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CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 05 www.pontodosconcursos.com.br 1 Olá, amigo(a) concurseiro(a)! Chegamos à Aula 05 de Direito Comercial para AFRFB e AFT 2013. Hoje trataremos do item 6 do edital: 6. Recuperação judicial e extrajudicial. Falência. Classificação creditória. Trata-se de matéria referente ao Direito Falimentar. Vamos lá! 1 – DIREITO FALIMENTAR Você sabe o que é Direito Falimentar? Muitos autores empregam essa expressão para designar o segmento do Direito Comercial que dispõe sobre as regras referentes à preservação a e reorganização da empresa em crise e à adequada condução do processo de falência do empresário, quando não for possível a sua recuperação. E o que é falência ? Bem, não se preocupe, pois veremos isso ao longo desta aula! Sabemos que o empresário (seja o individual ou a sociedade empresária), no desenvolvimento de suas atividades, está sujeito a vários problemas, que podem acarretar prejuízo à empresa, o qual, se persistente, acaba por gerar uma situação de insolvência patrimonial (ativo menor que o passivo – situação líquida negativa) ou mesmo de falta de liquidez (disponibilidades), que impeçam o empresário de honrar suas obrigações. Em alguns casos, é possível a reorganização da atividade empresarial, de modo a se restabelecer a saúde econômico-financeira da empresa. Em outros, a situação torna-se tão grave que o empresário não tem mais possibilidade de continuar existindo, havendo a necessidade de que seja decretada sua falência. E, é claro, não só as sociedades empresárias, mas também as sociedades simples e mesmo outros tipos de entidades podem se tornar insolventes, ficar em uma situação em que seus bens e direitos sejam insuficientes para saldar todas as suas obrigações. Esse estado patrimonial é denominado de insolvência econômica ou real, chamada também de insolvabilidade. Agora, veja só você: em alguns casos, esse estado pode ser presumido pela lei, em função de certas situações fáticas, ainda que não se prove efetivamente a inferioridade do ativo em relação ao passivo. Neste caso, teremos a insolvência jurídica ou presumida. Em outras palavras, a entidade pode até ter uma situação líquida positiva, mas, em função de determinados acontecimentos, não se verifica isso. Presume-se, de pronto, que ela é insolvente. Que coisa, não?! Atualmente, em uma relação jurídica patrimonial, a garantia dos credores é o patrimônio do devedor (na Antiguidade, não era assim, o CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 05 www.pontodosconcursos.com.br 2 sujeito podia ser escravizado e até morto. Ainda bem que isso mudou, né?), de modo que, se uma pessoa não honra suas obrigações, os credores podem acioná-la judicialmente, a fim de que seus bens sejam arrecadados, alienados (vendidos) e o respectivo produto da alienação seja entregue aos credores para quitação das dívidas, havendo, após isso, o retorno do eventual saldo remanescente ao devedor. Isso é feito por meio de um processo judicial de execução. Agora, veja só: a execução judicial pode se dar de maneira individual ou coletiva. É isso mesmo. A execução individual ocorre quando um único devedor apresenta seu título executivo em juízo e pede ao juiz que determine ao devedor que satisfaça seu crédito. Já a execução coletiva acontece quando se verifica que o devedor está insolvente, o que permite que o juiz, a pedido do credor interessado, declare oficialmente essa situação de insolvência e dê início à execução coletiva, com a consequente convocação dos demais credores porventura existentes, para habilitarem seus créditos no processo de execução. Entendeu a razão do nome coletiva? É porque vários credores passam a figurar no pólo ativo do processo. Saiba que a execução individual e a execução coletiva de entidades não empresárias são feitas segundo os procedimentos previstos no Código de Processo Civil (CPC). Já a execução coletiva do empresário e da sociedade empresária ocorre nos moldes estabelecidos na Lei 11.101/2005 (Lei de Falências – LF) (a partir de agora, quando nada for dito, o dispositivo legal citado nesta aula será referente a essa Lei, certo?). Então, agora, vamos responder à perguntinha lá do início (o que é falência?). A falência é o processo de execução coletiva do devedor empresário insolvente (embora essa insolvência possa ser meramente jurídica, e não econômica, como falamos acima e veremos novamente adiante). Na falência, ocorre o chamado concurso de credores, isto é, a reunião de todos os credores do empresário, para apresentarem seus respectivos créditos, a fim de se habilitarem ao recebimento dos valores que lhes são devidos, o que ocorre após a liquidação (venda) judicial do patrimônio do devedor falido. Mas, afinal, você sabe por que existe esse lance de execução coletiva? É que esse tipo de processo procura combater a injustiça de que um credor obtenha a realização integral de seu crédito, enquanto outro termine por nada receber (devido à insuficiência do patrimônio do devedor), apenas porque aquele ajuizou a ação de execução individual posteriormente a este. Percebeu? A decretação da falência confere as mesmas chances de satisfação do crédito a todos os credores de uma mesma classe (veremos CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 05 www.pontodosconcursos.com.br 3 que há várias classes de créditos na falência, que são ordenados segundo as regras da chamada classificação creditória). Essa paridade (igualdade) de condições entre os credores na falência materializa o chamado princípio da par conditio creditorum. Grave essa expressão, pois o examinador vai pedi-la na prova, OK? Ah, tem mais: além do processo de falência, a Lei 11.101/2005 prevê também o procedimento de recuperação (ou reorganização) do empresário, de forma a evitar sua falência. Trata-se, neste caso, de um plano de reorganização da empresa, com a adoção de várias medidas, como adiamento ou parcelamento do pagamento de dívidas, redução parcial do valor das obrigações, novação (substituição) de dívidas e outras medidas pertinentes, com o intuito de permitir que o empresário se recupere da crise econômica por que vem passando. Assim, ele consegue (ou pelo menos tenta!) evitar a falência! A recuperação da empresa pode ser judicial ou extrajudicial. No primeiro caso, o empresário solicita em juízo (no Poder Judiciário, daí o nome) que a recuperação lhe seja deferida, apresentando as razões que o levaram à sua atual condição econômica e propondo um plano de recuperação da empresa que o retire dessa situação, o qual será executado sob a supervisão do juiz. Na segunda hipótese, o devedor propõe e negocia com seus credores um plano de recuperação extrajudicial, e solicita ao juiz apenas a homologação do acordo celebrado pelos envolvidos. Pessoas Sujeitas à Falência e à Recuperação de Empresas A Lei de Falências estabelece, no seu art. 1.º, que disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, de agora em diante referidos simplesmente como devedor. Desse modo, a Lei se aplica àqueles que exercem atividade de empresa (obs.: a partir de agora, quando eu me referir à sociedade empresária ou ao empresário individual, utilizarei tanto a palavra empresário como a palavra devedor, OK?). Agora, venha cá: você sabia que, embora a falência e a recuperação de empresas sejam aplicáveis apenas ao empresário,nem todas as pessoas que exercem empresa estão sujeitas à Lei de Falências? Pois é! Segundo a própria Lei (art. 2.º), ela não se aplica a: - empresas públicas e sociedades de economia mista; - instituições financeiras públicas ou privadas; - cooperativas de crédito (na verdade, quaisquer cooperativas, por serem sociedades simples); CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 05 www.pontodosconcursos.com.br 4 - consórcios de sociedades; - entidades de previdência complementar; - operadoras de plano de saúde; - sociedades seguradoras; - sociedade de capitalização; - outras entidades legalmente equiparadas às anteriores; e E sabe por que isso? É que essas entidades possuem regras próprias de liquidação estabelecidas em lei. As instituições financeiras, por exemplo, estão sujeitas a liquidação extrajudicial, a ser decretada pelo Banco Central, nos termos da Lei 6.024/1974; as cooperativas de crédito seguem as normas da Lei 5.764/1971 e da Lei Complementar 130/2009; os consórcios são previstos na Lei 6.404/1976; as entidades de previdência complementar são liquidadas extrajudicialmente, nos termos da Lei Complementar 109/2001; o mesmo vale para as operadoras de plano de saúde, conforme a Lei 9.656/1998; as sociedades seguradoras e as sociedades de capitalização, por sua vez, têm sua liquidação extrajudicial decretada com base no Decreto-Lei 73/1966 (as segundas por força do disposto no art. 4.