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EPIDEMIOLOGIA Aula 1

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EPIDEMIOLOGIA
Aula 1: Introdução à Epidemiologia
A importância a respeito do conhecimento epidemiológico sobre as práticas de prevenção de doenças e promoção de saúde e sobre o modo de vida contemporâneo foi determinante para a consolidação da Epidemiologia como a principal ciência da informação em saúde.
partir de agora, você está convidado a fazer uma viagem de volta no tempo. Você conhecerá a história da Epidemiologia e seus pioneiros. Nessa trajetória, você observará as profundas transformações da sociedade que acompanharam a evolução e consolidação da Epidemiologia como ciência.
Um pouco de história
Hipócrates (a.C. 460 a 377 a.C.), o pai da Medicina, é considerado o precursor da Epidemiologia, devido aos seus relatos sobre as epidemias. Hipócrates não se limitava a analisar o paciente em si, mas possuía uma visão holística demonstrando antecipadamente um raciocínio epidemiológico. Analisava as doenças de forma racional como produtos da relação dos indivíduos com o ambiente e com a maneira de viver. No tratado  de Ares, águas e lugares, um dos mais antigos do corpus hippocraticum, Hipócrates discutiu os fatores ambientais ligados às doenças, defendendo um conceito ecológico de saúde-doença. Daí surgia a Teoria Miasmática, que sustentava a ideia de que regiões insalubres eram capazes de provocar doenças. O Renascimento foi um movimento importante para o resgate dos elementos filosóficos, estéticos e ideológicos mais avançados da cultura greco-latina. O pensamento renascentista propiciou as bases para uma compreensão racional da realidade resultando na constituição das ciências modernas. A partir dessa nova visão de mundo, “explodiu”, entre os séculos XVI e XVIII, a necessidade da produção de conhecimento em todos os saberes. É justamente nesse contexto que as raízes históricas de todas as ciências contemporâneas podem ser identificadas. O impacto dessa “explosão do saber” na constituição da ciência epidemiológica é notável.
Mas, você sabe o que é Epidemiologia? A palavra é formada pela junção do prefixo epí- (em cima de, sobre) com o radical -demos significando povo. O sufixo -logos também vem do grego que corresponde a estudo, doutrina. Etimologicamente, a palavra Epidemiologia significa “ciência do que ocorre sobre o povo”. Existem várias definições para o termo. O conceito original se restringia ao estudo de doenças transmissíveis, entretanto, houve uma evolução passando a abranger todos os eventos relacionados à saúde da população. Segundo Rouquayrol (1999) Epidemiologia é a ciência que estuda o processo saúde-doença em coletividades humanas, propondo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças. Enquanto a abordagem clínica se dedica ao estudo da doença no indivíduo, a Epidemiologia estuda os problemas de saúde em coletividades humanas. A Epidemiologia se constitui na principal fonte de informação em saúde e é considerada a ciência básica da Saúde Coletiva. Até mais do que uma ciência! Trata-se de uma verdadeira “aventura” do espírito humano, em uma busca incessante por respostas sobre as mais variadas questões que transcendem a ciência e encontram-se inseridas em diversos campos de saberes, sendo orientadas por demandas filosóficas, morais, políticas e outras. 
As principais aplicações da Epidemiologia são: Investigação etiológica; Determinação de riscos; Aprimoramento na descrição de quadro clínico; Determinação de prognósticos e diagnósticos de Doenças Infectocontagiosas (DIC) e Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT); Uso nos serviços de saúde: vigilância epidemiológica, estudos de situação de saúde, e avaliações dos serviços, ações e programas de saúde vigentes.
Tipos de saúde
Por ser muito importante para os estudos Epidemológicos a atuação da saúde é dividida em dois tipos:
A Saúde Pública está relacionada a um campo de saberes e práticas baseado na intervenção técnica e política do Estado, cujas práticas voltam-se tanto para o individual quanto para o coletivo (Pires Filho, 1987).
A Saúde Coletiva “é a ciência que evita doenças, prolonga a vida e desenvolve a saúde física, mental e a eficiência, através de esforços organizados da sociedade, para o saneamento do meio ambiente, o controle de infecções entre as pessoas, a organização de serviços médicos e paramédicos para diagnóstico precoce e o tratamento preventivo de doença, e o aperfeiçoamento da máquina social que assegurará a cada individuo, dentro da sociedade, um padrão de vida adequado à manutenção da saúde” (Winslow citado por Rouquayrol, 1999). A Saúde Coletiva investiga as seguintes: estado de saúde ou condições de saúde de grupos populacionais específicos; 
serviços de saúde (do posto de saúde ao hospital especializado); 
saber sobre a saúde, as relações entre o saber "científico" e as concepções e práticas populares de saúde, influenciadas pelas tradições, crenças e cultura de modo geral.
O lugar da Epidemiologia no campo da Saúde Coletiva: A Saúde Coletiva se estrutura sobre um campo disciplinar: a Epidemiologia; um campo de ação tecnológica: o planejamento e gestão em saúde, e um campo de prática social: a promoção da saúde.
Epidemiológico de risco
Atualmente, com a emergência das doenças crônicas não transmissíveis e com a reemergência de outras que até então estavam supostamente erradicadas, o objeto, ou seja, a base da moderna Epidemiologia tem sido construída através do conceito de risco. No senso comum risco significa perigo, logo, tem um sentido negativo, já na Epidemiologia o conceito de risco pode ter tanto um sentido positivo quanto negativo, pois está associado à probabilidade de ocorrência de algum evento. Portanto, pode estar relacionado a algo positivo, como por exemplo, as chances de cura ou recuperação de uma doença. Risco é o correspondente epidemiológico do conceito matemático de probabilidade.
