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Aula 01 (7)

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CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB/AFT 2013 
PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO– AULA 01 
 
 
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Olá, caro(a) concurseiro(a)! Aqui estamos novamente com a Aula 01 de 
Direito Comercial para os concursos de AFRFB e AFT 2013. Espero que 
tenham gostado da aula demonstrativa e que aproveitem bastante esse curso. 
 
Caro aluno separe um tempo para planejar seus estudos. Foco, garra e 
determinação. Tenha em mãos um bom material e faça exercícios, são dicas 
que servem para todas as matérias. 
 
Aproveite o curso, tire dúvidas e estude bastante, pois com a autorização 
para o concurso de AFT esse é um excelente momento para aprender o 
conteúdo de maneira adequada. Estamos juntos nessa empreitada, torço pelo 
seu sucesso. 
 
Em relação ao Direito Comercial digo que mesmo sendo uma matéria de 
peso 1, peço a você que dê bastante atenção, pois esse será um concurso 
bastante disputado e cada ponto será diferencial na nota final. 
 
Quando chegarmos ao final do curso, se você estudar bem, ler e 
entender os exercícios, sei que estará bem preparado para a prova de Direito 
Comercial, afinal esse é o nosso objetivo, certo? 
 
Hoje falaremos do item 4 do edital: 
 
4. Conceito de sociedades. Sociedades não personificadas e 
personificadas. Sociedade simples. 
 
Pronto(a) para a aula? Então vamos lá. 
 
1 – CONCEITO DE SOCIEDADES 
 
As sociedades (arts. 981 e seg. do CC/2002) são pessoas jurídicas de 
direito privado formadas pela união de pessoas (universitas personarum), 
cuja finalidade é a obtenção de lucro (fim econômico) e que se juntam 
devido ao affectio societatis que é a vontade de se associar e de se manter 
assim. Nesse sentido, as sociedades diferenciam-se das associações, que são 
entidades também formadas pela união de pessoas, mas sem fins lucrativos, 
e das fundações, entidades formadas pela personificação de um 
patrimônio (universitas rerum), também sem fins econômicos. 
 
Você não precisa decorar os termos em latim, mas é importante saber 
que eles existem, pois de vez em quando eles aparecem em prova. Beleza? 
 
As sociedades podem ser classificadas, quanto à atividade que exercem, 
em simples e empresárias (art. 983). No primeiro caso, desenvolvem 
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atividade civil; no segundo, exercem atividade de empresa, cujas 
características foram estudadas na aula passada. 
 
Atenção: Na vigência do antigo Código Civil de 1916, essas sociedades 
eram classificadas, respectivamente, como civis e comerciais, denominações 
que, portanto, podem aparecer em algumas questões de concursos com as 
quais você se deparar pela frente em seus estudos, que tenham sido 
elaboradas antes da vigência do novo Código Civil de 2002, que adotou a nova 
nomenclatura. Fique atento(a) quando for estudar questões de concursos 
anteriores, OK? Se a questão for vista aqui no nosso curso, não se preocupe 
que faremos o devido comentário, porém se for em outro estudo, cuidado... 
 
Assim, como regra, considera-se empresária a sociedade que tem por 
objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro e 
sociedade simples, as demais, certo? Todavia, você deve saber que há casos 
em que a sociedade será classificada como simples ou empresária 
independentemente de desenvolver atividade de empresa ou não. É isso 
mesmo. 
 
ESSE PARÁGRAFO É IMPORTANTÍSSIMO - Por exemplo, as sociedades 
anônimas e as sociedades em comandita por ações (as duas espécies de 
sociedades por ações), independentemente de seu objeto, serão sempre 
empresárias; e as sociedades cooperativas serão sempre simples (art. 
982, par. único). Também as sociedades de advogados são sempre 
consideradas simples (art. 15 da Lei 8.906/1994). Não se esqueça disso! 
 
Veja como a Esaf tem cobrado o assunto: 
 
1 - (ESAF/AUDITOR DO TESOURO MUNICIPAL/RECIFE/2003) Nos termos 
do Código Civil, as sociedades são classificadas: 
a) empresárias e simples. 
b) de pessoas e de capitais. 
c) unipessoais e pluripessoais. 
d) grupadas e isoladas. 
e) com finalidade econômica e com finalidade religiosa ou cultural. 
 
A classificação das sociedades que consta do Código Civil é a que as 
divide em simples e empresárias (letra A). A letra B apresenta a 
classificação das sociedades quanto à possibilidade de ingresso de novos 
sócios na entidade. As sociedades de pessoas são aquelas em que as 
qualidades pessoais dos sócios são importantes para a admissão deles 
nos quadros sociais da pessoa jurídica. Já as sociedades de capital 
permitem o ingresso de qualquer pessoa interessada em contribuir com a 
formação do capital da entidade. Comentaremos mais sobre essa forma 
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de classificar as sociedades futuramente. A letra C apresenta a 
qualificação quanto ao número de sócios da sociedade. Como regra, uma 
sociedade deve possuir mais de um sócio para existir (sociedade 
pluripessoal), mas se admite, em alguns casos excepcionais, a 
existência de uma sociedade que possua apenas um sócio (sociedade 
unipessoal). Esses casos excepcionais também serão vistos mais tarde, 
OK? CUIDADO, NÃO CONFUNDA – sociedade unipessoal é diferente de 
empresário individual... veremos os casos legais depois... 
Na letra D, sociedades grupadas são as que compõem um grupo de 
sociedades, geralmente constituído, mediante acordo das entidades, para 
combinar recursos ou esforços para a realização dos respectivos objetos 
sociais ou participar de atividades ou empreendimentos comuns. 
Sociedades isoladas são as que não participam de nenhum grupo. Por 
fim, a letra E não apresenta uma classificação válida para as sociedades, 
pois a nota característica desse tipo de entidade é possuir finalidade 
econômica (lucrativa), sendo as associações e fundações as entidades 
que desenvolvem atividades de cunho não lucrativo, como as de caráter 
religioso ou cultural. Viu ? é assim mesmo que cai em prova, tranquilo 
né? 
 
Gabarito: A 
 
2 - (ESAF/AUDITOR DO TESOURO MUNICIPAL/FORTALEZA/2003) 
Sociedades empresárias são as que: 
a) têm como objeto atividade econômica organizada para mercados. 
b) têm como objeto atividade mercantil. 
c) têm como objeto a prestação de serviços em estabelecimentos 
especiais. 
d) exercem atividade de intermediação na circulação de serviços. 
e) foram organizadas para atividades econômicas. 
 
A letra B é a correta porque, como visto, sociedades empresárias são as 
que desenvolvem atividade de empresa (mercantil), em oposição às 
sociedades simples, que exercem atividade civil. As letras A e E não 
respondem adequadamente à questão, pois as sociedades simples 
também desenvolvem atividade econômica voltada para o mercado. E as 
letras C e D limitam indevidamente a atividade da sociedade empresária 
ao mercado de serviços, pois a empresa pode se dar também com a 
venda de mercadorias e produtos, além de outras atividades em que 
esteja caracterizado o elemento de empresa. Essa questão usou termos 
que pode nos confundir na hora da prova, mas, ao se preparar 
adequadamente, você consegue acertar... 
 
Gabarito: B 
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Contrato de Sociedade 
 
Quando você vê uma loja de roupas ou uma oficina mecânica, você se 
pergunta: Se eu quiser ser o “dono” de um estabelecimento comercial, como 
eu devo proceder? Quais são os primeiros passos?Por onde eu começo? 
Sei que alguns aqui que já são sócios de alguma sociedade e sabem 
muito bem como funciona, mas quem não tem essa experiência talvez não 
tenha a mínima ideia de como funciona. 
 As pessoas interessadas em formar uma sociedade se juntam, entram 
em um acordo e para não ficar só na promessa verbal, elas assinam um 
contrato que futuramente será registrado para que se dê publicidade ao que foi 
acordado. Deu pra entender? Vamos ver como está na lei? 
 
A formação das sociedades tem início com a celebração do contrato de 
sociedade (art. 981), em que duas ou mais pessoas físicas ou jurídicas 
reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício 
de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Trata-se de 
um contrato plurilateral (porque ele tem várias partes). As pessoas que o 
celebram se tornam sócios da nova entidade. Além disso, o contrato de 
sociedade possui estrutura aberta, pois permite a participação de um 
número ilimitado de sócios. 
 
Note, assim, que o objeto de uma sociedade é sempre de fim lucrativo 
e os resultados obtidos (lucros ou dividendos) devem ser repartidos entre os 
sócios. A atividade da sociedade pode restringir-se à realização de um ou mais 
negócios determinados. A sociedade adquire personalidade jurídica (isto é, 
nasce, passa a ter existência) com a inscrição dos seus atos constitutivos na 
Junta Comercial, se empresária, ou no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, se 
simples (arts. 985 e 1.150). 
 
Agora, atenção: não se admite uma sociedade em cujo contrato haja 
cláusula que estabeleça que um ou mais sócios serão excluídos da repartição 
dos lucros ou exonerados de contribuição para a formação do capital da 
entidade, a chamada cláusula leonina (com exceção das sociedades 
simples, que podem ter sócios que participem da entidade somente com sua 
força de trabalho, como veremos adiante). 
 
