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Aula 05 (6)

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CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 
PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 05 
 
 
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Olá, amigo(a) concurseiro(a)! Chegamos à Aula 05 de Direito 
Comercial para AFRFB e AFT 2013. Hoje trataremos do item 6 do edital: 
 
6. Recuperação judicial e extrajudicial. Falência. Classificação 
creditória. 
 
Trata-se de matéria referente ao Direito Falimentar. Vamos lá! 
 
1 – DIREITO FALIMENTAR 
 
 Você sabe o que é Direito Falimentar? Muitos autores empregam essa 
expressão para designar o segmento do Direito Comercial que dispõe sobre 
as regras referentes à preservação a e reorganização da empresa em crise e 
à adequada condução do processo de falência do empresário, quando não 
for possível a sua recuperação. E o que é falência ? Bem, não se preocupe, 
pois veremos isso ao longo desta aula! 
 
Sabemos que o empresário (seja o individual ou a sociedade 
empresária), no desenvolvimento de suas atividades, está sujeito a vários 
problemas, que podem acarretar prejuízo à empresa, o qual, se persistente, 
acaba por gerar uma situação de insolvência patrimonial (ativo menor 
que o passivo – situação líquida negativa) ou mesmo de falta de liquidez 
(disponibilidades), que impeçam o empresário de honrar suas obrigações. 
Em alguns casos, é possível a reorganização da atividade empresarial, de 
modo a se restabelecer a saúde econômico-financeira da empresa. Em 
outros, a situação torna-se tão grave que o empresário não tem mais 
possibilidade de continuar existindo, havendo a necessidade de que seja 
decretada sua falência. 
 
 E, é claro, não só as sociedades empresárias, mas também as 
sociedades simples e mesmo outros tipos de entidades podem se tornar 
insolventes, ficar em uma situação em que seus bens e direitos sejam 
insuficientes para saldar todas as suas obrigações. Esse estado patrimonial é 
denominado de insolvência econômica ou real, chamada também de 
insolvabilidade. Agora, veja só você: em alguns casos, esse estado pode 
ser presumido pela lei, em função de certas situações fáticas, ainda que 
não se prove efetivamente a inferioridade do ativo em relação ao passivo. 
Neste caso, teremos a insolvência jurídica ou presumida. Em outras 
palavras, a entidade pode até ter uma situação líquida positiva, mas, em 
função de determinados acontecimentos, não se verifica isso. Presume-se, 
de pronto, que ela é insolvente. Que coisa, não?! 
 
 Atualmente, em uma relação jurídica patrimonial, a garantia dos 
credores é o patrimônio do devedor (na Antiguidade, não era assim, o 
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sujeito podia ser escravizado e até morto. Ainda bem que isso mudou, né?), 
de modo que, se uma pessoa não honra suas obrigações, os credores podem 
acioná-la judicialmente, a fim de que seus bens sejam arrecadados, 
alienados (vendidos) e o respectivo produto da alienação seja entregue aos 
credores para quitação das dívidas, havendo, após isso, o retorno do 
eventual saldo remanescente ao devedor. Isso é feito por meio de um 
processo judicial de execução. 
 
 Agora, veja só: a execução judicial pode se dar de maneira individual 
ou coletiva. É isso mesmo. A execução individual ocorre quando um único 
devedor apresenta seu título executivo em juízo e pede ao juiz que 
determine ao devedor que satisfaça seu crédito. Já a execução coletiva 
acontece quando se verifica que o devedor está insolvente, o que permite 
que o juiz, a pedido do credor interessado, declare oficialmente essa 
situação de insolvência e dê início à execução coletiva, com a consequente 
convocação dos demais credores porventura existentes, para habilitarem 
seus créditos no processo de execução. Entendeu a razão do nome 
coletiva? É porque vários credores passam a figurar no pólo ativo do 
processo. 
 
Saiba que a execução individual e a execução coletiva de entidades 
não empresárias são feitas segundo os procedimentos previstos no Código 
de Processo Civil (CPC). Já a execução coletiva do empresário e da 
sociedade empresária ocorre nos moldes estabelecidos na Lei 
11.101/2005 (Lei de Falências – LF) (a partir de agora, quando nada for 
dito, o dispositivo legal citado nesta aula será referente a essa Lei, certo?). 
 
Então, agora, vamos responder à perguntinha lá do início (o que é 
falência?). A falência é o processo de execução coletiva do devedor 
empresário insolvente (embora essa insolvência possa ser meramente 
jurídica, e não econômica, como falamos acima e veremos novamente 
adiante). Na falência, ocorre o chamado concurso de credores, isto é, a 
reunião de todos os credores do empresário, para apresentarem seus 
respectivos créditos, a fim de se habilitarem ao recebimento dos valores que 
lhes são devidos, o que ocorre após a liquidação (venda) judicial do 
patrimônio do devedor falido. 
 
Mas, afinal, você sabe por que existe esse lance de execução coletiva? 
É que esse tipo de processo procura combater a injustiça de que um credor 
obtenha a realização integral de seu crédito, enquanto outro termine por 
nada receber (devido à insuficiência do patrimônio do devedor), apenas 
porque aquele ajuizou a ação de execução individual posteriormente a este. 
Percebeu? A decretação da falência confere as mesmas chances de 
satisfação do crédito a todos os credores de uma mesma classe (veremos 
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que há várias classes de créditos na falência, que são ordenados segundo as 
regras da chamada classificação creditória). Essa paridade (igualdade) de 
condições entre os credores na falência materializa o chamado princípio da 
par conditio creditorum. Grave essa expressão, pois o examinador vai 
pedi-la na prova, OK? 
 
Ah, tem mais: além do processo de falência, a Lei 11.101/2005 prevê 
também o procedimento de recuperação (ou reorganização) do 
empresário, de forma a evitar sua falência. Trata-se, neste caso, de um 
plano de reorganização da empresa, com a adoção de várias medidas, como 
adiamento ou parcelamento do pagamento de dívidas, redução parcial do 
valor das obrigações, novação (substituição) de dívidas e outras medidas 
pertinentes, com o intuito de permitir que o empresário se recupere da crise 
econômica por que vem passando. Assim, ele consegue (ou pelo menos 
tenta!) evitar a falência! 
 
A recuperação da empresa pode ser judicial ou extrajudicial. No 
primeiro caso, o empresário solicita em juízo (no Poder Judiciário, daí o 
nome) que a recuperação lhe seja deferida, apresentando as razões que o 
levaram à sua atual condição econômica e propondo um plano de 
recuperação da empresa que o retire dessa situação, o qual será executado 
sob a supervisão do juiz. Na segunda hipótese, o devedor propõe e negocia 
com seus credores um plano de recuperação extrajudicial, e solicita ao 
juiz apenas a homologação do acordo celebrado pelos envolvidos. 
 
Pessoas Sujeitas à Falência e à Recuperação de Empresas 
 
A Lei de Falências estabelece, no seu art. 1.º, que disciplina a 
recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do 
empresário e da sociedade empresária, de agora em diante referidos 
simplesmente como devedor. Desse modo, a Lei se aplica àqueles que 
exercem atividade de empresa (obs.: a partir de agora, quando eu me 
referir à sociedade empresária ou ao empresário individual, utilizarei tanto a 
palavra empresário como a palavra devedor, OK?). 
 
Agora, venha cá: você sabia que, embora a falência e a recuperação 
de empresas sejam aplicáveis apenas ao empresário,nem todas as pessoas 
que exercem empresa estão sujeitas à Lei de Falências? Pois é! Segundo a 
própria Lei (art. 2.º), ela não se aplica a: 
 
- empresas públicas e sociedades de economia mista; 
- instituições financeiras públicas ou privadas; 
- cooperativas de crédito (na verdade, quaisquer cooperativas, por 
serem sociedades simples); 
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- consórcios de sociedades; 
- entidades de previdência complementar; 
- operadoras de plano de saúde; 
- sociedades seguradoras; 
- sociedade de capitalização; 
- outras entidades legalmente equiparadas às anteriores; e 
 
E sabe por que isso? É que essas entidades possuem regras próprias 
de liquidação estabelecidas em lei. As instituições financeiras, por exemplo, 
estão sujeitas a liquidação extrajudicial, a ser decretada pelo Banco Central, 
nos termos da Lei 6.024/1974; as cooperativas de crédito seguem as 
normas da Lei 5.764/1971 e da Lei Complementar 130/2009; os consórcios 
são previstos na Lei 6.404/1976; as entidades de previdência complementar 
são liquidadas extrajudicialmente, nos termos da Lei Complementar 
109/2001; o mesmo vale para as operadoras de plano de saúde, conforme a 
Lei 9.656/1998; as sociedades seguradoras e as sociedades de capitalização, 
por sua vez, têm sua liquidação extrajudicial decretada com base no 
Decreto-Lei 73/1966 (as segundas por força do disposto no art. 4.º do 
Decreto-Lei 261/1967). Tá vendo só? É cada uma com suas regras, tipo, 
cada uma no seu quadrado!...rs 
 
 Muito bem! Vejamos agora algumas questões de prova sobre o 
assunto: 
 
1 - (CESPE/ADVOGADO/HEMOBRAS/2008) As empresas públicas estão 
sujeitas ao regime de falências. 
 
