um receptor da tireoglobulina iodado e sua fusão aos lisossomos. A tireoglobulina é degradada resultado na liberação de hormônios tireóideos.
1.3 Eixo hipotálamo-hipófise-tireoide
O hipotálamo regula a síntese e secreção dos HTs através de três subdivisões hipotalâmicas: núcleo paraventricular (PVN), núcleo arqueado (NA) e a eminência mediana do hipotálamo (EM). Nestas áreas, neurônios parvocelulares se projetam e secretam o TRH e a somatostatina na circulação porta-hipofisária. 
Ao chegar na hipófise, o TRH se liga a receptores de TRH nos tireotrofos, os quais são acoplados às proteínas G (que atuam como segundo mensageiros através da fosfolipase C). A ligação do TRH ao seu receptor estimula a síntese do TSH, liberando-o a partir dos glânulos secretores. Já a somatostatina, também conhecida como fator inibidor da liberação somatotrófica, reduz a produção e liberação de TSH. A somatostatina se liga a uma proteína G que inibe a adenilato ciclase (AC) e a sinalização pelo monofosfato de adenosina cíclico (AMPc). A ativação dos receptores de TSH estimulam a formação de AMPc, que por sua vez regula a expressão da maior parte das proteínas envolvidas na síntese de HTs.
 Os neurônios hipotalâmicos que iniciam a liberação de TSH também expressam receptores de TSH, propiciando uma via de retroalimentação negativa pela qual os elevados níveis de TSH circulantes são capazes de inibir uma nova liberação. 
A glândula tireoide é formada por um grupamento de esferas ocas (folículos) preenchidas com uma matriz líquida rica em proteínas, denominada coloide – onde são sintetizados e secretados os HTs. As células C parafoliculares sintetizam calcitonina e estão distribuídas entre os folículos de toda a glândula.
1.4 Síntese e secreção
A síntese e secreção dos HTS são realizadas em um processo de várias etapas, envolvendo a iodação e a conjugação de resíduos de tirosina em tireoglobulina. A principal função da tireoglobulina é manter os precursores dos HTs mais próximos para facilitar as etapas da síntese no colóide. A síntese dos HTs pode ser dividida em oito fases consecutivas:
Captação de iodeto: o ânion iodeto é captado dos vasos sanguíneos pelas células foliculares, sendo transportado do sangue através da membrana basolateral, por um cotransportador de Na+-I-, também chamado de simporter de Na+-I-. Este cotransporte é favorecido pelo gradiente eletroquímico de Na+ estabelecido pela Na+-K+ ATPase basolateral.
Secreção apical: o I- é transportado através da membrana apical pelo cotransporte de Cl--I-, conhecido também como canal de pendrina. Apesar de haver outros mecanismos de transporte de I-, patologias como a Sindrome de Pendred levam o paciente a apresentar baixos níveis de HTs circulantes. A tireoglobulina é sintetizada nas células foliculares e sofre exocitose para o coloide, através da membrana apical.
Oxidação: as vesículas secretoras lotadas de tireoglobulina expressam a tireoperoxidase (TPO), que contem o heme em suas superfícies internas. Ao se fundir com a membrana apical, a TPO é apresentada à luz coloidal e catalisa uma reação de oxidação, na qual o iodeto é combinado com o peróxido de hidrogênio (H2O2) para formar iodo (I2) e H2O. 
Iodação: a TPO facilita a iodação (organizaçãoo) dos resíduos de tirosina da tireoglobulina para formar monoiodotirosina (MIT) e di-iodotirosina.
Conjugação: a MIT e a DIT se combinam por um processo chamado conjugação e formam T3 e T3 reverso (rT3), enquanto dois resíduos da DIT se combinar para formar T4. Os hormônios permanecem aderidos à tireoglobulina até a internalização pelas células foliculares. A conjugação também é facilitada pela TPO.
Endocitose: A tireoglobulina iodada e conjugada volta às células foliculares porendocitose (que foi iniciada por receptores de megalina). O TSH regulta a expressão do receptor de megalina e, assi, regula indiretamente a quantidade de coloide que passa por endocitose.
