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Direito Processual Civil – AJAJ – TRF2 Aula 00 – Jurisdição Prof. Anderson de Oliveira Noronha www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Anderson de O. Noronha 1 Aula 00 Direito Processual Civil – AJAJ – TRF2 Da Jurisdição. Professor: Anderson de Oliveira Noronha Data: 16/10/2016 Direito Processual Civil – AJAJ – TRF2 Aula 00 – Jurisdição Prof. Anderson de Oliveira Noronha www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Anderson de O. Noronha 2 Aula Conteúdo Programático Data 00 Jurisdição. Princípios da jurisdição. Características principais da jurisdição. Equivalentes jurisdicionais. 16/out 01 Espécies de Jurisdição. Ação. Elementos da ação. Partes. Pedido. Causa de pedir. Condições da ação. Interesse de agir. Legitimidade. Classificação e critérios identificadores. Concurso e cumulação de ações. 16/out 02 Processo. Conceito, Natureza Jurídica. Procedimento. Relação jurídica processual. Pressupostos processuais. Princípios processuais. Processo e procedimento. Espécies de processos e de procedimentos. Preclusão. 16/out 03 Princípios gerais do processo civil. Fontes. Lei processual civil. Eficácia. Aplicação. Interpretação. Direito Processual Intertemporal. Critérios. Limites da Jurisdição. 23/out 04 Das partes e dos procuradores. Da capacidade processual, da legitimação, da representação e da substituição processual. Dos Procuradores. A Advocacia Pública. Prerrogativas da Fazenda Pública em juízo. Do Ministério Público. 23/out 05 Litisconsórcio. Da Intervenção de Terceiros (Assistência. Denunciação da Lide. Chamamento ao Processo. Incidente de desconsideração da personalidade jurídica. Amicus Curiae). Organização Judiciária Federal e Estadual. Da Competência interna. Competência. Critérios determinadores. Competência originária dos Tribunais Superiores. Competência absoluta e relativa. Modificações. Meios de declaração de incompetência. Conflitos de competência e de atribuições. Conexão e continência. 23/out 06 Do juiz. Dos deveres do juiz. Da responsabilidade do juiz. Da parcialidade do juiz (impedimento e suspeição). Dos auxiliares da justiça. Escrivão e Chefe de Secretaria. Oficial de Justiça. Responsabilidade do Escrivão, do Chefe de Secretaria e do Oficial de Justiça. Perito. Depositário e Administrador. Intérprete e Tradutor. Conciliadores e Mediadores Judiciais. 30/out 07 Dos atos processuais. Forma dos atos processuais. Tempo e Lugar dos atos processuais. Prazos. Comunicações dos atos processuais. Cartas. Citação. Intimações. Nulidades dos atos processuais. Da formação, suspensão e extinção do processo. 30/out 08 Procedimento comum. Aspectos Gerais. Fases. Petição inicial. Requisitos. Indeferimento da petição inicial e improcedência liminar do pedido. Resposta do réu. Impulso processual. Prazos e preclusão. Prescrição. Inércia processual: contumácia e revelia. Contestação. Reconvenção. Das Providências preliminares e do 06/nov Aula 00 – Da Jurisdição Direito Processual Civil – AJAJ – TRF2 Aula 00 – Jurisdição Prof. Anderson de Oliveira Noronha www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Anderson de O. Noronha 3 Aula Conteúdo Programático Data Saneamento. Julgamento conforme o estado do processo. 09 Provas. Audiências. Conciliação e Mediação. Instrução e julgamento. Distribuição do ônus da prova. Fatos que independem de prova. Depoimento pessoal. Confissão. Prova documental. Exibição de documentos ou coisas. Prova testemunhal. Prova pericial. Inspeção judicial. Exame e valoração da prova. Produção Antecipada de Provas. 13/nov 10 Sentença. Conceito. Classificações. Requisitos. Efeitos. Publicação, intimação, correção e integração da sentença. Mérito. Questão principal, questões preliminares e prejudiciais. Remessa Necessária. Coisa julgada. Conceito. Espécies. Limites. Liquidação de Sentença. Espécies. Procedimento 20/nov 11 Cumprimento da sentença. Procedimento. Impugnação. Processo de Execução. Princípios gerais. Espécies. Execução contra a Fazenda Pública. Regime de Precatórios. Requisições de Pequeno Valor. Execução de obrigação de fazer e de não fazer. Execução por quantia certa. Embargos de Terceiros. Exceção de pré-executividade. Remição. Suspensão e extinção do processo de execução. 27/nov 12 Meios de impugnação à sentença. Ação rescisória. Recursos. Disposições Gerais. Apelação. Agravos. Embargos de Declaração. Embargos de Divergência. Recurso Ordinário. Recurso Especial. Recurso Extraordinário. Recursos nos Tribunais Superiores. Reclamação e correição. Repercussão geral. Súmula vinculante. Recursos repetitivos. 04/dez 13 Da Tutela Provisória: Tutelas de Urgência e de Evidência. 11/dez 14 Procedimentos Especiais. 18/dez Direito Processual Civil – AJAJ – TRF2 Aula 00 – Jurisdição Prof. Anderson de Oliveira Noronha www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Anderson de O. Noronha 4 CONTEÚDO 1. Apresentação .......................................................................................................................................... 5 2. Jurisdição ................................................................................................................................................ 8 3. Princípios da jurisdição ......................................................................................................................... 11 4. Características principais da jurisdição ................................................................................................. 16 5. Equivalentes jurisdicionais.................................................................................................................... 17 6. QUESTÕES PARA TREINO ...................................................................................................................... 23 7. GABARITO ............................................................................................................................................. 25 8. QUESTÕES COMENTADAS .................................................................................................................... 