º do Decreto-Lei 261/1967). Tá vendo só? É cada uma com suas regras, tipo, cada uma no seu quadrado!...rs Muito bem! Vejamos agora algumas questões de prova sobre o assunto: 1 - (CESPE/ADVOGADO/HEMOBRAS/2008) As empresas públicas estão sujeitas ao regime de falências. Gabarito: Errado 2 - (CESPE/ADVOGADO/HEMOBRAS/2008) Em caso de iminente estado de insolvência da HEMOBRAS [empresa pública vinculada ao Ministério da Saúde], não obstante o princípio da preservação da empresa, a União Federal não poderá ajuizar pedido de recuperação judicial, nos termos da nova lei de falências e de recuperação de empresas. Gabarito: Certo O primeiro item é errado e o segundo é correto porque as empresas públicas não se sujeitam às regras da Lei de Falências. A Lei define ainda o juízo competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou decretar a falência do empresário. É o juízo do local do principal estabelecimento do CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 05 www.pontodosconcursos.com.br 5 devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil (art. 3.º). E qual é o principal estabelecimento? Muito simples: é aquele onde está concentrado o maior volume das operações empresariais. Ou seja, é o principal do ponto de vista econômico, e não jurídico. Portanto, não se deve considerar como principal estabelecimento o local da sede da empresa. No caso da sociedade estrangeira, deve-se buscar a filial economicamente mais importante. Uma recente da ESAF: 3 - (ESAF/AFRFB/2012) Assinale a opção em que todas as categorias mencionadas sujeitam-se à falência. a) Sociedade anônima, empresário, sociedade limitada registrada no Registro Civil de Pessoas Jurídicas. b) Sociedade cooperativa e sociedade limitada registrada na junta comercial. c) Sociedade limitada registrada na junta comercial, empresário e sociedade simples. d) Sociedade anônima, sociedade limitada registrada na junta comercial e empresário que exerce atividade rural e está registrado na junta comercial. e) Companhia e sociedade cooperativa de trabalho. Para chegarmos à resposta da questão é preciso conhecimento do primeiro artigo da Lei 11.101 de 2005 (Lei de Falências). Art. 1o Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como devedor. Por essa leitura concluímos que as Sociedades Simples não estão sujeitas à falência. A lei se aplica às Sociedades Empresárias e aos Empresários Individuais. Letra a) INCORRETA – Sociedade Anônima sempre é empresária e por isso pode falir. O empresário também pode. A sociedade limitada pode ser empresária ou simples, porém no caso em tela, como ela foi registrada no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, que é o registro onde as sociedades simples devem se registrar, essa sociedade limitada é simples e não pode falir. Letra b) INCORRETA – Sociedade cooperativa é sempre simples e por isso não pode falir. Sociedade Limitada registrada na junta comercial é empresária e pode falir. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 05 www.pontodosconcursos.com.br 6 Letra c) INCORRETA – Sociedade Limitada registrada na junta comercial pode falir. Empresário pode falir. Sociedade Simples não pode falir. Letra d) CORRETA - Sociedade Anônima sempre é empresária e por isso pode falir. Sociedade Limitada registrada na junta comercial é empresária e pode falir. O Empresário Rural como regra não é obrigado a se registrar na junta comercial, porém quando ele se registra fica equiparado ao empresário para todos os efeitos e por isso no caso da alternativa o empresário rural pode falir. Letra e) INCORRETA – Companhia é a outra maneira de chamar a Sociedade Anônima e por ser sempre empresária pode falir. Cooperativa de trabalho é uma sociedade simples e não pode falir. Gabarito: Letra D 2 – DISPOSIÇÕES COMUNS À RECUPERAÇÃO JUDICIAL E À FALÊNCIA Inicialmente, saiba que nem todas as obrigações do devedor podem ser exigidas na falência e na recuperação judicial. Os credores não podem exigir do devedor, na recuperação judicial ou na falência (art. 5.º): – as obrigações a título gratuito (ex.: doação feita pelo devedor, cujo objeto ainda não tenha sido entregue ao donatário); – as despesas que os credores fizerem para tomar parte na recuperação judicial ou na falência (ex.: passagem e hotel de advogado ou do próprio credor), salvo as custas judiciais decorrentes de litígio com o devedor. Suspensão das Ações e Execuções em Face do Devedor A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso de todas as ações e execuções em face do devedor (se já estiverem em andamento) ou o curso de sua prescrição (se ainda não tiverem sido ajuizadas), inclusive aquelas dos credores particulares dos sócios solidários com a sociedade (art. 6.º). Veja você que fica tudo à disposição do juízo da falência! Você lembra o que é prescrição? Vamos relembrar? A prescrição é o fenômeno que extingue o direito do interessado de exigir a reparação de um direito seu que tenha sido violado por alguém (direito de pretensão) (art. 189 do CC/2002), acarretando, em consequência, a perda do direito de ação, isto é, do direito de ajuizar um processo judicial para reparação do direito violado. Decorrido o prazo prescricional previsto em lei, a pessoa não CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 05 www.pontodosconcursos.com.br 7 pode mais demandar judicialmente o responsável pela reparação do seu direito. Só que a decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende esse prazo. Assim, o interessado não pode ajuizar sua ação individual contra o falido, mas, em compensação, o prazo de prescriçãodessa ação fica paralisado, percebeu? Mas, na prática, ele vai ter mesmo é que se habilitar nos autos da falência, onde – espera-se – tudo será resolvido! Para assegurar essa suspensão dos demais processos, eventuais ações individuais que venham a ser propostas contra o devedor devem ser comunicadas ao juízo (vara) da falência ou da recuperação judicial, pelo juiz competente, quando este receber a petição inicial, ou mesmo pelo próprio devedor, quando ele receber a citação (art. 6.º § 6.º). Agora, veja só: uma vez suspensos os processos, as questões neles debatidas são atraídas para o juízo da falência ou da recuperação judicial. Como foi dito, tudo se resolverá (tomara!) no juízo da falência ou da recuperação. Todavia, essa suspensão comportar algumas exceções (tinha que ter, né? O examinador adora cobrar exceções na prova!). Por exemplo, a ação que demandar quantia ilíquida, isto é, aquela cujo valor ainda não esteja plenamente determinado (não seja líquido), terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando (art. 6.º § 1.º). Só depois de liquidada a quantia é que o crédito será então encaminhado ao juízo da falência (ah! Então não era tão exceção assim!), para classificação junto aos dos demais credores, conforme sua natureza (a classificação creditória será vista adiante). Por exemplo, se alguém processa o empresário falido em razão de uma batida de automóvel, cujo valor de indenização ainda será apurado no processo, a ação terá seguimento no juízo original até a determinação desse valor. Só então o credor ingressará nos autos da falência, para recebimento da indenização, de acordo com a ordem de preferência dos demais credores nos autos da falência. Também as ações de natureza trabalhista serão processadas perante a justiça especializada (Justiça do Trabalho) até a apuração do respectivo crédito, que será então inscrito no quadro geral de credores pelo valor determinado (liquidado) na sentença trabalhista (art. 6.º § 2.º). Agora, olha só que interessante: tanto no caso de quantia ilíquida como no de crédito trabalhista, o juiz no qual se processa o litígio poderá determinar a reserva da importância que estimar devida, com o que o juízo da recuperação ou da falência deverá conservar montante suficiente para pagamento desses créditos, quando eles vierem, afinal, para o âmbito do processo de recuperação ou falimentar. Com isso, o credor da quantia CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 05 www.pontodosconcursos.com.br 8 ilíquida fica mais garantido, não é mesmo? Depois disso, uma vez reconhecido líquido o direito, será o crédito incluído na classe própria entre os demais credores do empresário (art. 6.º § 3.º). Mas e se esses créditos não vierem a ser reconhecidos nos respectivos juízos de origem? Ah! Neste caso, os valores anteriormente reservados pelo juízo da falência serão objeto de rateio suplementar entre os credores remanescentes (art. 149, § 1.º). Saiba também que esse prazo de suspensão não pode durar infinitamente. No caso de recuperação judicial, a suspensão não ultrapassará 180 dias (período de blindagem), contados do deferimento do processamento da recuperação. Após esse prazo, o direito dos credores de iniciar ou continuar suas ações e execuções individuais será restabelecido, independentemente de pronunciamento judicial (art. 6.º § 4.º). Já na falência, o prazo prescricional relativo às obrigações do falido só recomeça a correr a partir do dia em que transitar em julgado a sentença do encerramento da falência (art. 157). Outra exceção à suspensão são as execuções de natureza fiscal. Estas, em regra, não são suspensas pelo deferimento da recuperação judicial. Aqui prevalece o interesse público do recebimento dos valores tributários. A exceção fica por conta da concessão de parcelamento nos termos do Código Tributário Nacional (CTN) e da legislação ordinária específica (art. 6.