BOA PEGADINHA DE PROVA: 
Havendo tal regra, o contrato não será considerado nulo, mas apenas a 
cláusula abusiva será invalidada (art. 1.008), certinho? 
 
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3 - (FCC/AUDITOR FISCAL MUNICIPAL/SÃO PAULO/2012) O contrato 
social pode excluir o sócio de participar dos lucros e das perdas. 
 
Gabarito: INCORRETO - Art. 1.008. É nula a estipulação contratual que 
exclua qualquer sócio de participar dos lucros e das perdas. 
 
O contrato de sociedade pode tomar a forma de contrato social ou 
estatuto social. Adotam o contrato social as sociedades simples, em nome 
coletivo, em comandita simples e limitadas. São chamadas, por essa razão, de 
sociedades contratuais. Por outro lado, utilizam o estatuto social as 
sociedades por ações (anônimas e em comandita por ações) e as cooperativas, 
sendo, por isso, denominadas sociedades estatutárias ou institucionais 
(fácil, não é?). 
 
Aí você me pergunta, mas na associação que eu participo tem um 
estatuto? O que você disse? Associação? Cuidado para não confundir... 
Associação e Sociedade são tipos de pessoas jurídicas diferentes... Estamos 
falando aqui de sociedade e a grande diferença é que esta é uma atividade 
econômica que visa o lucro... Ufa, quase que você confunde hein... 
 
Se liga: Tanto o contrato como o estatuto podem ser constituídos por 
instrumento público ou particular, a ser arquivado no registro próprio. Já as 
alterações contratuais ou estatutárias posteriores poderão ser efetivadas por 
escritura pública ou particular, independentemente da forma adotada no ato 
constitutivo inicial. 
 
Eis uma questão da Esaf sobre contrato de sociedade: 
 
4 - (ESAF/AUDITOR TCE-PR/2003) O negócio constitutivo de sociedades 
é o denominado contrato plurilateral que se caracteriza por: 
a) ser contrato de estrutura aberta. 
b) ser contrato cuja tipificação é apenas social. 
c) não se aplicar às companhias ou sociedades por ações. 
d) produzir separação entre patrimônios dos sócios e o da sociedade. 
e) determinar a regularidade do exercício de atividades econômicas. 
 
A letra A é o gabarito, pois o contato de sociedade é um contrato 
plurilateral (admite mais de duas partes) que permite a adesão de novos 
contratantes (sócios), daí a sua característica de contrato de estrutura 
aberta, poia a lei não restringe o número de sócios de uma sociedade. A 
letra B é errada porque existem outros exemplos de contratos 
plurilaterais, além do contrato de sociedade, como o contrato de 
consórcio. A letra C é incorreta, já que as companhias e as sociedades 
por ações também têm seu contrato de sociedade, embora sob a forma 
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de estatuto. As letras D e E são falsas porque o que determina a 
regularidade da empresa e a efetiva separação entre o patrimônio dos 
sócios e o da sociedade é o registro da entidade na Junta Comercial. 
A letra C pode confundir algumas pessoas. Mas é assim... O acordo entre 
as partes que dará início a uma sociedade é o CONTRATO, esse pode ser 
de dois tipos : CONTRATO SOCIAL OU ESTATUTO. Sacou? 
 
Gabarito: A 
 
Requisitos da Sociedade 
 
Muito bem! Para se formar uma sociedade, é preciso haver mais de um 
sócio (pluralidade de sócios) e a intenção desses sócios de formarem uma 
nova pessoa jurídica (affectio societatis) (a empresa realizada por uma só 
pessoa deve ser feita sob a forma de empresário individual). É necessário 
ainda haver a formação de um capital social e, além disso, todos devem 
participar dos lucros e dos prejuízos da entidade. Assim, podemos elencar 
como requisitos fundamentais das sociedades empresárias os seguintes: 
 
TEM QUE SABER: 
- pluralidade de sócios; 
- affectio societatis (intenção de associar-se); 
- formação do capital social; e 
- participação nos resultados. 
 
Beleza? Veja então esta questão de concurso: 
 
5 - (CESPE/OAB-SP/136.º EXAME DE ORDEM/2008) Não constitui 
elemento do contrato de sociedade referido no Código Civil 
A) o exercício de atividade econômica. 
B) a partilha dos resultados. 
C) a contribuição dos sócios consistente apenas em bens. 
D) a affectio societatis. 
 
Na letra A, toda sociedade tem por objeto desenvolver atividade 
econômica (lucrativa). Nas letras B e D, são requisitos fundamentais das 
sociedades a participação nos resultados e a affectio societatis. A letra C 
é o gabarito porque a contribuição dos sócios para o capital social pode 
ser em dinheiro, bens ou créditos, e não apenas em bens. 
 
Gabarito: C 
 
Olha essa questão bem interessante que abordou com maestria esse 
assunto: 
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6 - (ESAF/AFRFB/2012) São elementos do conceito de sociedade, exceto: 
a) pluralidade de partes. 
b) exercício de atividade econômica. 
c) personalidade jurídica. 
d) affectio societatis. 
e) co-participação dos sócios nos resultados 
 
A questão pede os elementos que compõem o conceito de sociedade, ou 
seja, quais as características presentes em todos os tipos de sociedades 
que juntas formam o conceito de sociedade. A pluralidade de partes é 
uma característica das sociedades, pois como regra geral toda sociedade 
será composta por mais de uma pessoa. O exercício de atividade 
econômica também é uma característica das sociedades, afinal é o que 
diferencia sociedade dos demais tipos de pessoas jurídicas, como a 
associação por exemplo. O affectio societatis é a intenção dos sócios de 
formarem e manterem a sociedade, quando não há mais essa condição 
ossócios, geralmente, desfazem a sociedade. A co-participação nos 
resultados é uma característica primordial para a formação de uma 
sociedade, a lei, inclusive, proíbe a cláusula que exclua algum dos sócios 
da repartição dos lucros. Já a personalidade jurídica não é uma 
característica que ajuda a definir o conceito de sociedade, pois há outros 
tipos de pessoas jurídicas que não são sociedades e ainda, podemos ver 
no código civil que temos tipos de sociedades que não possuem 
personalidade jurídica, como a sociedade em comum e a sociedade em 
conta de participação. 
 
Gabarito: Letra C 
 
AS BANCAS GOSTAM: Quanto à pluralidade de sócios, fique 
esperto(a), porque existem algumas exceções (se não, concurso seria fácil, 
não é?...rs). A primeira é a chamada unipessoalidade incidental 
temporária (eita nome pomposo!), em que a sociedade permanece, de forma 
excepcional e temporária, com apenas um sócio. Isso ocorre quando, por 
alguma razão (ex.: falecimento de outros sócios), a entidade remanesce com 
apenas um sócio. Nesse caso, para evitar descontinuidade da empresa, a Lei 
concede o prazo de 180 dias para que a sociedade consiga novos sócios para 
recompor a pluralidade (art. 1.033, IV). Caso não seja possível, o sócio 
remanescente poderá ainda requerer à Junta Comercial a transformação do 
registro da sociedade para empresário individual ou empresário individual de 
responsabilidade limitada, a fim de evitar o fim da atividade. 
 
Veja outra questão sobre o assunto: 
 
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7 - (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO SUBSTITUTO/DPG-CE/2007) Considere 
que José e João sejam os únicos sócios da empresa MT Produtos e 
Serviços de Informática Ltda. e que, em razão da quebra da affectio 
societatis, José tenha decidido se retirar da sociedade. Nesse caso, a 
falta de pluralidade de sócios, se não for reconstituída no prazo de 180 
dias, acarretará a dissolução da MT Produtos e Serviços de Informática 
Ltda. 
 
O item é correto porque, como visto, o prazo máximo da unipessoalidade 
incidental temporária da limitada é de 180 dias, nos termos do art. 
1.033, IV, do CC/2002. 
 
Gabarito: Correto 
 
Outra exceção à pluralidade de sócios é a chamada subsidiária 
integral, prevista no art. 251 da Lei 6.404/1976 (Lei das Sociedades por 
Ações). Nesse caso, temos uma companhia constituída, mediante escritura 
pública, por um único acionista, que deve ser uma sociedade brasileira. 
 
O capital social da entidade pode ser dividido em ações, nas 
sociedades por ações, ou em cotas (quotas), nas demais. Veremos melhor 
esse assunto quando estudarmos especificamente os diversos tipos de 
sociedades, OK? 
 
Vejamos mais uma do que vimos até aqui: 
8 - (ESAF/PFN/2012) São sociedades empresárias, independentemente 
do objeto, exceto: 
a) sociedades em comandita por ações. 
b) companhias de economia mista. 
c) subsidiárias integrais. 
d) sociedades anônimas. 
e) sociedades limitadas. 
Código Civil - Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se 
empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade 
própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as 
demais. 
Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se 
empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa. 
 
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Podemos descartar de cara as SOCIEDADES ANÔNIMAS e as 
SOCIEDADES EM COMANDITA POR AÇÕES, pois essas duas são 
sociedades por ações. 
As SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA ou COMPANHIA DE ECONOMIA 
MISTA devem ter a forma de Sociedade Anônima, sendo regidas pela Lei 
6404/76 e por isso mesmo sempre serão consideradas sociedades 
empresárias. 
SUBSIDIÁRIA INTEGRAL é um tipo de sociedade anônima ou companhia 
que tem como único acionista uma sociedade brasileira e é constituída 
mediante escritura pública. Por ser uma S/A sempre será uma sociedade 
empresária. 
A SOCIEDADE LIMITADA pode ser empresária ou simples, quem definirá 
será o tipo de atividade exercida se de empresa ou simples. Por isso é o 
gabarito da nossa questão. 
 