Gabarito: Errado 
 
2 - (CESPE/ADVOGADO/HEMOBRAS/2008) Em caso de iminente 
estado de insolvência da HEMOBRAS [empresa pública vinculada ao 
Ministério da Saúde], não obstante o princípio da preservação da 
empresa, a União Federal não poderá ajuizar pedido de recuperação 
judicial, nos termos da nova lei de falências e de recuperação de 
empresas. 
 
Gabarito: Certo 
 
O primeiro item é errado e o segundo é correto porque as empresas 
públicas não se sujeitam às regras da Lei de Falências. 
 
A Lei define ainda o juízo competente para homologar o plano de 
recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou decretar a 
falência do empresário. É o juízo do local do principal estabelecimento do 
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devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil (art. 
3.º). 
 
 E qual é o principal estabelecimento? Muito simples: é aquele onde 
está concentrado o maior volume das operações empresariais. Ou seja, é 
o principal do ponto de vista econômico, e não jurídico. Portanto, não se 
deve considerar como principal estabelecimento o local da sede da 
empresa. No caso da sociedade estrangeira, deve-se buscar a filial 
economicamente mais importante. 
 
Uma recente da ESAF: 
 
3 - (ESAF/AFRFB/2012) Assinale a opção em que todas as categorias 
mencionadas sujeitam-se à falência. 
a) Sociedade anônima, empresário, sociedade limitada registrada no 
Registro Civil de Pessoas Jurídicas. 
b) Sociedade cooperativa e sociedade limitada registrada na junta 
comercial. 
c) Sociedade limitada registrada na junta comercial, empresário e 
sociedade simples. 
d) Sociedade anônima, sociedade limitada registrada na junta 
comercial e empresário que exerce atividade rural e está registrado na 
junta comercial. 
e) Companhia e sociedade cooperativa de trabalho. 
 
Para chegarmos à resposta da questão é preciso conhecimento do 
primeiro artigo da Lei 11.101 de 2005 (Lei de Falências). 
Art. 1o Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação 
extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, 
doravante referidos simplesmente como devedor. 
Por essa leitura concluímos que as Sociedades Simples não estão 
sujeitas à falência. A lei se aplica às Sociedades Empresárias e aos 
Empresários Individuais. 
Letra a) INCORRETA – Sociedade Anônima sempre é empresária e 
por isso pode falir. O empresário também pode. A sociedade limitada 
pode ser empresária ou simples, porém no caso em tela, como ela foi 
registrada no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, que é o registro onde 
as sociedades simples devem se registrar, essa sociedade limitada é 
simples e não pode falir. 
Letra b) INCORRETA – Sociedade cooperativa é sempre simples e por 
isso não pode falir. Sociedade Limitada registrada na junta comercial é 
empresária e pode falir. 
 
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Letra c) INCORRETA – Sociedade Limitada registrada na junta 
comercial pode falir. Empresário pode falir. Sociedade Simples não 
pode falir. 
Letra d) CORRETA - Sociedade Anônima sempre é empresária e por 
isso pode falir. Sociedade Limitada registrada na junta comercial é 
empresária e pode falir. O Empresário Rural como regra não é 
obrigado a se registrar na junta comercial, porém quando ele se 
registra fica equiparado ao empresário para todos os efeitos e por isso 
no caso da alternativa o empresário rural pode falir. 
Letra e) INCORRETA – Companhia é a outra maneira de chamar a 
Sociedade Anônima e por ser sempre empresária pode falir. 
Cooperativa de trabalho é uma sociedade simples e não pode falir. 
 
Gabarito: Letra D 
 
 
2 – DISPOSIÇÕES COMUNS À RECUPERAÇÃO JUDICIAL E À FALÊNCIA 
 
Inicialmente, saiba que nem todas as obrigações do devedor podem 
ser exigidas na falência e na recuperação judicial. Os credores não podem 
exigir do devedor, na recuperação judicial ou na falência (art. 5.º): 
 
– as obrigações a título gratuito (ex.: doação feita pelo devedor, cujo 
objeto ainda não tenha sido entregue ao donatário); 
– as despesas que os credores fizerem para tomar parte na 
recuperação judicial ou na falência (ex.: passagem e hotel de 
advogado ou do próprio credor), salvo as custas judiciais decorrentes 
de litígio com o devedor. 
 
Suspensão das Ações e Execuções em Face do Devedor 
 
A decretação da falência ou o deferimento do processamento da 
recuperação judicial suspende o curso de todas as ações e execuções em 
face do devedor (se já estiverem em andamento) ou o curso de sua 
prescrição (se ainda não tiverem sido ajuizadas), inclusive aquelas dos 
credores particulares dos sócios solidários com a sociedade (art. 6.º). Veja 
você que fica tudo à disposição do juízo da falência! 
 
Você lembra o que é prescrição? Vamos relembrar? A prescrição é o 
fenômeno que extingue o direito do interessado de exigir a reparação de 
um direito seu que tenha sido violado por alguém (direito de pretensão) 
(art. 189 do CC/2002), acarretando, em consequência, a perda do direito de 
ação, isto é, do direito de ajuizar um processo judicial para reparação do 
direito violado. Decorrido o prazo prescricional previsto em lei, a pessoa não 
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pode mais demandar judicialmente o responsável pela reparação do seu 
direito. Só que a decretação da falência ou o deferimento do processamento 
da recuperação judicial suspende esse prazo. Assim, o interessado não pode 
ajuizar sua ação individual contra o falido, mas, em compensação, o prazo 
de prescriçãodessa ação fica paralisado, percebeu? Mas, na prática, ele vai 
ter mesmo é que se habilitar nos autos da falência, onde – espera-se – tudo 
será resolvido! 
 
Para assegurar essa suspensão dos demais processos, eventuais ações 
individuais que venham a ser propostas contra o devedor devem ser 
comunicadas ao juízo (vara) da falência ou da recuperação judicial, pelo 
juiz competente, quando este receber a petição inicial, ou mesmo pelo 
próprio devedor, quando ele receber a citação (art. 6.º § 6.º). Agora, veja 
só: uma vez suspensos os processos, as questões neles debatidas são 
atraídas para o juízo da falência ou da recuperação judicial. Como foi dito, 
tudo se resolverá (tomara!) no juízo da falência ou da recuperação. 
 
Todavia, essa suspensão comportar algumas exceções (tinha que ter, 
né? O examinador adora cobrar exceções na prova!). Por exemplo, a ação 
que demandar quantia ilíquida, isto é, aquela cujo valor ainda não esteja 
plenamente determinado (não seja líquido), terá prosseguimento no juízo no 
qual estiver se processando (art. 6.º § 1.º). Só depois de liquidada a quantia 
é que o crédito será então encaminhado ao juízo da falência (ah! Então não 
era tão exceção assim!), para classificação junto aos dos demais credores, 
conforme sua natureza (a classificação creditória será vista adiante). 
 
Por exemplo, se alguém processa o empresário falido em razão de 
uma batida de automóvel, cujo valor de indenização ainda será apurado no 
processo, a ação terá seguimento no juízo original até a determinação desse 
valor. Só então o credor ingressará nos autos da falência, para recebimento 
da indenização, de acordo com a ordem de preferência dos demais credores 
nos autos da falência. 
 
Também as ações de natureza trabalhista serão processadas perante a 
justiça especializada (Justiça do Trabalho) até a apuração do respectivo 
crédito, que será então inscrito no quadro geral de credores pelo valor 
determinado (liquidado) na sentença trabalhista (art. 6.º § 2.º). 
 
Agora, olha só que interessante: tanto no caso de quantia ilíquida 
como no de crédito trabalhista, o juiz no qual se processa o litígio poderá 
determinar a reserva da importância que estimar devida, com o que o 
juízo da recuperação ou da falência deverá conservar montante suficiente 
para pagamento desses créditos, quando eles vierem, afinal, para o âmbito 
do processo de recuperação ou falimentar. Com isso, o credor da quantia 
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ilíquida fica mais garantido, não é mesmo? Depois disso, uma vez 
reconhecido líquido o direito, será o crédito incluído na classe própria entre 
os demais credores do empresário (art. 6.º § 3.º). Mas e se esses créditos 
não vierem a ser reconhecidos nos respectivos juízos de origem? Ah! Neste 
caso, os valores anteriormente reservados pelo juízo da falência serão 
objeto de rateio suplementar entre os credores remanescentes (art. 149, 
§ 1.º). 
 
Saiba também que esse prazo de suspensão não pode durar 
infinitamente. No caso de recuperação judicial, a suspensão não 
ultrapassará 180 dias (período de blindagem), contados do 
deferimento do processamento da recuperação. Após esse prazo, o direito 
dos credores de iniciar ou continuar suas ações e execuções individuais será 
restabelecido, independentemente de pronunciamento judicial (art. 6.º § 
4.º). Já na falência, o prazo prescricional relativo às obrigações do falido só 
recomeça a correr a partir do dia em que transitar em julgado a sentença do 
encerramento da falência (art. 157). 
 