º § 7.º) (o parcelamento do crédito tributário é estudado no Direito Tributário, lembra?). Em relação a esse tema, o art. 187 do CTN dispõe que a cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a concurso de credores ou habilitação em falência ou recuperação judicial (muita calma nesta hora: habilitação é o procedimento de verificação da validade e exatidão do valor do crédito, nos autos da falência ou da recuperação judicial – veremos isso à frente). O mesmo ocorre com outros créditos inscritos em Dívida Ativa da Fazenda Pública (art. 29 da Lei 6.830/1980 – Lei de Execução Fiscal). Em função desses dispositivos, o professor Fábio Ulhoa Coelho entende que a execução fiscal em face do devedor deve prosseguir mesmo no caso de decretação de falência (e não só no caso de deferimento de recuperação judicial, como expressa o art. 6.º § 7.º, da LF). Aliás, meu amigo e minha amiga, esse entendimento já foi declarado também pelo STJ: CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA - PROCESSUAL CIVIL - EXECUÇÃO FISCAL - COMPETÊNCIA TERRITORIAL SOMENTE EXCETUADA POR PROVOCAÇÃO DO INTERESSADO - FALÊNCIA - JUÍZO FALIMENTAR - CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 05 www.pontodosconcursos.com.br 9 NÃO-SUJEIÇÃO DA COBRANÇA DE DÉBITOS FISCAIS À HABILITAÇÃO DO CRÉDITO NO JUÍZO FALIMENTAR - ART. 29 DA LEI N. 6.830/90 - COMPETÊNCIA INALTERADA DO FORO ONDE PROPOSTA A EXECUÇÃO FISCAL. 1. “A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício”. Verbete 33 da Súmula/STJ. 2. Conforme estabelece o art. 29 da Lei de Execuções Fiscais (Lei n. 6.830/80), que segue a determinação do art. 187 do Código Tributário Nacional, a cobrança judicial da dívida da Fazenda Pública não se sujeita à habilitação em falência, submetendo-se apenas à classificação dos créditos. 3. Assim, pode a execução fiscal ajuizada em face da Massa Falida ser processada normalmente no foro onde foi proposta, mesmo que o Juízo Falimentar seja em outra Circunscrição. Conflito conhecido, para declarar a competência do Juízo Federal da 12ª Vara da Seção Judiciária de São Paulo, o suscitado. (CC 63.919/PE, Primeira Seção, Relator Ministro Humberto Martins, DJ 12/02/2007) (grifamos) Lembre-se sempre de que, em prova de concurso, a jurisprudência vale mais do que a doutrina. Só não vale mais que a própria lei, não é mesmo? E olhe lá!...rs Ainda segundo o STJ (REsp 1.103.405/MG), o art. 187 do CTN e o art. 29 da Lei de Execução Fiscal não representam óbice à habilitação de créditos tributários no concurso de credores da falência. Trata-se, na verdade, de uma prerrogativa da entidade pública em poder optar entre o pagamento do crédito pelo rito da execução fiscal (Lei 6.830/1980) ou mediante habilitação do crédito tributário. Segundo a Corte, escolhendo a Fazenda Pública um rito, ocorre a renúncia da utilização do outro, não se admitindo uma garantia dúplice. De qualquer forma, o produto da arrematação realizada na execução fiscal deve ser colocado à disposição do juízo falimentar, para pagamento conforme a ordem de preferência legal dos créditos devidos pelo devedor (trabalhistas, com garantia real, fiscais, quirografários, etc. – veremos as regras de classificação dos créditos adiante). Em outras palavras, embora o crédito fiscal não se submeta a habilitação, submete-se à classificação dos créditos, para efeito de pagamento aos credores. Esse processo de falência tem força mesmo, hem? Outra exceção à suspensão das ações e execuções são as causas não reguladas pela Lei de Falências em que o falido figure como autor ou litisconsorte ativo (art. 76). Exemplo: o empresário é autor de uma ação deindenização contra terceiro que bateu em seu carro. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 05 www.pontodosconcursos.com.br 10 Também não são atraídas para o juízo falimentar as ações de conhecimento que envolvam a União, autarquia federal ou empresa pública federal, por força do art. 109, I, da Constituição Federal. Aí vale a competência absoluta do juízo previsto nesse dispositivo da Lei Magna, em detrimento do juízo estadual da falência. Outra coisa (minha nossa, quanta exceção!): também não se suspende a execução individual cuja hasta pública para alienação dos bens do devedor já tenha sido designada, no momento da decretação da falência, por uma questão de economia processual. Neste caso, o valor apurado com a venda deve ser destinado ao juízo da falência, para inclusão no quadro geral de credores. Por outro lado, se a hasta pública já tiver sido realizada, o valor apurado será destinado ao exequente e o eventual saldo restante destinado ao juízo da falência. Por fim, ressalte-se que a distribuição do pedido de falência ou de recuperação judicial previne a jurisdição (meu Deus! O que é isso?!). Em outras palavras: ela torna obrigatória a distribuição de futuro processo para o mesmo juízo (denominado juízo prevento), no caso de qualquer outro pedido de recuperação judicial ou de falência, relativo ao mesmo devedor (art. 6.º § 8.º). Veja algumas questões sobre a suspensão de ações e execuções em face do devedor falido ou em recuperação judicial: 4 - (FCC/ANALISTA DE REGULAÇÃO – ÁREA DIREITO/ANS/2007) O deferimento do processamento da recuperação judicial suspenderá, por até 180 dias, o curso das a) execuções fiscais movidas contra o devedor, ressalvada a concessão de parcelamento na forma da lei. b) ações de natureza cível contra o devedor nas quais se demandar quantia ilíquida. c) ações de natureza trabalhista nas quais ainda não tenha sido apurado o crédito do reclamante. d) ações e execuções dos credores particulares do sócio solidário em face do devedor. e) ações de qualquer natureza movidas pelo devedor, nas quais figurar como credor. Vamos lá! Vapt-vupt! A letra A é errada porque o curso das execuções fiscais movidas contra o devedor não é suspenso, ressalvada a concessão de parcelamento nos termos do CTN e da legislação ordinária específica. A letra B é falsa, já que ações em face do devedor CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 05 www.pontodosconcursos.com.br 11 nas quais se demandam quantias ilíquidas também não são suspensas. A letra C é incorreta, pois ações de natureza trabalhista nas quais ainda não tenha sido apurado o crédito do reclamante continuam a tramitar na Justiça do Trabalho até a apuração da quantia. A letra D é o gabarito, uma vez que a decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário (art. 6.º da LF). Finalmente, a letra E é errada porque, no caso de ações movidas pelo devedor, nas quais ele figure como credor, não são suspensas aquelas não reguladas na Lei de Falências (art. 76). Gabarito: D 5 - (CESPE/TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR/ÁREA JURÍDICA/EMBRAPA/2005) Considere que determinada sociedade limitada, passando por grave crise econômico-financeira, requeira ao juízo competente sua recuperação judicial e, verificados os requisitos legais, seja deferido o pedido. Assim, em razão do deferimento da recuperação judicial, todas as ações executivas contra a sociedade serão suspensas, inclusive as de natureza fiscal. O item é errado porque o deferimento da recuperação judicial não suspende as ações de execução fiscal, nem as execuções individuais cuja hasta pública já tenha sido designada. Gabarito: Errado Administrador Judicial A Lei prevê também a figura do administrador judicial. Ele é o auxiliar do juiz nos processos de falência e recuperação judicial. Deverá ser profissional idôneo, preferencialmente (e não necessariamente) advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada (art. 21). Ué, tem empresa especializada em ser administradora judicial? Tem, amigo, e como tem! Agora, se o administrador for pessoa jurídica, deverá ser indicado o nome de profissional responsável pela condução do processo de falência ou de recuperação judicial, que não poderá ser substituído sem autorização do juiz (art. 21, par. único). Os deveres do administrador judicial na falência e na recuperação judicial encontram-se no art. 22 da Lei de Falências. Na recuperação judicial, ele apenas fiscaliza as atividades do devedor (o qual CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 05 www.pontodosconcursos.com.br 12 permanece na administração de seus bens) e o cumprimento do plano de recuperação judicial (art. 22, II, a). Já na falência, ele efetivamente administra a empresa, se houver continuação provisória da atividade (art. 99, XI), uma vez que o devedor perde o direito de administrar os seus bens ou deles dispor (art. 103). E se, no exercício de suas funções, o administrador judicial não se sentir capaz de desempenhar alguma tarefa? Aí ele poderá contratar auxiliares, para ajudá-lo em suas atribuições (art. 22, I, h). Melhor, não é? O administrador judicial deixa suas funções por substituição ou por destituição. No primeiro caso, o administrador deixa a função por não se enquadrar nas exigências da Lei, sem caráter punitivo. Por exemplo, não pode ser administrador judicial quem tiver relação de parentesco ou afinidade até o 3.