Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Autor: Rodrigo Takatsugu Silva Sekii Sócio-Titular de Rodrigo Sekii Advogados Rua César Antônio Bosso, 277, E-mail: rodrigo@rodrigosekii.adv.br Saúde, São Paulo, Capital – Brasil Site: www.rodrigosekii.adv.br CEP.: 04153-140 Tel./Fax.: 55 11 3453-3330 Sumário: I - CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA II - SUJEITOS E CAPACIDADE III – PROCURAÇÃO COMO INSTRUMENTO DE MANDATO IV – SUBSTABELECIMENTO V – CLASSIFICAÇÃO VI – DA EXTINÇÃO VI. 1 – REVOGAÇÃO E RENÚNCIA VI. 2 – DA MORTE OU A INTERDIÇÃO DE UMA DAS PARTES VI. 3 – MUDANÇA DE ESTADO VI. 4 – A TERMINAÇÃO DO PRAZO OU A CONCLUSÃO DO NEGÓCIO VII - MANDATO JUDICIAL VIII – JURISPRUDÊNCIA IX – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONTRATO DE MANDATO I - CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA Segundo o art. 653 do Diploma Civil, “quando alguém recebe de outrem poderes para, e seu nome, praticar atos ou administrar interesses”, estaremos falando em mandato. Tal denominação tem origem do latim manu datum, que tem seu significado em dar as mãos, isto porque as partes davam as mãos, “simbolizando a aceitação do encargo e a promessa de fidelidade no cumprimento da incumbência”.1 Para Orlando GOMES: “O mandato é o contrato pelo qual alguém se obriga a praticar atos jurídicos ou administrar interesses por conta de outra pessoa.” 2 1 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: contratos e atos unilaterais. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 385. 2 GOMES, Orlando. Contratos. 25. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002. p. 348. Autor: Rodrigo Takatsugu Silva Sekii Sócio-Titular de Rodrigo Sekii Advogados Rua César Antônio Bosso, 277, E-mail: rodrigo@rodrigosekii.adv.br Saúde, São Paulo, Capital – Brasil Site: www.rodrigosekii.adv.br CEP.: 04153-140 Tel./Fax.: 55 11 3453-3330 Silvio RODRIGUES entende que a representação é o que diferencia o mandado de outros contratos, tais como a prestação de serviços. 3 Desta forma, pode-se dizer que no mandato o mandatário age em nome do contratante, enquanto que na prestação de serviços, uma age para o outro. Assim, o mandatário, sendo representante do mandante age em nome deste. Logo, é o mandante que contrai as obrigações e adquire direitos como se tivesse tomado parte pessoalmente no negócio jurídico. Ou seja, uma pessoa confia a uma outra a realização de um ato. Nesta modalidade, portanto contratual, o contratante é o mandante e o contratado o mandatário, sendo então a representatividade um dos caracteres deste negócio jurídico, conjuntamente com a contratualidade e a revogabilidade. 4 Na óptica da existência de um vinculo entre mandante e mandatário, pode-se dizer que qualquer negócio jurídico pode ser tido como o objeto do mandato. Neste aspecto, mandato, é um negócio jurídico unilateral, uma vez que atribui deveres apenas ao contratado, ficando ao contratante a figura de credor. Duas relações são verificadas no contrato de mandato, uma interna, entre credor e devedor e a outra externa, na qual aparece a figura de terceiros com os quais o mandante age, conforme a vontade do mandatário. O mandato, sendo um negócio jurídico, possui requisitos inerentes à 3 RODRIGUES, Silvio. Direito civil: dos contratos e das declarações unilaterais de vontade. 28. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. 3. v. p.283. 4 DINIZ, Maria Helena. Tratado teórico e prático dos contratos. São Paulo: Saraiva.1999. 