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9
A PESTE NEGRA E OS HÁBITOS DE HIGIENE NA IDADE MÉDIA
Clebert dos Santos Moura[1: Graduando do curso de Licenciatura em História da Universidade Federal do Piauí.]
RESUMO 
A Europa, em meados de 1348, sofreu com uma doença que devastou grande parte da sua população. Cidades com esgotos a céu, com o mínimo de saneamento possível, pessoas sem hábitos regulares de higiene, casas de piso forrado com palha, foram umas das principais condições que favoreceram o sucesso da peste negra. O pouco desenvolvimento da medicina e a proibição da Igreja de que fossem feitas pesquisas na busca de uma cura também muito contribuíram. Deste modo, este trabalho visa demonstrar que o principal fator para o grande avanço da peste negra e a consequente morte de muitas pessoas foram os hábitos de higiene irregulares.
Palavras-chave: Peste Negra. Higiene. Idade Média.
ABSTRACT
Europe, in the middle of 1348, suffered from a disease that devastated a large part of its population. Cities with sewers in the sky, with the minimum of sanitation possible, people without regular habits of hygiene, houses of floor thatched with straw, were one of the main conditions that favored the success of the black plague. The poor development of medicine and the Church's prohibition of research in the search for a cure also contributed greatly. Thus, this work aims to demonstrate that the main factor for the great advance of the Black Death and the consequent death of many people were irregular hygiene habits.
Keywords: Black Plague. Hygiene. Middle Ages.
INTRODUÇÃO
A peste negra, também conhecida como peste bubônica, ficou famosa, historicamente, como uma doença responsável por uma trágica pandemia que dizimou milhões de vidas no mundo Ocidental, sem escolher suas vítimas, já que reis, príncipes, senhores feudais, artesãos, servos, padres entre outros foram vitimados pela peste. Essa doença é provocada pelo bacilo Yersinia pestis e que foi deflagrada a partir do ano de 1348. Assim, esse acontecimento figurou entre aqueles que caracterizaram a crise da Baixa Idade Média, sendo os outros as Revoltas Camponesas no século XIV e a Crise do Feudalismo.
Fontes históricas afirmam que ela é originaria das estepes da Mongólia, onde roedores eram infectados com a bactéria yersínia pestis, através de pulgas. No contato desses roedores infectados com o homem houve a transmissão da doença. Acredita-se que seu primeiro foco surgiu na China, por volta do ano de 1330, e sua inserção na Europa pode ter ocorrido por meio de caravanas comerciais.
 No século XIV as cidades medievais tinham uma densidade demográfica muito grande e, eram basicamente sem qualquer forma de saneamento básico, fator que muito contribuiu para a proliferação da peste. Junto com essa falta de saneamento também se encontravam os precários hábitos de higiene da população. Como na época as cidades medievais reuniam um grande número de pessoas e o lixo e os esgotos corriam a céu aberto, atraindo insetos e roedores portadores da doença, ficava fácil a contração da doença e a disseminação da mesma. O hábito de não tomar banho regularmente era uma constante entre as pessoas da referida época, e isso oferecia grande risco. Além da estrutura das habitações, que eram bem propícias à aglomeração de ratos e pulgas. É importante frisar que essa situação também se estendia à população do campo
Aliado a esses fatores e também com o baixo desenvolvimento da medicina, a Europa urgia em um momento de bastante escuridão, como descrevem alguns historiadores, já que a peste afligia tanto o corpo como o imaginário da população, fazendo com que ela fosse considerada por muitos, um castigo enviado por Deus contra os hábitos pecaminosos da sociedade.
Desta feita, o respectivo trabalho tem o intuito de demonstrar que o principal fator para o grande avanço da peste negra e a consequente morte de muitas pessoas foram os hábitos de higiene irregulares e o desenfreado crescimento demográfico das cidades, desacompanhado de um plano de saneamento básico, utilizando-se de pesquisas bibliográficas, tais como artigos, livros, imagens, e pesquisas eletrônicas, para melhor fundamentação do tema. 
A ORIGEM DA PESTE NEGRA
Diversos autores situam o surgimento da peste negra nas grandes planícies e estepes da Manchúria, logo após um período de guerras civis e catástrofes sem precedentes. Acredita-se que seu primeiro foco foi na China, nos entornos do ano de 1330, período em que ocorre uma sequência funesta de secas e enchentes, deslizamentos de montanhas, terremotos, entre outros, o que pode ter provocado a debandada de grandes colônias de marmotas e outros habitantes das estepes em busca de refúgio, trazendo consigo a pulga hospedeira da doença, para regiões de moradia humana.
