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n. 5 – Determinantes: Regra de Cramer e Triangulação Podemos classificar um sistema linear de três maneiras: SPD – Sistema possível determinado: existe apenas um conjunto solução; SPI – Sistema possível indeterminado: existem inúmeros conjuntos solução; SI – Sistema impossível: não é possível determinar um conjunto solução. Algumas formas de resolução de um sistema de equações: escalonamento de um sistema linear regra de Cramer Classificação dos sistemas Possível - SP Impossível - SI Determinado SPD Indeterminado SPI REGRA DE CRAMER A regra de Cramer é um teorema em Álgebra Linear, que dá a solução de um sistema de equações lineares em termos de determinantes. Recebe este nome em homenagem a Gabriel Cramer (1704 - 1752). Só poderá ser utilizada na resolução de sistemas que o número de equações e o número de incógnitas forem iguais. Consiste num método para resolver um sistema linear normal: aquele em o determinante é diferente de zero. SPD ao resolvermos um sistema linear de n equações e n incógnitas para a sua resolução devemos calcular o determinante (D) da equação incompleta do sistema, substituir os termos independentes em cada coluna e calcular os seus respectivos determinantes e assim aplicar a regra de Cramer. Regra de Cramer: Observe o sistema linear: { 2 𝑥 − 𝑦 = 7 𝑥 + 5 𝑦 = −2 Resolução: a. Seja 𝐴 = [ 2 −1 1 5 ] a matriz dos coeficientes das incógnitas. b. Seja 𝐴𝑥 = [ 7 −1 −2 5 ] a matriz que se obtém a partir da matriz dos coeficientes substituindo a 1ª coluna (coeficientes de x) pelos termos independentes. c. Seja 𝐴𝑦 = [ 2 7 1 −2 ] a matriz que se obtém a partir da matriz dos coeficientes substituindo a 2ª coluna (coeficientes de y) pelos termos independentes. d. Os valores de x e y são dados pelas fórmulas (regra de Cramer): 𝑥 = 𝑑𝑒𝑡 𝐴𝑥 𝑑𝑒𝑡 𝐴 e 𝑦 = 𝑑𝑒𝑡 𝐴𝑦 𝑑𝑒𝑡 𝐴 e. Logo: det A = 10 + 1 = 11 det Ax = 35 – 2 = 33 det Ay = – 4 – 7 = – 11 𝑥 = 𝑑𝑒𝑡 𝐴𝑥 𝑑𝑒𝑡 𝐴 = 33 11 = 3 e 𝑦 = 𝑑𝑒𝑡 𝐴𝑦 𝑑𝑒𝑡 𝐴 = −11 11 = −1 Logo, x = 3 e y = –1 R: (3, –1) Exemplo: 1. Resolva os sistemas pela regra de Cramer: a. { 𝑥 + 2 𝑦 − 𝑧 = 0 3 𝑥 − 4 𝑦 + 5 𝑧 = 10 𝑥 + 𝑦 + 𝑧 = 1 Resposta: {(2, –1, 0)} b. { 𝑥 + 2 𝑦 + 𝑧 = 8 2 𝑥 − 𝑦 + 𝑧 = 3 3𝑥 + 𝑦 − 𝑧 = 2 Resposta: {(1,2,3)} Resoluções: a. calculamos o seu determinante que será representado por D. 