Gabarito: E 
 
2 – SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS 
 
 O próprio Código Civil classificou as sociedades em NÃO-
PERSONIFICADAS e PERSONIFICADAS. Vejamos quais as características que 
as diferenciam e os detalhes importantes dos tipos de sociedades não-
personificadas. 
 
 Como visto, para adquirir personalidade jurídica, a sociedade precisa 
registrar seus atos constitutivos na Junta Comercial, se for empresária, ou 
no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, se for simples (art. 985). 
 
Antes do citado registro, a sociedade não possui personalidade 
jurídica (sociedade não-personificada), ficando sujeita a uma série de 
restrições no desempenho da atividade, por exemplo: 
 
- Não poderá requerer recuperação judicial, nos termos do art. 48 da Lei 
de Falências (Lei 11.101/2005); 
- Não poderá requerer a falência de um devedor seu (art. 97, § 1.º, Lei 
11.101/2005), embora possa ser sujeito passivo da falência e mesmo 
requerer a autofalência (estudaremos o instituto da falência 
detalhadamente em aula própria); 
- Os livros empresariais não poderão ser autenticados (art. 1.181, par. 
único), não tendo eficácia probatória em favor da sociedade, já que a 
autenticação é considerada requisito extrínseco de regularidade dos 
livros (art. 226); 
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- Não poderá participar de licitações públicas, nem contratar com o Poder 
Público; 
- Seus sócios responderão de forma solidária e ilimitada pelas obrigações 
contraídas pela sociedade, não se aplicando o chamado benefício de 
ordem, que reza que os bens particulares dos sócios só podem ser 
executados por dívidas da sociedade depois de executados os bens 
sociais (art. 1.024); 
- Não poderá ter CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica), ficando 
impedida de cumprir as obrigações fiscais, como emissão de nota fiscal; 
- Não poderá se cadastrar junto ao INSS, deixando de cumprir as normas 
previdenciárias; 
- Não haverá autonomia patrimonial entre os bens da sociedade e dos 
sócios, sendo os bens e as dívidas sociais considerados patrimônio 
comum dos sócios, que responderão ilimitadamente, como visto acima; 
- Não poderá adotar a forma de microempresa ou empresa de pequeno 
porte (art. 3.º da Lei Complementar 123/2006). 
 
Esses são apenas alguns exemplos de restrições a que a sociedade que 
não for regularmente constituída está sujeita. Veja como é extensa a lista. 
 
As sociedades não-personificadas, segundo o Código Civil, são a 
sociedade em comum (arts. 986 a 990) e a sociedade em conta de 
participação (arts. 991 a 996). Além do seu regramento próprio no Código, 
aplicam-se a elas, subsidiariamente e no que couber, as normas da sociedade 
simples (que serão estudadas à frente). 
 
Sociedade em Comum 
 
As sociedades em comum podem ser divididas em sociedades 
irregulares e sociedades de fato. Essa classificação da sociedade em 
comum não está expressamente na lei, mas foi feita pelos doutrinadores. 
Veremos como Fábio Ulhôa define o assunto. 
 
As SOCIEDADES IRREGULARES possuem um ato constitutivo, embora 
não registrado; AS SOCIEDADES DE FATO não possuem nenhum contrato ou 
estatuto social. Esses dois tipos são classificadas como “sociedade em 
comum”. Entenderam a diferença principal? Só pra fixar. Uma possui o 
contrato e não registra esse contrato (irregular) enquanto a outra nem possuicontrato, mas funciona de fato, ou seja, existe uma atividade econômica sendo 
exercida de fato, porém sem nenhuma documentação que a legalize (de fato). 
 
Enquanto não estiverem devidamente registradas na Junta Comercial, as 
sociedades recém-constituídas serão regidas pelas regras aplicáveis às 
sociedades em comum, com exceção das sociedades por ações, que, mesmo 
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sem o estatuto social arquivado, serão regidas pelas disposições da Lei 
6.404/1976, como será visto em aula futura. 
 
Na sociedade em comum, os sócios, nas relações entre si ou com 
terceiros, somente podem provar a existência da sociedade por escrito, o que 
é facilitado nas sociedades irregulares, pela existência do ato constitutivo não 
registrado (ao contrário das sociedades de fato, que nenhum ato de 
constituição possuem). Já os terceiros podem provar a existência da sociedade 
por qualquer modo (art. 987). 
 
Você pode estar se perguntando, como assim? Não entendi o que quer 
dizer esse artigo? Vou explicar. Pense em um litígio judicial envolvendo uma 
“sociedade em comum”. No tribunal algum sócio que queira pedir alguma 
indenização ou queira provar alguma coisa precisa apresentar o contrato 
social, pois mesmo sem o registro, o contrato faz acordo entre as partes. Se 
não tiver contrato, o sócio não vai conseguir fazer prova que o favoreça. Esse 
artigo da lei serve para ajudar a parte mais fraca da relação. O consumidor. 
Um consumidor chega no estabelecimento para comprar e não tem como saber 
se aquela loja é uma sociedade regularmente constituída, (até tem como 
saber, é só ir à junta comercial e pedir um contrato social, tem como fazer isso 
em todo lugar que você vai? Não tem) você vai lá e compra a mercadoria, 
pois aparentemente aquele estabelecimento é legal. Depois de comprar, o 
produto dá um defeito, você volta na loja e eles não querem trocar, você entra 
na justiça para ver seu direito assegurado. No tribunal o “dono da loja” diz que 
não é empresa nem sociedade pois não possui contrato nem registro e aí ?... 
ele se safa? Claro que não, a lei é clara, o terceiro (o consumidor) pode provar 
a existência da sociedade por qualquer modo. Nesse caso, apresenta uma foto 
do local, leva testemunhas, um recibo qualquer com o nome fantasia do 
estabelecimento. Pegou? 
 
Os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do qual os 
sócios são titulares em comum (art. 988), ou seja, não há real separação 
entre o patrimônio dos sócios e da sociedade (pois não há verdadeiramente 
uma sociedade constituída que possa ser titular do patrimônio). Além disso, 
todos os sócios são responsáveis solidária e ilimitadamente pelas 
obrigações sociais (art. 990). O conceito de solidariedade significa que a 
dívida pode ser cobrada de qualquer um dos sócios em sua integralidade, e 
não apenas de forma proporcional à sua parcela de contribuição para o capital 
social. Havendo ressarcimento por um dos devedores solidários, ele poderá, 
após pagar a dívida, voltar-se contra os demais coobrigados (direito de 
regresso) para se ressarcir das parcelas que excedam a proporção de sua 
participação na sociedade. Além disso, o patrimônio pessoal dos sócios fica 
integralmente (ilimitadamente) sujeito a execução para reparação dos 
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danos causados a terceiros, ainda que a dívida seja maior do que a respectiva 
participação do sócio no capital social. 
 
A título de esclarecimento, o processo de execução é um instituto do 
Direito Processual Civil utilizado para a cobrança judicial de dívidas e outras 
obrigações, quando o devedor não as cumpre espontaneamente, com a 
penhora (apreensão) e alienação judicial dos seus bens, para subsequente 
pagamento ao credor com o valor apurado com a venda do patrimônio do 
devedor. 
 
Os bens da sociedade (entenda-se: aplicados na atividade empresarial) 
respondem pelos atos de gestão praticados por qualquer dos sócios, 
representantes ou não da sociedade, salvo pacto expresso de limitação de 
poderes, que somente terá eficácia contra terceiros que conheçam ou devam 
conhecer (tenham plena possibilidade de conhecer, não se admitindo alegação 
de desconhecimento) tal pacto (art. 989). 
 
Aqueles que contratam com a sociedade podem demandar os sócios 
diretamente em juízo, executando seu patrimônio pessoal, para se 
ressarcirem de eventuais danos sofridos nas contratações. Vale destacar que 
os sócios que tenham contratado em nome da sociedade (isto é, tenham se 
apresentado perante terceiros nas negociações, como representantes da 
sociedade) têm seus bens executados em primeiro lugar (art. 990, 2.ª parte). 
Já os sócios que não contrataram em nome da sociedade, embora respondam 
também de forma solidária e ilimitada, só terão seu patrimônio atingido de 
forma subsidiária (benefício de ordem), isto é, após os bens da sociedade 
em comum e dos sócios responsáveis pela contratação terem se esgotado. 
 
 Acho que deu pra entender o objetivo principal desse regramento legal 
para esse tipo de sociedade. Ninguém se junta e pensa: “Vamos ser uma 
sociedade em comum”, não mesmo. O que acontece é que pessoas não fazem 
questão de formalizar o “negócio” e vão exercendo atividade econômica fora 
dos padrões legais. O Código Civil aborda essa classificação exatamente para 
poder definir qual as regras para esse tipo de sociedade. 
 
Sociedade em Conta de Participação 
 
As sociedades em conta de participação decorrem da celebração de 
um pacto entre empreendedores, para a realização de determinada atividade 
econômica. 
 