27 Direito Processual Civil – AJAJ – TRF2 Aula 00 – Jurisdição Prof. Anderson de Oliveira Noronha www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Anderson de O. Noronha 5 Apresentação Olá! Tudo bem com você? Meu nome é Anderson. Por problemas pessoais, a professora Elisa não pôde continuar o curso de processo civil, e fui designado a ministrar esta matéria para vocês. Deixe que eu me apresente. Sou formado em Direito pela Universidade de Brasília - UnB (2006) e em Processamento de Dados pela Universidade Católica de Brasília (2000), tendo também cursado parcialmente Engenharia Mecânica (UnB) e Engenharia de Redes de Comunicação (UnB), além de ser pós-graduado em Ordem Jurídica e Ministério Público pela Escola Superior do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios (2007). Desde 2009 sou Advogado do Senado Federal (classificado em 1º lugar na primeira fase e em 3º colocação ao final), com atuação na área judicial, principalmente no Supremo Tribunal Federal. Já no Senado, fui assessor jurídico da Comissão de Juristas que elaborou o novo Código de Processo Civil. Antes disso fui Analista Legislativo da Câmara dos Deputados (aprovado em 5º Lugar, 2000) entre 2002 e 2009. Também exerci o cargo de Técnico (nível médio) no MPDFT (aprovado em 7º lugar, 1999) entre 1999 e 2002. Entre 1994 e1999 fui professor de informática no Senac e em vários locais. Quanto a você, meus parabéns por dar um passo a mais no estudo para o cargo de Analista Judiciário do Tribunal Regional Federal da 2ª Região. O Edital ainda não saiu, mas a banca já foi definida: CONSUPLAN. Deste modo, acho que é interessante basear nosso curso em um edital para cargos jurídicos já feito por essa banca na vigência do novo CPC: DIREITO PROCESSUAL CIVIL: Novo Código de Processo Civil (Lei 13.105/2015). Direito Processual Civil – AJAJ – TRF2 Aula 00 – Jurisdição Prof. Anderson de Oliveira Noronha www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Anderson de O. Noronha 6 Das normas processuais civis. Das normas fundamentais e da aplicação das normas processuais: Das normas fundamentais do processo civil; Da aplicação das normas processuais. Da função jurisdicional: da jurisdição e da ação; dos limites da jurisdição nacional e da cooperação internacional; da competência interna: da competência; disposições gerais; da modificação da competência; da incompetência; da cooperação nacional. Dos sujeitos do processo: das partes e dos procuradores; do litisconsórcio: da intervenção de terceiros; do juiz e dos auxiliares da justiça; do Ministério Público. Da Advocacia Pública. Da Defensoria Pública. Dos atos processuais. Da forma, do tempo e do lugar dos atos processuais: Da forma dos atos processuais; Dos atos em geral; Da prática eletrônica de atos processuais; Dos atos das partes; Dos pronunciamentos do juiz; Dos atos do escrivão ou do chefe de secretaria; Do tempo e do lugar dos atos processuais; Dos prazos; Da verificação dos prazos e das penalidades; Da comunicação dos atos processuais, Disposições gerais; Da citação; Das cartas; Das intimações. Das nulidades; Da distribuição e do registro do valor da causa; Da tutela provisória; da tutela de urgência; da formação, da suspensão e da extinção do processo; do processo de conhecimento e do cumprimento de sentença; Do procedimento comum: Da petição inicial, Dos requisitos da petição inicial, Do pedido, Do indeferimento da petição inicial, Da improcedência liminar do pedido, Da audiência de conciliação ou de mediação, Da contestação, Da reconvenção, Da revelia, Da não incidência dos efeitos da revelia, Do fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, Das alegações do réu, Da extinção do processo, Do julgamento antecipado do mérito, Do julgamento antecipado parcial do mérito, Da audiência de instrução e julgamento; Das provas ; Da sentença e da coisa julgada; Dos elementos e dos efeitos da sentença; Da remessa necessária; Do julgamento das ações relativas às prestações de fazer, de não fazer e de entregar coisa; Da coisa julgada; Da liquidação de sentença; Do cumprimento da sentença; Dos procedimentos especiais; Do processo de execução da execução em geral: Disposições gerais; Das partes; Da competência; Dos requisitos necessários para realizar qualquer execução; Do título executivo; Da exigibilidade da obrigação; Da responsabilidade patrimonial; Das diversas espécies de execução; Dos embargos à execução da suspensão e da extinção do processo de execução; Dos processos nos Tribunais e dos meios de impugnação das decisões judiciais da ordem dos processos e dos processos de competência originária dos tribunais; dos recursos: Disposições gerais; Da apelação; Do agravo de instrumento; Do agravo interno; Dos embargos de declaração; Dos recursos para o Supremo Tribunal Federal e para o Superior Tribunal de Justiça; Do recurso ordinário; Do recurso extraordinário e do recurso especial; Dos embargos de divergência. É praticamente todo o Código de Processo Civil, mas é perfeitamente factível. E caso saia o Edital com menos matérias, simplesmente retiraremos o excesso. Todas as referências a artigos no curso serão ao Código de Processo Civil de 2015, em vigor desde 18 de março de 2016. É claro que por ainda estar com pouco tempo de aplicação, será inevitável tratarmos de posicionamentos jurisprudenciais construídos sob a vigência do CPC/1973. Será exposta a visão da doutrina (e a minha) sobre como imaginam que devam ser tratadas as questões no CPC/2015 (pode ser utilizado em provas discursivas), ressaltando que para a prova objetiva o melhor é, pelo menos inicialmente, ficarmos com o texto literal do CPC. Direito Processual Civil – AJAJ – TRF2 Aula 00 – Jurisdição Prof. Anderson de Oliveira Noronha www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Anderson de O. Noronha 7 Você perceberá também que a minha abordagem é bastante direta e objetiva, mas com profundidade, de modo a maximizar o tempo de estudo e evitar prolixidade indesejável e blablabla. Afinal, tempo é um dos recursos mais importantes. Agora, como disse o pensador chinês Lao Tsé, “Uma longa caminhada começa com o primeiro passo”. E o nosso primeiro passo, essa Aula Demonstrativa, tratará