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ENTREVISTA: 
ANAMNESE E EXAME PSÍQUICO
“...o domínio da técnica de realizar entrevistas é o que qualifica especificamente o profissional habilidoso..., ou seja, um perito em realizar entrevistas que sejam realmente úteis, pelas informações que fornecem e pelos efeitos terapêuticos que exercem sobre os pacientes” (p.52)
“...o que importa não são os sintomas aparentemente positivos ou negativos em si mesmos, não é a satisfação ou a angústia... – que, aliás, pode ser inteiramente sadia e justificada - ..., mas o que significa para aquele que vive, exprimindo tal ou qual comportamento, o sentido fundamental da sua dinâmica assim presentificada e as possibilidades de futuro...” (Dolto, Prefácio em Mannoni, 2004)
A AVALIAÇÃO É TÃO OU
MAIS IMPORTANTE QUE O TRATAMENTO
A ENTREVISTA
Objetiva identificar e definir o problema central e as metas de modificação solicitadas ou percebidas pelo terapeuta
A primeira entrevista já constitui uma fonte riquíssima de dados: elementos verbais, paralinguísticos e verbais, aparência geral e estilo do comportamento
Durante a entrevista é possível utilizar: questionários, inventários, escalas, etc.
Def.: “...uma interação verbal entre duas ou mais pessoas, através da qual se desenvolve uma complexa rede de influências mútuas” (Caballo, p. 43)
Realizar entrevistas é um atributo fundamental e insubstituível do profissional de saúde
REQUISITOS BÁSICOS
“É fundamental que o profissional possa estar em condições de acolher o paciente em seu sofrimento, de ouvi-lo realmente, escutando o doente em suas dificuldades e idiossincrasias” (Dalgalarrondo, p. 50)
Paciência e respeito;
Têmpera e habilidade em estabelecer limites
Atenção aos pacientes invasivos ou agressivos
Proteção a si e ao contexto da entrevista
Também é fundamental que o entrevistador tenha capacidade de ser flexível em sua postura, ter boa adaptação a diferenças
“As vezes uma entrevista bem conduzida é aquela na qual o profissional fala muito pouco, ouve pacientemente o enfermo. Outras vezes o paciente e a situação ‘exigem’ que o entrevistador seja mais ativo, mais participante, falando mais, fazendo muitas perguntas, intervindo mais frequentemente” (idem)
HABILIDADES NECESSÁRIAS
Empatia: “demonstrar compreender e aceitar o paciente como ele é, sem pré-julgamentos”
Habilidade em comunicar-se não verbalmente
Auto conhecimento
Habilidade em perguntar: perguntas abertas, fechadas, solicitar esclarecimentos e complementos
Parafrasear
Operacionalizar informações
Refletir sentimentos
Dirigir a entrevista
Manter a interação
Sumariar ou resumir
A flexibilização do entrevistador varia em função:
do paciente,
personalidade,
estado mental e emocional,
capacidade cognitiva, etc.
do contexto,
consultório,
se institucional,
pronto-socorro, emergência,
enfermaria,
ambulatório,
centros de saúde, etc.
dos objetivos da entrevista,
diagnóstico,
estabelecimento de vínculo terapêutico,
questões forenses,
avaliação, etc.
da personalidade do entrevistador,
autoconhecimento e treinamento
CONDUÇÃO FLEXÍVEL DA ENTREVISTA
O QUE EU DEVO EVITAR?
Postura rígida e estereotipada
Atitude excessivamente neutra ou fria
Reações exageradamente emotivas ou artificialmente calorosas
Comentários valorativos ou emissão de julgamentos
Reações emocionais intensas de pena ou compaixão
Empatia
Responder com hostilidade ou agressão
Entrevistas prolixas
Fazer muitas anotações durante a entrevista
O QUE EU DEVO EVITAR?
No atendimento em saúde, a paciência do entrevistador costuma ser fundamental
Serviços públicos exigem alto teor de atenção a este quesito
Não é a quantidade de tempo com o paciente o que mais vale, mas a qualidade da atenção que o profissional consegue oferecer ao paciente
Respeito e empatia
Atmosfera de confiança
“A experiência e a atitude do profissional, curiosa, atenta e receptiva, é que determinará o quão profundo e abrangente será o conhecimento extraído das entrevistas” (Dalgalarrondo, p. 52)
O problema da insegurança: cuidado!