FICA A DICA: Não há real formação de uma sociedade, ainda que esse 
pacto seja levado a registro (art. 993). Como assim? Pode registrar? No caso 
da sociedade em conta de participação o contrato pode ser registrado 
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para melhor assegurar os interesses dos contratantes, porém ESSE REGISTRO 
NÃO CONFERE PARSONALIDADE JURÍDICA À ESSE TIPO DE SOCIEDADE. 
Como não possui personalidade, esse tipo de sociedade não tem, tampouco, 
nome empresarial, capital, patrimônio ou estabelecimento. Alguns 
doutrinadores nem chegam a classificá-la como uma sociedade, mas apenas 
como um simples contrato. Sua constituição independe de qualquer 
formalidade e pode provar-se por todos os meios admitidos pelo direito (art. 
992). 
 
Nas sociedades em conta de participação há dois tipos de sócios: os 
ostensivos e os participantes, estes chamados também de ocultos. O sócio 
ostensivo é quem exerce a atividade efetivamente, em seu próprio nome e sob 
sua inteira responsabilidade. O sócio participante, ao ficar oculto, não se 
responsabiliza perante terceiros que negociem com a sociedade (art. 991). 
Apesar disso, o contrato celebrado entre o sócio participante e o sócio 
ostensivo deve definir a responsabilidade daquele no negócio, que pode ser 
nenhuma, limitada ou ilimitada, mas apenas perante o sócio ostensivo (o 
sócio participante não responde perante terceiros). Note, assim, que o 
contrato social que os sócios celebram produz efeito somente entre eles, não 
junto a terceiros (art. 993). 
 
O participante não interfere na administração do negócio, mas se o fizer 
passará a responder ilimitadamente com seu patrimônio pelas dívidas 
sociais, como ocorre com o sócio ostensivo (art. 993, par. único). 
 
Assim, os sócios participantes não administram o negócio, apenas 
recebemsua parcela dos lucros (art. 991, in fine). Todavia, eles têm o direito 
de fiscalizar a gestão dos negócios sociais desenvolvidos pelo sócio ostensivo 
(art. 993, par. único), que fica obrigado perante os terceiros pelos 
negócios realizados. Destaque-se ainda que, salvo estipulação em contrário, 
o sócio ostensivo não pode admitir novo sócio sem o consentimento expresso 
dos demais (art. 995). 
 
Importante ter em mente a diferença de responsabilidade perante 
terceiro dos dois tipos de sócio, por isso deixei sublinhado nos parágrafos 
acima. 
 
A contribuição do sócio participante constitui, juntamente com a do sócio 
ostensivo, patrimônio especial, objeto da conta de participação relativa aos 
negócios sociais, sendo que essa especialização patrimonial somente produz 
efeitos em relação aos sócios (art. 994). 
 
É possível que ocorra a falência do sócio ostensivo, que é empresário 
(já os sócios participantes não precisam ser empresários), o que acarretará a 
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dissolução da sociedade e a liquidação da respectiva conta. O eventual saldo 
constituirá crédito quirografário no processo de falência (art. 994, § 2.º) 
(veremos os vários tipos de créditos falimentares quando estudarmos a 
classificação creditória em aula própria sobre falências). É possível também 
que o sócio participante venha a falir (se for empresário). Nesse caso, o 
contrato social entre ele e o sócio ostensivo ficará sujeito às normas 
falimentares quanto aos contratos bilaterais do falido (art. 994, § 3.º) (normas 
estas que serão estudadas na aula de falências). 
 
A liquidação da sociedade em conta de participação rege-se pelas 
normas relativas à ação de prestação de contas, na forma da lei processual 
(art. 996, 2.ª parte) (uma das ações que segue procedimento especial no 
Direito Processual Civil e cujas regras não nos interessam no momento). 
Havendo mais de um sócio ostensivo, as respectivas contas serão prestadas e 
julgadas no mesmo processo de prestação de contas. 
 
Aplica-se à sociedade em conta de participação, subsidiariamente e no 
que com ela for compatível, o disposto para a sociedade simples (art. 996, 
1.ª parte), que será estudada adiante. 
 
Veja como a Esaf já cobrou a matéria referente às sociedades não-
personificadas: 
 
9 - (ESAF/DEFENSOR PÚBLICO/CE/2002) Sobre a sociedade irregular, 
sem personalidade jurídica, assinale a alternativa verdadeira: 
A) os sócios não são responsáveis pelas obrigações sociais porque são 
distintos o patrimônio dos sócios e o da sociedade. 
B) para tornar-se regular e adquirir personalidade jurídica, é 
imprescindível que registre o contrato social na Junta Comercial. 
C) não se sujeitam ao instituto da falência. 
D) a irregularidade invalida os atos de comércio praticados. 
 
 
A letra A é errada porque não há distinção entre o patrimônio dos sócios 
e o da sociedade irregular, já que esta, por não possuir personalidade 
jurídica, não pode ser titular de patrimônio. Os bens e as dívidas sociais 
constituem, como visto acima, patrimônio especial, do qual os sócios 
são titulares em comum. A letra C peca porque as sociedades 
irregulares também estão sujeitas à falência. A letra D é incorreta, pois a 
irregularidade da sociedade não torna inválidos os atos que praticou, 
cujas obrigações decorrentes devem ser honradas junto a terceiros. 
 
Gabarito: B 
 
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Eis mais uma questão sobre o assunto que já caiu em prova: 
 
10 - (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA/MPE-RO/2008/ADAPTADA) Com 
base no Código Civil, julgue os itens seguintes. 
I É permitido à sociedade não-personificada, em seu nome, figurar como 
parte em contrato de compra e venda de imóvel. 
II A sociedade em conta de participação poderá ter firma ou 
denominação. 
 
O item I é errado porque a sociedade não-personificada, por não ter 
personalidade jurídica, não pode ser parte em um contrato. O item II é 
incorreto, já que a sociedade em conta de participação, sendo 
despersonificada, não pode ter nome empresarial. 
 
Gabarito: Errado-Errado 
 
E uma questão bem abrangente sobre a em conta de participação: 
 
11 - (ESAF/AFRFB/2012) A propósito da sociedade em conta de 
participação, assinale a opção incorreta. 
 
a) O contrato da sociedade em conta de participação produz efeito 
somente entre os sócios, e a eventual inscrição de seu instrumento em 
qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade. 
b) A contribuição do sócio participante constitui, com a do sócio 
ostensivo, patrimônio especial, objeto da conta de participação relativa 
aos negócios sociais. 
c) A falência do sócio ostensivo acarreta a dissolução da sociedade e a 
liquidação da respectiva conta, cujo saldo constituirá crédito 
quirografário. 
d) Salvo estipulação em contrário, o sócio ostensivo não pode admitir 
novo sócio sem o consentimento expresso dos demais. 
e) Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito 
podem provar a existência da sociedade em conta de participação, mas 
os terceiros podem prová-la de qualquer modo. 
 
Letra a) CORRETA – A sociedade em conta de participação é um tipo de 
sociedade que não possui personalidade jurídica mesmo que venha a 
registrar seus atos nos devidos registros. 
 
Art. 993. O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a 
eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere 
personalidade jurídica à sociedade. 
 
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Letra b) CORRETA – A lei atribuiu que o patrimônio da sociedade em 
conta de participação será denominado PATRIMÔNIO ESPECIAL. 
 
Art. 994. A contribuição do sócio participante constitui, com a do sócio 
ostensivo, patrimônio especial, objeto da conta de participação relativa 
aos negócios sociais. 
 
Letra c) CORRETA – Na sociedade em conta de participação o sócio 
ostensivo é quem exerce a atividade, em seu nome e sob sua 
responsabilidade, por isso caso esse tipo de sócio venha a falir a 
sociedade será dissolvida e liquidada. 
 
Art. 994 § 2o A falência do sócio ostensivo acarreta a dissolução da 
sociedade e a liquidação da respectiva conta, cujo saldo constituirá 
crédito quirografário. 
 
Letra d) CORRETA – O sócio que exerce a atividade não pode 
delibaradamente admitir sócio novo na sociedade. 
 
Art. 995. Salvo estipulação em contrário, o sócio ostensivo não pode 
admitir novo sócio sem o consentimento expresso dos demais. 
 
Letra e) INCORRETA – Essa questão foi uma pegadinha da banca. Essa 
alternativa é a repetição do artigo 987 do Código Civil, porém esse artigo 
é regulamentador das Sociedades em Comum e não das Sociedades em 
Conta de Participação e por isso essa regra não é válida para esse tipo 
de sociedade. 
 
Art. 987. Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por 
escrito podem provar a existência da sociedade, mas os terceiros podem 
prová-la de qualquer modo. 
 
Gabarito: Letra E 
 
 
3 – SOCIEDADES PERSONIFICADAS 
 
As sociedades personificadas (arts. 997 e seg.) são as que possuem 
personalidade jurídica, o que ocorre com a inscrição (registro) de seus atos 
constitutivos no Registro Público de Empresas Mercantis, a cargo das 
Juntas Comerciais, se for uma sociedade empresária, ou no Registro 
Civil das Pessoas Jurídicas, se se tratar de uma sociedade simples. 
ATENÇÃO AQUI: Portanto, a existência legal das pessoasjurídicas de direito 
privado começa com a inscrição do respectivo ato constitutivo no respectivo 
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registro, devendo ser averbadas também nesse registro todas as alterações do 
ato inicial (art. 45). 
 
