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FACULDADE PARANAENSE - FAPAR
DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TERCEIRIZAÇÃO
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA, PR 
2017
RITA MARIA DOS SANTOS MACEDO
THAYS ROCHA GOMES DE PÁDUA
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TERCEIRIZAÇÃO
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA, PR 
2017
INTRODUÇÃO
A finalidade deste estudo é abordar, de forma sucinta, o instituto da terceirização e seus desdobramentos em questões práticas, desde a celebração do contrato, passando pelos riscos da contratação, bem como sua licitude e a relação de emprego entre o trabalhador e a empresa prestadora de serviços, revelando ainda a possibilidade de condenação subsidiária da empresa tomadora, através de questões doutrinárias e jurisprudenciais. 
Terceirização, segundo o professor Maurício Godinho Delgado, é forma de organização estrutural que permite a uma empresa transferir a outra suas atividades-meio, proporcionando maior disponibilidade de recursos para sua atividade-fim, reduzindo a estrutura operacional, diminuindo os custos, economizando recursos e desburocratizando a administração. Com isso, esse procedimento denomina-se terceirização empresarial e visa, como um dos seus objetivos, à redução dos custos operacionais, o que tem sido alcançado com o auxílio do processo de flexibilização da legislação laboral na forma de terceirização trabalhista, que é o modo de inserir o trabalhador em uma atividade da empresa, pela intermediação de outra empresa prestadora de serviços. No campo empresarial, terceirização significa forma de gestão administrativa, busca de agilidade, ampliação da competitividade, aumento da produtividade, otimização do empreendimento, geração de postos de trabalho, redução dos custos da produção e a maximização dos lucros. A conjugação da terceirização empresarial com a trabalhista constitui um elemento fundamental para a competitividade da empresa, com produtividade, qualidade e redução de custos. Na seara trabalhista, como a contratação do trabalhador é feita com a empresa prestadora (interveniente) e não com a tomadora de serviços, a terceirização (forma de flexibilização) tem sido vista como fator de precarização das condições de trabalho. Exemplos de restrições de direitos dos trabalhadores resultantes da terceirização: a impossibilidade de acesso dos terceirizados ao quadro de carreira da empresa tomadora de serviços, a fragilização da categoria profissional, a precarização das normas no meio ambiente de trabalho etc.
DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA
Terceirização pode ser definida como a contratação de outra empresa para realizar atividade que não represente o objetivo constante no contrato social da empresa contratante.
A ilustre Alice Monteiro de Barros diz que terceirização consiste em transferir para outrem atividades consideradas secundárias, ou seja, de suporte, atendo-se a empresa à sua atividade principal. Assim, a empresa se concentra na sua atividade-fim, transferindo as atividades-meio.
O objetivo da empresa, que denominaremos de atividade-fim, é aquele que compreende as atividades essenciais e normais para que a empresa se constituiu. É o seu objetivo a exploração do ramo de atividade expressa nos objetivos do contrato social.
O contrato de prestação de serviços, regulado pelas normas do Direito Civil brasileiro, é a vinculação de uma empresa especializada em prestar serviços, denominada prestadora ou contratada, a outra que se utiliza desses serviços, denominada de tomadora.
A doutrina e a jurisprudência têm repudiado a mera intermediação na contratação da mão de obra prejudicial aos trabalhadores, a intermediação ilícita, em que a empresa intermediária não assume o papel de empregador, por constituir-se em forma de mercantilização da força de trabalho denominada de marchandage (utilização do trabalho como mercadoria, ou a exploração do homem pelo próprio homem, com objetivos fraudulentos). 
VÍNCULO EMPREGATÍCIO
Ementa: Terceirização irregularidade vínculo empregatício. Art. 9º da CLT Enunc. 331/TST. A terceirização de serviços é hoje uma necessidade de sobrevivência no mercado, uma realidade mundial, com a qual a Justiça precisa estar atenta para conviver. Não é uma prática ilegal por si só. Contudo, terceirizar desvirtuando a formação correta do vínculo empregatício, contratando mão de obra interposta para o desempenho de atividade que é essencial à “tomadora”, desonerando-a dos encargos sociais típicos da relação de emprego para baratear a produção, afigura-se como uma prática ilegal, tanto para o aparente empregador, quanto para quem toma os serviços. A prática não passa pelo crivo do art. 9º consolidado, nem pelo Enunc. 331/TST. [TRT 3ª Reg. — RO 01781-1997-104-03-00-9 — (Ac. 1ª Turma) — Relª Maria Lucia Cardoso Magalhães — DJMG, p. 12 — Data de Publicação: 04.02.2000].