𝐷 = [ 1 2 1 | 1 2 2 −1 1 | 2 −1 3 1 −1 | 3 1 ] Det = 1 + 6 + 2 + 3 – 1 + 4 Det = 15 b. devemos substituir os temos independentes na primeira coluna da matriz A, formando assim uma segunda matriz que será representada por Ax. 𝐴𝑥 = | 8 2 1 3 −1 1 2 1 −1 | c. calcularmos o seu determinante representado por Dx. 𝐷𝑥 = [ 8 2 1 | 8 2 3 −1 1 | 3 −1 2 1 −1 | 2 1 ] Dx = 8 + 4 + 3 + 2 – 8 + 6 Dx = 15 d. substituímos os termos independentes na segunda coluna da matriz incompleta formando a matriz Ay. 𝐴𝑦 = | 1 8 1 2 3 1 3 2 −1 | e. calcularmos o determinante Dy. 𝐷𝑦 = [ 1 8 1 | 1 8 2 3 1 | 2 3 3 2 −1 | 3 2 ] Dy = -3 + 24 +4 – 9 – 2 + 16 Dy = 30 f. substituindo os termos independentes do sistema na terceira coluna da matriz incompleta formaremos a matriz Az. 𝐴𝑧 = | 1 2 8 2 −1 3 3 1 2 | g. calculamos o determinante representado por Dz. 𝐷𝑧 = [ 1 2 8 | 1 2 2 −1 3 | 2 −1 3 1 2 | 3 1 ] Dz = - 2 + 18 + 16 + 24 – 3 – 8 = 45 Dz = 45 h. depois de ter substituído todas as colunas da matriz incompleta pelos termos independentes, iremos colocar em prática a regra de Cramer. i. A incógnita 𝑥 = 𝐷𝑥 𝐷 = 15 15 = 1 j. A incógnita 𝑦 = 𝐷𝑦 𝐷 = 30 15 = 2 k. A incógnita 𝑧 = 𝐷𝑧 𝐷 = 45 15 = 3 Portanto, o conjunto verdade desse sistema será V = {(1,2,3)}. TRIANGULAÇÃO, ESCALONAMENTO OU MÉTODO DE GAUSS Quando m e n são maiores que 3, torna-se muito trabalhoso utilizar a regra de Cramer, por isso utilizamos a técnica do escalonamento, que facilita a discussão e a resolução de qualquer sistema linear. Triangularizar uma matriz significa transformá-la em uma matriz triangular superior ou inferior através de eliminação de Gauss. Triangular uma matriz nada mais é do que aplicar o escalonamento. Dizemos que um sistema em que existe pelo menos um coeficiente não nulo em cada equação está escalonado se o número de coeficientes nulos antes do primeiro coeficiente não nulo aumenta de equação para equação. Teorema: O determinante da matriz triangular superior é o produto dos elementos das diagonais. Exemplo: { 𝑥 + 2 𝑦 − 𝑧 = 5 3 𝑦 + 2 𝑧 = 1 𝑥 + 𝑧 = 1 Primeiro construímos a matriz aumentada [ 1 2 −1 | 5 0 3 2 | 1 1 0 1 | 1 ] Depois temos que transformar essa matriz, numa matriz triangular superior [ 1 2 −1 | 5 0 3 2 | 1 1 0 1 | 1 ] 𝐿3 = 𝐿3 − 𝐿1 → [ 1 2 −1 | 5 0 3 2 | 1 0 −2 2 | −4 ] [ 1 2 −1 | 5 0 3 2 | 1 0 −2 2 | −4 ] 𝐿3 = 3𝐿3 + 2𝐿2 → [ 1 2 −1 | 5 0 3 2 | 1 0 0 10 | −10 ] Agora, como a matriz está escalonada, voltamos ao sistema: { 𝑥 + 2 𝑦 − 