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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO (PROF: MARCELO ARAUJO)	 08
UNIDADE X – PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
1- AÇÕES ESPECIAIS - a competência da Justiça do Trabalho é determinada pelo art. 114 da CF/88, esclarecendo que “outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho” podem ser objeto de ação própria naquela Justiça Especializada, o que pode dar ensejo à aplicação de procedimentos especiais, previstos na CLT e no CPC (vide artigo 769 CLT).
A CLT, no tocante aos dissídios individuais, praticamente não prevê procedimentos especiais, com exceção do inquérito para apuração de falta grave (art. 853 CLT) e uma leve referência a Ação Rescisória (art. 836 CLT). Diante do fato de que alguns direitos materiais necessitam de procedimentos especiais para a exteriorização da relação processual e, principalmente, pela flagrante da omissão da CLT quanto a esses procedimentos especiais, temos à aplicação subsidiária do CPC (artigo 769), no tocante a utilização de alguns procedimentos especiais, compatíveis com o processo do trabalho, dentre os quais se destacam:
A) INQUÉRITO JUDICIAL PARA APURAÇÃO DE FALTA GRAVE (ARTIGOS 853/855 da CLT) - É uma ação trabalhista (natureza constitutivo-negativa) que, diante da falta grave cometida por empregado estável, permite ao empregador pleitear em Juízo a rescisão motivada do contrato de trabalho. Tem origem na Lei Eloy Chaves (Decreto nº 4.682/23), a qual permitia a dispensa dos ferroviários que tivessem dez anos de trabalho para a mesma empresa, mediante inquérito administrativo para apuração de falta grave. 
a.1) Beneficiários 
a) Estabilidade decenal (art. 492 e 494, CLT).
b) Dirigente sindical (art. 543, § 3º, CLT, artigo 8º,VIII, CF/88 e Súmulas nº 369 e 379 do TST).
c) Empregado eleito para o cargo de diretor em sociedade cooperativa (art. 55 da Lei nº 5.764/71).
d) Representante Conselho Curador do FGTS (art. 3º, § 9º, Lei nº 8.036/90).
e) Representante no Conselho Nacional de Previdência Social (art 3º, § 7º, Lei nº 8.213/91).
f) Membro do Conselho deliberativo das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (art. 12, caput e § 1º, Lei nº 108/01).
g) Membros da CCP (art. 625-B, § 1º, CLT – discutida pela doutrina).
h) Empregado Público Estável (art. 19 ADCT).
OBS:
1- Servidor Público – vide artigo 41 da CF, EC nº 19/98 e Súmula nº 390 do TST.
2- Segundo Vólia Bonfim, após a CF/88 não é mais necessário o ajuizamento do IJ, pois o artigo 8º, VIII não reproduziu literalmente o artigo 543, §3º da CLT, suprimindo a parte final deste artigo “devidamente apurada nos termos desta consolidação”, de forma proposital, face a extinção do regime da estabilidade decenal; porém, o TST entende de forma diversa – vide Súmula nº 379 do TST:
a.2) Características – é uma ação proposta por escrito pelo empregador (Requerente) em face do empregado estável (Requerido), com base no artigo 853 da CLT, visando rescindir o contrato de trabalho, sendo permitida a cada parte arrolar até 06 testemunhas (art. 821, CLT). 
a.3) Procedimentos e prazos – o empregador poderá suspender o empregado até a decisão final do processo (art. 494 CLT). A partir da data de suspensão do empregado, o empregador terá o prazo decadencial de 30 dias para ingressar com o inquérito judicial (Súmula 403 do STF e Súmula nº 62 do TST), respondendo pelo pagamento de salários do empregado desde o afastamento até o ajuizamento da ação (art. 855 CLT).