Proteólise: As vesículas que contém o coloide e sofreram endocitose se fumdem a um lisossomo e as moléculas contendo iodo são clivadas da tireoglobulina. Os hormônios T3 e T4 são liberados no citosol folicular, próximo à membrana basolateral e as moléculas remanescentes e o material do coloide são reciclados. 
Secreção: Nesta etapa, o T3 e T4 da célula folicular é secretado no sangue. Os hormônios tireoidianos do citosol se difundem pela membrana celular basolateral para o espaço intersticial, onde entram na rede capilar e nos vasos sanguíneos da glândula tireoide altamente vascularizada. 
1.5 Transporte e regulação 
Para serem transportados, aproximadamente 70% dos hormônios T3 e T4 liberados na circulação se ligam à globulina ligadora de tiroxina (TBG), 10% a 15% liga-se a transtirretina (TTR), 10% a 15% se liga à albumina e o restante se liga a lipoproteínas. A ligação aumenta a meia-vida por até uma semana e serve como uma reserva de HT por curtos períodos. T3 e T4 livres participam no controle de retroalimentação negativa ao nível do hipotálamo e dos tireotrofos. Do mesmo modo, os HTs aumentam a somatostatina, que diminui ainda mais a liberação de TSH pelos tireotrofos.
1.6 Ação fisiológica dos hormônios tireoidianos
Existem receptores de HT em praticamente todos os tecidos do corpo, evidenciando sua fundamental importância para o desenvolvimento e manutenção do organismo. Além de participar da regulação do metabolismo, através do aumento da transcrição de genes, que aumenta a síntese proteica, exerce, ainda, efeito em órgãos específicos durante o desenvolvimento e após o nascimento. 
Grande parte dos efeitos fisiológicos do HT foram descobertos a partir de modelos experimentais de hipertireoidismo, com a administração dos hormônios T3 e T4, e hipotireoidismo, com a retirada da glândula ou com a utilização de drogas que bloqueiam a síntese hormonal.
 
1.7 Efeito na termogênese 
Sabe-se que independente do meio externo, a temperatura corporal é mantida num limite estreito próximo a 37°C. Para que essa temperatura possa ser mantida, o corpo produz calor através de um mecanismo de termogênese obrigatória, que avalia a taxa de metabolismo basal, de acordo com o consumo de 02 em repouso. 
Quando se está num ambiente de termoneutralidade, a termogênese obrigatória é suficiente. Porém, em locais de frio extremo, é preciso que seja ativada a termogênese facultativa para que a temperatura corporal mantenha-se constante. O HT está, pois, relacionado tanto à termogênese obrigatória, quanto à facultativa, tornando evidente seu indispensável papel na homeostase do corpo. Um dos sintomas de um indivíduo com hipotireoismo é a intolerância ao frio, enquanto que um indivíduo com hipertireoismo será intolerante ao calor.
1.8 Efeito no metabolismo lipídico 
O HT acelera a transformação dos pré-adipócitos em adipócitos, exercendo inúmeros efeitos no metabolismo dos lipídeos. Quando em falta, o HT afeta a síntese de colesterol e a degradação metabólica. É por isso que um indivíduo com hipotireoidismo terá um aumento do nível sérico de colesterol total, uma vez que a degradação é afetada e, também, há uma diminuição do número de receptores de LDL (lipoproteína de baixa densidade) na superfície da célula, impedindo sua saída da corrente sanguínea. Além disso, o HT ainda intensifica a lipólise de ácidos graxos no tecido adiposo. 
1.9 Efeito no metabolismo protéico
 	O HT estimula tanto a síntese quanto a degradação de proteínas. A promoção da síntese está relacionada ao crescimento normal do indivíduo. Quando em excesso, o HT acelera o catabolismo proteico (quebra), aumentando a excreção de nitrogênio.