AS PRIMEIRAS ENTREVISTAS
Momento crucial no diagnóstico e tratamento em saúde mental
O profissional deve transmitir ao paciente sentimentos de confiança e esperança no alívio do sofrimento
“Entrevistas iniciais desencontradas, desastrosas, nas quais o profissional é, involuntariamente ou não, negligente ou hostil com o paciente, geralmente são seguidas de abortamento do tratamento” (Dalgalarrondo, p. 52)
A primeira impressão dificilmente é esquecida
O olhar e toda a comunicação não-verbal são muito importantes
Estudos revelam que “...os primeiros 3 minutos da entrevista são extremamente significativos, sendo muitas vezes decisivos tanto para a identificação do perfil dominante de sintomas do paciente, quanto para a formulação da hipótese diagnóstica final” (idem)
AS PRIMEIRAS ENTREVISTAS
As três regras de ouro da entrevista psiquiátrica:
Pacientes organizados, com inteligência normal, escolaridade ao menos razoável e fora de um “estado psicótico” devem ser entrevistados de forma mais aberta;
Pacientes desorganizados, com nível intelectual baixo, em um estado psicótico ou paranóide, “travados por um alto nível de ansiedade” devem ser entrevistados de forma mais estruturada;
Nos primeiros contatos com pacientes muito tímidos, ansiosos ou paranóides, fazer primeiro perguntas neutras (identificação)
ORGANIZANDO AS 
ENTREVISTAS INICIAIS/DIAGNÓSTICAS
APRESENTAÇÃO
Do profissional: nome, profissão e especialidade e, em algumas situações, a razão da entrevista
Garantias e contrato: confidencialidade, privacidade, sigilo médico, etc.
Principalmente se o paciente for excessivamente tímido ou se o contexto assim o exigir o profissional deve explicitar:
que a entrevista e o tratamento irão ocorrer com sigilo e discrição;
ressaltar a necessidade de colaboração mútua entre profissional e paciente;
deixar claro que este sigilo poderá ser rompido no caso de ideias, planos ou atos seriamente auto ou hetero destrutivos
ORGANIZANDO AS 
ENTREVISTAS INICIAIS/DIAGNÓSTICAS
2. Colher os dados sócio-demográficos básicos: nome, idade, data de nascimento, naturalidade e procedência, estado civil, com quem reside, profissão, atividade profissional, religião, etc.
3. Queixa básica ou principal: seu sofrimento, dificuldade ou conflito que o traz ao profissional
Esse primeiro relato deve ocorrer de forma livre, para que o paciente expresse de forma espontânea os seus sintomas e sinais
O profissional deve ouvir o relato e o conteúdo daquilo que o paciente conta, e também como este relato é feito, o “estilo” do paciente, sua aparência e atitudes básicas
ORGANIZANDO AS 
ENTREVISTAS INICIAIS/DIAGNÓSTICAS
Evitar pausas e silêncios prolongados
Podem aumentar muito o nível de ansiedade do paciente e deixar a entrevista muito tensa e improdutiva
Procedimentos para facilitar o entrevistador nestas situações:
perguntas breves que assinalam a presença e atenção efetivas;
evitar perguntas muito direcionadas, fechadas, que podem ser respondidas com um sim ou um não categóricos;
também evitar perguntas longas e complexas;
utilizar intervenções do tipo: como foi isso?, explique melhor , conte um pouco mais sobre isso,etc.
facilitar a continuidade da fala do paciente
Evitar perguntas: por que?, qual a causa?
ORGANIZANDO AS
ENTREVISTAS INICIAIS/DIAGNÓSTICAS
Mesmo as entrevistas abertas, devem ter uma estrutura básica a ser seguida pelo entrevistador e as lacunas devem ser preenchidas após a exposição livre, onde o entrevistador fará as perguntas que faltam para completar e esclarecer os pontos importantes da história e da anamnese em geral
A duração e o número de entrevistas iniciais com fins diagnósticos e de planejamento não é fixo
Dependem do contexto institucional, da complexidade e da gravidade do caso, bem como da habilidade do profissional
“... embora a atitude básica do entrevistador na fase inicial da avaliação seja de escuta, isto não significa colocar-se em uma posição totalmente passiva. Bem ao contrário,
...
