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AULA 06 Filosofia e Ética

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Filosofia e Ética / Aula 6: Responsabilidade moral, determinismo e liberdade (Parte II)
Introdução
Nesta aula, estudaremos a interação dos homens no exercício do poder, dos negócios e das leis. Veremos que estamos todos sujeitos a limites impostos pelo Estado, pela Economia e pelo Direito.
Objetivos
 apresentar a reflexão teórica acerca de determinismo, livre arbítrio e liberdade de escolha.
Você lembra da aula passada? Nela, vimos diversos exemplos (como o do boxeador e da cleptomaníaca, entre outros) que demonstraram atos acerca da responsabilidade moral a partir da pressuposição de ausência tanto de coação externa em termos dos atos voluntários, quanto de coação interna no que concerne aos atos compulsivos ou involuntários. A responsabilidade só é desencadeada quando consideramos a existência de um ser humano livre, deliberando e agindo por conta própria.
Nesta aula veremos que os homens interagem no exercício do poder, dos negócios e das leis, estando sujeitos a limites impostos pelo Estado, pela Economia e pelo Direito.
Ficamos bem longe da ideia de que os homens têm o direito de exercer livremente sua vontade no campo moral: um grau parcial de autonomia marcaria os diversos comportamentos e relações humanas na vida em sociedade.
E é justamente esta graduação que nos permite refletir sobre a existência de ações nas quais, sob o peso de referências sociais, econômicas e jurídicas, tornamo-nos responsáveis moralmente por aquilo que escolhemos fazer, proporcionando-nos uma margem de liberdade ética.
Ou seja, mesmo possuindo o direito de se reger e governar por si mesmo, o sujeito moral só é capaz de agir em relação a si mesmo e aos outros na medida em que suas ações são determinadas por causas que se encontram no universo da sociedade, no estado das forças de produção e no mundo das leis.
Vamos ver um exemplo?
Exemplo!
Daniela é uma senhora que está na “melhor idade”. Aos 62 anos, ela é muito ativa, mas tornou-se viúva e seus filhos moram longe. Enfim, ela se sente sozinha morando em uma casa na qual só há um habitante.
Sua irmã, Tatiana, resolveu lhe presentear com um gato para fazer companhia, e Daniela ficou muito feliz com o presente. Passados alguns meses, Daniela e o gato eram inseparáveis, e ela adquiriu o hábito de levar o pequeno felino a todo lugar que ia.
Ao tentar entrar em um supermercado com seu gato, a funcionária Ariane, que trabalha no estabelecimento, barrou Daniela, dizendo: “neste recinto não é possível entrar com animais”. Daniela ficou indignada, pois alegou que nunca se separa de seu gato, e que se responsabilizaria por qualquer dano. Mesmo assim, Daniela foi impedida de entrar.
As determinações que incidem sobre a responsabilidade
Como vimos na tela anterior, logo no começo, o sujeito moral só é capaz de agir em relação a si mesmo e aos outros na medida em que suas ações são coagidas por determinadas causas, a saber:
Mas se reconhecemos três grandes determinações para nosso comportamento, em que sentido podemos afirmar que somos moralmente responsáveis? Como podem ser compatíveis a liberdade de escolha com limites sócio-econômico-jurídicos?
Liberdade Vs Necessidade
Duas grandes dimensões se opõem, a este respeito. Pois se estamos falando de um determinismo que nos leva a encontrar causas para guiar a vida em sociedade, o modo pelo qual agimos não é ordenado segundo nosso querer, mas conforme o que tem e não pode necessariamente deixar de ser: liberdade versus necessidade.
Sem analisarmos o sentido desta oposição, não podemos resolver o problema ético fundamental colocado pela responsabilidade moral. E é uma reflexão de tal porte que nos conduz a três posições filosóficas básicas:
Determinismo absoluto
Liberdade de escolha
Determinismo-liberdade
Determinismo absoluto
A primeira posição filosófica é representada pelo princípio de que tudo no mundo, inclusive na vida humana, é determinado necessariamente por causas específicas – o determinismo em sentido absoluto.