º grau com o devedor, seus administradores, controladores ou representantes legais ou deles for amigo, inimigo ou dependente (art. 30, § 1.º). Neste caso, o devedor, qualquer credor ou o Ministério Público poderá requerer ao juiz a substituição do administrador judicial (art. 30, § 2.º). Mesmo assim, o administrador judicial substituído será remunerado proporcionalmente ao trabalho realizado (art. 24, § 3.º). Não seria mesmo justo ele nada receber pelo que realizou até então, certo? Agora, pode haver também a renúncia do administrador judicial, caso em que ele também será substituído. Afinal, ninguém é obrigado a aceitar a função, podendo ainda renunciar a ela posteriormente. Só que, neste caso, só haverá remuneração pelo trabalho realizado se a renúncia for fundamentada em relevante razão (art. 24, § 3.º). Tá vendo só? Não é só dizer, sem mais, nem menos, não quero mais! Tem que justificar. Pense duas vezes antes de aceitar essa atribuição um dia, viu? Já a destituição é uma medida sancionadora aplicada ao administrador que não cumpre a contento seus deveres, o que pode ocorrer por desobediência aos preceitos legais, descumprimento de deveres, omissão, negligência ou prática de ato lesivo às atividades do devedor ou a terceiros (art. 31). Neste caso, além de outras eventuais implicações civis e penais, o destituído não poderá exercer novamente as funções de administrador judicial por cinco anos (art. 30). Além disso, o administrador judicial destituído não terá direito à remuneração pelo trabalho desempenhado (art. 24, § 3.º). Veja agora uma questão da Esaf envolvendo as funções do administrador judicial: CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 05www.pontodosconcursos.com.br 13 6 - (ESAF/DEFENSOR PÚBLICO/CE/2002/ADAPTADA) Quanto aos efeitos da falência e da recuperação judicial, assinale a alternativa verdadeira: a) o administrador judicial da falência e o da recuperação judicial têm as mesmas atribuições; b) na recuperação judicial, ao contrário do que acontece na falência, o devedor não fica privado da administração da empresa; c) continuando na administração dos seus bens, o devedor em recuperação judicial pode alienar bens imóveis sem autorização judicial; d) o administrador judicial da falência fiscaliza a administração da massa falida e o administrador judicial da recuperação judicial administra a empresa em recuperação. A letra A é falsa, pois, na recuperação judicial, o administrador judicial fiscaliza as atividades do devedor (o qual continua na administração da empresa) e o cumprimento do plano de recuperação judicial (art. 22, II, a), enquanto, na falência, ele efetivamente administra a empresa, se houver continuação provisória da atividade (art. 99, XI), uma vez que o devedor perde o direito de administrar os seus bens ou deles dispor (art. 103). Em função disso, a letra B é o gabarito. A letra C é errada porque, como veremos à frente, após a distribuição do pedido de recuperação judicial, o devedor não poderá alienar ou onerar bens ou direitos de seu ativo permanente, salvo evidente utilidade reconhecida pelo juiz, depois de ouvido o comitê de credores, com exceção dos bens e direitos previamente relacionados no plano de recuperação judicial (art. 66). Por fim, a letra D é incorreta, pois o que ocorre é justamente o contrário do que consta nesta alternativa, conforme comentários acima à letra A. Gabarito: B Assembleia Geral de Credores A assembleia geral de credores é um órgão colegiado (ou seja, formado por várias pessoas) de deliberação, na falência e na recuperação judicial, com atribuições de deliberar sobre qualquer matéria que possa afetar os interesses dos credores, inclusive sobre a constituição do comitê de credores (que será visto a seguir). Suas atribuições são elencadas no art. 35 da LF. A assembleia será composta pelas seguintes classes de credores (art. 41): CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 05 www.pontodosconcursos.com.br 14 – titulares de créditos derivados da legislação do trabalho (independentemente do valor do crédito) e de créditos decorrentes de acidentes de trabalho; – titulares de créditos com garantia real (até o limite do valor do bem gravado, isto é, do bem dado em penhor, hipoteca ou anticrese); – titulares de créditos quirografários, créditos com privilégio especial, créditos com privilégio geral e créditos subordinados, bem como os titulares de créditos com garantia real, quanto ao montante que exceder valor do bem gravado. � OBS.: fique frio(a)! Essas diversas espécies de créditos serão estudadas adiante, por ocasião do estudo da classificação creditória. Ressalte-se que, no caso concreto, podem não existir determinados tipos de crédito. Por exemplo, pode haver apenas créditos trabalhistas e quirografários, situação em que a assembleia terá apenas duas classes. Ou então apenas créditos quirografários, quando haverá só uma classe. Tudo vai depender do caso concreto, OK? A regra é que o voto de cada credor seja proporcional ao valor de seu crédito (art. 38). Como regra, considera-se aprovada a proposta que obtenha votos favoráveis de credores que representem mais da metade do valor total dos créditos presentes à assembleia geral (art. 42). Excetuam- se, porém, as deliberações sobre (art. 42, 2.ª parte): plano de recuperação judicial (regras a seguir); composição do comitê de credores (será constituído por deliberação de qualquer das classes de credores na assembleia geral – art. 26); e forma alternativa de realização do ativo do devedor falido (art. 145), cuja aprovação depende do voto favorável de credores que representem dois terços dos créditos presentes à assembleia (art. 46). Fique atento(a), pois algumas regras especiais devem ser observadas nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial, conforme abaixo: - todas as classes de credores da assembleia deverão aprovar a proposta (art. 45); - nas duas últimas classes citadas acima (classe 2: créditos com garantia real; e classe 3: créditos quirografários, com privilégio especial, com privilégio geral e créditos subordinados), a proposta deverá ser aprovada por mais da metade dos créditos presentes à assembleia e, cumulativamente, pela maioria simples dos credores presentes (art. 45, § 1.º); - na classe dos créditos trabalhistas e de acidentes de trabalho (classe 1), a proposta deverá ser aprovada pela maioria simples dos credores CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 05 www.pontodosconcursos.com.br 15 presentes, independentemente do valor de seu crédito (art. 45, § 2.º); - o credor não terá direito a voto e não será considerado para fins de verificação de quórum de deliberação se o plano de recuperação judicial não alterar o valor ou as condições originais de pagamento de seu crédito (art. 45, § 3.º). Comitê de Credores O comitê de credores (você vai ouvir falar muito dele nesta aula!) é órgão de existência facultativa na recuperação judicial e na falência. Possui as atribuições, entre outras, de fiscalizar as atividades e examinar as contas do administrador judicial e de zelar pelo bom andamento do processo e pelo cumprimento da lei (art. 27, I, “a” e “b”). Outras atribuições do comitê podem ser vista no art. 27 da LF (é pra ir lá olhar, viu?!). O comitê será constituído por deliberação de qualquer das classes de credores na assembleia geral e terá a seguinte composição (art. 26): – um representante indicado pela classe de credores trabalhistas, com dois suplentes; – um representante indicado pela classe de credores com direitos reais de garantia ou com privilégios especiais, com dois suplentes; – um representante indicado pela classe de credores quirografários ou com privilégios gerais, com dois suplentes. Na escolha dos representantes de cada classe no comitê de credores, somente os respectivos membros poderão votar (art. 44). Além disso, a falta de indicação de representante por quaisquer das classes não prejudicará a constituição do comitê, que poderá funcionar com número inferior ao previsto acima (art. 26, § 1.º). Agora, veja só: caso não seja possível a obtenção de maioria em deliberação do comitê, o impasse será resolvido pelo administrador judicial ou, na incompatibilidade deste, pelo juiz (art. 27, § 2.º). Do mesmo modo, se não for constituído o comitê de credores, caberá ao administrador judicial ou, na incompatibilidade deste, ao juiz, exercer suas atribuições (art. 28). A incompatibilidade citada pode ocorrer, por exemplo, na atribuição do comitê de examinar as contas do administrador. Obviamente não há sentido em o administrador examinar as próprias contas. Neste caso, o juiz mesmo exercerá a atribuição, pescou? CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 05 www.pontodosconcursos.com.br 16 Assim como ocorre com a função de administrador judicial, não pode integrar o comitê de credores quem, nos últimos cinco anos, no exercício do cargo de administrador judicial ou de membro de comitê em falência ou recuperação judicial anterior, foi destituído, deixoude prestar contas dentro dos prazos legais ou teve a prestação de contas desaprovada (art. 30). O mesmo vale para quem tiver relação de parentesco ou afinidade até o 3.