OBS: em caso de ausência de suspensão, o IJ deverá ser interposto imediatamente, sob pena de ocorrência de perdão tácito do empregado. 
a.4) Audiência – será observado procedimento contido nos artigos 843/852 da CLT.
a.5) Efeitos da sentença:
I- Sentença procedente – provada a falta grave (ônus do empregador, art. 818 CLT c/c art 373, CPC), o contrato de trabalho é extinto pela decisão judicial de natureza constitutiva, a partir da data da suspensão (para alguns doutrinadores, a partir do ajuizamento da ação), sendo considerado um novo contrato de trabalho, a partir da suspensão. No caso de ausência de suspensão, o contrato é extinto na data da propositura da ação.
II- Sentença improcedente – não sendo provada a falta grave, o empregado estável terá o prosseguimento normal do seu contrato de trabalho, caso não tenha sido suspenso. Em caso de suspensão, o empregado será reintegrado ao serviço e terá direito aos salários e outras vantagens pecuniárias do período (art. 495 CLT), inclusive, a contagem do tempo de serviço. Em caso de descumprimento, por parte do empregador, da determinação judicial (reintegração), será aplicada multa diária (art. 729 CLT c/c art. 537 do CPC).
OBS: Conversão da reintegração em indenização – art. 496 CLT e Súmula 396 do TST.
B) AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO (ARTIGOS 334/ 345 CC E 539/549 CPC C/C ART. 769 CLT) - é uma ação proposta pelo devedor ou terceiro (consignante – o autor) em relação ao credor para extinguir a obrigação de entregar determinada quantia ou coisa ao credor (consignado – o réu). No processo do trabalho, geralmente, tem o objetivo de exonerar o empregador da mora no pagamento de determinadas verbas (vide art 477, § 8º, CLT) e dos juros respectivos.
b.1) Cabimento – a ACP mantém estreito relacionamento com o Direito Civil, notadamente, os artigos 334 e seguintes, sendo regulam as hipóteses de cabimento da ação. Já o rito procedimental, está previsto nos artigos 539 e seguintes do CPC.
b.2) Hipóteses mais comuns no processo do trabalho:
a) Empregado dispensado sem justa causa e não quer receber as verbas resilitórias ou dar quitação (art. 335, I, CC).
b) Empregado deixa de comparecer ao local de trabalho para receber seus salários (art. 335, II, CC).
c) Empregado torna-se incapaz, é declarado ausente ou muda-se para local incerto ou não sabido (art. 335, III, CC).
d) Dúvida sobre quem pode receber as verbas devidas ao empregado falecido (art. 335, IV, CC).
e) Litígio entre empregado e seu credor por alimentos (art. 335, V, CC).
b.3) Modalidades:
I- Consignação extrajudicial (art. 539, parágrafos 1º/4º do CPC) – na hipótese de obrigação em dinheiro, o devedor poderá efetuar o depósito em estabelecimento bancário oficial, situado no lugar do pagamento, em conta com correção monetária, devendo o credor ser cientificado por carta com aviso de recepção dos valores depositados e para que manifeste sua recusa em 10 dias. Em caso de inexistência de manifestação do credor, o devedor ficará liberado da obrigação, ficando a quantia depositada a disposição do credor. Havendo recusa por escrito do credor, o devedor deverá ingressa com a ACP, no prazo de 30 dias, sob pena do depósito perder seu efeito. Porém, no âmbito trabalhista há uma grande resistência doutrinária e jurisprudencial sobre o cabimento deste tipo de consignação, em função das peculiaridades do processo do trabalho (art. 477, § 1º e 2º da CLT).