3. v. p.295. Autor: Rodrigo Takatsugu Silva Sekii Sócio-Titular de Rodrigo Sekii Advogados Rua César Antônio Bosso, 277, E-mail: rodrigo@rodrigosekii.adv.br Saúde, São Paulo, Capital – Brasil Site: www.rodrigosekii.adv.br CEP.: 04153-140 Tel./Fax.: 55 11 3453-3330 natureza contratual, tal como a declaração unilateral da vontade e a aceitação dos poderes nele conferidos. Ainda sobre a natureza do mandato, pode-se dizer que além de ser um negócio jurídico é consensual, pois é o consenso das partes o elemento volitivo que aperfeiçoa o mandato, bem como não solene, pois a lei não coloca forma necessária para o mandato, podendo ele ser tanto tácito, como verbal, conforme prescrevem os artigos 653 5 e 656 6 do CC. Com isso, expõe Silvio VENOSA que “O mandato, propriamente dito, é o contrato que se aperfeiçoa com o encontro das vontades. A procuração outorgada é o instrumento que materializa o contrato”. 7 Desta forma, procuração e mandato andam sempre juntos, porém não se confundem, pois, enquanto o primeiro é um contrato, o segundo é o instrumento pelo qual o negócio jurídico será realizado. A modalidade geral do nosso ordenamento jurídico é que haja mandato com representação, o que se conceitua como sendo ”mandato propriamente dito” ou “mandato direto”. Ainda sobre a representação no mandato, pode-se dizer que ela decorre da vontade das partes, podendo fora dele decorrer da lei, como no caso dos 5 Art. 653. Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato. 6 Art. 656. O mandato pode ser expresso ou tácito, verbal ou escrito. 7 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: Contratos em espécie. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. 3. v. p. 173. Autor: Rodrigo Takatsugu Silva Sekii Sócio-Titular de Rodrigo Sekii Advogados Rua César Antônio Bosso, 277, E-mail: rodrigo@rodrigosekii.adv.br Saúde, São Paulo, Capital – Brasil Site: www.rodrigosekii.adv.br CEP.: 04153-140 Tel./Fax.: 55 11 3453-3330 incapazes, ou de nomeação judicial, como ocorre com os inventariantes. Além da natureza contratual, o mandato possui natureza personalíssima, uma vez que o mandante escolhe o mandatário pelas qualidades deste, produzindo-se, assim, uma relação de confiança, além de que o contrato se efetiva através da ocorrência de certos requisitos, tais sejam: Objetivos, subjetivos e formais. 8 Nestes termos, os requisitos objetivos são os normais inerentes aos negócios jurídicos, tais como objeto lícito e possível em âmbito físico e jurídico. Então, todos os atos patrimoniais, compra e venda por exemplo, e extrapatrimoniais, tais como o casamento, poderão ser objeto do mandato, o que já não é permitido para direitos personalíssimos, acerca disso, assim expõe Maria Helena DINIZ, Todavia, proíbe-se a realização de certos atos por meio de mandatário, se forem personalíssimos ou se exigirem a intervenção pessoal do mandante, tais como: o exercício do voto, o depoimento pessoal, a feitura de testamento [..]. 9 Ainda há os requisitos subjetivos, que se referem à capacidade e formais do mandato, mais especificamente quanto à procuração.8 LOPES, 1954, p. 255 apud DINIZ, 1999, p. 295. 9 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. Responsabilidade Civil. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. 7. v. p. 295 Autor: Rodrigo Takatsugu Silva Sekii Sócio-Titular de Rodrigo Sekii Advogados Rua César Antônio Bosso, 277, E-mail: rodrigo@rodrigosekii.adv.br Saúde, São Paulo, Capital – Brasil Site: www.rodrigosekii.adv.br CEP.: 04153-140 Tel./Fax.: 55 11 3453-3330 Assim sendo, no mandato uma pessoa pratica atos pela outra, ou seja, representa a outra, tendo natureza contratual, consensual e não solene. II - SUJEITOS E CAPACIDADE Via de regra, a maioria dos atos decorrentes do mandato exigem a prática através da procuração. Há alguns como o testamento que decorrem de direitos personalíssimos, não podem ser outorgados. Assim, para os atos que podem ser realizados mediante procuração, é de extrema relevância que as partes, mandatário e mandante possuam capacidade para outorgá-la. Subentende-se através do que dispõe o art. 654 10 do Código Civil vigente que os relativamente incapazes não são aptos, por si só para concederem procuração, devendo para tanto, serem assistidos por seu representante legal, embora seja ampla a capacidade para constituir mandatário. Assim, os relativamente incapazes podem ser mandatários sem a assistência de seu representante legal, no entanto o mandante que contrata com um mandatário, maior de 16 anos e menor de 18, está assumindo um risco, não podendo alegar a incapacidade para fins de anular o ato, como também o relativamente incapaz não responderá por perdas e danos pela má execução do 10 Art.654. Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante instrumento particular, que valerá desde que tenha a assinatura do outorgante. Autor: Rodrigo Takatsugu Silva Sekii Sócio-Titular de Rodrigo Sekii Advogados Rua César Antônio Bosso, 277, E-mail: rodrigo@rodrigosekii.adv.br Saúde, São Paulo, Capital – Brasil Site: www.rodrigosekii.adv.br CEP.: 04153-140 Tel./Fax.: 55 11 3453-3330 contrato, bem como seus bens não serão passíveis de penhora, é o que se conclui da análise do artigo 666 11 do CC. III – PROCURAÇÃO COMO INSTRUMENTO DE MANDATO O mandato é de natureza consensual e não exige forma especial para sua validade. Então, pode-se dizer que a forma do mandato é livre, mas não para todos os atos, já que alguns, por sua natureza exigem instrumento público ou particular. Assim alguns atos como alienar, hipotecar, levantar dinheiro, contrair matrimônio, entre outros exigem poderes especiais, conforme segue jurisprudência dominante. Então, sendo a procuração instrumento do mandato, ela dá poderes para que o mandatário possa representar o mandante, admitindo, assim, muitas formas. Assim esclarece Silvio RODRIGUES sobre o instrumento do mandato, “A procuração é o instrumento do mandato, mas, como a Lei admite tanto o mandato tácito quanto o verbal, aquela é dispensável para o aperfeiçoamento do negócio jurídico” 12 11 Art.666. O maior de 16 (dezesseis) e menor de 18 (dezoito) anos não emancipado pode ser mandatário, mas o mandante não tem ação contra ele senão de conformidade com as regras gerais, aplicáveis à obrigações contraídas por menores. 12 RODRIGUES, Silvio. Direito civil: dos contratos e das declarações unilaterais de vontade. 28. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. 3. v. p. 288. Autor: Rodrigo Takatsugu Silva Sekii Sócio-Titular de Rodrigo Sekii Advogados Rua César Antônio Bosso, 277, E-mail: rodrigo@rodrigosekii.adv.br Saúde, São Paulo, Capital – Brasil Site: www.rodrigosekii.adv.br CEP.: 04153-140 Tel./Fax.: 55 11 3453-3330 No mandato verbal, não há a existência de documentos escritos, no entanto a declaração da vontade é expressa, sendo que sua prova pode-se dar por várias maneiras, inclusive por testemunhal “desde que o ato não exceda a quantia legal, ante a ausência de documentação escrita que o comprove” 13 Não se admite mandato verbal nos atos que devem ser celebrados por escrito, é o entendimento do art. 657 14 do Código Civil. O mandato pode ser geral a todos os negócios do mandante, não necessitando de poderes especiais para sua execução, bem como em determinadas situações ele pode ser especial a um ou mais negócios do contratante. Em situações como essas nas quais há a necessidade da existência de poderes especiais, a forma escrita torna- se de extrema necessidade. Desta forma, fica o mandatário como poderes restritos a determinados atos. A maioria das procurações é outorgada mediante instrumento particular, observados os requisitos do já citado art. 654 do CC, tais como a capacidade do outorgante, bem como sua assinatura, a indicação do lugar, a qualificação das partes, objetivo da outorga, entre outros. Todavia, há casos especiais que exigem a procuração por instrumento público, conforme dizeres da Professora Maria Helena 13 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. Responsabilidade Civil. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. 7. v. P. 296. 