Por volta de 1346, na Criméia, eclodiu uma briga de rua entre os cristãos que faziam o comércio entre a Ásia Menor e a Europa, e os tártaros, que na época sofriam com a peste. Os tártaros acreditando que a doença era resultado de uma praga jogada pelos cristãos, resolveram atacá-los. Mas, devido à epidemia que os acompanhava, seus pelotões em pouco tempo foram dizimados, vendo-se assim, obrigados a deixar a batalha. Porém, resolveram deixar aos seus inimigos um presente, presente este que lhes faria sentir o gosto do sofrimento que lhes fizera padecer, e então, fazendo uso de catapultas gigantes (Figura 1), os tártaros arremessaram cadáveres dos soldados vitimados pela peste sobre as muralhas da cidade dos cristãos (Caffa), e com isso tinham o objetivo de espalhar a doença entre eles, tendo sido exitosa tal empreitada, pois a epidemia tomou de conta da cidade, deixando seus habitantes apavorados, e obrigando-os a fugir em suas galés em direção ao Mediterrâneo.
Figura 1 – Catapulta usada pelos Criméios.
Fonte: LEWINSOHN, 2003, p. 50.
Em 1347, no porto de Messina, na Sicília, chegam as primeiras galés abarrotadas de especiarias e também de doentes. Temerosos, proibiam que os tripulantes desembarcassem, já que o mínimo contato era o suficiente para o contágio, mas, não podiam impedir que os ratos pulassem dos navios atracados e com eles levassem juntos a pulga transmissora. E assim, começou a sua infestação funesta, por etapas, do continente europeu, sendo por terra firme a partir do Oriente Médio, e pelo mar Mediterrâneo, nos portos em que atracavam as galés.
A Europa antes da peste
Desde aproximadamente 1000 até 1250 d.C. a Europa teve um período de crescimento em massa, quase que ininterrupto, fazendo com que a face da mesma mudasse, trazendo então, momentos de prosperidade, como a grande expansão agrícola, devido a melhoramento nas condições climáticas, e o crescimento demográfico. O clima tornou-se mais ameno, e isso favoreceu a cultura de cereais e, os melhoramentos técnicos, como o uso da tração bovina e de novas fontes de energia, como os moinhos d'água, revolucionaram a produção de alimentos, cujo grande aumento estimulou o crescimento populacional.
Le Goff cita na obra A civilização do ocidente medieval algumas dessas técnicas que permitiram o avanço da agricultura na Idade Média, senão vejamos:
A lenta difusão do afolhamento trienal permitiu aumentar a superfície cultivada (com um terço do solo em repouso, em vez da metade), variar os tipos de cultivo e lutar contra as intempéries com o recurso aos cereais de primavera quando as do outono davam pouco (ou o contrário). A adoção da charrua dissimétrica de rodas e aiveca e o emprego crescente do ferro nos instrumentos agrícolas permitiam lavrar mais fundo e com maior frequência. As superfícies cultivadas, os rendimentos, a variedade da produção e, por conseguinte, da alimentação, melhoraram. (LE GOFF, 2005, p. 59)
Rachel Lewinsohn cita em sua obra, Três epidemias: lições do passado, um trecho de Jean Froissart (2003, p. 53 apud FROISSART, 1976, p. 31) que descreve esse momento de prosperidade pelo qual a Europa passa, segundo ele “o país gordo e cheio de todas as coisas [...] as casas cheias de riquezas [...]”. Portanto, estava se vivendo ummomento de muita riqueza.
Como a produção agrícola estava a todo vapor, gerando inclusive excedentes, o comércio se expandiu levando, paulatinamente, as cidades a crescerem de importância. Por serem fortificadas e se localizarem próximas às rotas de comércio, as cidades eram consideradas locais seguros, principalmente para manter as estruturas bancárias necessárias à realização dos negócios na época. Com o aumento de sua importância econômica, elas foram se expandindo. Mais pessoas passaram a morar nas cidades, resultando na ampliação dos muros que demarcavam seus limites. Porém, esse crescimento gerou uma grande aglomeração de pessoas para os números daquele período. 