1.11 Efeito no metabolismo de carboidratos
O HT intensifica a ação da epinefrina (adrenalina), que vai promover a glicogenólise (quebra de glicogênio pela retirada de glicose) e a gliconeogênese (formação de açúcar). Além disso, promove uma potencialização da insulina na utilização de glicose e formação de glicogênio e aumenta a taxa de absorção intestinal e, consequentemente, a entrada de glicose nos diferentes tecidos. 
1.12 Efeito no sistema cardíaco 
 	O HT tem um efeito cronotrópico e inotrópico no coração, ou seja, está relacionado às contrações da musculatura cardíaca, controlando o ritmo cardíaco. Provoca, também, o aumento da expressão da miosina que predomina na região atrial, aumentando a velocidade da contração cardíaca, ocorrendo o oposto com a diminuição do HT.
 
1.13 Efeito no músculo esquelético
Os HT regulam a expressão dos genes que codificam diferentes isoformas de miosina e do transportador de cálcio. No hipertireoidismo, pode haver grave fraqueza muscular, causada pelo excesso de catabolismo proteico. 
1.14 Efeito no tecido ósseo
 	O HT atua na remodelação óssea, influenciando tanto na formação, quanto na reabsorção óssea. Nos osteoblastos, aumenta a fosfatase alcalina e a osteocalcin. Nos osteoclastos, eleva os marcadores de atividade, como, por exemplo, a hidroxiprolina e o piridínio urinário. Além disso, causa também o encurtamento do intervalo de tempo entre a formação e a desmineralização óssea. Em mulheres pós-menopausa, a falta de estrógeno causa um aumento do nível de HT. Dessa forma, a densidade mineral óssea diminui e, consequentemente, aumenta o risco de fratura óssea. 
1.15 Efeito na hematopoese
Ocorre um aumento da eritropoiese (formação de eritrócitos) pea ação do HT, já nos eritrócitos, o HT faz com que aumente a dissociação de O2 da hemoglobina, aumentando a disponibilidade de O2 nos tecidos. Em indivíduos com hipotireoidismo, pois, a eritropoese e o consumo de O2 serão reduzidos. 
1.16 Efeito no sistema endócrino 
O HT exerce uma função geral no metabolismo e na liberação de diversos hormônios. No hipotireoismo, muitas vezes, ocorre um aumento da prolactina pelo TSH hipofisário. Há, também, diminuição da secreção de LH e FSH, causando falta de ovulação e distúrbios menstruais. Já no hipertireoidismo, a necessidade de insulina é aumentada. 
1.17 Efeito no crescimento e desenvolvimento 
 	O HT é de fundamental importância para o crescimento normal dos indivíduos e para a maturação óssea. Mesmo que o GH (hormônio de crescimento) enteja em níveis normais, a falta de HT gera um atraso no desenvolvimento e crescimento do organismo. 
1.18 Efeito no desenvolvimento do sistema nervoso
Já durante o período de desenvolvimento fetal o HT é essencial para o sistema nervoso. O feto depende do hormônio sintetizado pela própria glândula, que se desenvolve a partir da 10ª semana de gestação. Em regiões com carência de iodo, é comum que ocorra o hipotireoidismo intrauterino, gerando retardamento menta e déficit de crescimento. 
 	No recém-nascido com hipotireoidismo (1 a cada 300), o dano no desenvolvimento neurológico pode ser evitado com a reposição de HT iniciada nas duas primeiras semanas de vida. Dessa forma, um dos motivos da realização do teste do pezinho é o diagnóstico precoce de hipotireoidismo.
1.19 Iodo e a síntese dos Hormônios Tireoideanos
 
A ingestão de iodo é indispensável para a síntese dos hormônios tireoidianos T3 e T4, compostos biologicamente ativos que têm iodo em sua molécula. A fonte de referência de iodo no planeta é o mar, ou seja, alimentos ricos neste elemento são produtos derivados do ambiente marinho. A deficiência da ingestão do iodo e consequente falta de HT durante o período fetal ocasiona um quadro grave de déficit do crescimento e do desenvolvimento neurológico, denominado cretinismo. Mas não se restringe apenas ao período fetal e neonatal, refletindo-se em todas faixas etárias. Assim podendo aumentar o tamanho da glândula tireoide chamado de bócio endêmico. O crescimento da glândula ocorre em consequência do estímulo sustentado do TSH hipofisiário para compensar a falta de síntese deHT.