A sociedade empresária tem o prazo de trinta dias para efetuar o 
registro dos atos constitutivos, a partir de sua lavratura (elaboração, 
preenchimento). Em caso de omissão ou demora, os sócios ou quaisquer 
outros interessados poderão requerer o registro. Efetuada a inscrição no prazo 
acima, os efeitos serão contados a partir da lavratura. Caso contrário, o 
registro somente produzirá efeito a partir da data de sua concessão (art. 
1.151), considerando-se que, durante o período anterior, a sociedade era 
irregular (sociedade em comum). Em caso de omissão ou demora, as pessoas 
obrigadas a requerer o registro responderão por perdas e danos. 
 
Acontece assim: duas pessoas se reúnem, entram em acordo e assinam 
o contrato social, vão lá e reconhecem a firma no cartório. Um deles entrega 
ao despachante que deverá levar o contrato para registro na junta comercial. 
Passam 10 dias e nada, 15 dias, 20 dias, no vigésimo nono dia o despachante 
dá entrada no registro na junta comercial, pronto está feito o registro com 
data retroativa à data da assinatura, 29 dias atrás... porém caso o 
despachante só leve à registro com 32 dias, a data de registro será a do dia 
que deu entrada no registro, ou seja, durante 32 dias a sociedade funcionaou 
irregularmente. 
 
Cabe à autoridade competente, antes de efetivar o registro, verificar a 
autenticidade e a legitimidade do signatário do requerimento, bem como 
fiscalizar a observância das prescrições legais concernentes ao ato ou aos 
documentos apresentados. Se forem encontradas irregularidades, o requerente 
deve ser notificado para saná-las, sob pena de não se efetuar o registro (art. 
1.153). 
 
Uma vez registrados, os atos constitutivos podem ser opostos a 
terceiros, já que, com o registro, eles se tornam públicos e ninguém poderá 
mais alegar que não tinha conhecimento deles (art. 1.154). Por exemplo, caso 
alguém tente registrar uma sociedade com o mesmo nome empresarial de 
outra, já registrado, não poderá alegar que não sabia do fato. Qualquer pessoa 
tem acesso às informações de sociedades registradas na junta comercial. Mas 
tem que pagar pela certidão, esse é o problema...rs... 
 
A inscrição do empresário e dos atos constitutivos das pessoas jurídicas, 
bem como as respectivas averbações, no registro próprio, asseguram o uso 
exclusivo do nome nos limites do respectivo Estado (princípio da 
exclusividade), podendo essa exclusividade estender-se a todo o território 
nacional, se o registro ocorrer na forma prevista em lei especial (art. 1.166). 
 
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As sociedades personificadas previstas no CC e em outras leis são: 
- sociedade simples – S/S (arts. 997 a 1.038); 
- sociedade em nome coletivo – N/C (arts. 1.039 a 1.044); 
- sociedade em comandita simples – C/S (arts. 1.045 a 1.051); 
- sociedade limitada – Ltda. (arts. 1.052 a 1.087); 
- sociedade anônima ou companhia – S.A. ou Cia. (arts. 1.088 e 
1.089 do CC/2002 e Lei 6.404/1976); 
- sociedade em comandita por ações – C/A (arts. 1.090 a 1.092 do 
CC/2002 e arts. 280 a 284 da Lei 6.404/1976); e 
- sociedade cooperativa (arts. 1.093 a 1.096 e Lei 5.764/1971). 
 
Vejamos uma questão de personificação ou não da sociedade: 
 
12 - (ESAF/FISCAL DE RENDAS/SMF-RJ/2010) Para o direito empresarial, 
assinale abaixo a opção que contém uma sociedade empresária 
personificada. 
a) Sociedade anônima. 
b) Sociedade em conta de participação. 
c) Sociedade simples. 
d) Sociedade em comum. 
e) Sociedade cooperativa. 
 
A letra A é a correta porque a sociedade anônima é uma das sociedades 
empresárias personificadas previstas no CC/2002. Considera-se 
sociedade personificada aquela que possui personalidade jurídica, obtida 
mediante registro de seus atos constitutivos no órgão competente. A 
sociedade anônima está prevista nos arts. 1.088 e 1.089 do Código e são 
regidas pela Lei 6.404/1976. As letras B e D estão erradas porque a 
sociedade em comum e a sociedade em conta de participação são 
sociedades não personificadas, segundo o Código Civil (arts. 986 a 990 e 
991 a 996, respectivamente). A letra C é incorreta porque as sociedades 
simples são aquelas que exploram atividade econômica não empresarial, 
apesar de possuírem personalidade jurídica. E a letra E é falsa porque as 
cooperativas são consideradas sociedades simples, independentemente 
de seu objeto de funcionamento, conforme o art. 982, par. único, do 
CC/2002. 
 
 Gabarito: A 
 
A primeira e a última são sociedades simples; as demais, sociedades 
empresárias. Constam expressamente do edital de Auditor Fiscal: 
 -a sociedade simples, 
 -a sociedade limitada, 
 -a sociedade por ações (anônima e comandita por ações) 
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 -e a cooperativa. 
 
Não foram citadas textualmente as sociedades em nome coletivo e em 
comandita simples. Não obstante, vou apresentar nesta aula, por precaução, 
as regras dessas duas sociedades, após falar das sociedades simples. Como diz 
o ditado, é melhor errar para mais do que errar para menos. Além disso, a 
matéria sobre elas é curtinha, como você vai ver. Veremos as demais 
sociedades nas próximas aulas. 
 
Veja agora uma questão sobre o assunto: 
 
13 - (CESPE/PROCURADOR DO ESTADO/PGE-CE/2007) As sociedades 
simples e as empresárias têm por objeto social a exploração e o 
desenvolvimento de atividade econômica com organização profissional, 
voltada à produção ou circulação de bens ou serviços. Essas sociedades 
podem ou não ter personalidade jurídica. 
 
O erro desse item foi dizer que as sociedades simples e as empresárias 
podem ou não ter personalidade jurídica, já que ambas são modalidades de 
sociedades personificadas. Além disso, a sociedade simples, como regra, não 
desenvolve atividade de empresa. 
 
Gabarito: Errado 
 
 
 
4 – SOCIEDADE SIMPLES 
 
Vamos tratar agora das sociedades simples (arts. 997 a 1.038). 
 
IMPORTANTE: como regra, toda sociedade que não desenvolva atividade 
de empresa é considerada simples (art. 982, in fine), com as exceções já 
vistas anteriormente, quais sejam, as sociedades cooperativas e as de 
advogados, que são sempre simples, e as sociedades por ações, que são 
sempre empresárias. 
 
As sociedades simples possuem natureza contratual (art. 997) e 
desenvolvem atividades de natureza científica, literária ou artística, que não 
são consideradas empresariais, salvo se o exercício dessas atividades constituir 
elemento de empresa, conforme visto na aula anterior (art. 966, par. único). 
Nos trinta dias subsequentes à sua constituição, a sociedade deverá requerer 
a inscrição do contrato social no Registro Civil das Pessoas Jurídicas do local de 
sua sede (art. 998). Atenção que até aqui eu dei exemplos de registro na 
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JUNTA COMERCIAL, porém é importante você saber que a sociedade simples é 
registrada no REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS JURÍDICAS. 
 
Caso deseje instituir sucursal, filial ou agência na circunscrição de 
outro RegistroCivil das Pessoas Jurídicas, a sociedade simples deverá 
inscrevê-la neste registro, com a prova da inscrição originária da sede. E a 
constituição da sucursal, filial ou agência deverá ser averbada no Registro Civil 
da respectiva sede (art. 1.000). 
 
Segundo o Código Civil, a sociedade simples pode adotar um dos tipos de 
sociedade empresária (N/C, C/S ou Ltda.), devendo, neste caso, obedecer às 
normas fixadas para esses tipos societários. Não o fazendo, ela será 
subordinada às normas próprias das sociedades simples (art. 983). 
 
Esse artigo causa muita confusão, e é considerado mal formulado por 
alguns doutrinadores, porém até hoje não foi cobrado em prova, mesmo 
porque na prática isso não acontece. Um exemplo seria uma sociedade simples 
só que limitada... Estranho né ? Fazer o que, encontramos esse tipo de coisa 
em muitas legislações. 
 
A sociedade simples será constituída por meio de contrato escrito, 
particular ou público. Os sócios podem estipular os termos do contrato, mas 
são consideradas cláusulas obrigatórias as seguintes (art. 997): 
 
- nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios 
pessoas naturais; e firma ou denominação, nacionalidade e sede dos 
sócios pessoas jurídicas; 
- denominação, objeto, sede e prazo de duração (se for o caso) da 
sociedade; 
- capital da sociedade, expresso em moeda corrente; 
- a quota de cada sócio no capital e o modo de realizá-la; 
- as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, seus 
poderes e atribuições; 
- a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas (resultados); 
- se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações 
sociais; e 
- as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em 
serviços. (ATENÇÃO) 
 
Note que a última cláusula acima refere-se à possibilidade de um ou 
mais sócios da sociedade simples contribuir apenas com serviços, o que é 
vedado na sociedade empresária, em que todos devem contribuir para a 
formação do capital social. O sócio da sociedade simples cuja contribuição seja 
em serviços não pode, salvo convenção em contrário, empregar-se em 
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atividade estranha à sociedade, sob pena de ser privado de seus lucros e dela 
excluído (art. 1.006). 
 