14 Art. 657. A outorga do mandato está sujeita à forma exigida por lei para o ato a ser praticado. Não se admite mandato verbas quando o ato deva ser praticado por escrito. Autor: Rodrigo Takatsugu Silva Sekii Sócio-Titular de Rodrigo Sekii Advogados Rua César Antônio Bosso, 277, E-mail: rodrigo@rodrigosekii.adv.br Saúde, São Paulo, Capital – Brasil Site: www.rodrigosekii.adv.br CEP.: 04153-140 Tel./Fax.: 55 11 3453-3330 DINIZ, “[..] como nos casos dos relativamente incapazes, com a assistência do responsável, do cego [..].” 15 Então, embora o contrato de mandato não tenha forma especial para sua validade ou prova, há hipóteses nas quais é exigido instrumento público ou particular para tanto, pois há situações em que poderes especiais devem ser expressos. Desta forma conclui Sílvio VENOSA: “Se o negócio a que se destina a representação exige instrumento público ou particular há a necessidade de procuração escrita; escritura pública, se assim exigido, na nova dicção legal”.16 O substabelecimento poderá ser feito mediante instrumento particular, mesmo que a outorga tenha sido por instrumento público por força de lei, é o estabelece o art. 655 17 do Código Civil em vigor. Maria Helena DINIZ esclarece sobre o mandato: Admite-se mandato por carta, em que esta figura como prova do contrato, cuja aceitação resulta de execução, e por telegrama, desde que esteja autenticado ou legalizado na estação expedidora 15 DINIZ, op. cit., p.297. 16 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: Contratos em espécie. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. 3. v. p. 273. 17 Art. 655. Ainda quando se outorgue mandato por instrumento público, pode substabelecer-se mediante instrumento particular. Autor: Rodrigo Takatsugu Silva Sekii Sócio-Titular de Rodrigo Sekii Advogados Rua César Antônio Bosso, 277, E-mail: rodrigo@rodrigosekii.adv.br Saúde, São Paulo, Capital – Brasil Site: www.rodrigosekii.adv.br CEP.: 04153-140 Tel./Fax.: 55 11 3453-3330 pela entrega do original do telegrama com a firma do expedidor devidamente reconhecida, devendo essa circunstância ser comunicada à estação receptora. 18 O art. 38 19 do CPC traz a procuração geral para foro, ao estabelecer que esta espécie de procuração habilita a todos os atos do processo. Pontes de MIRANDA estabelece acerca da procuração que: "A procuração para foro em geral dá poderes para interpor quaisquer recursos, inclusive o recurso extraordinário [..].” 20 Sendo a procuração de dois ou mais outorgantes, partes, todos as formas terão de ser reconhecidas. A procuração acaba sendo, portanto, o instrumento do mandato escrito, valendo como a declaração de vontade do mandante. IV - SUBSTABELECIMENTO 18 DINIZ, Maria Helena. Tratado teórico e prático dos contratos. São Paulo: Saraiva.1999. 3. v. p. 298. 19 Art. 38. A procuração geral para o foro, conferida por instrumento público ou particular assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do processo [..]. 20 MIRANDA. Pontes de. Comentários ao código de Processo Civil. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense. Tomo I, 5. ed. 2001. p. 438. Autor: Rodrigo Takatsugu Silva Sekii Sócio-Titular de Rodrigo Sekii Advogados Rua César Antônio Bosso, 277, E-mail: rodrigo@rodrigosekii.adv.br Saúde, São Paulo, Capital – Brasil Site: www.rodrigosekii.adv.br CEP.: 04153-140 Tel./Fax.: 55 11 3453-3330 No substabelecimento, o objeto do contrato continua o mesmo, sendo que essa nova outorga de poderes poderá ser de todo objeto do contrato, ou de apenas alguns deles. Silvio VENOSA conceitua substabelecimento, “[..] é o ato unilateral pelo qual o mandatário, como substabeleceste, transfere os poderes recebidos a outrem, o substabelecido”. 21 Mesmo que a procuração tenha sido realizada por instrumento público, o substabelecimento poderá ser de instrumento particular, é o que se extrai do art. 655 22 do Novo Código Civil. Sobre a procuração ensina Pontes de MIRANDA, “Se a parte constitui procurador judicial e nessa procuração haja poderes para substabelecer, morrendo o procurador, a procuração do substabelecido acaba por ser ineficaz.” 