A relação de emprego estabelecida pelos artigos 2º e 3º da CLT, que posiciona o empregado e o empregador, se faz entre a empresa prestadora de serviços e o trabalhador, ficando a empresa tomadora em princípio isenta de qualquer responsabilidade.
Eventualmente, o vínculo empregatício pode ser reconhecido em juízo nos casos em que a prestação de serviços se mistura entre a atividade-fim e a atividade-meio, ou quando a contratação é feita de forma irregular ou fraudulenta, passando até pelo mau posicionamento do trabalhador dentro da empresa tomadora em relação a subordinação e cumprimento de horários.
O Enunciado 331 do TST trata dos contratos de prestação de serviços, sendo certo que o item III relaciona os casos em que não se configura o vínculo empregatício, in verbis:
ENUNCIADO 331 DO TST – CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS – LEGALIDADE - INCISO IV ALTERADO PELA RES. 96/2000, DJ 18.09.2000
I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974).
II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da administração pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988).
III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta.
IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços, quanto àquelas obrigações, inclusive quanto aos órgãos da administração direta, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista, desde que hajam participado da relação processual e constem também do título executivo judicial (art. 71 da Lei nº 8.666, de 21.06.1993).
Ao contratar serviços terceirizados o tomador deve preventivamente tirar certidões fiscais e analisar o número de ações trabalhistas, bem como observar a legislação trabalhista em relação às terceirizações, solicitando um parecer técnico de um profissional especializado.
MEIOS DE COMUNICAÇÕES/MÍDIA
Atualmente, muito se discute os impactos nos direitos trabalhistas com a aprovação pela Câmara dos Deputados do projeto de lei nº 4.302/98 que versa sobre o novo modelo de terceirização.
Contudo, os impactos deste novo modelo de contratação vão além dos direitos trabalhistas, ocasionando, inclusive, grandes reflexos em diversas áreas do direito e da economia.
Para entendermos os efeitos desta alteração é importante compreendermos primeiramente o cenário em que está inserido esta problemática.
A terceirização é o processo no qual uma empresa transfere a realização de determinada atividade para que outra empresa preste este serviço, através da utilização de todo o conhecimento e força produtiva desta empresa contratada.
Este processo nasceu durante a Segunda Guerra Mundial quando fabricantesde armamentos, pela grande demanda de armas neste período, precisavam concentrar seus esforços exclusivamente no desenvolvimento e produção de armas, e, assim, a solução encontrada foi contratar empresas prestadoras de serviço para realizar qualquer atividade que fugisse destes escopos da indústria bélica. Com o passar do tempo, esta operação foi se aperfeiçoando e passou a se tornar um método de administração e gestão das empresas.
Assim, percebe-se que o processo de terceirização vem, desde a sua origem, focada na prestação de serviços alheios ao objeto principal do negócio.
Ocorre que, com a aprovação do Projeto de Lei nº 4.302/98, a terceirização poderá ocorrer em qualquer atividade relacionada à empresa, inclusive a atividade principal.
Como bem disseminado na imprensa, um dos principais efeitos da terceirização é a redução dos salários dos empregados. Isto se deve pelo fato de que, para valer a pena, o valor negociado entre as empresas deve ser menor do que o valor que se pagaria para os empregados que realizariam a mesma função.
Desta forma, quem acaba por “pagar” esta redução de custo da empresa contratante é o empregado que fica no meio desse cenário. Assim, o primeiro efeito evidente é que haverá uma redução nos tributos arcados pelo trabalhador, como por exemplo, o Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) e as contribuições previdenciárias.
Neste ponto, cumpre destacar que, de acordo com as pesquisas disponíveis, os trabalhadores terceirizados recebem de 20% a 30% menos do que os funcionários contratados diretamente pelas empresas. Olhando sob ótica das empresas, tendo em vista que haverá redução de custos e consequente aumento do lucro, haveria um aumento de arrecadação em relação aos tributos incidentes, principalmente em relação ao lucro das empresas.
Ocorre que a mecânica de arrecadação é muito mais complexa do que o raciocínio colocado acima, isto porque a arrecadação dos tributos depende de crescimento e movimentação da economia, sendo que esta é influenciada por diversos fatores, sendo o principal é a renda dos trabalhadores.
A arrecadação de tributos depende muito da atividade econômica das empresas do país (faturamento, lucro etc.), que, por sua vez, dependem da atividade econômica da população de modo geral para verem seus produtos e serviços sendo consumidos.