A concentração urinária de iodo possibilita estimar a ingestão de iodo, um método utilizado na avaliação do estado nutricional de iodo na população. Quando o sal é ingerido, a forma orgânica dele é convertido em iodeto pela flora intestinal, sendo absorvido no intestino delgado e transportado para o plasma. Sendo pouco eliminado nas fezes e se concentrando um pool de iodeto na circulação que é absorvido na tireóide e nos rins. A maior parte de iodo é eliminado na urina, em contrapartida o turnover do iodo na glândula é muito lento (1% ao dia).
Na parte de alimentação, ter atenção com os alimentos que podem causar bócio, como isoflavonas em grande quantidade (Alimentos como repolho, nabo, soja e couve podem ser consumidos uma ou duas vezes por semana, mas não todos os dias). Com o aumento no consumo de soja, cresceram as preocupações se este alimento poderia afetar o equilíbrio da função tireoidiana. Estudos in vitro demonstraram que os fitoestrógenos presentes na soja, além de diminuírem a ação periférica dos hormônios tireoidianos, também afetam a sua síntese por inibição da tireoperoxidase, uma enzima chave na síntese dos hormônios tireoidianos. Eles induzem ainda a proliferação dos tireócitos, predispondo ao hipotireoidismo e bócio.
O transporte ativo de iodo não se restringe à glândula tireóide. Outros tecidos, como as glândulas salivares e a mucosa gástrica expressam a proteína NIS e concentram iodeto. Na glândula mamária a expressão de NIS ocorre durante a fase de lactação, permitindo a concentração de iodo no leite materno.
As principais estratégias para melhorar a ingestão de iodo pela população se dá através da administração oral de lugol (solução rica em iodo), injeção de óleo iodado, suplementação de iodo na água e adição de iodo nos alimentos (sal, pão e leite). Desde 1953 foi implementada uma legislação pelo Ministério da Saúde estabelecendo que todo sal deve conter pelo menos 40mg de iodo por quilo de cloreto de sódio. 
1.20 Gravidez
Existe uma interação importante entre os hormônios tireoidianos e os ovários, sendo que o hipotireoidismo afeta a fertilidade da mulher. Os receptores tireoidianos, que são estruturas através das quais os HT atuam, são expressos nos ovócitos e células da granulosa do ovário. Os hormônios tireoideanos sinergizam com hormônio hipofisiário para exercer efeitos estimulatórios diretos nas células da granulosa incluindo diferenciação morfológica.
Durante a gravidez, as mulheres portadoras de hipotireoidismo devem ter a sua dose diária de T4 aumentada. Não é bom para o desenvolvimento do bebê se o T4 estiver baixo. Além disto, as mulheres com hipotireoidismo podem ter dificuldade de engravidar e tem maior risco de abortamento.
1.21 Hipertireoidismo no Recém-Nascido


O hipertireoidismo no recém-nascido não é comum, documentando-se incidência menor que 1% entre crianças nascidas de mães hipertireoidianas. É causado pela transferência de anticorpos da mãe que são estimuladores da tireoide. Quando a mãe é tratada com drogas antitireoidianas, o feto se beneficia do tratamento materno e permanece eutireoidiano durante a gestação. Entretanto, o efeito protetor da droga é perdido após o parto e o hipertireoidismo clínico poderá se desenvolver poucos dias após o parto, podendo requerer tratamento com drogas antitireoidianas. Altos níveis de anticorpos estimuladores identificados no terceiro trimestre da gestação são preditores de hipertireoidismo neonatal.
2 GLÂNDULAS PARATIREOIDE
As glândulas paratireoide são quatro glândulas situadas atrás da tireoide. As glândulas superiores estão localizadas geralmente próximas a junção da artéria tireoidiana média e o nervo laríngeo-recorrente e as inferiores próximas ao polos inferiores da glândula tireoide. O formato delas é elipsoide, e o suprimento sanguíneo é realizado a partir da artéria tireoidiana inferior . 