º grau com o devedor, seus administradores, controladores ou representantes legais ou deles for amigo, inimigo ou dependente (art. 30, § 1.º). O administrador judicial e os membros do comitê responderão pelos prejuízos causados à massa falida, ao devedor ou aos credores por dolo ou culpa. Se algum integrante discordar da decisão da maioria, será considerado dissidente (discordante). Neste caso, ele deve ficar atento, pois, para que se exima da responsabilidade por alguma decisão mal tomada pela maioria do comitê, o dissidente deverá consignar sua discordância na ata da reunião (art. 32). Habilitação dos Créditos A habilitação dos créditos é o procedimento de apresentação, pelos diversos credores do empresário, dos seus respectivos créditos no processo judicial, bem como o de verificação, pelo administrador judicial, da validade e da exatidão dos valores apresentados. A habilitação de um crédito permite que o administrador e os demais credores tomem conhecimento dele e que o respectivo valor seja incluído na classificação dos créditos, após a verificação de sua legitimidade pelo administrador. A verificação dos créditos será inicialmente realizada pelo administrador judicial, com base nos livros contábeis e documentos comerciais e fiscais do devedor e nos documentos que lhe forem apresentados pelos credores (art. 7.º). Feito isso, será publicado um edital contendo a primeira relação de credores. Estes terão quinze dias para apresentar ao administrador judicial suas habilitações ou suas divergências quanto aos créditos relacionados (art. 7.º, § 1.º). Com base nas informações obtidas, o administrador fará publicar, em 45 dias, contados do término do prazo anterior, novo edital contendo a segunda relação de credores (art. 7.º, § 2.º). Após isso, o comitê de credores, qualquer credor, o devedor, seus sócios ou o Ministério Público terão dez dias, contados da publicação, para apresentar ao juiz impugnação contra a relação de credores, apresentando suas razões (art. 8.º). Depois de decididas as eventuais impugnações, ou não havendo oposição de nenhum interessado, o juiz homologará, como quadro geral CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 05 www.pontodosconcursos.com.br 17 de credores, a segunda relação de credores, com as eventuais alterações decorrentes das impugnações porventura apresentadas (art. 18). E se algum credor só conseguir se habilitar após o prazo inicial de quinze dias? Pode isso? Pode, mas, neste caso, as habilitações recebidas após o prazo serão consideradas retardatárias (art. 10). Ué, e qual a consequência disso? É o seguinte: na recuperação judicial, os titulares de créditos retardatários não terão direito a voto nas deliberações da assembleia geral de credores, salvo os créditos trabalhistas (art. 10, § 1.º). E, na falência, essa regra também é aplicável, exceto se o crédito, apesar do atraso, tiver sido incluído no quadro geral de credores homologado pelo juiz (art. 10, § 2.º). Na falência, os créditos retardatários perderão o direito a rateios (distribuição de valores) eventualmente realizados entre os credores. Todavia, o credor pode requerer que seja feita a reserva de valor para satisfação de seu crédito, enquanto se discute a inclusão do seu valor no quadro geral (art. 10, §§ 4.º e 6.º). Os créditos retardatários ficarão sujeitos também ao pagamento de custas, não se computando, todavia, as despesas acessórias compreendidas entre o término do prazo de 15 dias e a data do pedido de habilitação do crédito retardatário (art. 10, § 3.º). Por fim, caso o devedor esteja em recuperação judicial e haja a convolação (conversão) desta em falência (por exemplo, por descumprimento das medidas do plano de recuperação pelo devedor), os créditos remanescentes que já tenham sido definitivamente incluídos no quadro geral de credores da recuperação serão considerados habilitados na falência, sem prejuízo do prosseguimento de outras habilitações que eventualmente estejam em curso (art. 80). Quanta coisa pra entender, não? Se for preciso, releia as regras acima. 3 – RECUPERAÇÃO JUDICIAL Muito bem! Vamos falar agora especificamente da recuperação judicial. O objetivo dela é viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica (art. 47). Em outras palavras, serve pra tentar salvar a empresa da falência! Legitimados a Requerer a Recuperação Judicial CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 05 www.pontodosconcursos.com.br 18 Pode requerer recuperação judicial o devedor (isso mesmo! É o empresário que está no sufoco que requer a própria recuperação!) que, no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de dois anos (portanto não pode ser empresário irregular) e que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente (art. 48): – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes; – não ter, há menos de cinco anos, obtido concessão de recuperação judicial; – não ter, há menos de oito anos, obtido concessão de recuperação judicial para microempresas e empresas de pequeno porte (arts. 70 a 72); – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por crime falimentar. Agora, veja: caso o devedor seja falecido, a recuperação judicial também poderá ser requerida pelo cônjuge sobrevivente, pelos herdeiros do devedor, pelo inventariante ou pelo sócio remanescente (art. 48, par. único). Mas não é tão simples assim: a concessão de recuperação judicial depende da apresentação de prova de quitação de todos os tributos ou da suspensão da exigibilidade dos créditos tributários, por meio de certidão negativa ou certidão positiva com efeito de negativa (art. 191-A do CTN). Lembra da certidão positiva com efeitos da negativa? Exemplo: certidão que afirma que o contribuinte deve (certidão positiva), mas que ele já pediu o parcelamento, ou, então, que a exigibilidade do tributo está suspensa por algum recurso por ele interposto, significando, em qualquer desses casos, que o contribuinte não está em atraso (efeito de certidão negativa). Nesse sentido, a LF estabelece que, após a juntada aos autos do plano de recuperação judicial aprovado pela assembleia geral de credores, o devedor deverá apresentar certidões negativas de débitos tributários (art. 57). Para viabilizar a recuperação, a Fazenda Pública poderá deferir o parcelamento de seus créditos, de acordo com as normas do CTN (art. 68). Faz sentido, não faz? Provavelmente, o devedor que solicita a recuperação terá dívidas tributárias, já que normalmente as primeiras obrigações que o empresário em crise deixa de pagar são justamente os tributos. Pedido de Recuperação CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 05 www.pontodosconcursos.com.br 19 A petição inicial do pedido de recuperação judicial deverá conter a exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das razões da crise econômico-financeira(art. 51, I), bem como com as demonstrações contábeis relativas aos três últimos exercícios sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido (art. 51, II) e a relação nominal completa dos credores do empresário (art. 51, III). Outros requisitos podem ser vistos no art. 51 da Lei. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá o processamento da recuperação judicial (atenção: não é ainda o deferimento da recuperação em si, é apenas a admissão do pedido) e, no mesmo ato, nomeará o administrador judicial (art. 52). Após a distribuição do pedido de recuperação judicial, o devedor não poderá alienar ou onerar bens ou direitos de seu ativo permanente, salvo evidente utilidade reconhecida pelo juiz, depois de ouvido o comitê de credores, com exceção dos bens e direitos previamente relacionados no plano de recuperação judicial (art. 66). O devedor não poderá desistir do pedido de recuperação judicial após o deferimento de seu processamento, salvo se obtiver aprovação da desistência na assembleia geral de credores (art. 52, § 4.º). Plano de Recuperação Judicial Muito bem! A partir da publicação da decisão que deferir o processamento da recuperação judicial, o devedor terá 60 dias para apresentar em juízo o plano de recuperação. E se ele não apresentar? Ah, meu amigo, minha amiga! Aí ele terá sua decretada sua falência (art. 53). Que coisa, hem? Pois é! Parece até aquele velho ditado chinês: “Cuidado com o que pede, pois pode conseguir.” Voltando ao que interessa, veja agora esta questão sobre o assunto: 7 - (CESPE/TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR/ÁREA JURÍDICA/EMBRAPA/2005) Deverá ser decretada a falência de sociedade empresária que apresente seu plano de recuperação em prazo superior a sessenta dias após a publicação da decisão que tenha deferido o processamento da recuperação judicial. O item é correto, pois o prazo para o devedor apresentar em juízo seu plano de recuperação judicial é de 60 dias, contados da publicação da decisão que deferir o processamento da recuperação, sob pena de decretação de falência. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 05 www.pontodosconcursos.com.br 20 Gabarito: Certo E o que a proposta de plano de recuperação judicial deverá conter? A Lei nos diz (art. 53): – discriminação pormenorizada dos meios de recuperação a serem empregados e seu resumo. Entre esses meios, destacam-se (art. 50): concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações; redução salarial, compensação de horários e redução da jornada de trabalho, mediante acordo ou convenção coletiva; dação em pagamento ou novação de dívidas; constituição de sociedade de credores; venda parcial de bens; usufruto da empresa; emissão de valores mobiliários; etc. Opções não faltam, não é? E note que a relação desse art. 50 da LF é apenas exemplificativa, podendo o plano adotar outras medidas que se mostrem adequadas à recuperação do devedor, além das previstas na Lei; – demonstração de sua viabilidade econômica; e – laudo econômico-financeiro e de avaliação dos bens e ativos do devedor, subscrito por profissional legalmente habilitado ou empresa especializada. Agora, se houver previsão de alienação de bem objeto de garantia real (tipo, um bem hipotecado), a supressão da garantia ou sua substituição somente serão admitidas mediante aprovação expressa do credor titular da respectiva garantia (o banco favorecido pela hipoteca, por exemplo) (art. 50, § 1.º). Já nos créditos em moeda estrangeira, a variação cambial será conservada como parâmetro de indexação da correspondente obrigação e só poderá ser afastada se o credor titular do respectivo crédito aprovar expressamente a medida (art. 50, § 1.º). A ordem de pagamento dos créditos do devedor será a estabelecida no plano de recuperação, que não poderá prever, contudo, prazo superior a um ano para pagamento dos créditos trabalhistas ou de acidentes de trabalho vencidos até a data do pedido de recuperação judicial (art. 54), nem prever prazo superior a 30 dias para o pagamento, até o limite de cinco salários mínimos por trabalhador, dos créditos de natureza estritamente salarial (ex.: salários, horas-extras, gratificações de função, etc.) vencidos nos três meses anteriores ao pedido de recuperação judicial (art. 54, par. único). É que esses créditos têm especial proteção da Lei, afinal, o trabalhador é sempre o elo fraco da corrente econômica e deve ser protegido. Aprovação dos Credores CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 05 www.pontodosconcursos.com.br 21 Deferido o processamento da recuperação judicial, o juiz ordenará a publicação de edital contendo aviso aos credores sobre o recebimento do plano de recuperação e fixará prazo para a manifestação de eventuais objeções por qualquer credor (art. 53, par. único). Esse prazo, segundo a Lei, deve ser de trinta dias, contados da publicação da relação de credores (art. 55). Não esqueça: o deferimento do processamento da recuperação judicial não é ainda o deferimento da recuperação em si! Essa decisão só será tomada após a aprovação do plano de recuperação pela assembleia geral de credores. Se, depois de tudo isso, não houver objeções ao plano de recuperação judicial apresentado, o juiz concederá desde logo a recuperação judicial ao devedor (art. 58). Agora, havendo objeção de qualquer credor, o juiz convocará a assembleia geral de credores para deliberar sobre o plano de recuperação, que poderá sofrer alterações na assembleia, desde que haja expressa concordância do devedor e tudo seja feito em termos que não impliquem diminuição dos direitos exclusivamente dos credores ausentes. Aprovado o plano pelos credores, o juiz concederá a recuperação judicial nos moldes do plano aprovado (art. 58). Mas, o plano pode ser rejeitado pela assembleia geral? O que acontece nesse caso? Adivinha! O juiz decretará a falência do devedor (art. 56). Caramba! Veja agora esta questão da Esaf sobre os assuntos até agora abordados: 8 - (ESAF/PROCURADOR DF/2007) Modernamente empresas têm sofrido várias crises, que podem significar uma deterioração das condições econômicas de sua atuação, bem como uma dificuldade de ordem financeira para o prosseguimento da atividade. Tais crises podem advir de fatores alheios ao empresário, mas também podem advir de características intrínsecas à sua atuação. Entre as possíveis soluções para essa crise, está a recuperação judicial, sobre a qual é correto afirmar: a) os credores fiscais ficam sujeitos às condições aprovadas no plano de recuperação judicial. b) não haverá a nomeação de administrador judicial. c) a lei enumera taxativamente as medidas que podem ser invocadas na recuperação. d) as sociedades limitadas, ainda que não tenham objeto empresarial, podem requerer a recuperação judicial. e) a não aprovação do plano de recuperação judicial, pela assembléia de credores, acarretará a convolação em falência. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 05 www.pontodosconcursos.com.br 22 Vamos lá, rapidinho: a letra A é falsa, pois os credores fiscais não ficam sujeitos às condições aprovadas no plano de recuperação judicial, tanto que o deferimento do plano depende da apresentação de prova de quitação de todos os tributos ou da suspensão da exigibilidade dos créditos tributários (art. 191-A do CTN e art. 57 da LF). A letra B é errada, já que o administrador judicialé o auxiliar do juiz na administração dos bens do devedor tanto nos processos de falência como nos de recuperação judicial. A letra C é falsa, pois o rol de medidas que podem ser adotadas na recuperação judicial é apenas exemplificativo (art. 50). A letra D é incorreta porque apenas o empresário e a sociedade empresária podem requerer a recuperação judicial. E a letra E? Essa é verdadeira, porque, se o plano de recuperação judicial for rejeitado pela assembleia geral de credores, o juiz decretará a falência do devedor (art. 56, § 4.º). Gabarito: E Outra: 9 - (ESAF/AGENTE FISCAL DE TRIBUTOS ESTADUAIS/SEFAZ- PI/2001/ADAPTADA) A recuperação judicial a) abrange todos os créditos vencidos e vincendos, como forma de buscar-se a preservação da empresa. b) leva ao afastamento do titular da empresa, considerado incapaz para a tentativa de seu salvamento. c) deve ser aprovada por todos os credores do empresário. d) cujo plano é rejeitado pela assembleia geral de credores é convolada em falência, se houver requerimento de qualquer credor. e) depende da inexistência de impedimentos e do preenchimento das condições legais. A letra A é falsa, pois, embora o art. 49 da LF diga que estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos, há exceções legais, como os créditos fiscais (art. 191-A do CTN e art. 57 da LF) e outros previstos no art. 49, §§ 3.º e 4.º, da LF. A letra B é incorreta porque o titular da empresa não é afastado da administração do negócio na recuperação judicial. A letra C é falsa porque a recuperação judicial deve ser aprovada pela assembleia geral de credores, mas não se exige a unanimidade dos votos de todos os credores (art. 45). A letra D é errada, já que a rejeição do plano de recuperação judicial pela assembleia geral de credores acarreta a decretação da falência do devedor pelo juiz, independentemente de requerimento de qualquer CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 05 www.pontodosconcursos.com.br 23 credor. Por fim, a letra E é o gabarito, pois não poderá requerer a recuperação judicial o devedor que se enquadre nos impedimentos do art. 48 da LF, devendo ainda cumprir as demais condições previstas na Lei para a concessão do pleito, como a apresentação de certidões negativas de débitos tributários (art. 57). Gabarito: E Os requisitos para aprovação do plano de recuperação pela assembleia foram já vistos quando tratamos especificamente da assembleia geral de credores (art. 45 – reveja acima!). É importante destacar, contudo, que o juiz pode decidir conceder a recuperação judicial mesmo que o plano não tenha sido aprovado com base nos requisitos estudados. Sério?! Sim, mas, para isso, é preciso que, na mesma assembleia, tenha sido obtido, cumulativamente (art. 58, § 1.º): – o voto favorável de credores que representem mais da metade do valor de todos os créditos presentes à assembleia, independentemente de classes; – a aprovação de duas das classes de credores (classes 1, 2 e 3, vistas acima) ou, caso haja somente duas classes com credores votantes, a aprovação de pelo menos uma delas; – na classe que o houver rejeitado, o voto favorável de mais de um terço dos credores, computados na forma dos §§ 1.º e 2.º do art. 45 da Lei. Além disso, essa excepcional concessão só pode ser deferida pelo juiz se isso não implicar tratamento diferenciado entre os credores da classe que houver rejeitado o plano (art. 58, § 2.º), beleza? Segundo a LF, estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos (art. 49). Note, assim, que, mesmo que determinado credor não concorde com o plano ou esteja ausente na assembleia geral, ele poderá ser atingido pelas medidas do plano aprovado. Agora, atenção: lembre que, apesar dessa regra, o Fisco não fica sujeitos às condições aprovadas no plano de recuperação judicial, como visto acima. Além disso, não se submetem aos efeitos da recuperação judicial as seguintes espécies de credores (art. 49, §§ 3.