A sociedade simples opera sob denominação (art. 997, II), com 
acréscimo do termo S/S, à qual a lei confere a proteção de que goza o nome 
empresarial (art. 1.155, par. único). 
 
Caso haja ausência de alguma das cláusulas contratuais obrigatórias, o 
registro será negado, salvo quanto às pessoas naturais incumbidas da 
administração da sociedade, seus poderes e atribuições, pois se admite que os 
administradores sejam nomeados por instrumento em separado, o qual 
deve ser averbado à margem da inscrição da sociedade (art. 1.012). É possível 
ainda que não haja qualquer disposição a respeito dos administradores, caso 
em que a administração da sociedade competirá separadamente a cada um 
dos sócios (administração disjuntiva), sendo que cada um poderá 
impugnar a operação pretendida por outro, cabendo a decisão aos sócios, por 
maioria de votos (art. 1.013). 
 
SABER ESSES QUORUNS: Qualquer modificação posterior das cláusulas 
obrigatórias do contrato social (acima citadas) depende do consentimento de 
todos os sócios (unanimidade). Para as demais, as mudanças podem ser 
decididas por maioria absoluta de votos, exceto se o contrato determinar a 
necessidade de deliberação unânime. Toda modificação do contrato social deve 
ser averbada no registro (art. 999). 
 
Como a modificação do quadro social exige aprovação dos demais sócios 
(de forma unânime, como visto acima), a sociedade simples, assim como as 
em nome coletivo e em comandita simples, é uma sociedade de pessoas, 
em que são levados em conta os atributos pessoais dos sócios. Como já foi 
visto, as sociedades de pessoas se opõem às chamadas sociedades de 
capital, em que a pessoa do sócio não é importante para a formação do 
quadro social, bastando que ele seja um contribuinte do capital, financiando a 
empresa, como ocorre nas sociedades por ações. Já a limitada é, em regra, 
uma sociedade de pessoas, mas seu ato constitutivo pode dispor que ela seja 
uma sociedade de capital. 
 
Veja uma questão cobrada pela Esaf sobre as sociedades simples: 
 
14 - (ESAF/PFN/2004) A sociedade simples do Código Civil de 2002 
a) destina-se a permitir a separação de atividades econômicas em dois 
grupos: as comerciais e as civis. 
b) inova na estruturação de sociedades que exercem atividades 
econômicas. 
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c) facilita extremar sociedades de associações no que concerne à 
disciplina jurídica. 
d) foi concebida como modelo de organização ao qual se deu função 
supletiva. 
e) serve para recepcionar as sociedades prestadoras de serviços. 
 
A letra D é a correta porque as regras que regem as sociedades simples 
aplicam-se subsidiariamente (supletivamente) aos demais tipos de 
sociedades, quando não houver norma específica que as regulem. Por 
isso é tão importante estudar as normas das sociedades simples, ainda 
que elas não se enquadrem no universo da atividade de empresa. 
A letra A é equívoca, pois as sociedades simples não se destinam a 
separar as atividades econômicas em comerciais e as civis. Essa 
separação sempre existiu e é inerente à própria natureza das atividades, 
que serão exercidas por sociedades simples ou empresárias, conforme o 
caso, como antes eram desenvolvidas pelas antigas sociedades civis e 
comerciais, sob a vigência do antigo Código Civil. 
A letra B erra ao dizer que as sociedades simples inovam a estrutura de 
sociedades, visto que são apenas uma nova roupagem das antigas 
sociedades civis do Código Civil de 1916. Tampouco têm as sociedades 
simples a função de extremar (separar) sociedades de associações (letra 
C), pois estas são entidades sem fins lucrativos, de natureza diversa, 
portanto, das sociedades em geral, sejam simples ou empresárias. Por 
fim, na letra E, não se pode dizer que as sociedades simples servem para 
recepcionar as sociedades prestadoras de serviços, pois estas podem se 
constituir também sob a forma de sociedades empresárias, se exercerem 
atividade de empresa. 
 
Gabarito: D 
 
Direitos e Obrigações dos Sócios 
 
Os direitos dos sócios são de duas espécies: pessoais e patrimoniais. 
 
PESSOAIS: eles têm direito de fiscalizar os atos da sociedade, bem como de 
participar da administração ou, ao menos, de tomar parte na escolha dos 
administradores. 
 
PATRIMONIAIS: referem-se à participação nos lucros gerados (arts. 1.007 e 
1.008). A participação dos sócios nos resultados deve ser proporcional às 
respectivas quotas, salvo se houver acordo em contrário. O sócio que participa 
apenas com serviços, contudo, somente participa dos lucros na proporção da 
média do valor das quotas (art. 1.007, 2.ª parte). 
 
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Se, por alguma razão, houver distribuição de lucros ilícitos ou fictícios, 
os administradores que a realizarem e os sócios que os receberem terão 
responsabilidade solidária, caso tenham conhecimento da ilegitimidade ou 
se comprove que tinham o dever (plena possibilidade) de conhecê-la (art. 
1.009). 
 
Em contrapartida ao direito de participar dos lucros, há a obrigação de 
suportar os prejuízos sociais (art. 1.007 e 1.008). Claro né? Nem toda 
atividadeeconômica resulta em lucro, algumas dão prejuízos... 
 
Em função da autonomia patrimonial, a eventual responsabilidade dos 
sócios pelas dívidas sociais, se houver (art. 997, VIII), é subsidiária, isto é, 
tais obrigações devem ser saldadas inicialmente com o patrimônio da própria 
sociedade e, apenas se este for insuficiente, os sócios são chamados a 
responder com seu patrimônio pessoal (benefício de ordem – art. 1.024), o 
que é feito de forma proporcional à respectiva participação nas perdas 
sociais, salvo cláusula de responsabilidade solidária entre os sócios (art. 
1.023). 
 
15 - (FCC/AUDITOR FISCAL MUNICIPAL/SÃO PAULO/2012) Os bens 
particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da 
sociedade, senão depois de executados os bens sociais. 
 
Gabarito: CORRETO. Conforme Artigo 1.024 do CC. Os bens particulares 
dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, senão 
depois de executados os bens sociais. 
 
SABER BEM: Embora subsidiária, a responsabilidade eventualmente 
existente é ilimitada, isto é, os sócios podem ser responsabilizados por 
parcelas superiores à sua respectiva contribuição social. Se, no entanto, a 
sociedade simples adotar uma das formas societárias empresariais, a 
responsabilidade dos sócios se regerá pelas normas da respectiva forma 
adotada. 
 
Por exemplo, seja uma sociedade simples formada por cinco sócios de 
responsabilidade ilimitada, cujas cotas são iguais e no valor de R$ 10.000. Se, 
após a sociedade esgotar seu patrimônio, ainda houver uma dívida de R$ 
100.000, cada sócio ficará responsável por saldar o valor de R$ 20.000. Safou? 
 
Portanto, a responsabilidade de cada sócio é, como regra, proporcional 
à respectiva participação nas perdas sociais (art. 1.023) que, por sua vez, é 
proporcional, salvo estipulação em contrário, à respectiva participação no 
capital (art. 1.007). 
 
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Não há, desse modo, em princípio, solidariedade entre os sócios. Isso, 
porém, pode ser previsto no contrato social (art. 1.023), o que fará com que 
qualquer deles possa ser demandado em juízo pela totalidade da dívida da 
sociedade, passando aquele que saldar a obrigação a ter direito de regresso 
contra os demais sócios, em relação às respectivas quotas. Destaque-se que a 
solidariedade que pode ser estipulada é entre os sócios, não entre estes e a 
sociedade, prevalecendo a subsidiariedade da responsabilidade deles em 
relação à entidade social, como visto acima. 
 
É dever dos sócios realizar as contribuições previstas no contrato social, 
como a integralização de suas respectivas partes do capital ou os serviços que 
devam realizar (se permitida a integralização em serviços), na forma e no 
prazo previstos no ato constitutivo. Caso algum sócio não cumpra suas 
obrigações (sócio remisso), será notificado formalmente pela sociedade, para 
que as implemente em até trinta dias (art. 1.004). Após isso, será 
considerado em mora (atraso) e responderá por eventuais danos decorrentes 
disso. Em caso de mora, a maioria dos demais sócios poderá ainda decidir 
excluir o remisso (inadimplente) da sociedade ou reduzir sua quota ao 
montante já realizado (art. 1.004, par. único), ocorrendo, nesta última 
hipótese, a correspondente redução do capital social, salvo se os demais sócios 
suprirem o valor da quota do sócio excluído (art. 1.031, § 1.º). 
 
Entenderam? Sócio remisso é aquele que “promete” no contrato que dará 
10.000, por exemplo, para compor o capital social, sendo que esse dinheiro é 
necessário para o início das atividades. Passados 30 dias o tal sócio não coloca 
esse dinheiro na conta da sociedade e ela não consegue comprar os 
equipamentos que precisa para começar a operar... A lei, nesse caso, tenta 
proteger os outros sócios adimplentes com suas obrigações. 
 
