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3 Jurisdicao e competencia

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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO (PROF: MARCELO ARAUJO)	 03
UNIDADE IV - JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA:
1- Conceito:
a) Jurisdição – é uma das funções do Estado e inerente ao Poder Judiciário, tendo como objetivo solucionar os conflitos de interesses, ou seja, de declarar o Direito aplicável aos casos concretos submetidos ao Estado. Logo, a jurisdição atua quando se tem a violação dos direitos assegurados pelas normas jurídicas, em função de um conflito de interesses, que pressupõe a aplicação da lei ao caso concreto, por um Juiz, investido do poder concedido pelo Estado. Portanto, a jurisdição é a um só tempo: poder, função e atividade, sendo que a jurisdição trabalhista é exercida pelos órgãos (juízes e tribunais) da Justiça do Trabalho.
OBS:
1- Vide artigos 650, 674 e 690 da CLT e 112 da CF/88.
2- Princípios importantes sobre jurisdição:
a) Inafastabilidade – art.5º, XXXV, CF/88 (“a lei não excluirá do da apreciação do poder judiciário lesão ou ameaça de direito”).
b) Inércia- art. 2º NCPC (depende do interesse de alguém para provocá-la através da ação).
c) Investidura – função estatal, exercida por quem dela se ache legitimamente investido.
d) Indelegabilidade – a função jurisdicional é exercida pessoalmente por um Juiz, que não pode delegá-la a outrem. 
e) Aderência – a jurisdição pressupõe um âmbito territorial no qual pode e deve ser exercida.
f) Inevitabilidade – uma vez provocada, não é possível impedir validamente a prestação jurisdicional.
b) Competência – é a parte da jurisdição atribuída a cada Juiz, ou seja, a área geográfica e o setor do Direito em que vai atuar, podendo emitir decisões, ou seja, é a delimitação do poder jurisdicional (o limite da jurisdição). 
2- Competência da Justiça do Trabalho -- a Justiça do Trabalho é espécie da justiça especializada federal, pois atua especificamente no ramo do Direito do Trabalho, agindo sobre um determinado setor da ordem jurídica. Sua jurisdição alcança todo o território nacional, pois é órgão do Poder Judiciário Federal, sendo sua competência dividida em relação à matéria, as pessoas, ao lugar e funcional (artigos 114 da CF/88, 651/653, 659, 682 e Lei nº 7701/88).
A) Competência Ex Ratione Materiae (artigo 114 da CF/88) 
A competência em razão da matéria é delimitada em virtude da natureza da relação jurídica material deduzida em Juízo. A competência da Justiça do Trabalho foi significativamente ampliada pelo legislador constituinte derivado, na nova redação dada ao artigo 114 da Carta Política pela promulgação da Emenda nº 45, de 08.12.2004. Até então praticamente adstrita aos litígios envolvendo os sujeitos integrantes da relação de emprego (sentido estrito) ‑ empregados e empregadores ‑, a competência dos órgãos da justiça do Trabalho passou a alcançar litígios outros relacionados à relação de trabalho (sentido amplo), tais como: controvérsias entre sindicatos; controvérsias relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; mandados de segurança, habeas corpus e habeas data quando o ato questionado envolver matéria sujeita à jurisdição trabalhista, ações de dano moral decorrente da relação de trabalho, etc.
Estabelece a Constituição Federal que compete à justiça do Trabalho processar e julgar (art. 114):
a) as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de 	direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
b) as ações que envolvam exercício do direito de greve;
c) as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;
d)os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição;
e) os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, "o", CF;
f) as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho;
g) as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos 	empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho;
h) a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I “ a" e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir;
i) outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei (competência material derivada).
É importante destacar que a enumeração constitucional da competência da justiça do Trabalho não é exaustiva (numerus clausus), podendo o legislador ordinário ampliá-la, desde que a outorga de novas competências recaia sobre controvérsias decorrentes da relação de trabalho (CF, art. 114, IX).