Os dados essenciais da clínica psicopatológica emergem basicamente de uma observação participativa, da interação intensa entre paciente e profissional...
nas fases mais iniciais o paciente pode estar muito ansioso e usar manobras e mecanismos defensivos como risos, silêncios, perguntas inadequadas, comentários circunstanciais sobre o profissional, etc. ... estratégias involuntárias ou propositais que podem estar sendo utilizadas para que o paciente evite falar de si, de seu sofrimento, de suas dificuldades...
a pessoa do entrevistador não é o tema da entrevista” (Dalgalarrondo, p.53)
ORGANIZANDO AS
ENTREVISTAS INICIAIS/DIAGNÓSTICAS
Fenômenos importantes
Transferência:
atitudes e sentimentos cujas origens são basicamente inconscientes
processo comum de projeção onde o paciente tende a projetar inconscientemente os afetos básicos que nutria e nutre pelas figuras significativas de sua vida
Contratransferência:
é, em certo sentido e de maneira geral, a transferência que o profissional estabelece com seus pacientes
Dissimulação: o ato de esconder ou negar voluntariamente a presença de sinais e sintomas psicopatológicos
Simulação: tentativa de criar, apresentar um sintoma, sinal ou vivência conscientemente para obter algum benefício
A AVALIAÇÃO: ETAPAS
Entrevista inicial
Anamnese: “histórico dos sinais e sintomas que o paciente apresenta ao longo de sua vida, seus antecedentes pessoais e familiares, assim como de sua família e meio social” (Dalgalarrondo, p. 61)
Exame psíquico: exame do estado mental atual
Exame físico geral e neurológico
Exames complementares
Testes de personalidade, da cognição, psicodiagnóstico e neuropsicológicos, etc.
Exames médicos complementares: laboratoriais, de neuroimagem, neurofisiológicos, etc.
Entrevista com familiares, amigos, informantes em geral
Pacientes com quadros demenciais, déficits cognitivos, em estado psicótico grave e em mutismo, por exemplo
O REGISTRO
Resumo do estado mental, observado durante toda a coleta de dados
O relato deve conter de preferência as próprias palavras que o paciente e os informantes utilizaram para descrever os sintomas mais relevantes
A caligrafia deve ser legível e o estilo claro, preciso, com frases e parágrafos curtos
Evitar terminologias tecnicistas que impeçam a comunicação e compreensão de terceiros
O uso de termos técnicos deve ser proporcional ao grau de conhecimento que o profissional obteve e sabe utilizar
Evitar a interpretação precoce dos dados
O relato deve ser organizado e coerente, que facilitem o estabelecimento de hipóteses diagnósticas e de planejamento terapêutico adequado
“O paciente tem o direito de ser confuso, contraditório, ilógico. O profissional, ao relatar o caso não tem esse direito” (Dalgalarrondo, p.60)
O REGISTRO
O relato escrito de um caso tem valor médico e legal. É um documento!
“... Poderá ser decisivo em questões legais futuras, impensáveis no momento em que a avaliação está sendo feita... No momento em que o entrevistador redige os dados que coletou ele deve lembrar-se de que: a história clínica deve ser redigida com uma linguagem simples, precisa e compreensível. O relato deve ser pormenorizado, mas não prolixo” (Dalgalarrondo, p. 60) detalhado naquilo que é essencial ao caso e conciso naquilo que é secundário
O REGISTRO: MODELO RESUMIDO
Identificação
Queixa principal e história da doença atual
Interrogatório sintomatológico médico complementar
Antecedentes mórbidos pessoais
Hábitos
Antecedentes patológicos familiares em consanguíneos e parentes não consanguíneos
Relacionamento e dinâmica familiar (descrever)
Exame físico
Exame neurológico
Exame psíquico
História de vida
Resultados das avaliações complementares
Hipóteses diagnósticas
Planejamento terapêutico e ações terapêuticas implementadas
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