º e 4.º): – proprietário fiduciário (ex.: banco que detenha a propriedade de imóvel em razão de contrato de alienação fiduciária em garantia); – arrendador mercantil; CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 05 www.pontodosconcursos.com.br 24 – proprietário ou promitente vendedor de imóvel com cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade (eita, nó na língua!); – proprietário em contrato de venda com reserva de domínio; Nesses casos, embora prevaleçam os direitos de propriedade dos credores sobre a respectiva coisa e as condições contratuais celebradas, não será permitida, durante o período de blindagem de 180 dias (art. 6.º, § 4.º), a venda ou a retirada do estabelecimento do devedor dos bens de capital essenciais a sua atividade empresarial (art. 49, § 3.º, in fine). Também não se sujeitará aos efeitos da recuperação judicial o credor de importância entregue ao devedor, em moeda corrente nacional, decorrente de adiantamento a contrato de câmbio para exportação (art. 49, § 4.º). Eis outra questão da Esaf sobre a recuperação judicial: 10 - (ESAF/JUIZ DO TRABALHO/TRT 7.ª REGIÃO/2005) A nova lei de recuperação e falências – Lei nº 11.101/2005, no que diz respeito à reorganização judicial da empresa em crise, a) dá aos credores titulares de créditos quirografários direito de se oporem às decisões de interesse de empregados. b) divide os credores em grupos de interesses homogêneos para facilitar a tomada de decisões. c) trata os empregados como credores especiais. d) cria um modelo de cooperação entre empresário e credores, voluntários e involuntários. e) pretende privilegiar a continuidade da atividade em relação a outros interesses, inclusive os do fisco. A letra A é errada, já que não há previsão na LF de que os credores quirografários possam se opor às decisões de interesse dos empregados. Pelo contrário, em relação à aprovação do plano de recuperação (ou reorganização) judicial, a Lei prevê requisitos mais flexíveis para que proposta seja aprovada pelos credores trabalhistas (art. 45, § 2.º). A letra B é incorreta, pois a divisão dos credores em classes, na assembleia geral (art. 41), não necessariamente os agrupa segundo interesses homogêneos. Por exemplo, a classe 3 é composta por titulares de créditos quirografários, com privilégio especial, com privilégio geral ou subordinados, os quais podem ter interesses conflitantes entre si. A letra C é falsa porque a LF não estabelece que os empregados são credores especiais na recuperação judicial, muito embora lhes assegure prazo não superior a um ano para pagamento dos créditos CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 05 www.pontodosconcursos.com.br 25 derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho vencidos até a data do pedido de recuperação judicial (art. 54). A letra D é o gabarito, pois a reorganização judicial visa a estabelecer um plano por meio do qual o empresário adota, em concordância com os credores, as medidas necessárias à recuperação da atividade empresária. Como a aprovação do plano não exige unanimidade, mesmo credores que votaram contra ele (involuntários) sujeitam-se às medidas deliberadas. Por fim, a letra E é errada porque a recuperação judicial não se sobrepõe aos interesses do fisco, já que o deferimento do plano exige a comprovação de regularidadetributária (art. 191-A do CTN e art. 57 da LF). Gabarito: D Execução do Plano Concedida a recuperação judicial, o devedor ou seus administradores serão mantidos na condução da atividade empresarial, sob fiscalização do comitê de credores, se houver, e do administrador judicial, salvo se tiverem praticado algum dos atos graves previstos art. 64 da Lei. Neste caso, o juiz destituirá o administrador, que será substituído na forma prevista nos atos constitutivos do devedor ou no plano de recuperação judicial (art. 64, par. único). Quando do afastamento do devedor ou do administrador, o juiz convocará a assembleia geral de credores para deliberar sobre o nome do gestor judicial que assumirá a administração das atividades do devedor, aplicando-se a ele, no que couber, as normas sobre deveres, impedimentos e remuneração do administrador judicial (art. 65). Em todos os atos, contratos e documentos firmados pelo devedor em recuperação judicial deverá ser acrescida, após o nome empresarial, a expressão “em recuperação judicial”. Assim todo mundo fica sabendo da situação da empresa, né? E, além disso, o juiz determinará ao Registro Público de Empresas a anotação da recuperação judicial no registro correspondente (art. 69). O plano de recuperação judicial implica novação (substituição) dos créditos anteriores ao pedido, e obriga o devedor e todos os credores a ele sujeitos (art. 59). Se houver previsão de alienação de bem objeto de garantia real, a supressão da garantia ou sua substituição somente serão admitidas mediante aprovação expressa do credor titular da respectiva garantia (art. 59, caput, in fine). CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 05 www.pontodosconcursos.com.br 26 A decisão judicial que conceder a recuperação judicial constituirá título executivo judicial, nos termos do CPC (art. 59, § 1.º). Ou seja, poderá, se necessário, ser executada judicialmente, para fazê-la prevalecer. Por outro lado, contra essa decisão, cabe o recurso de agravo, que pode ser interposto por qualquer credor ou pelo Ministério Público (art. 59, § 2.º). Se o plano de recuperação judicial aprovado envolver alienação judicial de filiais ou de unidades produtivas isoladas do devedor, o juiz ordenará a sua realização, observadas as modalidades de alienação de bens do devedor, previstas no art. 142 da LF (leilão, propostas fechadas e pregão – vamos estudar isso adiante, OK?) (art. 60). E outra: o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor (ele não assumirá as dívidas do devedor), inclusive as de natureza tributária (art. 60, par. único), salvo se o arrematante for (art. 60, par. único, c/c art. 141, § 1.º): – sócio da sociedade falida, ou sociedade controlada pelo falido; – parente, em linha reta ou colateral até o quarto grau, consanguíneo ou afim, do falido ou de sócio da sociedade falida; ou – identificado como agente do falido com o objetivo de fraudar a sucessão. Você percebeu que as exceções acima têm o nítido intuito de impedir a ocorrência de fraude na recuperação judicial? É que o devedor poderia simular sua própria aquisição, livrando-se das dívidas anteriores à recuperação, agora na condição de arrematante! É!... Tem malandro pra tudo! E não é o gato, que já nasceu de bigode! Muito bem! O devedor permanecerá em recuperação até que se cumpram todas as obrigações previstas no plano que se vencerem até dois anos depois da concessão da recuperação (art. 61). Ele terá que ficar atento, pois, durante esse período, o descumprimento de qualquer obrigação prevista no plano acarretará a convolação da recuperação em falência (art. 61, § 1.º). Se isso ocorrer, os credores terão reconstituídos seus direitos e garantias nas condições originalmente contratadas (antes da concessão da recuperação), deduzidos os valores eventualmente pagos e ressalvados os atos validamente praticados no âmbito da recuperação judicial (art. 61, § 2.º). Por exemplo, imagine que um credor tinha R$ 100.000 a receber à vista e aceitou receber R$ 80.000 em duas vezes, em 90 e 180 dias, após a adoção do plano de recuperação da empresa. Caso a obrigação não seja cumprida e a falência do empresário seja decretada, seu crédito voltará a ser de R$ 100.000, com os juros e correção monetária sendo calculados com CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 05 www.pontodosconcursos.com.br 27 base nesse valor e a partir da data do vencimento original. Volta tudo ao que era antes! Agora, sendo cumpridas as obrigações vencidas nos dois anos, o juiz decretará por sentença o encerramento da recuperação judicial (art. 63). Mesmo assim, após esse período, o plano de recuperação poderá prosseguir (ex.: o parcelamento de uma dívida em três anos), mas o devedor não será mais considerado em recuperação judicial. O descumprimento de qualquer obrigação prevista no plano, após os dois anos, autorizará o credor a requerer a execução específica (lembre que a decisão que concede a recuperação é título executivo judicial) ou a falência do devedor (art. 62). Recuperação Judicial de Microempresas e Empresas de Pequeno Porte As microempresas (ME) e as empresas de pequeno porte (EPP) poderão apresentar (é uma opção do empresário!) plano especial de recuperação judicial (art. 70, § 1.º). Uma primeira diferença, em relação ao plano de recuperação judicial comum, é que, no plano especial, os credores não atingidos pelo plano não têm seus créditos habilitados na recuperação judicial (art. 70, § 2.