Outra exceção à suspensão são as execuções de natureza fiscal. 
Estas, em regra, não são suspensas pelo deferimento da recuperação 
judicial. Aqui prevalece o interesse público do recebimento dos valores 
tributários. A exceção fica por conta da concessão de parcelamento nos 
termos do Código Tributário Nacional (CTN) e da legislação ordinária 
específica (art. 6.º § 7.º) (o parcelamento do crédito tributário é estudado 
no Direito Tributário, lembra?). 
 
Em relação a esse tema, o art. 187 do CTN dispõe que a cobrança 
judicial do crédito tributário não é sujeita a concurso de credores ou 
habilitação em falência ou recuperação judicial (muita calma nesta hora: 
habilitação é o procedimento de verificação da validade e exatidão do valor 
do crédito, nos autos da falência ou da recuperação judicial – veremos isso à 
frente). O mesmo ocorre com outros créditos inscritos em Dívida Ativa da 
Fazenda Pública (art. 29 da Lei 6.830/1980 – Lei de Execução Fiscal). Em 
função desses dispositivos, o professor Fábio Ulhoa Coelho entende que a 
execução fiscal em face do devedor deve prosseguir mesmo no caso de 
decretação de falência (e não só no caso de deferimento de recuperação 
judicial, como expressa o art. 6.º § 7.º, da LF). 
 
Aliás, meu amigo e minha amiga, esse entendimento já foi declarado 
também pelo STJ: 
 
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA - PROCESSUAL CIVIL - EXECUÇÃO 
FISCAL - COMPETÊNCIA TERRITORIAL SOMENTE EXCETUADA POR 
PROVOCAÇÃO DO INTERESSADO - FALÊNCIA - JUÍZO FALIMENTAR - 
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NÃO-SUJEIÇÃO DA COBRANÇA DE DÉBITOS FISCAIS À HABILITAÇÃO 
DO CRÉDITO NO JUÍZO FALIMENTAR - ART. 29 DA LEI N. 6.830/90 - 
COMPETÊNCIA INALTERADA DO FORO ONDE PROPOSTA A EXECUÇÃO 
FISCAL. 
1. “A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício”. Verbete 33 da 
Súmula/STJ. 
2. Conforme estabelece o art. 29 da Lei de Execuções Fiscais (Lei n. 
6.830/80), que segue a determinação do art. 187 do Código 
Tributário Nacional, a cobrança judicial da dívida da Fazenda Pública 
não se sujeita à habilitação em falência, submetendo-se apenas à 
classificação dos créditos. 
3. Assim, pode a execução fiscal ajuizada em face da Massa Falida ser 
processada normalmente no foro onde foi proposta, mesmo que o 
Juízo Falimentar seja em outra Circunscrição. 
Conflito conhecido, para declarar a competência do Juízo Federal da 12ª Vara 
da Seção Judiciária de São Paulo, o suscitado. 
(CC 63.919/PE, Primeira Seção, Relator Ministro Humberto Martins, DJ 
12/02/2007) (grifamos) 
 
Lembre-se sempre de que, em prova de concurso, a jurisprudência 
vale mais do que a doutrina. Só não vale mais que a própria lei, não é 
mesmo? E olhe lá!...rs 
 
Ainda segundo o STJ (REsp 1.103.405/MG), o art. 187 do CTN e o art. 
29 da Lei de Execução Fiscal não representam óbice à habilitação de 
créditos tributários no concurso de credores da falência. Trata-se, na 
verdade, de uma prerrogativa da entidade pública em poder optar entre o 
pagamento do crédito pelo rito da execução fiscal (Lei 6.830/1980) ou 
mediante habilitação do crédito tributário. Segundo a Corte, escolhendo a 
Fazenda Pública um rito, ocorre a renúncia da utilização do outro, não se 
admitindo uma garantia dúplice. 
 
De qualquer forma, o produto da arrematação realizada na execução 
fiscal deve ser colocado à disposição do juízo falimentar, para 
pagamento conforme a ordem de preferência legal dos créditos devidos pelo 
devedor (trabalhistas, com garantia real, fiscais, quirografários, etc. – 
veremos as regras de classificação dos créditos adiante). Em outras 
palavras, embora o crédito fiscal não se submeta a habilitação, submete-se 
à classificação dos créditos, para efeito de pagamento aos credores. Esse 
processo de falência tem força mesmo, hem? 
 
Outra exceção à suspensão das ações e execuções são as causas não 
reguladas pela Lei de Falências em que o falido figure como autor ou 
litisconsorte ativo (art. 76). Exemplo: o empresário é autor de uma ação 
deindenização contra terceiro que bateu em seu carro. 
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Também não são atraídas para o juízo falimentar as ações de 
conhecimento que envolvam a União, autarquia federal ou empresa 
pública federal, por força do art. 109, I, da Constituição Federal. Aí vale a 
competência absoluta do juízo previsto nesse dispositivo da Lei Magna, em 
detrimento do juízo estadual da falência. 
 
Outra coisa (minha nossa, quanta exceção!): também não se suspende 
a execução individual cuja hasta pública para alienação dos bens do devedor 
já tenha sido designada, no momento da decretação da falência, por uma 
questão de economia processual. Neste caso, o valor apurado com a venda 
deve ser destinado ao juízo da falência, para inclusão no quadro geral de 
credores. Por outro lado, se a hasta pública já tiver sido realizada, o valor 
apurado será destinado ao exequente e o eventual saldo restante destinado 
ao juízo da falência. 
 
Por fim, ressalte-se que a distribuição do pedido de falência ou de 
recuperação judicial previne a jurisdição (meu Deus! O que é isso?!). Em 
outras palavras: ela torna obrigatória a distribuição de futuro processo para 
o mesmo juízo (denominado juízo prevento), no caso de qualquer outro 
pedido de recuperação judicial ou de falência, relativo ao mesmo devedor 
(art. 6.º § 8.º). 
 
Veja algumas questões sobre a suspensão de ações e execuções em 
face do devedor falido ou em recuperação judicial: 
 
4 - (FCC/ANALISTA DE REGULAÇÃO – ÁREA DIREITO/ANS/2007) O 
deferimento do processamento da recuperação judicial suspenderá, 
por até 180 dias, o curso das 
a) execuções fiscais movidas contra o devedor, ressalvada a concessão 
de parcelamento na forma da lei. 
b) ações de natureza cível contra o devedor nas quais se demandar 
quantia ilíquida. 
c) ações de natureza trabalhista nas quais ainda não tenha sido 
apurado o crédito do reclamante. 
d) ações e execuções dos credores particulares do sócio solidário em 
face do devedor. 
e) ações de qualquer natureza movidas pelo devedor, nas quais figurar 
como credor. 
 
Vamos lá! Vapt-vupt! A letra A é errada porque o curso das execuções 
fiscais movidas contra o devedor não é suspenso, ressalvada a 
concessão de parcelamento nos termos do CTN e da legislação 
ordinária específica. A letra B é falsa, já que ações em face do devedor 
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nas quais se demandam quantias ilíquidas também não são suspensas. 
A letra C é incorreta, pois ações de natureza trabalhista nas quais 
ainda não tenha sido apurado o crédito do reclamante continuam a 
tramitar na Justiça do Trabalho até a apuração da quantia. A letra D é 
o gabarito, uma vez que a decretação da falência ou o deferimento do 
processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição 
e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas 
dos credores particulares do sócio solidário (art. 6.º da LF). 
Finalmente, a letra E é errada porque, no caso de ações movidas pelo 
devedor, nas quais ele figure como credor, não são suspensas aquelas 
não reguladas na Lei de Falências (art. 76). 
 
Gabarito: D 
 
5 - (CESPE/TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR/ÁREA 
JURÍDICA/EMBRAPA/2005) Considere que determinada sociedade 
limitada, passando por grave crise econômico-financeira, requeira ao 
juízo competente sua recuperação judicial e, verificados os requisitos 
legais, seja deferido o pedido. Assim, em razão do deferimento da 
recuperação judicial, todas as ações executivas contra a sociedade 
serão suspensas, inclusive as de natureza fiscal. 
 
O item é errado porque o deferimento da recuperação judicial não 
suspende as ações de execução fiscal, nem as execuções individuais 
cuja hasta pública já tenha sido designada. 
 
Gabarito: Errado 
 
Administrador Judicial 
 
A Lei prevê também a figura do administrador judicial. Ele é o 
auxiliar do juiz nos processos de falência e recuperação judicial. Deverá ser 
profissional idôneo, preferencialmente (e não necessariamente) advogado, 
economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica 
especializada (art. 21). Ué, tem empresa especializada em ser 
administradora judicial? Tem, amigo, e como tem! Agora, se o administrador 
for pessoa jurídica, deverá ser indicado o nome de profissional 
responsável pela condução do processo de falência ou de recuperação 
judicial, que não poderá ser substituído sem autorização do juiz (art. 21, 
par. único). 
 
Os deveres do administrador judicial na falência e na recuperação 
judicial encontram-se no art. 22 da Lei de Falências. Na recuperação 
judicial, ele apenas fiscaliza as atividades do devedor (o qual 
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permanece na administração de seus bens) e o cumprimento do plano de 
recuperação judicial (art. 22, II, a). Já na falência, ele efetivamente 
administra a empresa, se houver continuação provisória da atividade (art. 
99, XI), uma vez que o devedor perde o direito de administrar os seus bens 
ou deles dispor (art. 103). 
 