de trazer elementos introdutórios que prepararão o terreno para os próximos passos. Direito Processual Civil – AJAJ – TRF2 Aula 00 – Jurisdição Prof. Anderson de Oliveira Noronha www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Anderson de O. Noronha 8 Jurisdição O ser humano é uma espécie que, além de necessidades, tem desejos. Tudo aquilo que pode vir a satisfazer uma necessidade ou um desejo pode ser genericamente chamado de Bem da Vida. Os desejos humanos são ilimitados; contudo, os bens da vida são limitados. E quando duas pessoas disputam o mesmo bem da vida, surge um Conflito de Interesses. Tudo isso para dizer que Jurisdição é o Poder estatal de decidir os conflitos de interesses. Jurisdição vem do latim juris dictio e significa dizer o direito. Mas apenas dizer não é suficiente; o Estado deve ser estruturado e ter a capacidade usuario Highlight usuario Highlight Direito Processual Civil – AJAJ – TRF2 Aula 00 – Jurisdição Prof. Anderson de Oliveira Noronha www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Anderson de O. Noronha 9 de interferir na esfera jurídica dos indivíduos para impor as suas decisões (juris - satisfação). Esta palavra pode ser compreendida em três aspectos distintos. Nas sociedades mais rústicas o meio de resolução dos conflitos de interesses era a força: o mais forte impunha sua decisão ao mais fraco. Com o avanço e sofisticação da organização social, a resolução dos conflitos em formações tribais passou a ser feita pela figura de um sábio, ancião etc, alguém em quem as partes confiavam e a quem elas respeitavam. A partir do momento em que os Estados modernos se organizaram, construindo instituições mais sólidas, passou a ser possível a eles exercerem o papel do ente que decide as questões e impõe as decisões, hoje chamado de Poder Jurisdicional. Na segunda acepção, fala-se em Função Jurisdicional como o encargo do Estado-juiz de fazer valer o poder jurisdicional. Esta função é atribuída, em regra, ao Poder Judiciário, constituindo sua função típica (principal). A Atividade Jurisdicional é a prática de atos processuais pelo juiz, representante do Estado investido do poder jurisdicional: o Estado-Juiz. Em uma frase: Existe um Poder, que determina (e permite o exercício da) a Função que se concretiza na Atividade jurisdicional. Giuseppe Chiovenda foi um jurista italiano que definiu jurisdição como a “a atuação da vontade concreta do direito objetivo (material)” naquela época, LEI. Outros juristas se debruçaram sobre esta definição, tendo dois grupos se formado em torno de duas teorias. O primeiro grupo era liderado por Francesco Carnelutti, e dizia que a jurisdição, por meio da sentença, fazia atuar a vontadeconcreta da norma geral (lei). O outro grupo, capitaneado por Hans Kelsen, defendia que a sentença criava uma norma individual com base na norma geral. Ambas as teorias eram fruto do paradigma do positivismo acrítico e da ideia da supremacia da lei. Hoje, porém, entende-se que a jurisdição cria a norma Direito Processual Civil – AJAJ – TRF2 Aula 00 – Jurisdição Prof. Anderson de Oliveira Noronha www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Anderson de O. Noronha 10 jurídica do caso concreto aplicando a lei, mas fazendo isto à luz dos direitos fundamentais e dos princípios constitucionais de justiça (a supremacia agora é da Constituição). Com isto em mente, um possível conceito para Jurisdição é trazido por Daniel Amorim Assumpção Neves: “Jurisdição é a atuação estatal visando à aplicação do direito objetivo ao caso concreto, resolvendo-se com definitividade uma situação de crise jurídica e gerando com tal solução a pacificação social.” Para entender bem onde se situa a Jurisdição, é importante diferenciar a Função Jurisdicional das outras funções do Estado. A função jurisdicional e a função legislativa têm em comum tratarem da lei. Todavia, as atuações se dão em diferentes termos. Na função legislativa, o tratamento da lei é visando abranger grande número de pessoas, de forma genérica e abstrata. Na função jurisdicional a lei é concretizada nos casos específicos e concretos postos à sua frente. Também não há que se confundir a função jurisdicional e função administrativa. A lei, na função administrativa, funciona como limite de atuação na busca do bem comum. Já na função jurisdicional, trata-se de fazer valer a lei, isto é um objetivo. Ainda, o Estado-Juiz, que exerce a atividade jurisdicional, é terceiro na relação jurídica de direito material (ou seja, dela não faz parte), sendo também um sujeito imparcial. Por outro lado, o Estado-Administração é parte na relação jurídica de direito material, tem interesse e não é imparcial em sua atuação; sendo parte, é parcial. E é essa a razão que permite uma ação contra o Estado, julgada pelo próprio Estado. A parte será o Estado-Administração, e o julgador, terceiro imparcial, será o Estado-Juiz. Por fim, não há caráter substitutivo na administração, enquanto que há na jurisdição. Por caráter substitutivo entenda-se “substituição da vontade das partes pela vontade da lei”. O Estado-Administração impõe a sua vontade: ele decide se vai ou não pagar um fornecedor, se determinado servidor será promovido ou não, todos são exemplo de atuação impositiva do Estado- Administração. usuario Highlight usuario Highlight Direito Processual Civil – AJAJ – TRF2 Aula 00 – Jurisdição Prof. Anderson de Oliveira Noronha www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Anderson de O. Noronha 11 O tema das funções típicas e atípicas de cada Poder da República é de direito constitucional, mas é bom que neste momento falemos brevemente sobre este assunto para fixar o entendimento acerca da jurisdição. Função estatal típica é aquela primordial, preponderante de cada Poder, sendo as atípicas aquelas exercidas por um poder mas que são típicas de outro, em tese. No caso Poder Legislativo, sua função típica consiste em fazer as leis e fiscalizar o Executivo. Todavia, vê-se pela atribuição do art. 52, I da CR/1988 que cabe ao Senado processar e julgar o Presidente da República por crimes de responsabilidade (processo de impeachment), tarefa eminentemente