II- Consignação judicial (art. 539 e seguintes, CPC) 
a) Competência – regra do artigo 651 da CLT.
b) Petição inicial e contestação – a petição inicial deverá obedecer a disposição contida no artigo 542 do CPC (requerimento de depósito da quantia ou coisa devida, efetivada no prazo de 05 dias contados do deferimento), c/c as regras do processo do trabalho; no caso de recusa da consignação extrajudicial, deverá o consignante juntar a prova do depósito e da recusa (art. 539, § 3º, CPC). O Consignado será citado para levantar o depósito ou oferecer defesa, na forma do artigo 847 da CLT (em AIJ), observando-se os motivos contidos no artigo 544, do CPC.
c) Rito e Audiência – adaptando a regra do CPC ao processo do trabalho, realizado o depósito será designada AIJ (sem realização do depósito, o processo será extinto sem resolução do mérito – art. 485, IV, CPC), sendo o consignado notificado para levantá-lo (neste caso, o depósito é liberado mediante alvará judicial e declarada extinta a obrigação) ou oferecer defesa (art. 847 da CLT); havendo defesa, observa-se daí em diante a regra do ritoordinário da CLT (vide artigos 545/548 do CPC).
d) Reconvenção – contestada a ACP, esta passa a ter o rito comum (ordinário), cabendo assim a reconvenção, atendidos os requisitos do artigo 343 do CPC (conexão com a ação principal ou com o fundamento da defesa), devendo ser apresentada em peça autônoma (art. 343 do CPC). VIDE OS PARÁGRAFOS DO ARTIGO 343 DO CPC
OBS:
1- A redação do artigo 545, § 2º, do CPC elimina a necessidade de reconvenção em caso de insuficiência de depósito, pois a sentença da ACP passou a ter cunho declaratório e condenatório.
 
e) Efeitos da sentença: não sendo ofertada defesa, será aplicada revelia, sendo declarada extinta a obrigação. Caso o consignado receba e dê quitação, o processo será extinto com resolução de mérito (art. 487, II, CPC). Se a sentença concluir pela insuficiência do depósito (que pode ser complementado pelo consignante em 10 dias – vide artigo 545 do CPC), será determinado o valor devido ou então será apurado o respectivo valor em liquidação de sentença, sendo facultado ao credor promover a execução do julgado (vide artigo 545 e parágrafos, CPC).
C)- MANDADO DE SEGURANÇA – surgiu na CF/34, para defesa de “direito certo e incontestável ameaçado ou violado por ato manifestamente inconstitucional ou ilegal de qualquer autoridade”, sendo adotado, inicialmente, o rito do habeas corpus, em função de inexistência de norma regulamentadora (surgida somente em 1936, enumerando as situações de cabimento do *Writ e fixou seu prazo). 
OBS: WRIT- * documento pelo qual o Juiz expede uma ordem para que alguém realize um ato ou se abstenha de fazê-lo.
a) Conceito – segundo Renato Saraiva, o MS é “o instrumento, constitucionalmente previsto, que pode ser utilizado por pessoa, física ou jurídica, ou mesmo por ente despersonalizado com capacidade processual, objetivando a proteção de direito individual ou coletivo, líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, toda vez que esse direito for lesionado ou ameaçado por ato de autoridade pública ou de agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público”.
b) Cabimento e prazo - atualmente, o MS (individual e o coletivo) encontra suporte jurídico no artigo 5º, LXIX e LXX da CF/88:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: 
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;
	O MS é regulado pela Lei nº 12.016/09, que prevê, em seu artigo 1º., que será concedido MS para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça. 
	O direito de requerer o MS (art. 23, Lei nº 12.016/09) extingue-se no prazo de 120 dias contados da ciência do ato impugnado, pelo interessado (prazo decadencial).
c) Competência – o Writ será processado na Justiça do Trabalho, quando o ato ilegal for praticado por autoridade desta Justiça Especializada (vide art. 114, IV, CF/88).
c.1- Competência originária – Vara do Trabalho (ex. ato de auditor fiscal e de membros do MPT), TRT (ex. ato de Juiz da VT) e TST (ex. ato de Desembargador do TRT – vide Lei nº 7.701/88), conforme a autoridade envolvida.
c.2 - Competência recursal – do tribunal imediatamente superior.