As células principais correspondem à maioria e são responsáveis pela síntese e secreção do paratormônio (PTH), elas podem ser divididas em dois grupos devido às características estruturais ativas e inativas. As ativas detém um relevante retículo endoplasmático e complexo de Golgi, onde o PTH está sendo produzido e processado, possui poucos grânulos secretórios porque o PTH não é armazenado em grandes quantidades. Já as inativas apresentam um retículo endoplasmático disperso e um complexo de Golgi menos proeminente, possuem vários vacúolos que contêm glicogênio e lipídeos. Outra categoria de células são as células oxifílicas que surgem após a puberdade e possuem um núcleo pequeno, citoplasma eosinófilo e mitocôndrias abundantes, não contém células secretórias, sugere-se que elas sejam formas degeneradas das células principais. 
O PTH é sintetizado inicialmente como pré-pró-PTH, os aminoácidos sinalizadores são clivados no interior do retículo endoplasmático durante o processo de tradução do mRNA dando origem ao pró-PTH. Este vai para o complexo de Golgi onde vai ser transformado em PTH antes de ser secretado. O hormônio final ativo possui 84 aminoácidos, mas podem ser formados fragmentos ( amino ou carboxiterminais ) de 33 a 34 aminoácidos, mas somente os fragmentos carboxiterminais são secretados para circulação.
O hormônio em circulação possui uma meia vida de 4 a 8 minutos e é metabolizado nos rins e no fígado. O grande volume de hormônio circulando no organismo no entanto pode ser explicado pelos fragmentos carboxiterminais que possuem uma meia vida 20 vezes maiores que a molécula intacta (por enquanto não há indícios de alguma função biológica desses fragmentos) .
A parte que vai se ligar ao receptor se localiza nas extremidades amino terminal entre os aminoácidos 18 e 25. O hormônio precisa no mínimo dos 27 primeiros aminoácidos para ter atividade biológica, caso os dois primeiros aminoácidos forem retirados ele perde sua função pois não consegue mais realizar a ligação com o seu receptor .
O principal fator que regula a secreção do PTH é a concentração dos íons de cálcio circulante, as variações do cálcio plasmático são transmitidas para o citoplasma da célula que influencia na síntese e secreção do PTH .
Diferentemente do que ocorre na maioria das células secretoras, as células da paratireoide estimulam a secreção do PTH quando ocorre a diminuição da concentração intracelular de cálcio. Quando ocorre um aumento da calcemia ocorre uma inibição do PTH. O mecanismo do qual o cálcio participa nas células principais não esta totalmente desvendado. O que se sabe é que em paratireoides bovinas existe um receptor de cálcio na membrana plasmática e este receptor pertence a superfamília de receptores acoplados a proteína G. Quando este receptor entra em contato com os íons de cálcio, magnésio, entre outros , é desencadeado um aumento de cálcio intracelular proveniente de compartimentos citoplasmáticos, levando a inibição do PTH. Mutações na ativação e inibição do receptor estão associadas ao hipoparatireoidismo e a hipercalcemia hipocalciúrica familiar . 
	A secreção de PTH também esta intimamente ligada ao conteúdo de AMPc ( denosina 3',5'-monofosfato cíclico) que é uma molécula importante na transdução de sinal em uma célula das células principais. Concentrações muito elevadas ou extremamente baixas de magnésio inibem a secreção de PTH, quando as concentrações são muito diminuídas elas interferem nas reações enzimáticas da geração de energia intracelular prejudicando as células da paratireoide. O metabólito ativo da vitamina D inibe diretamente a síntese de PTH, já os glicocorticoides estimulam a síntese de PTH . 