Abaixo, exemplificativamente, temos algumas situações ou relações jurídicas que estão incluídas na competência da Justiça do Trabalho:
a) ações oriundas de relação de trabalho envolvendo entes de direito público externo - a partir da Constituição de 1988, restou solucionado o problema de trabalhadores brasileiros de órgãos subordinados a países estrangeiros, como as embaixadas. Antes da Carta atual, esses órgãos costumavam alegar incompetência da jurisdição trabalhista brasileira em razão do princípio da extraterritorialidade, o que não mais é cabível. A EC 45/2004 manteve a expressa menção aos entes de direito público externo no art. 114 da Constituição.
b) as questões envolvendo as pequenas empreitadas, de empreiteiros operários ou artífices; essa competência está prevista no art. 652, “a”, III, da CLT e, segundo a maioria dos doutrinadores, não foi prejudicada pela EC nº 45/2004.
c) as questões envolvendo o trabalho temporário- essa competência está prevista no art. 19 da Lei nº 6.019/1974 e permanece aplicável, não havendo incompatibilidade com a EC nº 45/2004.
d) as questões de trabalhadores avulsos – encontra-se expressa no art. 643, caput, da CLT, não tendo sido afastada pela EC 45/2004. Cabe lembrar que a Constituição de 1988, em seu art. 7º, XXXIV, conferiu "igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso".
e) executar, de ofício, as contribuições sociais previstas no art. 195, I, "a" e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir - essa competência foi acrescentada pela EC nº 20/1998; constava do § 3º do art. 114 e, agora, com a promulgação da EC nº 45/2004, está prevista no inciso VIII do art. 114 da Constituição.
f) as ações entre trabalhadores portuários e os operadores portuários ou o Orgão Gestor de Mão-de-Obra (OGMO) decorrentes da relação de trabalho - encontra-se expressa no art. 643, § 3º, da CLT, não tendo sido afastada pela EC 45/2004.
g) Os empregados de empresas públicas, de sociedades de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica serão regidos por lei especial, que irá fixar os seus regimes de trabalho (artigo 173, § 1º, II, CF/88). Enquanto inexistir a lei mencionada, os trabalhadores dessas empresas são regidos pela CLT, razão pela qual será de competência da Justiça do Trabalho resolver tais questões. O mesmo ocorre em relação aos empregados públicos de Fundações estaduais e municipais, cujo regime de trabalho seja celetista; competência prevista expressamente no art. 114, inciso I, da Constituição. A competência da justiça do Trabalho só alcança os agentes públicos celetistas, com relação jurídica funcional de índole contratual (empregados públicos, detentores de empregos públicos), não abrangendo os agentes públicos estatutários (servidores públicos, detentores de cargos públicos, efetivos ou comissionados).
h) As ações decorrentes das relações de emprego típicas, inclusive, danos morais pré contratuais (promessa de emprego-perda de uma chance); contratuais (durante a vigência do CT) e pós contratual (listas negras) – vide art. 144, VI, CF/88 e Súmula 392 do TST e das relações de trabalho (geralmente indenização por serviços prestados,danos morais e materiais, dentre outros).
i) As questões decorrentes de acidente do trabalho (conflito de competência nº 7.204/05 – STF), a partir de 31/12/2004.- Súmula Vinculante 22 - A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional no 45/04. 
Fonte de Publicação: DJe nº 232, p. 1, em 11/12/2009 e DOU de 11/12/2009, p. 1.
j) Cadastramento de PIS/PASEP (vide Súmula 300 do TST) e levantamento de FGTS e seguro-desemprego (VIDE SÚMULA 389 DO TST).
k) As questões envolvendo os servidores de cartório extrajudicial (vide artigo 236 da CF e Lei nº 8.935/94), pois a relação entre estes e os titulares de cartório é tipicamente de emprego.
l) Temos também a competência normativa prevista no § 2º do artigo 114 da CF/88, que vem a ser a competência que a Justiça do Trabalho tem de estabelecer regras e condições de trabalho (julgamento de Dissídios Coletivos); temos ainda a competência do MP para ajuizar DC, em casos de greve em serviços essenciais (§ 3º, art.114, CF).