𝑧 = 5 3 𝑦 + 2 𝑧 = 1 𝑥 + 𝑧 = 1 → { 𝑥 + 2 𝑦 − 𝑧 = 5 3 𝑦 + 2 𝑧 = 1 10 𝑧 = −10 A partir do sistema escalonado temos: 𝑧 = −1 → 𝑦 = 1 → 𝑥 = 2 Portanto, a solução do sistema é: ( 2, 1, -1 ) SPD (sistema possível e determinado) Voltando a matriz escalonada, temos que o determinante da matriz escalonada é o produto da diagonal principal: [ 1 2 −1 | 5 0 3 2 | 1 0 0 10 | −10 ] Logo, det (matriz escalonada) = (1). (3). (10) = 30 Entretanto, como em um determinado passo multiplicamos a linha 3 por 3 para poder escalonar a matriz, então o determinante dessa matriz está multiplicado por 3, assim, para sabermos o determinante da matriz original, temos que dividir esse determinante por 3. Logo, 𝑑𝑒𝑡 (𝑚𝑎𝑡𝑟𝑖𝑧 𝑜𝑟𝑖𝑔𝑖𝑛𝑎𝑙) = 30 3 = 10 Como não houve troca de linhas, o determinante não muda de sinal. Relembrando A eliminação de Gauss é um método, segundo o qual é permitido efetuar 3 tipos de operações: 1) trocar linhas de lugar; 2) multiplicar uma linha por um número qualquer não-nulo; 3) somar a uma linha, outra linha multiplicada por um número qualquer não nulo. Na eliminação de Gauss, o determinante: muda de sinal quando trocamos as linhas de lugar, tantas vezes quantas forem as trocas; quando multiplicamos as linhas o determinante fica multiplicado por esse número. É preciso ver todas as multiplicações que foram feitas no escalonamento. Exercícios: 1. Calcule o determinante das matrizes utilizando o escalonamento: a. 𝐻 = [ 3 0 1 0 −2 0 2 0 0 1 0 1 0 −1 0 1 ] R: det (H) = - 16 b. 𝐽 = [ 2 −1 0 0 −1 2 −1 0 0 −1 2 −1 0 0−1 2 ] R: det (J) = 5 Resolução: 𝑎. [ 3 0 1 0 −2 0 2 0 0 1 0 1 0 −1 0 1 ] 𝐿2 = 3𝐿2 + 2 𝐿1 𝐿4 = 𝐿4 + 𝐿3 [ 3 0 1 0 0 0 8 0 0 1 0 1 0 0 0 2 ] 𝐿2 ↔ 𝐿3 [ 3 0 1 0 0 1 0 1 0 0 8 0 0 0 0 2 ] Det (H escalonada) = (3).(1).(8).(2) = 48 Como houve a multiplicação de uma linha por 3, então: Det (H) = (3).(1).(8).(2) = 48 3 = 16 Como houve uma troca de linha: det (H)= - 16 𝑏. [ 2 −1 0 0 −1 2 −1 0 0 −1 2 −1 0 0 −1 2 ] 𝐿2 = 2𝐿2 + 𝐿1 [ 2 −1 0 0 0 3 −2 0 0 −1 2 −1 0 0 −1 2 ] 𝐿3 = 3𝐿3 + 𝐿2 [ 2 −1 0 0 0 3 −2 0 0 0 4 −3 0 0 −1 2 ] 𝐿4 = 4𝐿4 + 𝐿3 [ 2 −1 0 0 0 3 −2 0 0 0 4 −3 0 0 0 5 ] Det (J escalonada) = (2).(3).(4).