23 O mandatário irá passar total ou parcialmente seus poderes para outrem. Assim sendo, o substabelecimento poderá ser com ou sem reservas de poderes. Assim, no substabelecimento com reserva de poderes, o que antes era mandatário outorga seus poderes para um terceiro, podendo atuar junto com ele, ou com a prerrogativa de reassumir a conduta de mandatário a qualquer momento. Já o sem reserva de poderes, pode ser conceituado como renúncia do poder de 21 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: Contratos em espécie. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. 3. v. p. 282. 22 Art. 655. Ainda que se outorgue mandato por instrumento público, pode substabelecer-se mediante instrumento particular. 23 MIRANDA. Pontes de. Comentários ao código de Processo Civil. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense. Tomo I, 5. ed. 2001. P. 438. Autor: Rodrigo Takatsugu Silva Sekii Sócio-Titular de Rodrigo Sekii Advogados Rua César Antônio Bosso, 277, E-mail: rodrigo@rodrigosekii.adv.br Saúde, São Paulo, Capital – Brasil Site: www.rodrigosekii.adv.br CEP.: 04153-140 Tel./Fax.: 55 11 3453-3330 representação , uma vez que o ora outorgante, se desvincula de vez do contrato, passando definitivamente todos os seus poderes ao novo mandatário. V – CLASSIFICAÇÃO O mandato possui diversas classificações, podendo este ser: 1- MANDATO EXPRESSO OU TÁCITO, Na hipótese de mandato expresso, este deve decorrer de convenção entre as partes. Já no caso de mandato tácito, este por sua vez, depende de presunção legal. 2- MANDATO ESCRITO OU VERBAL, Nos casos de mandatos escritos, estes deveram assumir a forma de documento particular ou publico. Nos casos de mandato verbal, este caracteriza-se como contrato falado, ou compactuado entre as partes de forma verbal, falado, neste tipo de contrato, geralmente de valores mais baixos, é freqüente a participação de testemunhas, ex: art. 441 do CPC. 3- MANDATO GRATUITO OU ONEROSO, O contrato de mandato naturalmente ou geralmente é praticado sob a forma gratuita, este presumisse-a oneroso quando praticado sob forma de profissão pelo mandatário, admitindo, através de convenção entre as partes a remuneração do mandatário, que pode durar enquanto for cedido o poder de representação, ou por tempo determinado entre as partes. Autor: Rodrigo Takatsugu Silva Sekii Sócio-Titular de Rodrigo Sekii Advogados Rua César Antônio Bosso, 277, E-mail: rodrigo@rodrigosekii.adv.br Saúde, São Paulo, Capital – Brasil Site: www.rodrigosekii.adv.br CEP.: 04153-140 Tel./Fax.: 55 11 3453-3330 4- MANDATO GERAL OU ESPECIAL, Era geral quando o mandato concedido abranger todos os negócios do mandante. E será especial quando houver um fim especifico para o mandatário, muitas vezes a lei estabelece casos em que os poderes atribuídos devem ser expressos. Nestes casos, conclui-se que todo ato tomado pelo o mandatário que estiver concedido de poder para este, será valido pois o mandante o concede competência para agir em seu nome. 5- MANDATO AD NEGOTIA E AD JUDICIA, O mandato ad negotia é o mandato concedido para a tomada de atos na esfera extrajudicial, ou seja atos fora do mundo jurídico. Será ad judicia, quando este for especificamente para a defesa da pretensão do mandante no espaço jurídico. VI – DA EXTINÇÃO O art. 682 24 do Código Civil traz sobre a extinção do mandato, estabelecendo que a mesma poderá ocorrer por revogação ou renúncia, pela morte ou a interdição de uma das partes, pela mudança de estado, a terminação do prazo ou a conclusão do negócio. VI. 1 – REVOGAÇÃO E RENÚNCIA 24 Art. 682. Cessa o mandato: I- pela revogação ou pela renúncia; II- pela morte ou interdição de uma das partes; [..] Autor: Rodrigo Takatsugu Silva SekiiSócio-Titular de Rodrigo