afeta à Função Jurisdicional do Estado. O Poder Executivo atua atipicamente na função jurisdicional ao conduzir processos administrativos, sindicâncias, pois sua função típica é administrar o Estado em busca do bem comum. E o Poder Judiciário não exerce apenas sua função primordial, típica, a função jurisdicional; também exerce função legislativa quando edita seus regimentos internos, prevendo sua organização, funcionamento etc, e atua na função administrativa ao executar concurso público para contratação de juízes, ou ao dar início ao procedimento licitatório de aquisição de bens. Princípios da jurisdição Princípio da Investidura Dispõe que as pessoas, os agentes, devem estar concretamente investidos do Poder jurisdicional. Daí chamarmos de Estado-juiz. No Brasil, a investidura pode se dar após aprovação em concurso público ou por meio de indicação, nas hipóteses de aplicação da regra do quinto constitucional (em que 1/5 das vagas é preenchida por Advogados) ou da regra da indicação Presidencial para o cargo de Ministro do STF. Princípio da Territorialidade O princípio atua como forma de limitação do exercício legítimo da jurisdição. Dentro do território nacional, todo e qualquer juiz tem jurisdição. Contudo, há usuario Highlight usuario Highlight Direito Processual Civil – AJAJ – TRF2 Aula 00 – Jurisdição Prof. Anderson de Oliveira Noronha www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Anderson de O. Noronha 12 limitação dentro do território para prática legítima da jurisdição (competência). É por isso que há divisão em comarcas ou em seções judiciárias. Também a aplicação deste princípio justifica a utilização da carta precatória (falta de competência) e da carta rogatória (falta de jurisdição). No CPC há exceções ao princípio da territorialidade. Eis alguns: Art. 247. A citação será feita pelo correio para qualquer comarca do país, exceto: (...) Art. 255. Nas comarcas contíguas de fácil comunicação e nas que se situem na mesma região metropolitana, o oficial de justiça poderá efetuar, em qualquer delas, citações, intimações, notificações, penhoras e quaisquer outros atos executivos. Art. 60. Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado, comarca, seção ou subseção judiciária, a competência territorial do juízo prevento estender-se-á sobre a totalidade do imóvel. Art. 845, § 1º A penhora de imóveis, independentemente de onde se localizem, quando apresentada certidão da respectiva matrícula, e a penhora de veículos automotores, quando apresentada certidão que ateste a sua existência, serão realizadas por termo nos autos. Princípio da Indelegabilidade Não é possível a delegação do exercício da jurisdição a outros poderes ou órgãos (indelegabilidade externa), nem a outro órgão jurisdicional (indelegabilidade interna). Lembre-se de que função estatal atípica não é delegação. Mas há exceções: caso das cartas de ordem, em que há delegação para produção de provas orais e periciais ao juízo de 1º grau (art. 972 do CPC); e da delegação para a prática de atos processuais pelo STF a unidades jurisdicionais de grau inferior (art. 102, I, ‘m’ da CR). Direito Processual Civil – AJAJ – TRF2 Aula 00 – Jurisdição Prof. Anderson de Oliveira Noronha www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Anderson de O. Noronha 13 Observe que nem a carta rogatória nem a carta precatória são hipóteses de delegação, pois o juízo deprecante não tem competência para a prática dos atos. CPC, art. 972. Se os fatos alegados pelas partes dependerem de prova, o relator poderá delegar a competência ao órgão que proferiu a decisão rescindenda, fixando prazo de 1 (um) a 3 (três) meses para a devolução dos autos CR, art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de atribuições para a prática de atos processuais; Princípio da Inevitabilidade Indo direto ao ponto: ninguém poderá se negar a fazer parte da relação jurídicaprocessual e, uma vez no processo, não poderá evitar os efeitos da jurisdição (mesmo contra a vontade estará em um estado de sujeição). Princípio da Inafastabilidade Este princípio pode ser definido nos termos do art. 5º, XXXV da CR: CR, art. 5º, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. Também está no CPC, no art. 3º: Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. Deste modo, qualquer questão pode, em tese, ser objeto de apreciação pelo Poder Judiciário, não estando nada afastado a priori. Perceba que não há obrigação em acionar-se a jurisdição; porém, uma vez acionada, o Estado também não pode se recusar a prestar a jurisdição, motivo Direito Processual Civil – AJAJ – TRF2 Aula 00 – Jurisdição Prof. Anderson de Oliveira Noronha www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Anderson de O. Noronha 14 pelo qual alguns também chamam este aspecto específico de Princípio da Indeclinabilidade. Mesmo que haja outra forma de resolução do conflito, como as vias administrativas ou os equivalentes jurisdicionais, por exemplo, eles não são obrigatórios, podendo a questão ser submetida diretamente ao Judiciário. A expressão consagrada que reflete tal realidade é “a desnecessidade de esgotamento das vias administrativas”. A Constituição traz uma exceção: justiça desportiva (art. 217, §1 da CR). CR, art. 217, § 1º - O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei. Esta nos parece ser a única, pois o outro caso lembrado pela doutrina é aquele em que para ingresso de habeas data se exige a recusa do acesso às informações; contudo, correto o STJ quando diz que este caso não é exceção à inafastabilidade, mas sim falta de interesse de agir. Dentro do princípio da inafastabilidade, a moderna doutrina insere o acesso à ordem jurídica justa, que se traduz por iniciativas para ampliar o acesso ao processo (gratuidade, defensoria pública), para efetivação de tutela jurisdicional coletiva com ampla participação, para que se tome a decisão com justiça diante de várias possíveis (maximizar direitos fundamentais), que se maximize a eficácia da decisão (tutelas de urgência, aumento dos poderes do juiz e razoável duração do processo), entre outros. Princípio do Juiz natural CR, art. 