E se, no exercício de suas funções, o administrador judicial não se 
sentir capaz de desempenhar alguma tarefa? Aí ele poderá contratar 
auxiliares, para ajudá-lo em suas atribuições (art. 22, I, h). Melhor, não é? 
 
O administrador judicial deixa suas funções por substituição ou por 
destituição. No primeiro caso, o administrador deixa a função por não se 
enquadrar nas exigências da Lei, sem caráter punitivo. Por exemplo, não 
pode ser administrador judicial quem tiver relação de parentesco ou 
afinidade até o 3.º grau com o devedor, seus administradores, controladores 
ou representantes legais ou deles for amigo, inimigo ou dependente (art. 30, 
§ 1.º). Neste caso, o devedor, qualquer credor ou o Ministério Público 
poderá requerer ao juiz a substituição do administrador judicial (art. 30, § 
2.º). Mesmo assim, o administrador judicial substituído será remunerado 
proporcionalmente ao trabalho realizado (art. 24, § 3.º). Não seria mesmo 
justo ele nada receber pelo que realizou até então, certo? 
 
Agora, pode haver também a renúncia do administrador judicial, caso 
em que ele também será substituído. Afinal, ninguém é obrigado a aceitar a 
função, podendo ainda renunciar a ela posteriormente. Só que, neste caso, 
só haverá remuneração pelo trabalho realizado se a renúncia for 
fundamentada em relevante razão (art. 24, § 3.º). Tá vendo só? Não é só 
dizer, sem mais, nem menos, não quero mais! Tem que justificar. Pense 
duas vezes antes de aceitar essa atribuição um dia, viu? 
 
Já a destituição é uma medida sancionadora aplicada ao 
administrador que não cumpre a contento seus deveres, o que pode ocorrer 
por desobediência aos preceitos legais, descumprimento de deveres, 
omissão, negligência ou prática de ato lesivo às atividades do devedor ou a 
terceiros (art. 31). Neste caso, além de outras eventuais implicações civis e 
penais, o destituído não poderá exercer novamente as funções de 
administrador judicial por cinco anos (art. 30). Além disso, o administrador 
judicial destituído não terá direito à remuneração pelo trabalho 
desempenhado (art. 24, § 3.º). 
 
Veja agora uma questão da Esaf envolvendo as funções do 
administrador judicial: 
 
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6 - (ESAF/DEFENSOR PÚBLICO/CE/2002/ADAPTADA) Quanto aos 
efeitos da falência e da recuperação judicial, assinale a alternativa 
verdadeira: 
a) o administrador judicial da falência e o da recuperação judicial têm 
as mesmas atribuições; 
b) na recuperação judicial, ao contrário do que acontece na falência, o 
devedor não fica privado da administração da empresa; 
c) continuando na administração dos seus bens, o devedor em 
recuperação judicial pode alienar bens imóveis sem autorização 
judicial; 
d) o administrador judicial da falência fiscaliza a administração da 
massa falida e o administrador judicial da recuperação judicial 
administra a empresa em recuperação. 
 
A letra A é falsa, pois, na recuperação judicial, o administrador judicial 
fiscaliza as atividades do devedor (o qual continua na administração da 
empresa) e o cumprimento do plano de recuperação judicial (art. 22, 
II, a), enquanto, na falência, ele efetivamente administra a empresa, 
se houver continuação provisória da atividade (art. 99, XI), uma vez 
que o devedor perde o direito de administrar os seus bens ou deles 
dispor (art. 103). Em função disso, a letra B é o gabarito. A letra C é 
errada porque, como veremos à frente, após a distribuição do pedido 
de recuperação judicial, o devedor não poderá alienar ou onerar bens 
ou direitos de seu ativo permanente, salvo evidente utilidade 
reconhecida pelo juiz, depois de ouvido o comitê de credores, com 
exceção dos bens e direitos previamente relacionados no plano de 
recuperação judicial (art. 66). Por fim, a letra D é incorreta, pois o que 
ocorre é justamente o contrário do que consta nesta alternativa, 
conforme comentários acima à letra A. 
 
Gabarito: B 
 
Assembleia Geral de Credores 
 
A assembleia geral de credores é um órgão colegiado (ou seja, 
formado por várias pessoas) de deliberação, na falência e na recuperação 
judicial, com atribuições de deliberar sobre qualquer matéria que possa 
afetar os interesses dos credores, inclusive sobre a constituição do comitê 
de credores (que será visto a seguir). Suas atribuições são elencadas no 
art. 35 da LF. 
 
A assembleia será composta pelas seguintes classes de credores (art. 
41): 
 
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– titulares de créditos derivados da legislação do trabalho 
(independentemente do valor do crédito) e de créditos decorrentes de 
acidentes de trabalho; 
– titulares de créditos com garantia real (até o limite do valor do 
bem gravado, isto é, do bem dado em penhor, hipoteca ou anticrese); 
– titulares de créditos quirografários, créditos com privilégio 
especial, créditos com privilégio geral e créditos subordinados, 
bem como os titulares de créditos com garantia real, quanto ao 
montante que exceder valor do bem gravado. 
 
� OBS.: fique frio(a)! Essas diversas espécies de créditos serão estudadas adiante, 
por ocasião do estudo da classificação creditória. 
 
Ressalte-se que, no caso concreto, podem não existir determinados 
tipos de crédito. Por exemplo, pode haver apenas créditos trabalhistas e 
quirografários, situação em que a assembleia terá apenas duas classes. Ou 
então apenas créditos quirografários, quando haverá só uma classe. Tudo 
vai depender do caso concreto, OK? 
 
A regra é que o voto de cada credor seja proporcional ao valor de 
seu crédito (art. 38). Como regra, considera-se aprovada a proposta que 
obtenha votos favoráveis de credores que representem mais da metade do 
valor total dos créditos presentes à assembleia geral (art. 42). Excetuam-
se, porém, as deliberações sobre (art. 42, 2.ª parte): plano de recuperação 
judicial (regras a seguir); composição do comitê de credores (será 
constituído por deliberação de qualquer das classes de credores na 
assembleia geral – art. 26); e forma alternativa de realização do ativo do 
devedor falido (art. 145), cuja aprovação depende do voto favorável de 
credores que representem dois terços dos créditos presentes à 
assembleia (art. 46). 
 
Fique atento(a), pois algumas regras especiais devem ser observadas 
nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial, conforme abaixo: 
 
- todas as classes de credores da assembleia deverão aprovar a 
proposta (art. 45); 
- nas duas últimas classes citadas acima (classe 2: créditos com 
garantia real; e classe 3: créditos quirografários, com privilégio 
especial, com privilégio geral e créditos subordinados), a proposta 
deverá ser aprovada por mais da metade dos créditos presentes à 
assembleia e, cumulativamente, pela maioria simples dos credores 
presentes (art. 45, § 1.º); 
- na classe dos créditos trabalhistas e de acidentes de trabalho (classe 
1), a proposta deverá ser aprovada pela maioria simples dos credores 
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presentes, independentemente do valor de seu crédito (art. 45, § 
2.º); 
- o credor não terá direito a voto e não será considerado para fins de 
verificação de quórum de deliberação se o plano de recuperação 
judicial não alterar o valor ou as condições originais de pagamento de 
seu crédito (art. 45, § 3.º). 
 
Comitê de Credores 
 
O comitê de credores (você vai ouvir falar muito dele nesta aula!) é 
órgão de existência facultativa na recuperação judicial e na falência. Possui 
as atribuições, entre outras, de fiscalizar as atividades e examinar as contas 
do administrador judicial e de zelar pelo bom andamento do processo e pelo 
cumprimento da lei (art. 27, I, “a” e “b”). Outras atribuições do comitê 
podem ser vista no art. 27 da LF (é pra ir lá olhar, viu?!). 
 
O comitê será constituído por deliberação de qualquer das classes 
de credores na assembleia geral e terá a seguinte composição (art. 26): 
 
– um representante indicado pela classe de credores trabalhistas, 
com dois suplentes; 
– um representante indicado pela classe de credores com direitos 
reais de garantia ou com privilégios especiais, com dois 
suplentes; 
– um representante indicado pela classe de credores 
quirografários ou com privilégios gerais, com dois suplentes. 
 
Na escolha dos representantes de cada classe no comitê de credores, 
somente os respectivos membros poderão votar (art. 44). Além disso, a 
falta de indicação de representante por quaisquer das classes não 
prejudicará a constituição do comitê, que poderá funcionar com número 
inferior ao previsto acima (art. 26, § 1.º). 
 
Agora, veja só: caso não seja possível a obtenção de maioria em 
deliberação do comitê, o impasse será resolvido pelo administrador 
judicial ou, na incompatibilidade deste, pelo juiz (art. 27, § 2.º). Do 
mesmo modo, se não for constituído o comitê de credores, caberá ao 
administrador judicial ou, na incompatibilidade deste, ao juiz, exercer suas 
atribuições (art. 28). A incompatibilidade citada pode ocorrer, por exemplo, 
na atribuição do comitê de examinar as contas do administrador. 
Obviamente não há sentido em o administrador examinar as próprias 
contas. Neste caso, o juiz mesmo exercerá a atribuição, pescou? 
 