d) Processamento e hipóteses mais comuns no processo do trabalho – o processamento do MS está previsto na Lei nº 12.016/09; o Writ, para ser admitido, deve atender condições específicas, cabendo ao impetrante demonstrar, de imediato, o direito líquido e certo violado (fatos) e a ilegalidade ou abuso de poder praticados pela autoridade pública, que devem ser comprovados de imediato (prova documental – vide Súmula nº 415 do TST), como por exemplo: liminar em ação de reintegração no emprego; tutela antecipada em RT; penhora em crédito do devedor; cerceamento de direito de defesa da parte; inadmissibilidade de Agravo de Instrumento; proibição imotivada de retirada de autos do cartório, por advogado devidamente constituído, penhora em bem público (vide artigo 100/CF), dentre outros.
	 Segundo o artigo 5º da Lei nº 12.016/09, não cabe MS em ato que caiba recurso administrativo com efeito suspensivo; de despacho ou decisão judicial que tenha recurso previsto na legislação processual vigente, de decisão judicial transitada em julgado ou que possa ser atacada via ação correicional (correição parcial – cabível nos casos de decisão ou despacho que contenha erro ou abuso, capaz de tumultuar a ordem processual e que não tenha recurso específico para sanar o error in procedendo – prevista nos Regimentos Internos dos Tribunais e na CLT – art. 682 e 709). 
- Vide Súmulas 33, 201, 397, 414, 415, 416, 417, 418 e 419 do TST
D) AÇÃO RESCISÓRIA 
d.1 – Cabimento e prazo – prevista no artigo 836 da CLT, trata-se de uma de uma ação de conhecimento especial que tem por objetivo a preservação da ordem jurídica positiva e tem natureza constitutivo- negativa, desconstituindo, assim, a coisa julga material. A ação rescisória é um meio autônomo de impugnação, dando origem a uma relação processual distinta daquela em que fora proferida a decisão que ora se está atacando, haja vista que não é arrolada no rol de recursos e exige-se o trânsito em julgado. Suas hipóteses de cabimento estão previstas no artigo 966 do CPC e o prazo para ajuizamento da ação rescisória é de 2 anos decadenciais e passa a fluir do trânsito em julgado e conta-se do dia imediatamente subsequente ao trânsito em julgado da última decisão proferida nos autos (artigo 975 do CPC Súmula 100 do TST), não estando sujeito a suspensão nem interrupção, por se tratar de ação constitutiva.
d.2 – Decisões rescindíveis e legitimidade: sentença ou acórdão (de mérito) e acordos judiciais (artigo 831, PU e Súmulas 100 e 259 do TST), sendo partes legítimas para a propositura da AR as partes, terceiro juridicamente interessado, MPe aquele que não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção (artigo 967 do CPC).
d.3 – Suspensão do cumprimento da decisão rescindenda: d.1 – segundo o artigo 969 do CPC, a propositura da ação rescisória não impede o cumprimento da decisão rescindenda, ressalvada a concessão de tutela provisória (VIDE SÚMULA 405 DO TST).
d.4 – Competência – a competência originária é dos tribunais (VIDE SÚMULA 192 DO TST) e a competência recursal será do tribunal imediatamente superior.
d.5 - Petição inicial e depósito prévio – os requisitos da petição inicial seguem a regra do artigo 319 do CPC (requisitos essenciais) e do artigo 968 do CPC (requisitos específicos) . Será indeferida nos casos previstos no artigo 330 do CPC e ainda quando não for efetuado o depósito prévio de 20% (vinte por cento) previsto no artigo 836 da CLT e artigo 969, § 3, do CPC.
d.6 – Revelia e confissão : -a revelia na AR não produz confissão ficta (artigo 844 da CLT), pois não há audiência com o Relator nem presunção juris tantun do artigo 344 do CPC (VIDE SÚMULA 398 DO TST)
OBS: 
- Vide artigos 970/975 do CPC
- Vide súmulas 83, 99, 100, 158, 192, 259, 299, 303, 365, 397, 398, 399, 400, 401, 402,403, 404, 405, 406, 407, 408, 409, 411 e 425.
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