5º, LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente A ideia é que o processo seja julgado por um órgão a ser determinado por regras já estabelecidas. Se desdobra em uma impossibilidade de escolha do julgador pelas partes. usuario Highlight usuario Highlight Direito Processual Civil – AJAJ – TRF2 Aula 00 – Jurisdição Prof. Anderson de Oliveira Noronha www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Anderson de O. Noronha 15 Também contempla a proibição de criação de tribunais de exceção, ou seja, não poderá haver a designação de um órgão julgador para julgar determinado fato ou casos específicos. O processo deve ser julgado por um julgador com amplas garantias pessoais e institucionais, com atribuições previamente fixadas e conhecidas, mediante regras ser abstratas, objetivas e sem direcionamento. CR, art. 5º, XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção Por exemplo, veja o art. 286, II do CPC. É uma regra que veda a escolha do juízo: Art. 286. Serão distribuídas por dependência as causas de qualquer natureza: II - quando, tendo sido extinto o processo sem resolução de mérito, for reiterado o pedido, ainda que em litisconsórcio com outros autores ou que sejam parcialmente alterados os réus da demanda; Aqui evita-se que alguém, sabendo que o juízo para o qual foi distribuída sua causa tem posicionamento contrário aos seus interesses, desista do processo ou dê causa à sua extinção, para em seguida tentar novamente a sorte na distribuição, fugindo do juízo natural da causa. Fala-se em um princípio não expresso, decorrente do sistema, que é o Princípio do Promotor Natural. Tal princípio consistiria na proibição de escolha do acusador (ou melhor, do membro do Ministério Público) para causa específica, ou seja, em ser processado por membro do MP com atribuições previamente fixadas e conhecidas, à semelhança do que ocorre com o juiz natural. Ressalte-se que a indicação para forças-tarefa ou grupos de trabalho por área de atividade não violam este princípio, pois os membros do MP já têm atribuição para as causas e são designados para temas amplos e sem direcionamento pessoal. Direito Processual Civil – AJAJ – TRF2 Aula 00 – Jurisdição Prof. Anderson de Oliveira Noronha www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Anderson de O. Noronha 16 Características principais da jurisdição Caráter substitutivo A jurisdição substitui a vontade das partes pela vontade da lei no caso concreto. Por exemplo, há um contrato de compra e venda, a parte pagou mas o vendedor não quer entregar: a jurisdição pode ser acionada para substituir a vontade do vendedor pela vontade da lei, de entregar a coisa. Mas essa característica não é essencial. Por exemplo, as ações constitutivas necessárias, em que a criação de nova situação jurídica apenas pode se dar mediante intervenção do judiciário, não há substitutividade porque as vontades não são divergentes Ex. divórcio com filhos pequenos, em que há acordo em tudo, se vai a juízo apenas para obter os efeitos jurídicos. Lide Lide é o conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida (Carnelutti). Uma pessoa que um bem da vida e a outra impede por meio da resistência. Também não é essencial. Na jurisdição voluntária, nas ações constitutivas necessárias, em regra não há conflito de interesses; a resistência é da lei, não há lide. Também nos processos objetivos de controle concentrado de constitucionalidade não há lide mas ninguém negará que há jurisdição. Inércia Representado pelo brocardo latino ne procedat iudex ex officio (o juiz não age de ofício). A movimentação inicial depende da provocação do interessado (direito de ação é disponível): Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei. Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado. Direito Processual Civil – AJAJ – TRF2 Aula 00 – Jurisdição Prof. Anderson de Oliveira Noronha www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Anderson de O. Noronha 17 Também abarca o princípio da congruência/adstrição, que determina que o juízo deve decidir nos limites definidos pelo objeto da demanda (salvo pedidos implícitos). Perceba que o CPC diz, no art. 2º, só iniciar; após iniciado, a regra é a do impulso oficial (salvo exceções legais, como a do 513 §1º). 513 § 1º O cumprimento da sentença que reconhece o dever de pagar quantia, provisório ou definitivo, far-se-á a requerimento do exequente. Definitividade A solução dada pela jurisdição é definitiva e imutável, sendo esta característica unicamente da jurisdição. Devem respeito a ela o juiz, as partes, o judiciário, os terceiros, os outros poderes... Por exemplo, a coisa julgada material somente ocorre em decisões jurisdicionais (apesar de nem toda decisão judicial formar coisa julgada material). Equivalentes jurisdicionais O Estado não tem o monopólio da solução dos conflitos. Há outros modos de solução dos conflitos pelas partes, e eles são chamados deequivalentes jurisdicionais ou formas alternativas de solução dos conflitos. Solução de conflitos é gênero. Jurisdição e Equivalentes Jurisdicionais são espécies. Não podemos cometer o erro de imaginar que a solução de conflitos no processo é jurisdição e a solução fora do processo é equivalente jurisdicional. A jurisdição é exercida pelo estado, por meio do processo. Já os equivalentes jurisdicionais podem ocorrer dentro ou fora do processo, sem que isso modifique sua natureza jurídica. A classificação dos equivalentes jurisdicionais não é pacificada, havendo vários autores que defendem vários critérios. Por exemplo, alguns usam o critério subjetivo para classificar: neste caso, quando a resolução é feita apenas pelos titulares do direito material, sem que haja terceiros no procedimento, dizem usuario Highlight usuario Highlight usuario Highlight usuario Highlight usuario Highlight usuario Highlight usuario Highlight usuario Highlight usuario Highlight usuario Highlight usuario Highlight usuario Highlight usuario Highlight Direito Processual Civil – AJAJ – TRF2 Aula 00 – Jurisdição Prof. Anderson de Oliveira Noronha www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Anderson de O. Noronha 18 haver autocomposição dos