m) Ações possessórias e Interdito Proibitório, decorrentes da relação de emprego - Súmula Vinculante 23 - A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada. Fonte de Publicação:DJe nº 232, p. 1, em 11/12/2009 e DOU de 11/12/2009, p. 1.
n) Meio ambiente do trabalho – art. 200, VII e art 7º, XXII e XXIII, da CF/88 (ações com causa de pedir alusiva ao meio ambiente do trabalho) – VIDE SÚMULA 736 DO STF.
o) Complementação de aposentadoria e previdência privada – entendimento divergente entre TST e STF (VIDE SÚMULAS 106, 326 E 327 DO TST).
p) Representação sindical, cobrança de contribuições Sindical, Confederativa e Assistencial e eleições sindicais – art. 114, III, CF/88.
OBS: 
1- A Justiça do Trabalho tem competência material executória para executar suas próprias decisões e para executar as contribuições previdenciárias.
2- A competência material da Justiça do trabalho engloba os diversos tipos de ações de conhecimento: declaratórias (ex: reconhecimento de vínculo empregatício e de estabilidade), condenatórias (ex: RT pretendendo o pagamento de indenização, por dispensa imotivada) e constitutivas (ex: Inquérito judicial contra empregado estável). Engloba ainda as ações cautelares (preparatórias ou incidentais) e de execuções (títulos judiciais –sentenças transitadas em julgado- ou extra-judiciais – termos de conciliação firmados perante as CCP).
3- Outros temas cuja competência é da Justiça do Trabalho: artigo 652 da CLT (estabilidade, indenização por dispensa imotivada, contrato de empreitada-vide art. 455 CLT-, outras controvérsias decorrentes do contrato de trabalho - ex. complementação de aposentadoria-, Inquérito para apuração e falta grave e ações dos trabalhadores portuários), ações possessórias (desde que decorrentes da relação de emprego), FGTS (Súmula nº 176 do TST), dentre outras..
4- Empregados Públicos (vide Lei nº 9.962/00) – permite que a Administração Federal Direta, Autárquica e Fundacional contratem servidores públicos pelo regime celetista. A Justiça do Trabalho é incompetente para julgar dissídios envolvendo empregados públicos federais, em decorrência do regime jurídico único instituído pela lei nº 8.112/90. Contudo, segundo o STJ (Súmula nº 97), no tocante as vantagens anteriores á instituição desse regime jurídico único, a competência será da Justiça do Trabalho.
Abaixo, também em caráter exemplificativo, temos algumas situações ou relações jurídicas que não estão inseridas na competência da justiça do Trabalho.
a) as lides de natureza previdenciária, que são solucionadas, na via 	administrativa, pelo INSS e, na via judicial, pela Justiça Federal, ou 	pela justiça Estadual, na hipótese de a comarca não ser sede de vara do juízo federal (CF, art. 109, § 32);
b) Matéria criminal, a não ser se for editada lei dispondo em tal sentido.
c) as controvérsias envolvendo servidores públicos estatutários, cuja competência é da justiça Federal (quando esses servidores forem federa is), ou da justiça Estadual (quando forem servidores estaduais ou municipais) - os servidores estatutários não possuem contrato de trabalho; a relação jurídica funcional existente entre o servidor e o ente público não é uma relação contratual; é uma relação legal, regida pelo Direito Administrativo.
*d) A relação de consumo, quando tem por objeto a prestação de serviços dos profissionais liberais e demais autônomos, em proveito de outrem - as ações sobre contratos de prestação de serviços autônomos, firmados entre o prestador de serviço, na qualidade de autônomo, e seus clientes, usuários dos serviços, são regidas pelo Direito do Consumidor ou Direito Civil (notadamente a defesa do cidadão na condição de consumidor de um serviço e não como prestador de um serviço), cabendo sua apreciação à Justiça Comum (inclusive, para aqueles que divergem deste entendimento). 