 	A principal função do PTH é controlar a concentração plasmática de cálcio, evitando a hipocalcemia. A calcemia é controlada pela taxa de transferência de cálcio do e para o tecido ósseo, pela taxa de filtração glomerular e pela absorção intestinal. O PTH vai estimular a reabsorção de cálcio no filtrado glomerular, vai aumentar a taxa de reabsorção de cálcio nos osso e vai elevar indiretamente a taxa de reabsorção de cálcio no intestino. A ação do PTH nos rins,fígado e intestino faz com que ocorra um aumento da calcemia, mas isso não ocorre simultaneamente. O efeito renal é o mais rápido, seguido da reabsorção de cálcio que se divide em duas fases, e o efeito mais lento é o aumento da absorção intestinal pois depende da formação renal da vitamina D3.
O PTH vai agir no seu alvo devido a interação com o receptor específico das células renais e ósseas . A parte amino terminal da molécula se liga com o receptor de membrana que é acoplado a uma proteína G, estimulando a adenilciclase e fosfolipase C. A fosfolipase C vai promover um influxo de cálcio e um aumento de cálcio citosólico. Também vai ocorrer um aumento do conteúdo intracelular de cAMP.
O PTH atua sobre os rins através da reabsorção tubular de cálcio, as ações do PTH ocorrem predominantemente no ramo ascendente da alça de Henle e na porção mais final do túbulo contornado distal. Nestas células o PTH interage com os receptores de membrana que ativam a adenilciclase e levam o aumento dos níveis intracelulares de AMPc. O PTH atua nos túbulos contornados proximais e distais na reabsorção de fosfato, que pode ser de forma direta atuando sobre um transportador de fosfato ou de forma secundária a absorção de sódio e/ou bicarbonato. Exemplo: em cães o PTH diminui a absorção de sódio e fosfato. Além dessas funções o PTH atua na alcalinização da urina aumentando a eliminação de bicarbonato devido a inibição direta do PTH em relação a absorção de bicarbonato no túbulo principal, gerando uma forma de acidose tubular renal proximal. Ele também induz a inibição da reabsorção de fluídos isotônicos no túbulo proximal, sendo assim, o sódio não absorvido carrega água para o túbulo distal aumentando o fluxo urinário . 
Nos ossos o PTH estimula a reabsorção óssea, direcionando o cálcio para o conteúdo citoplasmático. Inicialmente ele estimula um aumento da reabsorção da matriz óssea, que pode ter duas fases, a precoce e a tardia. Em nível celular ocorre a diminuição da atividade dos osteoblastos e a ativação da função osteoclástica e mais tarde ocorre a ativação reacional da formação óssea. Os osteócitos também sofrem efeito do PTH, ele provoca um aumento das lacunas ósseas, e as células sofrem um alongamento adquirindo um aspecto estrelado. O PTH estimula a síntese de mRNA nos osteoclastos, aumentando o número de núcleos por osteoclasto, assim como sua quantidade. Ele também atua nas enzimas lisossomais as estimulando. Esses efeitos são acompanhados por uma inibição da síntese de colágeno e um aumento de fosfatase alcalina, todos os efeitos são de ações estimulantes. As ações inibitórias estão voltadas para os osteoblastos. É possível verificar que mais de um tipo celular no tecido ósseo possui receptores para o PTH.
Descobriu-se uma proteína isolada muito frequente na hipercalcemia humoral da malignidade. Este peptídeo é fundamental para a manutenção dos níveis calcemicos do feto em relação aos níveis maternos, seus efeitos sobre a calcemia só retornam quando tumores malignos surgem induzindo a hipercalcemia . 
2.1 Calcitonina 
Este hormônio é produzido pelas células C da tireoide e inicialmente é secretado na forma de pré-pró-hormônio até que se transforme na sua forma madura que contém 32 aminoácidos. Ele vai ser secretado quando ocorrer o aumento do nível de cálcio no sangue, portanto, existem três vias do controle de secreção da calcitonina: quando há o aumento do nível de cálcio no sangue, quando há um aumento dos níveis de cAMP, e por meio do metabolismo dos inositóislipídios da membrana celular que promovem um aumento do nível de cálcio no sangue. A principal função da calcitonina é reduzir as taxas de cálcio e fósforo no sangue . Nos ossos a calcitonina inibe a reabsorção óssea pelos osteoclastos, realizando um depósito de cálcio, e também ocasiona a ativação da adenilciclase que desencadeia em um aumento intracelular de AMPc. Seu papel na função renal ainda não está muito claro, sabe-se que ele aumenta a excreção de cálcio e também se envolve com a excreção de eletrólitos e água. Além de interagir com o hormônio hipofisiário, com a prolactina e com o hormônio do crescimento , a calcitonina detém relação com a percepção de cor, apetite, iniciação da lactação, e tem um papel neurotransmissor em nível de hipotálamo (hipótese de difícil comprovação). 