conflitos; havendo um terceiro no processo, heterocomposição. É possível utilizar o critério decisório, que foca em quem toma efetivamente a decisão sobre o conflito: por ele, se as partes decidem, mesmo que com auxílio de terceiro, há autocomposição; se o terceiro decide, heterocomposição. Estas classificações são erráticas e o que importa é eleger uma para estudar as espécies de equivalentes jurisdicionais. Autotutela A primeira forma de equivalente jurisdicional é a Autotutela. Ela se caracteriza por dois pontos: haver um sacrifício integral do interesse de uma parte E isso ocorrer pelo uso da força. A justificativa para que a ordem jurídica aceite o uso da força como na legítima defesa (art. 188, I do CC), no desforço imediato no esbulho (1.210 §1º do CC) e na apreensão do bem com penhor legal (1467, I do CC) é que o Estado não consegue tutelar adequadamente todas as violações ou ameaças a todos os direitos, e que em algumas situações (excepcionais) é desejável impedir o perecimento do direito pelo uso da força. A autotutela é uma resposta imediata, mas não definitiva; ou seja, pode ser revista amplamente pelo Judiciário. Formas consensuais de solução de conflitos Há formas que não se baseiam na força para resolver o conflito. São fundadas na vontade as partes, chamando-se formas consensuais de solução de conflitos. O novo CPC tem uma clara inclinação pela valorização das formas alternativas de solução dos conflitos. Veja, entre outros, o art. 3º, §2º, que diz que o Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos, ou o §3º, que chama juízes, advogados, membros do Ministério Público, defensores a estimularem a solução consensual, mesmo no curso do processo. Como veremos em aulas futuras, a citação do réu agora é para comparecer à audiência de conciliação ou de mediação do art. 334. Há uma seção inteira para Direito Processual Civil – AJAJ – TRF2 Aula 00 – Jurisdição Prof. Anderson de Oliveira Noronha www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Anderson de O. Noronha 19 a atividade dos conciliadores e mediadores (arts. 165-175). Os Tribunais deverão criar centros judiciários de solução consensual de conflitos (vinculados aos tribunais de 2º grau, que definirão sua composição e organização, obedecidas as diretrizes do CNJ), que cuidarão das sessões e audiências de conciliação e mediação, assim como dos programas para auxiliar a autocomposição. Tudo isto e muito mais permite concluir a aposta feita pelo legislador neste tipo de solução de conflitos. Autocomposição Pois bem, no campo consensual há a chamada autocomposição, em que as partes decidem o conflito. Aqui, no lugar da força, a vontade faz com que haja sacrifícios de interesse de três diferentes tipos. Aquele que alega ter um direito abdica desse direito: é a chamada renúncia; Há a submissão, em que uma parte se submete ao alegado interesse alheio, mesmo que sua resistência fosse legítima; e pode haver sacrifícios recíprocos, cada um cedendo um pouco, no que chamamos transação. Estes fenômenos podem ocorrer, como dito, fora do processo ou dentro do processo. E um deles, a submissão, tem um nome processual específico: Reconhecimento Jurídico do Pedido. Havendo qualquer destes fenômenos no processo, o juiz homologará por sentença de mérito a autocomposição (art. 487, II, III, V), com formação de coisa julgada material. É um caso interessante, em que o conflito foi resolvido por autocomposição mas em que houve exercício da jurisdição por causa da sentença homologatória. Há vários meios pelos quais se pode chegar à autocomposição. Um deles é por negociação direta, onde apenas as partes decidem o conflito, sem qualquer participação de terceiros. Direito Processual Civil – AJAJ – TRF2 Aula 00 – Jurisdição Prof. Anderson de Oliveira Noronha www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Anderson de O. Noronha 20 Outras duas formas consensuais de solução dos conflitos são a conciliação e a mediação. Ambas têm a presença de um terceiro sem poder de decidir, mas que ajuda as partes a chegarem a um acordo. O Conciliador atua preferencialmente em casos em que não haja havido vínculo anterior entre as partes, em que não há relação continuada (art. 165 §2º). Ex. batida de carro, o conflito surge por este vínculo. Já o Mediador atua preferencialmente em casos em que houver vínculo anterior, relação continuada (família, vizinhos, sócios). Enquanto na conciliação há sacrifício de interesse (integral ou recíprocos), na mediação não há sacrifícios, mas solução com benefícios mútuos (art. 165, §3º). E como se pode virar mediador/conciliador? Por cadastro no tribunal, desde que capacitado por curso; por concurso público, se o tribunal optar por criar estes cargos; por convênio do tribunal com entidades privadas; e por escolha das partes (podem escolher conciliador/mediador, mesmo não cadastrado no tribunal – art. 168). Há dever de confidencialidade, que se estende a todas as informações produzidas no curso do procedimento, salvo se as partes expressamente deliberarem em contrário (art. 166 §1º). E há um dever de sigilo do conciliador/mediador, que os impedem de divulgar e mesmo de depor sobre fatos oriundos da conciliação/mediação (art. 166 §2º). Para evitar comportamentos de captação de clientes, por exemplo, há um impedimento do conciliador/mediador representar, assessorar ou patrocinar qualquer parte por prazo de 1 ano (art. 172), e se ele for advogado fica impedido de exercer a advocacia no juízo em que atua como conciliador/mediador (art. 167 §5º). O requisito mínimo para capacitação dos mediadores e conciliadores (art. 167 §1º) é a aprovação em curso. Se advogados, há impedimento de exercer advocacia nos juízos em que atuar como conciliador/mediador (art. 167 §5º). E para qualquer um há o impedimento de 1 ano de assessorar, representar ou patrocinar qualquer das partes (art. 172). Direito Processual Civil – AJAJ – TRF2 Aula 00 – Jurisdição Prof. Anderson de Oliveira Noronha www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Anderson de O. Noronha 21 Por fim, há a opção do tribunal criar quadro próprio, a ser preenchido por meio de concurso público de provas e