Essas cidades consistiam apenas num amontoado de edifícios, como se fosse um labirinto formado por ruas estreitas e que, apesar do seu grande crescimento e de todas as riquezas que dispunham, não possuíam práticas de salubridade e o saneamento básico não existia, tornando-as um local propício à propagação de epidemias como a peste negra. Elas eram pequenas e sujas, e a maioria de suas ruas não possuía pavimentação, nem tão pouco obras de drenagem, e recebia todas as imundices e refugos produzidos pelo povo. Vale frisar também, que o lixo era jogado nas ruas e os esgotos corriam a céu aberto e que homens e animais disputavam espaço entre elas.
E é no final do século XIII que a Europa torna-se superlotada, passando a ser esse drástico crescimento populacional um grande problema, pois as cidades não conseguiam mais absorver todo o fluxo campesino que iam em direção a elas, outro fator que muito contribuiu para inflar este problema foi que, apesar dos avanços técnicos da agricultura, esta já não era capaz de acompanhar o crescimento populacional. 
Aliados a esses fatores, vieram as mudanças climáticas, frio intenso, chuvas torrenciais trouxeram consigo uma série de colheitas desastrosas que, consequentemente, provocou epidemias de fome aguda. Com o frio intenso quase todos os países europeus perderam a totalidade de várias colheitas, e a falta do calor solar impedia a produção de sal pela evaporação, dificultando ainda mais a conservação e armazenamento da pouca carne que havia. Em razão dos fatores acima elencados, a vida da maioria dos habitantes da Europa tornou-se muito difícil, por não dizer intolerável. 
A DOENÇA E SEU PODER DEVASTADOR
A peste negra é uma infecção aguda causada pelo bacilo Yersinia pestis, descoberto em Hong Kong, no ano de 1984, pelo pesquisador suíço Alexandre Yersin. Somente em 1898 foi descoberto o papel da pulga na transmissão da peste, pelo francês Paul-Louis Simond, descoberta que lhe rendeu, por anos, o apelido de “O Mágico das Pulgas”.
A doença apresenta duas formas, porém a bubônica é a mais conhecida. Sua transmissão ocorria através da picada de uma pulga contaminada com os bacilos acima informados, e não diretamente de homem para homens. No entanto, se o bacilo adentrar as vias aéreas irá se sobrepor uma pneumonia à moléstia primária e neste caso a doença se torna ainda mais perigosa e contagiosa, haja vista que poderá ser transmitida pelas gotículas de espirro ou da tosse, bem como pela própria respiração.
Lewinsohn explica que a peste não é uma doença humana, mas uma moléstia de animais, e que se faz necessário a existência de condições especiais para que o homem seja dela acometido, como pode-se observar no trecho transcrito a seguir: 
A peste, na verdade, não é uma doença humana. Ela é uma zoonose, isto é, uma moléstia de animais, no caso pequenos roedores-cavadores que constituem o reservatório natural da doença; são necessárias circunstancias especiais para que a doença passe para o homem. (LEWINSOHN, 2003. P. 44). 
Após ser acometido pela doença, a pessoa apresenta diversos sintomas, inicialmente aparecem infecções agudas, acompanhadas de muita febre e calafrios, intenso mal-estar, vômitos, fortes dores musculares e fenômenos gripais e espirros. Por volta de dois a três dias que surgem, na região das axilas, virilhas e pescoço, vários bulbos (bolhas) de pus e de sangue (Figura 2). Se caso estes se romperem naturalmente, no prazo de três a quatro dias, é possível a sobrevida, do contrário, a morte pode ocorrer dentre o quinto e o sétimo dia. 
Figura 2 – Bulbos
Fonte: LEWINSOHN, 2003, p. 42.