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Assim como ocorre com a função de administrador judicial, não pode 
integrar o comitê de credores quem, nos últimos cinco anos, no exercício 
do cargo de administrador judicial ou de membro de comitê em falência ou 
recuperação judicial anterior, foi destituído, deixoude prestar contas 
dentro dos prazos legais ou teve a prestação de contas desaprovada 
(art. 30). O mesmo vale para quem tiver relação de parentesco ou afinidade 
até o 3.º grau com o devedor, seus administradores, controladores ou 
representantes legais ou deles for amigo, inimigo ou dependente (art. 
30, § 1.º). 
 
O administrador judicial e os membros do comitê responderão pelos 
prejuízos causados à massa falida, ao devedor ou aos credores por dolo ou 
culpa. Se algum integrante discordar da decisão da maioria, será 
considerado dissidente (discordante). Neste caso, ele deve ficar atento, pois, 
para que se exima da responsabilidade por alguma decisão mal tomada pela 
maioria do comitê, o dissidente deverá consignar sua discordância na 
ata da reunião (art. 32). 
 
Habilitação dos Créditos 
 
A habilitação dos créditos é o procedimento de apresentação, pelos 
diversos credores do empresário, dos seus respectivos créditos no processo 
judicial, bem como o de verificação, pelo administrador judicial, da validade 
e da exatidão dos valores apresentados. A habilitação de um crédito permite 
que o administrador e os demais credores tomem conhecimento dele e que o 
respectivo valor seja incluído na classificação dos créditos, após a verificação 
de sua legitimidade pelo administrador. 
 
A verificação dos créditos será inicialmente realizada pelo 
administrador judicial, com base nos livros contábeis e documentos 
comerciais e fiscais do devedor e nos documentos que lhe forem 
apresentados pelos credores (art. 7.º). Feito isso, será publicado um edital 
contendo a primeira relação de credores. Estes terão quinze dias para 
apresentar ao administrador judicial suas habilitações ou suas divergências 
quanto aos créditos relacionados (art. 7.º, § 1.º). Com base nas informações 
obtidas, o administrador fará publicar, em 45 dias, contados do término do 
prazo anterior, novo edital contendo a segunda relação de credores (art. 
7.º, § 2.º). Após isso, o comitê de credores, qualquer credor, o devedor, 
seus sócios ou o Ministério Público terão dez dias, contados da publicação, 
para apresentar ao juiz impugnação contra a relação de credores, 
apresentando suas razões (art. 8.º). 
 
Depois de decididas as eventuais impugnações, ou não havendo 
oposição de nenhum interessado, o juiz homologará, como quadro geral 
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de credores, a segunda relação de credores, com as eventuais alterações 
decorrentes das impugnações porventura apresentadas (art. 18). 
 
E se algum credor só conseguir se habilitar após o prazo inicial de 
quinze dias? Pode isso? Pode, mas, neste caso, as habilitações recebidas 
após o prazo serão consideradas retardatárias (art. 10). Ué, e qual a 
consequência disso? É o seguinte: na recuperação judicial, os titulares de 
créditos retardatários não terão direito a voto nas deliberações da 
assembleia geral de credores, salvo os créditos trabalhistas (art. 10, § 1.º). 
E, na falência, essa regra também é aplicável, exceto se o crédito, apesar 
do atraso, tiver sido incluído no quadro geral de credores homologado 
pelo juiz (art. 10, § 2.º). 
 
Na falência, os créditos retardatários perderão o direito a rateios 
(distribuição de valores) eventualmente realizados entre os credores. 
Todavia, o credor pode requerer que seja feita a reserva de valor para 
satisfação de seu crédito, enquanto se discute a inclusão do seu valor no 
quadro geral (art. 10, §§ 4.º e 6.º). 
 
Os créditos retardatários ficarão sujeitos também ao pagamento de 
custas, não se computando, todavia, as despesas acessórias compreendidas 
entre o término do prazo de 15 dias e a data do pedido de habilitação do 
crédito retardatário (art. 10, § 3.º). 
 
Por fim, caso o devedor esteja em recuperação judicial e haja a 
convolação (conversão) desta em falência (por exemplo, por 
descumprimento das medidas do plano de recuperação pelo devedor), os 
créditos remanescentes que já tenham sido definitivamente incluídos no 
quadro geral de credores da recuperação serão considerados habilitados 
na falência, sem prejuízo do prosseguimento de outras habilitações que 
eventualmente estejam em curso (art. 80). Quanta coisa pra entender, não? 
Se for preciso, releia as regras acima. 
 
3 – RECUPERAÇÃO JUDICIAL 
 
Muito bem! Vamos falar agora especificamente da recuperação 
judicial. O objetivo dela é viabilizar a superação da situação de crise 
econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte 
produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, 
promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o 
estímulo à atividade econômica (art. 47). Em outras palavras, serve pra 
tentar salvar a empresa da falência! 
 
Legitimados a Requerer a Recuperação Judicial 
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Pode requerer recuperação judicial o devedor (isso mesmo! É o 
empresário que está no sufoco que requer a própria recuperação!) que, no 
momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 
dois anos (portanto não pode ser empresário irregular) e que atenda aos 
seguintes requisitos, cumulativamente (art. 48): 
 
– não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença 
transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes; 
– não ter, há menos de cinco anos, obtido concessão de recuperação 
judicial; 
– não ter, há menos de oito anos, obtido concessão de recuperação 
judicial para microempresas e empresas de pequeno porte (arts. 70 a 
72); 
– não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio 
controlador, pessoa condenada por crime falimentar. 
 
Agora, veja: caso o devedor seja falecido, a recuperação judicial 
também poderá ser requerida pelo cônjuge sobrevivente, pelos herdeiros do 
devedor, pelo inventariante ou pelo sócio remanescente (art. 48, par. 
único). 
 
Mas não é tão simples assim: a concessão de recuperação judicial 
depende da apresentação de prova de quitação de todos os tributos ou da 
suspensão da exigibilidade dos créditos tributários, por meio de certidão 
negativa ou certidão positiva com efeito de negativa (art. 191-A do CTN). 
Lembra da certidão positiva com efeitos da negativa? Exemplo: certidão que 
afirma que o contribuinte deve (certidão positiva), mas que ele já pediu o 
parcelamento, ou, então, que a exigibilidade do tributo está suspensa por 
algum recurso por ele interposto, significando, em qualquer desses casos, 
que o contribuinte não está em atraso (efeito de certidão negativa). 
 
Nesse sentido, a LF estabelece que, após a juntada aos autos do plano 
de recuperação judicial aprovado pela assembleia geral de credores, o 
devedor deverá apresentar certidões negativas de débitos tributários 
(art. 57). Para viabilizar a recuperação, a Fazenda Pública poderá deferir o 
parcelamento de seus créditos, de acordo com as normas do CTN (art. 68). 
Faz sentido, não faz? Provavelmente, o devedor que solicita a recuperação 
terá dívidas tributárias, já que normalmente as primeiras obrigações que o 
empresário em crise deixa de pagar são justamente os tributos. 
 
Pedido de Recuperação 
 
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A petição inicial do pedido de recuperação judicial deverá conter a 
exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das 
razões da crise econômico-financeira(art. 51, I), bem como com as 
demonstrações contábeis relativas aos três últimos exercícios sociais e as 
levantadas especialmente para instruir o pedido (art. 51, II) e a relação 
nominal completa dos credores do empresário (art. 51, III). Outros 
requisitos podem ser vistos no art. 51 da Lei. Estando a petição inicial 
devidamente instruída, o juiz deferirá o processamento da recuperação 
judicial (atenção: não é ainda o deferimento da recuperação em si, é 
apenas a admissão do pedido) e, no mesmo ato, nomeará o administrador 
judicial (art. 52). 
 
Após a distribuição do pedido de recuperação judicial, o devedor 
não poderá alienar ou onerar bens ou direitos de seu ativo 
permanente, salvo evidente utilidade reconhecida pelo juiz, depois de 
ouvido o comitê de credores, com exceção dos bens e direitos previamente 
relacionados no plano de recuperação judicial (art. 66). 
 
O devedor não poderá desistir do pedido de recuperação judicial 
após o deferimento de seu processamento, salvo se obtiver aprovação 
da desistência na assembleia geral de credores (art. 52, § 4.º). 
 
Plano de Recuperação Judicial 
 
Muito bem! A partir da publicação da decisão que deferir o 
processamento da recuperação judicial, o devedor terá 60 dias para 
apresentar em juízo o plano de recuperação. E se ele não apresentar? Ah, 
meu amigo, minha amiga! Aí ele terá sua decretada sua falência (art. 53). 
Que coisa, hem? Pois é! Parece até aquele velho ditado chinês: “Cuidado 
com o que pede, pois pode conseguir.” 
 
Voltando ao que interessa, veja agora esta questão sobre o assunto: 
 
7 - (CESPE/TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR/ÁREA 
JURÍDICA/EMBRAPA/2005) Deverá ser decretada a falência de 
sociedade empresária que apresente seu plano de recuperação em 
prazo superior a sessenta dias após a publicação da decisão que tenha 
deferido o processamento da recuperação judicial. 
 