títulos. Arbitragem Aqui as partes submetem o conflito a um terceiro de sua confiança,escolhido por elas, que o decidirá impondo sua decisão. É modalidade privativa dos direitos disponíveis, mas pode ser aplicada a contratos administrativos uma vez que há distinção entre interesse público primário (bem comum, indisponível) e secundário (interesse da administração). Ou seja, há casos em que os meios de cumprimento de determinada obrigação podem ser objeto de negociação, desde que não prejudiquem o interesse público primário. O próprio STJ já vem decidindo no sentido de que “Ao optar pela arbitragem o contratante público não está transigindo com o interesse público, nem abrindo mão de instrumentos de defesa de interesses públicos, Está, sim, escolhendo uma forma mais expedita, ou um meio mais hábil, para a defesa do interesse público”. MS 11.308 Na arbitragem, há afronta ao princípio da inafastabilidade? Não, pois se o próprio direito de ação é disponível, dependendo da vontade do interessado para se concretizar, também o exercício da jurisdição na solução do conflito o será. Por isso pode-se afirmar que a arbitragem tem natureza jurídica de equivalente jurisdicional (maioria). Há uma minoria que diz se caso de jurisdição privada, mas a discussão não tem quaisquer efeitos práticos. Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. § 1º É permitida a arbitragem, na forma da lei. Veja que pela dicção do CPC também se pode concluir que a arbitragem não é jurisdição, pois se ela fosse não haveria sentido no §1º em permitir uma forma que é jurisdicional, causando um conflito lógico com o caput. Reforça isso o art. 42, abaixo: Direito Processual Civil – AJAJ – TRF2 Aula 00 – Jurisdição Prof. Anderson de Oliveira Noronha www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Anderson de O. Noronha 22 Art. 42. As causas cíveis serão processadas e decididas pelo juiz nos limites de sua competência, ressalvado às partes o direito de instituir juízo arbitral, na forma da lei. Chegamos ao fim da nossa primeira aula, do primeiro passo na jornada rumo ao TRF-2. Obrigado por me confiar a única coisa que nenhum de nós pode ter de volta: o tempo. As aulas seguintes seguirão o padrão de serem diretas (em respeito ao seu tempo), com conteúdo gradativamente aprofundado e desenvolvimento lógico e concatenado. Bom estudo e que Deus te ilumine até o nosso próximo encontro! Direito Processual Civil – AJAJ – TRF2 Aula 00 – Jurisdição Prof. Anderson de Oliveira Noronha www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Anderson de O. Noronha 23 QUESTÕES PARA TREINO 1. (FCC/TJAL/2015 – Juiz Substituto) Em relação à jurisdição, considere os seguintes princípios e características: I. As únicas soluções possíveis para a lide são por meio da jurisdição e pelos mecanismos alternativos da autocomposição e da arbitragem. II. Pelo princípio da indeclinabilidade, a prestação jurisdicional não é discricionária e sim obrigatória para o Estado. III. Pelo princípio da inevitabilidade, tem-se que a jurisdição é atividade pública que cria um estado de sujeição às partes do processo. IV. Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e forma legais, é enunciado relativo ao princípio da indelegabilidade das atribuições típicas e refere-se à jurisdição contenciosa e voluntária. Está correto o que se afirma APENAS em a) I e IV. b) II e III. c) I, II e III. d) I, II e IV. e) III e IV. 2. (FCC/TRT-18/2014 – Juiz do Trabalho) É defeso ao Juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa da pedida, bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado. Esse enunciado normativo refere-se ao princípio processual da a) obrigatoriedade da jurisdição. b) eventualidade. c) inércia jurisdicional. d) adstrição ou congruência. e) reciprocidade decisória. Direito Processual Civil – AJAJ – TRF2 Aula 00 – Jurisdição Prof. Anderson de Oliveira Noronha www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Anderson de O. Noronha 24 3. (FCC/TRT-22/2010 – Analista Judiciário – Área Judiciária) A indeclinabilidade é uma característica a) da ação. b) da jurisdição. c) do processo. d) da lide. e) do procedimento. 4. (FCC/TJ-MS/2010 – Juiz de Direito) É princípio informativo do processo civil o princípio a) dispositivo, significando que o juiz não pode conhecer de matéria a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte. b) da inércia, significando que o processo se origina por impulso oficial, mas se desenvolve por iniciativa da parte. c) da congruência, significando que o juiz deve ser coerente na exposição de suas razões de decidir. d) da eventualidade, significando que as partes devem comparecer em todos os atos do processo, manifestando- se eventualmente. e) da instrumentalidade das formas, significando que o ato deve ser considerado em si mesmo, sem preocupações teleológicas. 5. (FCC/DPE-SP/2010 – Agente de Defensoria - Psicólogo) Um meio de resolução de controvérsias, referentes a direitos patrimoniais disponíveis, no qual ocorre a intervenção de um terceiro independente e imparcial, que recebe poderes de uma convenção para decidir por elas, sendo sua decisão equivalente a uma sentença judicial é denominado de a) Mediação. b) Arbitragem. c) Conciliação. d) Audiência. e) Avaliação. Direito Processual Civil – AJAJ – TRF2 Aula 00 – Jurisdição Prof. Anderson de Oliveira Noronha www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Anderson de O. Noronha 25 6. (FCC/TJPA/2009 – Analista Judiciário – Área Judiciária) Jurisdição é a) a faculdade atribuída ao Poder Executivo de propor e sancionar leis que regulamentem situações jurídicas ocorridas na vida em sociedade. b) a faculdade outorgada ao Poder Legislativo de regulamentar a vida social, estabelecendo, através das leis, as regras jurídicas de observância obrigatória. c) o poder das autoridades judiciárias regularmente investidas no cargo de dizer o direito no caso concreto. d) o direito individual público, subjetivo e autônomo, de pleitear, perante o Estado a solução de um conflito de interesses. e) o instrumento pelo qual o Estado procede à composição da lide, aplicando o Direito ao caso concreto, dirimindo