Analisando as informações acima, pode-se observar que o poder devastador da peste era muito grande, uma vez que dizimou grande parte da população na Europa. Historiadores e estudiosos consideram que cerca de um terço de toda a população europeia teria morrido em consequência da peste e, em alguns casos, 50% das populações das cidades foram dizimadas, Ela devastou em sua maioria as cidades, no entanto, o campo também foi afetado.  Boccacio, citado por Jean Delumeau, em História do Medo no ocidente, no livro O decamerão, faz uma descrição desse poder na cidade europeia de Florença, segue trecho:
A crueldade do céu, e talvez a dos homens, foi tão rigorosa, a epidemia grassou de março a julho [1348] com tanta violência, uma multidão de doentes foi tão mal socorrida, ou até, em razão do medo que inspirava às pessoas saudáveis, abandonada em tal privação, que se tem segura razão de estimar em mais de 100 mil o número de homens que perdeu a vida no recinto da cidade. Antes do sinistro, não se imaginara talvez que nossa cidade contasse tal quantidades deles. Quantos grandes palácios, quantas belas casas, quantas moradas, outrora repletos de criados, de senhores e de damas, viram afinal desaparecer até seu mais humilde servidor! Quantas ilustres famílias, quantos imponentes domínios, quantas fortunas reputadas ficaram privadas de herdeiros legítimos! Quantos valorosos senhores, belas damas e graciosos rapazinhos, aos quais não só o corpo médico, mas Galeano, Hipócrates e até Esculápio teriam conferido um certificado de robusta saúde, tomaram a refeição da manhã com seus parentes, seus camaradas e seus amigos e, chegada a noite, sentaram-se no outro mundo à ceia de seus ancestrais. (DELUMEAU, 2009, p. 156-157 apud BOCCACIO, 1952, p. 15)
Segundo os relatos da Idade Média, a doença assolou tanto a população, fazendo milhares de vítimas, que faltou até mesmo caixões e espaço em cemitérios para que os mortos pudessem ser enterrados. Os mais pobres acabavam sendo enterrados enrolados em panos, e em valas comuns. 
Mais uma vez, em Delumeau, o poder devastador da peste é exaltado, como pode-se observar no trecho a seguir transcrito:
As ruas, as praças, as igrejas cobertas de cadáveres apresentam aos olhos um espetáculo pungente, cuja visão torna os vivos invejosos da sorte daqueles que já estão mortos. Os locais habitados parecem transformados em desertos e, por si só, essa solidão inusitada aumenta o medo e o desespero. (DELUMEAU, 2009, p. 174)
Então, após essas milhares de mortes, boa parte das cidades e das zonas rurais ficaram despovoadas, muitas propriedades foram abandonadas, pois a peste dizimou famílias inteiras. Além disso, a produção agrícola foi reduzida, gerando escassez de alimentos e de outros bens de consumo, bem como afetando no poder aquisitivo das classes sociais e também da Igreja, levando a mudanças culturais, políticas e religiosas.
AS CONDIÇÕES DE HIGIENE NA IDADE MÉDIA
As condições de higiene do século XIV é a principal tese para explicar a rápida propagação da peste na Europa. Naquele período as cidades cresceram desenfreadamente e sem nenhuma forma de saneamento básico, assim, lixo e esgotos corriam a céu aberto, atraindo insetos e roedores. Além do mais, hábitos de higiene, como o banho, não faziam parte da rotina da população.
Durante essa época o banho era considerado prejudicial à saúde se tomado em excesso, e “excesso” significava banhar-se mais de duas a três vezes por ano. Geralmente esse banho era tomado no início da primavera na Europa, dentre os meses de maio e junho, período em que as temperaturas estavam um pouco mais altas. Uma curiosidade que vale ressaltar é que a partir desse hábito de banhar geralmente no mês de maio que surge a história do mês das noivase dos casamentos, por que aproveitavam que todos estavam cheirosos e consequentemente o odor das partes íntimas não ficava tão forte. E, o buquê era utilizado também como uma forma de minimizar os maus odores das noivas.
As roupas eram lavadas muito raramente, devido o valor do sabão ser alto, geralmente duas a três vezes no ano, e por tal fato, viviam infestadas de pulgas, piolhos e traças. Por conta desses hábitos de não banhar e de não lavar suas roupas a proliferação da peste era facilitada, pois o odor que o corpo e as roupas exalavam atraíam as pulgas, que estavam sem hospedeiro e necessitavam se alimentar de sangue quente e, assim, traziam consigo a bactéria que causava a doença. É importante destacar também que até as roupas de cama eram imundas e trocadas ou lavadas raras vezes, e muitas vezes, numa mesma cama dormiam várias pessoas da mesma família. Então, o homem medieval, descuidado das questões de higiene se tornara o habitat perfeito dos transmissores da peste negra.
Pela falta de esgotos as pessoas jogavam seu lixo e dejetos em baldes pelas portas de suas casas ou dos castelos, o que provocava a poluição dos poços, além da proliferação de maus cheiros, já que esses excrementos e dejetos se infiltravam no solo, e, consequentemente, dificultava a possibilidade de obter água limpa para cozinhar e beber. E o lixo e os resíduos de curtumes e matadouros poluíam os rios. Essa situação de águas poluídas provocou uma constante fragilidade do corpo, tornando-o ainda mais suscetível à contaminação.