Estamos diante de três grandes reflexões sobre as relações entre liberdade e determinismo que marcam a reflexão sobre a responsabilidade moral:
O determinismo e sua incompatibilidade com a liberdade de escolha;
A liberdade pura de decidir e agir;
Uma conciliação entre determinismo (necessidade, no sentido de causas que determinam necessariamente) e a liberdade de escolha).
O determinismo
Para o determinismo, tudo o que existe no mundo tem necessariamente uma causa. Necessário significa tudo aquilo que não pode ser ou existir de outra maneira.
O determinismo opõe-se à contingência, o que pode ser ou não.
Exemplo!
Para acessar um exemplo, clique aqui.
Vamos assistir ao vídeo a seguir?
Fonte: https://youtu.be/L2uwGHiDlf0.
O matemático, físico e astrônomo francês Pierre-Simon Laplace (1749-1827) resumiu bem o valor do determinismo para as ciências da natureza no século XVIII, ao afirmar que “um calculador divino, que conhecesse a velocidade e a posição de cada partícula do universo num dado momento, poderia predizer todo o curso futuro dos acontecimentos na infinidade do tempo” (VÁZQUEZ:2002,121).
Leitura.
Para continuar lendo sobre determinismo, clique aqui.
A liberdade pura de escolha
Segundo esta posição, existiria uma esfera do comportamento humano que agiria independente de fatores causais; teríamos, assim, uma condição absoluta de liberdade, pela qual poderíamos decidir e agir. Inexistiriam forças que subjugassem completamente a nossa vontade: a liberdade apresentar-se-ia como um dado da experiência imediata ou uma esfera inquebrável, não sendo anulada por causas exteriores (mundo social) ou interiores (desejos, motivos ou caráter).
Vamos a um exemplo?
Exemplo!
Sandro é um jovem que sofreu um trágico acidente de carro, e quase morreu ao colidir. Ele era um atleta de alta performance, e o acidente praticamente tirou tudo que ele mais gostava de fazer: nadar.
No momento em que saiu do quarto, Sandro viu uma imagem que o abalou profundamente: uma cadeira de rodas. No mesmo momento em que viu tal objeto, tomou a decisão: não queria mais continuar vivendo.
Durante uma das diversas idas ao hospital, Sandro solicitou ao médico que o acompanhava que injetasse nele uma substância poderosa o suficiente para lhe tirar a vida. O médico imediatamente disse que não, que não poderia fazer isso. Sandro alegou que sim, pois deveria ter a liberdade de decidir se continua vivendo ou não.
A liberdade, neste sentido, manifestaria um poder de agir sem nenhuma outra causa que não fosse a própria existência desse poder. Um dos grandes defensores desta posição na filosofia foi Charles Renouvier (1815-1903), nascido em Montpellier, tendo estudado na Escola Politécnica de Paris.
Entre temáticas diversas desenvolvidas por sua reflexão, concentrou-se, do ponto de vista prático, numa forte defesa da liberdade contra qualquer espécie de determinismo.
Ao pensar na existência de pessoas concretas, Renouvier afirma que a moral converte-se numa ordem humana, em um ideal passível de ser alcançado, ainda que de modo aproximado. Para a concretização deste ideal, ele ressalta a influência da personalidade, entendida como “liberdade através da história” (FERRATER MORAd:1982,2843). Ela alicerçaria tanto a história quanto a moral.
O homem, assim, seria um agente livre, capaz de realizar-se historicamente, não sendo, apenas, alguém subjugado por uma série de momentos predeterminados. Seu pensamento afastar-se-ia da ideia de que o curso da vida humana está previamente fixado –“fatalidade na história” –, ou da idéia ilusória de progressos políticos, sociais e econômicos – “utopismo progressista”, como afirma Ferrater Mora (d,1982,2843):
"A fatalidade da história, assim como o utopismo progressista, são eliminados radicalmente [da] concepção [de Renouvier] que vê na liberdade pessoal a condição de progresso efetivo e concreto, assim como da moralidade."

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