O item é correto, pois o prazo para o devedor apresentar em juízo seu 
plano de recuperação judicial é de 60 dias, contados da publicação da 
decisão que deferir o processamento da recuperação, sob pena de 
decretação de falência. 
 
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Gabarito: Certo 
 
E o que a proposta de plano de recuperação judicial deverá conter? A 
Lei nos diz (art. 53): 
 
– discriminação pormenorizada dos meios de recuperação a serem 
empregados e seu resumo. Entre esses meios, destacam-se (art. 50): 
concessão de prazos e condições especiais para pagamento das 
obrigações; redução salarial, compensação de horários e redução da 
jornada de trabalho, mediante acordo ou convenção coletiva; dação 
em pagamento ou novação de dívidas; constituição de sociedade de 
credores; venda parcial de bens; usufruto da empresa; emissão de 
valores mobiliários; etc. Opções não faltam, não é? E note que a 
relação desse art. 50 da LF é apenas exemplificativa, podendo o 
plano adotar outras medidas que se mostrem adequadas à 
recuperação do devedor, além das previstas na Lei; 
– demonstração de sua viabilidade econômica; e 
– laudo econômico-financeiro e de avaliação dos bens e ativos 
do devedor, subscrito por profissional legalmente habilitado ou 
empresa especializada. 
 
Agora, se houver previsão de alienação de bem objeto de garantia 
real (tipo, um bem hipotecado), a supressão da garantia ou sua substituição 
somente serão admitidas mediante aprovação expressa do credor titular da 
respectiva garantia (o banco favorecido pela hipoteca, por exemplo) (art. 
50, § 1.º). Já nos créditos em moeda estrangeira, a variação cambial será 
conservada como parâmetro de indexação da correspondente obrigação e só 
poderá ser afastada se o credor titular do respectivo crédito aprovar 
expressamente a medida (art. 50, § 1.º). 
 
A ordem de pagamento dos créditos do devedor será a estabelecida no 
plano de recuperação, que não poderá prever, contudo, prazo superior a um 
ano para pagamento dos créditos trabalhistas ou de acidentes de 
trabalho vencidos até a data do pedido de recuperação judicial (art. 54), 
nem prever prazo superior a 30 dias para o pagamento, até o limite de 
cinco salários mínimos por trabalhador, dos créditos de natureza 
estritamente salarial (ex.: salários, horas-extras, gratificações de função, 
etc.) vencidos nos três meses anteriores ao pedido de recuperação judicial 
(art. 54, par. único). É que esses créditos têm especial proteção da Lei, 
afinal, o trabalhador é sempre o elo fraco da corrente econômica e deve ser 
protegido. 
 
Aprovação dos Credores 
 
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Deferido o processamento da recuperação judicial, o juiz ordenará a 
publicação de edital contendo aviso aos credores sobre o recebimento do 
plano de recuperação e fixará prazo para a manifestação de eventuais 
objeções por qualquer credor (art. 53, par. único). Esse prazo, segundo a 
Lei, deve ser de trinta dias, contados da publicação da relação de credores 
(art. 55). 
 
Não esqueça: o deferimento do processamento da recuperação 
judicial não é ainda o deferimento da recuperação em si! Essa decisão só 
será tomada após a aprovação do plano de recuperação pela assembleia 
geral de credores. 
 
Se, depois de tudo isso, não houver objeções ao plano de recuperação 
judicial apresentado, o juiz concederá desde logo a recuperação judicial ao 
devedor (art. 58). Agora, havendo objeção de qualquer credor, o juiz 
convocará a assembleia geral de credores para deliberar sobre o plano 
de recuperação, que poderá sofrer alterações na assembleia, desde que haja 
expressa concordância do devedor e tudo seja feito em termos que não 
impliquem diminuição dos direitos exclusivamente dos credores 
ausentes. Aprovado o plano pelos credores, o juiz concederá a recuperação 
judicial nos moldes do plano aprovado (art. 58). Mas, o plano pode ser 
rejeitado pela assembleia geral? O que acontece nesse caso? Adivinha! O 
juiz decretará a falência do devedor (art. 56). Caramba! 
 
Veja agora esta questão da Esaf sobre os assuntos até agora 
abordados: 
 
8 - (ESAF/PROCURADOR DF/2007) Modernamente empresas têm 
sofrido várias crises, que podem significar uma deterioração das 
condições econômicas de sua atuação, bem como uma dificuldade de 
ordem financeira para o prosseguimento da atividade. Tais crises 
podem advir de fatores alheios ao empresário, mas também podem 
advir de características intrínsecas à sua atuação. Entre as possíveis 
soluções para essa crise, está a recuperação judicial, sobre a qual é 
correto afirmar: 
a) os credores fiscais ficam sujeitos às condições aprovadas no plano 
de recuperação judicial. 
b) não haverá a nomeação de administrador judicial. 
c) a lei enumera taxativamente as medidas que podem ser invocadas 
na recuperação. 
d) as sociedades limitadas, ainda que não tenham objeto empresarial, 
podem requerer a recuperação judicial. 
e) a não aprovação do plano de recuperação judicial, pela assembléia 
de credores, acarretará a convolação em falência. 
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Vamos lá, rapidinho: a letra A é falsa, pois os credores fiscais não 
ficam sujeitos às condições aprovadas no plano de recuperação 
judicial, tanto que o deferimento do plano depende da apresentação de 
prova de quitação de todos os tributos ou da suspensão da 
exigibilidade dos créditos tributários (art. 191-A do CTN e art. 57 da 
LF). A letra B é errada, já que o administrador judicialé o auxiliar do 
juiz na administração dos bens do devedor tanto nos processos de 
falência como nos de recuperação judicial. A letra C é falsa, pois o rol 
de medidas que podem ser adotadas na recuperação judicial é apenas 
exemplificativo (art. 50). A letra D é incorreta porque apenas o 
empresário e a sociedade empresária podem requerer a recuperação 
judicial. E a letra E? Essa é verdadeira, porque, se o plano de 
recuperação judicial for rejeitado pela assembleia geral de credores, o 
juiz decretará a falência do devedor (art. 56, § 4.º). 
 
Gabarito: E 
 
Outra: 
 
9 - (ESAF/AGENTE FISCAL DE TRIBUTOS ESTADUAIS/SEFAZ-
PI/2001/ADAPTADA) A recuperação judicial 
a) abrange todos os créditos vencidos e vincendos, como forma de 
buscar-se a preservação da empresa. 
b) leva ao afastamento do titular da empresa, considerado incapaz 
para a tentativa de seu salvamento. 
c) deve ser aprovada por todos os credores do empresário. 
d) cujo plano é rejeitado pela assembleia geral de credores é 
convolada em falência, se houver requerimento de qualquer credor. 
e) depende da inexistência de impedimentos e do preenchimento das 
condições legais. 
 
 
A letra A é falsa, pois, embora o art. 49 da LF diga que estão sujeitos à 
recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, 
ainda que não vencidos, há exceções legais, como os créditos fiscais 
(art. 191-A do CTN e art. 57 da LF) e outros previstos no art. 49, §§ 
3.º e 4.º, da LF. A letra B é incorreta porque o titular da empresa não 
é afastado da administração do negócio na recuperação judicial. A 
letra C é falsa porque a recuperação judicial deve ser aprovada pela 
assembleia geral de credores, mas não se exige a unanimidade dos 
votos de todos os credores (art. 45). 
A letra D é errada, já que a rejeição do plano de recuperação judicial 
pela assembleia geral de credores acarreta a decretação da falência do 
devedor pelo juiz, independentemente de requerimento de qualquer 
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credor. Por fim, a letra E é o gabarito, pois não poderá requerer a 
recuperação judicial o devedor que se enquadre nos impedimentos do 
art. 48 da LF, devendo ainda cumprir as demais condições previstas na 
Lei para a concessão do pleito, como a apresentação de certidões 
negativas de débitos tributários (art. 57). 
 
Gabarito: E 
 
Os requisitos para aprovação do plano de recuperação pela 
assembleia foram já vistos quando tratamos especificamente da assembleia 
geral de credores (art. 45 – reveja acima!). É importante destacar, contudo, 
que o juiz pode decidir conceder a recuperação judicial mesmo que o 
plano não tenha sido aprovado com base nos requisitos estudados. 
Sério?! Sim, mas, para isso, é preciso que, na mesma assembleia, tenha 
sido obtido, cumulativamente (art. 58, § 1.º): 
 
– o voto favorável de credores que representem mais da metade do 
valor de todos os créditos presentes à assembleia, 
independentemente de classes; 
– a aprovação de duas das classes de credores (classes 1, 2 e 3, 
vistas acima) ou, caso haja somente duas classes com credores 
votantes, a aprovação de pelo menos uma delas; 
– na classe que o houver rejeitado, o voto favorável de mais de um 
terço dos credores, computados na forma dos §§ 1.º e 2.º do art. 45 
da Lei. 
 
Além disso, essa excepcional concessão só pode ser deferida pelo juiz 
se isso não implicar tratamento diferenciado entre os credores da classe que 
houver rejeitado o plano (art. 58, § 2.º), beleza? 
 