Sekii Advogados Rua César Antônio Bosso, 277, E-mail: rodrigo@rodrigosekii.adv.br Saúde, São Paulo, Capital – Brasil Site: www.rodrigosekii.adv.br CEP.: 04153-140 Tel./Fax.: 55 11 3453-3330 Em primeiro plano, estabelece-se que a revogação parte do mandante, enquanto que a renúncia por parte do mandatário. Assim, uma das características inerentes ao contrato de mandato que pouco se observa nos outros contratos é o fato de haver a possibilidade da extinção do mandato por vontade unilateral. Assim, acerca da revogação dispõe Silvio RODRIGUES, “A revogação pode ser expressa ou tácita. No primeiro caso ela se faz por declaração do mandante; no segundo, por atos que revelem tal propósito.” 25 VI. 2 – DA MORTE OU A INTERDIÇÃO DE UMA DAS PARTES Sendo intuito personae, o falecimento de uma das partes extingue o contrato de mandato. VI. 3 – MUDANÇA DE ESTADO Hoje, este dispositivo não se refere à mulher casada, mas pode incidir em casos de incapacidade absoluta por debilidade do mandante, por exemplo. VI. 4 – A TERMINAÇÃO DO PRAZO OU A CONCLUSÃO DO NEGÓCIO 25 RODRIGUES, Silvio. Direito civil: dos contratos e das declarações unilaterais de vontade. 28. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. 3. v. p. 301 Autor: Rodrigo Takatsugu Silva Sekii Sócio-Titular de Rodrigo Sekii Advogados Rua César Antônio Bosso, 277, E-mail: rodrigo@rodrigosekii.adv.br Saúde, São Paulo, Capital – Brasil Site: www.rodrigosekii.adv.br CEP.: 04153-140 Tel./Fax.: 55 11 3453-3330 É a extinção em razão da data certa de vigência, constante no próprio instrumento de mandato. Algumas procurações são dadas para negócios certos, que quando concluídos, extinguem o contrato. É o caso de nomear mandatário para nomear escritura. VII - MANDATO JUDICIAL O processo delineia-se por traços técnicos para os quais somente aquele regularmente habilitado em Curso superior e inscrito na OAB pode postular. Desta forma, salvo exceções previstas no art. 36 do CPC 26, é apenas do advogado a capacidade de postular em juízo, sendo que o mesmo deve ser regularmente constituído para tanto através do mandato judicial. O mandato judicial refere-se à atuação do advogado, que também deve ser analisada à luz da Lei n ° 8.906/94, Estatuto da Advocacia, que prescreve, em seu art. 4° 27 acerca da nulidade dos atos privativos de advogado praticados por pessoa não inscrita na OAB. 26 Art. 36. A parte será representada em juízo por advogado legalmente habilitado. Ser-lhe-á lícito, no entanto, postular em causa própria, quando tiver habilitação legal ou, não a tendo, no caso de falta de advogado no lugar ou recusa ou impedimento dos que houver. 27 Art. 4° São nulos os atos privativos de advogado praticados por pessoas não inscritas na OAB, sem prejuízo das sanções civis, penais e administrativas. Autor: Rodrigo Takatsugu Silva Sekii Sócio-Titular de Rodrigo Sekii Advogados Rua César Antônio Bosso, 277, E-mail: rodrigo@rodrigosekii.adv.br Saúde, São Paulo, Capital – Brasil Site: www.rodrigosekii.adv.br CEP.: 04153-140 Tel./Fax.: 55 11 3453-3330 Desta forma, só poderão atuar em juízo, bem como exercer atividade do foro extrajudicial, os advogados regularmente escritos na OAB. Assim sendo, como exceção do processo trabalhista, penal, das situações em que for nomeado defensor em juízo, e de atos que dispensem a participação de advogados, como o preparo, por exemplo, o mandato deve ser escrito, pois deve ter poderes especiais para tanto. Então, a procuração habilita o advogado a pratica dos atos judiciais necessários, quando em foro geral, com exceção daqueles que exigirem poderes especiais, sobre eles estabelece o já citado art. 38 do Código de Processo Civil. A procuração geral para foro, conferida por instrumento público, ou particular assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, salvo para receber citação, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre que se funda a ação, receber, dar quitação e firmar compromisso. O que habilita o advogado a atuar em juízo é a procuração com cláusula ad judicia. É a procuração para o foro, onde o advogado poderá atuar em todos os atos do processo, salvo quando depender de poderes expressos. No entanto, não se pode considerar absoluta a regra da existência necessária da procuração com cláusula ad judicia, já que, excepcionalmente, o art. 37 28 do CPC admite a 28 Art. 37. Sem instrumento do mandato, o advogado não será admitido a procurar em juízo. [..] Autor: Rodrigo Takatsugu Silva Sekii Sócio-Titular de Rodrigo Sekii Advogados Rua César Antônio Bosso, 277, E-mail: rodrigo@rodrigosekii.adv.br Saúde, São Paulo, Capital – Brasil Site: www.rodrigosekii.adv.br CEP.: 04153-140 Tel./Fax.: 55 11 3453-3330 atuação do advogado sem o instrumento de mandato, que deverá exibi-lo no prazo de quinze dias prorrogável por mais quinze. O mandato judicial cujo instrumento é a procuração, prescreve as obrigações recíprocas das partes. Sobre o instrumento do mandato dispõe Silvio Rodrigues: A procuração para o foro em geral não confere poderes para os atos que exijam especiais. Assim, se se outorgou ao mandatário poderes da cláusula ad judicia, este poderá praticar atos do processo, exceto receber citação inicial, confessar, transigir, receber e dar quitação, bem como firmar compromisso. 29 Ainda, diferentemente das outras modalidades de mandato, que podem se dar gratuitamente, o mandato judicial é remunerado. Destarte para o fato de que, no mandato judicial, o elemento confiança é extremamente relevante, já que se origina de qualidades intelectuais do advogado. Pela análise do art. 45 30 do CPC, conclui-se que advogado poderá, a qualquer tempo renunciar o mandato, provando que 29 RODRIGUES, Silvio. P. 305. 30 Art. 45. O advogado poderá, a qualquer tempo, renunciar ao mandato, provando que cientificou o mandante a fim de que este nomeie substituto. Autor: Rodrigo Takatsugu Silva Sekii Sócio-Titular de Rodrigo Sekii Advogados Rua César Antônio Bosso, 277, E-mail: rodrigo@rodrigosekii.adv.br Saúde, São Paulo, Capital – Brasil Site: www.rodrigosekii.adv.br CEP.: 04153-140 Tel./Fax.: 55 11 3453-3330 cientificou o mandante a fim de que este nomeie substituto, devendo representá-lo nos dez dias subseqüentes à renúncia, exceto se for substituído antesdesse prazo. A ação do mandato irá compreender causas de natureza civis, comerciais e judiciais, nas diversas formas de contrato, tais sejam, oneroso, gratuito, tácito, bem como no expresso e obedecerá o rito sumário 31, se, considerar-se o valor da causa, nem a natureza da ação que poderá ser constitutiva, declaratória, bem como condenatória. 32 O mandato como um contrato que é previsto pelo Código Civil vigente, em razão de seu não cumprimento prevê certas ações, cujo objetivo é decorrente de descumprimento contratual por parte do mandatário. O art. 667 33 do CC prevê a obrigação de indenizar do mandatário, nos prejuízos causados ao seu cliente. Assim, estas ações dizem respeito à inexistência ou invalidade do mandato, bem como dos direitos e obrigações que decorrem deste contrato. 31 Rito sumário: É a maneira pela qual corre o processo. Diferencia-se do ordinário, principalmente pelo valor da causa e pela agilidade. 32 DINIZ, Tratado. P.315. 33 Art. 667. O mandatário é obrigado a aplicar toda sua diligência habitual na execução do mandato, e a indenizar qualquer prejuízo causado por culpa sua ou daquele a quem substabelecer, sem autorização, poderes que devia exercer pessoalmente. Autor: Rodrigo Takatsugu Silva Sekii Sócio-Titular de Rodrigo Sekii Advogados Rua César Antônio Bosso, 277, E-mail: rodrigo@rodrigosekii.adv.br Saúde, São Paulo, Capital – Brasil Site: www.rodrigosekii.adv.br CEP.: 04153-140 Tel./Fax.: 55 11 3453-3330 VIII – JURISPRUDÊNCIA APELAÇÃO CÍVEL N.