O lixo e os esgotos além de poluírem as águas também eram um grande fator para o aumento na quantidade de roedores, dentre eles o rato, principal hospedeiro das pulgas transmissoras da peste negra. Alguns escritos chegam a afirmar que homens e ratos dividiam espaço pelas estreitas ruas das cidades da Idade Média. Os ratos não só eram encontrados nas ruas, mas também dentro das casas, onde disputavam com os animais domésticos os restos de alimentos. 
Desta feita, o grande desleixo com a saúde e a falta de higiene das ruas e das pessoas permitiram a imensa proliferação de ratos contaminados, e por conseguinte, das pulgas transmissoras, provocando a morte de milhares de pessoas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Das considerações delineadas no presente trabalho é possível chegar à conclusão de que os transmissores da peste negra, ao chegar na Europa, encontraram um cenário perfeito para sua proliferação e consequente devastação da população. E que esse cenário foi montado em decorrência, inicialmente, da grande densidade demográfica populacional, atrelada ao crescimento das cidades sem qualquer tipo de saneamento básico, bem como dos péssimos hábitos de higiene adotados pelo homem daquela época.
As cidades cresceram, mas não houve preocupação com as questões de saneamento, tornando-as verdadeiros lixões e córregos, que transportavam doenças contagiosas e infeciosas, além de atrair insetos, roedores, e demais pragas, dentre eles os transmissores da peste negra, gerando a maior crise demográfica da história da Europa. 
Tomar banhos irregulares, conviver com animais dentro de casa, moradias insalubres, contato direto com dejetos e excrementos humanos, ingestão de água impura também implicaram nessa mortande exacerbada que ocorreu no continente europeu, no século XIV.
Assim, toda a pesquisa literária e iconográfica, realizada durante a confecção deste, demonstrou que se a população europeia da Idade Média mantivesse hábitos regulares de higiene, como tomar banho, usar roupas limpas, manter suas casas limpas, cuidados com a água, bem como, fizessem a destinação correta do lixo que produziam, e dos dejetos e excrementos, bem como dos esgotos, a epidemia de peste negra não teria encontrado habitat perfeito para a sua rápida proliferação e, assim, a grande mortalidade da época poderia ter sido evitada, e consequentemente, 1/3 (um terço) dessa população não teria sido dizimada, e tampouco haveria sido provocado a grande crise populacional que a assolou durante esse período.
Portanto, restou evidenciado durante o curso deste trabalho, que a peste negra devastou, em grandes proporções, a população da Europa no século XIV porque ela encontrou nas cidades e campos, deste período, condições favoráveis à sua instalação e rápida proliferação, e que tais condições lhes foram dadas pelos próprios homens da época. 
REFERÊNCIAS
______ - Europa: a peste negra na idade média. Disponível em: https://www.resumoescolar.com.br/historia/europa-a-peste-negra-na-idade-media/>. Acesso em 12 jan 2017. 
______ - Peste Negra – as condições de higiene na idade média. Disponível em: <http://www.coladaweb.com/historia/peste-negra-as-condicoes-de-higiene-na-idade-media>. Acesso em 12 jan 2017.
BOCCACCIO, Giovanni. The Decameron. In: DELUMEAU, Jean. História do medo no Ocidente: 1300-1800 uma cidade sitiada. Tradução de Maria Lucia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p. 156-157.
DELUMEAU, Jean. História do medo no Ocidente: 1300-1800 uma cidade sitiada. Tradução de Maria Lucia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
FERNANDES, Cláudio. Peste Negra. Disponível em <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/peste-negra.htm>. Acesso em 12 jan 2017.
FROISSART, J. Chroniques. In: LEWINSOHN, Rachel. Três epidemias: lições do passado. Campinas: Editora da UNICAMP, 2003. P. 53.
LE GOFF, Jacques. A civilização do ocidente medieval. Tradução de José Rivair de Macedo. Bauru: EDUSC, 2005.
LEWINSOHN, Rachel. Três epidemias: lições do passado. Campinas: Editora da UNICAMP, 2003.
SOUSA, Rainer Gonçalves. Peste Negra; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/historiag/pandemia-de-peste-negra-seculo-xiv.htm>. Acesso em 12 de jan de 2017.

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