os conflitos de interesses. Direito Processual Civil – AJAJ – TRF2 Aula 00 – Jurisdição Prof. Anderson de Oliveira Noronha www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Anderson de O. Noronha 26 GABARITO 1. B 2. D 3. B 4. A 5. B 6. C Direito Processual Civil – AJAJ – TRF2 Aula 00 – Jurisdição Prof. Anderson de Oliveira Noronha www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Anderson de O. Noronha 27 QUESTÕES COMENTADAS 1. (FCC/TJAL/2015 – Juiz Substituto) Em relação à jurisdição, considere os seguintes princípios e características: I. As únicas soluções possíveis para a lide são por meio da jurisdição e pelos mecanismos alternativos da autocomposição e da arbitragem. II. Pelo princípio da indeclinabilidade, a prestação jurisdicional não é discricionária e sim obrigatória para o Estado. III. Pelo princípio da inevitabilidade, tem-se que a jurisdição é atividade pública que cria um estado de sujeição às partes do processo. IV. Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e forma legais, é enunciado relativo ao princípio da indelegabilidade das atribuições típicas e refere-se à jurisdição contenciosae voluntária. Está correto o que se afirma APENAS em a) I e IV. b) II e III. c) I, II e III. d) I, II e IV. e) III e IV. Resposta: B. Item I errado. Apenas para exemplificar, a autotutela também põe fim à lide e é permitida em alguns casos no nosso ordenamento. Item II verdadeiro. Parte da doutrina vê este princípio, com exatamente esta descrição. Item III verdadeiro. O princípio da inevitabilidade, em um de seus aspectos, indica o estado de sujeição das partes ao processo. Item IV falso, pois trata do princípio da inércia e não do princípio da indelegabilidade. A indelegabilidade diz respeito à não transferência das funções jurisdicionais. Direito Processual Civil – AJAJ – TRF2 Aula 00 – Jurisdição Prof. Anderson de Oliveira Noronha www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Anderson de O. Noronha 28 2. (FCC/TRT-18/2014 – Juiz do Trabalho) É defeso ao Juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa da pedida, bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado. Esse enunciado normativo refere-se ao princípio processual da a) obrigatoriedade da jurisdição. b) eventualidade. c) inércia jurisdicional. d) adstrição ou congruência. e) reciprocidade decisória. Resposta: D. Como vimos acima, o princípio da adstrição ou congruência está relacionado ao princípio da inércia, e seu conteúdo pode ser descrito exatamente como está no comando da questão. 3. (FCC/TRT-22/2010 – Analista Judiciário – Área Judiciária) A indeclinabilidade é uma característica a) da ação. b) da jurisdição. c) do processo. d) da lide. e) do procedimento. Resposta: B. Simples e direta para quem estudou, a indeclinabilidade é uma característica da Jurisdição. 4. (FCC/TJ-MS/2010 – Juiz de Direito) É princípio informativo do processo civil o princípio a) dispositivo, significando que o juiz não pode conhecer de matéria a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte. b) da inércia, significando que o processo se origina por impulso oficial, mas se desenvolve por iniciativa da parte. Direito Processual Civil – AJAJ – TRF2 Aula 00 – Jurisdição Prof. Anderson de Oliveira Noronha www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Anderson de O. Noronha 29 c) da congruência, significando que o juiz deve ser coerente na exposição de suas razões de decidir. d) da eventualidade, significando que as partes devem comparecer em todos os atos do processo, manifestando- se eventualmente. e) da instrumentalidade das formas, significando que o ato deve ser considerado em si mesmo, sem preocupações teleológicas. Resposta: A. Na letra B ele troca a ordem, pois o processo se inicia por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial. Na letra C, congruência ou adstrição está ligado à decidir nos limites em que a demanda foi proposta. Os princípios da eventualidade e da instrumentalidade das formas veremos em aulas futuras, mas já adianto que o da eventualidade está ligado à manifestação do demandado na fase de contestação e o da instrumentalidade traz a ideia de que a forma não deve ser considerada em si mesmo, mas como um meio para se atingir determinado objetivo. 5. (FCC/DPE-SP/2010 – Agente de Defensoria - Psicólogo) Um meio de resolução de controvérsias, referentes a direitos patrimoniais disponíveis, no qual ocorre a intervenção de um terceiro independente e imparcial, que recebe poderes de uma convenção para decidir por elas, sendo sua decisão equivalente a uma sentença judicial é denominado de a) Mediação. b) Arbitragem. c) Conciliação. d) Audiência. e) Avaliação. Resposta: B. A descrição é da arbitragem. Não confundir com mediação ou conciliação, que têm participação de um terceiro mas sem poder de decisão. Direito Processual Civil – AJAJ – TRF2 Aula 00 – Jurisdição Prof. Anderson de Oliveira Noronha www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Anderson de O. Noronha 30 6. (FCC/TJPA/2009 – Analista Judiciário – Área Judiciária) Jurisdição é a) a faculdade atribuída ao Poder Executivo de propor e sancionar leis que regulamentem situações jurídicas ocorridas na vida em sociedade. b) a faculdade outorgada ao Poder Legislativo de regulamentar a vida social, estabelecendo, através das leis, as regras jurídicas de observância obrigatória. c) o poder das autoridades judiciárias regularmente investidas no cargo de dizer o direito no caso concreto. d) o direito individual público, subjetivo e autônomo, de pleitear, perante o Estado a solução de um conflito de interesses. e) o instrumento pelo qual o Estado procede à composição da lide, aplicando o Direito ao caso concreto, dirimindo os conflitos de interesses. Resposta: C. Não é faculdade, é poder. E tampouco é instrumento, como diz a letra E; ali o que está descrito está mais próximo à definição de processo do que de jurisdição. As outras letras nada têm a ver com jurisdição, tratando a letra A do poder de iniciativa e sanção do Poder Executivo, a letra B do Poder Legiferante, e a letra D do direito de ação.
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