º 106115-2, DA 17ª. VARA CÍVEL DA COMARCA DE CURITIBA. APELANTE: SOCIEDADE CONSTRUTORA CIDADELA LTDA. APELADOS: JOSÉ LUIZ ZANETTI DO VALLE E OUTROS. RELATOR: JUIZ CONVOCADO PAULO HABITH. REVISOR: DES. DOMINGOS RAMINA. APELAÇÃO CÍVEL AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM COMINATÓRIA E REPARATÓRIA COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA PROMITENTES COMPRADORES QUE PAGARAM INTEGRALMENTE A OBRIGAÇÃO DE FAZER OUTORGA DE ESCRITURA DO IMÓVEL LIVRE E DESONERADO DE QUAISQUER ÕNUS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS CORRETAMENTE FIXADOS SENTENÇA MANTIDA DESPROVIMENTO DE AMBOS OS RECURSOS. Não se verifica a ocorrência de fato de terceiro a eximir a construtora das responsabilidades a que se vinculou quando a relação ajustada com instituição financeira credora hipotecária é estranha aos promitentes compradores. Os promitentes compradores pagaram o preço integral, não havendo alternativa à construtora senão outorgar as escrituras dos imóveis, em respeito ao princípio da boa fé objetiva dos contratos. Os honorários advocatícios não são fixados por pedido. Tendo o juiz um referencial, para a indenização por dano moral, impossível somar honorários de um pedido com honorários de outro pedido em uma mesma ação. 34022274 – INDENIZAÇÃO – DANOS MATERIAIS E MORAIS – VENDA MERCANTIL – PRESUNÇÃO IURIS TANTUM – TEORIA DA APARÊNCIA – MANDATÁRIO – BOA-FÉ – Os atos praticados por quem, aparentemente, possuía mandato para tal, são válidos, não podendo ser responsabilizado o terceiro de boa- fé, que vende mercadorias para o mandatário aparente que, utilizando-se dos documentos do pretenso mandante, assume obrigações em seu nome, deixando de honrá-las, razão pela qual não procede a indenização pleiteada contra o vendedor, pois, amparado pela Teoria da Aparência, diante da situação objetiva Autor: Rodrigo Takatsugu Silva Sekii Sócio-Titular de Rodrigo Sekii Advogados Rua César Antônio Bosso, 277, E-mail: rodrigo@rodrigosekii.adv.br Saúde, São Paulo, Capital – Brasil Site: www.rodrigosekii.adv.br CEP.: 04153-140 Tel./Fax.: 55 11 3453-3330 que se lhe apresentou, teve por certo o mandato, não podendo ser-lhe imputada qualquer responsabilidade pelo fato. (TAMG – AC 0307148-9 – 3ª C.Cív. – Rel. Juiz Kildare Carvalho – J. 24.05.2000) IX – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 05 de outubro de 1988. São Paulo: Saraiva, 2001. ______. Código civil. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. ______Código de Processo Civil. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. Responsabilidade Civil. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. 7. v. ______. Tratado teórico e prático dos contratos. São Paulo: Saraiva.1999. 3. v. GOMES, Orlando. Contratos. 25. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002. Autor: Rodrigo Takatsugu Silva Sekii Sócio-Titular de Rodrigo Sekii Advogados Rua César Antônio Bosso, 277, E-mail: rodrigo@rodrigosekii.adv.br Saúde, São Paulo, Capital – Brasil Site: www.rodrigosekii.adv.br CEP.: 04153-140 Tel./Fax.: 55 11 3453-3330 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. Contratos e atos unilaterais. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006. LISBOA, Roberto Senise. Manual de direito civil. Obrigações e Responsabilidade Civil. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. 2. v. LOPES. Serpa. Curso de direito civil: dos contratos em geral. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1954. MIRANDA. Pontes de. Comentários ao código de Processo Civil. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense. Tomo I, 5. ed. 2001. RODRIGUES, Silvio. Direito civil: dos contratos e das declarações unilaterais de vontade. 28. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. 3. v. VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: Contratos em espécie. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. 3. v.
Compartilhar