Segundo a LF, estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos 
existentes na data do pedido, ainda que não vencidos (art. 49). Note, 
assim, que, mesmo que determinado credor não concorde com o plano ou 
esteja ausente na assembleia geral, ele poderá ser atingido pelas medidas 
do plano aprovado. Agora, atenção: lembre que, apesar dessa regra, o Fisco 
não fica sujeitos às condições aprovadas no plano de recuperação judicial, 
como visto acima. 
 
Além disso, não se submetem aos efeitos da recuperação judicial 
as seguintes espécies de credores (art. 49, §§ 3.º e 4.º): 
 
– proprietário fiduciário (ex.: banco que detenha a propriedade de 
imóvel em razão de contrato de alienação fiduciária em garantia); 
– arrendador mercantil; 
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– proprietário ou promitente vendedor de imóvel com cláusula de 
irrevogabilidade ou irretratabilidade (eita, nó na língua!); 
– proprietário em contrato de venda com reserva de domínio; 
 
Nesses casos, embora prevaleçam os direitos de propriedade dos 
credores sobre a respectiva coisa e as condições contratuais celebradas, não 
será permitida, durante o período de blindagem de 180 dias (art. 6.º, § 
4.º), a venda ou a retirada do estabelecimento do devedor dos bens de 
capital essenciais a sua atividade empresarial (art. 49, § 3.º, in fine). 
 
Também não se sujeitará aos efeitos da recuperação judicial o credor 
de importância entregue ao devedor, em moeda corrente nacional, 
decorrente de adiantamento a contrato de câmbio para exportação 
(art. 49, § 4.º). 
 
Eis outra questão da Esaf sobre a recuperação judicial: 
 
10 - (ESAF/JUIZ DO TRABALHO/TRT 7.ª REGIÃO/2005) A nova lei de 
recuperação e falências – Lei nº 11.101/2005, no que diz respeito à 
reorganização judicial da empresa em crise, 
a) dá aos credores titulares de créditos quirografários direito de se 
oporem às decisões de interesse de empregados. 
b) divide os credores em grupos de interesses homogêneos para 
facilitar a tomada de decisões. 
c) trata os empregados como credores especiais. 
d) cria um modelo de cooperação entre empresário e credores, 
voluntários e involuntários. 
e) pretende privilegiar a continuidade da atividade em relação a outros 
interesses, inclusive os do fisco. 
 
A letra A é errada, já que não há previsão na LF de que os credores 
quirografários possam se opor às decisões de interesse dos 
empregados. Pelo contrário, em relação à aprovação do plano de 
recuperação (ou reorganização) judicial, a Lei prevê requisitos mais 
flexíveis para que proposta seja aprovada pelos credores trabalhistas 
(art. 45, § 2.º). A letra B é incorreta, pois a divisão dos credores em 
classes, na assembleia geral (art. 41), não necessariamente os agrupa 
segundo interesses homogêneos. Por exemplo, a classe 3 é composta 
por titulares de créditos quirografários, com privilégio especial, com 
privilégio geral ou subordinados, os quais podem ter interesses 
conflitantes entre si. 
A letra C é falsa porque a LF não estabelece que os empregados são 
credores especiais na recuperação judicial, muito embora lhes 
assegure prazo não superior a um ano para pagamento dos créditos 
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derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de 
trabalho vencidos até a data do pedido de recuperação judicial (art. 
54). A letra D é o gabarito, pois a reorganização judicial visa a 
estabelecer um plano por meio do qual o empresário adota, em 
concordância com os credores, as medidas necessárias à recuperação 
da atividade empresária. Como a aprovação do plano não exige 
unanimidade, mesmo credores que votaram contra ele (involuntários) 
sujeitam-se às medidas deliberadas. Por fim, a letra E é errada porque 
a recuperação judicial não se sobrepõe aos interesses do fisco, já que 
o deferimento do plano exige a comprovação de regularidadetributária 
(art. 191-A do CTN e art. 57 da LF). 
 
Gabarito: D 
 
Execução do Plano 
 
Concedida a recuperação judicial, o devedor ou seus administradores 
serão mantidos na condução da atividade empresarial, sob fiscalização 
do comitê de credores, se houver, e do administrador judicial, salvo se 
tiverem praticado algum dos atos graves previstos art. 64 da Lei. Neste 
caso, o juiz destituirá o administrador, que será substituído na forma 
prevista nos atos constitutivos do devedor ou no plano de recuperação 
judicial (art. 64, par. único). 
 
Quando do afastamento do devedor ou do administrador, o juiz 
convocará a assembleia geral de credores para deliberar sobre o nome do 
gestor judicial que assumirá a administração das atividades do devedor, 
aplicando-se a ele, no que couber, as normas sobre deveres, impedimentos 
e remuneração do administrador judicial (art. 65). 
 
Em todos os atos, contratos e documentos firmados pelo devedor em 
recuperação judicial deverá ser acrescida, após o nome empresarial, a 
expressão “em recuperação judicial”. Assim todo mundo fica sabendo da 
situação da empresa, né? E, além disso, o juiz determinará ao Registro 
Público de Empresas a anotação da recuperação judicial no registro 
correspondente (art. 69). 
 
O plano de recuperação judicial implica novação (substituição) dos 
créditos anteriores ao pedido, e obriga o devedor e todos os credores a ele 
sujeitos (art. 59). Se houver previsão de alienação de bem objeto de 
garantia real, a supressão da garantia ou sua substituição somente serão 
admitidas mediante aprovação expressa do credor titular da respectiva 
garantia (art. 59, caput, in fine). 
 
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A decisão judicial que conceder a recuperação judicial constituirá 
título executivo judicial, nos termos do CPC (art. 59, § 1.º). Ou seja, 
poderá, se necessário, ser executada judicialmente, para fazê-la prevalecer. 
Por outro lado, contra essa decisão, cabe o recurso de agravo, que pode ser 
interposto por qualquer credor ou pelo Ministério Público (art. 59, § 2.º). 
 
Se o plano de recuperação judicial aprovado envolver alienação 
judicial de filiais ou de unidades produtivas isoladas do devedor, o juiz 
ordenará a sua realização, observadas as modalidades de alienação de bens 
do devedor, previstas no art. 142 da LF (leilão, propostas fechadas e 
pregão – vamos estudar isso adiante, OK?) (art. 60). E outra: o objeto da 
alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do 
arrematante nas obrigações do devedor (ele não assumirá as dívidas do 
devedor), inclusive as de natureza tributária (art. 60, par. único), salvo se o 
arrematante for (art. 60, par. único, c/c art. 141, § 1.º): 
 
– sócio da sociedade falida, ou sociedade controlada pelo falido; 
– parente, em linha reta ou colateral até o quarto grau, consanguíneo 
ou afim, do falido ou de sócio da sociedade falida; ou 
– identificado como agente do falido com o objetivo de fraudar a 
sucessão. 
 
Você percebeu que as exceções acima têm o nítido intuito de impedir a 
ocorrência de fraude na recuperação judicial? É que o devedor poderia 
simular sua própria aquisição, livrando-se das dívidas anteriores à 
recuperação, agora na condição de arrematante! É!... Tem malandro pra 
tudo! E não é o gato, que já nasceu de bigode! 
 
Muito bem! O devedor permanecerá em recuperação até que se 
cumpram todas as obrigações previstas no plano que se vencerem até dois 
anos depois da concessão da recuperação (art. 61). Ele terá que ficar 
atento, pois, durante esse período, o descumprimento de qualquer obrigação 
prevista no plano acarretará a convolação da recuperação em falência 
(art. 61, § 1.º). Se isso ocorrer, os credores terão reconstituídos seus 
direitos e garantias nas condições originalmente contratadas (antes da 
concessão da recuperação), deduzidos os valores eventualmente pagos e 
ressalvados os atos validamente praticados no âmbito da recuperação 
judicial (art. 61, § 2.º). 
 
Por exemplo, imagine que um credor tinha R$ 100.000 a receber à 
vista e aceitou receber R$ 80.000 em duas vezes, em 90 e 180 dias, após a 
adoção do plano de recuperação da empresa. Caso a obrigação não seja 
cumprida e a falência do empresário seja decretada, seu crédito voltará a 
ser de R$ 100.000, com os juros e correção monetária sendo calculados com 
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base nesse valor e a partir da data do vencimento original. Volta tudo ao 
que era antes! 
 
Agora, sendo cumpridas as obrigações vencidas nos dois anos, o juiz 
decretará por sentença o encerramento da recuperação judicial (art. 
63). Mesmo assim, após esse período, o plano de recuperação poderá 
prosseguir (ex.: o parcelamento de uma dívida em três anos), mas o 
devedor não será mais considerado em recuperação judicial. O 
descumprimento de qualquer obrigação prevista no plano, após os dois 
anos, autorizará o credor a requerer a execução específica (lembre que a 
decisão que concede a recuperação é título executivo judicial) ou a falência 
do devedor (art. 62). 
 
Recuperação Judicial de Microempresas e Empresas de Pequeno 
Porte 
 
As microempresas (ME) e as empresas de pequeno porte (EPP) 
poderão apresentar (é uma opção do empresário!) plano especial de 
recuperação judicial (art. 70, § 1.º). Uma primeira diferença, em relação 
ao plano de recuperação judicial comum, é que, no plano especial, os 
credores não atingidos pelo plano não têm seus créditos habilitados na 
recuperação judicial (art. 70, § 2.º). Em compensação, o pedido de 
recuperação judicial com base em plano especial não acarreta a 
suspensão do curso da prescrição nem das ações e execuções por créditos 
não abrangidos pelo plano (art. 71, par. único). 
 