As obrigações dos sócios começam imediatamente com o contrato, se 
este não fixar outra data, e terminam quando se extinguem as 
responsabilidades sociais, após a liquidação da sociedade (art. 1.001). Frise-se 
ainda que, na sociedade simples, o sócio admitido em sociedade já constituída 
não se exime das dívidas sociais anteriores à admissão (art. 1.025). 
 
Como se trata de uma sociedade de pessoas, a cessão total ou parcial 
de quota, sem a correspondente modificação do contrato social com o 
consentimento dos demais sócios, não terá eficácia nem quanto a estes, nem 
quanto à sociedade (art. 1.003). 
 
TEM QUE SABER: Averbada a modificação do contrato, o sócio que cedeu 
suas quotas (sócio cedente) continua responsável solidariamente, perante 
a sociedade e terceiros, com aquele que as adquiriu (sócio cessionário), 
pelas obrigações sociais ocorridas até a averbação, por até dois anos após o 
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registro da modificação (art. 1.003, par. único). Assim, em caso de alguém 
processar a sociedade, para haver eventuais perdas e danos ocorridos nas 
negociações, o ex-sócio ainda poderá ser acionado durante esse período. Foi? 
 
Administração da Sociedade 
 
O administrador da sociedade deverá ter, no exercício de suas funções, o 
cuidado e a diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na 
administração de seus próprios negócios (art. 1.011). Aplicam-se à atividade 
dos administradores, no que couber, as disposições concernentes ao contrato 
de mandato (art. 1.011, § 2.º) (cujas regras específicas fazem parte do 
Direito Civil e não nos interessam no momento). 
 
Apenas pessoas naturais (físicas) podem administrar a sociedade (art. 
997, VI). Não podem ser administradores, além das pessoas impedidas por lei 
especial, os condenados a pena que vede, ainda que temporariamente, o 
acesso a cargos públicos, bem como os condenados por crime falimentar, de 
prevaricação, peita (suborno), concussão ou peculato, e, ainda, os condenados 
por crime contra a economia popular, o sistema financeiro nacional, as normas 
de defesa da concorrência, as relações de consumo, a fé pública ou a 
propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação (art. 1.011, § 
1.º). 
 
Os administradores dos negócios da sociedade podem ser sócios ou 
não. Se a lei ou o contrato estipular que compete aos sócios decidir sobre os 
negócios da sociedade, as deliberações serão tomadas por maioria de votos, 
contados segundo o valor das quotas de cada um (art. 1.010) (isto é, essa 
maioria corresponde a mais de metade do capital e não dos sócios). 
Havendo empate, deve prevalecer a decisão tomada por maior número de 
sócios. Persistindo o empate, o impasse será levado ao juiz, a quem caberá 
decidir (art. 1.010, § 2.º). 
 
Na sociedade simples, como regra, o sócio não pode ser substituído no 
exercício das suas funções, sem o consentimento dos demais, devidamente 
expresso em modificação do contrato social (art. 1.002). Assim, na sociedade 
simples, são considerados irrevogáveis os poderes do sócio investido na 
administração por cláusula expressa do contrato social (art. 1.019) (pois isso 
exigiria a alteração do próprio contrato, por votação unânime dos sócios, o 
que só seria possível se o próprio sócio administrador votasse a favor de sua 
retirada da administração). Excetuam-se as hipóteses de justa causa, 
reconhecida judicialmente, a pedido de qualquer dos sócios (art. 1.019, 2.ª 
parte) (exceção à unanimidade). Por outro lado, se os poderes de 
administração forem conferidos a sócio por ato separado, ou a qualquer um 
que não seja sócio, ainda que no próprio contrato social, eles serão 
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revogáveis a qualquer tempo (art. 1.019, par. único) (por maioria absoluta, 
em regra – art. 999, 2.ª parte). 
 
Caso algum sócio, em alguma operação social, tenha interesses pessoais 
contrários aos da sociedade e participe da respectiva deliberação, a qual reste 
aprovada em função de seu voto (isto é, a decisão não teria sido tomada se 
ele tivesse votado a favor dos interesses da sociedade), ele ficará responsável 
por eventuais perdas e danos decorrentes desse fato (art. 1.010, § 3.º). Por 
exemplo, imagine que a sociedade pretenda selecionar um fornecedor de 
equipamentos e um dos sócios vota pela contratação de determinada 
sociedade, pertencente a um parente seu, que vende equipamentos 
defeituosos, pois receberá uma comissão do parente por isso. Se o seu voto 
tiver sido decisivo para a escolha da referida entidade fornecedora, ficará 
sujeito a reparar os danos sofridos pela sociedade. 
 
Conforme visto acima, admite-se que os administradores da sociedade 
sejam nomeados não no contrato social, mas em instrumento em separado, 
o qual deve ser averbado à margem da inscrição da sociedade. Antes dessa 
averbação, o administrador responde pessoal e solidariamente com a 
sociedade (art. 1.012, 2.ª parte). 
 
No silêncio do contrato, os administradores podem praticar todos os 
atos pertinentes à gestão da sociedade, exceto a venda ou a oneração 
(ex.: hipoteca) de bens imóveis, que dependem da decisão da maioria dos 
sócios, salvo, neste caso, se a operação com imóveis constituir o próprio 
objeto da sociedade (art. 1.015). O administrador não pode fazer-se substituir 
no exercício de suas funções, mas é lhe facultado, nos limites de seus poderes, 
constituir mandatários da sociedade, especificando no instrumento do 
mandato (procuração) os atos e operações que tais mandatários poderão 
praticar (art. 1.018). Ressalte-se ainda que os administradores respondem 
solidariamente perante a sociedade e os terceiros prejudicados, por culpa no 
desempenho de suas funções (art. 1.016). 
 
 
16 - (FCC/AUDITOR FISCAL MUNICIPAL/SÃO PAULO/2012) Os 
administradores respondem solidariamente perante a sociedade e 
terceiros prejudicados, independentemente de culpa, no desempenho de 
suas funções. 
 
Gabarito: INCORRETO – A questão não está de acordo com o Artigo 
1.016 do CC. Os administradores respondem solidariamente perante a 
sociedade e os terceiros prejudicados, por culpa no desempenho de suas 
funções. 
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Caso os administradores ajam com excesso de poderes, a sociedade 
pode opor esse argumento a terceiros que a acionem para se ressarcirem de 
eventuais danos, de modo a se eximir de indenizar os prejudicados (neste 
caso, a responsabilidade será pessoal do administrador). Para que isso ocorra, 
no entanto, a sociedade deve provar a ocorrência de pelo menos uma das 
seguintes hipóteses (art. 1.015, par. único): 
 
- a limitação de poderes do administrador estava inscrita ou averbada no 
registro próprio da sociedade, situação em que os terceiros não poderão 
alegar desconhecimento da exata extensão dos poderes do 
administrador; 
- foi provado que os terceiros conheciam a limitação de poderes, ainda 
que não averbada; ou 
- a transação entre os terceiros e a sociedade configurava operação 
nitidamente estranha aos negócios da sociedade. 
 
SABER BEM: As hipóteses acima decorrem da teoria dos atos ultra 
vires, que exime a sociedade de responsabilidade pelos atos do administrador 
que extrapolam os limites de seus poderes. Essa teoria é criticada por alguns 
autores sob o argumento de que não é razoável exigir daqueles que 
transacionam com a sociedade, de forma dinâmica e com boa-fé, a consulta 
aos atos da sociedade para verificação dos exatos poderes do administrador, 
que age com aparência de legitimidade (teoria da aparência). Volta e lê de 
novo esses dois parágrafos acima... risos... Mesmo que a teoria seja criticada 
por alguns, cia em prova... do jeitinho que está na lei...Então vamos aprender. 
 
Nos atos de competência conjunta de vários administradores 
(administração conjunta), é necessário o concurso de todos (isto é, que 
todos participem da deliberação), salvo nos casos urgentes, em que a omissão 
ou o retardamento das providências cabíveis possam ocasionar danos graves 
ou irreparáveis (art. 1.014). Se, neste caso, o administrador realizar operações 
sabendo ou devendo saber que estava agindo em desacordo com a maioria, 
responderá perante a sociedade por perdas e danos (art. 1.013, § 2.º). 
 
Imagine, por exemplo, uma sociedade simples que possua três 
administradores, os quais devem assinar em conjunto os cheques da entidade. 
Se, no dia do pagamento de determinada obrigação inadiável, como um crédito 
tributário, um deles, por algum motivo, estiver ausente (viajando ou 
hospitalizado, por exemplo), os outros administradores poderão assinar o 
cheque sem ele, para evitar a inadimplência da sociedade e a incidência de 
multa. 
 
O administrador que tiver, em qualquer operação, interesse contrário ao 
da sociedade e tomar parte na correspondente deliberação ficará sujeito a 
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restituir à sociedade o eventual prejuízo decorrente da decisão (art. 1.017, 
par. único). Também o administrador que, sem consentimento escrito dos 
sócios, aplicar créditos ou bens sociais em proveito próprio ou de terceiros terá 
de restituí-los à sociedade ou pagar o equivalente, com todos os lucros 
resultantes da operação. Havendo prejuízo, por ele responderá também o 
administrador (art. 1.017, caput). 
 