º). Em compensação, o pedido de recuperação judicial com base em plano especial não acarreta a suspensão do curso da prescrição nem das ações e execuções por créditos não abrangidos pelo plano (art. 71, par. único). Outra diferença é que, se a ME ou EPP optar pelo plano especial de recuperação judicial, não será convocada assembleia geral de credores para deliberar sobre o plano, e o juiz concederá a recuperação judicial, se atendidas as exigências da Lei (art. 72). Por outro lado, o juiz julgará improcedente o pedido de recuperação judicial e decretará a falência do devedor se houver objeções de credores titulares de mais da metade dos créditos quirografários (art. 72, par. único). O plano especial de recuperação judicial limitar-se-á às seguintes condições (art. 71): – abrangerá exclusivamente os créditos quirografários; – preverá parcelamento em até 36 parcelas mensais, iguais e sucessivas, corrigidas monetariamente e acrescidas de juros de 12% ao ano; – preverá o pagamento da primeira parcela no prazo máximo de 180 dias, contado da distribuição do pedido de recuperação judicial; CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 05 www.pontodosconcursos.com.br 28 – estabelecerá a necessidade de autorização do juiz, após ouvido o administrador judicial e o comitê de credores, para o devedor aumentar despesas ou contratar empregados. Convolação da Recuperação Judicial em Falência Vimos acima que, em vários casos, o juiz decretará a falência do devedor durante o processo de recuperação judicial, não foi? Relembremos quando isso pode acontecer (art. 73): – por deliberação da assembleia geral de credores, aprovada por mais da metade do valor dos créditos presentes; – pela não apresentação do plano de recuperação pelo devedor, em 60 dias da publicação da decisão que deferir o processamento darecuperação judicial; – quando a assembleia geral de credores rejeitar o plano de recuperação; – por descumprimento de qualquer obrigação assumida no plano de recuperação nos dois primeiros anos após a concessão da recuperação judicial. Beleza? Fixe esses casos na memória! A questão vai ser assim: essas quatro alternativas e mais uma que não é, pedindo pra marcar a falsa... Aí você mata a questão! Além disso, nada impede a decretação da falência em razão do inadimplemento de obrigação não sujeita à recuperação judicial ou em face da prática dos chamados atos de falência pelo devedor em recuperação (art. 73, par. único) (veremos essas hipóteses de decretação de falência a seguir). Outra coisa: na convolação da recuperação em falência, os atos de administração, endividamento, oneração ou alienação praticados durante a recuperação judicial presumem-se válidos, desde que realizados na forma da LF (art. 74), OK? Segue agora uma questão sobre recuperação judicial: 11 - (ESAF/DEFENSOR PÚBLICO/CE/2002/ADAPTADA) A recuperação judicial: a) não pode ser requerida por comerciante que deixou de se inscrever no registro de comércio ou autenticar os livros indispensáveis ao exercício legal do comércio. b) pode ser impetrada pelo comerciante de fato ou irregular. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 05 www.pontodosconcursos.com.br 29 c) não pode ser convolada em falência. d) não pode ser impetrada no curso do processo falimentar. A letra A é verdadeira porque, para requerer a recuperação judicial, o devedor deve, no momento do pedido, exercer regularmente suas atividades há mais de dois anos (art. 48 da LF). O exercício regular da empresa pressupõe não só o registro do empresário na Junta Comercial (art. 967 do CC/2002), mas também a autenticação dos livros empresariais (art. 1.181 do CC/2002). Em função disso, a letra B é incorreta. E a letra C? Está errada, já que é possível a convolação da recuperação judicial em falência, nas hipóteses do art. 73 da LF, apresentadas acima. Por fim, a letra D é falsa, pois é possível ao devedor pleitear a recuperação judicial, após ter sido requerida sua falência, dentro do prazo da contestação (art. 95). Gabarito: A 4 – FALÊNCIA Muito bem! Vamos agora tratar especificamente do processo falimentar. A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa a preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, inclusive os intangíveis, da empresa. O processo de falência deverá atender aos princípios da celeridade e da economia processual (art. 75). Eita palavreado bonito, hem? O juízo da falência é indivisível, sendo competente para conhecer todas as ações sobre bens, interesses e negócios do falido. É ainda universal, pois concorrem para ele todos os credores do devedor, ressalvadas, como vimos, as causas trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas na Lei de Falências em que o falido figurar como autor ou litisconsorte ativo (art. 76), além de outras já estudadas acima. Independentemente do juízo onde se processe as ações e execuções, todas elas deverão ter prosseguimento não mais com o devedor figurando como autor ou réu, mas com o administrador judicial assumindo a causa, que deverá ser intimado para representar a massa falida, sob pena de nulidade do processo (art. 76, par. único). A decretação da falência determina o vencimento antecipado das dívidas do devedor e dos sócios ilimitada e solidariamente responsáveis (estes também têm sua falência decretada – art. 81), com o abatimento proporcional dos juros, e converte todos os créditos em moeda estrangeira para a moeda do país, pelo câmbio do dia da decisão judicial, para todos os efeitos da Lei (art. 77). CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 05 www.pontodosconcursos.com.br 30 Veja uma questão de prova sobre esse ponto: 12 - (CESPE/TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR/ÁREA JURÍDICA/EMBRAPA/2005) Decretada a falência de determinado empresário, todos os créditos em moeda estrangeira decorrentes de suas obrigações serão convertidos em moeda do País, pelo câmbio do dia da decisão judicial. O item é correto, pois a decretação da falência converte todos os créditos em moeda estrangeira para a moeda do país, pelo câmbio do dia da decisão judicial. Gabarito: Certo O processo de falência em sentido amplo possui três fases: - a fase pré-falimentar, que se inicia com o pedido de falência e se encerra com a sentença declaratória de falência; - a fase falimentar propriamente dita, que tem início com a sentença declaratória de falência e alcança seu fim com a sentença de encerramento da falência, após a realização do ativo do empresário, o pagamento do seu passivo e a apresentação, pelo administrador judicial da falência, da prestação de contas e do relatório final ao juiz (veremos todos esses procedimentos em detalhes adiante); - a fase de reabilitação do devedor, que se encerra com a sentença que declarar extintas suas obrigações. Sujeitos Ativos da Falência Quem pode requerer a falência do empresário? São os chamados sujeitos ativos da falência (o empresário, por sua vez, é o sujeito passivo) O pedido pode ser requerido ao juiz pelas seguintes pessoas (art. 97): – o próprio devedor (autofalência – arts. 105 a 107 – veremos isso à frente); – o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante; – o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato constitutivo da sociedade; – qualquer credor. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 05 www.pontodosconcursos.com.br 31 Agora, se o credor for empresário, ele deverá apresentar, para requerer a falência de outrem, certidão do Registro Público de Empresas que comprove a regularidade de suas atividades (art. 97, § 1.º). Só um detalhe: tal exigência não se aplica em caso de autofalência, pois mesmo a sociedade irregular ou de fato pode requerer a própria falência (art. 105, IV). Ressalte-se ainda que o STJ já se pronunciou (REsp 1.103.405/MG) no sentido de que não é admissível o requerimento de quebra por parte da Fazenda Pública, uma vez que, neste caso, existe uma ação específica pra cobrança dos créditos: a execução fiscal (Lei 6.830/1980). Fique atento(a)! Responsabilidade dos Sócios na Falência A decisão que decreta a falência da sociedade com sócios ilimitadamente responsáveis (ex.: sociedade em nome coletivo, sócios comanditados da sociedade em comandita simples) também acarreta a falência destes, que ficam sujeitos aos mesmos efeitos jurídicos produzidos em relação à sociedade falida e, por isso, deverão ser citados para apresentar contestação, se assim o desejarem (art. 81). A regra vale inclusive para o sócio que tenha se retirado voluntariamente ou tenha sido excluído da sociedade, há menos de dois anos, quanto às dívidas existentes na data do arquivamento da alteração do contrato, no caso de não terem sido solvidas até a data da decretação da falência (art. 81, § 1.º). Por outro lado, quanto aos sócios de responsabilidade limitada (ex.: sócios comanditários da sociedade em comandita simples, sociedade limitada, sociedade anônima), aos controladores e aos administradores da sociedade falida, a respectiva responsabilidade pessoal será apurada no próprio juízo da falência, independentemente da realização do ativo e da prova da sua insuficiência
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