Outra diferença é que, se a ME ou EPP optar pelo plano especial de 
recuperação judicial, não será convocada assembleia geral de credores 
para deliberar sobre o plano, e o juiz concederá a recuperação judicial, 
se atendidas as exigências da Lei (art. 72). Por outro lado, o juiz julgará 
improcedente o pedido de recuperação judicial e decretará a falência do 
devedor se houver objeções de credores titulares de mais da metade dos 
créditos quirografários (art. 72, par. único). 
 
O plano especial de recuperação judicial limitar-se-á às seguintes 
condições (art. 71): 
 
– abrangerá exclusivamente os créditos quirografários; 
– preverá parcelamento em até 36 parcelas mensais, iguais e 
sucessivas, corrigidas monetariamente e acrescidas de juros de 12% 
ao ano; 
– preverá o pagamento da primeira parcela no prazo máximo de 
180 dias, contado da distribuição do pedido de recuperação judicial; 
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– estabelecerá a necessidade de autorização do juiz, após ouvido o 
administrador judicial e o comitê de credores, para o devedor 
aumentar despesas ou contratar empregados. 
 
Convolação da Recuperação Judicial em Falência 
 
Vimos acima que, em vários casos, o juiz decretará a falência do 
devedor durante o processo de recuperação judicial, não foi? Relembremos 
quando isso pode acontecer (art. 73): 
 
– por deliberação da assembleia geral de credores, aprovada por 
mais da metade do valor dos créditos presentes; 
– pela não apresentação do plano de recuperação pelo devedor, 
em 60 dias da publicação da decisão que deferir o processamento darecuperação judicial; 
– quando a assembleia geral de credores rejeitar o plano de 
recuperação; 
– por descumprimento de qualquer obrigação assumida no 
plano de recuperação nos dois primeiros anos após a concessão 
da recuperação judicial. 
 
Beleza? Fixe esses casos na memória! A questão vai ser assim: essas 
quatro alternativas e mais uma que não é, pedindo pra marcar a falsa... Aí 
você mata a questão! 
 
Além disso, nada impede a decretação da falência em razão do 
inadimplemento de obrigação não sujeita à recuperação judicial ou em 
face da prática dos chamados atos de falência pelo devedor em 
recuperação (art. 73, par. único) (veremos essas hipóteses de decretação de 
falência a seguir). 
 
Outra coisa: na convolação da recuperação em falência, os atos de 
administração, endividamento, oneração ou alienação praticados durante a 
recuperação judicial presumem-se válidos, desde que realizados na 
forma da LF (art. 74), OK? 
 
Segue agora uma questão sobre recuperação judicial: 
 
11 - (ESAF/DEFENSOR PÚBLICO/CE/2002/ADAPTADA) A recuperação 
judicial: 
a) não pode ser requerida por comerciante que deixou de se inscrever 
no registro de comércio ou autenticar os livros indispensáveis ao 
exercício legal do comércio. 
b) pode ser impetrada pelo comerciante de fato ou irregular. 
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c) não pode ser convolada em falência. 
d) não pode ser impetrada no curso do processo falimentar. 
 
A letra A é verdadeira porque, para requerer a recuperação judicial, o 
devedor deve, no momento do pedido, exercer regularmente suas 
atividades há mais de dois anos (art. 48 da LF). O exercício regular da 
empresa pressupõe não só o registro do empresário na Junta 
Comercial (art. 967 do CC/2002), mas também a autenticação dos 
livros empresariais (art. 1.181 do CC/2002). Em função disso, a letra B 
é incorreta. E a letra C? Está errada, já que é possível a convolação da 
recuperação judicial em falência, nas hipóteses do art. 73 da LF, 
apresentadas acima. Por fim, a letra D é falsa, pois é possível ao 
devedor pleitear a recuperação judicial, após ter sido requerida sua 
falência, dentro do prazo da contestação (art. 95). 
 
Gabarito: A 
 
4 – FALÊNCIA 
 
Muito bem! Vamos agora tratar especificamente do processo 
falimentar. A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas 
atividades, visa a preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos 
e recursos produtivos, inclusive os intangíveis, da empresa. O processo de 
falência deverá atender aos princípios da celeridade e da economia 
processual (art. 75). Eita palavreado bonito, hem? 
 
O juízo da falência é indivisível, sendo competente para conhecer 
todas as ações sobre bens, interesses e negócios do falido. É ainda 
universal, pois concorrem para ele todos os credores do devedor, 
ressalvadas, como vimos, as causas trabalhistas, fiscais e aquelas não 
reguladas na Lei de Falências em que o falido figurar como autor ou 
litisconsorte ativo (art. 76), além de outras já estudadas acima. 
Independentemente do juízo onde se processe as ações e execuções, todas 
elas deverão ter prosseguimento não mais com o devedor figurando como 
autor ou réu, mas com o administrador judicial assumindo a causa, que 
deverá ser intimado para representar a massa falida, sob pena de nulidade 
do processo (art. 76, par. único). 
 
A decretação da falência determina o vencimento antecipado das 
dívidas do devedor e dos sócios ilimitada e solidariamente responsáveis 
(estes também têm sua falência decretada – art. 81), com o abatimento 
proporcional dos juros, e converte todos os créditos em moeda estrangeira 
para a moeda do país, pelo câmbio do dia da decisão judicial, para todos 
os efeitos da Lei (art. 77). 
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Veja uma questão de prova sobre esse ponto: 
 
12 - (CESPE/TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR/ÁREA 
JURÍDICA/EMBRAPA/2005) Decretada a falência de determinado 
empresário, todos os créditos em moeda estrangeira decorrentes de 
suas obrigações serão convertidos em moeda do País, pelo câmbio do 
dia da decisão judicial. 
 
O item é correto, pois a decretação da falência converte todos os 
créditos em moeda estrangeira para a moeda do país, pelo câmbio do 
dia da decisão judicial. 
 
Gabarito: Certo 
 
O processo de falência em sentido amplo possui três fases: 
 
- a fase pré-falimentar, que se inicia com o pedido de falência e se 
encerra com a sentença declaratória de falência; 
- a fase falimentar propriamente dita, que tem início com a sentença 
declaratória de falência e alcança seu fim com a sentença de 
encerramento da falência, após a realização do ativo do 
empresário, o pagamento do seu passivo e a apresentação, pelo 
administrador judicial da falência, da prestação de contas e do 
relatório final ao juiz (veremos todos esses procedimentos em detalhes 
adiante); 
- a fase de reabilitação do devedor, que se encerra com a sentença 
que declarar extintas suas obrigações. 
 
Sujeitos Ativos da Falência 
 
Quem pode requerer a falência do empresário? São os chamados 
sujeitos ativos da falência (o empresário, por sua vez, é o sujeito 
passivo) O pedido pode ser requerido ao juiz pelas seguintes pessoas (art. 
97): 
 
– o próprio devedor (autofalência – arts. 105 a 107 – veremos isso à 
frente); 
– o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o 
inventariante; 
– o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato 
constitutivo da sociedade; 
– qualquer credor. 
 
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Agora, se o credor for empresário, ele deverá apresentar, para 
requerer a falência de outrem, certidão do Registro Público de Empresas que 
comprove a regularidade de suas atividades (art. 97, § 1.º). Só um 
detalhe: tal exigência não se aplica em caso de autofalência, pois mesmo a 
sociedade irregular ou de fato pode requerer a própria falência (art. 105, 
IV). 
 
Ressalte-se ainda que o STJ já se pronunciou (REsp 1.103.405/MG) no 
sentido de que não é admissível o requerimento de quebra por parte 
da Fazenda Pública, uma vez que, neste caso, existe uma ação específica 
pra cobrança dos créditos: a execução fiscal (Lei 6.830/1980). Fique 
atento(a)! 
 
Responsabilidade dos Sócios na Falência 
 
A decisão que decreta a falência da sociedade com sócios 
ilimitadamente responsáveis (ex.: sociedade em nome coletivo, sócios 
comanditados da sociedade em comandita simples) também acarreta a 
falência destes, que ficam sujeitos aos mesmos efeitos jurídicos 
produzidos em relação à sociedade falida e, por isso, deverão ser citados 
para apresentar contestação, se assim o desejarem (art. 81). A regra vale 
inclusive para o sócio que tenha se retirado voluntariamente ou tenha 
sido excluído da sociedade, há menos de dois anos, quanto às dívidas 
existentes na data do arquivamento da alteração do contrato, no caso de 
não terem sido solvidas até a data da decretação da falência (art. 81, § 1.º). 
 
Por outro lado, quanto aos sócios de responsabilidade limitada (ex.: 
sócios comanditários da sociedade em comandita simples, sociedade 
limitada, sociedade anônima), aos controladores e aos administradores da 
sociedade falida, a respectiva responsabilidade pessoal será apurada no 
próprio juízo da falência, independentemente da realização do ativo e da 
prova da sua insuficiência

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