Os administradores são obrigados a prestar contas justificadas de sua 
administração aos sócios, e a apresentar-lhes o inventário anualmente, bem 
como o balanço patrimonial e o balanço de resultado econômico (art. 
1.020). O sócio pode, a qualquer tempo (salvo estipulação que determine 
época própria), examinar os livros e documentos, bem como o estado da caixa 
e da carteira da sociedade (art. 1.021). É a lei dando o direito de fiscalização 
sobre os atos do administrador. BP e DRE, lembram? Da Contabilidade... 
 
Veja mais uma questão da Esaf sobre as sociedades simples: 
 
17 - (ESAF/AFT/MTE/2003) Ao instituir a sociedade simples, o Novo 
Código Civil 
a) adotou uma forma societária de estrutura menos complexa, própria 
para a microempresa. 
b) determinou que ela não pode ter filiais ou agências. 
c) estabeleceu que o excesso de poderes dos administradores pode ser 
oposto contra terceiro, provando-se que a limitação era conhecida deste. 
d) permitiu que os poderes conferidos aos administradores pelo contrato 
social poderão ser alterados por voto de dois terços dos sócios. 
e) impediu que os bens particulares dos sócios possam ser executados 
por dívidas sociais, exceto os créditos trabalhistas e fiscais. 
 
A letra C é correta, pois, como vimos, uma das hipóteses que permite à 
sociedade opor o excesso de poderes do administrador contra terceiros é 
a prova de que estes conheciam a limitação de poderes, ainda que não 
averbada. A letra A é errada, pois a sociedade simples pode ter ou não 
estrutura mais complexa que a das sociedades empresárias, nada se 
podendo afirmar quanto a isso. A diferença é quanto à atividade 
desenvolvida (civil ou empresarial) e ao regime jurídico aplicável, não 
quanto à complexidade da sociedade em si. Na letra B, já vimos que a 
sociedade simples pode constituir sucursais, filiais ou agências,devidamente registradas no respectivo Registro Civil das Pessoas 
Jurídicas e com as suas inscrições averbadas no Registro Civil do local da 
sede. A letra D é errada, pois não existe essa regra dos dois terços para 
as sociedades simples (esse quórum especial é exigido para algumas 
deliberações das sociedades limitadas, conforme estudaremos em aula 
futura). Finalmente, a letra E é equívoca, já que os sócios da sociedade 
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simples podem ter responsabilidade subsidiária pelas obrigações sociais 
e, portanto, ter seus bens particulares executados em juízo. 
 
Gabarito: C 
 
 
Resolução da Sociedade em Relação a um Sócio 
 
Entende-se como resolução da sociedade em relação a um sócio a 
saída desse sócio da sociedade, por razões diversas, que serão vistas a seguir. 
Trata-se, na verdade, da chamada dissolução parcial da sociedade, em 
oposição à dissolução total, que será estudada em aula futura, quando se 
dissolvem os vínculos sociais entre todos os sócios, com a consequente 
extinção da sociedade. 
 
Na dissolução parcial, ao contrário, a sociedade permanece 
existindo, ocorrendo apenas o desligamento de um ou alguns dos sócios da 
entidade. Assim, a matéria a seguir também pode ser cobrada a título de 
dissolução da sociedade (parcial). 
 
Salvo disposição contratual em contrário, nos casos em que a sociedade 
se resolver em relação a um sócio, o valor da sua quota, considerado o 
montante efetivamente realizado, será apurado (liquidação da quota), com 
base na situação patrimonial da sociedade, à data da resolução, verificada em 
balanço especialmente levantado para esse fim (art. 1.031). A quota liquidada 
será paga em dinheiro, no prazo de noventa dias, a partir da liquidação, 
salvo acordo, ou estipulação contratual em contrário (art. 1.031, § 2.º). O 
capital social sofrerá a correspondente redução, a não ser que os demais 
sócios supram o valor da quota, por meio de novas contribuições ao capital 
social (aumentem sua participação na sociedade) (art. 1.031, § 1.º). 
São várias regrinhas para a dissolução parcial, reparou? 
 
No caso de morte de sócio, sua quota será liquidada (terá seu valor 
patrimonial apurado), e seu valor será pago em dinheiro aos herdeiros, 
ocorrendo, em consequência, a redução do capital social. Não se promoverá a 
liquidação da quota, contudo, se (art. 1.028): 
- o contrato dispuser diferentemente; 
- os sócios remanescentes preferirem dissolver a sociedade; ou 
- por acordo com os herdeiros, for regulada a substituição do sócio 
falecido. 
 
Os sócios são livres para se retirarem da sociedade (direito de recesso), 
mesmo porque, segundo a Constituição Federal, ninguém pode ser obrigado a 
se associar ou a permanecer associado a nenhuma entidade. Se o prazo de 
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funcionamento da sociedade for indeterminado, o sócio que desejar se retirar 
deverá efetuar notificação aos demais, com antecedência mínima de sessenta 
dias. Caso se trate de sociedade com prazo determinado, no entanto, ele 
deverá provar judicialmente justa causa para se retirar. Os demais sócios, 
nos trinta dias subsequentes à notificação, poderão optar pela dissolução 
da sociedade (art. 1.029). 
 
Exclusão de sócio: sem prejuízo da possibilidade de exclusão do sócio 
remisso em suas obrigações sociais (art. 1.004, par. único), pode o sócio 
também ser excluído judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos 
demais sócios, por falta grave no cumprimento de suas obrigações, ou, ainda, 
por incapacidade superveniente (art. 1.030). 
 
Já o sócio que venha a ser declarado falido (por atividade empresarial 
estranha à sua condição de sócio) será excluído de pleno direito da 
sociedade, assim como aquele cuja quota tenha sido liquidada por credor 
pessoal seu, em processo de execução do qual o sócio seja o executado (art. 
1.030, par. único). 
 
Por fim, destaque-se que a retirada, exclusão ou morte do sócio não o 
exime (ou seus sucessores) da responsabilidade pelas obrigações sociais 
anteriores à sua saída, pelo prazo de até dois anos após a averbação da sua 
resolução da sociedade. No caso de retirada e exclusão, se houver atraso 
nesse registro, incluir-se-ão também as obrigações posteriores à sua 
efetiva saída e anteriores à averbação (art. 1.032). 
 
Terminamos aqui o assunto sobre sociedades simples, atentem para o 
fato de que quase todas as sociedades são regidas por artigos específicos e 
subsidiariamente pelos artigos sobre as sociedades simples. Então muita 
atenção a esses artigos e comentários que fizemos acima. 
 
5 – SOCIEDADE EM NOME COLETIVO 
 
Na sociedade em nome coletivo, apenas pessoas físicas podem ser 
sócias (art. 1.039). O contrato da sociedade em nome coletivo deve conter 
todas as cláusulas obrigatórias do contrato da sociedade simples (ver acima), 
substituindo-se a denominação pela firma social, que é a forma que adota o 
nome empresarial desse tipo de sociedade (art. 1.041). 
 
A firma social deve conter o nome de todos os sócios ou, se forem 
muitos, a expressão “e companhia” ou “& Cia.”, conforme já estudado 
anteriormente (ver aula passada). 
 
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Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas 
obrigações sociais (art. 1.039). Não obstante, os sócios podem limitar entre si 
a responsabilidade de cada um (para efeitos de direito de regresso entre eles), 
no ato constitutivo ou por convenção posterior unânime (art. 1.039, par. 
único). Perante terceiros, contudo, a responsabilidade dos sócios continua 
sendo ilimitada. 
 
Lembre ainda que, embora ilimitada, a responsabilidade dos sócios é 
subsidiária, pois surge somente após exaurido o patrimônio da sociedade 
(benefício de ordem – art. 1.024). Vale ressaltar ainda que a responsabilidade 
de cada sócio perante a sociedade limita-se à integralização da parcela do 
capital que ele subscreveu (regra geral para todos os tipos de sociedade). 
Apenas perante terceiros é que a responsabilidade dos sócios é ilimitada e 
solidária. 
 
Nesse sentido, veja a questão que já foi cobrada pelo Cespe/UnB: 
 
18 - (CESPE/JUIZ FEDERAL TRF 5.ª REGIÃO/2006) Três irmãos são 
sócios de determinada sociedade em nome coletivo. Lana, 
administradora, contraiu consideráveis dívidas em nome da sociedade, 
sem o consentimento dos demais irmãos sócios. Nessa situação, sendo a 
responsabilidade de Lana solidária e ilimitada, ela pode responder pelas 
referidas dívidas com suas quotas, mesmo antes de executados os bens 
da sociedade. 
 
O erro da assertiva é dizer que a responsabilidade de Lana ocorrerá 
antes da execução dos bens da sociedade, pois, embora ilimitada, a 
responsabilidade dos sócios das sociedades personificadas em geral só 
surge de forma subsidiária, isto é, depois de esgotados os bens sociais. 
 
Gabarito: Errado 
 
Tendo em vista essa responsabilidade ilimitada dos sócios, a sociedade 
em nome coletivo atualmente está em franco desuso (assim como a sociedade 
em comandita simples, que também possui sócios com responsabilidade 
ilimitada, como veremos a seguir). A forma societária preferida pelos 
empresários tem sido a sociedade limitada e a sociedade anônima, em que a 
responsabilidade dos sócios é limitada à integralização das respectivas quotas 
ou ações (estudaremos as limitadas e as sociedades anônimas na próxima 
aula). 
 
Somente sócios podem

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