Assim, risco é definido, segundo o professor Naomar de Almeida Filho (2006), como: “a probabilidade de ocorrência de uma doença, agravo, óbito ou condição relacionada à saúde (incluindo cura, recuperação ou melhora) em uma população ou grupo, durante um período de tempo determinado”. O conceito epidemiológico de risco implica relações de ocorrência de saúde-doença em massa, envolvendo grande número de indivíduos, agregados em sociedades, coletividades, grupos demográficos, classes sociais ou outros coletivos humanos.
Tríade
A ciência epidemiológica é formada por três elementos :
Clínica Médica - Trata dos saberes sobre saúde e doença.
Estatística - Trata das diretrizes metodológicas quantitativas.
Medicina Social - Trata das práticas de transformação da sociedade.
Cronologia
1960 – 1970 - Entre os anos 1960 e 1970, houve uma verdadeira revolução na Epidemiologia com a introdução da computação eletrônica. Pode-se dizer que houve uma forte “matematização” da área. Por outro lado, John Cassel (1915-1978) também contribuiu significativamente na sistematização do conhecimento epidemiológico com a teoria compreensiva da doença, fruto da integração dos fundamentos socioantropológicos na saúde.
1980 - A Epidemiologia clínica se consolidou na década de 1980, trazendo como principal consequência o afastamento do contexto coletivo. Dava-se maior ênfase à identificação dos casos e à avaliação da eficácia terapêutica, constituindo a chamada Medicina Baseada em Evidências. Entretanto, na Europa e na América Latina surgiam abordagens mais críticas da Epidemiologia em resposta a essa tendência de “biologização” da Saúde Pública, reafirmando a influência dos determinantes sociais da saúde no processo saúde-doença. Nessa década, novos desafios surgiram: doenças antigas reapareceram e novas enfermidades despontaram. As chamadas doenças emergentes destacando, nesse contexto, a pandemia da SIDA ou AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida).
1990 - Nos anos 1990, observamos as novas tendências na Epidemiologia passando a ser aplicada por níveis de determinação, desde abordagens moleculares até uma Etnoepidemiologia. As interfaces entre aEpidemiologia e a Antropologia passaram a chamar a atenção.
Atualidade - Atualmente, a Epidemiologia encontra-se inserida nos mais variados contextos com inúmeras interfaces disciplinares. Observamos claramente as aplicações da Epidemiologia às diversas fases do ciclo da vida, aos diversos tipos de problemas de saúde (Epidemiologia da AIDS, das doenças infecciosas, das doenças cardiovasculares, do câncer, Epidemiologia nutricional, das violências, do uso de substâncias psicoativas, em saúde mental, em saúde bucal, na saúde do trabalhador, entre outras aplicações) e aos sistemas de saúde.
Os principais objetivos da Epidemiologia são: Descrever a distribuição e a magnitude dos problemas de saúde nas populações humanas; Proporcionar dados para planejar, executar e avaliar ações de prevenção, controle e tratamento das doenças; Identificar fatores etiológicos na gênese das enfermidades.
A partir da primeira década do século XXI as DCNT‘s ou Não Infecciosas, como a obesidade e a síndrome metabólica, doenças cardiovasculares, diabetes, doenças cerebrovasculares e câncer, assumiram proporções alarmantes. Entretanto, doenças infecciosas, como gripe, pneumonia, tuberculose e gastroenterites já foram as principais causas de morte no mundo inteiro. Devido a isso, atualmente, inúmeras pesquisas epidemiológicas vêm sendo conduzidas com base nessas doenças. 
Hoje, o principal objetivo de interesse desses estudos está relacionado às principais causas de morte das sociedades modernas: óbitos violentos e DCNT. As mudanças da prevalência das doenças infecciosas para as doenças crônico-degenerativas como causa de mortalidade e morbidade trouxeram a necessidade de: determinar as condições de saúde da população através de inquéritos de morbidade e de mortalidade; investigar fatores antecedentes ao aparecimento das doenças que possam ser considerados como agentes ou fatores de risco (sedentarismo, tabagismo, hábitos alimentares incorretos).
Entretanto, além do olhar nas doenças crônicas não transmissíveis, pandemias como a AIDS, gripe aviária e influenza A e a reemergência de enfermidades que até então estavam supostamente erradicadas, como a dengue, a tuberculose e a varíola, também vêm chamando atenção para a Epidemiologia de doenças transmissíveis.
A figura representa um dos principais objetos de interesse dos estudos epidemiológicos da atualidade. A  obesidade e a síndrome metabólica, as doenças cardiovasculares, o diabetes mellitus, e as doenças cerebrovasculares são as principais doenças crônicas não transmissíveis e estão relacionadas às principais causas de morte das sociedades modernas. As mudanças da prevalência das doenças infecciosas para as doenças crônico-degenerativas como causa de mortalidade e morbidade, trouxeram a necessidade de investigar fatores antecedentes ao aparecimento das doenças, podendo ser considerados como agentes ou fatores de risco como hábitos alimentares incorretos. Podemos observar no carrinho de compras a ausência completa de alimentos de origem vegetal, como frutas, hortaliças e cereais. Apenas alimentos ricos em “calorias vazias”: pizzas, refrigerantes e batata frita que contribuem para o aumento na prevalência das DCNT e todas as suas consequências. Por isso, a senhora foi barrada. Essa figura nos revela a importância da Epidemiologia na detecção dos riscos e na aplicação de medidas de prevenção.

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