Súmula 363 do STJ: Compete à Justiça estadual processar e julgar a ação de cobrança ajuizada por profissional liberal contra cliente
OBS:
1- As questões decorrentes de prestação de serviços de profissionais liberais e demais autônomos – para alguns autores, as ações sobre pagamentos ajustados em contratos de prestação de serviços autônomos (firmados entre o prestador de serviço, na qualidade de autônomo, e seus clientes, usuários dos serviços), abrangem a relação de trabalho existente entre ambos, não se enquadradando na hipótese de relação de consumo, pois serviço, no âmbito da relação de consumo, é algo equiparado a mercadoria (vide art. 3º, § 2º, Lei nº 8078/90). Logo, seria incabível a equiparação de serviços profissionais liberais e demais autônomos (efetuados por pessoa física) a mercadoria. Cabe notar ainda que, na hipótese de um médico, dentista, advogado, contador etc. exercer atividade por conta alheia, presente a subordinação, caracterizando relação de emprego, a Justiça do Trabalho, sem qualquer dúvidas, é competente para apreciar as controvérsias decorrentes dessa relação, uma vez que esses profissionais estarão prestando serviços na condição de empregados, e não de trabalhadores autônomos. Neste sentido, temos o Enunciado 23 da 1ª Jornasda de Direito Material e Processual do Trabalho, realizada em 23/11/07 (cobrança de honorários advocatícios perante a Justiça do Trabalho). 
2- Segundo alguns doutrinadores que consideram a prestação de serviços autônoma como relação de consumo, numa relação de trabalho não pode aparecer como tomador de serviço o usuário final (cliente consumidor), mas sempre alguém que, utilizando do labor adquirido pela relação de trabalho, realiza sua função social perante os usuários finais. 
Ex: 
-Paciente x Clínica Dentária (relação de consumo, mediante a utilização de um dos trabalhadores: o dentista)
- Dentista x Clínica Dentária (relação de trabalho ou de emprego) 
3- Para alguns doutrinadores, no caso da prestação de serviços feita por advogado autônomo, mediante contrato de prestação de serviços regido pelo CC (art. 593/609), incide norma específica (Lei nº 8.906/94), inconfundível com atividades fornecidas no mercado de consumo, visto que a referida lei veda a prática de agenciamento, captação de clientela ou mercantilização de causas, itens próprios da relação de consumo (Lei nº 8.078/90).
4- Competência normativa da Justiça do Trabalho – art. 114, § 2º, CF/88
5- Vide IN 27 do TST
6- A incompetência em razão da matéria é de natureza absoluta, podendo ser declarada de ofício, independentemente de provocação das partes; porém, cabe ao Réu alegá-la antes de discutir o mérito (preliminar – art. 337, II do NCPC), podendo ainda ser declarada de ofício (artigo 485, § 3º, NCPC).
B) Competênciaem razão das pessoas:
As partes que podem demandar na Justiça do Trabalho, por força do artigo 114 da CF, são as seguintes: trabalhadores (com ou sem vínculo empregatício); sindicatos; entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; União; INSS e o Ministério Público do Trabalho. 
C) Competência Ex Ratione Loci (Artigo 651 da CLT) – os órgãos da Justiça do Trabalho estão distribuídos pelo território nacional, cabendo a cada um deles exercer o poder jurisdicional nos limites da circunscrição geográfica onde estão sediados. Geralmente, a competência territorial (em razão do lugar) originária é atribuída as Varas do Trabalho; no entanto, o TRT e o TST também tem competência originária para apreciar determinadas causa (ex: dissídio coletivo), além da competência recursal. 
b.1 - Regra Geral
Art. 651. A competência das Varas do Trabalho determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro - a competência em razão do lugar, ou territorial, é a determinação da Vara do Trabalho competente para apreciar e julgar os litígios trabalhistas no espaço geográfico de sua jurisdição. Ela é fixada, como regra geral, pelo último local da prestação de serviços do empregado (brasileiro ou estrangeiro), ainda que tenha sido contratado em outro lugar.