Com a crise econômica atual pela qual passa o Brasil, ficou mais evidente que com a diminuição da renda da população há um impacto direto em todas os setores da economia — o que acabou por impactar diretamente a arrecadação dos tributos.
Desta forma, a terceirização, se observada somente sob a ótica empresarial, principalmente em relação ao fim pelo qual é criada uma empresa, qual seja, desempenhar determinada atividade visando o lucro de seus acionistas, pode ser enxergada como uma técnica bastante interessante para os administradores e todos que se beneficiam desta. Porém, se olharmos de um ponto de vista macroeconômico, a terceirização pode representar um perigo para toda a mecânica econômica, já que com a redução dos salários dos trabalhadores poderá ocorrer uma redução da arrecadação de tributos por haver uma atividade econômica menor do que a esperada, o que acabará por impactar diretamente os cofres públicos.
Diante de todo o exposto, percebemos que a terceirização pode ser uma medida que alivia os caixas das empresas, mas deveria ser encarada como uma forma temporária para o momento de crise econômica que vivemos, haja vista que no longo prazo poderá haver um cenário bastante difícil de se contornar e de consequências bastante relevantes, tanto econômicas quanto sociais.
5. Efeitos Jurídicos da Terceirização
A terceirização propicia algumas situações peculiares ao cenário jurídico com as relações firmadas entre os obreiros e seus empregadores (empregador aparente e empregador oculto) e a isonomia salarial frente aos trabalhadores terceirizados e os diretamente contratados.
Segundo Alice Monteiro de Barros, alguns autores defendem a possibilidade da ocorrência de terceirização na atividade-fim da empresa fundamentando no art. 170, da CF/88, entretanto de forma diversa pensa a autora explicitando como malefícios da terceirização da atividade-fim da empresa a violação do princípio da isonomia, a impossibilidade de acesso ao quadro de carreira da empresa usuária de serviços terceirizados, além de desfalecer a categoria profissional. E ressalta ainda a posição do TST na súmula 331 ao considerar inadmissível a delegação de atividades voltadas para a atividade-fim, sendo possível somente no caso de trabalho temporário.
No aspecto da terceirização licita ou regular o vínculo empregatício entre o empregado e a empresa terceirizada (empregador aparente) se mantém - súmula 331, I, II, TST -, mesmo que seja na entidade tomadora (empregador oculto ou dissimulado) o local onde presta os serviços, ou seja, “nega a ordem jurídica, portanto, o reconhecimento do vínculo empregatício do obreiro terceirizado com a entidade tomadora de serviços”, como explica Delgado (p. 443, 2006).
“(...) a Súmula 331 do TST limita-se a permitir que o usuário recorra ao contrato de natureza civil apenas quando se tratar de serviços de vigilância, conservação e limpeza, ou de serviços especializados, ligados à atividade-meio do tomador e, ainda assim, desde que inexistentes a pessoalidade e a subordinação direta, pois, presentes esses dois pressupostos, a relação jurídica se estabelecerá com o tomador dos serviços.” (BARROS, p 429, 2006).
Efeito diverso ocorre quando se trata de terceirização ilícita, já que o empregado desfaz qualquer vínculo jurídico com a empresa aparente (terceirizada) e firmando um vínculo laboral direto com o tomador de serviço (empregador oculto). Segundo Delgado, “reconhecido o vínculo empregatício com o empregador dissimulado, incidem sobre o contrato de trabalho todas as normas pertinentes à efetiva categoria obreira, corrigindo-se a eventual defasagem de parcelas ocorridas em face do artifício terceirizada” (p. 442, 2006).
Entretanto, segundo Mauricio Godinho Delgado, é importante o entendimento de que sendo a terceirização lícita e o trabalho não temporário, não há o que se falar em comunicação entre o salário (padrão remuneratório) do trabalhador direto da empresa tomadora e do terceirizado pela mesma empresa, posto que tal questão ainda não se fez pacífica dentro da jurisprudência.
“(...) se a atividade é lícita e, portanto, não se insere na atividade-fim do tomador, mas apenas a atividade-meio referida na Lei 5.645/70, tais como: transporte, conservação, operação de elevadores, limpeza e outras atividades assemelhadas, não há o que se falar em isonomia remuneratória, mesmo por que os sindicatos a que pertencem tais empregados são distintos, e entendimento contrário certamente violará a literalidade dos arts. 611 da CLT e 7º, inc. XXVI, da CF/88.”(AVELAR, p. 195, 2007).