(5) = 120 Como houve a multiplicação de uma linha por 2, uma linha por 3, e outra linha por 4, então: Det (J) = 120 24 = 5 Como não houve uma troca de linha: det (J)= 5 2. Descubra os valores de x, y e z no sistema dado, pelo método do escalonamento: { 3𝑥 − 𝑦 + 𝑧 = 5 𝑥 + 𝑦 − 2𝑧 = 3 2𝑥 + 3𝑦 − 𝑧 = 7 a. Para primeira equação escolhemos a equação cujo coeficiente da primeira incógnita seja não nulo e se possível igual a 1 ou a – 1: { 𝑥 + 𝑦 − 2𝑧 = 3 3𝑥 − 𝑦 + 𝑧 = 5 2𝑥 + 3𝑦 − 𝑧 = 7 b. Anulamos os coeficientes da 1ª incógnita nas demais equações: { 𝑥 + 𝑦 − 2𝑧 = 3 3𝑥 − 𝑦 + 𝑧 = 5 2𝑥 + 3𝑦 − 𝑧 = 7 → −3 𝐿1 { −3𝑥 − 3𝑦 + 6𝑧 = −9 3𝑥 − 𝑦 + 𝑧 = 5 2𝑥 + 3𝑦 − 𝑧 = 7 → −3 𝐿1 + 𝐿2 { 𝑥 + 𝑦 − 2 𝑧 = 3 − 4 𝑦 + 7𝑧 = −4 2 𝑥 + 3 𝑦 − 𝑧 = 7 { − 2𝑥 − 2 𝑦 + 4𝑧 = −6 − 4 𝑦 + 7𝑧 = −4 2𝑥 + 3𝑦 − 𝑧 = 7 → −2 𝐿1 + 𝐿3 L1 . (-2) { 𝑥 + 𝑦 − 2𝑧 = 3 − 4 𝑦 + 7𝑧 = −4 𝑦 + 3𝑧 = 1 → 𝑡𝑟𝑜𝑐𝑎𝑚𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑙𝑢𝑔𝑎𝑟 𝑎 𝐿3 𝑐𝑜𝑚 𝑎 𝐿2 { 𝑥 + 𝑦 − 2𝑧 = 3 𝑦 + 3𝑧 = 1 −4 𝑦 + 7𝑧 = −4 → 4 𝐿2 { 𝑥 + 𝑦 − 2𝑧 = 3 4 𝑦 + 12𝑧 = 4 −4 𝑦 + 7𝑧 = −4 → 𝐿2 + 𝐿3 { 𝑥 + 𝑦 − 2 𝑧 = 3 𝑦 + 3 𝑧 = 1 19 𝑧 = 0 Logo, x = 2 y = 1 e z = 0 A solução do sistema é: S= {(2, 1, 0)} 3. Escalone e resolva os sistemas: a. { 2 𝑥 + 2𝑦 = 4 𝑥 − 3 𝑦 = 6 S= {(3 , - 1)} b. { 4 𝑥 − 2𝑦 = 34 𝑥 + 6 𝑦 = 2 S= {(8 , - 1)} c. { 𝑥 + 𝑦 = −4 3𝑥 − 2 𝑦 = 3 S= {(-1 , - 3)} d. { 2𝑥 + 𝑦 + 2𝑧 = 0 𝑥 + 𝑦 + 𝑧 = 1 𝑥 + 2𝑦 + 2𝑧 = 1 S= {(1, 2,-2)} Resoluções: 1. Escalone e resolva os sistemas: a. { 2 𝑥 + 2𝑦 = 4 𝑥 − 3 𝑦 = 6 { 𝑥 − 3𝑦 = 6 2𝑥 + 2𝑦 = 4 L1(-2) + L2 { 𝑥 − 3𝑦 = 6 8𝑦 = −8 S = {(3 , - 1)} b. { 4 𝑥 − 2𝑦 = 34 𝑥 + 6 𝑦 = 2 { 𝑥 + 6𝑦 = 2 4𝑥 − 2𝑦 = 34 L1(-4) + L2 { 𝑥 + 6𝑦 = 2 −26𝑦 = 26 S = {(8 , - 1)} c. { 𝑥 + 𝑦 = −4 3𝑥 − 2 𝑦 = 3 { 𝑥 + 𝑦 = −4 3𝑥 − 2𝑦 = 3 L1(-3) + L2 { 𝑥 + 𝑦 = −4 −5𝑦 = 15 S = {(-1 , - 3)} d. { 2𝑥 + 𝑦 + 2𝑧 = 0 𝑥 + 𝑦 + 𝑧 = 1 𝑥 + 2𝑦 + 2𝑧 = 1 { 𝑥 + 𝑦 + 𝑧 = 1 2𝑥 + 𝑦 + 2𝑧 = 0 𝑥 + 2𝑦 + 2𝑧 = 1 { 𝑥 + 𝑦 + 𝑧 = 1 −𝑦 = −2 𝑥 + 2𝑦 + 2𝑧 = 1 { 𝑥 + 𝑦 + 𝑧 = 1 𝑥 + 2𝑦 + 2𝑧 = 1 −𝑦 = −2 { 𝑥 + 𝑦 + 𝑧 = 1 𝑦 + 𝑧 = 0 −𝑦 = −2 S = {(1, 2,-2)} Referências Bibliográficas BOLDRINI, J. L. et al. Álgebra linear. São Paulo: Harper & Row, 1980. CALLIOLI, C. A. et al. Álgebra linear e aplicações. São Paulo: Atual, 1990. ANTON, H.; BUSBY, R. C. Álgebra linear contemporânea. São Paulo: Bookman, 2008. KOLMAN, B.; HILL, R. Introdução à álgebra linear com aplicações. 6ª ed. Rio de Janeiro: Prentice-Hall, 1998. LIPSCHUTZ, S. Álgebra linear. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1972. STEINBRUCH, A. e WINTERLE, P. Álgebra linear. São Paulo: Pearson-Makron Books, 2010. L1 troca com a L2 L1 (-2) + L2 L2 troca com a L3 L1 (-1) + L2
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