OBS: 
- Segundo Carlos Henrique Bezerra Leite, a regra do artigo 651 da CLT deve conferir a máxima efetividade aos princípios constitucionais que informam nosso ordenamento jurídico, tais como o do valor social do trabalho e da dignidade da pessoa humana (art. 1º, I ,III e IV da CF/88), da inafastabilidade da jurisdição (art. 5º, XXXv, CF/88), contraditório e ampla defesa (art. 5º, LV, CF/88) e da rápida duração do processo (art. 5º, LXXVIII, CF/88). Sendo assim, a interpretação do caput do artigo 651 da CLT deve facilitar ao litigante economicamente mais fraco o ingresso em Juízo sem prejuízo de sua defesa; logo, se o trabalhador tiver sido contratado e prestado serviços em outra localidade diversa pode ajuizar a ação no foro de seu domicílio, afirmando que não tem condições econômicas para se deslocar até o local da celebração do contrato ou da prestação de serviços.
b.2 – Agente ou Viajante Comercial
Art. 651, § 1º- Quando for parte no dissídio agente ou viajante comercial, a competência será da Vara da localidade em que a empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado esteja subordinado e na falta será competente a Vara da localização em que o empregado tenha domicílio ou a localidade mais próxima - neste caso, a competência é estabelecida pelo local onde o empregado (que neste caso, geralmente, trabalha em mais de um município) estiver subordinado a agência ou filial do empregador. Caso não exista filial ou agência e o empregado esteja subordinado somente a matriz, será competente a vara onde o empregado tenha domicílio (regra do artigo 70 do CC), ou a mais próxima de seu domicílio.
b.3 – Empregado brasileiro(nato ou naturalizado) trabalhando no estrangeiro
Art. 651, § 2º- A competência das Varas do Trabalho, estabelecida neste artigo, estende-se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em contrário - neste caso, a competência é estabelecida pelo local onde o empregador tenha sede ou filial no Brasil, ou no local da contratação. Para alguns doutrinadores, se a empresa não tiver qualquer tipo de representação no Brasil, não será possível interpor ação trabalhista no Brasil, pois nesse caso, não há como sujeitá-la a decisão de nossos tribunais, enquanto que outros entendem que deve ser aplicada a regra do artigo 21, I e II do NCPC (via carta rogatória). 
OBS:
- Súmula nº 207 TST (CANCELADA)– Conflito de leis trabalhistas no espaço (o direito material será o do local da prestação de serviços). VIDE LEI Nº 7064/82
b.4 – Empresas que promovem atividades fora do lugar do contrato
Art. 651, § 3- Em se tratando de empregador que promova realização de atividades fora do lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao empregado apresentar reclamação no foro da celebração do contrato ou no da prestação dos respectivos serviços - neste caso (que é uma exceção a regra geral contida no caput do artigo 651 da CLT), para alguns doutrinadores a interpretação contida no citado parágrafo deve ser interpretada restritivamente, sendo aplicada somente nos casos em que o empregador desenvolva suas atividades em locais incertos, eventuais ou transitórios. Exemplos: empresas que promovem atividades circenses, teatrais, feiras, exposições, desfiles de moda. Desta forma, poderá o empregado optar livremente em propor a ação no local que lhe convir, observando, dentre outras coisas, um menor gasto com deslocamento. 
	Outros doutrinadores entendem que empresas que, pela peculiaridade dos seus trabalhos, os serviços são prestados em várias localidades, será permitido o ajuizamento da ação no foro da celebração do contrato ou no da prestação de serviços, com o objetivo de facilitar a produção de provas e por medida de economia processual. EX: bancários, construção civil, reflorestamento, motoristas de ônibus de linhas intermunicipais, etc.
OBS:
1- Forma de argüição e prorrogação da competência em razão do lugar (incompetência relativa)- a incompetência relativa, ou de foro, deverá ser argüida pelo Reclamado em AIJ por meio de EXCEÇÃO (defesa indireta contra o processo) - Artigo 799/800 da CLT. Poderá ser apresentada de forma verbal ou escrita (art. 847, CLT), preferencialmente por escrito (para alguns, em peça separada), juntamente com a contestação em AIJ (vide art. 335 NCPC). Não havendo alegação de incompetência por parte do Reclamado, ocorrerá a prorrogação da competência (art. 65 do NCPC). 