6. PL 4302/1998 - PL 4330/2004
Estas leis da terceirização (PL 4302/1998 – PL 4330/2004) aprovadas pela Câmara e pelo Congresso Nacional regulamentam basicamente a terceirização em todas as atividades da empresa, inclusive as denominadas “atividades-fim”, aquela para a qual companhia foi criada. Após sanção presidencial e a devida aprovação da lei, será possível, por exemplo, a terceirização de professores em uma escola, ou de trabalhadores da linha de montagem em uma fábrica de carros.
Até então a terceirização era permitida apenas nas atividades-meio das companhias, como áreas de limpeza, portaria e segurança.
O principal ponto que gerou polêmica versa sobre a precarização do mercado de trabalho em detrimento da segurança jurídica para as empresas e o aumento de produtividade.
Há de se ressaltar que, diferente do que muitos pensam e o que tem sido exaltado e massificado principalmente nas redes sociais, é que a terceirização não é informal.
O terceirizado possui carteira de Trabalho e com todos os direitos trabalhistas garantidos. A principal diferença é que a assinatura da Carteira do trabalhador será feita pela empresa prestadorade serviços e não pela empresa tomadora de serviços, para qual trabalharia diretamente.
7. Risco de precarização do trabalho
O grande problema na prática é que poderá haver uma iminente 
precarização do trabalho, ou seja, se a empresa terceiriza um trabalho, ela poderá dispensar muitos funcionários e contratar, por meio de uma empresa terceirizada outros para fazerem o trabalho dos dispensados a um custo menor.
A longo prazo, porém, poderá haver um rearranjo de poder entre os sindicatos, e nada impede que os terceirizados tenham um piso salarial superior.
8. Responsabilidade Subsidiária sobre direitos trabalhistas
Uma mudança importante da lei da terceirização é que ela estipula a responsabilidade subsidiária sobre os direitos trabalhistas. Isso significa que a empresa que contrata os serviços da terceirizada só pode ser responsabilizada pelo pagamento de déficits trabalhistas depois que a empresa terceirizada deixar de pagar a condenação. Na prática trabalhista, isso já acontecia com base em entendimento jurisprudencial (Súmula 331 do TST), porém o texto da lei trata expressamente sobre o tema.
9. CONCLUSÃO
Terceirização pressupõe especialização nos serviços e autonomia na sua execução. A diferença fundamental entre o regime jurídico do trabalho temporário e a prestação de serviços é que no primeiro caso há cessão de mão de obra e, no segundo, o objeto é a prestação de serviços especializados a cargo e responsabilidade da empresa prestadora.
Todavia, em épocas de crise, falar em legalização da terceirização como necessária a fim de alavancar o desenvolvimento econômico tende ao aguçamento de radicalizações dos prós e contras.
A terceirização sempre envolve três aspectos relevantes: o risco da relação jurídica; o conteúdo da relação jurídica; e, os direitos atribuídos aos empregados da empresa prestadora de serviços.
A questão da relação jurídica quanto ao risco está resolvida porque a tomadora de serviços será sempre responsável subsidiária pelos direitos não satisfeitos pela prestadora, mantendo a orientação da jurisprudência do TST.
O conteúdo da relação jurídica parece também já ter sido resolvido pela Súmula 331 do TST, impedindo que a terceirização sirva como forma de merchandage, ou seja, não poderá o trabalhador vinculado formalmente à empresa prestadora de serviços permanecer subordinado às ordens do tomador de serviços.
Finalmente, quanto aos direitos a serem atribuídos aos empregados de empresa prestadora de serviços terceirizados, não podem ser inferiores àqueles que já são reconhecidos pela lei acrescidos daqueles direitos decorrentes de negociações coletivas.
Enfim, na essência, o projeto de lei aprovado não traz grandes alterações porque preserva a proteção da relação de emprego e os desvios fraudulentos e ilícitos, quando constatados, serão coibidos.
10.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 8ª Ed. São Paulo, LTR, 2006.
BARROS, Alice Monteiro de Barros. Curso de Direito do Trabalho. 2ª Ed. São Paulo, LTR, 2006.
MARTINS, Sérgio Pinto. A terceirização e o Direito do Trabalho. 2. ed., São Paulo: Malheiros Editores, 1996, p. 99-100.
BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 3. ed. ver. e ampl. – São Paulo: LTr, 2007.
TRINDADE, Washington L. da. Os Caminhos da Terceirização, Jornal Trabalhista, Brasília, 17.08.1992, ano IX, n. 416, p. 869.
BRASIL, Tribunal Superior do Trabalho. Enunciado 331 - Contrato de Prestação de Serviços – Legalidade - Inciso IV Alterado pela res. 96/2000, dj 18.09.2000.

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