2.2 Vitamina D
A vitamina D ou Calciferol é uma vitamina lipossolúvel e biologicamente inativa. Ela apresenta 2 formas distintas: o Ergocalciferol (D2) e o Colecalciferol (D3), porém elas só se diferenciam pela sua origem - a D2 tem origem vegetal e a D3 origem animal- e estrutura – a D2 possui uma ramificação a mais. Apesar dessas diferenças, são metabolizadas da mesma maneira e tem o mesmo potencial de ação.
2.3 Metabolismo
	O seu metabolismo, ou seja, a transformaçao da pré-vitamina D em vitamina D propriamente dita, ocorre através de uma serie de condensações (feitas por intermédio da acetilcoenzima-A) e radiações solares. Pelo fato de ser biologicamante inativa, essa vitamina necessita se tornar mais polar, ou seja, mais hidroxilada para se transformar em sua forma ativa. Essa hidroxilaçao, que acontece nos rins e no fígado, pode acontecer de três formas diferentes: 25-Hidroxilação, 1-alfa-Hidroxilação e 24-Hidroxilação. 
A 25-Hidroxilacao refere-se à introdução de uma hidroxila (OH) no carbono 25 através da enzima 25-hidroxilase e ocorre principalmente no fígado e em menor escala no intestino e nos rins. A 1-alfa-Hidroxilação é o metabólito mais potente da vitamina D, que através da enzima 1-alfa-hidroxilase faz a metabolização da 1,25-di-hidroxivitamina D, enquanto a 24-Hidroxilação ocorre principalmente no tecido renal.
2.4 Mecanismo de ação da vitamina D
Genômico É descrito para todos os esteroides . A 1,25(OH)D interage especificamente com receptores nucleares , logo após, o complexo esteroide-receptor interage com a molécula de DNA no núcleo celular, alterando o comportamento metabólico dessa célula, tanto para a repressão quanto estimulação da absorção da vitamina D e o não genômico (transcaltaquia) necessita de mais estudos para ser compreendido .
2.5 Ações da vitamina D
No intestino através de respostas dramáticas, com o aumento de Ca , Mg e P após 2hs da ingestão. As ações da vitamina D nas células intestinais são independentes do PTH, pois essas células contem um receptor de Ca++. No esqueleto ela tem efeitos no crescimento e metabolização óssea. Suas ações no rim precisam ser mais estudadas. O hormônio da paratireoide (PTH) estimula a síntese renal do 1,25 (OH)D.
2.6 Regulação hormonal integrada da homeostase mineral
As glândulas paratireoides são as principais responsáveis pelo controle da homeostase mineral, assim sendo, o PTH regula a concentração plasmática de cálcio diretamente nos rins. Algum defeito nesse controle pode causar tanto a hipocalcemia (hipoparatiroidismo) quanto a hipercalcemia (hiperparatireoidismo) .
2.7 Respostas desencadeadas pela hipocalcemia
	É causada pela deficiência da ação ou produção do PTH e como consequência o organismo não mais absorve o mineral cálcio. Imediatamente ocorre a parada da eliminação de cálcio pelo organismo e pelo aumento do influxo de cálcio dos ossos .
2.8 Respostas desencadeadas pela hipercalcemia
É basicamente controlada pela alteração do transporte do cálcio pelos túbulos renais. Quando ocorre o aumento do mineral no organismo, automaticamente acontece a diminuição e/ou supressão da secreção do PTH, levando à diminuição da absorção de cálcio pelo intestino, instalando novamente a homeostase.

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