2- Pelo NCPC, a incompetência absoluta ou a relativa serão alegadas como questões preliminares (vide artigos 64 e 337, II , do NCPC). 
3- Incabível o foro de eleição (artigo 63 do NCPC) no processo do trabalho. 
D) Competência funcional. 
	Diz respeito a distribuição das atribuições cometidas aos diferentes órgãos da Justiça do Trabalho, de acordo com a Constituição Federal, Leis e Regimentos Internos dos Tribunais.
a) Juízes das Varas do Trabalho – vide artigos 651/653 e 659 da CLT.
b) Juízes dos Tribunais Regionais – Regimento Interno; vide artigos 677/683, CLT.
c) Juízes do Tribunal Superior do Trabalho – Lei nº 7701/88 e Regimento Interno.
3- Conflito de Competência Positivo e Negativo:
	Conflito de competência (conflito de jurisdição, segundo a CLT, artigos 803/812 da CLT) é um incidente processual que ocorre quando dois órgãos judiciais proclamam-se competentes (conflito de competência positivo) ou incompetentes (conflito de competência negativo) para processar e julgar determinado processo, podendo ser argüido pelos Juízes, partes ou Ministério Público (artigo 805 da CLT), que deverá comprovar a existência do mesmo (artigo 807 da CLT).
	Os conflitos de competência são resolvidos pela CLT (art. 808) e artigos 102, I, o; 105,I; 108, I e 114, todos da CF. 
OBS:
1- Competência do STF- artigo 102, I, o, da CF/88 – competência para julgar os conflitos entre STJ e qualquer outro Tribunal, entre Tribunais Superiores ou entre os Tribunais Superiores e outros Tribunais.
2- Competência do STJ- artigo 105, I, da CF/88 – competência para julgar os conflitos entre quaisquer tribunais (exceção artigo 102, I, O, CF/88) e entre juízes vinculados a tribunais diversos (art. 105, I, d, CF/88).
3- Competência dos Tribunais Regionais Federais - julgar os conflitos entre Juízes federais vinculados ao Tribunal (art. 108, I, e, CF/88).
4- Em virtude de hierarquia, não se configura conflito de competência entre TRT e VT a ele vinculada (vide Súmula 420 do TST)
5- Exemplos de tipos de conflitos e o tribunal competente para decidiro conflito:
a) VT x Juízes de Direito – STJ (art. 105, I, d, CF/88) ou STJ (Súmula nº 180, STJ).
b) VT x VT (mesma região) – TRT (art. 114, V, CF e 105, I, d, CF/88- a contrário sensu, a expressão “ juízes vinculados a tribunais diversos) e VT x VT (diferentes regiões - ex: RJ x SP ) – TST (art. 114, V, CF) 
c) Entre TRT`S – TST (art. 114, v, CF)
d) VT x Juízes de Direito ou Federais – STJ (art. 105, I, d, CF/88)
e) TST x Juízes de Direito ou Federais – STF (art. 102, I, o, CF/88)
f) STJ x TST – STF (art. 102, I, o, CF/88)
g) TRT x TST – STF (mera hierarquia ou art. 102, I, O, CF/88) 
h) TRT x TRF ou TJ – STJ (art. 105, I, d, CF/88).
4- Modificação da competência
	A competência da Justiça do Trabalho pode ser modificada através de:
a) Prorrogação – vide artigo 65 do NCPC (competência relativa).
b) Conexão (art. 55 do NCPC) – pedido ou causa de pedir comum entre duas ou mais ações. 
c) Continência (art. 56 do NCPC) – identidade de partes e da causa de pedir entre duas ou mais ações, mas o objeto de uma é mais amplo que de outra.
d) Prevenção (artigoS 58 e 59 do NCPC) – o registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo (regra que já era adotada no processo do trabalho).
OBS:
- Vide artigo 286 do NCPC – Distribuição por dependência
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